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Banca de DEFESA: ANTONIO CARLOS SOARES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANTONIO CARLOS SOARES
DATA: 06/11/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO:

FUSÃO DISCURSIVO-ESPETACULAR: o político, o religioso e o midiático na campanha de Jair Bolsonaro ao cargo de Presidente da República do Brasil, em 2018


PALAVRAS-CHAVES:

fusão discursiva; espetáculo; político; religioso; midiático


PÁGINAS: 228
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
RESUMO:

O principal objetivo desta tese é analisar a fusão discursivo-espetacular entre o político, o religioso e o midiático na campanha de Jair Messias Bolsonaro ao cargo de Presidente da República em 2018. Para isso, busca-se nas teorias da Análise do Discurso de linha francesa, especialmente a partir dos estudos do dialogismo e do interdiscurso, o embasamento teórico necessário à compreensão do fenômeno estudado. Entre os autores que contribuíram para este trabalho, destacam-se Dominique Maingueneau (2021, 2016, 2015, 2010, 2008, 2006a, 2006b, 2000 e 1989), Mikhail Bakhtin (2003), Ruth Amossy (2018, 2017, 2016 e 2007), Oswald Ducrot (2020), Guy Debord (1997), Juremir Silva (2018), Jessé Souza (2017), Pierre Bourdieu (2007 e 1989), Santi e Baptaglin (2018), Prado Jr. (1988), Brown (2019) e Piovezani e Gentile (2020). Um dos primeiros desafios à análise foi, precisamente, o de determinar qual a natureza da relação entre os discursos político, religioso e midiático no corpus selecionado, composto de treze vídeos transmitidos no segundo turno da campanha de Jair Bolsonaro em 2018. Assim, depois de um tempo de maturação e leitura, decidiu-se denominar de fusão o que melhor descreve o fenômeno discursivo em pauta na citada campanha de 2018. Essa compreensão, portanto, serve a toda arquitetura desta tese como uma base na qual a análise está alicerçada, o que não significa uma proposta de mudança no objeto de estudo da Análise do Discurso, que continua sendo as relações interdiscursivas. A proposição desta pesquisa é, portanto, um ajuste no modo de interpretar, em dados objetos, essas mesmas relações entre os discursos. Outro passo importante para os desdobramentos da análise foi o de buscar compreender as condições de produção dos discursos circulantes na fusão. Nesse sentido, a partir das primeiras observações do corpus que apontaram para discursos conservadores, pesquisou-se sobre os possíveis rastros deixados pelo conservadorismo no Brasil desde a sua colonização. O resultado dessa investigação levou a considerar, juntamente com Juremir Silva (2018), Jessé Souza (2017), Lavareda (2021) Lisboa (2022) Guy Debord (1997), Brown (2019) e Piovezani e Gentile (2020), que os discursos fundidos são representativos de um conservadorismo racista, preconceituoso, excludente e perpetuador da visão colonialista escravista que durante séculos grassou no Brasil. A partir disso, entendeu-se, também, que os discursos fundidos na prática discursiva implicada na citada campanha se alinham ao espetáculo capitalista, ao neoliberalismo e ao neofascismo seja pela forma de 8 enunciar, pelos silenciamentos/apagamentos ou por aquilo que é possível perceber acerca das suas identidades. Quanto à identidade desses discursos, este trabalho igualmente se esforçou por compreender de que maneira a esfera religiosa se articula ao político e ao midiático, na prática discursiva estudada. Assim, observou-se que a dimensão religiosa presente nessa fusão é representativa de uma religiosidade cristã tradicional e fundamentalista ligada a certos setores evangélicos e católicos conservadores em oposição à espiritualidade de matizes africanas ou indígenas às quais é relegado o lugar do silenciamento. Também se interpretou que a dimensão religiosa adquire, na cena de enunciação, o status de centralidade e, por isso mesmo, exerce grande influência na produção de sentidos na aludida campanha eleitoral, contribuindo ora para a adesão por parte dos eleitores ora para a rejeição. Ainda ligado à compreensão da fusão discursiva propriamente, percebeu-se que ela se forjou em meio ao espetáculo político-midiático. Embora essa percepção inicial tenha permanecido, agregou-se a ela, a partir dos estudos de Debord (1997), a compreensão de que o espetáculo no qual a campanha esteve envolvida se refere a um fenômeno muito mais abrangente em que as diversas relações sociais são mediadas por imagens que atuam na separação do homem da realidade e de si mesmo. A partir disso, passou-se a interpretar o fenômeno não apenas na imanência do espetáculo midiático, mas também como sendo mais geral e capaz de gerar a ambiência e a cosmovisão para a vivência em grande parte das sociedades modernas. Outro foco desta pesquisa, dada a especificidade do corpus, o segundo turno da campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, foi o de investigar acerca do processo argumentativo envidado nesses discursos fundidos. O entendimento foi o de aceitar como legítimos e pertinentes à argumentação tanto a dimensão daquilo é estratégico e manipulável quanto daquilo que faz parte do processo argumentativo, mas que escapa a essa intencionalidade. Interpretou-se, portanto, todo o conjunto de procedimentos argumentativos como subordinados a uma semântica global que regula aquilo que pode ou não ser dito no interior de determinada FD e que se estende a todos os demais planos do discurso como o imagético e o modo com que os diversos elementos interagem, conforme Maingueneau (2008). Ainda em relação à argumentação, considerou-se que o convencimento se faz por meio de um processo denominado de incorporação no qual os sujeitos são levados a se identificar com um corpo que se movimenta numa ou noutra direção. 


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 2356971 - DANILA GENTIL RODRIGUEZ CAL
Externo à Instituição - DÉCIO O. SOARES DA ROCHA
Externo à Instituição - EDVANIA GOMES DA SILVA
Presidente - 1152797 - FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
Interno - 6217971 - IVANIA DOS SANTOS NEVES
Notícia cadastrada em: 19/10/2023 12:27
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