TRANSESCRITAS DA DIFERENÇA: Movimentos para Transcriar a Educação com Lispector e Woolf
Transescrita. Transcriação. Educação. Clarice Lispector. Virgínia Woolf.
Transescritas de Virgínia Woolf e Clarice Lispector impulsionam pensamentos para transcriar a educação, por meio dos devires-escritura suscitados nas obras Mrs. Dalloway (2017) e Orlando (2014), de Woolf, e A paixão segundo GH (2009) e A hora de estrela (1998), de Lispector. A articulação pela qual a arquitetura desse estudo se move consiste em vibrar, a partir das transescritas Lispectorianas e Woolfianas, devires-escritura com movimentos do pensar e do criar, e a partir deles, compor e mobilizar tanto a literatura quanto a educação, em pensamentos sem imagem que nos direcionam a um transcriar a educação por meio dos signos do aprender que advém de tais deslocamentos. Literatura, filosofia da diferença e educação entrelaçam-se por meio das linguagens em transe das autoras, potências criadoras que se esbarram e se afastam, a compor provocações múltiplas sobre outros modos de ver, viver e entender o âmbito educacional. As linhas de fuga andarilham com intercessores como Deleuze e Guattari, Corazza, Bachelard, Barthes, Rolnik, Passos, Butler, Foucault, Gallo, Tadeu, Zordan. Em cada rachadura exposta, uma fresta se abre para o pensamento, deslocando-o até os cantos obscuros, os corpos abjetos, os tempos extemporâneos, o avesso e o indômito da educação, deixam seus rastros como fantasmas, como sombras, como novas tintas a serem transcriadas e borradas, como Orlandes e Macabéas, GHs e Clarissas, como umidades e capins que insistem em nascer nos espaços mais incômodos, entre outros. A violência do encontro com estes devires-escritura desencadeia o pensar desautomatizado, o pensar sem imagem e, então, mobiliza novos signos do aprender. Clarice e Virgínia, ao serem aqui transescritas, emitem devires-escritura múltiplos, e tais devires também provocam transcriações na educação, pois racham-se em signos do aprender, sentidos, pensamentos, criações a se movimentarem pelo educar. Tanto os devires-escritura, da transescrita, e os signos do aprender, da transcriação, estão emulsionados a um pensamento sem imagem que não intenta ser homogêneo. Este pensamento sem imagem é, pelo contrário, um esforço intensivo de agitação, de diferença. As artes transescritas de Woolf e Lispector desaguam para um transcriar a educação com a diferença.