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Banca de DEFESA: GICELE BRITO FERREIRA

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: GICELE BRITO FERREIRA
DATA: 19/02/2024
HORA: 09:00
LOCAL: Sala KP12
TÍTULO:

“LÁ O PASSADIO ERA MELHOR”: POPULAÇÕES TRADICIONAIS RIBEIRINHAS E O DESLOCAMENTO FORÇADO DAS ÁREAS DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÕNIA MARAJOARA OCIDENTAL


PALAVRAS-CHAVES:

Populações Tradicionais; Deslocamento; Conservacionismo; Assistência Social.


PÁGINAS: 304
GRANDE ÁREA: Ciências Sociais Aplicadas
ÁREA: Serviço Social
SUBÁREA: Serviço Social Aplicado
RESUMO:

A tese “Lá o passadio era melhor”: populações tradicionais ribeirinhas e o deslocamento forçado das áreas de conservação na Amazônia Marajoara Ocidental, tem em seu título na sua primeira frase a memória de uma interlocutora do tempo sem fome, antes da expulsão para implantação de uma área de conservação. A tese trata das populações tradicionais ribeirinhas que são forçadas a deixar seus territórios por conflitos constituídos como consequência da implantação de áreas de conservação no maior Arquipélago Flúvio-Marítimo do Planeta; a Área de Proteção Ambiental Marajó, no Estado do Pará (APA-Marajó) na Amazônia Marajoara Brasileira. Esta tese apresenta os resultados obtidos na pesquisa realizada em três áreas de conservação localizadas dentro da APA-Marajó a saber: Floresta Nacional de Caxuanã no Município de Portel, Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba no Município de Curralinho e Reserva Extrativista Mapuá no Município de Breve. A hipótese levantada foi confirmada, demonstrando que as novas formas de acumulação capitalista com o neoextrativismo e o conservacionismo, ou economia verde, engendram processos de expropriação / despossessão gerando deslocamento forçado e des-re-territorialização das populações tradicionais, que são moradoras das áreas de conservação no Marajó Ocidental. Estas áreas de conservação vêm registrando a saída das populações para o perímetro urbano de cidades de Médio e Grande porte no Norte do Brasil (Breves, Belém e Macapá). Após a finalização da pesquisa, foram identificadas as seguintes constatações: a) Há expropriação dos territórios e dos modos de vida através da implantação de legislação, regramento e zoneamento agroecológico; b) Há ocorrência de expulsão de moradores das áreas; c) Não há políticas de preparação e/ou formação educacional para viver e utilizar os recursos na geração de renda em áreas de conservação; d) Inexistência de registro oficial dos processos de deslocamento; e) As população deslocada e moradora das áreas de conservação são usuárias dos programas de assistência social de redistribuição de renda, mas não recebem atendimento social e de saúde; f); Não há saneamento básico nas áreas; g) Não há acesso ao fundo financeiro destinado as comunidades onde há exploração dos recursos da floresta por concessões governamentais. A metodologia orientadora desta pesquisa se caracteriza como exploratória-descritiva que se valeu da etnografia com observação participante e a utilização adjunta da técnica de entrevistas narrativas como dispositivo basal de coleta de dados. A Etnografia foi incorporada como método de pesquisa para registro do modo de vida, autonomia e cultura das populações, onde os dados obtidos e o imponderável foram observados no contato próximo com a vida cotidiana. O processo de deslocamento com as trajetórias percorridas deixa marcas, pistas que quando capturadas pelas pesquisas, informam a história das populações e dos territórios, são como impressões digitais de uma determinada sociedade, da forma como se organiza seu processo de produção e reprodução econômica e social. O modo como se dá a articulação entre esses fatores econômicos e sociais e as trajetórias de vida dos deslocados, em um contexto histórico particular, constitui um padrão que vem se repetindo há no mínimo duas gerações na amostra pesquisada. O aprendizado enquanto pesquisadora leva a construção da escrita, com uma especial motivação: a de engajamento no registro de múltiplas histórias sobre a cosmogonia do andar por caminhos, situando-os no mundo, tecendo e juntando os fios de lugares, espaços geográficos, recursos e paisagens cada vez mais delimitadas, cercadas, arruinadas, confusas; sendo assimiladas de maneira cindida em um mundo dividido material e conceitualmente. Assim, podendo ouvir as narrativas dos que vivem e tecem a experiência de se habitar o mundo em histórias singularizadas pela expropriação. Para alcançar os objetivos propostos houve a necessidade de engajamento nesta aventura, pelo sentimento de pertença, por práticas de conversações e pela ética dos encontros com a diferença, num mundo novo que emerge. Partindo do problema elucidado, cabe no futuro próximo estudos que de maneira interdisciplinar apontem a reversão do conservacionismo exploratório e predatório implantado no Marajó.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 6753492 - CRISTINA MARIA AREDA OSHAI
Externo ao Programa - 2153549 - DENISE MACHADO CARDOSO
Presidente - 2341581 - MARCEL THEODOOR HAZEU
Externo ao Programa - 2249019 - MARCELA VECCHIONE GONCALVES
Interno - 2434396 - SOLANGE MARIA GAYOSO DA COSTA
Notícia cadastrada em: 01/02/2024 10:20
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