Sanatório Domingos Freire: memória da exclusão e a criação de novo espaços urbanos na 1ª légua de Belém.
Higienização, Arquitetura da saúde, memória, Sanatório Domingos Freire, Belém-PA.
A cidade de Belém do Pará na virada do século XIX e XX apresenta grande impulso econômico devido ao “boom da borracha” e os frutos capitais desse prospero negócio permitem que a capital paraense passe por um processo de modernização baseado nos moldes europeus. Instaura-se na região amazônica medidas de higienização que, por meio do urbanismo sanitarista, implementam mudanças não só na cultura, afetada por posturas municipais rígidas, como também no traçado urbano da “cidade das mangueiras”. Procurando “limpar” do centro de Belém tudo que fosse inapto ao projeto de modernização, passasse a locar cemitérios e hospitais em áreas até então inabitadas, aterrando regiões alagadas, permitindo o acesso e reclusão de distintos pacientes nesses novos espaços assistenciais. Dentre esses espaços em 1900 é inaugurado o Sanatório Domingos Freire, no excluso bairro do Tucunduba, construído para atender a priori os doentes de febre amarela e posteriormente os tuberculosos. O estudo da arquitetura assistencial do mesmo como receptáculo de memória, permitirá, por meio dos vestígios do presente colhidos na etnografia, compreender a importância dos edifícios da saúde para formação da capital paraense, ampliando a noção da arquitetura como vestígio do processo de tratamento dos pacientes e do convívio social da Belém da virada do século.