Qualificação de pescadores artesanais na Amazônia: um estudo a partir dos projetos de formação da Colônia Z-16 de Cametá, Pará.
Formação. Trabalho. Movimentos sociais. Pescador artesanal. Colônia Z-16.
Trata-se o presente trabalho de uma pesquisa em andamento, objetivando analisar os elementos da práxis educativa da Colônia Z-16 de Cametá, Pará, por meio de suas ações e projetos de formação voltados para os trabalhadores da pesca, a fim de contribuir com a construção da dissertação no Programa de Pós-Graduação em Educação e Cultura da Universidade Federal do Pará (PPGEDUC/UFPA). Em termos gerais, objetivamos analisar o contexto histórico-educativo de produção do conhecimento pela Colônia Z-16 e sua contribuição para o processo de formação e luta organizacional da fração da classe pescadora. Para tanto, tomamos como referência o materialismo histórico-dialético, com o uso da abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. Para levantamento dos dados fazemos uso de entrevista semiestruturada e aberta, de observação in lócus e de análise documental, tratando-os por meio da análise de conteúdo. O aporte teórico da pesquisa é consubstanciado por Marx (2004, 2008); Gramsci (1978, 1991); Grzybowski (1987); Kuenzer (2011); Frigotto (2010); Thompson (1987), dentre outros. A priori identificamos que a Z-16 tem sua história marcada pelas lutas e conquistas dos pescadores da região, que vem ao longo dos anos afirmando a identidade, os modos de vida e as relações de trabalho desses sujeitos. As análises iniciais apontam que a formação destes se dá no percurso de vivência coletiva, nas formas de sociabilidade, nos encontros, reuniões, palestras, projetos educativos, assumindo as dimensões sociopolítica e pedagógica. Nesse sentido, a pesquisa tratará, principalmente, dos projetos de formação desenvolvidos pela Z-16, uma vez que consideramos que a perspectiva de educação adotada pela instituição poderá corroborar para a emancipação dos sujeitos pescadores ou para a sua alienação e manutenção do capital. Foi possível identificar que apesar da fragilidade quanto ao fortalecimento organizacional da Z-16 na atualidade, os trabalhadores da pesca não estão acomodados e passivos, a luta permanece viva, ainda que a conjuntura ora vivenciada seja de engessamento, negação e alienação dos seus direitos. Mas é preciso avançar nas discussões para que possamos compreender a totalidade dessas questões a partir da materialidade dos projetos educativos, que poderão apontar novos caminhos na pesquisa, contribuindo para os achados que envolverão o caso em estudo.