FRONTEIRAS DA RAÇA: Representações da questão racial em Angola no contexto das lutas anticoloniais
Angola, luta anticolonial, raça, mestiços e assimilados.
A partir da contextualização social e histórica, esse trabalho busca analisar e compreender questões norteadoras que envolvem a questão racial em Angola, tendo como objetivo desnudar as relações historicamente estabelecidas que levam a constituição de categorias sociais baseadas em raça de mestiços e assimilados a partir de sua relação com o colonialismo. Traço marcante desse país, a política de assimilação, implementada especialmente durante a ditadura salazarista e a implementação do que ficou conhecido como a “Mística Imperial” portuguesa. Base do colonialismo de inspiração luso-tropicalista. Para isso, são mobilizados autores pertinentes a discussão sobre raça e suas significações do ponto de vista histórico, dentre eles Achille Mbembe (2013), Kabengele Munanga (1986), Lilia Moritz Schwarcz (1993) e Kwame Anthony Appiah (1997), que discutem a questão racial como um produto histórico de relações sociais e políticas e que se transforma historicamente. As fontes utilizadas para delinear o processo de construção de uma perspectiva de assimilação cultural nas colônias portuguesas, especialmente em Angola, serão os discursos produzidos no âmbito da propaganda colonial, juntamente com a legislação acerca dos indígenas e assimilados de Angola, visando criar um panorama desse discurso de maneira geral, bem como estabelecer o contexto histórico resultante disso que servirá de pano de fundo para a discussão sobre os contornos raciais da luta anticolonial nos anos de 1950 e 1960. A literatura anticolonial angolana é demasiado rica em perspectivas e abordagens para compreender a luta anticolonial em si, devido o não raro envolvimento de seus autores e autoras com os movimentos políticos que foram sendo criados principalmente a partir de 1950 com as lutas independentistas. Dessa maneira, alguns autores são selecionados para discutir a questão dos mestiços e assimilados de Angola, sendo eles Pepetela (2013) e Uanhenga Xitu (2019), que constituem relatos relevantes para a compreensão dessas categorias em Angola. Essas fontes são analisadas visando compreender qual a contribuição e influência do debate racial na luta anticolonial e como moldam-se relações baseadas no seu pertencimento racial.