O GESTUAL E O LINGUÍSTICO: ANÁLISES INTERCULTURAIS ACERCA DA COMUNICAÇÃO FAMILIAR E ESCOLAR DE UM INDÍGENA SURDO NA ALDEIA ASSURINI DO TROCARÁ, MUNICÍPIO DE TUCURUÍ, NO PARÁ.
Comunicação. Indígena Surdo. Cultura Assurini; Educação Indígena.
O estudo intitulado “O gestual e o linguístico: análises interculturais acerca da comunicação familiar e escolar de um indígena surdo na aldeia assurini do trocará, município de Tucuruí, no Pará reflete acerca dos processos comunicativos (gestuais e sinalizados) utilizados por Wirawiwa Assurini, no contexto da Comunidade do Trocará. Para tanto tem-se enquanto objetivo geral: analisar os processos comunicativos estabelecidos entre o indígena surdo Assurini e os ouvintes - indígenas e não indígenas na perspectiva de perceber como ocorre diferenciação na utilização dos códigos e sinais indígenas com os sujeitos familiares e escolares, atentando para as formas pelas quais ambas demarcam a constituição e ressignificação identitária indígena surda na Aldeia Assurini do Trocará. E os objetivos específicos enveredam por: a) compreender através dos processos educativos e do cotidiano como ocorre a comunicação entre o indígena surdo e os ouvintes Assurini na Aldeia Trocará; b) entender a dinâmica de adequação dos sinais em LIBRAS a partir das interrelações com as demais línguas orais utilizadas por este povo; c) identificar como ocorre a reafirmação cultural dos indígenas Assurini para a constituição da identidade surda através das especificidades linguísticas e culturais desse sujeito. A pesquisa busca embasamento teórico em: Skliar (1998), Santana (2007), Oliveira (2015), Lima (2017), dentre outros que nos permitem entender a importância dos processos comunicativos enquanto constituintes do ser indígena surdo. A partir das análises de campo contextualiza-se que o indígena surdo assurini, no que tange aos seus processos comunicativos possui um sistema linguístico multifacetado onde para o estabelecimento de comunicação, socialização e interrelações com o outro cria, contextualiza e padroniza sinais específicos ao cotidiano assurini ao mesmo tempo em que também utiliza sinais de LIBRAS. Nesse sentido, os resultados ora evidenciados apontam para a existência de acordos linguísticos que variam conforme os sujeitos e os ambientes com os quais se relaciona, assim, na família e no contexto social da Aldeia percebe-se que a comunicação por meio de sinais caseiros mímicas e gestos possuem forte influência na língua e cultura Assurini permitindo-lhe aceitação e espaço e protagonismo dentro nas manifestações culturais de seu povo. Por sua vez, no contexto escolar, o que se percebe é que tanto a Língua de Sinais quando o conjunto de códigos comunicacionais de que se utilizam ainda são incipientes para que este vivencie significativamente os processos educativos necessários a sua inclusão social de fato.