AS PRÁTICAS CORPORAIS E CURRICULARES DA ESCOLA WARARAAWA ASSURINI DA ALDEIA TROCARÁ PENSADAS A PARTIR DA INTERCULTURALIDADE
Saberes Culturais. Currículo Intercultural. Práticas Corporais Indígenas.
O estudo tem como lócus a aldeia Assuriní do Trocará localizada à 14 km da cidade de Tucuruí, no Pará, objetivando compreender as relações (in) existentes entre as práticas corporais indígenas e o currículo da escola. Descrever essas práticas indígenas. Verificar se os professores as corporificam na sua prática em sala de aula. Neste sentido, a pesquisa nasce do seguinte questionamento: A escola Municipal de Ensino Wararaawa Assurini consideram as práticas corporais indígenas em seu currículo? O estudo aborda os problemas da educação escolar indígena e o seu cotidiano, visto que, muitas vezes os traços culturais desta população não são levados em consideração, deixando as diferenças passarem despercebidas, fazendo com que o currículo não contemple os anseios da educação escolar indígena. A educação escolar indígena precisa desconstruir a compreensão rígida, hierarquizante, disciplinar, normalizadora da diversidade cultural e adentrar em um campo flexível, fluido, polissêmico, ao mesmo tempo trágico e promissor da diferença, que se constitui nos variados campos e processos de diversos sujeitos e identidades socioculturais. As práticas corporais indígenas no cotidiano e na arte indígena, como os jogos e brincadeiras, o grafismo corporal pulsam neste sentido. Metodologicamente, inicialmente se realizou um levantamento bibliográfico a respeito de obras de autores que trabalham temáticas referentes: populações indígenas, cultura, currículo intercultural e práticas corporais, entre os quais destaca-se: GEERTZ (1989), LARAIA (2002), ALMEIDA, GRANDO, MINTZ (2010), HALL (2006), QUEIROZ (1984), MURTA (2007), FERREIRA (2015), COHN (2001), KUHN, TENÓRIO, SILVA (2014), DAÓLIO (2003), FLEURI (2014), MARIN (2009), MAUSS (2003), SILVA (2012), TENÓRIO (2014), WEISSMANN (2016) entre outros que se dispõem discutir e compartilhar informações e experiências referentes a questão indígena, que constatam à ausência de um currículo intercultural que contemple a realidade e elementos culturais indígenas evidenciando histórias e culturas de tais povos. Da mesma forma, também se realizou a pesquisa de campo na aldeia Assuriní do Trocará, onde se utilizou a técnica de Observação Participante, realizada através do diário de campo, o dia-adia das aulas na escola Wararaawa Assuriní, as formas como os conteúdos eram ensinados pelos professores indígenas e não indígenas, se os elementos culturais eram levados em consideração e se as práticas corporais indígenas eram incorporadas ao currículo intercultural. Trata-se de uma pesquisa com Abordagem Qualitativa que objetiva compreender o lado subjetivo do objeto de estudo analisado a partir de experiências vividas individualmente, mediante a técnica de entrevista semiestruturada, por supor conversações continuadas entre entrevistados e pesquisador “que deve ser dirigida por este de acordo com seus objetivos” (Duarte, 2002). Foram analisados documentos importantes que versam sobre a Legislação da Educação Escolar Indígena, desde a Constituição Federal (1988) à LDB (1996). Os dados nos deram a leitura de que não bastam apenas adaptações curriculares ou que professores indígenas estejam ministrando aulas nas escolas indígenas para que tenhamos um currículo intercultural, mas precisamos fazer valer os direitos indígenas que ainda permanecem só em papéis. Ainda apontam que o currículo da escola não considera as práticas corporais indígenas, sendo inseridas superficialmente em suas aulas.