ENTRE DISCURSOS E REPRESENTAÇÕES: O LIVRO DIDÁTICO EM ANGOLA NO PÓS-INDEPENDÊNCIA (1975-1980)
Educação, Livro didático, Angola, Pós-colonial, História da África
Esta pesquisa tem como objetivo analisar os discursos e as representações sobre identidade e cultura angolana em livros didáticos utilizados em Angola no pós-independência. O recorte temático, que se situa nos cinco primeiros anos após a independência (1975-1980), pode nos levar a possibilidade de conhecer um pouco da história de Angola e das ideias que permearam nos campos dos movimentos pan-africanistas que também impulsionaram os movimentos de libertação na África no século XX. Utilizando, como metodologia de pesquisa, a análise de fontes históricas em acervos digitais, disponibilizadas em acervos digitais e o levantamento bibliográfico de autores pós-coloniais e dos estudos subalternos, como SAID (2007), (2011); FANON (1961), (2008); BHABHA (1998); SPIVAK (2010); HALL (2003), (2015) e MEMMI (2007), assim como autores africanos e brasileiros que escrevem sobre Angola, como NETO (2005), BITTENCOURT (2002), entre outros, não só podemos nos permitir a enveredar por outras metodologias de pesquisa, mas também, analisar e acessar o cenário Angolano em vésperas de pré e pós independência e projetar o panorama histórico, político, social e econômico pelo qual o país viveu. Da mesma forma que os livros didáticos analisados poderão visibilizar olhares sobre as permanências e rupturas daquilo que então tinha se constituído como uma cultura e identidade nacional angolana, assim como traçar novas perspectivas sobre a questão da representação e dos discursos que permeiam as velhas formas binárias do colonialismo. Utilizando autores brasileiros e africanos, procuraremos explanar um pouco sobre a história da Educação Formal em Angola e os usos do Livro Didático como um objeto que instiga valores aos leitores por meio de um discurso e buscaremos demonstrar ainda, juntamente com as análises bibliográficas e das fontes como esses mesmos discursos presentes nas fontes utilizadas, representam aspectos da educação formal em detrimento da cultura tradicional, ou ainda, sinais que estão nas entrelinhas dos textos que denotem aspectos de resistências e/ou permanências, mostrando como as lutas anticoloniais se desenvolveram ideologicamente a ponto desses discursos presentes nos livros se instrumentalizarem em meio de resistência e contribuírem para o desenvolvimento da criação de uma nova identidade nacional frente ao domínio dos colonizadores portugueses.