NARRATIVAS MUPIENSES: UM ESTUDO SOBRE AS ESTRATÉGIAS DE ACESSO A EDUCAÇÃO NA VILA DO TORRÃO-MUPI EM CAMETÁ/PA
Educação do Negro; Narrativas Mupienses; estratégias educacionais.
Esta pesquisa tem como objetivo investigar as estratégias que os moradores de comunidade negra rural chamada Torrão-Mupi construíram para ter acesso a educação. Dessa forma analisamos as trajetórias de vidas e escolarização de diferentes narradores, destacando suas experiências pessoais, coletivas, profissionais, enfatizando as barreiras materiais e não materiais, assim como os processos de superação na busca por educação. A abordagem metodológica que foi seguida teve seus embasamentos nos conceitos da História Oral, para tanto, ouvimos os narradores e adotamos a abordagem qualitativa, pois a mesma tende a proporcionar uma visão mais ampla tanto das pessoas que participam desse processo, quanto do espaço onde as mesmas estão inseridas. As entrevistas foram norteadas a partir de um questionário semiestruturado, a partir das análises das entrevistas abertas e fechadas, a pesquisa conclui que a questão material dos estudantes da comunidade do Torrão-Mupi parece ser a principal barreira, pois a barreira material de fato se cumpre nas diferentes histórias de vida. A luta dos que buscam pelo acesso a educação, e principalmente ao acesso ao nível superior é árdua, mas possuem a certeza que podem contar com a ajuda de mãos que aparecem ao longo do caminho, dos facilitadores da educação, e também para superar essa condição social e econômica em que se encontram. O modo como se encontra as relações raciais na comunidade se pauta no seu próprio processo de estruturação, na ausência de políticas públicas do Estado, nas relações cotidianas que enfrenta. O preconceito e a discriminação racial fizeram parte das narrativas dos estudantes, principalmente quando se sai da comunidade e adentra outros espaços historicamente de branco. Dessa forma a questão racial e econômica se encontram nas histórias de vida dos moradores da comunidade negra do Torrão-Mupi, e nas estratégias que se observou nas redes de apoio constituídas pelas famílias, comunidade e na própria universidade pelas Ações Afirmativa, e são elas que tem acalentado e realizado sonhos.