MULHERES PESCADORAS: SEXUALIDADE E TRABALHO NA COLÔNIA Z-16 DE CAMETÁ - PA
Mulheres pescadoras. Colônia Z-16. Emancipação. Trabalho. Sexualidade.
Nesta pesquisa, discutiremos “Como a divisão sexual do trabalho serve para sustentar os discursos e para fortalecer instrumentos de controle e poder sobre as práticas do trabalho produtivo das mulheres pescadoras que atuam como coordenadoras dos setores de localidade de pesca, na qual os homens pescadores detêm controle e poder institucional na entidade, a partir da percepção das mulheres pescadoras”. Apontamos como objetivo geral: Analisar “como a divisão sexual do trabalho serve para sustentar os discursos e instrumentos de controle e poder sobre as práticas das mulheres pescadoras que atuam como coordenadoras de localidade de pesca, na qual os homens pescadores detêm controle e poder institucional na entidade? ” E definimos como objetivos específicos: identificar a percepção das mulheres pescadoras sobre a divisão sexual do trabalho no interior da organização política da Colônia Z-16; discutir, mediante os relatos das mulheres pescadoras, suas perspectivas de gênero e sexualidade, trabalho, emancipação feminina na Colônia Z-16; e, apontar como tem se construído os discursos e instrumentos de controle e de poder sobre as práticas de trabalho das mulheres pescadoras na Colônia Z-16. E como metodologia, optamos pela História Oral, que se mostra como um caminho sistemático capaz de dar voz aos sujeitos – protagonistas ou testemunhas de acontecimentos – e possibilita a reconstrução da história por meio dos relatos individuais ou coletivos. Para a realização da coleta de dados, priorizamos a utilização de um guia de entrevistas semiestruturadas para trabalhar com descrições das mulheres pescadoras acerca das vivências na pesca, observação e análise documental e aplicação de um roteiro de perguntas articuladas com os objetivos da pesquisa. Entrevistamos as pescadoras/coordenadoras das 12 (doze) coordenações vinculadas à entidade Colônia Z-16 de Cametá, Estado do Pará, de cada localidade, selecionada de acordo com o desempenho organizacional na Z-16. Tomamos como principais referências: Beauvoir (1970); Boff ;Muraro (2010); Giddens (1993); Reich (1930); Louro (1997); Gohn (2010); Portelli (1997); Pinto (1997); Thompson (1992); Costa (1995), entre outros. No cenário da participação das mulheres na pesca artesanal, tomou-se como referências iniciais Scherer (2013); Furtado (1993, 2003); Costa (2001); e, Simonian (2012). E, ao tratarmos da situação da mulher na pesca artesanal, pesquisas como as de Maués (1999); Maneschy (1995); e, Lima Filho (2003). Na Região Tocantina, Costa (2006); Silva (2005); Barra e Furtado (2004); Rodrigues (2012); Martins (2015); e, Hiraoka (1993) discutem sobre comunidades pesqueiras e as formas tradicionais de trabalho, os usos habituais da terra e sua importância na produção pesqueira. Identificamos que os relatos terminam por indicar os desafios que se colocam frente à atuação das coordenadoras de base que buscam maior espaço de exercício em cargos de poder e prestígio que, essencialmente, é dirigido aos homens. Destacamos a mobilização e articulação em favor de mudanças nesse quadro desigual de exercício laboral na coordenação de base da Z-16, em que, de acordo com relatos, dentre as reivindicações está a diminuição da desigualdade entre trabalho de homem e de mulher, não apenas na pesca, mas também na atuação da direção da Z-16.