FABULAÇÕES CLARICEANAS: Devir-mulher entre sentidos de uma educação múltipla
Fabulação. Devir mulher. Arte. Educação Múltipla. Clarice Lispector.
Fabular Clarice no intermezzo arte-Educação-gênero constitui o desafio desta tessitura de escrita, que propõe movimentos cartográficos com o devir-mulher e o corpo-político subversivo nas suas composições literárias e pictóricas. Trata-se de fabulações experimentadas a partir das páginas-telas de Lispector, artes que ressoam delírios e sentidos de uma educação múltipla. Entre notas e silêncios, as subjetividades clariceanas (femininas e feministas) que afloram desta composição escritura-pintura se tecem às reverberações do pensamento filosófico da Diferença, nas maquinações rizomáticas de Deleuze e Guattari, e nas ressonâncias de perspectivas do pensamento feminista pós feministas, como as de Butler, Rago. Nestas travessias rizomáticas, rumamos entre os desvios do pensamento a romper com representações que reproduzem uma imagem instituída do “ser mulher”, sobretudo, as produzidas pelo patriarcalismo, e imergimos na obra de Clarice a fim de capturar sensações e sentidos a perspectivar uma educação múltipla que desterritorialize pela arte os lugares de gênero instituídos, uma Educação onde pulse desejos e devires e constitua espaços políticos plurais do devir mulher nas artes da existência, e não o seu apagamento. O texto se faz tatear por uma geografia da escritura e movimenta-se pelas maquiarias Clariceanas entre silêncio e plenitude, transborda em esquizofrenias e delírios e propõe sair da caverna representativa, a penetrar nas grutas Clariceanas de onde ecoam gritos ancestrais, conduzindo-nos por uma escrita convulsionante que estilhaça os modos de subjugação patriarcal. Cartografar sentidos múltiplos de existências que vertem das artes de escrever-pintar clariceano coloca em movimento um corpo-pensamento do devir-mulher, e ainda, possibilidades de fabular outros modos de viver e construir espaços de liberdade nas reverberações de uma Educação múltipla.