Restauro de tijolos cerâmicos integrados a alvenarias aparente do patrimônio edificado com uso de produtos amazônicos
cerâmica vermelha, tijolo aparente, valores patrimoniais, argamassa polimérica, conservação e restauro
A produção de objetos cerâmicos remonta desde os primórdios da civilização humana até a contemporaneidade, sendo encontrados os mais diversos tipos de produtos feitos a partir da argila cozida ou queimada. No Brasil, os povos pré-colombianos desenvolviam peças que tinham uso majoritariamente doméstico e religioso. No período colonial expandiu-se o uso de blocos cerâmicos vermelhos para construções civis. As cerâmicas passaram a ter também função estrutural por meio de tijolos que variavam quanto as formas e dimensões e foram responsáveis pelo sistema construtivo de grande parte do patrimônio edificado do País. Na contemporaneidade, observa-se que há uma prática cada vez mais comum da retirada de substratos de reboco e pintura das paredes internas e externas dessas edificações, deixando a mostra o antigo sistema construtivo. Portanto, esses tijolos passam a fazer parte da estética da construção e a ganhar novos valores patrimoniais, frente as novas formas de interação com a sociedade. Desse modo, os produtos de restauro utilizados nas intervenções devem ser técnica e cientificamente compatíveis com a materialidade das cerâmicas vermelhas estruturais em questão. Em Belém do Pará, há um vasto acervo de edificações de alvenarias cerâmicas e mistas as quais passaram por intervenções restaurativas que optaram pela exposição dessas estruturas. Desse modo, a pesquisa tem como objetivo principal discutir o uso de tijolos cerâmicos de alvenarias aparentes no contexto atual do patrimônio edificado e desenvolver argamassas poliméricas com uso de matéria prima da Amazônia (argila natural e resíduos de mineração da bauxita) compatível teórica e tecnologicamente com o material antigo. Para isso, a abordagem metodológica da pesquisa foi dividida em três etapas: análise teórica com base na Teoria Contemporânea da Restauração; identificação e classificação dos tijolos, argamassas e alterações encontradas nas edificações estudadas; e produção e análise de argamassa polimérica de restauro.