SABERES DO TRABALHO E FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DAS MULHERES NEGRAS DO SÃO BENEDITO DO VIZEU / MOCAJUBA – PARÁ
Mulher negra. Saberes, Identidade, Trabalho, Experiência, etc.
A presente pesquisa em andamento traz a investigação da formação indenitária da mulher negra na comunidade remanescente de quilombos do São Benedito do Vizeu no município de Mocajuba nordeste do estado do Pará, a partir da sua relação com os saberes do trabalho nas atividades produtivas que essas participam. A dissertação em questão é apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura da UFPA/Campus de Cametá, linha de pesquisa: Educação Básica, Tecnologias, Trabalho e Movimentos Sociais na Amazônia. As reflexões tomam como norte a constituição da identidade da mulher negra diante dos saberes do/no trabalho que essas participam a vida toda, levando em consideração a sua relação com o sistema capitalista. Nisso consideramos que a constituição dos saberes do trabalho contribui para a formação da identidade em vários momentos da formação dessa mulher uma vez que o trabalho é uma categoria fundante para a formação e a manutenção da vida. A pesquisa ainda se revela dentro do método materialismo histórico-dialético diante das contradições e mediações a partir do princípio da totalidade, mediante a própria relação do trabalho e a própria constituição de saberes do trabalho que formam a identidade feminina no Vizeu numa relação direta com elementos do capitalismo. Destaca-se ainda, que a presente pesquisa apresenta uma abordagem de base qualitativa que objetiva identificar como os saberes do trabalho desenvolvidos pelas mulheres negras da comunidade de Vizeu vem se constituindo historicamente diante do capitalismo. Para isso empregou-se como instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada e para tabulação e interpretação dos dados buscou-se junto à análise de conteúdo entender diante das vozes dessas mulheres como vem se constituindo a identidade nessa relação direta que as mesmas têm com o trabalho. A priori, os resultados da pesquisa traçam uma discussão metodológica e teórica sobre a constituição de gênero, a relação da mulher com o próprio trabalho onde essa aprende diante de saberes da experiência herdadas junto as múltiplas relações que se envolvem durante toda a vida por isso, apontamos nesse momento as categorias gênero, trabalho, saberes, experiências e identidade. Ainda apresenta-se nas falas dessas mulheres que a educação formal foi de pouca contribuição para sua formação, pois a escola durante muitos anos funcionou até a terceira série do ensino fundamental, quarto ano, e nos dias atuais ainda está bem atrasada porque apresenta turmas até quinto ano, antiga quarta série, mostrando dessa forma ainda um retrocesso da educação e com isso a mulher aprendeu a sobreviver no/ pelo trabalho, uma vez que sobreviviam das atividades extrativistas como a colheita do leite de seringueira, do trabalho com a pimenta-do-reino, hoje a com a produção da farinha, pesca e outras atividades como a de docência e apoio escolar. Partindo dessa análise constatou-se, em caráter preliminar que o próprio trabalho é o princípio educativo, já que as mulheres negras aprendem e desenvolvem seus saberes constituindo sua identidade junto ao trabalho, isto é, o trabalho nesse contexto é uma fonte que apresenta saberes socialmente construídos e estes são construções de conhecimentos para essas mulheres.