DA COMUNIDADE À UNIVERSIDADE: UMA ANÁLISE DO PERCURSO ACADÊMICO DOS ESTUDANTES QUILOMBOLAS DE BOA VISTA, BAIÃO- PA
Boa Vista. Quilombo. Ações Afirmativas. Educação Superior. Política de Cotas.
Essa dissertação analisa o percurso acadêmico dos estudantes quilombolas de Boa Vista, Baião-Pará no âmbito do ensino pesquisa e extensão na Educação Superior e seus possíveis desdobramentos especialmente na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará- (UNIFESSPA) que ingressaram pela política afirmativa. Dessa forma, o estudo discute a trajetória acadêmica, a organização do quilombo de Boa Vista que está inserido no campo da ocupação territorial no Estado do Pará, no Baixo Tocantins especificamente nas proximidades da Trans Cametá (BR422) assim como aspectos sobre as ações afirmativas na Educação Superior brasileira para quilombolas. A partir da vivência dos quilombolas na Universidade que ocorre desde 2018 mesmo a política de cotas tenha sido implantada em 2013. Nesse sentido, o trabalho apresenta em detalhes, informações sobre Boa Vista e o percurso dos educandos quilombolas. A problemática estabelecida foi: Como os estudantes da comunidade quilombola Boa Vista vêem a Educação Superior que lhes foi ofertada, quais suas expectativas? o objetivo geral consiste em analisar como os estudantes da comunidade quilombola Boa Vista vêem a educação superior, explorando as condições de acesso, desafios, expectativas e impactos. Os objetivos específicos foram: mapear o percurso acadêmico dos estudantes que ingressaram na UNIFESSPA pela política de ações afirmativas; conhecer a trajetória dos estudantes da comunidade de Boa vista na UNIFESSPA; compreender os entraves encontrados no âmbito do ensino pesquisa extensão e seus possíveis desdobramentos; entender as alternativas encontradas pelos estudantes para suprir as necessidades encontradas; refletir sobre os impactos socioculturais dos estudantes na comunidade Boa Vista. A metodologia da pesquisa diz respeito ao estudo do referencial teórico sobre o tema proposto como BOURDIEU (1983), BOSI (1994), GOMES (1997), THOMPSOM (1997), PINTO (1999), LEITE (2000), FABRINI (2006), BOURDIEU (2007), NOGUEIRA (2008), DOMINGUES; GOMES (2013), SILVA (2014), NASCIMENTO (2016), SANTOS (2017), MEIRELES (2020), PINTO (2021), FARIAS (2021); COSTA; MEDEIROS (2022), LOPES (2022), MOEHLECKE (2002) dentre outros e entrevista em profundidade a partir do uso do método autobiográfico que, “possibilita ao sujeito assumir o papel de protagonista ao criar/produzir textos ao invés de apenas consumi-los” (OLIVEIRA, 2011, p. 290). Neste sentido, a participação forte do indivíduo, o qual tem o compromisso com o processo de reflexão a partir de seu interesse e a compreensão do outro e de si, dada a minha experiência na Universidade Federal do Pará (UFPA) – Cuntins/Cametá, com a técnica da história oral. Para obtenção dos dados ouso dos recursos da mídia digital WhatsApp, posteriormente conversas interpessoais in loco a fim de conhecer a percepção dos 13 discentes entrevistados em relação a vivência na Universidade, sendo que apenas 4 responderam quando perguntados sobre a vivência na Educação Superior. Os resultados indicam que a presença de educandos quilombolas de Boa Vista na Educação Superior teve um aumento relevante passando de 2 estudantes na UFPA em 2016 e 2023 para 15 na UNIFESSPA no ano de 2023 para além das questões relacionadas a permanência na Universidade que ainda precisa de uma análise mais cuidadosa. Percebemos ainda que a comunidade já apresenta um número expressivo de estudantes na Instituição Educação Superior (IES) considerando o contexto e o grupo social do qual ela pertence. Portanto, mesmo com as dificuldades encontradas na trajetória acadêmica de 13 estudantes do quilombo Boa Vista, apenas 3 narraram a desistência do curso no momento, um de História e outro do curso de Engenharia Mecânica e Biologia o que implica dizer que se faz necessário ações não apenas para o ingresso na Universidade, mas sobretudo para a permanência dos quilombolas nesses espaços.