SABERES TRADICIONAIS A PARTIR DO JOGO DE BÚZIOS NO
CANDOMBLÉ
Saberes Tradicionais. Jogo de Búzios. Candomblé.
Esta pesquisa está inserida no âmbito do estudo sobre afro-religiosidade com praticantes e participantes do Candomblé em Abaetetuba/Pará. Tem como propósito analisar de que modo acontece a troca de saberes tradicionais a partir do jogo de búzios no Candomblé. Metodologicamente, trata-se de uma autoetnografia, um método que pode ser usado na investigação e na escrita, já que tem como proposta descrever e analisar sistematicamente a experiência pessoal, a fim de compreender a experiência cultural (ELLIS, 2004), sendo realizados levantamentos bibliográficos das temáticas educação, cultura, resistência, oralidade, memória, identidade e saberes tradicionais nas religiões afro-brasileiras, com suporte teórico em: Little (2001); Cunha (2007); Brandão (2002); Freire (1987); Libâneo (2004); Lody (2007); Braga (1988); Beniste (2008) e outros. Os dados foram coletados por meio de entrevistas online por intermédio da plataforma Google Meet com os integrantes da pesquisa. O trabalho de campo buscou amparo nas vivências da comunidade afro-religiosa Igbá Asé Ibin Layé, popularmente conhecida como Centro de Manifestações Mediúnicas Oshalufã – CEMMO, no qual o pesquisador participante observante é pai de santo, termo que sugere a preponderância da participação sobre a observação. Foram entrevistados 10 (dez) sujeitos, sendo que 4 (quatro) declararam ser praticantes da religião Afro-brasileira e 6 (seis) participantes. Dos 10 (dez) interlocutores, foram selecionadas 4 (quatro), sendo 2 (dois) praticantes e 2 (dois) participantes para o aprofundamento da pesquisa, tendo em vista a maior aproximação com o objeto da investigação. Efetivou-se a tabulação de consultas processadas no período de 2010 a 2019, analisou-se gênero, motivo da consulta e posicionamento religioso, para identificarmos nessa troca de saberes como se desenvolvem o processo pedagógico a partir do ritual do jogo de búzios. Como resultado desta pesquisa constatou-se que: o objeto de estudo não foi o terreiro, mas o que ocorre no terreiro; os terreiros não estão congelados no passado; o processo pedagógico dentro do terreiro é dinâmico e transformador; as pedagogias nos terreiros de Candomblé configuram-se em atos de resistir.