Neste trabalho avaliamos os efeitos da exposição de embriões bovinos produzidos in vitro à hipotermia moderada (33,0 ºC), visando o estudo futuro das proteínas de choque frio e a congelabilidade destes embriões. Para isso complexos cumulus-oócitos (CCOs) foram maturados e fecundamos in vitro. Então os embriões foram cultivados em normotermia (38,5 ºC) até o 6º dia de cultivo (FIV dia zero) quando então foram expostos a hipotermia moderada (estufa de CO2 ajustada para 33,0 ºC) por 6 e 12h (grupos cold-6 e cold-12, respectivamente) e então retornaram para o cultivo em normotermia. Um grupo de embriões foi mantido o tempo todo em condições normotérmicas (Controle) e todos os grupos foram avaliados no 7º e 8º dia quanto a taxa de formação de blastocistos e quanto à cinética de desenvolvimento destes embriões formados. Observamos que exposição a hipotermia no 6º dia de cultivo por 6h e 12h não afetou significativamente a sobrevivência dos embriões (p > 0,05). Contudo no 7º dia de análise foi possível notar a redução numérica na taxa de desenvolvimento dos blastocistos (Cold 6=32.0, Cold 12=32.5 em relação ao Controle= 34.8 p > 0,05) . Sendo que no 8º dia de análise houve uma recuperação na taxa em todos os grupos experimentais (Cold 6= 34.9, Cold12= 42.2 e Controle 37.2%; p > 0,05). Com relação a cinética observamos que a exposição a hipotermia por 6h (grupo cold-6) gerou uma maior quantidade de blastocistos iniciais em comparação aos grupos cold-12 e controle (58.5% vs. 51.2% e 47.4%, respectivamente; p<0,05) e consequente mente uma menor taxa de blastocistos expandidos (38.1% vs. 45.6% e 50.4%) no 7º dia de cultivo. Além disso, a análise cinética no 8º dia revelou que o grupo cold-6 gerou uma menor proporção (p<0,05) de blastocistos eclodidos (22.4%) em comparação aos grupos cold-12 (23.0%) e controle (38.6%).Entretanto, com relação a cinética observamos que a exposição a hipotermia por 12h (grupo cold-12) gerou uma maior quantidade de blastocistos iniciais em comparação aos grupos cold-6 e Controle (78.0% vs. 63.7% e 59.4%, respectivamente; p<0,05) no 7º dia de cultivo. Conjuntamente, nossos resultados indicam que a exposição de embriões D6 por 12h a hipotermia moderada não afetou a taxa de formação de blastocistos no 7º dia de cultivo mas retardou a evolução do desenvolvimento embrionário analisado até o 8º dia de cultivo. Sendo assim, esses resultados preliminares indicam que o metabolismo das proteínas de choque-frio embrionárias pode ter sido ativado e portanto a análise desse mecanismo precisa ser realizada para melhor compreender os mecanismos de resposta ao frio e o papel das proteínas de choque frio neste processo. 

Os tumores de mama são a neoplasia mais comum em cadelas não castradas, sendo a mastectomia radical unilateral considerada o principal tratamento para estes quadros. Por se tratar de um procedimento de longa duração, elevado estímulo nociceptivo e risco de complicações pós-cirúrgicas, um protocolo anestésico adequado, focado na analgesia multimodal, que inclui administração de opioides no perioperatório, comina num menor tempo de recuperação. Contudo, o refluxo gastroesofágico está relacionado à ação dos fármacos anestésicos durante a anestesia geral, ocasionado pela redução do tônus do esfíncter esofágico inferior. Esse refluxo está associado a consequências como esofagites, estenose esofágica e até mesmo pneumonia por aspiração. Assim, este estudo buscou determinar a incidência de refluxo gástrico e o comportamento do esfíncter esofágico inferior em cadelas submetidas a cirurgias de mastectomia utilizando, normalmente, pré-medicação com midazolam e morfina ou tramadol como parte do protocolo anestésico. Foram avaliadas 12 cadelas submetidas a cirurgias de mastectomia unilateral total na rotina do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Pará. Durante o transoperatório, foram realizadas avaliações endoscópicas para análise do comportamento do esfíncter esofagogástrico e constatação de refluxo gástrico. 100% das cadelas apresentaram algum grau de refluxo gastroesofágico e relaxamento do esfíncter esofágico inferior durante o transoperatório. O uso dos protocolos anestésicos avaliados resultou em elevada casuística de refluxo gástrico transoperatório, acarretado, provavelmente, pelo efeito de relaxamento do esfíncter esofágico inferior. Este estudo encontrou elevada casuística de refluxo gastroesofágico por endoscopia transoperatória em cadelas submetidas a cirurgias de mastectomia utilizando associação de midazolam e morfina ou tramadol como parte do protocolo anestésico, desencadeada pelo relaxamento do esfíncter esofágico inferior. Em detrimento do risco de complicações pós-operatórias, especialmente em pacientes geriátricas e oncológicas, futuros estudos prospectivos são necessários para avaliar e propor possíveis formas de minimizar este efeito.

Esta tese foi dividida em dois momentos. No primeiro (Experimento 1) buscou-se estudar a técnica de aspiração folicular ovariana videolaparoscópica (LOPU) em bezerras bubalinas, descrevendo em detalhes suas particularidades, intercorrências e resultado da aspiração oocitária. Foram utilizadas seis bezerras Murrah lactantes com idade entre 3 e 5 meses, criadas à pasto em regime de ordenha com bezerro ao pé. Realizou-se três LOPUs em cada animal, com intervalos de 15 dias entre as cirurgias, totalizando 18 procedimentos. Após serem sedadas, as bezerras foram colocadas em posição de Trendelemburg a 45°. Dois trocáteres de 10 mm e um de 5mm foram utilizados para estabelecimento dos três portais laparoscópicos. A insuflação do abdômen foi realizada com CO₂ em velocidade de 5L/min estabilizando pressão intra-abdominal entre 5-8 mmHg. Para a manipulação ovariana foi utilizada duas pinças atraumáticas (5 mm e 10mm) e para a aspiração, agulha 20G via transabdominal ligada a um sistema de vácuo calibrado para 50 mmHg. Os oócitos foram recuperados em um tubo de 50 mL contendo solução fisiológica a concentração de 1 % de soro fetal bovino e 10 UI/mL de Heparina, mantido a 38ºC e então foram selecionados e classificados, ainda na fazenda, de acordo com as células do cumulus e o aspecto homogêneo do citoplasma. Para análise estatística foi utilizado o Software GraphPad Prism 9^®. Os dados foram apresentados em média ± desvio padrão (DP) no experimento 1 e em média ± erro padrão da média (EPM) no experimento 2. A distribuição normal dos dados foi testada através do teste de Kolmogorov-Smirnov no primeiro experimento e teste de Shapiro-Wilk no segundo, em seguida foram submetidos a análise de variância (ANOVA) e teste post-hoc de Tukey. O tempo médio de cirurgia completa da anestesia até a remoção do animal da maca foi de 49,8 ± 10,1 min, e o passo que mais ocupou o tempo foi a manipulação e aspiração folicular de ambos os ovários (20,6 ± 9,7 min) (p≤0,05), havendo 22,2 % de casos de insuflação pré-peritoneal. O número total de folículos aspirados, oócitos recuperados e oócitos viáveis foram de 126, 76 e 31, respectivamente. Os mesmos parâmetros por procedimento foram de 7,17 ± 7,17; 4,22 ± 7,1 e 1,72 ± 4,2; respectivamente. A taxa de recuperação foi de 60,3%. No segundo experimento foi estudado a utilização da gonadotrofina coriônica equina (eCG) em diferentes concentrações na estimulação ovariana em bezerras bubalinas pré-LOPU. Para isso, foram utilizadas 20 bezerras Murrah lactantes com idade e manejo semelhantes à do primeiro experimento. Foi aplicado um delineamento em quadrado latino 3 x 3, com as LOPUs sendo realizadas a cada 15 dias. Todos os animais receberam no dia 0 (D0) um dispositivo de progesterona P4 (Primer Pr^® - 0,36g; Agener, Brasil), no dia 3 (D3) foi administrado eCG conforme os grupos experimentais, 500 UI de eCG (Ecegon^® - Biogénesis Bagó/Brasil) (Grupo 500), 1000 UI de eCG (grupo 1000) ou não receberam gonadotrofina (Grupo controle), no dia 5 (D5) foi realizada a LOPU em todos os animais. O procedimento de LOPU seguiu conforme a técnica descrita no experimento 1, com os oócitos enviados ao laboratório para procedimento de ativação partenogenética. As variáveis dependentes foram apresentadas como média e erro padrão da média (média ± EPM) sendo considerado o nível de significância de 5%. Neste experimento foram aspirados 430 folículos, recuperados 248 oócitos dos quais 73 foram classificados como viáveis. Observou-se que a utilização do eCG aumentou a quantidade de folículos médios (6 – 10mm) e grandes (>10mm) (Médios: Controle = 5,19%; G500 = 38,36% e G1000 = 25,69% e Grandes: Controle = 3,90%; G500 = 13,70% e G1000 = 25). Não houve influência do eCG na quantidade de folículos aspirados (Controle = 9,00 ± 1,40; G500 = 5,00 ± 0,67 e G1000 = 10,65 ± 1,83; P=0,1744); recuperação oocitária (Controle = 6,94 ± 1,73; G500 = 2,70 ± 0,67 e G1000 = 5,33 ± 1,23; P = 0,0736) e taxa de recuperação (Controle = 59,14% ± 7,9; G500 = 61,69% ± 9,9 e G1000 = 55,30% ± 8,2; P = 0,8052). A dose de 1000UI de eCG influenciou significativamente na viabilidade oocitária por tratamento (Controle = 0,64 ± 0,2; G500 = 0,55 ± 0,2 e G1000 = 3,05 ± 0,6; P = 0,0086). Com os resultados obtidos, podemos observar que esta é uma técnica segura de ser realizada mesmo em ambiente de fazenda, apresentando excelente resposta pós-operatória, possibilitando ser realizada seguidas vezes, sem prejuízos para a fêmea e que a aplicação do eCG antes da LOPU, é uma alternativa econômica e disponível no mercado para estimular o desenvolvimento folicular de bezerras bubalinas, criando alternativas para o melhor aproveitamento do potencial ovariano de fêmeas e assim obter cada vez mais melhores resultados junto a PIVE.

O aquecimento global com consequente elevação da temperatura da água tem se mostrado capaz de alterar, consideravelmente, aspectos inerentes ao ciclo vital de determinadas espécies de peixes, como é o caso da reprodução. Assim, objetivando minimizar os impactos ocasionados aos peixes pela elevação da temperatura ambiental, a tecnologia de transplante de células germinativas e a esterilização de peixes, vêm sendo amplamente utilizadas como biotécnicas capazes de contribuir para a reprodução, manutenção e preservação de diferentes espécies de peixes, seja em risco de extinção ou economicamente importantes. Dessa forma, este trabalho objetivou avaliar tanto o efeito da alta temperatura no desenvolvimento embrionário, quanto da hibridização na fase adulta de duas espécies de peixes amazônicos. Para tanto, as espécies escolhidas foram Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) e Moenkhausia oligolepis, as quais pertencem à família Characidae, que é constituída em grande parte por peixes de água doce do Brasil, e ambas se constituem como valiosos objetos de estudos por apresentarem características singulares para o desenvolvimento da aquicultura e da produção científica. Os resultados demonstraram que a alta temperatura teve efeitos relevantes no desenvolvimento embrionário dos animais estudados, e como possível ferramenta para esterilização em peixes, a hibridização entre as duas espécies mostrou-se bastante promissora.

Realizou-se um estudo investigativo e epidemiológico para herpesvírus equino tipo 1 (HVE1) em 10 surtos de doença neurológica, com 25 equinos, sendo 22 que apresentavam sintomatologia nervosa e três aparentemente saudáveis, de 10 diferentes propriedades rurais localizadas no estado do Pará, Brasil. Foram atendidos nestes surtos de doença neurológica, seis equinos machos e 19 fêmeas, com idades entre um e 13 anos. Destes, seis equinos foram submetidos a necropsia, e os demais recuperaram-se com ou sem uso da terapia medicamentosa. Os principais sinais clínicos observados foram incoordenação motora, membros torácicos e/ou pélvicos abduzidos após indução ao exame clínico, flexão dos boletos, movimentos pendulares do posterior (equinos em estação parados ou ao caminhar) e paresia, que por vezes era tão grave que o animal quase arrastava o posterior no solo, em acentuado declive, dando um aspecto de animal “agachado”. Outros sinais como taquicardia, taquipneia, diminuição do tônus da língua, dificuldades para se levantar, sudorese localizada, escaras de decúbito, movimentos de pedalagem, fasciculações musculares na face, micção frequente, priapismo, espasticidade dos membros e desgaste de pinças também foram observados, porém, em menor frequência. Os animais que receberam os protocolos de tratamento recuperaram-se após oito dias. No diagnóstico laboratorial via soroneutralização, 72% (18/25) dos animais apresentaram reação positiva para HVE-1. Já na nested PCR para HVE1, a partir do sangue total, revelou 88% (22/25) de animais positivos, incluindo três animais aparentemente saudáveis, sendo que os três animais negativos na ferramenta molecular foram positivos na sorologia. Na necropsia, evidenciou-se na medula espinhal focos de hemorragia na substância cinzenta, que se estendia levemente até a substância branca. Na análise histopatológica, havia perivasculite e vasculite neutrofílica na substância cinzenta da medula espinha e no encéfalo. Desta forma esse estudo comprova que HVE-1 está circulante no Bioma Amazônico, principalmente no estado do Pará. 

O presente estudo teve como objetivo avaliar a influência da cinética espermática na fertilidade de búfalas submetidas à IATF. Foram utilizadas 332 vacas bubalinas multíparas com 30 a 60 dias pós- parto, predominantemente da raça Murrah e escore corporal de 3,5 ± 0,5. O protocolo de sincronização se deu no d 0, com implantação do dispositivo intravaginal contendo 1,0 grama de progesterona (Sincrogest/Ourofino) mais a aplicação de 2,0 mg de benzoato de estradiol e administração de 10 ml de suplementação mineral injetável via intramuscular as 16:00 h. No d 9, também as 16h, foi realizado remoção do dispositivo de progesterona vaginal e realizado a aplicação de 0,265 mg de pgf2α + 300 u.i de gonadotrofina coriônica equina. Ao d 11, às 16:00 h, foi administrado 0,1 mg de GnRH. No d12, 16 horas após a aplicação de gnrh (às 08:00 h) foi realizada a inseminação artificial. Doze amostras de sêmen de seis touros bubalinos da raça Murrah foram analisadas, sendo que todas as amostras foram criopreservadas em centros de reprodução animal a nível comercial. As análises da cinética espermática movimento espermático foram realizadas pelo programa Sperm Class Analyser® Mot. Foram obtidas as seguintes médias de parâmetros cinéticos: MOT (80,38% ± 4,20%), BCF (10,94 Hz ± 0,09 Hz), PRO (48,35% ± 3,57%) e PRA (23,80% ± 0,09%), VCL (68,06μm/s ± 3,58μm/s), VAP (32,65 μm/s ± 3,58 μm/s) e VSL (29,27μm/s ± 3,58 μm/s), WOB (59,25% ± 3,58%), STR (50,00% ± 3,58%) e (49,03 ± 3,8%) e ALH (1,58 μ ± 0,09 μ). Foi observado no estudo que os parâmetros de correlação que mais influenciaram na taxa de prenhez foram velocidade progressiva rápida, motilidade progressiva, velocidade progressiva, movimento progressivo rápido e a frequência de batimento cruzado. O trabalho foi concluído considerando que houve influência dos diversos parâmetros cinéticos espermáticos analisados no CASA com a taxa de prenhez a campo, e evidenciando que há uma alta correlação com os parâmetros de PRO, VAP, PRA, VSL e BCF.

A puberdade é um processo temporal caracterizado pela transição para a vida adulta e pelo desenvolvimento sexual do indivíduo, a fim de que este seja capaz de se reproduzir. Distúrbios reprodutivos durante a fase puberal impactam a fertilidade do animal em sua vida adulta. Múltiplos agentes infecciosos são apontados como uma ameaça à fertilidade masculina, sendo um destes o vírus Zika. Estudos em espécimes adultos apontam a capacidade do vírus Zika em lesionar células de linhagem espermática, assim como células de Sertoli e Leydig. No entanto, ainda são escassos estudos que abordem os efeitos do vírus em animais imaturos. Primatas neotropicais são apontados como possíveis reservatórios no ciclo selvagem de transmissão do vírus Zika. O macaco-de-cheiro (Saimiri collinsi) é um primata neotropical recentemente apresentado como um candidato a modelo para o estudo da patogênese reprodutiva desse vírus. Desta forma, neste trabalho objetivou-se investigar os efeitos do vírus Zika (VZIK) em parâmetros reprodutivos (níveis fecais de testosterona, biometria testicular, ecogenicidade testicular e avaliação histomorfométrica com score de Johnsen) de macacos-de-cheiro (Saimiri collinsi) púberes. O período do experimento foi classificado de acordo com os estágios da infecção pelo ZIKV: pré-inoculação, fase aguda e fase de convalescença. Os animais infectados apresentaram redução dos níveis fecais de testosterona na fase aguda quando comparado às fases de pré-inoculação e convalescença. Entre grupos, o volume testicular e o índice gonadossomático dos animais infectados foram menores que o dos não-infectados nas fases aguda e de convalescença. Os animais infectados também apresentaram redução do volume testicular, do índice gonadossomático e da ecogenicidade testicular na fase de convalescença. Ademais, o grupo infectado apresentou valores significativamente menores que o não-infectado em todos os parâmetros avaliados na histomorfometria testicular (área tubular, epitélio seminífero, maior e menor diâmetro, altura do epitélio e score de Johnsen). A luz dos fatos supracitados, pode-se concluir que a infecção experimental por VZIK causa múltiplas alterações reprodutivas nesses animais. Em acréscimo, os parâmetros adotados nesse trabalho permitiram a avaliação quantitativa das alterações causadas pelo VZIK em machos de macaco-de-cheiro (Saimiri collinsi) púberes.

A piometra é a desordem endometrial de maior importância clínica em pequenos animais. Diante disso a realização de estudos com intuito e obtenção de dados epidemiológicos relacionados à ocorrência da piometra em cadelas, tornam-se fundamentais. O objetivo do estudo foi determinar indicadores epidemiológicos da piometra canina, utilizando o método estatístico de análise de componentes principais, avaliando a casuística atendida em hospitais veterinários universitários na região nordeste do estado do Pará. Desta forma, traçar o conjunto de parâmetros que facilitem o diagnóstico e um possível perfil clinico-epidemiológico. Para isso, foram consultados 142 prontuários de casos atendidos entre os anos de 2017 a 2019. No total foram avaliadas 18 variáveis relacionadas à doença. Os dados foram analisados utilizando análise de componentes principais (ACP) e estatística descritiva. A partir da ACP identificouse três grupos de indicadores epidemiológicos que juntos explicaram 71,05% da variabilidade dos dados. O primeiro grupo (dor abdominal, distensão abdominal, estado crítico e leucocitose), explicou 29,2%, o segundo (apatia, anorexia, tipo de piometra, e secreção vaginal) explicou 24,05% e o terceiro (idade, raça, paridade e pseudociese) explicou 17,75% da variabilidade dos dados. Observou-se que 47,7% das cadelas tinham de cinco a 10 anos, 63,8% sem raça definida, 62,4% de nulíparas (p<0,05), 82,4% (p<0,05) de piometra do tipo aberta e 46,8% das cadelas já haviam recebido administração de anticoncepcional (p>0,05). Os sinais clínicos mais frequentes foram apatia (94,4%), anorexia/hiporexia (90,1%), secreção vaginal (83%), dor e distensão abdominal (67,9%) e leucocitose (63,7%). A partir dos resultados identificou-se que as variáveis dor e distensão abdominal e leucocitose são indicadores epidemiológicos para a ocorrência da doença em estágio severo. Que as variáveis apatia, anorexia/hiporexia e secreção vaginal são indicadores epidemiológicos para a ocorrência da doença em estágio leve e que as variáveis idade e raça atuam como indicadores epidemiológicos de predisposição. Além disso, foi possível identificar que o perfil clinico-epidemiológico de animais acometidos é o de cadelas de meia idade, sem raça definida, nulíparas com piometra do tipo aberta. E que a presença de leucocitose, apatia, anorexia/hiporexia e secreção vaginal são achados comuns em pacientes com diagnóstico dessa afecção.

A produção in vitro de embriões (PIVE) bovinos é uma biotécnica mundialmente difundida para o aumento do ganho genético da espécie, mas também pode ser usada como modelo para pesquisas de toxicologia na reprodução. Em 2019, com o aparecimento do SARS-CoV-2, a hidroxicloroquina (HCQ) foi amplamente utilizada como tratamento off label para a COVID-19 mesmo sob grande controvérsia em relação à sua eficácia e feitos colaterais. Diante disso, este trabalho teve como objetivo utilizar a técnica de PIVE para avaliar a citotoxicidade da HCQ em oócitos bovinos. Deste modo, óocitos bovinos foram maturados in vitro com HCQ (6, 12. 24 µM) e sem HCQ (Controle) por 24h. Após a maturação os oócitos foram ativados partenogeneticamente e os embriões cultivados in vitro por 7 dias. Os resultados indicaram que o tratamento com a HCQ não afetou a taxa de extrusão do primeiro corpúsculo polar e nem taxa de metáfase II (p>0,05). Quanto ao desenvolvimento, não foi observado efeito do tratamento sobre a clivagem (p>0,05), porém ocorreu uma redução significativa (p<0,05) na taxa (%) de blastocistos proporcionalmente ao aumento das concentrações de HQC utilizadas na maturação (Crtl=48,8; 6µM=43,0; 12µM=37,7 e 24µM=30,0). Finalmente, analisamos o processo de autofagia em oócitos e suas respectivas células do cumulus oophorus após a maturação, mediante a coloração com o corante Laranja de Acridina. O tratamento com 24 µM de HCQ promoveu aumento significativo (p<0,05) do bloqueio da autofagia (aumento da fluorescência em relação ao Ctrl) tanto nos oócitos (1,7X maior) quanto nas células do cumulus (2,8X maior). Concluímos que o tratamento com HCQ apesar de não ter afetado a maturação nuclear dos oócitos, afetou a posterior capacidade de desenvolvimento embrionário dos mesmos sendo que este efeito negativo pode estar relacionado ao distúrbio do mecanismo de autofagia na maturação causado pelo tratamento com a droga.

A União Internacional para a Conservação da Natureza, em um dos seus relatórios mais recentes, estimou que 49% dos primatas do mundo estão em alguma categoria de risco de extinção. No Brasil, o gênero Saimiri, possui espécies ameaçadas de extinção, a conservação da variabilidade genética desses animais pode ser garantida por meio de estratégias de proteção in situ (no ambiente natural), e ex situ (em cativeiro ou por meio da formação de bancos de germoplasma. Sabe-se que para o planejamento de programas de conservação, é importante conhecer os aspectos reprodutivos da espécie ou do gênero em foco. Para elucidar alguns aspectos da reprodução de Saimiri, o trabalho tem por objetivo verificar a influência hormonal (testosterona e estradiol) sobre a qualidade seminal em função da idade, em indivíduos machos da espécie S. collinsi mantidos em cativeiro. O grupo experimental foi composto por 8 machos adultos de macacos-de-cheiro (Saimiri collinsi), sendo 4 animais com 5-6 anos de idade e 4 animais com 12-16 anos de idade. As coletas foram realizadas durante 18 meses (janeiro de 2015 a julho de 2016). Os animais foram previamente sedados por uma associação de cloridrato de cetamina (20 mg/kg; intramuscular) e cloridrato de xilazina (1 mg/kg; intramuscular). Posteriormente, amostras de sangue de ~1ml foram colhidas mensalmente, por venopunção, foram centrifugadas (2100 g /15 min), para separação do plasma, e armazenadas (-20 º C). Após a contenção química, foi realizada a pesagem dos animais, e as medidas de largura, altura e comprimento dos testículos foram obtidas para a obtenção do volume dos testículos. A coleta de sêmen foi realizada eletroejaculação, e os parâmetros básicos de qualidade seminal: volume seminal, cor, pH, grau de coagulação, motilidade, vigor,  integridade e funcionalidade de membrana plasmática. A dosagem dos níveis plasmáticos de testosterona e estradiol foram foram realizadas em duplicata pelo método de eletroquimioluminescência amplificada. Para a análise estatística, os animais foram divididos em dois grupos de acordo com a idade: animais com 5-6 anos e animais com 12-16 anos. Todos os dados foram expressos em Média ± EPM (erro padrão da média) e analisados pelo programa Minitab. Os dados foram checados quanto à normalidade pelo teste Kolmogorov-Smirnov.  Para verificar a diferenças entre as médias da massa corporal, volume testicular, dosagem hormonal e qualidade seminal, nos dados paramétricos, foi realizada pela Análise de Variância (ANOVA), seguido da diferença significativa pelo teste de Fisher, enquanto que, para os dados não paramétricos foi realizado o teste de Wilcoxon. A correlação entre os níveis hormonais de testosterona e estradiol com parâmetros de massa corporal, biometria testicular e parâmetros seminais foi realizada pela correlação de Pearson para dados paramétricos e Spearman para os dados não paramétricos. Os resultados foram considerados significativos quando P < 0,05.