Dissertações/Teses

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2024
Descrição
  • LARA FARIA JANSEN FRANÇA
  • “O mameluco”, de Amélia Rodrigues (1861-1926): rastros históricos, políticos e sociais da Bahia oitocentista

  • Orientador : JULIANA MAIA DE QUEIROZ
  • Data: 26/04/2024
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  • Esta dissertação tem como proposição analisar o romance O mameluco (1882), da escritora AméliaAugusta Rodrigues do Sacramento (1861-1926) dentro do panorama da literatura escrita por mulheres no Oitocentos. Publicado no formato de romance-folhetim no jornal Echo Sant’Amarense (BA) nos meses de outubro e novembro de 1882, a escritora buscou retratar a condição social do mestiço brasileiro em meios às mudanças e acontecimentos que fervilhavam durante o interstício da Guerra do Paraguai (1864-1870). Tendo em vista a presença de temáticas que dialogam com as mudanças políticas e sociais ocorridas na segunda metade do século XIX, como a crítica ao sistema escravocrata vigente e as implicações impostas aos sujeitos oriundos do processo de mestiçagem, a pesquisa também se debruça sobre a dualidade com que Amélia Rodrigues teceu a narrativa, uma vez que é possível identificar tanto elementos que questionam o paradigma colonial quanto os que reforçam a manutenção dele. Assim, para fundamentar essa discussão, utilizou-se os estudos de Zahidé Muzart (2000, 2004), Ivia Alves (1998, 1999, 2001, 2004, 2005), Milena Queiroz (2022), Monique Cerqueira (2019), Ana Carolina Santos (2010), Suene Honorato (2021), entre outros que contribuíram para a elucidação sobre a história de mulheres escritoras do século XIX no Brasil e os acontecimentos políticos que marcaram a província da Bahia no período em questão. Dessa forma, espera-se contribuir com os diversos estudos que buscam ampliar a participação da mulher na história literária do Oitocentos.

  • LARISSA DA SILVA COSTA AVIZ
  • AMPLIAÇÃO DAS PRÁTICAS DO PROJETO DE EXTENSÃO CIRCUITO DE LEITURA PARA A ABORDAGEM DA ESCRITA E DA ORALIDADE EM PERSPECTIVA DIALÓGICA E DECOLONIAL DE ENSINO E APRENDIZAGEM POR MEIO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS

     

     

  • Orientador : ISABEL CRISTINA FRANÇA DOS SANTOS
  • Data: 15/04/2024
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  • A presente pesquisa foi pensada a partir da seguinte pergunta de investigação: como ampliar as práticas de mediação de leitura dos mediadores que atuam no projeto Circuito de Leitura: lendo para ser feliz? Esse projeto é vinculado ao programa de extensão Conexões de Saberes da UFPA. Para tanto, objetivamos potencializar as atividades de leitura atreladas à escrita e à oralidade no projeto, tendo como hipótese o desenvolvimento da aprendizagem a partir dos gêneros discursivos. Do ponto de vista teórico, fundamentamo-nos em estudos filosóficos-linguísticos do Círculo de Bakhtin acerca da interação verbal, e em seu signatário Geraldi que trata da concepção de língua como forma de interação; também utilizamos os estudos decoloniais discutidos por Walsh; e, por fim, temos como base teórica as contribuições de Freire para a educação. O foco temático desta pesquisa é a valorização das vivências dos alunos na Amazônia a partir de uma postura de ensino decolonial por parte dos mediadores que atuam com eles. Temos como justificativa o fato de tal temática ainda ser pouco difundida em sala de aula, inclusive no próprio estado do Pará. Do ponto de vista metodológico, a abordagem é qualitativa e os tipos de pesquisa são a pesquisa-ação e a pesquisa colaborativa; a intervenção colaborativa foi realizada nas ações do Circuito de Leitura por mim, enquanto pesquisadora formadora dos mediadores, e nos anos finais do ensino fundamental na turma do 7° ano de uma escola pública do município de Ananindeua-PA. A realização das propostas de ensino ocorreu durante três meses e teve como gêneros discursivos: narrativas amazônicas, rodas de conversa sobre os povos indígenas, escrita de propagandas de produtos típicos paraenses e produção de entrevistas pelos alunos, com o intuito de trocarem saberes sobre sua região (narrativas tradicionais dos povos originários, culinária local, artistas do estado etc.). Nossos resultados apontaram amplo desenvolvimento das metodologias de ensino da tríade leitura, escrita e oralidade por parte dos mediadores do projeto, sendo estas voltadas para o uso real e situado da língua de modo que valorize as trajetórias de vida dos alunos atendidos pelo projeto popular Circuito de Leitura: lendo para ser feliz.

  • NORA MONTEIRO PINTO DE ALMEIDA
  • “MUNDIADOS”: ANÁLISE DISCURSIVA DA RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NO PROJETO MUNDIAR (SEDUC/PA)

  • Orientador : THOMAS MASSAO FAIRCHILD
  • Data: 05/04/2024
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  • Nesta pesquisa, investigamos os discursos que contribuem implicitamente para a racionalização das políticas públicas educacionais e o papel que adquirem na manutenção de iniciativas como o Mundiar. De forma mais específica, analisamos a materialidade linguística presente em textos acadêmicos, documentos oficiais e propostas relacionadas à trajetória da educação de adultos, além de relatos de profissionais da educação que atuaram no referido programa, com a intenção de compreender como esses discursos podem colaborar para a implantação e sustentação de uma política de aceleração como o Mundiar. Nossa hipótese inicial aponta para um conjunto de discursos que mostram-se alinhados à proposição do modelo gerencial, no fortalecimento dos dispositivos de racionalização no campo da educação. O objetivo geral é analisar as imagens discursivas produzidas pelo sujeito, discursivamente, e o lugar que ocupam na sustentação das políticas educacionais de base racionalista. O quadro teórico que mobilizamos situa-se no campo da Análise do Discurso francesa, com destaque para os conceitos de sujeito e o de formações imaginárias, entre outras noções abordadas por Pêcheux (1993,2009), Althusser (1985), Foucault (2010), Orlandi (2015), Brandão (2012), Osakabe (1979) e Possenti (2009). No campo da educação, nossos estudos estão ancorados principalmente nas discussões acerca da trajetória de mudanças na carreira, a partir de Bourdieu (2003), Apple (1989,1995), Possenti (1996), Soares (1989), Geraldi(1999), Bezerra (2007), (Freire (2001), Chaui (1978, 2016), Libâneo (2013), Barreto (2010, 2013), Barzotto (2004, 2007, 2011, 2014) e Fairchild (2017, 2022), que nos auxiliam nas discussões em torno dos processos de racionalização na educação. O corpus utilizado é constituído por dois tipos de materiais: 1) estudiosos que discutem o tema, leis, referenciais para a educação, programas voltados para a EJA, além dos materiais didáticos e documentais referentes ao projeto Mundiar; 2) entrevistas realizadas com os profissionais que trabalharam no referido projeto – 4 professores e 1 técnico. Nossas analises demonstram o aparecimento de imagens, por meio dos documentos, que constroem a ideia de que esses programas possam “corrigir distorções”, colocando o aluno no “devido fluxo”. No caso do Mundiar, em nosso entendimento, as entrevistas apontaram um sujeito dividido, oscilando entre críticas, desconfiança e queixas, mas, que apesar disso, mostrasse disposto posicionar-se discursivamente, na produção de enunciados que contribuam para legitimar o Mundiar e programas ideologicamente alinhados a esse

  • RENATA COSTA DA CUNHA MAMEDE
  • CONCEITOS DIALÓGICOS EM RELATOS DE PRÁTICA DE PROFESSORES DA 7ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

  • Orientador : MARCIA CRISTINA GRECO OHUSCHI
  • Data: 28/03/2024
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  • Este trabalho, vinculado ao projeto de pesquisa “O dialogismo e as práticas de linguagem no processo de ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa”, versa sobre o estudo teórico-analítico acerca dos conceitos dialógicos em relatos de prática produzidos por professores participantes da 7ª Edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro (OLP). Tem como objetivo geral compreender de que forma os professores evidenciam as apreciações valorativas em seus relatos de prática produzidos a partir do trabalho com o gênero Memórias Literárias, na 7ª edição da OLP. A pesquisa parte da hipótese de que os professores semifinalistas da OLP utilizam, em seus relatos de prática, diferentes recursos linguístico-enunciativos e discursivos para manifestar apreciações valorativas que trazem temáticas diversas relacionadas ao trabalho desenvolvido em sala de aula e a sua formação docente. A investigação tem como base teórica o dialogismo apresentado pelo Círculo de Bakhtin (Volóchinov, 2021 [1926]; Volóchinov, 2017 [1929]; Bakhtin, 2016 [1979]) e estudos de autores que seguem esta vertente (Polato; Ohuschi; Menegassi, 2020; Menegassi et al.2020; Sobral; Giacomelli, 2016; Sobral, 2009, dentre outros). A pesquisa caracteriza-se como documental, de natureza qualitativa e de cunho interpretativo e foram analisados três Relatos de Prática de professores semifinalistas da 7ª Edição da OLP, destacando de que forma os docentes manifestam as apreciações valorativas na escrita desse gênero, como essas apreciações aparecem, a que são relacionadas e como podem contribuir para a prática docente, de modo que o professor possa ressignificar sua própria prática. Os dados evidenciaram três princípios orientadores: a) apreciações valorativas; b) temáticas suscitadas e sua relação com a prática pedagógica; c) recursos linguístico-enunciativos e discursivos. A análise dos Relatos demonstra que: os professores conseguem refletir sobre a sua própria prática de modo a ressignificá-la; o contexto pandêmico, ora vivenciado, influenciou diretamente nas práticas docentes; a OLP tem um enorme potencial formativo para os professores.

  • RODRIGO BRITO DE OLIVEIRA
  • ENTRE O NOJO E O GOZO: AS POÉTICAS OBSCENAS DE WALDO MOTTA E GLAUCO MATTOSO

  • Orientador : IZABELA GUIMARAES GUERRA LEAL
  • Data: 26/03/2024
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  • Esta pesquisa investiga a obra de dois poetas brasileiros contemporâneos, Waldo Motta e Glauco Mattoso, cujas poéticas obscenas se contrapõem às hegemonias atuais, debochando delas com a finalidade de criticá-las. Enquanto o primeiro poeta enaltece o cu ao se inspirar no “erotismo sagrado” de Bataille (1987), o segundo constrói sua obra a partir de uma poética pautada na coprofagia – ou devoração de tudo que pode ser considerado merda ou “imprestável” –, o que nos faz recordar, principalmente, o Manifesto Antropófago (1928) publicado pelo escritor Oswald de Andrade, um dos expoentes do Modernismo Brasileiro. O objetivo deste trabalho é discutir as implicações éticas por trás da experiência poética transgressiva de Motta e Mattoso. Desse modo, recorre-se à análise de algumas de suas obras, bem como à fortuna crítica de cada poeta, somadas ao referencial teórico com base em outras áreas do conhecimento. O resultado dessa investigação nos leva a crer que a poesia waldiana e mattosiana fazem do deboche uma arma de transformação da realidade coercitiva e da libertação do sujeito.

     

     

     

  • MERIVANIA ROCHA BARRETO
  • A História do Makunaima e a História do Timbó: um estudo das relações entre humanos e outros-que-humanos.

  • Orientador : IZABELA GUIMARAES GUERRA LEAL
  • Data: 25/03/2024
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  • É impossível negar que o pensamento ocidental, eurocêntrico, o dito civilizado, quase sempre predominou como o correto, o aceitável, na maioria das vezes sem abrir possiblidades para que outros saberes, como o dos indígenas, por exemplo, também pudessem ser levados em consideração, especialmente quando se trata da relação que estes mantêm com os seres da natureza em geral. Diante disso, esta pesquisa de doutoramento se desenvolve a partir da hipótese de que as narrativas Panton Pia’ a História do Timbó e Panton Pia’ a História do Makunaima ilustram bem a maneira como os povos indígenas se relacionam com os outros-que-humanos, como os animais e plantas, assim como com a natureza de modo geral, demonstrando que todos os seres que habitam o universo estão interligados a um único ser, a Mãe Terra. Nesse sentido, proporemos uma discussão acerca das epistemologias indígenas para entender como se dão as relações dos humanos com os outros-que-humanos nas narrativas Panton Pia’ a História do Timbó e Panton Pia’ a História do Makunaima. As duas narrativas que servirão como corpus para esta pesquisa foram coletadas pelo projeto “Panton Pia’: Narrativa oral indígena, registro e análise” no circum-Roraima, território transnacional ao redor do Monte Roraima, onde habitam os povos Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ye’kuana, Wai-wai, Ingarikó, entre outros. Para tanto, temos como objetivos específicos falar  sobre as narrativas indígenas; discutir as transformações metamórficas ocorridas nas narrativas Panton Pia’ a história do Timbó e Panton Pia’ a história do Makunaima que mostram as relações entre os humanos e outros-que-humanos; mostrar a importância das metamorfoses presentes na narrativa A história de Makunaima para a construção das paisagens que compõe o circum-Roraima; bem como  ressaltar a importância dos elementos que constituem a paisagem do circum-Roriama como acionadores da memória do narrador indígena Clemente Flores. A pesquisa será de cunho investigativo bibliográfico e interpretativo no âmbito interdisciplinar, envolvendo estudos da literatura em geral e da literatura indígena, da filosofia, antropologia, biologia, entre outros, e será baseada nos estudos de Viveiros de Castro (1996-2008-2011), Paul Zumthor (1993-1997), Maria Inês de Almeida e Sônia Queiroz (2004), Michel Collot (2012), Lúcia Sá (2012-2017), Graça Graúna (2013), Fábio Carvalho (2017), Devair Fiorotti e Clemente Flores (2019), Emanuele Coccia (2020), entre outros.

  • ANA MARIA DE CARVALHO
  • CORDEL: as multivozes e performances no estado do Pará

  • Orientador : MARIA DO PERPETUO SOCORRO GALVAO SIMOES
  • Data: 18/03/2024
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  • No que tange à produção paraense da Literatura de Cordel, para organizar, apoiar e difundir o trabalho dos cordelistas paraenses no estado, foi criada em 09 de janeiro de 2018 a Academia Paraense de Literatura de Cordel (APLC), fundada por Cláudio Cardoso, poeta, escritor e compositor. No decorrer da pesquisa, foram encontradas mais duas Academias de Literatura de Cordel, são elas: a Academia Transxiguana de Literatura de Cordel, com sede em Altamira, e a Academia Miriense de Cordel, com sede em Igarapé-Miri. Mediante o exposto, a presente tese tem por objeto a produção do cordel no Pará, levando em consideração os cordelistas que compõem essas academias e, se possível, os demais que não estão inseridos nelas. A pesquisa responderá a seguinte situação problema: quem são e como estão produzindo os cordelistas paraenses? Esta tese objetiva mapear os cordelistas que vivem e produzem no estado do Pará, considerando as condições históricas e sociais de sua produção. No que diz respeito à metodologia, é um estudo de cunho qualitativo, com apoio da cartografia, a partir do que afirma Jesús Martín-Barbero. O referencial teórico conta com Vicente Salles, Rosilene Melo, Márcia Abreu, Idelette Muzart F. dos Santos, dentre outros.

  • BEATRIZ COSTA ARAUJO
  • FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS SABERES DOCENTES: A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO INICIAL PARA A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS

  • Orientador : CELIA ZERI DE OLIVEIRA
  • Data: 04/03/2024
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  • A pesquisa possui o intuito de investigar a maneira como vem sendo abordados os saberes docentes no curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pará, em especial os relacionados aos gêneros discursivos, a didática, a autonomia e as humanidades – levando em consideração que essas diretrizes fazem parte dos saberes que formam os professores e influenciam na maneira como eles compreendem o seu papel social. Partindo do princípio de que a profissão docente é formada por diferentes saberes e que estes advêm de diferentes campos, como a formação profissional inicial e continuada (Tardif, 2008), buscamos investigar o modo como os professores já formados pela instituição, egressos do curso de licenciatura da faculdade de Letras (FALE) na UFPA, estão, em um primeiro momento, compreendendo conceitos essenciais para a sua formação (imersos e indissociáveis ao trabalho do professor de língua portuguesa na atualidade) e, em um segundo momento, aplicando-os aos seus trabalhos como docentes. Para isso, teorias acerca dos saberes docentes (Tardif, 2008; Gauthier ET AL, 1996; Pimenta, 1999; Nóvoa, 2009), do percurso histórico da disciplina de Língua Portuguesa (Soares, 2004), das humanidades como base da formação profissional (Silva, 2010), da didática (Vicente, 1992), da autonomia (Contreras, 2002), dos gêneros discursivos (Bakhtin, 1979) e outros foram utilizados como base teórica. A pesquisa é de cunho qualitativo, caracterizada como estudo de caso e teve a metodologia dividida em três momentos: primeiro, a aplicação de um questionário on-line; segundo, a realização de uma entrevista oral; terceiro, a análise dos materiais coletados. O estudo está vinculado ao Programa de Pós Graduação em Letras (PPGL) – estudos linguísticos da UFPA e possui relevância aos estudos e pesquisas sobre formação de professores na área de ensino-aprendizagem. Ao final, objetiva-se constatar parcialmente como os professores recém passados por uma formação inicial armazenaram e estão aplicando os conceitos que discutiram durantes as aulas da graduação em seus contatos com o mundo externo, principalmente com a sala de aula (espaço de atuação do professor) e a importância da presença de determinados saberes na construção de um “bom” profissional docente. Assim, pode-se dizer que os questionamentos levantados pela pesquisa foram, conforme os objetivos, respondidos e analisados de acordo com sua relevância para os resultados da pesquisa.

  • MARCOS JAIME ARAUJO
  • SISTEMATIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO TAXIONÔMICA TOPONÍMICA NHEENGATU DE BRAGANÇA/PA

  • Orientador : SIDNEY DA SILVA FACUNDES
  • Data: 04/03/2024
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  • Esta tese apresenta como objeto de estudo os topônimos nheengatus de Bragança, município do Estado do Pará, em particular os elementos ou termos específicos, expressões apresentadas por Dick (1992) para representar a particularidade semântica de um elemento geográfico e que representam lugares do município em questão, designados em língua indígena. O objetivo é contribuir para a normatização da classificação taxionômica toponímica nheengatu bragantina, a partir de padrões morfológicos observados nesses topônimos, possibilitando uma melhor compreensão da sua morfologia e significado. A hipótese é de que a nomeação toponímica nheengatu apresenta vários padrões morfológicos em razão do número elevado de topônimos coletados, os quais precisaram ser analisados, descritos e normatizados. O método empregado para o levantamento do corpus foi o da consulta documental, realizada junto à Dissertação de Mestrado de Araújo (2019), que forneceu 146 topônimos. Esta tese aprofunda um dos resultados encontrados por Araújo (2019) sob a classificação taxionômica toponímica de Bragança/PA. A análise dos dados foi orientada com base em duas grandes áreas: (1) nos estudos onomasiológicos da Toponímia, de nomeação e de classificação taxionômica, a partir do formante do signo toponímico e (2) nas Morfologias portuguesa e nheengatu, especificamente acerca da formação de palavras, a partir da análise do vocábulo formal de Câmara Jr (1977). A fundamentação teórica basilar se amparou em Dick (1992), para as questões de Toponímia: estrutura e classificação, sob uma perspectiva morfossemântica, auxiliada por Kehdy (2005) e Gonçalves (2016), para as questões da formação de palavras em língua portuguesa, e em Stradelli (2014), para as questões lexicográficas e de formação de palavras em nheengatu. O resultado encontrado sinaliza que o topônimo nheengatu apresenta uma organização morfossemântica, a qual possibilitou elaborar uma sistematização taxionômica da toponímia nheengatu bragantina estudada, a partir de 9 padrões morfológicos.

  • ROSALIA DOS SANTOS ALBUQUERQUE
  • A DA TRANSMISSÃO DE SABERES AO TESTEMUNHO: O PARENTE MAIS VELHO EM METADE CARA, METADE MÁSCARA E MEU AVÔ APOLINÁRIO: UM MERGULHO NO RIO DA (MINHA) MEMÓRIA.

  • Orientador : TANIA MARIA PEREIRA SARMENTO PANTOJA
  • Data: 29/02/2024
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  • Nesta pesquisa recorremos primeiramente ao processo histórico das gênesis da literatura de autoria indígena no Brasil, bem como às proposições a respeito da configuração da literatura de Autoria Indígena, segundo GRAÚNA (2012) e FIGUEIREDO (2018). Também, buscando compreender questões etnográficas sob a luz de MONTOYA (2012), a fim de explorar as figurações do contador de história, como aquele a quem é dada a responsabilidade como transmissor de saberes e guardião das ancestralidades e, nesse processo, buscamos verificar se assim como nas culturas africanas, também é-nos possível associar o contador indígena ao griô, com quem guarda semelhanças quanto à função social e à performance. Esse percurso nos deu condições para analisar mais detidamente a presença do contador de histórias e sua relação com a ancestralidade nas narrativas de autoria indígena - Metade Cara, Metade Máscara (2004), de Eliane Potiguara e Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória (2009), de Daniel Munduruku, ambas profundamente marcadas pelos paradigmas das narrativas memorialística: a história de vida e mais especialmente o testemunho. Procuramos por fim, compreender como a figuração do contador de histórias, que propomos como o ancião indígena, potencializa a resistência na escrita literária do indígena desaldeado, condição muito presente em Metade Cara, Metade Máscara e Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória. A hipótese da pesquisa é a de que o desaldeamento vem ao texto como uma cisão, um (des)encontro entre dois mundos, que coloca em perigo o ser do sujeito indígena, perigo a que ambos os narradores respondem com o testemunho sobre a catástrofe do desaldeamento e, sobretudo, sobre a ancestralidade, como forma de sobrevivência identitária. Para dar conta da análise apresentamos alguns conceitos e reflexões, como os de Márcio Seligmann-Silva (2017), Tânia Sarmento-Pantoja (2014), Augusto Sarmento-Pantoja (2019), Paul Zumthor (1993), dentre outros.

  • CECILIA MARIA TAVARES DIAS
  • FRASEOLOGIA DIALETAL NAS CAPITAIS DO NORTE E NORDESTE DO BRASIL: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO

  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 29/02/2024
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  • Esta tese tem como objetivo descrever, mapear e analisar unidades fraseológicas faladas nas capitais das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Para fundamentar o trabalho, recorreram-se aos pressupostos teórico-metodológicos da Fraseologia de Mejri (1998, 1999, 2002, 2012, 2017, 2018), Zuluaga (1980), Corpas Pastor (1996), Fulgêncio (2008), da Dialetologia e Geografia Linguística (GILLIERON, 1902; NASCENTES, 1953; ROSSI, 1963), da Moderna Dialetologia e da Geossociolinguística (RAZKY, 1998; AGUILERA, 2008; RAZKY e GUEDES, 2015; RAZKY, GUEDES & COSTA, 2023). Do ponto de vista metodológico, aplicou-se um inquérito com 200 questões a 56 informantes das capitais das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Os informantes foram selecionados considerando-se os fatores gênero, faixa etária e grau de escolaridade. Com o auxílio do programa Lexique Pro, foi construído um glossário fraseológico, a partir do preenchimento da ficha fraseológica dos verbetes, o que resultou em uma versão impressa e eletrônica do glossário. A partir da descrição e análise das unidades fraseológicas (UFs) em estudo, gerou-se um glossário fraseológico de 200 verbetes e 20 cartas linguísticas. A análise dos dados demonstrou que as UFs possuem características morfossintáticas e semânticas diversas, cuja estabilidade assegura a estreita relação entre os elementos dos fraseologismos, o que os leva a perder o significado primário para adquirir um novo sentido. O mapeamento geossociolinguístico das cartas demonstrou a diversidade da distribuição dialetal das UFs no espaço geográfico mapeado. Foram observados agrupamentos lexicais diatópicos de 4 tipos: Macro, Meso, Micro e Nanoagrupamentos. As análises dos dados permitem ainda refletir sobre a riqueza do léxico das regiões Norte e Nordeste do Brasil, bem como, sobre a relação entre língua e cultura no espaço geográfico.
    Palavras-chave: Fraseologia. Glossário Fraseológico. Geossociolinguística. Agrupamentos dialetais.

  • DEYWELA THAYSSA XAVIER DA SILVA
  • UMA PROPOSTA PARA O FORTALECIMENTO DA LÍNGUA WARAO A PARTIR DA DOCUMENTAÇÃO E DA REALIZAÇÃO DE OFICINAS COM AS NARRATIVAS COSMOLÓGICAS

  • Orientador : ANA PAULA BARROS BRANDAO
  • Data: 28/02/2024
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  • A língua Warao é uma língua isolada falada pelo povo de mesmo nome, que originalmente habitava a região do Delta do rio Orinoco, na Venezuela. Em virtude de inúmeras intervenções em seu território e do agravamento da crise multifacetada em seu país, caracterizada pela hiperinflação, escassez de alimentos, medicamentos e instabilidade política populações indígenas inteiras foram forçadas a migrar para outros países em busca de condições básicas de sobrevivência, e por ser um país fronteiriço o Brasil é um dos principais destinos. O estabelecimento desse povo no Brasil coloca em risco a vitalidade de sua língua, pois há cada vez menos espaço para o uso e transmissão de sua língua materna tendo em vista que o contato com as cidades e o ensino escolar não contemplam o uso e o ensino da referida língua. Diante desse cenário, a presente pesquisa teve como objetivo propor estratégias para o fortalecimento da língua Warao falada em Belém a partir da documentação de narrativas cosmológicas e da realização de oficinas em espaço escolar. Com a intenção de discutir sobre as políticas linguísticas e educacionais brasileiras e venezuelanas utilizamos o referencial teórico de (BRASIL, 1988, 1996, 1998); (VENEZUELA, 1999) e Calvet (2007). Para as discussões referentes ao tema da documentação linguística adotamos os estudos de Hilmmemann (1998; 2006); Brandão (2018; 2023) e Galúcio (2021). Para tratar sobre as teorias de revitalização linguística nos ancoramos nas pesquisas de Amaral (2020) e Rubim (2016; 2020). Nas discussões sobre as narrativas orais e aplicação das oficinas recorremos aos estudos de Herrmann (2006) e Macedo e Albuquerque (2013). Com a pesquisa pretende-se contribuir com a promoção de uma visão positiva da presença Warao no Brasil e com o fortalecimento dessa língua e cultura na região metropolitana de Belém.

  • BRUNA FERRO E SILVA PINTO
  • AS NOSSAS HISTÓRIAS COMEÇAM PELAS NOSSAS RAÍZES: trajetórias de letramentos de estudantes indígenas e quilombolas em um projeto de ensino na/da UFPA

  • Orientador : CELIA ZERI DE OLIVEIRA
  • Data: 22/02/2024
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  • Ao ingressar na universidade, estudantes de grupos sociais diversos se veem em um processo desafiador, constituído pela falta de familiaridade com as práticas sociais de leitura e escrita, de gêneros discursivos da esfera universitária. Diante de tal cenário, busca-se investigar e contribuir com estudos sobre letramentos à luz da Linguística Aplicada. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo compreender os desafios nas trajetórias de letramento de acadêmicos indígenas e quilombolas do curso de Licenciatura em Letras – Português participantes do Projeto de Ensino e Aprendizagem Literacia e Integração Acadêmica: a autonomia pelas vias da aprendizagem e inclusão (PLIA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), desde a educação básica ao ensino superior. Ademais, a presente pesquisa, em colaboração com o projeto-mãe – PLIA –, embora tenha objetivos específicos, visa promover o desenvolvimento acadêmico de ingressantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica aos cursos de graduação da UFPA, no que diz respeito aos níveis de formação profissional, por meio do atendimento às suas necessidades educacionais. Nesse sentido, esta investigação fundamenta-se nos conceitos de alfabetização e letramento (Soares, 2003, 2004. 2005; Macedo, 2020), nos Novos Estudos de Letramento (Lea, Street, 2006; Heath, 1982; Kleiman, 1995, 1998; Macedo, 2021), na Pedagogia dos Multiletramentos (Bevilaqua, 2013; Cazden et al., 2021; NLG, 2006; Pinheiro, 2016), na perspectiva de Gêneros Discursivos (Bakhtin, 1997 [1979], 2017 [1979], Bakhtin, Volóchinov, 1926), nos Estudos Críticos Interculturais (Candau, 2008, 2021; McLaren, 1997; Paulo Freire, 1981, 1989, 1993; Oliveira, 2015) e questões de identidade (Canclini, 2009; Hall, 2006; Moita Lopes, 1998; Silva, 2012). Como base metodológica, adotou-se a perspectiva qualitativo-interpretativista, de viés etnográfico. O corpus para análise é constituído por dados gerados a partir de questionário aberto, entrevista semiestruturada, observação participante em campo e produção textual. Os resultados apontam para algumas categorias que interviram nos índices de letramento escolar e acadêmico, entre as quais destacam-se: baixa escolarização dos familiares, condições socioeconômicas desfavoráveis, dificuldades nos deslocamentos territoriais, preconceito e discriminação, falta de qualificação profissional, identidades deslocadas, desgarramento familiar, etc. Conclui-se que as ações pedagógicas acompanhadas por meio de atendimentos individualizados e coletivos do PLIA contribuem significativamente para promover a autonomia, a criticidade e a inclusão de estudantes de ações afirmativas nas práticas sociais e tecnológicas da leitura e da escrita na esfera universitária, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades e competências para/na formação docente/profissional. Finalmente, destaca-se que os desafios impostos na educação básica podem ser superados no ensino superior, a partir de políticas de ações afirmativas e de projetos que contemplem a integração, o apoio e a assistência pedagógica desses estudantes. 

  • STELIO RAFAEL AZEVEDO DE JESUS
  • TEMPO E NARRATIVA: SAÍDAS POÉTICAS DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA DA AMAZÔNIA

  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 22/02/2024
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  • A presente tese defende a ideia de que o tempo e a narrativa são reconfigurados por ficções contemporâneas da Amazônia, centrando-se nas obras K O escuro da semente (2016), de Vicente Franz Cecim; Albergue noturno (2005), de Edilson Pantoja e Habeas Asas, sertão de céu! (2011), de Arthur Martins Cecim. A investigação se concentra em como tempo e narrativa se articulam enquanto experiência ficcional no acontecimento da linguagem. Assim, a noção de contemporâneo surge a partir da leitura das obras, cujo objetivo é analisar seus mecanismos internos que concernem à temática proposta nesta tese. A ficção reconfigura o tempo na Amazônia e dá pluralidade à narrativa da região, pois cada obra funda espacialidade e temporalidade de modo particular. Dessa forma, por meio da narrativa operada na escrita de autores amazônicos, a espelhar, reconfigurar e recriar o tempo da Amazônia por meio de narrativas que deslocam o tempo estabelecido como real e histórico, movendo-o às faces composicional e estética. A obra Temps et récit, (Tempo e Narrativa 1, 2 e 3) de Paul Ricoeur, guia direta e indiretamente a pesquisa por caminhos teóricos, interessando ao estudo o conceito de “poética da narrativa”, importante para defender a ideia de que o tempo, mesmo repleto de aporias deixadas pela tradição filosófica, é reconfigurado pela narrativa não para elevar a ficção a um lugar separado das práticas culturais, mas arrastá-las a outras realidades criadas pela construção narrativa como poética em acontecimento que resulta em saídas poéticas. O termo saídas poéticas trata-se de um conceito desenvolvido a partir das obras de Ricoeur e Deleuze e Guatarri, e aborda um modo de sair do caos individual e social por meio da literatura. Para acompanhar o itinerário, além de Paul Ricoeur, a investigação se relaciona com os pensamentos e escritos de Deleuze e Guattari (2015), Bachelard (2013), Foucault (2015), Agamben (2016), Luís Costa Lima (2022). 

  • CARLA PATRICIA DA SILVA GUEDES
  • A METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA E A REVISITAÇÃO DA HISTÓRIA EM DOIS ROMANCES LATINO-AMERICANOS CONTEMPORÂNEOS: DESMUNDO, DE ANA MIRANDA, E VIGILIA DEL ALMIRANTE, DE AUGUSTO ROA BASTOS

  • Data: 20/02/2024
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  • Na presente tese, analisar-se-á a metaficção historiográfica como revisitação da história em dois romances latino-americanos contemporâneos: Desmundo (1996), de Ana Miranda (1951-), e Vigilia del Almirante (1992), de Augusto Roa Bastos (1917- 2005), nos quais é possível explorar a questão da metaficção historiográfica na literatura latino-americana. Para o desenvolvimento desta tese, consideramos os seguintes objetivos específicos: observar como os recursos de recorte e de colagem de outros textos sobrepostos promovem novos significados ao trabalho metatextual de Ana Miranda e de Augusto Roa na escrita dos romances Desmundo e Vigilia del Almirante; analisar a inter-relação discursiva entre o narrador, que utiliza tanto o recurso-estético e estilístico da literatura, quanto a história da narrativa; desdobrar os limites entre a história e a ficção nos romances Desmundo e Vigilia del Almirante; e, por fim, descrever como se dá o descobrimento da América Latina em Vigilia del Almirante. O embasamento teórico desta pesquisa assenta-se nas discussões acerca da teoria da metaficção de Hutcheon (1991), White (1995), Compagnon (1997), Chartier (2009) e de Barthes (1988), além de textos periféricos, os quais também são permeados pelas questões teóricas supracitadas. A finalidade, portanto, é destacar a compreensão de uma escrita inovadora no que se refere à construção de narradores e de vozes discursivas que retomam tanto questões históricas quanto questões estéticas e literárias. Entende-se que, primeiramente, será importante investigar os principais elementos característicos da metaficção presentes nos romances Desmundo e Vigilia del Almirante, assim como a importância que eles possuem na composição dessas narrativas ficcionais. Dessa forma, ao final do percurso, será possível demonstrar, por meio da interpretação das obras analisadas, como a metaficção historiográfica na modernidade possibilita a abertura de novos horizontes interpretativos não só da própria experiência humana, mas também de sua própria história. 

  • THIAGO ALBERTO DOS SANTOS BATISTA
  • RASURAS POÉTICO-FOTOGRÁFICAS DA AMAZÔNIA

  • Data: 05/02/2024
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  • Pensar a Amazônia e a arte que se produz na Amazônia, dá-se a partir de uma fronteira. Visto ser um espaço de entrecruzamento de saberes, culturas e memórias, não seria a Amazônia apenas uma imensidão verde de natureza exuberante, mas, sim, região natural e cultural que convivem dialeticamente; espaço para o diálogo (nem sempre pacífico), por exemplo, entre o saber técnico-científico ocidental e os saberes e cosmogonias indígenas e de matriz africanas, elas que de forma acintosa têm sofrido inúmeros apagamentos ao longo de, pelo menos, 520 anos, tempo que perdura o cultivo de um imaginário monocultural da Amazônia e seus habitantes, engendrado pela mitologia branca. Esta, entendida por Jacques Derrida (1991), como a tradição metafísica ocidental; o homem branco tomando o seu discurso, a sua língua e a si próprio como universal. Diante disso, este estudo pretende investigar como as imagens poético-fotográficas produzidas pelas fotógrafas Elza Lima (Rio trombetas, Pará, 1997; Rio das Lavadeiras, Altamira, Pará, 1989; Anjo do Brasil, Vigia, Pará, 1991) e Nayara Jinknss (A romantização do termo moreno como forma de apagamento e rejeição da identidade afroamazônica, 2019; S/T, 2019), e os poetas Paes Loureiro (1981) (Os rotos da Amazônia ou Deslenda rural) e Bruno de Menezes (1984) (Alma e ritmo da raça) rasuram uma certa imagem de/da Amazônia e seus habitantes produzida pela mitologia branca. Far-se-á esse percurso através do método comparativo, pretendendo colocar em perspectiva as teorias que fundamentam as linguagens em questão, em que a correspondência entre literatura e fotografia se mostra como potência de uma intermediação simbólica sobre a Amazônia, e um pouco à maneira de Barthes (2015), em seu O prazer do texto, sempre de passagem, talvez um pouco precário e irregular, porque, no momento, será ainda uma procura de ler nos poemas nas fotografias se estão resolvidos enquanto acontecimentos poéticos intervenientes à realidade amazônica. Pensaremos a mitologia branca, a rasura, bem como a “usura” da metáfora branca Amazônia a partir de Jacques Derrida (1991); o poema Rasuras, de Max Martins (2001), será tanto suporte teórico quanto poético para ajudar a pensar a rasura. Nessa esteira ainda virá Vicente Franz Cecim (2020) e Eidorfe Moreira (1958) para clarear um certo sentido de região. Para pensar a imagem na fronteira entre os dois sistemas semióticos, traremos, em especial, Adolfo Montejo Navas (2017), Octavio Paz (2012) e Roland Barthes (2011); as questões concernentes à cultura, raça e identidade, dialogaremos com Stuart Hall (2023), Frantz Fanon (2020) e Homi Bhabha (1998; 2020). 

  • KARLA ALESSANDRA NOBRE LUCAS SANTANA
  • A QUESTÃO DO AMOR NOS INTERSTÍCIOS DA MORTE EM “PÁRAMO”, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

     

  • Orientador : ANTONIO MAXIMO VON SOHSTEN GOMES FERRAZ
  • Data: 31/01/2024
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  • O presente estudo interpreta o conto “Páramo”, de João Guimarães Rosa, publicado na obra póstuma Estas estórias (1969). Põe-se em perspectiva a questão do Amor nos interstícios da Morte, em aceite ao convite que nos faz a Arte de atravessarmos as questões fundamentais do humano postas em obra. A pesquisa se inscreve no horizonte do humano à procura de si mesmo, a qual se destina no inominado narrador-personagem e no intérprete, em superação ao condicionamento classificatório e funcional das poéticas manifestações no acontecer de “Páramo”. Dialogamos acerca das possíveis motivações do viandante ao empreender viagem rumo à Cordilheira dos Andes. Pensamos a questão da alteridade a se expandir nas relações interculturais como amorosa experienciação de morreres diversos no decurso da vida e, nessa movência, assistimos às dimensões de amar no Homem “com a semelhança”, “aspecto”, “ar”, “fluidos”, “presença”, “frio”, “alguma coisa” ou “o todo de cadáver”, no “Homem que é um cadáver”. Para compor essa escrita, partimos de uma abordagem hermenêutica que vigora no diálogo com o texto poético, com o intertexto de “Páramo” e com poetas-pensadores que se puserem em escuta das questões, tais como Guimarães Rosa, Martin Heidegger, Manuel Antônio de Castro, Benedito Nunes, entre outros.

     

  • ROSENITA FERNANDES BRAGA
  • OS DISCURSOS SOBRE LÍNGUA NACIONAL NA POLÊMICA ENTRE CANDIDO DE FIGUEIREDO E PAULINO DE BRITO

  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 29/01/2024
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  • Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as relações ideológico-valorativas sobre língua nacional nos enunciados de Cândido de Figueiredo e Paulino de Brito. No início do século XX Paulino de Brito travou uma discussão polêmica com o gramático português Cândido de Figueiredo acerca da colocação pronominal, questão central da língua nacional nesse contexto histórico. A investigação partiu da seguinte inquietação: Quais os discursos ideológico-valorativos de Cândido de Figueiredo e Paulino de Brito sobre a língua nacional? . Posto isso, assume-se como hipótese que os discursos de Cândido de Figueiredo e Paulino de Brito são atravessados por relações ideológico-valorativas que reverberam as ideologias e valorações sobre a língua nacional no final do século XIX e início do século XX, que são permeadas pelas tensões sobre a língua nesse contexto sócio-histórico. Ademais, para alcançar o objetivo geral que se propõe são mobilizados os seguintes objetivos específicos: a) entender o contexto sócio-histórico cultural em que o movimento em defesa da língua nacional ganha expressividade no Brasil; b) analisar a concepção de mudança e variação linguística nos enunciados de Cândido de Figueiredo e Paulino de Brito; c) analisar a reivindicação do espirito nacionalista nos enunciados de Paulino de Brito; d) compreender como a ideologia e seu tom valorativo/avaliativo legitimam os discursos sobre a língua nacional na polêmica entre Cândido de Figueiredo e Paulino de Brito. Esta pesquisa se âncora teórica e metodologicamente nos escritos do Círculo de Bakhtin (BAKHTIN, 2016[1979]; 2022 [1963]; VOLÓCHINOV, 2019, 2021 [1929/1926]). Portanto assume-se uma visão dialógica da linguagem. Na análise do corpus são mobilizados os estudos da Análise Dialógica do Discurso (ADD), abordagem que permite ao pesquisador uma postura dialógica em relação aos seus dados. Os resultados obtidos permitem compreender que há nos discursos de Cândido de Figueiredo posicionamentos predominantemente conservadores em relação a língua nacional e suas respectivas variedades. Nos discursos de Paulino de Brito, embora se observe a defesa da variação como caraterística da identidade nacional, há também uma postura conservadora acerca da língua. 

  • JEREMIAS OLIVEIRA DO NASCIMENTO
  • HAMLET E CAETÉS: OS HERDEIROS DO ÉDIPO FREUDIANO

  • Orientador : OTAVIO GUIMARAES TAVARES
  • Data: 24/01/2024
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  • Édipo Rei é uma peça trágica de Sófocles que ganha notoriedade no âmbito literário após a denominação de complexo de Édipo, fornecida pelo psicanalista Sigmund Freud sobre as ações da personagem que dá nome a peça. Freud desconsidera o fato de a obra sofocliana está pautada no destino e afirma que o complexo de Édipo se encontra no desejo latente que a personagem principal tem em cometer o parricídio e realizar o incesto com a mãe. Freud desenvolveu essa teoria a partir de estudos de sonhos de seus pacientes que tinham algum problema emocional. Neles o psicanalista constatou que o problema vinha de algum desejo que o paciente teve durante a infância e o reprimiu com o passar do tempo, porém, tal desejo volta a se manifesta na fase adulta, mas dessa vez por meio de um sonho. Freud salienta que o desejo reprimido normalmente é um objeto condenado pela moral, como o direcionamento do desejo de morte pelo pai e desejo sexual pela mãe. Freud argumenta que além do sonho, o complexo de Édipo pode se manifesta na literatura, e aponta Hamlet como exemplo. Segundo o psicanalista Shakespeare sofria desse mal e transferiu suas emoções para Hamlet, e acusa a personagem ficcional de ser o reflexo de seu autor. Baseado nos estudos de Freud, Lamberto Puccinelli, nos traz outra obra literária, na qual o complexo de Édipo se faz presente, se trata de Caetés de Graciliano Ramos. Nesta obra, Puccinelli, também, argumenta que esta criação artística é o reflexo dos conflitos emocionais do autor. No entanto, a forma, como o complexo de édipo é retratado no romance se destaca mais que os objetos particulares do autor. Na obra gracilianica, a personagem central vive um conflito em ser ou não ser um selvagem, para somente assim se envolver com a esposa de seu patrão, que o trata como filho. Baseado na teoria do Édipo Freudiano, e nos relatos de sua presença em Hamlet e Caetés, esta pesquisa traz um estudo comparado entre as duas obras. Para esse estudo, são apresentados os comentários de Tânia Carvalhal (2006) e Sandra Nitrini (2000) sobre o comparativismo clássico, que tem como base o texto fonte e suas influencias, com o intuito de demostrar as relações convergentes e divergentes entre as obras. Primeiramente, é evidenciando os aspectos do complexo de Édipo que ligam Édipo Rei a Hamlet e Caetés, por meio de estudos de Jaques Lacan (1986) e de Lamberto Puccinelli (1975) respectivamente, e posteriormente a isso, são evidenciados seus pontos convergentes e divergentes entre Hamlet e Caetés, feitos com o auxílio do método comparativo adotado para esta pesquisa em junção com uma revisão literária das obras. Desta forma, podemos considerar que a originalidade de Hamlet e Caetés em relação a Édipo, está na consciência de suas personagens centrais. Enquanto, o Édipo freudiano não tinha consciência de suas ações, Hamlet e João Valério tinham. Contudo, um aspecto de Caetés o diferencia de Hamlet, a culpa que João Valério não sentia por seus atos.

  • GLENDA LOBATO SOBRAL
  • Mulheres, poder e violência nos contos de Clarice Lispector.

  • Orientador : MAYARA RIBEIRO GUIMARAES
  • Data: 10/01/2024
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  • A autora Clarice Lispector produziu inúmeros trabalhos ao longo de sua carreira literária e seus escritos foram fonte de grande questionamento tanto para leitores quanto para críticos. Os seus contos são até hoje objeto de pesquisa de muitos acadêmicos interessados em entender a vida da mulher e as diversas relações que ela estabelece com o mundo à sua volta, mas principalmente com o ambiente doméstico. Nesse sentido, nosso trabalho tem o objetivo de investigar como os contos “A solução”, “O búfalo”, “O corpo” e “A língua do ‘P’” constroem em suas narrativas as relações de poder existentes, o embate entre diferentes forças, que resultam em violência física por ser a única solução que poderá lhes proteger de outras violências maiores e brutalmente traumáticas. Ao promoverem explicitamente as questões de poder e violência esses textos nos permitem debater os aspectos marginalizados da escrita clariciana para identificar uma inovação no que diz respeito à inscrição feminina diante das lutas de poder, pois quando essas personagens se recusam a exercerem papéis sociais impostos ao gênero feminino, mesmo tendo seu destinado marcado pela violência como a única saída para sua sobrevivência, elas se mostram parte ativa na luta pelo poder. Além disso, a importância do tema está em contribuir no desenvolvimento de pesquisas sobre os assuntos transgressores que a autora desenvolveu em suas obras e que desestabilizam a escrita tradicional e dão vazão aos conflitos e contradições fundamentais do ser humano. Para o alcance dessa compreensão, utilizamos o método bibliográfico, com base nas postulações de Michel Foucault (1999a; 1999b; 2018) sobre as teorias do poder e do controle do corpo; Helena (2006), Rosenbaum (2006), Peixoto (2004) , Nascimento (2012) e Giorgi (2016) voltadas ao estudo da linguagem, narrativa, violência, literatura e do mal para compreender o universo lispectoriano. Assim, nosso trabalho tem a importante tarefa de construir uma pesquisa que, assim como as personagens femininas de Clarice, se recusa a fazer mais do mesmo e busca novas possibilidades interpretativas acerca das relações de poder, que Lispector tenciona em seus textos e como reavaliam e discutem essas mesmas relações por meio das personagens femininas.

     

2023
Descrição
  • VITORIO GONCALVES DA SILVA
  • SOCIOTERMINOLOGIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL POPULAR DA REGIÃO VALE DO ACARÁ-PA 

  • Orientador : ALCIDES FERNANDES DE LIMA
  • Data: 28/12/2023
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  • Este estudo consiste na elaboração de um glossário socioterminológico da construção civil popular na região Vale do Acará, situada no nordeste paraense, compreendida pelos municípios de Concórdia do Pará, Acará, Tomé Açu, Tailândia, Baião e Mocajuba. O objetivo é documentar os termos pertencentes aos usos de domínio especializado e do universo sociocultural dessa área do conhecimento humano. Trata-se de um estudo socioterminológico da linguagem de especialidade do saber popular dos trabalhadores que, embora não dispondo de formação comprovada por meio de diploma ou certificado no ramo da engenharia civil ou área afim, possuem um tipo de qualificação ou competência, de natureza prática, adquirida no próprio exercício do oficio a partir das experiências no canteiro de obras. O trabalho está ancorado nos princípios da Socioterminologia fundamentada por Gaudin (1993a e 1993b) e Faulstich (1995b, 1998a, e 2001), dentre outros estudiosos da área como, Lima (2010), Rodrigues (2015), Costa (2009), passando pelos caminhos da Terminologia de Wüster (1998), Barros (2004), Krieger e Finatto (2004), Biderman (2001), Cabré (1995) dentre outros. O corpus é constituído de 22 horas de entrevistas (gravadas em áudio) incluindo a observação não participante (primeira fase metodológica) e entrevista não estruturada (segunda fase metodológica), que contou com o auxílio e aplicação do questionário terminológico composto por 341 questões relacionadas ao universo sociolinguístico da cultura em foco, com a participação de 18 profissionais da área em estudo. A composição dos dados ainda contempla 826 fichas terminológicas de anotação in loco e para a elaboração dos verbetes do glossário foi utilizado o software Lexique Pro (versão 2.8). O resultado é apresentado em forma de glossário terminológico composto por 472 termos, sendo 352 termos e 120 variantes, divididos em cinco campos semânticos: insumo, técnica, profissionais, instrumentos e produto.

  • RAYLANE MACIEL BENJO
  • BIBLIOTECA PÚBLICA DE MACAPÁ: Memórias de leitores

  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 22/12/2023
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  • O presente estudo, intitulado “Biblioteca Pública de Macapá: memória de leitores” aborda a história da Biblioteca Pública de Macapá, estendendo-se às obras que compuseram o acervo e os perfis de leitores da instituição. O estudo é delimitado no período de 1945 a 1959, referente aos primeiros anos de existência do Território Federal do Amapá-TFA (1943-1988). Para tanto, tratou-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e tipo documental, tendo o jornal Amapá (1945-1968), periódico veiculado pela imprensa oficial do TFA, como a principal fonte de dados. O documento foi analisado à luz da História Cultural e alinhado aos pressupostos da História da Literatura, por ser uma pesquisa historicamente situada, a análise recorreu aos estudos históricos de pesquisadores amapaenses. As interpretações dos dados revelaram a Biblioteca Pública de Macapá como instituição relevante para a circulação literária no TFA, construída por meio de investimento público e doações de obras. O vasto acervo possuía títulos de prosa de ficção e poesia que integraram os incentivos editoriais do começo do século XX, representados, principalmente, nas coleções Terramarear, Biblioteca das moças, Coleção Para Todos e Clássicos Jackson. Além disso, o público leitor, predominantemente masculino, reflete as ambiguidades do desenvolvimento que a cidade de Macapá experienciava nos anos determinados pela pesquisa.

     

  • MAYARA HAYDEE LIMA SENA
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    A MELANCOLIA EM REPERTÓRIO SELVAGEM, DE OLGA SAVARY, E METADE CARA, METADE MÁSCARA, DE ELIANE POTIGUARA

     

     

     

  • Data: 22/12/2023
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    Este estudo centra-se nas imagens da melancolia que emergem no contexto de colonialidade em duas de suas expressões brasileiras: as tristezas indígenas e as amazônicas. As chamadas tristezas periféricas são representadas pelos livros Metade cara, metade máscara (2004), de Eliane Potiguara, e Repertório Selvagem (1998), de Olga Savary, que compõem o corpus desta pesquisa. Dessa forma, objetiva-se identificar a melancolia alegorizada como tema fundamental das poéticas de Metade Cara, Metade Máscara, de Eliane Potiguara, e de Repertório Selvagem, de Olga Savary. Outrossim, como objetivos específicos, anseia-se discutir algumas relações entre colonialidade do saber e o silenciamento das tristezas periféricas, as não canônicas: brasileiras e amazônicas; identificar a melancolia indígena, metonimizada na obra de Eliane Potiguara; além de investigar imagens da melancolia à sombra da floresta amazônica no livro de Olga Savary. O trabalho dialoga com a perspectiva decolonial de pensadores como Aníbal Quijano (2005), Enrique Dussel (2005), Walter Mignolo (2017), María Lugones (2014), entre outros, para discutir as interrelações entre colonialidade do saber e o repertório teórico da melancolia. Assim, constata-se a necessidade de um debate mais específico sobre a experiência brasileira do mal-estar, atravessado pela colonialidade e que, portanto, distingue-se das compreensões eurocentradas da tristeza e suas representações literárias. Nesse sentido, a partir do percurso interpretativo dos poemas, reconhece-se que a literatura indígena de Eliane Potiguara e a onipresença da floresta amazônica, na obra de Olga Savary, colocam outros personagens e territórios no repertório dos estudos da melancolia na contemporaneidade, fora da hegemônica melancolia das grandes cidades europeias. As contribuições poéticas das autoras são fundamentais para a visibilização das tristezas periféricas, criando uma contranarrativa que desafia a colonialidade do saber sobre a melancolia. Na poética de Savary, as Amazônias, no que tange seu conceito fitogeográfico (MOREIRA, 1958), são inscritas sob signo da perda; bem como, no testemunho poético de Eliane Potiguara, revela-se que não se pode pensar a colonialidade sem o reinado da tristeza.

     

     

     

     

  • ALESSANDRA SANTOS CHAGAS
  • “ELE NÃO COMPREENDE NOSSOS COSTUMES”: LITERATURA, COLONIZAÇÃO E MEMÓRIA NA TRILOGIA AFRICANA, DE CHINUA ACHEBE

  • Orientador : MAYARA RIBEIRO GUIMARAES
  • Data: 21/12/2023
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  • Chinua Achebe é considerado um dos escritores de maior destaque no cenário literário africano moderno e que possui grande relevância na contemporaneidade, em função de seu projeto político-literário que une história e literatura para a escrita de uma ficção feita a partir das perspectivas e das experiências africanas como contraponto aos discursos, às imagens e às literaturas coloniais. Dessa forma, esta dissertação se propõe a investigar de que maneira a Trilogia africana, escrita por Achebe entre os anos de 1958 e 1964, contribuiu para o estabelecimento de uma nova forma de representar a relação estabelecida entre colonizado e colonizador, partindo da perspectiva daqueles que foram colocados à margem da história e dos discursos coloniais. Além disso, buscamos examinar como essa relação, por meio do uso de violências, práticas de invisibilização e sujeição, provocou transformações sociais, culturais, religiosas e identitárias para a etnia Igbo. Para isso, tomamos como aporte teórico trabalhos como Pollak (1989; 1992), Quayson (2000), Benjamin (2010), Said (2011), Bhabha (2011), Noa (2015), os quais englobam a teoria pós-colonial e os estudos de memória, e também trabalhos críticos do próprio Achebe (1988; 2000; 2012a; 2012b). Com isso, observou-se que o fazer literário de Chinua Achebe, alinhado às demandas político-sociais da Nigéria, buscou representar não só as experiências Igbo anteriores à colonização como forma de resgatar e celebrar as memórias tradicionais, mas também as transformações culturais, religiosas, linguísticas e identitárias advindas da colonização.

  • ANDRESSA DE JESUS ARAUJO RAMOS
  • A REPRESENTATIVIDADE DA VELHICE FEMININA EM NARRATIVAS ORAIS DA MATINTAPERERA RECOLHIDAS PELO IFNOPAP

  • Orientador : MARIA DO PERPETUO SOCORRO GALVAO SIMOES
  • Data: 20/12/2023
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  • A Matintaperera é uma personagem bastante conhecida na região norte do país, descrita como
    uma mulher velha, feia e assustadora, que se metamorfoseia em uma coruja para realizar o
    mal, fazendo alusão a figura de uma bruxa da Idade Média. Contudo, os resultados de nossa
    pesquisa de doutorado, que investigou narrativas orais da Matintaperera, recolhidas pelo “O
    Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia Paraense” (IFNOPAP)
    revelaram uma nova forma de entender a Matintaperera e a mulher na velhice, pois não se
    trata de uma personagem com características negativas e comportamentos duvidosos, como
    nas narrativas tradicionais, mas uma velha, bonita, encantadora e bondosa, desconstruindo,
    assim, os estereótipos e preconceitos construídos em relação a mulher na senescência, já que a
    entidade, em sua constituição humana é idosa. Desse modo, o objetivo geral desta pesquisa é
    compreender a representatividade da Matintaperera em narrativas orais da Matintaperera,
    coletadas pelo IFNOPAP. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa,
    cuja metodologia consistiu em: a) revisão da literatura; b) estudo das representações da
    Matintaperera em livros literários e pesquisas acadêmicas; c) leituras das coletâneas do
    IFNOPAP, intituladas Santarém conta..., Abaetetuba conta..., Belém conta... e Bragança
    conta...; d) seleção de quatro contos orais da Matintaperera; e) análise literária das narrativas
    escolhidas. O referencial teórico deste estudo ampara-se em: Beauvoir (2013), Zimerman
    (2007), Mucida (2018), Goldenberg (2008), Freud (2016), Salgado (2002), Pires (2006),
    Debert (1994). Sendo assim, acreditamos que esta tese contribuirá de forma significativa aos
    estudos da Matintaperera, pois apresenta novas reflexões e olhares sobre um antigo mito e
    uma visão desconstruída, libertária e inovadora sobre o ser feminino na velhice.

  • RANIERY OLIVEIRA DA SILVA E SILVA
  • RECONSTRUÇÃO DOS FONEMAS CONSONANTAIS DO PROTO-IRIRI (KARÍB)

  • Orientador : ANGELA FABIOLA ALVES CHAGAS
  • Data: 18/12/2023
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  • O objetivo principal desta dissertação é apresentar uma proposta de reconstrução dos fonemas consonantais do agrupamento linguístico – aqui denominado Proto-Iriri – que corresponde ao estágio anterior à separação das línguas Ikpeng e Arara pertencentes à família Karíb (RODRIGUES, 1986) e agrupadas dentro do ramo Pekodiano, juntamente à língua Bakairi (MEIRA e FRANCHETTO, 2005), e que mantêm grande proximidade com as línguas já extintas Apiaká, Parirí e Yarumá (CARVALHO, 2020). A pesquisa se justifica pela necessidade de se entender melhor os agrupamentos internos da família Karíb, contribuindo para um melhor conhecimento desses agrupamentos a partir de um ancestral linguístico mais próximo até as línguas atuais. Também se espera, a partir disso, contribuir para uma melhor compreensão da suspeita de Ikpeng e Arara seriam codialetos proposta por Patrick Menget (1977) e Márnio Teixeira Pinto (1989). As análises aqui apresentadas são fundamentadas pela Linguística Histórica e pela aplicação do método Histórico-Comparativo, principal meio utilizado por linguistas para recuperar a história de línguas geneticamente relacionadas (CAMPBELL, 1998; CROWLEY e BOWERN, 2010; TRASK, 2015). Mediante a análise dos itens lexicais cognatos, propõe-se a reconstrução dos segmentos consonantais da protolíngua, contabilizando 14 fonemas: *p, *b, *t, *d, *k, *g, *ʧ, *r, *l, *m, *n, *ŋ, *j, *w.

     

  • MICHELLY DAYANE SOARES NOGUEIRA
  • A TESSITURA DA CONTRAPALAVRA DISCENTE NO GÊNERO DISCURSIVO NOTÍCIA RADIOFÔNICA ESCOLAR: ENTRE FIOS ORAIS E O VALOR HUMANO

  • Data: 04/12/2023
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  • Esta pesquisa tem como temática o estudo teórico-prático sobre as projeções valorativas no gênero discursivo notícia radiofônica escolar, a partir do trabalho com alunos da 1ª série do Ensino Médio. A investigação partiu do questionamento: “De que forma os alunos da 1ª série do ensino médio evidenciam projeções valorativas na produção oral de notícias radiofônicas escolares?”. Tal questionamento nos possibilita enunciar a hipótese de que os alunos da 1ª série do Ensino Médio evidenciam projeções valorativas na produção oral de notícias radiofônicas escolares, a partir da incorporação de vozes alheias, ressignificando-as ao seu projeto discursivo. Ademais, tem como objetivo geral compreender as projeções valorativas, como reação-resposta aos já-ditos, na produção oral de notícias radiofônicas escolares de alunos da 1ª série do ensino médio, sob o viés da Concepção Dialógica da linguagem. Especificamente, pretendemos: a) evidenciar os enunciados recuperados para a elaboração dos fatos e sua acentuação valorativa nas notícias radiofônicas escolares produzidas pelos alunos; b) verificar de que forma os enunciados recuperados são ressignificados nas notícias radiofônicas escolares produzidas pelos alunos. À Luz da Linguística Aplicada, a pesquisa pautase nos pressupostos teóricos do Círculo (BAKHTIN, 2003[1979]; 2016[1979]; VOLÓCHINOV, 2019; 2021[1929/1930]) e em pesquisadores que seguem esta vertente (MENEGASSI et al., 2022; MENEGASSI; COSTA-HÜBES, 2021; ACOSTA PEREIRA; COSTA-HÜBES 2021; OHUSCHI, 2013, dentre outros). Trata-se de uma pesquisa qualitativo-interpretativa, de cunho etnográfico e de natureza aplicada, caracterizada como um estudo de caso, que foi desenvolvida com alunos da 1º série, do Ensino Médio, em uma escola pública do município de Belém–PA. Primeiramente, realizamos uma análise diagnóstica, a partir da coleta de enunciados orais e escritos elaborados pelos alunos. Em seguida, a partir dos resultados obtidos, elaboramos uma proposta de intervenção cuja implementação... Posteriormente, os dados coletados serão analisados e discutidos com base nos objetivos da pesquisa. 

  • FABIO MATOS CARNEIRO
  • TRADUZIR A CULTURA OU REAFIRMAR O CÂNONE: DUAS TRADUÇÕES PARA O INGLÊS DE “MEU TIO O IAUARETÊ”, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA.

  • Data: 29/11/2023
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  • A presente dissertação propõe ao longo de suas páginas um exame da tarefa de tradução do conto “Meu tio o Iauaretê” de João Guimarães Rosa (1908-1967) — quarta narrativa da coletânea póstuma Estas estórias (1969) — correlacionando duas versões bibliográficas dessa produção vertidas para o inglês britânico. Tal pesquisa realizou-se com base nos trabalhos desenvolvidos por Giovanni Pontiero (1932-1996) e por David Treece, no claro intuito de revelar: a) a presença da cultura indígena nessa obra rosiana autodiegética e narrada em primeira pessoa e b) reafirmar a importância desse ficcionista mineiro no cenário internacional contemporâneo. O primeiro tradutor citado, foi e ainda é considerado um grande investigador no campo dos Estudos Literários em língua portuguesa, responsável por empreender diversos trabalhos como artigos, ensaios, conferências, entradas em enciclopédias e traduções de relevantes autores lusitanos e brasileiros. Já David Treece — ainda durante o seu curso de doutorado em Literatura Brasileira na Universidade de Liverpool, na segunda metade da década de 1980, — empreendeu forte interesse por temas muito peculiares nas Letras nacionais tais como o indianismo estético que culminou com a tentativa de abranger a totalidade histórica da produção literária relacionada aos povos indígenas brasileiros desde a colonização até a contemporaneidade. Tal demanda, terminou, em verdade, por se centrar tão somente no intervalo epocal dos séculos XVIII e XIX, como denota o seu Exilados, aliados, rebeldes (2008). Por intermédio de um levantamento bibliográfico e de cunho comparatista, levou-se essa investigação acadêmica ao escopo de se saber se os tradutores acima mencionados notaram em suas respectivas transposições de “Meu tio o Iauaretê”, tanto a utilização forjada por Guimarães Rosa do tupi-guarani, entre outros aspectos, quanto se operaram os resíduos de idiomas e das representações socioculturais dos primeiros povos presentes no enredo desse conto rosiano, além de denotar de que maneira se lançaram na tarefa de decodificação de “Meu tio o Iauaretê”, uma das narrativas mais significativas da lavra do autor de Grande sertão: veredas (1956), a qual ainda não recebeu, infelizmente, a devida importância por parte dos leitores iniciantes e dos grandes produtores da recepção crítica, o que mostra que mesmo depois de quase cinquenta e cinco anos do desaparecimento físico de seu autor, o universo rosiano ainda tem com o que preencher o imaginário e as páginas produzidas ao redor do globo. 

  • LORENA BRITO DE CASTRO
  • VALORAÇÃO E CONSCIÊNCIA SOCIOIDEOLÓGICA: UM ESTUDO TEÓRICOPRÁTICO COM O GÊNERO POEMA-PROTESTO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA

  • Orientador : MARCIA CRISTINA GRECO OHUSCHI
  • Data: 23/11/2023
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  • Esta Dissertação consiste em um estudo teórico-prático sobre a produção valorada do discurso e a consciência socioideológica em produções textuais de alunos do 9º ano a partir de um trabalho com o gênero discursivo poema-protesto. Para sua efetivação, partimos da seguinte problemática: De que forma os alunos do 9º ano evidenciam, em suas produções textuais do gênero discursivo poema-protesto, a produção valorada do discurso e a consciência socioideológica? Assumimos como hipótese ao problema a seguinte assertiva: Os alunos do 9º ano evidenciam, na produção do gênero discursivo poema-protesto, aspectos sociais e ideológicos e apresentam marcas de discurso valorativo. Desse modo, delineamos como objetivo geral: Compreender a produção valorada do discurso e a manifestação da consciência socioideológica na produção textual do gênero discursivo poema-protesto de alunos do 9º ano. Como objetivos específicos, propomo-nos a: a) Verificar, nas produções textuais, a presença da produção valorada do discurso; b) Evidenciar, nas produções textuais, a presença de aspectos sociais e ideológicos. Trata-se de um estudo de caso, qualitativo-interpretativo, de cunho etnográfico e de natureza aplicada, organizado segundo princípios da Linguística Aplicada e fundamentada nos pressupostos do dialogismo do Círculo de Bakhtin (Volóchinov (2018 [1929]; 2019 [1926]); Bakhtin (2011, [1979]; 2016, [1979], 2020 [1920-1924]). A investigação ocorre em uma turma de 9º ano de uma escola pública localizada na periferia de AnanindeuaPA. Primeiramente, realizamos um diagnóstico, a partir do qual elaboramos uma proposta de intervenção, em perspectiva dialógica, com enfoque na leitura e na escrita, por meio do gênero poema-protesto. Após a elaboração e a implementação da proposta, que se configurou em uma sequência de atividades de leitura e escrita, constituímos o corpus do estudo, composto por 27 poemas-protesto produzidos pelos sujeitos participantes da pesquisa. Os resultados demonstram que os alunos construíram discursos valorados por meio do uso de marcas linguístico-enunciativodiscursivas que acionam diferentes tons avaliativos (tom de conformidade com valores de consenso social; tom avaliativo de crítica aos causadores/causas do problema; tom avaliativo crítico ou irônico diante da passividade da sociedade; tom avaliativo de denúncia às consequências da fome; tom avaliativo de apelo à mobilização social) que, por sua vez, revelam a expansão de suas consciências socioideológicas sobre a temática da fome no Brasil.

  • ALINE PORTILHO LEITE
  • LETRAMENTO ACADÊMICO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES

  • Orientador : ISABEL CRISTINA FRANÇA DOS SANTOS
  • Data: 22/11/2023
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  • Este trabalho apresenta um estudo, fruto de mestrado em andamento, sobre a influência e importância do letramento acadêmico (LA) no desenvolvimento do letramento escrito de licenciandos do curso de Licenciatura Integrada (UFPA). O LA de que tratamos diz respeito às formas de participações acadêmicas, escritas situadas, desenvolvidas por meio de leituras variadas e na interação social. A luz disso, o problema que conduziu a investigação: como desenvolver a escrita acadêmica de licenciandos frente às demandas de letramento crítico, alicerçado no tripé ensino-pesquisa-extensão? Para responder à questão, buscamos analisar as categorias de indícios de autoria, argumento de autoridade, apropriação de discursos presentes na escrita acadêmica. A metodologia é a pesquisa participante de abordagem colaborativa em diálogo com ponderações pautadas na perspectiva decolonial, por se interpretar as relações entre o ministrante, dispositivo didático (minicursos) e objetos de ensino. Tais direcionamentos fazem críticas contundentes à colonialidade do ser e da ciência dominante. Além disso, o fortalecimento de diálogo frente à educação popular dialógica, multicultural, conscientizadora dos que usam a (re)existência frente imposição dos valores eurocêntricos tradicionais dominantes. Para isso, as reflexões se embasaram em estudos de BAKHTIN (2020 [1950]), KLEIMAN, (2005), SOARES (2006), STREET (2014), WALSH (2009) entre outros. Os dados de pesquisa são artigos em processo de produção para eventos acadêmicos. Até o estágio da investigação, pode-se chegar à conclusão de: os licenciandos apresentaram dificuldades em relação ao que se espera de um artigo científico. Contudo, após a participação nos minicursos, os futuros alfabetizadores apresentam melhorias na escrita acadêmica, sobretudo, na etapa da reescrita, onde fazem os ajustes necessários e se apropriam do discurso científico.

  • MARILIO SALGADO NOGUEIRA
  • POLÍTICA LINGUÍSTICA PARA O ENSINO DO PORTUGUÊS PARA CIDADÃOS ESTRANGEIROS RECÉM-INGRESSOS NO BRASIL

  • Data: 21/11/2023
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  • O Brasil tem recebido milhares de estrangeiros todos os anos por diferentes razões e contextos. Contudo, esses imigrantes enfrentam dificuldades ao tentarem se integrar à sociedade brasileira, por meio da estadia permanente ou provisória, devido à língua. Tais imigrantes fazem uso dos serviços sociais brasileiros, dos quais destacamos a educação, exigindo dos profissionais da área um preparo para receber esse público. Assim, este trabalho emerge do problema referente à dificuldade dos professores de Português ensinarem os estrangeiros, haja vista o documento sobre o PL2 e o material didático adequado para o estrangeiro serem limitados. Em decorrência disso, é fundamental compreender como a universidade está preparando os futuros profissionais para lidar com o estrangeiro. Desta forma, o objetivo geral desta tese é analisar a política linguística desenvolvida para o ensino do português para estrangeiros recémingressos no Brasil. Como objetivos específicos, elencam-se: investigar documentos que normatizam o ensino do português para estrangeiros; investigar documentos norteadores que parametrizam/interrelacionam o conteúdo e a classificação do nível linguístico; analisar as práticas da política linguística para o ensino do português para estrangeiros em instituições educacionais brasileiras; analisar a formação inicial de professores para o ensino do português para estrangeiros no Brasil. Para cumprir com os objetivos, esta tese se subsidia em três frentes teóricas: no que diz respeito à teoria da política linguística, baseia-se nos estudos de Cooper (2007) e Silva (2015) que discutem a política linguística declarada e não declarada e na compreensão de gestão de língua de Spolsky (2004, 2009, 2012); em relação à teoria de português como segunda língua (PL2), apoia-se nas discussões de França (1952), Leffa (1999), Almeida Filho (2001) e outros; e sobre a teoria de imersão na língua, assenta-se em Larsen-Freeman e Long (1991), Silva (2010), Fortune (2012), entre outros. A metodologia se caracteriza por ser uma pesquisa documental, bibliográfica, descritiva e explicativa, de natureza qualitativa, que viabilizou a análise de documentos como a Constituição Federal de 1988 e as leis ordinárias/complementares, a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), o Plano Nacional da Educação (PNE) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além do Referencial de Níveis de Desempenho em Línguas Estrangeiras (RENIDE). Além disso, foram analisadas as ações que corroboram para o ensino do PL2 para o estrangeiro, como o papel das instituições de ensino superior federais, do Programa Idiomas sem Fronteiras, do Instituto Guimarães Rosa e da Agência da ONU para Refugiados do Brasil, dos programas de fomento à internacionalização dentro de uma Política Linguística (PL). Mediante a análise, foi possível concluir que há uma PL para estrangeiro no Brasil, contudo é bastante limitada, pois não há leis que a respaldem para maior parte das ações de ensino do PL2 para estrangeiro; as ações para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem do português como L2 são majoritariamente não explícitas (não declaradas), difusas, desconexas e, algumas vezes, descoordenadas para o estrangeiros recémingressos; tais ações ocorrem com esforço hercúleo das universidades, dos professores pesquisadores dessa universidades, professores autônomos, cursos livres, associações e ONGs que dão assistência aos estrangeiros que chegam no país; o estrangeiro ainda é invisível para a sociedade; E, por fim, a formação de professores para ensinar o português como L2 é um obstáculo para suprir a demanda crescente de estrangeiros que chegam ao Brasil.

  • FÁBIO LUIDY DE OLIVEIRA ALVES
  • VARIAÇÃO FONÉTICA EM COMUNIDADES ASURINÍ DO XINGU E ARAWETÉ: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO

  • Orientador : MARILUCIA DE OLIVEIRA CRAVO
  • Data: 16/11/2023
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  • O presente estudo teve por objetivo mapear características da diversidade fonética do português falado em comunidades Asuriní do Xingu e Araweté, a fim de analisar geossociolinguisticamente as vogais médias pretônicas, as consoantes /R/ e /S/ em coda silábica e a lateral palatal /ʎ/, seguindo uma tendência atual dos estudos geolinguísticos no Brasil em novos caminhos, como as comunidades tradicionais. Os dois grupos indígenas se localizam na região do Médio Xingu, no estado do Pará, são falantes de português, bem como de línguas pertencentes à família linguística Tupi-Guarani. O trabalho levou em consideração como suporte teórico-metodológico a Dialetologia Pluridimensional (THUN, 1998) e a Geossociolinguística (RAZKY, 2010). O estudo trata da variação da altura das vogais médias pretônicas, do apagamento do /R/, da palatalização do /S/, bem como da variação do /ʎ/, buscando apresentar os principais fatores sociolinguísticos que atuam em sua variação. Trabalhou-se com quatro comunidades indígenas, a saber: Itaaka, Kwatinemu, Ipixuna e Pakaña. As duas primeiras localidades são habitadas pelos Asuriní e as duas últimas, pelos Araweté. Em cada ponto, a pesquisa contou com quatro colaboradores estratificados por sexo (homem e mulher) e por faixa etária (de 18 a 25 anos e de 35 a 45 anos), o que totalizou dezesseis colaboradores. Os dados foram obtidos a partir da aplicação dos questionários semântico-lexical e fonético-fonológico do projeto Atlas Linguístico do Brasil e de entrevistas. Após o procedimento de coleta dos dados, eles foram tratados, mapeados e analisados. Os resultados mostraram que as comunidades Asuriní e Araweté apresentam um português um pouco distinto entre elas, bem como do falado no Pará. A variedade falada nas comunidades indígenas tende a apresentar interferências de suas línguas indígenas, porém variando com o tempo a partir das influências contínuas do dialeto da cidade de Altamira, em um movimento com cada vez menos alteamento de vogais médias, menos apagamento de /R/, menos palatalização de /S/, bem como menos iotização do /ʎ/, praticado principalmente pela faixa etária A (jovens de 18 a 25 anos). 

  • ANTONIO CARLOS SOARES
  • FUSÃO DISCURSIVO-ESPETACULAR: o político, o religioso e o midiático na campanha de Jair Bolsonaro ao cargo de Presidente da República do Brasil, em 2018

  • Data: 06/11/2023
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  • O principal objetivo desta tese é analisar a fusão discursivo-espetacular entre o político, o religioso e o midiático na campanha de Jair Messias Bolsonaro ao cargo de Presidente da República em 2018. Para isso, busca-se nas teorias da Análise do Discurso de linha francesa, especialmente a partir dos estudos do dialogismo e do interdiscurso, o embasamento teórico necessário à compreensão do fenômeno estudado. Entre os autores que contribuíram para este trabalho, destacam-se Dominique Maingueneau (2021, 2016, 2015, 2010, 2008, 2006a, 2006b, 2000 e 1989), Mikhail Bakhtin (2003), Ruth Amossy (2018, 2017, 2016 e 2007), Oswald Ducrot (2020), Guy Debord (1997), Juremir Silva (2018), Jessé Souza (2017), Pierre Bourdieu (2007 e 1989), Santi e Baptaglin (2018), Prado Jr. (1988), Brown (2019) e Piovezani e Gentile (2020). Um dos primeiros desafios à análise foi, precisamente, o de determinar qual a natureza da relação entre os discursos político, religioso e midiático no corpus selecionado, composto de treze vídeos transmitidos no segundo turno da campanha de Jair Bolsonaro em 2018. Assim, depois de um tempo de maturação e leitura, decidiu-se denominar de fusão o que melhor descreve o fenômeno discursivo em pauta na citada campanha de 2018. Essa compreensão, portanto, serve a toda arquitetura desta tese como uma base na qual a análise está alicerçada, o que não significa uma proposta de mudança no objeto de estudo da Análise do Discurso, que continua sendo as relações interdiscursivas. A proposição desta pesquisa é, portanto, um ajuste no modo de interpretar, em dados objetos, essas mesmas relações entre os discursos. Outro passo importante para os desdobramentos da análise foi o de buscar compreender as condições de produção dos discursos circulantes na fusão. Nesse sentido, a partir das primeiras observações do corpus que apontaram para discursos conservadores, pesquisou-se sobre os possíveis rastros deixados pelo conservadorismo no Brasil desde a sua colonização. O resultado dessa investigação levou a considerar, juntamente com Juremir Silva (2018), Jessé Souza (2017), Lavareda (2021) Lisboa (2022) Guy Debord (1997), Brown (2019) e Piovezani e Gentile (2020), que os discursos fundidos são representativos de um conservadorismo racista, preconceituoso, excludente e perpetuador da visão colonialista escravista que durante séculos grassou no Brasil. A partir disso, entendeu-se, também, que os discursos fundidos na prática discursiva implicada na citada campanha se alinham ao espetáculo capitalista, ao neoliberalismo e ao neofascismo seja pela forma de 8 enunciar, pelos silenciamentos/apagamentos ou por aquilo que é possível perceber acerca das suas identidades. Quanto à identidade desses discursos, este trabalho igualmente se esforçou por compreender de que maneira a esfera religiosa se articula ao político e ao midiático, na prática discursiva estudada. Assim, observou-se que a dimensão religiosa presente nessa fusão é representativa de uma religiosidade cristã tradicional e fundamentalista ligada a certos setores evangélicos e católicos conservadores em oposição à espiritualidade de matizes africanas ou indígenas às quais é relegado o lugar do silenciamento. Também se interpretou que a dimensão religiosa adquire, na cena de enunciação, o status de centralidade e, por isso mesmo, exerce grande influência na produção de sentidos na aludida campanha eleitoral, contribuindo ora para a adesão por parte dos eleitores ora para a rejeição. Ainda ligado à compreensão da fusão discursiva propriamente, percebeu-se que ela se forjou em meio ao espetáculo político-midiático. Embora essa percepção inicial tenha permanecido, agregou-se a ela, a partir dos estudos de Debord (1997), a compreensão de que o espetáculo no qual a campanha esteve envolvida se refere a um fenômeno muito mais abrangente em que as diversas relações sociais são mediadas por imagens que atuam na separação do homem da realidade e de si mesmo. A partir disso, passou-se a interpretar o fenômeno não apenas na imanência do espetáculo midiático, mas também como sendo mais geral e capaz de gerar a ambiência e a cosmovisão para a vivência em grande parte das sociedades modernas. Outro foco desta pesquisa, dada a especificidade do corpus, o segundo turno da campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, foi o de investigar acerca do processo argumentativo envidado nesses discursos fundidos. O entendimento foi o de aceitar como legítimos e pertinentes à argumentação tanto a dimensão daquilo é estratégico e manipulável quanto daquilo que faz parte do processo argumentativo, mas que escapa a essa intencionalidade. Interpretou-se, portanto, todo o conjunto de procedimentos argumentativos como subordinados a uma semântica global que regula aquilo que pode ou não ser dito no interior de determinada FD e que se estende a todos os demais planos do discurso como o imagético e o modo com que os diversos elementos interagem, conforme Maingueneau (2008). Ainda em relação à argumentação, considerou-se que o convencimento se faz por meio de um processo denominado de incorporação no qual os sujeitos são levados a se identificar com um corpo que se movimenta numa ou noutra direção. 

  • MARIA DO CARMO BALBINO GALENO
  • Subversivas vozes femininas em Jane Austen: das publicações na Inglaterra regencial à circulação, tradução e recepção no Brasil

  • Data: 31/10/2023
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  • A escrita literária de Jane Austen tem sido, ao longo de dois séculos, consideravelmente revisitada e interpretada sob várias perspectivas. Meu interesse nessa pesquisa é evidenciar as vozes femininas subversivas em seus romances, em convergência com a Reivindicação dos Direitos da Mulher(1792), de Mary Wollstonecraft; bem como investigar os primeiros registros da presença austeniana no Brasil, através dos anúncios de vendas de suas obras nos periódicos, a partir do século XIX. Partindo do estudo de Vasconcelos (2016), sobre a tradução de Persuasão, via França e Portugal, que mostra o intermédio do comércio livreiro nesse intercâmbio e aponta as primeiras referências à obra no Rio de Janeiro, exponho através de rastreios na Hemeroteca Digital que, anos antes, o romance foi anunciado à venda em um periódico de Pernambuco; dessa forma, o presente estudo alarga os conhecimentos acerca da circulação da obra no país. Procuro evidenciar, outrossim, as primeiras resenhas sobre Jane Austen nas páginas literárias dos periódicos brasileiros oitocentistas que apresentavam a escritora como um dos pilares do gênero romance, além de uma voz defensora do desejo e da racionalidade da mulher. Ainda nas trilhas da Hemeroteca, rastreio e demonstro, como se deu a primeira tradução brasileira de Orgulho e preconceito, em meados do século XX. Para concluir, analiso, nos dois romances, a força das vozes femininas que rompem com “O Anjo do Lar” e identificam-se com “Judith Shakespeare”, representações femininas debatidas por Virginia Woolf. Sustento, portanto, que é na subversão das personagens femininas que reside uma das razões da obra austeniana permanecer em contínua vitalidade, tanto acadêmica quanto popular. Para seguir este percurso com segurança, diálogos com os estudos de Sandra Vasconcelos, Virginia Woolf, Simone de Beauvoir, Gerda Lerner, Silvia Federici, Janet Todd, Ian Watt, Margaret Kirkham, Terry Eagleton, Paulo Henriques Britto, dentre outros teóricos e críticos, foram essenciais.

  • ANNA CAROLINA GONCALVES DIAS
  • NARRATIVAS ORAIS KARIB: UM OLHAR LINGUÍSTICO E CULTURAL PELO MUNDO DOS MORTOS

  • Orientador : ANGELA FABIOLA ALVES CHAGAS
  • Data: 26/10/2023
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  • No Estados Unidos, em 1986, Dell Hymes já fazia grandes estudos com narrativas orais indígenas. No Brasil, ainda se falava pouquíssimo sobre tal assunto dentro das universidades. Timidamente, quase 40 anos depois, a pesquisa foi tomando espaço e hoje, temos grandes trabalhos publicados e sendo desenvolvidos, nos mais diversos polos de pesquisa brasileiros, com o tema: oralidade. De inerente importância para os povos, por tratar-se de uma ferramenta cultural, de luta e resistência, as narrativas orais são o objeto de pesquisa do presente trabalho. Partimos aqui de uma análise linguístico cultural, saindo de amarras única e exclusivamente estruturalista e morfossintáticas, permeando outros grandes vieses como a linguística antropológica, antropologia e arqueologia da morte. Foram escolhidas três narrativas, de três etnias diferentes – com o eixo temático em comum: viagem ao mundo dos mortos. Anha ituna tütenhüpe itaõ, do povo Kuikuro. Kureko Mïran, do povo Ikpeng e Kamagisa etsutühügü, do povo Kalapalo. Todos pertencem à família linguística Karib, o que nos permitiu, identificar e analisar semelhanças estruturais e em sua composição temática. Os três também compartilham a mesma região geográfica, o Parque Indígena do Xingu. Nosso intuito se atém principalmente em entender as semelhanças estruturais, considerando elementos primordiais dentro de cada texto como: personagem, espaço, enredo, clímax e desfecho. Como suporte para essa investigação, especificamente, usaremos como principal referencial Vladimir Propp (2010[1929]). A metodologia proppiana nos mostrou incidências estruturais importantes para que pudéssemos ver também, as diferenças e miudezas que Propp não foi suficiente em identificar. Com tais indicadores, utilizamos de Viveiros de Castro (2002, 2008, 1986), Gueeriro Jr (2012, 2002), Rodgers (2015) e outros nomes para diagnosticar nossas observações e discuti-las do ponto de vista dos citados autores. Ao fim da pesquisa, intentamos corroborar estudos voltados para a composição estrutural de narrativas orais e seu papel sociocultural dentro das sociedades indígenas, principalmente no que diz respeito a concepção de morte, mundo dos mortos e viagem ao mundo do “além. Ademais, almejamos contribuir para o conhecimento da cultura dos povos supracitados, visto que compartilham família linguística e região geográfica, dentro e fora da comunidade científico-acadêmica. 

  • AMANDA MEDEIROS COSTA DE MESQUITA
  • PROPOSTA INICIAL DE UM GLOSSÁRIO ETNOTERMINOLÓGICO DA FAUNA EM PARESI (ARUÁK) – PORTUGUÊS

  • Orientador : ANA PAULA BARROS BRANDAO
  • Data: 06/10/2023
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  • A Etnoterminologia visa estudar os termos observados nos discursos de especialidade de uma comunidade tradicional. Diante disso, este estudo visa apresentar questões relativas à elaboração inicial de um glossário etnoterminológico bilíngue, a partir dos termos presentes no campo semântico da fauna que emergem dos discursos de especialistas denominados na sociedade Paresi como otyahaliti ‘sábios’, representados neste estudo a partir da figura dos Iyawitseko (Caçador); Zeratiyatane (Cantor); Zakainakatyare (Contador de narrativas orais); Waidyatare (Pajé); Zoimiazawenakitsasehalo (Parteira) e Zaotyakitsatidyoye (Professores), considerados exímios detentores dos conhecimentos tradicionais da língua e cultura Paresi (Aruák). O Paresi é uma língua indígena falada por uma comunidade de mesmo nome, pertencente à família linguística Aruák, falada por uma comunidade de aproximadamente 3.000 falantes (BRANDÂO, 2014), sendo 90% desta, falantes da língua e bilíngues em sua maioria, localizados no estado do Mato Grosso, na faixa do cerrado amazônico, a aproximadamente 500 km da capital Cuiabá. Este estudo está ancorado nos pressupostos teórico-metodológicos da Socioterminologia à luz do pensamento de Gaudin (1993) e Faulstich (2012); e da Etnoterminologia estabelecida em Costa e Gomes (2011) e Costa (2013; 2017), os quais se adequam à elaboração do glossário ora proposto. Os dados para análise foram obtidos por meio do processo de elicitação a partir da aplicação de questionários com imagens relativas à fauna, realizada em viagens de campo às comunidades em que a língua é falada e utilização do banco de dados da língua disponível no software computacional Fieldworks Language Explore (Flex). Este estudo ajudará no processo de descrição e documentação linguística das línguas indígenas brasileiras no âmbito da Etnoterminologia, bem como contribuirá para fins de inserção de dados no banco de dados da língua em análise, como forma de registro, documentação, preservação e valorização dos saberes linguisticos e socioculturais existentes nas línguas indígenas.  

  • LIANA MÁRCIA GONÇALVES MAFRA
  • MULHERES-VAGALUMES: memórias no feminino, desvios e criação

  • Data: 04/10/2023
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  • Esta tese objetiva discutir narrativas testemunhais de mulheres como literatura menor, testemunho menor, produzidas sobre a ditadura que ocorreu na Argentina de 1976 a 1983. Desse modo, em La Escuelita. Relatos testimoniales, de Alicia Partnoy; Pasos bajo el agua e 259 saltos, uno inmortal, de Alicia Kozameh; En estado de memoria, de Tununa Mercado; Una sola muerte numerosa, de Nora Strejilevich, podemos encontrar imagens sobre violências específicas, partos, maternidades, educação de meninas, casamento, estrutura familiar e social, engajamento nos movimentos de luta contra a ditadura, experiências femininas no âmbito público e privado atravessadas pela repressão ditatorial que desembocam em reflexões aquém e além da ditadura. A partir dessas questões, o conceito de literatura menor, elaborado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, é ampliado para analisar testemunhos literários produzidos por e sobre mulheres com vistas a investigar como tais narrativas desterritorializam-se do narrado sobre a ditadura acerca das mulheres, encontrando saídas ao criar uma nova língua desviada, o testemunho menor produzido por mulheres-vagalumes, lidas a partir de uma metáfora criada por Georges Didi-Habermas, que coloca a resistência da linguagem como pequenas fagulhas, luzes menores que resistem coletivamente na alta escuridão. Para desenvolver a discussão, analisamos as narrativas pelo viés da diferença de gênero, que nos permite traçar um olhar específico para esses testemunhos, pois acreditamos que a perspectiva de gênero amplia a atuação na luta durante a ditadura no Cone Sul, possibilitando olhar para outros e outras protagonistas em suas especificidades. Ou seja, testemunho menor é pensado com as autoras, como uma narrativa duplamente desviante, política e de gênero, e situa-se como enunciação coletiva, uma escrita moldada a um espaço-tempo e desterritorializada física e simbolicamente. Na pesquisa, ancoramo-nos em estudiosos da historiografia argentina sobre a ditadura de 1976; para pensar o testemunho menor, minoria, desvios, estabelecemos diálogo com a filosofia e com a teoria do testemunho para analisar o conceito de menor ligado às artes, ao político, ao coletivo e às rupturas que provocam, assim como a relação desse conceito com a ideia de sobrevivência e visibilidade trazida por Didi-Huberman; as mulheres-vagalumes são pensadas a partir de pesquisadores de gênero, sobretudo do cenário argentino, que estabelecem a discussão com gênero, narrativas, violência, ditadura e estrutura patriarcal, visibilidade, luta feminista; a esses campos dos saberes, liamos a teoria do testemunho com estudiosos do cenário argentino e brasileiro.

  • JOAO PEREIRA LOUREIRO JUNIOR
  • O DISCURSO DO INFILMÁVEL: Formas de pensar a adaptação entre literatura e cinema

  • Data: 11/09/2023
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  • A presente tese reflete sobre o discurso do infilmável a partir da representação da impossibilidade no processo tradutório entre a literatura e o cinema, utilizada como potencial justificativa para evidenciar um suposto impedimento estético na relação interartística entre o literário e o fílmico. Para discutir sobre as formas de pensar a adaptação a partir dessa perspectiva, partimos do pressuposto de que o infilmável revela a conflitiva relação entre o que se propõe a ser feito (a partir de mecanismos e recursos construídos na confecção do roteiro) e o que se materializou como produto adaptado. Isso se dá através de um intenso processo de busca pelo filme e de encontrar soluções para assumir a particularidade da obra cinematográfica, que no filmável, se encontra enquanto infilmável, pois toda tradução cinematográfica é uma possibilidade, um desejo de transformar a criação estética em uma linguagem em todo seu potencial imagético. Para analisar a constituição dos discursos do infilmável, recorremos a diversos marcos teóricos no campo da adaptação que nos ajudaram na pesquisa. Para discutir construções relacionais em torno do jogo literatura, cinema e tradução, recorremos a autores como Borges (2007), Benjamin (2008), Llosa (2004), Cândido (1972), Adorno (1970), Bernardet (1985). Quando discutimos o infilmável, partindo de uma perspectiva conceitual, etimológica, semântica, linguística e histórica, até alcançar os lugares de fala que alimentam o termo, utilizamos autores como Stam (2008), Avellar (2007), Bazin (1991). Para fundamentar nossas leituras sobre tradução, adaptação e outros conceitos correlatos, propomos um diálogo com Figueiredo (2010), Sanchez Noriega (2001), Plaza (2003), Seger (2007), Hutcheon (2013). No sentido de potencializar nossa discussão, analisamos algumas adaptações de filmes/séries de TV, baseados em Dom Quixote de Miguel de Cervantes, usamos como aporte teórico estudiosos como León (2015); Hidalgo e Arruda (2020), Morell (2022) Silva (2016), Johnson (2003). Como apontamento conclusivo para a delimitação discursiva que nos propomos investigar, esta tese demarca sua posição no campo da tradução/adaptação entre cinema e literatura, evidenciando a fragilidade de um discurso em torno do infilmável que se potencializa no espaço do senso comum, pela imposição discursiva de uma impossibilidade descontruída, tão logo se vê confrontada pela potência da tradução entre as fronteiras que abarcam o literário e o fílmico e seu eterno devir.

  • MISSILENE SILVA BARRETO
  • LETRAMENTO E AUTORIA PROFISSIONAIS DOCENTES: MOBILIZAÇÕES DE SABERES E FAZERES EM CONTEXTO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DECOLONIAL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

     

     

  • Data: 04/09/2023
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  • Esta Pesquisa, qualitativa-interpretativa, de tipo etnográfico e colaborativo, partiu da seguinte questão-problema: em que medida o Projeto Práticas Socioculturais, linguagens e processos de ensino e aprendizagem na formação docente (IEMCI/UFPA) contribui para o letramento e a autoria profissionais docentes e a implementação de práticas decolonias em sala de aula? Para respondermos ao questionamento, acompanhamos três professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no período de setembro de 2020 a abril de 2022, em formação continuada, no Projeto de Pesquisa Práticas socioculturais (IEMCI/UFPA), bem como em seus contextos de atuação profissional. Objetivamos, de modo geral, refletir sobre a mobilização de saberes e fazeres docentes em formação continuada numa abordagem decolonial, a partir do Projeto de Pesquisa Práticas socioculturais, (IEMCI/UFPA) e em contexto de atuação profissional. De modo específico, visamos: a) identificar os referenciais teórico-metodológicos de professoras atuantes nos anos iniciais quanto às ações de linguagem oralidade, leitura e escrita; b) descrever minicursos implementados no Projeto Práticas Socioculturais, como ampliação de formação continuada para o letramento e autoria profissionais e para uma prática decolonial; c) caracterizar as especificidades de letramento e de autoria profissionais docentes e de decolonialidade nas práticas docentes, após evento de formação continuada. A abordagem sociocultural e etnográfica dos Estudos de Letramento (STREET, 2014; KLEIMAN, 2005; FREIRE, 2013; 2017), a perspectiva dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2011 [1979]; VOLÓCHINOV, 2018 [1929]) e os Estudos Decoloniais (LANDER, 2005; QUIJANO, 2005; MIGNOLO, 2005; WALSH, 2009; MOTA NETO, 2015) compõem o arcabouço teóricometodológico desta investigação. Como critérios para a análise, balizamos os conceitos de letramento e autoria profissionais docentes e de decolonialidade, a partir das categorias: responsabilidade ética (BAKHTIN, 2011[1979]), concepções do saber (TARDIF, 2014) e decolonialidade do poder, do saber e do ser (QUIJANO, 2005; LANDER, 2005; MIGNOLO, 2005). Os resultados indicam que o letramento e a autoria profissionais docentes, das professoras investigadas, repercutem em: responsabilidade ética, consideração do outro, aula como ato político responsável, assunção da teoria e prática, consciência do inacabamento, atitude responsiva ativa, consciência do agir docente, refração da identidade cultural na aula, intersecção de saberes, avaliação e reformulação, estranhamento do fazer docente, consciência de mudança, reconfiguração da prática, agir docente inconsciente, compromisso ético. No que tange à decolonialidade, as docentes apresentam traços de assunção do saber cultural, promoção de coautoria discente, enfrentamento a imposições, ruptura com o modelo de professor transmissor e de aluno receptáculo, alternativas pedagógicas criativas, ruptura com o saber hegemônico, desmistificação do conhecimento, materialidade do conhecimento, prática pedagógica interdisciplinar, inovação da aula, singularidades dos saberes, consideração do discurso discente, consciência sobre o saber construído a partir de uma perspectiva regional, alteridade, promoção do engajamento discente. 

  • PATRICIA DO NASCIMENTO
  • As Tradições Orais e o Ethos Apurinã

  • Orientador : SIDNEY DA SILVA FACUNDES
  • Data: 31/08/2023
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  • O objetivo desta tese é apresentar os resultados do estudo realizado com base em histórias tradicionais e relatos pessoais que evidenciam traços culturais do povo Apurinã, chamados neste estudo de Ethos Apurinã. A problematização desta pesquisa surgiu a partir da discussão proposta por Santos-Granero (2002) em seu artigo sobre o Ethos Aruák em que são apresentadas cinco características culturais que seriam comuns entre os povos Aruák: o repúdio a endoguerras; as alianças sociopolíticas com outros povos; a sucessão de lideranças por vínculos consanguíneos; a comensalidade; a importância dada à cosmologia e aos mitos para a vida social e cotidiana. A sustentação teórico-metodológica do estudo está baseada na Linguística Antropológica, principalmente, em pressupostos de Duranti (1997), por exemplo, de Dell Hymes (ano) e em estudos de histórias orais. O conceito de Ethos a ser considerado em estudos de natureza da proposta apresentada neste trabalho deve ser entendido como um conjunto de percepções, práticas, características afetivas coletivas que, juntas, representam uma matriz de comportamento e de pensamento característicos de um determinado grupo. Os Apurinã vivem em vários afluentes do rio Purus, na região sudoeste do estado do Amazonas. A relevância deste estudo está em contribuir para o entendimento de elementos culturais que depõem sobre a história de contato do povo Apurinã (Aruák) e que podem explicar algumas das relações sociais existentes em suas aldeias atualmente, além de demonstrar, em dados linguísticos, aspectos sociais do modo de vida, dos princípios e da visão de mundo Apurinã. Este estudo não se propõe a estabelecer uma correlação com o estudo de Santos-Granero (2002), mas, é, a partir dele, que estabelecemos as estratégias de investigação para chegar à proposição de um Ethos Apurinã, apresentado como resultado desta pesquisa

  • SILVIA DA CONCEICAO SANTOS DE CASTRO
  • A METAMORFOSE NAS NARRATIVAS DO LIVRO MITOS, LEYENDAS Y CUENTOS PERUANOS DE JOSÉ MARIA ARGUEDAS COM FRANCISCO IZQUIERDO RÍOS E NARRATIVAS ORAIS CATALOGADAS DO IFNOPAP

  • Orientador : CARLOS HENRIQUE LOPES DE ALMEIDA
  • Data: 30/08/2023
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  • Esta pesquisa tem como objetivo analisar o processo de metamorfose em narrativas selecionadas do livro Mitos, leyendas y cuentos de José María Arguedas y Francisco Izquierdo Ríos (2009) em um estudo comparativo com as narrativas orais catalogadas pelo acervo IFNOPAP, no intuito de compreender a problemática: quais os diálogos possíveis entre memória e identidades metamórficas podemos perceber nesses relatos latino-americanos? Para tanto, a pesquisa se organizou a partir de procedimentos teórico- metodológicos comparativos a fim de estabelecer diálogos entre a produção da Amazônia paraense e da peruana. Nesse interim, busca-se estudar sobre como ocorrem as mudanças e as pertinências da metamorfose, com base na análise interpretativa dos comportamentos das personagens e dos narradores envolvidos em ambos os textos, destacando a importância dos costumes, dos valores e juízos de valores tanto os sociais quanto os individuais perpassados pelo teor da memória dos mitos e do metamorfo comum nas regiões da América Latina, além do poder do narrador, da junção de cultura, memória e identidade da comunidade retratada, do poder de contar uma narrativa, associado à experiência social, constituindo assim no seu relato um recorte cultural do seu povo. Assim, empregou-se como aportes teóricos iniciais Ricoeur (2007), Halbwachs (2012) no concerne aos estudos de memória e identidade; Durand (1998), Leplatine e Trindade (1997), Rama (2008) e Loureiro (2012) sobre os estudos do mito, das metamorfoses e da estrutura do imaginário e outros a fim de sustentar a argumentação levantada nesse estudo.

  • KAUANNE LARYSE DA COSTA OLIVEIRA
  • DA AUTORIA ÀS PERSONAGENS: UM ESTUDO SOBRE AS MULHERES EM MINHA VIDA DE MENINA, DE HELENA MORLEY

  • Data: 29/08/2023
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  • A condição feminina é um assunto recorrente de debate na atualidade. Para entender a sociedade em que vivemos hoje é necessário regressar e estudar o passado. O livro de que trata esta pesquisa é Minha vida de menina, de Helena Morley, escrito em formato de diário entre os anos de 1893 e 1895, foi publicado em 1942. Nesta pesquisa buscamos analisar a questão da autoria feminina a partir de Morley que nasceu e cresceu na cidade de Diamantina, em uma época em que a mulher tinha pouco espaço no cenário literário brasileiro. Através dos relatos da jovem Helena, que começou a escrever o diário na idade de treze anos e encerra seu livro aos quinze anos, temos acesso a uma vivência bastante diferente da que conhecemos atualmente. Morley nos permite desbravar um Brasil sobre o qual sabemos apenas a partir de documentos e literatura. A escrita da autora nos permitiu, também, observar como as mulheres, brancas e negras, participavam da sociedade. À época em que a narrativa acontece, o Brasil estava em processo de aprender a viver com as conseqüências do fim do regime escravocrata e, na comunidade que a autora descreve, temos uma mistura social bastante curiosa: brancos, ricos, ex-escravizados, negros que já nasceram livres conviviam cotidianamente compartilhando o espaço. Assim, traçamos uma análise sobre autoria e representação da mulher, branca e negra.

  • ANGELA MARIA VASCONCELOS SAMPAIO GOES
  • A PROMISCUIDADE INTERSEMIÓTICA NA POÉTICA VAMPÍRICA DE TORQUATO NETO

  • Data: 29/08/2023
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  • Esta tese, traz uma reflexão acerca da linguagem intersemiótica, que perfaz a poética de Torquato Neto, apresentando o modo como o poeta utilizou a ideia de antropofagia oswaldiana para antropofagizar a imagem artística do vampiro europeu, e com esta desenvolver uma escrita que, absorvendo outras, conseguiria ser sempre nova, sem ser original. Mostramos como, sem buscar imitações e nem exemplaridade, entre os anos 60 e 70 do século XX, o poeta pensou e articulou uma concepção de poesia contemporânea, sem passar pelo critério da atualidade.
    Deste modo, damos visualidade à busca de Torquato Neto por um sentido de liberdade, marcado pelas relações entre o mal e a poesia, para sobreviver a um mal maior, trazido pela censura durante a ditadura no Brasil. Para tanto, o universo teórico, filosófico e crítico, trazido para dialogar com a linguagem do poeta, conta com ideias e conceitos criativos, tais como: antropofagia, transitividade, cosmopolitismo do pobre, devir-animal, significação do mal, loucura, formatividade, transitividade, arte inespecífica e fluxo de quanta. A finalidade é identificar através dos poemas de Torquato Neto, musicados ou não, de sua escrita jornalística e de sua participação no Super 8 como ator e como diretor, como se deram tais relações. Através da análise de textos e imagens fílmicas, do poeta, conseguimos comprovar que a linguagem de Torquato Neto não apenas garantiu para si uma contemporaneidade, na sua época e pra além dela, como possibilitou às obras absorvidas, pelos seus trabalhos, a mesma capacidade de atravessar os tempos. Concluímos, portanto, que a poética de Torquato Neto conseguiu marcar a história da poesia brasileira com um tipo de linguagem que, sem aspirar nenhuma consagração, ofereceu uma nova perspectiva sobre a poesia.

  • MARIA RILDA ALVES DA SILVA MARTINS
  • VARIAÇÃO DE NÓS E A GENTE NAS CAPITAIS BRASILEIRAS: estudo a partir do corpus do Atlas Linguístico do Brasil

  • Orientador : ALCIDES FERNANDES DE LIMA
  • Data: 28/08/2023
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  • Este trabalho teve como objetivo geral descrever analisar a variação de nós e a gente nas capitais brasileiras (excetuando-se Palmas, capital do Tocantins, e o Distrito Federal), a partir de um recorte do corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Esse recorte corresponde à pesquisa do ALiB nas 25 capitais brasileiras, constituindo uma amostra com 200 entrevistas com média de 3h30min cada uma, num total de cerca de 700h (ou mais de 29 dias) de fala contínua. O perfil dos informantes nas capitais, no corpus do ALiB, compreende
    quatro homens e quatro mulheres (variável diassexual), quatro indivíduos do nível fundamental e quatro do nível universitário (variável diastrática), quatro indivíduos da faixa etária entre 18 e 30 anos e quatro entre 50 e 65 anos (variável diageracional); as coletas das entrevistas foram realizadas por meio de aplicação de questionários (QFF, QSL, QMS) e de estratégias de perguntas para respostas livres, para a obtenção de um discurso mais espontâneo, o discurso semidirigido. Para a realização deste trabalho, buscamos amparo nos
    pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2010; 2006; 1972), da Gessociolinguística (RAZKY, 1998; LIMA; RAZKY; OLIVEIRA, 2020), da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (THUN, 2005; 1998; ALTENHOFEN; THUN, 2016), dentre outros. Ao todo, foram controlados nesta pesquisa treze grupos de fatores, sendo sete extralinguísticos (espacial: regiões e capitais; social: idade, sexo, escolaridade; temporal: tempo de fundação das capitais; e diafásico: discurso semidirigido/resposta a questionários) e seis linguísticos (preenchimento do sujeito; paralelismo linguístico; marca morfêmica; tempo verbal; função sintática; e tipo de referência). Após audição das entrevistas, na íntegra, foram catalogadas 8.824 ocorrências para a variável sob análise, sendo 6.706 (76%) da variante a gente, e 2.118 (24%) da variante nós. O programa GodVarb X (ROBINSON; LAWRENCE; TAGLIAMONTE, 2005) selecionou como relevantes, após as rodadas estatísticas, nove grupos de fatores, sendo os três mais significativos: marca morfêmica, capitais e sexo. Os resultados, tanto dos fatores selecionados, quanto dos fatores considerados irrelevantes pelo programa, foram analisados e estão descritos por meio de tabelas, gráficos estatísticos e cartas linguísticas, conforme a metodologia geossociolinguística. O que percebemos de conjunto, a partir dos dados aqui analisados, é que a variante a gente não apenas predomina no território nacional, mas também está se ampliando.

  • ROBERTA ISABELLE BONFIM PANTOJA
  • A SEMOVÊNCIA DA POESIA DA AMAZÔNIA

  • Data: 24/08/2023
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  • Nossa tendência comum é buscar linhas fixas e firmes para pensar a ontologia manifesta em signos no papel. Tendemos a olhar o movimento das artes em um único sentido, evitando os caminhos ambíguos. A poesia não se fixa, atravessa e é atravessada pelos movimentos dos textos e das culturas, desliza pela e com as Artes Plásticas, Literatura, Música e Cinema. Como condição de sua existência, o homem usa a linguagem como instrumento mágico para expressão de suas subjetividades. A poesia semove o sentidos prenhe nas palavras, transfigura o mundo. Pensar esse movimento é observar como a poesia figura socialmente na história de um espaço-tempo, as diferentes maneiras em que se manifesta. Nesse trajeto não é possível traçar corpo fixo da palavra semovente, tampouco se pode discernir onde termina seu movimento. Contínuo. Em cada um de seus suportes a poesia se expressa de modo completo. E em cada um está presente todos os outros. Na letra enformada na página há a voz que se repete, circula e desdobra. A relação voz-letra tende a e se distende em letra-voz, e fortifica-se segundo um movimento sustentado em si mesmo. Isso justifica aos nossos olhos a tese de uma Semovência como forma de persistência de uma poesia, que divide nessas formas sua matéria em voz de um lado e letra de outro, como pares e não opostos. Para pensar essa tese, em construção, vemos e ouvimos as palavras que ressoam dos estudos de Paul Zumthor (1993), (2010), (2014), Octavio Paz (2012), (2018) e Gaston Bachelard (1986), (2001), (2018). 

  • REBECA FREIRE FURTADO
  • DO SERINGAL AO GARIMPO: FIGURAÇÕES FEMININAS EM TERRA CAÍDA, DE JOSÉ POTYGUARA, E MARIA DE TODOS OS RIOS, DE BENEDICTO MONTEIRO

  • Data: 22/08/2023
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  • A saga da borracha e o garimpo de ouro de Serra Pelada foram dois eventos históricos que ocorreram, respectivamente, no final do século XIX até meados do século XX, e entre as décadas de 80 e 90 do século passado. Apesar de trazerem características próprias, estes dois períodos se aproximam, principalmente, pela desenfreada exploração humana e dos recursos naturais da Amazônia, que até então era tida como um espaço pronto para ser habitado e colonizado. No que diz respeito à trajetória das mulheres nos seringais e garimpos, é possível observar que a proibição e exploração feminina andam lado a lado, bem como o cruel apagamento de suas vivências da história oficial da saga da borracha e do garimpo de ouro. Neste sentido, a presente dissertação tem por objetivo discutir sobre a figuração feminina nos espaços do seringal acreano e do garimpo de Serra Pelada nos romances Terra caída (1961), de José Potyguara, e Maria de todos os rios (1992), de Benedicto Monteiro. As obras em questão colocam os dramas das personagens femininas em destaque, que ora transgridem os papéis socialmente impostos a elas, ora os mantêm por não possuírem oportunidades de se desvencilhar do sistema complexo que é o patriarcado. Portanto, será analisado como se dá a vivência feminina nestes espaços e as formas encontradas por elas para resistirem e (sobre)viverem. Para tanto, o trabalho está ancorado em três campos teóricos que vão subsidiar a discussão acerca da relação mulher e literatura: a figuração feminina na literatura e a crítica feminista; as imagens acerca do gênero feminino no mundo ocidental; e a presença feminina no ciclo da borracha e no garimpo de Serra Pelada. Os resultados deste estudo demonstram que, apesar das personagens femininas estarem inseridas em espaços excludentes e em um sistema patriarcal, elas criam seus próprios mecanismos de resistência.

  • SUZANA PINTO DO ESPÍRITO SANTO
  • MAPEAMENTO GEOPROSÓDICO DO PORTUGUÊS FALADO NO AMAPÁ: VARIEDADES DE MACAPÁ, MAZAGÃO E OIAPOQUE

  • Data: 16/08/2023
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  • A tese intitulada Mapeamento geoprosódico do português falado no Amapá: Variedades de Macapá, Mazagão e Oiapoque encontra-se vinculada ao projeto internacional Atlas Multimédia Prosódico do Espaço Românico, domínio Língua Portuguesa (AMPER-POR), e colabora com resultados para o subprojeto AMPER Amazônia, equipe de trabalho vinculada ao AMPER-POR sediada na Universidade Federal do Pará. O objetivo principal desta tese é apresentar o mapeamento geoprosódico do português falado no Amapá, a partir de uma investigação acústica e dialetométrica com dados de três localidades amapaenses: Macapá, Mazagão e Oiapoque. Especificamente, pretende-se revelar um possível padrão prosódico das variedades-alvo em relação ao português brasileiro. Para isso, são controlados os parâmetros acústicos Frequência Fundamental (em semitom), Duração (em Z-score) e Intensidade (em Z-score) de sentenças produzidas nas modalidades declarativa neutra e interrogativa total. Teoricamente, a pesquisa situa-se no campo da fonética acústica, espeficamente nos estudos prosódicos, e para tanto, busca guarida em Barbosa (2019); Madureira (1999), Cagliari (1992), Barbosa e Madureira (2015), entre outros. Além disso, considera os estudos realizados em geoprosódia do português, tanto europeu (COIMBRA; MOUTINHO; VAZ, 2008; MOUTINHO; COIMBRA, 2010; REBELO, 2019) quanto brasileiro (MORAES, 1993; CUNHA, 2000; SILVA, 2011; SILVESTRE, 2012; SANTOS, 2020; LEMOS, 2021, entre outros), bem como fundamenta-se em pesquisas, cujas análises consideram o método dialetométrico (FERNANDES REI; MOUTINHO; COIMBRA, 2016; COSTA, 2020; CRUZ e RILLIARD, 2016). Os dados utilizados nesta pesquisa foram coletados, considerando a orientação metodológica do projeto AMPER-POR. O corpus AMPER consta de 51 frases interrogativas e 51 declarativas neutras, cuja estrutura sintática é do tipo Sujeito + Verbo + Complemento, e suas expansões com sintagmas preposicionados e adjetivais. O tratamento dos dados seguiu as seguintes etapas: a) codificação dos dados; b) isolamento dos áudios em arquivos individuais; c) segmentação automática das frases feita com o auxílio do script lance_batch_easyalign_v3.praat para obter o textgrid dos arquivos .wav; d) segmentação fonética no programa Praat 6.0.39 por meio do script correção_segmentação.praat para corrigir a segmentação; e) aplicação do script AMPER_Textgrid2Txt_V3_boucle_DepoisEasyAlign_v2.praat para gerar os arquivos com os parâmetros acústicos (Scripts de autoria de Dr. Albert Rilliard); f) normalização dos valores brutos de f0, duração e intensidade e g) criação de gráficos e testes estatísticos no programa R. Foram selecionados 6 locutores por variedade-alvo, sendo 3 homens e 3 mulheres pertencentes à escolaridade ensino fundamental, ensino médio e ensino superior), totalizando 18 locutores.
    O corpus total compreende 5.508 dados (51 sentenças x 2 modalidades x 3 melhores repetições das sentenças x 6 locutores x 3 localidades). Para corroborar os resultados acústico e dialetométrico, foram aplicados testes estatísticos não paramétricos Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e Post hoc Dunn. Foram empreendidas análises acústicas intradialetal e interdialetal, cujos resultados mostraram que as variedades amapaenses produziram, para modalidade declarativa neutra, no parâmetro f0, movimentos melódicos similares: movimento ascendente na vogal pretônica e descendente na vogal tônica (e postônicas, no caso dos acentos paroxítono e proparoxítono), assim como fora descrito para outras variedades do português brasileiro (MORAES, 1993; CUNHA, 2000; SILVESTRE, 2012; CARDOSO, 2020; COSTA, 2020; SANTOS. 2021 E LEMOS, 2021). Para interrogativa total, o parâmetro f0 mostrou que as variedades Macapá, Mazagão e Oiapoque acompanharam o movimento melódico previsto para o português brasileiro, padrão circunflexo descrito por Moraes (1993). Quanto à duração, foi o parâmetro que demonstrou maior semelhança entre as variedades-alvo, uma vez que o maior tempo de produção ocorreu na vogal tônica, majoritariamente, independente do acento lexical e da modalidade frasal, ocorrendo exceções na variedade de Macapá e de Mazagão, em que os locutores BG13, BG15, BG31, e BG33 empreenderam maior tempo de produção na vogal pretônica do acento oxítono, portanto, neste caso, a relação acento lexical e duração não se revelou obrigatória. Quanto à intensidade, na modalidade declarativa neutra, as variedades Macapá e Mazagão produziram maior concentração de energia de maneira semelhante: no acento oxítono, a vogal pretônica foi produzida com mais intensidade, enquanto nos acentos paroxítono e proparoxítono a maior concentração de energia se deu na posição tônica. Já a variedade de Oiapoque incidiu valores elevados de intensidade na posição pretônica, tanto no acento oxítono quanto no paroxítono, e no acento proparoxítono, a maior concentração de energia ocorreu na vogal tônica. Na modalidade interrogativa total, as variedades-alvo empreenderam maior concentração de energia na vogal tônica em todos os acentos lexicais. A análise dialetométrica demonstrou que as variedades amapaenses apresentaram dissimilaridades, considerando as modalidades frasais e os parâmetros f0 e intensidade, neste caso, a variedade de Oiapoque apresentou dissimilaridade em relação à Macapá e Mazagão por produzir as vogais com maior intensidade, já Mazagão apresentou dissimilaridade em relação à Macapá e Oiapoque por produzir f0 baixa, nas duas modalidades frasais. Os resultados dos testes estatísticos mostraram que as variedades dialetais apresentaram diferença estatística significativa no nível de 5% (p-valor ≤ 0,05), assim como as modalidades frasais, os acentos lexicais, bem como fatores sexo e escolaridade, desempenharam papel importante para discriminação da entoação modal e para a caracterização dialetal. Portanto, as análises acústicas evidenciaram que as variedades amapaenses possuem um padrão prosódico semelhante às demais variedades do português brasileiro, em especial às variedades amazônicas, com as quais foram comparadas nesta pesquisa, e a análise dialetométrica revelou que Macapá, Mazagão e Oiapoque possuem aspectos prosódicos que as distanciam, como f0 e intensidade.

  • GUSTAVO REIS GONCALVES
  • O TESTEMUNHO ARBITER, O AURICULAR CAMINHO DA MEMÓRIA: O OUVIR E O REPRODUZIR EM MAUS DE ART SPIEGELMAN E EM I WAS A CHILD OF HOLOCAUST SURVIVORS DE BERNICE EISENSTEIN

  • Data: 02/08/2023
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  • A pesquisa aqui desenvolvida é o requisito para obtenção do título de mestre em estudos literários, desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a libertação dos campos de concentração, em meio a diversas situações de traumas, os sobreviventes desses espaços concentracionários falaram sobre suas experiências e seus relatos foram tomados como testemunhos direto dos eventos. Entretanto, as gerações posteriores produziram relatos relacionados à shoah, como é o caso de dois filhos de sobreviventes, cujas obras, Maus de Art Spiegelman e I was a child of holocaust survivors de Bernice Eisenstein, são o objeto de estudo desta dissertação. Não estando nos campos de concentração, como seus pais, seus testemunhos são de caráter auricular, o que nos leva a considerar a teoria do testemunho arbiter para analisarmos as duas narrativas, oriundas do convívio com a memória da shoah. Esta é uma pesquisa bibliográfica e, de tal modo, utilizamos estudos de autores que tratam da memória, testemunhos e representação, como Le Goff (1996), Assmann (2011), Agamben (2008), Sarmento-Pantoja (2019), Benveniste (2016), dentre outros. Nesta dissertação, procuramos demonstrar como as características do testemunho arbiter se fazem presentes nas obras selecionadas, considerando seus gêneros e os aspectos narrativos singulares no modo de narrar.

  • ISABELLY RAIANE SILVA DOS SANTOS
  • MULTILETRAMENTOS E TECNOLOGIAS: FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

  • Data: 10/07/2023
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  • Esta pesquisa consiste em um estudo teórico-prático sobre a percepção que os professores de Língua Portuguesa atuantes na Educação Profissional e Tecnológica (EPT) têm ao analisar a própria formação continuada e a influência desta para a adequada abordagem dos multiletramentos em sala de aula. Assim, a partir do suporte propiciado pelas bases conceituais da EPT, ou seja, o trabalho como princípio educativo e a formação humana integral, no que diz respeito ao desenvolvimento de práticas voltadas para a formação continuada docente, os multiletramentos mostram-se como uma oportunidade para abranger diferentes tipos de linguagem, de modo que o indivíduo interprete situações linguísticas as quais fogem das tradicionais, abordadas na esfera escolar. Nesse contexto, objetivou-se compreender como se articula a formação docente de professores de Língua Portuguesa atuantes no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) - campus Abaetetuba na conjuntura dos multiletramentos. Com base em Freire (1980, 1985, 1996), Soares (1981, 1999, 2004), Street (1984), Kleiman (1995, 2001, 2007), Gatti (1997), Rojo (2012, 2013), Moura (2014) e Ramos (2014), neste estudo, foi desenvolvida uma investigação de caráter exploratório, de cunho qualitativo, por meio de uma pesquisa de campo alicerçada sob a abordagem etnográfica. A investigação foi desenvolvida no IFPA - campus Abaetetuba, sendo restrita ao contexto do Ensino Médio Integrado (EMI). As participantes são duas professoras de Língua Portuguesa atuantes do EMI. Por meio de visitas de campo para coletar dados, foram utilizadas técnicas e instrumentos de pesquisa, como a observação direta nas aulas, escrita do diário de campo, aplicação de questionário com perguntas abertas, escrita de memorial acadêmico descritivo pelos participantes e entrevista semiestruturada. Ao final, foi evidenciada a relevância da formação continuada para efetivar os multiletramentos obtida pelo docente de Língua Portuguesa atuante na EPT, compreendendo, em que medida, as tecnologias contribuem para a abordagem dos multiletramentos que priorize a aprendizagem discente com foco na integração entre mundo do trabalho e educação. 

  • CINTHIA SAMARA DE OLIVEIRA ISHIDA
  • ANÁLISE GEOLINGUÍSTICA DA VARIAÇÃO FONOLÓGICA EM APURINÃ

  • Data: 07/07/2023
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  • Percebe-se que a dimensão geográfica tem papel importante para a compreensão da variação
    fonol ógica em Apurinã, visto que um padrã o fonológico exclusivo de uma comunidade em
    virtude da migração e da grande extensão territorial passa a coocorrer em outras comunidades.
    Conforme atestado em trabalhos an teriores, essa variação pode ocorrer em vogais e consoantes,
    e, as vogais podem variar quanto à duração e à nasalidade. Os casos de variação estudados sã o:
    entre vogal m é dia anterior / e a vogal alta central ɨ variável mais frequente em Apurinã
    pres en ça ou ausência da fricativa / entre o fonema ɾ com seus alofones ɾ e [ casos de
    variaçã o fonol ó gica lexicalmente condicionados; entre / e ɲ A partir disso, este trabalho
    almeja mapear as variantes fonol ógicas da lí ngua Apurin ã, em uma perspectiva geoling u ística.
    Desse modo, busca se verificar a dispersã o geogr áfica dos fenômenos linguísticos, investigar
    se há um padrão para a ocorrência dessas variantes, entender a importância da produção de
    mapas para a salvaguarda de á reas minorit ária s e, assim, utilizar tecnologias em prol do
    fortalecimento da língua. A metodologia se constituiu na revisão da bibliografia sobre variaçã o
    fonol ógica da língua (FACUNDES 2000, LIMA PADOVANI 2016 2020, LIMA
    PADOVANI; SILVA FACUNDES 2019, PEREIRA 2007) e de estudos geolinguísticos
    CARDOSO 2010, COSERIU 1955, THUN 1998, 2010 na organiza ção e coleta de dados, por
    meio de elicitação e da produção de mapas mentais, e na espacialização dessas variantes em
    cartas linguísticas com o auxílio de ferramentas SI G (Sistemas de Informaçã o Geogr áfica). O
    trabalho resultou na produção de 60 cartas linguísticas, que indicaram a ocorrência das 5
    variáveis estudadas em até 18 pontos distintos, além do desenvolvimento preliminar de uma
    plataforma interativa de visualizaç ão desses dados online. Por fim, a análise realizada
    quantificou a ocorrência das variantes na lí ngua Apurin ã e observou a migração como um
    processo atuante na dispersão das variantes fonol ógicas. Desse modo, espera se que o trabalho
    possa ser utilizado co mo instrumento de auxílio no ensino de variaçã o lingu í stica de Apurin ã e
    que a ferramenta digital possa contribuir na solicitação de demandas das comunidades, além de
    salvaguardar informações sobre o povo e a lí ngua Apurin ã

  • GABHRIELE RODRIGUES DE OLIVEIRA
  • LITERATURA E EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE: a resistente relação entre o trabalho e a subjetividade humana.

  • Data: 07/07/2023
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  • O presente trabalho discute o ensino de literatura no contexto da educação técnica profissional – EPT. Compreende-se que esta modalidade de ensino tem a gênese no ideal de saber-fazer, sem a necessidade de refletir a respeito das implicações sociais ou do processo como um todo. Para fazer surgir ou aperfeiçoar a criticidade dos estudantes em relação ao acesso à literatura, propôs-se uma experiência de leitura inserida em um projeto multidisciplinar entre as áreas de linguagens e ciências humanas e a analisou-se a partir da receptividade dos alunos. Nesta pesquisa, estudos foram realizados acerca da relevância da literatura na escola (BERNARDES, 2021); do ensino de literatura (FRANCHETTI, 2021; WALTER, 2014); e da educação profissional e do trabalho (MANACORDA, 2007). A pesquisa é de cunho qualitativo, organizada como uma pesquisa-ação em que a metodologia consiste em cinco etapas. Na etapa inicial, os alunos respondem um formulário sobre a experiência e o interesse que possuem pela literatura. Em seguida, na segunda etapa, são efetivadas as aulas sobre o contexto histórico e político do período do Pré-modernismo e dos pensamentos que culminam no Modernismo brasileiro (1922-1960). As três gerações são discutidas com o foco no estudo da Geração de 45, com o propósito de estabelecer relações entre a última geração e as obras brasileiras contemporâneas. A terceira etapa, a de leitura, é destinada ao contato direto com a obra, em que os alunos podem ler munidos de informações sobre o contexto de produção. Na quarta etapa, os alunos têm a oportunidade de produzir expressões artísticas em um projeto chamado “Diálogos contemporâneos”, organizado entre as disciplinas de literatura, história, geografia, filosofia e sociologia, em uma escola de ensino técnico profissionalizante de Belém-PA. Na última etapa, há uma entrevista semiestruturada com os estudantes da turma para obter informações acerca das novas experiências e da relação que possuem com a leitura literária. A análise da pesquisa é comparativa-interpretativa, a partir das etapas inicial e final. Com efeito, os alunos da 5ª fase – referente ao 3º ano do ensino médio regular – com mediação dos educadores, devem estar mais receptíveis às práticas de leitura subjetiva, partindo da literatura como arte e objeto de estudos. Nesta pesquisa identificou-se o valor atribuído à literatura em contextos de educação profissionalizante e avaliou-se as percepções dos alunos sobre a relevância das obras literárias.

  • SINDY RAYANE DE SOUZA FERREIRA MENDES
  • ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS E SEMÂNTICOS DE VERBOS NA LÍNGUA PARKATÊJÊ (TIMBIRA)

  • Data: 30/06/2023
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  • Este trabalho tem como objetivo apresentar aspectos relacionados à morfossintaxe e à semântica de verbos na língua Parkatêjê (língua indígena da família Jê, tronco Macro-Jê, que integra o Complexo Dialetal Timbira). Partindo da tipologia verbal, fazemos considerações gerais sobre os verbos nas línguas da família Jê; apresentamos uma discussão sobre os aspectos semânticos relacionados à intransitividade cindida da língua Parkatêjê; e tratamos de aspectos morfossintáticos e semânticos de verbos compostos na referida língua. O trabalho utiliza como fundamentação os pressupostos teóricos de Lehmann (1981), Schachter (1985), Payne (1997), Givón (2001), para tratar de tipologia verbal, Mithun (1991), para discutir propriedades semânticas de verbos intransitivos, e Booij (2007), Lieber & Štekauer (2009), Haspelmath e Sims (2010), Baker (1988), Scalise e Bisetto (2005; 2009), entre outros, para tratar de composição verbal. As análises semânticas mostram que, em Parkatêjê: os verbos ativos denotam ações, atividades e realizações, enquanto os verbos estativos/descritivos denotam características/estados temporários ou permanentes; o sistema de caso para argumentos verbais intransitivos pode ser identificado como ativo-estativo, conforme descrito por Ferreira (2003). Já as análises morfossintáticas demonstram que os verbos compostos são formados por meio da incorporação de nomes, de posposições e do pronome reflexivo, também em conformidade com a autora supramencionada.

  • VICTOR HUGO DA SILVA COELHO
  • ASPECTOS PRAGMÁTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: A PRÁTICA DOCENTE NOS CURSOS LIVRES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
    BELÉM

  • Data: 27/06/2023
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  • Esta pesquisa investigou de que maneira professores de inglês como língua estrangeira abordam os aspectos pragmáticos da língua em suas aulas nos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras da Universidade Federal do Pará (CLLE/UFPA). Embora estudos destaquem a competência pragmática como determinante em uma interação de sucesso, observa-se que os aspectos pragmáticos ainda são trabalhados de forma superficial no contexto do ensino-aprendizagem de línguas, sendo frequentemente negligenciados e subestimados em materiais didáticos e na prática docente (KASPER; ROSE, 2001; BARDOVI-HARLIG; MAHAN-TAYLOR, 2003; ISHIHARA, 2010). Algumas das razões alegadas para tal são o tempo insuficiente de aula, a falta de interesse e a insegurança do professor em selecionar e em incorporar atividades de ensino desse nível de língua (SIEGEL, 2016; ZEFF, 2016). Tomando por base autores como Ishihara (2010), Bailey (2020) e Taguchi (2015, 2023) sobre o ensino de pragmática nas últimas décadas, esta pesquisa procurou traçar um diagnóstico de como os aspectos pragmáticos são abordados nos CLLE, especificamente no curso de inglês. Assim, aplicou-se o formato metodológico de estudo de casos múltiplos, do tipo pesquisa qualitativa. Participaram desta pesquisa quatro professores que atuam nos cursos livres, com idades entre 22 e 39 anos, sendo uma mulher e três homens. Para a constituição dos dados, foram utilizados três instrumentos: análise do livro didático, observação não participante de aulas síncronas gravadas e entrevistas semiestruturadas via videochamada. Os resultados demonstram que o ensino da pragmática enquanto nível de língua é heterogêneo e não sistematizado. Uma das motivações recorrentes para essa negligência foi a mesma apontada por autores da área: tempo insuficiente de aula. Entretanto, outras motivações também surgiram como as crenças no ensino de línguas. Considerações a serem traçadas por este estudo giram em torno da relação entre a formação acadêmica do professor, sua experiência profissional e a prática docente. Essas e demais conclusões direcionam para pesquisas futuras acerca do papel das crenças no ensino de pragmática e para reflexões sobre o atual currículo do curso de Letras Língua inglesa da Universidade Federal do Pará

  • ADONAI DA SILVA DE MEDEIROS
  • UM POBRE MENINO DO DESTINO – A TRAVESSIA DO HOMEM HUMANO COMO ACONTECIMENTO POÉTICO-APROPRIATIVO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

  • Data: 21/06/2023
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  • A presente pesquisa objetiva compreender a travessia do homem humano, em Grande sertão:
    Veredas, de João Guimarães Rosa (2015), enquanto acontecimento poético-apropriativo, isto é,

    relação e referência de uma mútua e originária apropriação existente entre ser e homem/entre-
    ser, que se revela pelo pensar-se enquanto ser de travessia, ser em obra, ser de procura. Para

    tanto, a pesquisa atendeu a um chamamento que a obra convocou ao manifestar um caminho
    pelo qual põe o próprio pesquisador defronte e entre esta travessia, a saber: a partir de uma

    escuta desarmada, pensar, junto da obra, três categorias-questões – apreensão-dos-afetos, trans-
    torno e circum-inscrição – que se apresentaram como e proveniente do acontecimento poético-
    apropriativo da obra. Neste sentido, procuramos questionar o acontecimento destinado que

    carecia de ser atingido, Riobaldo frentear a si mesmo através de Hermógenes, o que produz,

    por meio de uma relação de dobra e desdobras alçada entre Riobaldo-narrador e Riobaldo-
    personagem, uma profunda e simultânea desantropomorfização do homem e da linguagem. O

    acontecimento destinado é possibilitado pela questão que o próprio Diadorim é para Riobaldo,
    ao se instaurar enquanto vereda a ser atravessada rumo à conquista de sua propriedade,
    providenciando e entre-abrindo o acontecimento das categorias-questões, pensada junto de
    outras questões postas em obra na obra. Assim, as categorias-questões são um e originam-se do
    acontecimento poético-apropriativo do romance, de vez que são uma renúncia ao estar dado no
    mundo para experienciar, originariamente, uma vida que se quer ser vivida como
    transformação, pesável (apreensão-dos-afetos), junto ao mundo-realidade como desvelação de
    questões e procura de ser si-mesmo (trans-torno), bem como para re-anunciar o acontecido,
    visando atingir e ir ao não-acontecido que permanece oculto na realidade (circum-inscrição).
    É, pois, Riobaldo que nos revela isso ao se tornar em uma imagem que é continuamente
    moldada e desmoldada, e que se cria para ser-se junto ao agir/velamento das questões.

  • LIA BARILE CARVALHO DA SILVA
  • ONDE AS NOSSAS PALAVRAS NASCEM: um estudo sobre a função-autor constituída em textos acadêmicos escritos por professores.

  • Data: 20/06/2023
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  • Neste trabalho buscamos compreender o funcionamento da função-autor em trabalhos acadêmicos escritos por professores. O conceito de autoria foi construído pela conjunção de diferentes perspectivas, começando pela de Foucault (1969, 1971, 2015), segundo a qual o autor é uma “função” ou lugar que se ocupa nos discursos e que permite ao sujeito exercer determinadas funções. A segunda é encontrada em Bakhtin (2009, 2015), que, na perspectiva dialógica e polifônica, aborda a relação do autor com as diversas vozes que participam do texto. Finalmente, recorremos a autores que debatem as relações do sujeito com o conhecimento e, por conseguinte, as mudanças da autoria em textos acadêmicos, como Barzotto (2011, 2014, 2015,2016), Fabiano (2007, 2014, 2015) e Fairchild (2008, 2013, 2017). Essa investigação fundamentou-se em três categorias de análise: os casos contabilizados de autonímia explicitamente constituída nos textos, o encadeamento dos autores citados no texto e a construção das paráfrases. Essas categorias foram pensadas de acordo com as noções de Heterogeneidade Mostrada e Constitutiva, de Authier-Revuz (1998, 2004), e, para analisar as formas de citação e os efeitos de sentido produzidos por elas no texto acadêmico, empregou-se a diferenciação entre locutores e enunciadores, na teoria polifônica de Ducrot (1987). O corpus foi constituído por 30 artigos científicos da área do Ensino de Línguas, vinculados à Universidade Federal do Pará e à Universidade do Estado do Pará, produzidos por professores formados em Letras, pós-graduados, que trabalham no Ensino Básico. O objetivo geral foi compreender como as formas de inserção e de apropriação das palavras do outro nas produções acadêmicas de professores manifestam a função-autor e, consequentemente, como contribuem para a constituição do próprio professor enquanto autor de seu texto. Como objetivos específicos: analisar quantitativamente o volume de texto que pode ser atribuído a outros em comparação com o volume de texto atribuído ao próprio autor; discutir de que forma a introdução das palavras do outro ajuda o professor a construir sua própria autoria; analisar os efeitos de sentido produzidos pelas formas de encadeamento dos autores citados no texto confrontar as palavras dos autores tal como apropriadas pelo escritor citante com os textos originais citados para verificar como as paráfrases são construídas; relacionar as características textual-discursivas encontradas na análise do corpus aos processos de proletarização da docência. As hipóteses levantadas foram: há pouca variedade nas formas de introdução e referências teóricas, geralmente utilizadas apenas para fortalecer as posições assumidas pelo escritor citante; a quantidade de autores citados e a forma como são encadeados diminui a participação do escritor citante no texto que escreve; a constituição das paráfrases compromete a produção de dizeres que possam ser atribuídos aos escritores dos textos analisados; As análises mostraram que a primeira hipótese não se confirma por inteiro, uma vez que se observou uma clara tendência pela diversificação dos modos de introduzir o discurso alheio. Já a segunda hipótese se confirma já que o autor dos textos assume um papel de “cicerone” dos teóricos que chama para encenar em sua escrita e a forma como são encadeados sinaliza pouca mediação entre eles e quem os cita, e com o conhecimento já produzido na área. A terceira também se confirma, à medida em que as paráfrases são marcadas pela cópia, por gestos interpretativos constituídos pela distorção ou contradição com o dizer alheio, mas a análise nos levou um pouco adiante, pois mostrou também que o posicionamento implícito do autor citante leva a distorcer as palavras do autor citado. Isto, por sua vez, relaciona-se à proletarização do docente, já que se interpretam os movimentos de escrita nesses textos assinados por um professor à luz de um lugar de pouca autoridade para a manifestação de seu dizer.

  • RONALDO NOGUEIRA DE MORAES
  • USO DO ARTIGO DEFINIDO DIANTE DE NOME PRÓPRIO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

  • Data: 25/05/2023
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  • Amparada no arcabouço teórico-metodológico da Dialetologia e da Geolinguística
    (CHAMBERS; TRUDGILL, 1994; FERREIRA; CARSOSO, 1994; CARDOSO, 2010, e
    outros), da Sociolinguística Variacionista (SILVA-CORVALÁN, 1989; LABOV, 2008) e do
    aparato metodológico da Geossociolinguística (CARDOSO; RAZKY, 1997; RAZKY, 1998;
    LIMA, 2003; LIMA; RAZKY; OLIVEIRA, 2020), esta tese objetiva fazer uma descrição,
    análise e mapeamento da variação do uso do artigo definido antes de nome próprio de pessoas
    – os antropônimos – no corpus utilizado para análise nesta tese. Partiu-se da hipótese de que o
    português brasileiro contemporâneo apresenta tendência ao uso do artigo antes de nome
    próprio, que configura a estrutura “artigo definido + nome próprio”. Levantou-se, ainda, a
    hipótese de que este uso estaria se espalhando pelo território brasileiro, atingindo áreas que
    tradicionalmente se caracterizam pelo não uso do artigo no contexto aqui observado. A amostra
    analisada nesta tese é proveniente do corpus do Projeto Atlas Linguístico do Brasil – Projeto
    ALiB – referente às 25 capitais que constituem a rede de pontos do referido Projeto. Da audição
    na íntegra das 200 entrevistas linguísticas do Projeto ALiB – constituídas pelos questionários
    Fonético-Fonológico, Semântico-Lexical e Morfossintático, e pelos Discursos Semidirigidos
    (cerca de 700h de fala contínua) – extraíram-se os 2.645 dados da análise final, que foram
    submetidos ao tratamento estatístico por meio do programa computacional GoldVarb X, que
    auxiliou na análise quantitativa. A análise quantitativa e linguística dos dados deu-se mediante
    o controle de variáveis de natureza linguística e extralinguística, a fim de se levantar os fatores
    que estariam condicionando o uso do artigo antes de nome próprio. Os resultados mostraram
    uso majoritário do artigo definido diante de antropônimo nas regiões Norte, Centro-Oeste,
    Sudeste e Sul do Brasil e não uso majoritário do artigo na Região Nordeste. Os dados foram
    analisados em função de dois contextos de ocorrência distintos: quando o nome próprio figura
    como “isolado”, há tendência em não se usar artigo: das 533 ocorrências, 402 (75,4%)
    apareceram sem artigo anteposto, e 131 delas (24,6%) apareceram antecedidas de artigo; já
    quando o nome próprio figura em estruturas sentenciais, a tendência observada é a de uso do
    artigo: das 2.112 ocorrências, 1.301 (61,6%) são articuladas e 811 (38,4%) não são articuladas.
    O programa GoldVarb X selecionou como significativos os seguintes grupos de fatores: capital,
    função sintática, antropônimo como item de enumeração, tipo de antropônimo, sexo, estrutura
    do sintagma nominal e circunstância em que o nome próprio é citado.

  • LUZIANE DE SOUSA FEITOSA
  • A CONTÍSTICA DE GUIMARÃES ROSA: ANTIRREALISMO OU CRITICA AO REALISMO EM CONTOS ESCRITOS ENTRE 1962 E 1967

  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 24/05/2023
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  • Este trabalho está voltado para as particularidades da poética de determinadas estórias escritas por Guimarães Rosa – reunidas nas coletâneas Primeiras estórias (1962); Tutaméia (1967); Estas estórias (1967) – e os limites do realismo neste universo textual. Cumpre, então, refletir acerca do trabalho do artista frente à realidade que lhe é apresentada, “material” passível de ser moldado, em meio a diferentes possibilidades, posto que a atividade de criação literária se constitui de processos de experimentação e/ou de contestação, que se refletem em seu produto final, a obra, em interação com o leitor de diferentes épocas. Nesse sentido, a noção de imitação tem sido um importante parâmetro da arte literária, ora refutada, ora defendida, quando não abandonada. A atenção também recai sobre a história da representação poética da realidade, particularmente na literatura ocidental. Assim sendo, o que se discute é a própria relação do texto literário com o mundo, seja como forma de representá-lo de forma realista, o que culminou na origem do Realismo, seja no sentido de romper com essa tradição, o que remete, de início, ao Modernismo. Desse modo, o objetivo consistiu em apresentar uma reflexão sobre a literatura, a percepção da realidade e o imaginário na ficção contemporânea, com foco na obra de Guimarães Rosa, e no que, a princípio, foi denominado “(anti)realismo” presente em alguns de suas estórias, sendo assim, refletir sobre os diferentes elementos e procedimentos identificados e examinados, considerando, também, a relevante recepção crítica de seus contos. Para isso, esta tese fez uso de uma metodologia de natureza básica, enfoque qualitativo e procedimentos de investigação bibliográfica, respaudada teoricamente em considerações de diferentes autores, da antiguidade ao contemporâneo. Em síntese, constatou-se que os contos analisados seguem três conceitos, ou procedimentos, a subversão, a reelaboração e a transmutação do realismo.

  • BENEDITA DO SOCORRO PINTO BORGES
  • VAI TIRAR UM DINHEIRO QUE É TEU: CARACTERIZAÇÃO PROSÓDICA E MULTIMODAL DAS NARRATIVAS DE ENTERRO

  • Orientador : REGINA CELIA FERNANDES CRUZ
  • Data: 29/03/2023
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  • No presente estudo revisitamos a estrutura da narrativa de enterro proposta por Fernandes (2007), defendendo a tese de que também existe uma estrutura multimodal nos 25 arquétipos: protoconto, descritiva, explicativa e logro (FERNANDES, 2007), pois o narrador faz uma associação direta entre mecanismos prosódicos e gestuais para produzir expressividade, durante a estruturação das suas seis partes invariáveis: origem, anunciação, manifestação, marcação, provação e desenlace (consciência linguística). A narrativa de enterro compreende o resgate de um tesouro enterrado, revelado a um indivíduo de perfil merecedor. O corpus, formado por 32 narrativas, foi gravado em formato mp4 e wav, narrado por locutores do sexo masculino e feminino, nativos das comunidades quilombolas do Baixo Tocantins/PA: Mola (4), Itabatinga (4), Itapocu (4), Laguinho (4), Tomázia (4), Bom fim (4), Taxizal (4) e Frade (4). O trabalho laboratorial envolveu seis tratamentos de dados: 1) Transcrição conforme o Sistema de Notação da Análise da Conversação (MARCUSCHI, 1986); 2) Análise Estrutural da Narrativa (FERNANDES, 2007); 3) Segmentação no PRAAT para mapear as pistas prosódicas de pausa silenciosa em ms e f0 em Hz,); 4) tomadas de medidas acústicas com papel relevante para caracterização das partes (OLIVEIRA Jr., 2000); 5) Notação no ElAN, considerando as trilhas: a) partes da narrativa (FERNANDES, 2007); b) enunciado (segmento ou sequência discursiva delimitada por uma pausa de extensão variável), c) dimensão gestual (MCNEILL, 2005): icônica, metafórica, deitica e ritmica; e d) fases gestuais: preparação, golpe, (KENDON, 2004; DUNCAN, 1996), pós-golpe (KITA, 1990) e 6) Tratamento Estatístico no RsTudio. Sobre a análise prosódica comprovamos que a duração da pausa delimita as partes da narrativa de enterro porque o ritmo de fala ocorre mais lento na fronteira das seções narrativas do que no interior delas; o intervalo de pitch (mínimo, médio e máximo) apresenta uma curvatura descendente nas fronteiras das narrativas. O resultado das variáveis gestuais atestam que: o gesto rítmico tem maior ocorrência e dentre as fazes engendradas pelo narrador a movimentação verb0-gestual se concretiza especialmente pela sua fase nuclear: o golpe. Quanto à relação entre gesto e prosódia detectamos que o narrador faz associação direta entre esses dosi mecanismos, pois durante a realização do pós-golpe a duração da pausa é mais longa; a f0 máxima é mais alta no golpe e decresce no pós-golpe; as medidas de f0 média são mais altas no pré-golpe e tem uma curvatura descendente no golpe e no pós-golpe; a f0 mínima aumenta durante o decurso do pré-golpe. Portanto, atestamos as hipóteses de que existe uma estrutura prosódica, gestual e multimodal coocorendo e que o narrador, além da consciência linguística, faz uso de uma consciência paralinguística para marcar sua expressividade na narrativa de enterro quilombola.

  • EDER BARBOSA CRUZ
  • Por uma Didática do Português Língua Segunda para Surdos: concepção inicial de uma disciplina

  • Data: 13/03/2023
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  • A reflexão sobre o ensino-aprendizagem de línguas para surdos se intensificou, em quase todo o Brasil, com o início de seu processo de universitarização a partir da criação dos primeiros cursos de Letras Libras em 2006. Em vistas a garantir o desenvolvimento e a implementação da Educação Bilíngue de Surdos, impulsionadas pela legislação, diversas universidades brasileiras começaram a fomentar a formação de professores de língua brasileira de Sinais (Libras), de professores de português língua segunda para surdos (PLSS) e de professores bilíngues (Libras/PLSS). No entanto, a reflexão sobre o ensino-aprendizagem de PLSS ainda não foi sistematizada, à ponto de fazer emergir uma disciplina acadêmica específica para tratálo como objeto, igualmente específico em contexto universitário. Desse modo, a discussão acerca desse campo tem sido mal acomodada em diferentes disciplinas (notadamente, na Linguística, na Pedagogia, na Pedagogia Surda, nos Estudos Surdos e, ultimamente, na Linguística Aplicada), e, por isso, capazes de tratá-lo somente de uma maneira transversal, já que visam objetivos que não são os seus e não dispõem de ferramentas teórico-epistemológicas para responder à um sem-número de questões muito específicas, cuja natureza ultrapassa o escopo de seu objeto de estudo. Esta tese se inscreve na reivindicação de instituir o ensinoaprendizagem de português língua segunda para surdos PLSS como objeto de um campo disciplinar específico: a Didática do PLSS. Esse projeto supõe desenvolver a perspectiva didatológica dessa nova disciplina, isto é, identificar, organizar e sistematizar o aparato epistemológico, ideológico e deontológico, indispensável para que ela esteja em medida de tratar de forma autônoma o seu objeto, qual seja o processo inter-relacionado de ensinoavaliação-aprendizagem de PLSS. O objetivo desta tese é constituir os fundamentos epistemológicos e teóricos para a construção de uma Didática do Português Língua Segunda para Surdos, caracterizá-la, delimitar seu território e destacar suas interações com outras áreas. Este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa teórica de cunho qualitativo e interpretativista do tipo elaboração de modelo. O nosso projeto científico, em última instância, se situa na constituição de um modelo didatológico para ser mobilizado na reflexão epistemológica da Didática do PLSS. Assim, estamos convencidos de poder promover e fazer avançar o fortalecimento e a consolidação da pesquisa, do ensino e da formação de professores no campo do ensino-aprendizagem de PLSS e, por via de consequência, da Educação Bilíngue de Surdos em nosso país.

  • JOSE ELIAS PEREIRA HAGE
  • OS DESPOSSUIDOS DA AMAZÔNIA: DALCÍDIO JURANDIR E AS FIGURAÇÕES DO POBRE NO CICLO EXTREMO NORTE PELOS CAMINHOS E DESCAMINHOS DE ALFREDO

  • Data: 08/03/2023
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  • A presente tese tem por finalidade fazer um estudo sobre a representação do pobre na literatura de Dalcídio Jurandir (1909-1979), especificamente no Ciclo Extremo Norte. Composto por dez narrativas e publicado entre os anos de 1941 e 1978, o ciclo é composto pelos seguintes títulos: Chove nos Campos de Cachoeira (1941); Marajó (1947); Três Casas e um Rio (1958); Belém do Grão Pará (1960); Passagem dos inocentes (1963); Primeira Manhã (1968); Ponte do Galo (1971); Os Habitantes (1976); Chão dos Lobos (1976) e Ribanceira (1978). O intuito do estudo é trazer um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, com base na relação social de personagens, e conhecer, por meio da ficção, a realidade dos menos favorecidos que habitam a região amazônica. No ciclo Extremo Norte, o autor se propôs revelar uma história da Amazônia pelo olhar de seu povo, gente forte e cheia de humanidade. Nove das dez narrativas têm como protagonista Alfredo Coimbra, um mestiço, filho de pai branco e mãe negra que trafega pelas histórias que se entrecortam no enredo. À exceção de Marajó (1947), da qual ele não participa e de Chove nos Campos de Cachoeira (1941), que ele divide o protagonismo com o meio irmão Eutanázio, todas as outras são construídas a partir da perspectiva do olhar desse personagem que inicia menino, por volta dos dez anos e finaliza adulto, por volta dos vinte. No decorrer do ciclo ele se envolve com diversos tipos característicos da pobreza amazônica, e é por esse motivo, inclusive, que o presente trabalho optou por acompanhar a realidade do pobre a partir do olhar diferenciado desse personagem. Alfredo entra em conflito internamente em várias situações pela falta de dinheiro. Dalcídio Jurandir refrata a realidade da carência das coisas em seus romances. Existe a carência de bens e serviços essenciais; a carência de recursos econômicos; bem como a carência social, que trata da exclusão social, que é a impossibilidade de participar da sociedade, evidenciada pela postura preconceituosa em relação ao caboclo do interior do estado. Alfredo se ressente pela falta de dinheiro para ir estudar em Belém, depois que consegue chegar na capital se ressente de precisar morar de favor e está sempre as voltas com a ausência de um suporte financeiro. Essa reclamação repercurte dentro do personagem e reverbera nas obras de Dalcídio Jurandir explicitando também em outros personagens a decorrência da pobreza de diversas situações. Nas narrativas do Extremo Norte, em diversos trechos, as coisas acontecem como se a pobreza desse o tom de tudo, visualizada ao redor e nas elocubrações internas dos personagens. Percebe-se também um processo de exclusão dos menos favorecidos e isso é alimentado por uma fobia: a aporofobia, que é constantemente estimulada, e é a aversão ao indivíduo em condição de pobreza. O estudo teve como metodologia a pesquisa e a análise bibliográfica e teve como referencial teórico obras de estudiosos na linha de teorias de literatura e sociedade como Antonio Candido e Roberto Schwarz, dentre outros; também teve um suporte teórico de pesquisadores da área de literatura da Amazônia, como Marlí Tereza Furtado, Alex Santos Moreira, Regina Barbosa da Costa, Willi Bolle, dentre outros; bem como de estudiosos da realidade social como Fábio Castro, Eugenio Giovenardi, e Adela Cortina, dentre outros. A noção de pobreza que norteará todo o trabalho terá como base os seguintes princípios fundamentais: a noção de subsistência, a questão social, a localização geográfica, as diferenças espaciais e o preconceito.

  • JULIE CHRISTIE DAMASCENO LEAL
  • O CORPO FEMININO E SUA VIA CRUCIS: UMA LEITURA DE CLARICE LINSPECTOR.


  • Data: 23/02/2023
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  • Este trabalho pretende investigar o corpo como questão no livro de contos A Via Crucis do Corpo, de Clarice Lispector, abrangendo, quando possível, também outras obras da autora que possibilitem dialogar com o tema elencado. O objetivo é indagar sobre as esferas de articulação que se estabelecem entre corpo e sociedade, bem como sua interação com o eu e o mundo, partindo das tessituras empregadas pela escritora na construção das figurações do feminino, de tal forma que nos seja possível identificar uma noção de feminino na obra e pensamento clariceano. Para tanto, faremos uma pesquisa bibliográfica, com ênfase na interpretação da obra A Via Crucis do Corpo, de Clarice Lispector em diálogo com a sua época e com pensadores (as) e estudiosos (as) do campo literário e filosófico, dialogando, principalmente, com o pensamento de Nietzsche, no que se refere à noção de corpo como fio condutor da filosofia.

  • FLAVIO JORGE DE SOUSA LEAL
  • OS CONTOS DE HAROLDO MARANHÃO: CORPO E VIOLÊNCIA

  • Data: 15/02/2023
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  • A tese de Doutorado Os Contos de Haroldo Maranhão: Linguagem, Corpo e Violência reflete sobre a seleção feita a partir de 132 (cento e trinta e duas) narrativas de oito livros de contos do paraense Haroldo Maranhão (1927-2004), a saber: “Noite Estranha de Natal”, “Homem Nu em Manaus” e “Moça, Cachorro, Velho”, de A estranha xícara (1968), “Leite em pó da bondade humana”, de Chapéu de três bicos (1975), “Quiquiqui”, “A rede, dona Bibi” e “Vendredi-i”, de Voo de galinha (1978), “A morte de Haroldo Maranhão”, conto homônimo à obra A morte de Haroldo Maranhão (1981), “Mister Callahan”, “Prudêncio Lopes”, “Observações de um gato” e “O inventor”, de Flauta de bambu (1982), “O Senhor e a Senhora Eleutério”, de As peles frias (1983), “Menina-moça”, de Jogos infantis (1986) e “Nas últimas”, “O hotel” e “O negro e as cercanias do negro”, de O Nariz Curvo (2001). Fizemos um exercício hermenêutico, a partir da leitura dos referidos contos de Haroldo Maranhão com base nos elementos constitutivos da narrativa. Para essa etapa do trabalho, lemos os seguintes autores, que se tornaram referências em estudos da narrativa, a exemplo Gérard Genette (2017), Reis e Lopes (2000), Franco Júnior (2003) para discutir o narrador; Samira Nahid de Mesquita (1987), Franco Júnior (2003) para refletir sobre o enredo; Antonio Candido, Beth Brait, E. M. Foster e Franco Júnior para examinar a personagem; Antonio Dimas, Osman Lins, Reis e Lopes, Franco Júnior, para averiguar o espaço; e Gérard Genette, Samira de Mesquita, Benedito Nunes e Franco Júnior para discorrer sobre o tempo. Além de discutir as concepções de linguagem, corpo e violência que atravessam a sua contística, para examinar essas questões nos contos, estudamos os seguintes autores: Mary Del Priori (1987), Antonio Sérgio A. Guimarães (2008), Nilo Odalia (2012), Silvia Federici (2017) e Grada Kilomba (2019). Este estudo propõe contribuir para a formação de referencial teórico acerca da contística de Haroldo Maranhão, tendo em vista que após investigar sua fortuna crítica, percebemos que não existe tese de doutorado que aborde os contos das oito antologias. Após o nosso estudo, é possível afirmar que a contística de Haroldo Maranhão atesta o seu valor estético em razão dos elementos constitutivos de seus contos propiciarem surpresas pelo imprevisto das ações das personagens ou de outros elementos como espaço e tempo, além de travestirem-se de questões relevantes relacionadas à linguagem, à violência e ao corpo humano enquanto uma construção histórica.

  • CAMILA ROBERTA DOS SANTOS BRITO
  • ANÁLISE PERCEPTUAL DA VARIAÇÃO PROSÓDICA NO PORTUGUÊS FALADO EM BELÉM


  • Data: 15/02/2023
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  • O presente trabalho de dissertação de Mestrado tem como objetivo principal a validação das análises acústicas da variedade dialetal do português falado na capital paraense, a partir de um estudo fonético-perceptivo. As investigações perceptuais realizadas neste trabalho correspondem a nova frente de atuação do projeto Atlas Multimídia Prosódico do Espaço Românico – Língua Portuguesa (AMPER-POR), por se tratar de um estudo vinculado ao projeto em questão. Especificamente neste trabalho, o estudo perceptual contribui para estabelecer e identificar as características prosódicas relacionadas aos contornos entoacionais na variedade de Belém, assim como os parâmetros prosódicos pertinentes associados com a oposição entre declarativa e interrogativa total, e das pautas acentuais investigadas. Sendo assim, foram utilizados como estímulos, para a realização dos testes perceptuais, os dados de Belém, extraídos do corpus fixo AMPER, que já contam com a descrição acústica completa. Os resultados acústicos demostraram que a frequência fundamental (f0) mostrou-se um parâmetro determinante na caracterização das distinções dos enunciados declarativos e interrogativos. E ainda, as variações mais importantes ocorrem preferencialmente na sílaba tônica do elemento nuclear do sintagma final do enunciado, sendo este o foco das investigações perceptuais. Estudos mais recentes demonstam que os parâmetros duração e intensidade estão mais associados a discriminação do tipo de pauta acentual. A revisão de literatura direciona-se aos estudos prosódicos da variedade de Belém (BRITO, 2014; CRUZ; BRITO, 2014; CARDOSO; CRUZ; BRITO, 2017; CARDOSO, et al, 2019), bem como aos estudos perceptuais sobre variação Prosodica Dialetal do projeto AMPER-POR (REI, MOUTINHO, COIMBRA, 2014; MILLAN E KLUGE, 2015; NUNES, 2015; CARDOSO, 2020). Esta pesquisa tem como base teórica a Sociofonética (FOULKES, 2006; FOULKES; SCOBBIE; WATT, 2010; VIEIRA, 2017; CARDOSO, 2020), Percepção da Fala (BERTI, 2008; GAZZANIGA; IVRY; MANGUNL, 2006; ROBBINS, 2002; MARRERO, 2001; RUSSO & BEHLAU, 1993) e Dialetologia Perceptual (PRESTON, 1989; BRANDÃO, 1991; BORBA, 1976; CARDOSO, 2010; FERREIRA, 2009). Na metodologia, para a aplicação dos testes perceptuais utilizou-se como suporte a plataforma online Google Forms. Foram selecionados 80 juízes nativos de Belém, levando-se em consideração as variáveis de: sexo (masculino e feminino) e status (experts e naives), referente a escolaridade dos participantes, que neste estudo voltou-se para o nível superior de ensino. Os juízes efetuaram cinco tipos de testes contendo os estímulos tonais. Os testes tratam sobre a identificação dialetal, de
    modalidades entoacionais e reconhecimento da atuação dos parâmetros prosódicos quanto a sua modalidade e ao tipo de acento lexical. O tratamento estatístico foi realizado por meio do modelo não paramétrico Qui-Quadrado (x²) e regressão logística a partir do modelo de Critério de Informação de de Akaike (AIC) com interpretações por meio de stepwise e odds ratio, visto que servem para avaliar e validar quantitativamente a distribuição esperada para o fenômeno e o resultado de um experimento.

  • JOSE VALTEMIR FERREIRA DA SILVA
  • A TRANSCONQUISTA OU A TRANSAMARGURA? A CONSTRUÇÃO DA RODOVIA TRANSAMAZÔNICA (BR 230) EM 1970 E SUAS REPRESENTAÇÕES LITERÁRIAS

  • Data: 09/02/2023
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  • A Tese aborda um conjunto de obras inseridas em uma produção literária sobre a
    Transamazônica (BR-230), ou seja, que tem como tema, espaço e tempo as demandas da
    construção e colonização desta rodovia na Amazônia brasileira na década de 1970, em plena
    ditadura civil-militar. Tem como fundamento a ideia de que não há objeto de cultura que não o
    seja, ao mesmo tempo, também um objeto da barbárie, consoante pensa Walter Benjamin
    (BENJAMIN, 1987b, 2012). Assim sendo, considera que as obras literárias, como produtos que
    são de um tempo, carregam nelas as residualidades da História da qual emergem. Ao se dedicar
    a tematizar um evento que propagou uma conquista da Amazônia, repercutem reminiscências
    de um discurso histórico e hegemônico que, em cada momento, justificou as tentativas de posse
    e exploração da região. Desse modo, o objetivo é fazer a análise de algumas delas, procurando
    refletir acerca dos desdobramentos que os elementos históricos ligados a simbologia da
    conquista assumem. Para o estudo foram selecionadas as obras Tempo de estrada - 20 poemas
    da Transamazônica, organização do Serviço de Documentação do Ministério dos Transportes
    de (1972), Dois Meninos na Transamazônica de Margarida Ottoni (1973), Missão Secreta na
    Transamazônica de Francisco de Assis Brasil (1991), A Ponte Sobre O Tuerê: Drama na
    Abertura da Transamazônica de John Coningham Netto (2000), A Transa Amazônica (1973) e
    a sua segunda versão A Grande Ilusão (a transa-amazônica) de Odette de Barros Mott (1979).
    Verificou-se nesse corpus perspectivas diferentes acerca da ideia da Conquista e,
    consequentemente, da construção e colonização da rodovia. Nesta acepção, questionou-se em
    que medida esta produção literária, que tem obras publicadas em momentos distintos das
    discussões histórico-sociais acerca da Transamazônica, reverbera permanências e
    transformações acerca do imaginário histórico da conquista da Amazônia? Para a consecução
    dessa discussão desenvolveu-se uma “análise arqueológica”, nos termos Walter Benjamin
    (1987a), na busca de investigar as camadas profundas de significação, os supostos fragmentos
    expressos na constituição da literatura, ou inferidos a partir de outros objetos. Nesse sentido,
    além da leitura analítica das obras literárias, foi importante a consulta e a coleta de um conjunto
    de materiais como jornais, revistas, produções audiovisuais (oficiais ou não), cartilhas, selos
    postais, produções musicais, livros produzidos na década de 1970, outras obras literárias que
    somam a discussão, bem como os estudos de Souza (2012), Reis (2014) Todorov (2019), Araújo
    (2013), entre outros. A pesquisa permitiu identificar que as obras literárias selecionadas se
    estruturam e produzem sentidos a partir da vinculação e/ou apropriação a duas categorias
    temáticas/retóricas sobre a rodovia. A Transconquista, em voga no período de construção da

    Transamazônica e que representa uma confluência de discursos preponderantes, hegemônicos,
    e ufanistas sobre a rodovia. E a Transamargura, que após o abandono da estrada, passa propagar
    a amargura dos colonos, motoristas e novos significados a nível nacional. A evidência dessas
    retóricas culmina também com a emergência de novas leituras estético-literária ao imaginário
    concernente a corrida para a exploração e posse do vale amazônico, sendo pertinente tomá-las
    como categoria ou ferramenta analítica para a compreensão de outros textos, discursos ou artes
    envoltas na temática Transamazônica.

  • MESSIAS LISBOA GONCALVES
  • TEMPO, MEMÓRIA E NARRADOR ONTOPOÉTICO EM CENAS DA VIDA DO AMAZONAS, DE INGLÊS DE SOUSA.

  • Data: 26/01/2023
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  • A série Cenas da vida do Amazonas, de Inglês de Sousa (1853-1918), é constituída por uma
    trilogia de romances, a saber: História de um Pescador (1876), O Cacaulista (1876) e O
    Coronel Sangrado (1877). Agarrando-nos nas mãos do narrador ontopoético, que nos guia pela
    linguagem e nos aproxima dos personagens, percebemos que esses personagens se debatem
    com o tempo e com a memória. À vista disso, o objetivo geral da tese é pesquisar as questões
    do tempo e da memória postas em obra pela série Cenas da vida do Amazonas. O nosso método
    de investigação consiste na escuta poética da obra e das questões que nela vigoram, uma vez
    que o exercício crítico de qualquer obra deve discernir as questões de que ela é portadora. Para
    um funcionamento sem prejuízo da dinâmica desta tese, problematizamos e conceituamos
    responsavelmente a escuta poética e o narrador ontopoético. Prioritariamente, os personagensquestão
    José Marques, em História de um Pescador, e Miguel Faria, tanto em O Cacaulista
    quanto em O Coronel Sangrado, veem-se diante do tempo enquanto questão e,
    simultaneamente, sentem a necessidade de se defrontarem com ele. Com efeito, o passado
    caminha com os personagens, e o futuro que ainda não é torna-se a vigência do passado. Por
    conseguinte, esses personagens percebem que o sentido da vida é deixar o tempo ser em
    plenitude, realizar-se enquanto possibilidades. Como a realização se dá realizando-se, é
    impossível mensurar, de antemão, o sentido do tempo. Isto posto, a tese aponta que os
    personagens-questão avançam para além de um tempo controlado pelo relógio e em suas
    travessias enriquecem de significado suas vidas de mãos dadas com o tempo poético, em que o
    ponteiro do relógio da memória aponta em todas as direções – passado, presente e futuro. Para
    realizar este intento, dialogou-se especialmente com Henri Bergson (1859-1941), Martin
    Heidegger (1889-1976), Benedito Nunes (1929-2011) e Manuel Antônio de Castro (1941-) para
    pensar a escuta poética das questões em Cenas da vida do Amazonas.

2022
Descrição
  • ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES
  • CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA E LINHA DO PARQUE: UMA LEITURA DOS EXTREMOS NA OBRA DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 20/12/2022
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  • Dalcídio Jurandir (1909-1979) é pouco lido, publicado e estudado, embora seja autor de importante e complexo ciclo romanesco, constituído por dez obras, publicadas de 1941 a 1978, denominadas, no conjunto, de Ciclo do Extremo-Norte. Publicou também um romance fora desse ciclo: Linha do Parque (1959), que difere muito dos outros dez. Essa diferença se faz notória porque Linha do Parque foi escrito sob encomenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e ambientado no Extremo-Sul do Brasil, principalmente no porto e na periferia da cidade do Rio Grande (RS), romanceando as lutas proletárias em prol de direitos trabalhistas, com a sequência narrativa iniciando em 1895 e findando em 1952; enquanto o Ciclo do Extremo-Norte é ambientado na Amazônia, com a sequência narrativa iniciando nos anos finais da década de 1910 e percorrendo toda a década de 1920, retratando personagens que Jurandir chamou de “aristocracia de pé no chão”, no geral pobres e decaídos. Tratando essa diferença como dicotomia, percebe-se que, se o Ciclo do Extremo-Norte recebeu pouca atenção dos Estudos Literários, Linha do Parque recebeu menos ainda. Mas quase nada se publicou sobre a dicotomia presente na obra de Jurandir. Por isso, propomo-nos discutir os problemas existentes no que diz respeito a essa dicotomia que, vez por outra, possibilita o entendimento, por alguns estudiosos, de que na obra dalcidiana existiriam dois autores e dois ciclos. Haveria, então, o autor Dalcídio Jurandir que escreveu os romances da saga nortista e o ‘outro Dalcídio’, autor do romance proletário − que teria se tornado outro (por um processo heteronímico), para não perder sua identidade e não trair sua consciência social e sua consciência da feitura do texto literário. Por ricochete, então, além do Extremo-Norte, alguns pesquisadores passaram a considerar que Linha do Parque seria uma espécie de exemplar solitário de um ciclo: o Ciclo do Extremo-Sul. Com o intuito de analisar tal problemática, selecionamos, para estudo, dois corpora: além de Linha do Parque, o livro Chove nos campos de Cachoeira (1941), não só por ser este o romance inicial do ciclo, mas também por ser ele o “texto embrião” (denominação dada pelo próprio Jurandir), por conter de forma latente e manifesta todos os temas que iria desenvolver nos demais. Contudo, concluímos que não se trata de buscar, na comparação e no confronto, possibilitados a partir dos dois corpora, um Dalcídio Jurandir diferente, um ‘outro Dalcídio’, mas sim ‘um outro narrador dalcidiano’ que, por suas estratégias narrativas, difere bastante do narrador dos dez romances do Extremo-Norte. O aporte teórico-crítico que norteia esta tese vem de estudos dos seguintes autores: Genette (2017), Todorov (1970), Lukács (1969), Moisés (2004), Reis; Lopes (1988), Candido (1990), Moraes (1994), Nunes, B. (2004), Furtado (2002), Nogueira (1991), Maia (2017),

    entre outros.

  • NATASHA DE QUEIROZ ALMEIDA
  • ENTRE O CONTO E O CANTO: os diálogos entre Tema e Memória em narrativas orais e narrativas cantadas dos Mestres de Carimbó da Amazônia Paraense

  • Orientador : MARIA DO PERPETUO SOCORRO GALVAO SIMOES
  • Data: 06/12/2022
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  • O presente estudo analisa as inter-relações entre o tema e as memórias que tecem as narrativas orais cantadas pelos mestres de Carimbó e narrativas contadas repercutidas no município de Belém do Pará e catalogadas no acervo IFNOPAP- O imaginário das formas narrativas orais populares da Amazônia paraense. Compreendendo-se o tema da narrativa como o conjunto de motivos que se relacionam na teia narrativa para a construção e transmissão de um conteúdo, a memória permeia e alinhava a tessitura da narrativa, ressignificando valores, fortalecendo ideologias e transmitindo conhecimentos plurais. Afinal, quais memórias ainda persistem no imaginário do caboclo amazônico urbano em sua relação com os contos que referem a Belém urbana e ao seu cotidiano? Quais os olhares lançados hoje sobre sua própria experiência, compartilhada tanto nas narrativas orais, quanto nas letras de Carimbó? Quais memórias subjazem às narrativas contadas hoje pelo indivíduo urbano e/ou em ambiente urbano? Como as memórias social e individual se manifestam nas narrativas cantadas e contadas? As narrativas orais contadas selecionadas para o presente artigo foram pré-selecionadas do banco de dados do acervo IFNOPAP e as narrativas cantadas foram catalogadas em pesquisa de campo no município de Belém do Pará, a partir de entrevistas realizadas com 13 intérpretes, sendo destes 8 mestres de Carimbó, a fim de perceber o tanto quanto possível da intensa relação de suas experiências com o ritmo do Carimbó. A partir desta investigação, foram estabelecidos diálogos com as narrativas contadas, cujos temas e memórias ora persistem, ora se interseccionam pelas recriações nas narrativas

  • MELISSA DA COSTA ALENCAR
  • A recepção crítica e a linguagem poética da obra de Olga Savary

  • Orientador : MARIA DE FATIMA DO NASCIMENTO
  • Data: 30/11/2022
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  • Na presente Tese de Doutorado A recepção crítica e a linguagem poética da obra de Olga Savary, estudamos a linguagem poética das treze obras poéticas da escritora paraense Olga Savary (1933-2020), produção literária que é iniciada no ano de 1970 com a publicação do seu primeiro livro Espelho provisório, bem recebido pela crítica literária brasileira. Na sequência vieram Sumidouro (1977), Altaonda (1979), Magma (1982), HaiKais (1986), Linha d’água (1987), Retratos (1989), Rudá (1994), Éden Hades (1994), Morte de Moema (1996), Repertório Selvagem (1998), Berço Esplêndido (2001) e Anima Animalis (2008). Ainda como resultado de nosso estudo trazemos uma leitura interpretativa de vários poemas a partir de uma linha do tempo de publicação. Os poemas selecionados destacam os principais elementos da linguagem poética savaryana, como os aspectos linguísticos, estruturais e temáticos recorrentes nas treze publicações estudadas. Nesses poemas encontramos a relação do exercício poético e da metalinguagem constante na poesia savaryana, entre eles, a dificuldade de nomear, a referência a mitologia greco-romana, o erotismo e o silêncio, bem como uma reflexão acerca do gênero literário oriental, os haicais. Fizemos também um estudo do estado da arte da fortuna crítica das obras de Olga Savary, a exemplo dos prefácios, da circulação crítica de suas obras nos periódicos, dos artigos sobre seus poemas, das produções de dissertações de mestrado e teses de doutorado, assim como dos livros publicados acerca da obra da poeta, tendo em vista que, embora a poeta tenha uma produção relevante para a Literatura Brasileira, existem ainda poucos estudos a respeito de sua obra poética, principalmente, aqui, no Pará, lugar onde nasceu. Assim, pretendemos com a presente pesquisa contribuir para a formação de referencial teórico a respeito dessa importante poeta para a Literatura Brasileira. Centramos nossa metodologia na pesquisa bibliográfica, isto é, na leitura das referidas obras poéticas da autora em apreciação, uma vez que a poeta teve uma atividade literária diversificada e, uma fortuna crítica volumosa. A pesquisa está ancorada especialmente nos seguintes estudiosos: Octávio Paz, Emil Staiger, Hugo Friedrich, Stéphane Mallarmé e Gaston Bachelard.

  • MARIA DA CONCEICAO VASCONCELOS PEREIRA
  • VAMOS FALAR DAS HISTÓRIAS DO POVO APURINÃ/AMU ASÃKIRAWATA PUPŸKARY PIRANA

  • Data: 28/10/2022
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  • A presente tese discorre sobre um elemento cultural que simbolicamente
    testemunha a resistência à vida e à cultura dos povos indígenas dentro do espaço
    seu por direito, mas violado pelo não-indígena, esse elemento é a narrativa oral
    indígena. A proposta utiliza como objeto as narrativas orais apurinã, e por meio de
    uma abordagem qualitativa estrutura-se pelos seguintes objetivos: Geral: Apresentar
    possibilidades de análises das narrativas orais apurinã e o uso de tais narrativas de
    forma ilustrada como ferramenta para o ensino e fortalecimento da língua Apurinã.
    O qual constrói-se a partir dos seguintes objetivos específicos: 1) Selecionar e
    analisar as narrativas que já compõem o banco de dados do Professor Sidney
    Facundes (orientador desta pesquisa) coletadas por ele e por outros pesquisadores
    da língua Apurinã, catalogando-as por construção composicional, conteúdo temático
    e estilo, dentre outras especificidades, na perspectiva dos estudos de Bazerman
    (2005), Biber (1988) Labov e Waletzky (1967), Marcuschi (2001/2008), Travaglia
    (2003/2007) e sob a perspectiva dos estudos de resistência indígena na linha teórica
    de Ginzburg(2008), Agambem(2004/2005/2007), Bourdieu (1983), Bosi (1986) e
    Giroux (1986,1997); 2) Retextualizar narrativas analisadas, de forma ilustrada cujas
    ilustrações sejam criadas pelos membros da comunidade Apurinã; 3) Propor material
    didático com aplicação didática para o ensino e vitalização da língua Apurinã a partir
    da análise e retextualização, em parceria com professores e/ou falantes da língua
    nas comunidades Apurinã. As reflexões suscitadas pelo estudo levam-nos a
    considerar que as narrativas coletivas indígenas veiculam não somente o
    pensamento de uma época, mas também podem reproduzir a história e a língua
    desses povos, estas são seu maior patrimônio e por esse motivo a utilização de tais
    narrativas como ferramenta de estudo de leitura, escrita e oralidade na língua
    tradicional é tão importante. Tais textos de característica principalmente oral podem
    ser analisados de várias formas e à luz de várias teorias como qualquer outra
    narrativa. A proposição como estudo acadêmico caminha na perspectiva dos
    estudos linguísticos, consolidando-se como uma sugestão para o ensino e
    fortalecimento da respectiva Língua 2 (Apurinã) nas comunidades Apurinã.

  • ALESSANDRA DA COSTA CARVALHO
  • EMPRÉSTIMOS LINGUÍSTICOS E OUTROS TIPOS DE NEOLOGIA EM APURINÃ: uma abordagem histórica (interna e externa) da língua

  • Data: 30/08/2022
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  • No presente trabalho, pretende-se realizar uma reflexão teórica de maneira descritiva acerca dos empréstimos linguísticos que ocorrem na língua Apurinã, sobretudo no que se refere à observação das origens do referido fenômeno. Observa-se, assim, que os empréstimos são indispensáveis para ajudar a compreender contatos e relações sócio-históricas vividas por um povo. Os dados da presente pesquisa foram obtidos a partir do levantamento de palavras emprestadas de outras línguas indígenas e do português, atestadas em pesquisas anteriores (FACUNDES 2000, 2002, 2007, 2016, 2019; BRANDÃO, 2011 e LIMA- PADOVANI, 2016, 2020a, 2020b) e organizadas no FLEx (banco de armazenamento de dados), e que ainda não haviam sido analisadas à luz da literatura sobre línguas em contato. As principais questões de pesquisa sobre os empréstimos dizem respeito à sua direção e etimologia, aos processos linguísticos envolvidos e sobre o que essas ocorrências revelam acerca da história dos Apurinã, especialmente em relação ao contato com outros povos e sua contribuição para a formação da língua e do povo. A análise centra-se em discutir a mudança linguística (MARTELOTTA, 2011), que ocorre por meio da neologia por empréstimos (I. ALVES, 1984; M. ALVES, 2013), partindo de algumas premissas da linguística histórica (FARACO, 2006), especialmente sobre línguas em contato, da sociolinguística variacionista (MOLLICA and BRAGA et al., 2006) e cognitiva (SILVA, 2009a; 2009b; 2014; WIEDERMAN, 2014), e Semântica Cultural (FERRAREZI JR, 2018). Constatouse que dentre o corpus selecionado, a maioria das palavras incorporadas do português e ou criadas pertencem ao campo semântico de elementos manufaturados e/ou industrializados, o que demonstra uma ameaça à manutenção da língua de origem, mas também constata que ela se revitaliza no sentido de se adequar por meio do ajuste fonológico, por exemplo, aos novos contextos e desafios.

  • AMANDA GABRIELA DE CASTRO RESQUE
  • GUY DE MAUPASSANT E A PROVÍNCIA DO PARÁ: a prosa ficcional francesa no periódico paraense

  • Data: 30/08/2022
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  • Henri René Guy de Maupassant, ou simplesmente Guy de Maupassant conhecido e
    importante autor francês, nascido em 1850 na região da Normandia, noroeste da França, e
    falecido na cidade de Paris, em 1893. Inserido aos trinta anos no meio jornalístico francês por
    Gustave Flaubert (18821-1880), foi aclamado como o inaugurador do terror psicológico, bem
    como ressaltado como o pai do conto moderno. Dentre os periódicos que publicaram a
    produção assinada por Maupassant, A Província do Pará (1874 -) merece destaque por não
    dedicar apenas espaços à produção ficcional do autor, mas também por propagar seus artigos
    críticos. Jornal político, comercial e noticioso, A Província segue, entre interrupções e
    recomeços, como uma folha de enorme força no cenário jornalístico belenense desde o século
    XIX. O objetivo principal deste trabalho é verificar os contos assinados por Maupassant
    veiculados pela aludida folha entre 1890 e 1900, além de averiguar outras escrituras
    vinculadas ao nome do francês propagadas no periódico em pauta.

  • TALITA BARROSO DA SILVA
  • ENSINO POR COMPETÊNCIAS E AVALIAÇÃO FORMATIVA: DE QUE MANEIRA SE CONCRETIZAM NO LIVRO DIDÁTICO DO ENSINO MÉDIO?

  • Data: 30/08/2022
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  • XXX

  • FRANCIANY CHAVES WARIS
  • ESCRITA ACADÊMICA DE SURDOS: A CONSTITUIÇÃO DOS DISCURSOS SOBRE A SURDEZ

  • Data: 29/08/2022
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  • xxx

  • MARIA DOMINGAS FERREIRA DE SALES
  • LOUCURA, A ESCRITA DE SI NO ESPAÇO DO FORA: UMA ANÁLISE DE VIAGEM A ANDARA, O LIVRO INVISÍVEL DE VICENTE CECIM

  • Data: 22/08/2022
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  • A questão da Amazônia como reduto da exploração capitalista estrangeira tem sido motivo
    plausível para estudos da área das Humanidades, não apenas porque inserido no rol dos
    comportamentos contrários a uma ética das relações humanas, mas também como ameaça
    ecológica de dimensões planetárias. Mais especificamente na área dos estudos literários,
    evidencia-se a pertinência dessas preocupações no espaço do dizer poético ao longo da história
    ocidental, no entanto nem sempre é possível localizar essa queixa sobre tal processo de
    exploração que, retratada por diversos modos e nuances, tem sido muitas vezes incompreendida
    dada a opacidade própria do texto literário ou o dever sagrado da tradição contra as rupturas da
    modernidade. Nesse sentido, a presente tese se destina a pesquisar o tema da loucura na obra
    do escritor paraense Vicente Franz Cecim, filho da Amazônia contemporânea, investigando
    como se constroem as relações de poder entre o sujeito louco e o dominador e/ou como são
    produzidas as verdades do homem no duplo espaço de significação constituído tanto pelo
    contexto interno das fábulas, como pelas possibilidades do texto literário. O corpus selecionado
    para esse enfoque concentra-se no bloco formado pelos sete livros que compõem obra Viagem
    a Andara, o livro invisível, publicada pela Editora Iluminuras (1988), intitulados na mesma
    ordem cronológica em que aparecem nesse volume: A asa e a serpente, Os animais da terra,
    Os jardins e a noite, Terra da sombra e do não, Diante de ti só verás o Atlântico, O sereno e
    As armas submersas. A leitura comparativa entre os textos do conjunto permite perceber a
    presença transversal do tema da loucura, enquanto redimensiona o caráter desviante desse
    processo literário – contorno que tomará como base os estudos propostos por Michel Foucault
    tangentes à temática da loucura e aos conceitos de “subjetividade”, “práticas de si” e “parresia”.
    Somados a essa fundamentação teórica, os conceitos de “linha de fuga” de Deleuze & Guattari
    e o “pensamento do fora” de Maurice Blanchot darão ressalto à dimensão da loucura enquanto
    processo de negação, resistência e reinvenção de si mesmo prevista em Foucault, no intento de
    demonstrar que só o sujeito desviante conseguiria suplantar as ações de repressão e seus
    desdobramentos. Os resultados desse empreendimento acadêmico nos levam à defesa de que a
    loucura, como resistência dos sujeitos no contexto das narrativas, também pode constituir-se
    enquanto forma de subjetivação ou prática de si do próprio fazer literário – uma resposta
    motivada pelo clamor do texto andariano, rebelado frente aos ditames da civilização.

  • RAYNIERE FELIPE ALVARENGA DE SOUSA
  • UMA LEITURA DOS ANARQUIVAMENTOS EM MILTON HATOUM

  • Data: 20/08/2022
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  • YORRANNA SUILAN OLIVEIRA BARBOSA
  • “SOU UMA POETISA CABOCLA” - A construção discursiva da subjetividade de Dona Onete: tensões e resistências no interior do dispositivo colonial

  • Data: 16/08/2022
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  • As páginas que seguem nos próximos capítulos são resultado desses tensionamentos e das curvas que precisei realizar para escapar também das tramas do dispositivo colonial e suas formas de colonização do saber e do ser. A partir das reflexões no Gedai sobre os efeitos da colonialidade/modernidade, a professora Ivânia Neves – referência essencial nesta dissertação – vem trabalhando com a categoria analítica de “dispositivo colonial”, incorporada nesta pesquisa. O conceito de dispositivo colonial alia os estudos de Michel Foucault e as análises dos pensadores decoloniais a respeito da compreensão de que a colonização atua como um grande sistema, que não encerrou suas práticas com a independência das nações (LUGONES, 2014; MIGNOLO, 2003; QUIJANO; 2005). Este sistema continua vivo, por se configurar como um grande dispositivo de produção e controle das subjetividades das populações latinoamericanas, utilizando-se de um conjunto amplo e diverso de mecanismos que respondem pelos estereótipos, estigmas e opressões reproduzidos em nosso cotidiano. Nessas construções discursivas o dispositivo não cessa suas estratégias para manter sua função dominante, fabricando subjetividades e interferindo nos modos de vida dos sujeitos e sujeitas essa dominação não se estabelece sem processos de luta e enfrentamento por parte de quem está na margem, um lugar não apenas de sofrimento, mas de possibilidades e de reação a aos discursos totalizantes (KILOMBA, 2019). É neste espaço de margem como potencialidade que Dona Onete escreve um lugar de enunciação para os saberes subalternos, em um jogo de subjetividades que trapaceiam e que fissuram os contornos dos dispositivos de saber e poder. Neste trabalho, tomo como referência teórico-metodológica a arqueogenealogia baseada na obra de Michel Foucault, sobretudo as definições de dispositivo e história descontínua. Dentro dos estudos decoloniais, adoto a perspectiva interseccional de Lélia Gonzalez para pensarmos as diferentes constituições possíveis de uma mulher latino-americana que contraria a ordem hegemônica. As reflexões de María Lugones (2019), Grada Kilomba (2019), Glória Anzaldúa (2005), Isabelle Pantoja (2018) também são referenciais assumidos, por abordar as dicotomias que forjam o discurso e as práticas da modernidade colonial para definir o padrão global de humanidade dos sujeitos e sujeitas, delimitando quem tem direito ao dizer e como irá dizer. As autoras Carmen Izabel Rodrigues (2006), Debora Magalhães Lima (1999) e Tanina Godoy (2017) ajudaram-me a pensar e compreender as movências históricas e sociais de “caboclo”, enunciado que se emergiu na etapa final da pesquisa a partir das atribuições para si que Dona Onete faz deste termo. Juntamente com as teorizações de José Sena (2021), esta enunciação se apresentou como um exemplo das disputas discursivas pelo qual e com a qual se luta no exercício do poder, como chama atenção a teoria foucaultiana. Na análise dos enunciados produzidos por Dona Onete busquei o caminho de sua escuta, de evidenciar o que ela diz e por que diz dessa forma e não outra, respeitando os termos e apropriações discursivas que ela faz para si como o norte para entender sua constituição como sujeita. Um exercício de saber-poder entre o que dizem os teóricos e suas produções de verdade e o que as enunciações de outras fontes de saber nos ensinam. São enunciados fora dos livros, dos artigos científicos, das páginas dos jornais, pois estão nas letras de músicas, no corpo, nas fotografias, nas conversas e experiências do cotidiano; enunciados também em disputa por serem acolhidos e validados.

  • MARCELO DE OLIVEIRA BAHIA
  • ATIVIDADE DOCENTE DE PROFESSORES INICIANTES DE FRANCÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA ANÁLISE NA INTERFACE DA TEORIA DA COMPLEXIDADE, ERGONOMIA DA ATIVIDADE E ESTUDOS IDENTITÁRIOS

  • Data: 16/08/2022
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  • ELVIS BORGES MACHADO
  • ROSIANIZAR O FRANCÊS: A TRADUÇÃO DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS DE OSEKI-DÉPRÉ

  • Data: 20/07/2022
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  • Este trabalho se propõe examinar a versão francesa do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa, com o objetivo de verificar como a versão de Inês Oseki-Dépré, Premières histoires, traduzida em 1982 e publicada pela editora Métailié, procurou recriar, na língua francesa, a poética da obra rosiana. Guimarães Rosa “alarga as malhas” da língua portuguesa e coloca à prova suas possibilidades, forjando novas palavras e novas expressões com suas particularidades sintáticas e semânticas. Com efeito, a tradução de Guimarães Rosa nos convida a uma reflexão para além das discussões filológicas entre línguas, pois o elaborado trabalho que Guimarães Rosa realiza sobre a língua portuguesa se faz tanto inventivo quanto crítico. Ou seja, o desafio da tradução de Guimarães Rosa não está apenas em reconstituir em outra língua a matéria narrada e descrita, mas compreender que a poética rosiana se faz também como um combate à certas posturas da linguagem. Assim, para compreendermos a dimensão e importância da tradução de Inês Oseki-Dépré, buscamos na obra de Henri Meschonnic um ponto de vista a partir do qual pudéssemos refletir sobre a poética e sobre a tradução também como críticas a uma visão enrijecida da língua. Nesse contexto, a tradução de Oseki-Dépré se faz estratégica para os estudos da tradução, pois ao abandonar a segurança da língua para correr o risco do discurso, a tradução potencializa o teor crítico e imagético do texto rosiano e alarga os horizontes da língua francesa, oferecendo-lhe novas “pulsões vitais”.

  • LARISSA WENDEL DE LIMA SOSINHO
  • ANÁLISE ACÚSTICA DAS VOGAIS ORAIS DO ANAMBÉ (TUPI-GUARANÍ)

  • Data: 15/07/2022
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  • O estudo aqui apresentado trata da descrição de propriedades acústicas das vogais orais da língua indígena Anambé, em posição acentuada e não acentuada. O Anambé é uma língua indígena falada por um povo de mesmo nome, que reside no município de Moju, nordeste do estado do Pará. A referida língua pertence à família Tupi-Guarani (TG), subgrupo V conforme classificação de Rodrigues e Cabral (2002). O objetivo deste trabalho é descrever os parâmetros acústicos das vogais orais do Anambé, a fim de acrescentar conteúdo às descrições já existentes em Julião (1993, 2005), únicos trabalhos de descrição linguística para essa língua. Este estudo possui grande importância, visto o risco que muitas línguas indígenas brasileiras têm de desaparecerem, em especial o Anambé, povo que conta com uma população de 135 indígenas (JULIÃO, 2005, p. 26), sendo apenas 5 falantes da língua originária(JULIÃO, 2005, p. 31).Foram analisadas 215 amostras, divididas em 100 em posição acentuada e 115 em posição não acentuada, em particular na posição pretônica.Os parâmetros acústicos mensurados foram as frequências dos dois primeiros formantes (F1 e F2) e a duração das vogais orais.Os resultados obtidos mostram que há uma grande variabilidade nas zonas acústicas das vogais, especialmente no que concerne à altura das vogais. Os segmentos [a u o] exibem maior variabilidade do que seus pares pretônicos. Em relação à anterioridade/posterioridade da língua, as vogais [ɨ] e [ɔ] são as que mais exibem variação, em comparação com suas correspondentes acentuadas. No que diz respeito à duração, as vogais acentuadas mostraram-se mais longas que as não acentuadas.

  • NATALI NOBREGA DE ABREU
  • ANÁLISE MORFOFONOLÓGICA DOS PREFIXOS PESSOAIS EM NOMES DA LÍNGUA MUNDURUKÚ

  • Data: 14/07/2022
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  • Esta dissertação fornece uma descrição e análise das alomorfias dos prefixos pessoais de posse nominal da língua Mundurukú (Tupí). Esta língua é falada pelo povo de mesmo nome que reside nos estados brasileiros do Amazonas, Pará e Mato Grosso e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é estimado em cerca de 13103 índios. As alternâncias dos prefixos pessoais do Mundurukú foram já estudadas em trabalhos anteriores, como o de Crofts (2004), Picanço (2003) e Gomes (2006). Porém, há algumas divergências na forma como esses autores tratam esses prefixos. Também constatamos a existência de alguns prefixos que não foram anteriormente considerados ou foram considerados como de uso exclusivo de verbos, entretanto, observou-se aqui que alguns deles ocorrem com alguns nomes específicos. O presente trabalho buscou identificar as alternâncias dos prefixos pessoais de posse nominal, bem como classificar essas alomorfias com base nas abordagens teóricas de Harris (1942), Booij (2005) e Haspelmath e Sims (2010). Desta forma, constatou-se que a maior parte das alternâncias encontradas são automáticas, ou seja, têm condicionamento puramente fonológico. Outras alternâncias, porém, são morfofonológicas, ou seja, são condicionadas pelo componente morfológico ou lexical, especialmente a 3a sg/pl que apresenta o maior número de alomorfes.

  • BENJAMIM DA COSTA ARAUJO
  • ESSA TERRA AQUI, ESSE RIO AQUI, KAROSAKAYBU DEIXOU PARA NÓS: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E TERRITÓRIO MUNDURUKU

  • Data: 12/07/2022
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  • O ponto de partida deste projeto de pesquisa está nas narrativas do povo indígena Munduruku do médio Tapajós – envolto em uma história de décadas (quem sabe, séculos!?) de ameaças a seus territórios e a sua cultura –, e em que se pretende investigar as marcas discursivas de resistência nas suas relações interétnicas, podendo-se verificar as particularidades de seus saberes e de sua organização de mundo bem como se perceber a produção de sentidos presentes nestas narrativas mais contemporâneas – sejam orais, do corpo, da ação (autodemarcação de terras) e até escritas. Seja como for, os conhecimentos e o modo de vida da etnia Munduruku seguem uma via de resistência (construindo e sendo construído em suas memórias), e rompendo os silenciamentos de um discurso oficial em nossa sociedade (Estado), através de manifestações de denúncias (os processos de antropização), de contestações (às intenções dos grandes empreendimentos dominantes na região) e de reivindicações de seus direitos diante de uma trágica conjuntura sócio-histórica (construções de barragens, de estações de portos, de estradas etc., como partes de um megaprojeto desenvolvimentista) por que atravessa a vida nas margens do rio Tapajós. Sob a perspectiva do enfoque dos Estudos do Discurso com Michel Foucault (1972; 1996; 2008; 2014) no Brasil, propõe-se verificar a “memória como processo narrativo”, problematizando o passado (as tradicionais narrativas do povo Munduruku) e tornando visíveis os acontecimentos na constituição dos sentidos. Somam-se a esta proposta as contribuições dos estudos de Maurice Halbwachs (2006) acerca da Memória Coletiva e de outros estudiosos comoPollak (1989), Nora (1993), Assmann (2011), no que diz respeito às considerações sobre Memórias, uma vez que as aldeias da etnia Munduruku se veem imersas (afetadas ou deslocadas) no advento do processo da globalização.

  • ALICE SILVA ALVES BRAGA
  • ESTUDOS TERMINOLÓGICOS SOBRE A FLORA APURINÃ

  • Data: 30/06/2022
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  • As comunidades indígenas Apurinã, de maneira geral, situam-se geograficamente em
    diversas subunidades da floresta amazônica, tais como a terra firme, várzea, igarapés ou
    rios. Nas comunidades, o conhecimento acerca da flora se constitui por meio da prática
    da tradição oral do povo, que se reflete na identidade dos Apurinã, cuja língua e cultura
    se encontram ameaçadas no contexto atual. Por isso, o presente estudo tem como objetivo
    contribuir para a documentação da língua e de conhecimentos tradicionais dos Apurinã,
    por meio do levantamento, descrição e análise dos termos da flora, aliando fatores
    linguísticos, botânicos e socioculturais, que englobam as relações diretas entre povo e
    natureza. Assim, foram verificados os fatores que constituem o sistema taxonômico folk
    indígena, comparando-o com a taxonomia vegetal científica, a partir do levantamento e
    análise do domínio da flora, conforme os conceitos da semântica e Berlin (1992). Tais
    abordagens são relevantes para a pesquisa porque valorizam os aspectos linguísticos,
    socioculturais e funcionais dos termos em contexto real de uso, sistematizando um
    conhecimento que pode ser trabalhado nas comunidades como uma das estratégias de
    fortalecimento da língua e do conhecimento das práticas tradicionais dos Apurinã.

  • LUÃ LEAL GOUVEIA
  • O SAGRADO SE REVELANDO EM A PAIXÃO SEGUNDO G. H., DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 29/06/2022
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  • O presente estudo propõe a discussão acerca da manifestação do sagrado, como
    uma chave de leitura, na obra A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector,
    romance publicado em 1964. O debate observa a figura da barata enquanto decisiva
    para a desconstrução da vida organizada de G. H., protagonista do romance de
    Clarice Lispector. Através de uma leitura cuidadosa da obra, pôde-se perceber que o
    romance apresenta algumas aproximações com o mundo do sagrado, isto é,
    observa-se que existem lacunas que configuram como parte do universo do divino.
    Assim, discute o romance de Clarice Lispector e pontua os elementos que compõem
    o sagrado, identificando o contato com a barata como peça dessa atividade, pois é
    somente através do inseto que a protagonista alcançou o clímax da sua existência,
    porque a barata estaria revelando algo da natureza divina. Desse modo, a
    interpretação que essa dissertação propõe é que por G. H. se sentir transformada,
    após uma longa travessia agônica, pela experiência com a barata, analisa-se que
    esse inseto apresenta uma grande força, essa que é encarada como uma
    manifestação do divino, pois, assim como aquele que entra em contato com o
    sagrado não consegue nomeá-lo, do mesmo modo ocorreu com G. H. que, por não
    saber o que viveu, deseja reviver o ocorrido para tentar dar sentido. Desta maneira,
    nossa discussão está baseada nos estudos de Benedito Nunes (1995) acerca do
    ascetismo e itinerário místico da protagonista; Mircea Eliade (2018) sobre suas
    pesquisas em relação ao sagrado; Friedrich Schiller (2015) a respeito do objeto
    Sublime, entre outros estudiosos no intuito de partilhar a discussão acerca da
    revelação do sagrado na obra A paixão segundo G. H. de Clarice Lispector.

  • LUCIANA DE OLIVEIRA ALVES
  • FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA NO ENSINO REMOTO: A ÓTICA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA NO DESENVOLVIMENTO DO AGIR DIDÁTICO

  • Data: 28/06/2022
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  • A presente tese de doutorado trata da formação à prática do docente de línguas-culturas estrangeiras, no âmbito da disciplina Estágio Supervisionado, vista como o espaço ideal para o desenvolvimento de competências profissionais de ensino, pois relaciona atividades específicas ao campo de estágio e atividades reflexivas, no campo da formação. Considera-se que, juntas, aumentam as chances de apropriação, pelos aprendentes, do métier de docente de línguas estrangeiras, em outras palavras do agir didático que precisam desenvolver para realizar, em sala de aula, as ações didático-pedagógicas que ajudem efetivamente seus alunos a aprender. Parte-se da hipótese de que a didatização do agir didático pode ser favorecida, no âmbito da Didática das línguas-culturas (HALTÉ, 1992; PUREN, 1999; DUPLESSIS, 2007), por meio de um dispositivo de formação que leve à apropriação de dimensões desse agir pela prática e pela reflexão sobre essa prática. Para isto, articula-se, do ponto de vista teórico: os aportes da avaliação formativa, enquanto abordagem didático-pedagógica e dispositivo de ação, neste caso, de formação docente (ALLAL, 1989; FERNANDES, 2020); os estudos sobre o agir docente (BUCHETON, 2008; 2019), que discutem as práticas docentes e/ou as interações dinâmicas da sala de aula; as pesquisas sobre os gestos profissionais (JORRO, 2004) e os gestos didáticos (DOLZ; SCHNEUWLY, 2009) do professor de línguas, bem como sobre os gestos do formador (PANA-MARTIN, 2015; GAGNON; DOLZ, 2018), que fornecem modelos e análises fundamentais para a compreensão do exercício da docência; os princípios e aparatos conceituais e metodológicos da Ergonomia da Atividade (SAUJAT, 2004a; AMIGUES, 2004, 2009) e da Clínica da Atividade (CLOT, 1999, 2010), que buscam ressituar o ensino como atividade profissional; e as pesquisas sobre a prática na formação docente e a profissionalização do ensino, especialmente no que diz respeito à reflexividade do professor (SCHÖN, 1983; PERRENOUD, 2001b; ALTET, 2010). O objetivo geral desta tese é contribuir para a elaboração de um modelo de didatização do agir didático, adotando a avaliação formativa como dispositivo de formação (SOUZA E SILVA, 2022) na formação inicial do professor de línguas estrangeiras, no âmbito da disciplina de Estágio supervisionado. Para isso, realizou-se uma pesquisa qualitativa, de tipo colaborativa (VINATIER; MORRISSETTE, 2015; DESGAGNÉ, 2001; MOTTIER-LOPEZ, 2020), em diálogo com o princípio metodológico de alternância na formação (PERRENOUD, 2001b; ALTET, 2010). A pesquisa foi desenvolvida totalmente na modalidade remota, no âmbito da disciplina Estágio supervisionado 1, do curso de LetrasFrancês da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Pará, contando com um total de três participantes: uma professora-formadora, a pesquisadoracolaboradora e uma estagiária. Chegou-se à conclusão de que o dispositivo proposto, graças ao duplo movimento, por um lado, de observação, análise e regulação que caracteriza a avaliação formativa e, por outro, de reflexividade e focalização nos gestos didáticos (SCHNEUWLY, 2009), favoreceu fortemente a didatização do agir didático – objeto de formação – e permitiu assim a apropriação da perspectiva didática na formação dos professores de Francês Língua Estrangeira envolvidos.

  • ROSANE DA COSTA MONTEIRO
  • PARA ONDE FORAM OS ADJETIVOS EM IKPENG? Estudo tipológico-comparativo das palavras descritivas em línguas da família Karib

  • Data: 27/05/2022
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  • SUELLEN MONTEIRO BATISTA
  • CRIMES E CRIMINOSOS NA AMAZÔNIA DOS ROMANCES DE EDYR AUGUSTO

  • Data: 25/05/2022
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  • Este estudo tem como foco a análise da trama criminal nos romances Os éguas (1998), Moscow (2001), Casa de caba (2004), Selva concreta (2012), Pssica (2015) e Belhell (2019), de Edyr Augusto. Tais romances são ambientados na Amazônia e trazem crimes como elementos catalizadores dos enredos. Parte-se da hipótese que a formulação dos crimes e dos criminosos, categorias centrais na obra do autor, reitera e reformula elementos composicionais e temáticos de certa tradição ficcional que tematiza a criminalidade, que precede o surgimento do romance policial clássico, centrado no processo investigativo e no tripé-crime-criminoso-detetive. Tal tradição se caracteriza por trazer em seu bojo os meandros do crime e por possibilitar entrever as dinâmicas sociais em dadas sociedades. A análise proposta permite discutir a representação simbólica da Amazônia sob a óptica da violência comumente associada aos grandes centros urbanos, partindo de um diálogo com certas tradições de representação do crime. Busca-se com essa pesquisa contribuir para a fortuna crítica do autor e para os estudos sobre a ficção criminal no Brasil. Para tanto, o presente estudo está organizado em duas partes: (I) aspectos históricos da inserção do mundo do crime em textos ficcionais e não ficcionais (II) a análise das narrativas no que diz respeito à relação dos romances com a imprensa periódica, a construção do espaço e a natureza e a caracterização dos crimes e criminosos nos romances.

  • KARINA FIGUEIREDO GAYA
  • APLICATIVO MÓVEL GAMIFICADO JÊNSINO: UMA PROPOSTA PARA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PARKATÊJÊ

  • Data: 09/05/2022
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  • A presente Tese tem por objetivo principal apresentar uma proposta para desenvolver um aplicativo móvel, denominado Jênsino, com atividades gamificadas, para motivar e auxiliar a aprendizagem de língua Parkatêjê, comunidade indígena localizada na Terra Indígena Mãe Maria, à altura do quilometro 30 da rodovia BR-222, no município Bom Jesus do Tocantins, no estado do Pará. Para discorrer sobre o povo, a língua e a cultura me apoiei nos estudos desenvolvidos por Ferreira (2003) e Araújo (1977, 1989, 2016). Os pressupostos teórico-metodológicos que embasam esse estudo encontram-se norteados nas áreas de conhecimento da revitalização de línguas à luz dos estudos propostos por Fishman (1991), Tsunoda (2006), Maher (2013), entre outros. No campo de estudo relacionado às políticas linguísticas as discussões são ancoradas nas reflexões propostas por Calvet (2007), Oliveira (2009), Lagares (2018), entre outros. Adiante, para fundamentar os aspectos relacionados à aprendizagem de línguas são de relevância essencial as teorias propostas por autores como Chomsky (1965), Morato (2005), Cardona (2006), Spinassé (2006), entre outros. No que diz respeito à área da tecnologia este estudo desmembra este tema desde ciber espaço e cibercultura, cultura digital até jogos e gamificação orientados por estudiosos como Lévy (1999), Prensky (2001), Santaella (2003), Buzato (2006), McGonigal (2012), entre outros. A elaboração da proposta do aplicativo móvel para auxiliar na aprendizagem de língua Parkatêjê promove um diálogo frutífero entre a área da linguística e área do designe. Este estudo caracteriza-se inicialmente com uma pesquisa de caráter qualitativo-descritivo de natureza aplicada à luz das teorias propostas por Gil (2008), Lowdermilk (2013), além de outros. O programa utilizado para criar a interface do protótipo foi o Adobe XD. Para alcançar os objetivos estabelecidos a metodologia foi pensada de acordo com a necessidade da pesquisa. Este trabalho justifica-se pela importância da revitalização da língua Parkatêjê que corre risco de extinção em decorrência da situação em que a língua se encontra — obsolescência — status linguístico identificado pelo sistema EGIDS. A aprendizagem da língua pela comunidade apresenta um caráter de urgência e necessita de ações relevantes que contribuam para o fortalecimento da língua e da cultura do povo Parkatêjê, por isso a elaboração da proposta do aplicativo móvel gamificado, denominado Jênsino, para auxiliar e motivar a aprendizagem da língua pela comunidade. Espera-se que o resultado desta Tese possa inspirar e motivar pesquisas futuras e outros grupos linguísticos a utilizarem ferramentas e/ou artefatos tecnológicos a seu favor e favor da preservação de sua língua e cultura.

  • TASSIANE ANDREZA DAMIAO DOS SANTOS
  • O romance de sensação inglês no Brasil Oitocentista: Um estudo sobre Um Crime Misterioso de Mary Elizabeth Braddon


  • Data: 29/04/2022
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  • A Era Vitoriana (1837 – 1901) foi um período de contrastes, pois em meio a essa sociedade
    conservadora surge um gênero literário que tem como base escândalos envolvendo
    principalmente a burguesia. O romance de sensação surgiu no final de 1859 com o início da
    serialização de The Woman in White de Wilkie Collins (1824 – 1889). East Lyme, na autoria de
    Ellen Wood (1814 – 1887), e Lady Audley’s Secret, de Mary Elizabeth Braddon (1835 – 1915),
    foram os outros dois romances que fundaram definitivamente um dos gêneros mais polêmicos
    do século XIX. Autora de mais de cinquenta romances, Mary Braddon foi uma das rainhas da
    sensação, colocando em suas narrativas temas controversos como bigamia, crimes passionais,
    dupla personalidade e a figura detetivesca. Trataremos então sobre o surgimento desse gênero;
    de sua relação com os periódicos; da recepção da autora em Belém no século XIX, além de
    análise de um de seus romances, intitulado Um Crime Misterioso que se trata de uma tradução
    portuguesa de 1879 de Henry Dunbar; the story of an outcast publicado originalmente em 1864.

  • KEURY NAIANE DE SOUZA BARBOSA
  • PAISAGEM: A CONSTRUÇÃO DO NOVO MUNDO EM TERRA NOSTRA DE CARLOS FUENTES

  • Data: 29/04/2022
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  • O texto cronístico construiu a paisagem do Novo Mundo, de acordo com os modelos europeus, resultando em uma imagem cheia de inferioridade, por exemplo, no que se refere às culturas, distinguindo-as entre “civilizada” e “selvagem”. Por sua vez, o romance histórico hispano-americano interpretou a história de acordo com as motivações e intenções de cada época e deflagrou uma perspectiva ideológica que buscava legitimidade e a criação de uma identidade nacional. Na busca por compreender a história americana para além da história “oficial”, contada pelo cronista, é que este trabalho objetiva pesquisar a construção da paisagem do Novo Mundo em Terra Nostra (1975) de Carlos Fuentes. A escolha do romance de Carlos Fuentes justifica-se, entre outras coisas, por apresentar a construção da paisagem do deste espaço dentro de uma perspectiva que se desdobra na formação da identidade hispano-americana. Para isso, desenvolveram-se estudos bibliográficos sobre os temas, utilizando-se autores como: Trevisan (2008) Guillén (1993), Collot (2013), Pellegrini (2013), Menton (1993), O’gorman (1992) e outros. A busca por uma identidade moveu os romancistas históricos a refletirem sobre a paisagem americana tendo como base, entre outros textos, o cronístico. O romance de Carlos Fuentes lançou um olhar crítico para a história e traduziu para a literatura o processo do encontro entre culturas. Então, o resultado deste trabalho buscou compreender a construção da paisagem na obra que se revelou um mosaico incrustado por questões essenciais que partiram da idealização do Novo Mundo pelo europeu, até o processo de formação da identidade americana.

  • ELZIO QUARESMA FERREIRA FILHO
  • POESIA E LIBERDADE: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DE MANUEL BANDEIRA

  • Data: 28/04/2022
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  • O presente trabalho tem como objetivo pesquisar como a poesia de Manuel Bandeira desenvolve-se como um lirismo de libertação, no qual a liberdade não surge como um conceito formulado, mas, sim, como um dom que antecede qualquer uma de nossas ações, que nos confere tanto a dádiva de decidir quanto a responsabilidade pelo decidido. Dessa forma, a pesquisa almeja demonstrar como essa obra, ao tornar-se um espaço para o livre pensar, possibilita que a liberdade desdobre-se de modo surpreendente a cada poema, conduzindo-nos às mais diversas formas e temas, com a naturalidade que somente uma poética firmada no solo da autentica liberdade pode alcançar. Nesse sentido, por meio de uma abordagem fenomenológica, inspirada nos escritos de Martin Heidegger sobre a arte, especialmente, acerca da poesia, o nosso percurso interpretativo privilegiará a escuta dos poemas interpretados, em diálogo com autores como Octavio Paz, Michel de Montaigne, Sêneca, etc. Pretendemos, assim, compreender a questão liberdade evitando os conceitos que lhe são impostos comumente para, humildemente, vislumbrá-la como o dom que nos lança à interpretação da realidade e de nós mesmos perante a vida e a finitude.

  • MARCOS DA SILVA CRUZ
  • CORPO, VIRILIDADE E DESEJO: O ETHOS DISCURSIVO DE MASCULINIDADE EM ANÚNCIOS DE GAROTOS DE PROGRAMA NO GRINDR

  • Data: 20/04/2022
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  • A virilidade estrutura diferentes práticas sociais, imprimindo formas para os sujeitos interagirem no mundo e categorizando seus corpos como desejáveis ou abjetos. Uma forma de materialização é a prostituição masculina em aplicativos digitais. É por meio da corporeidade que os garotos de programa intentam a impressão de uma imagem de virilidade como condição de desejabilidade por parte dos clientes-em-potencial, em um exercício que descortina as lógicas de poder e resistência sobre prostituição, virilidade, relações homoeróticas e das práticas linguageiras em ambientes digitais. Nesse sentido, objetivamos compreender os modos de constituição do ethos discursivo de virilidade nos perfis dos garotos de programa no Grindr, interpretando os modos de perfilação dos
    corpos por meio dos enunciados constituintes da subjetividade viril. Para isso, empreendemos a elaboração de uma cenografia digital que inicia com a problematização da noção de ethos, reiterando sua natureza discursiva como in(corpo)ração (MAINGUENEAU, 1993; 2008a; 2008b; 2010; 2016; 2017; 2018; 2020), a fim de enfatizar a necessidade de rastreamento das instâncias discursivas que contornam a imagem de virilidade hegemônica a partir de uma perspectiva interseccional (AKOTIRENE, 2020). Cada capítulo visou analisar uma faceta dos modos de concretização da virilidade, desde sua realização nas ruas e nas saunas, descortinando o jogo de imposições e movências enunciativas sobre os traços interseccionais que compõem a virilidade. Na tentativa de acesso às práticas tecnodicursivas da prostituição (PAVEAU, 2012; 2013; 2015a; 2015b; 2016; 2021), analisamos como os corpos dos garotos de programa são perfilados por múltiplos enunciados sobre os traços interseccionais no processo de constituição dos perfis, pressionando-os para a realização de uma forma de identificação de si e configuração das práticas desejantes. Por último, interpretamos o regime negociado dos enunciados sobre virilidade a partir de um conjunto de 25 perfis de garotos de programa, organizando-os em três regiões discursivas simultâneas de realização. Concluímos que o ethos de virilidade se concretiza mediante um processo de volatilidade enunciativo-discursivos dos traços interseccionais, que se desdobra na constante movimentação e articulação dos enunciados em torno da reinscrição e reinvenção das masculinidades.

  • ALESSANDRA MONTEIRO CHAGAS CAMPELO
  • NEUROEDUCAÇÃO E AUTISMO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA MATERNA

  • Orientador : ISABEL CRISTINA FRANÇA DOS SANTOS
  • Data: 08/04/2022
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  • A pesquisa faz um levantamento com docentes de língua portuguesa da educação básica (Anos finais do Ensino Fundamental) pautada na perspectiva dialógica de Bakthin e seu Círculo sobre o trabalho desenvolvido com alunos autistas a partir da neuroeducação, assim como o conhecimento dos docentes acerca desta deficiência e deste campo interdisciplinar. Tem como objetivo dialogar e refletir com os professores por intermédio de minicursos sobre o autismo e a neuroeducação, assim como contribuir com sugestões de propostas-didáticos pedagógicas, avaliando quais ações poderão ser consideradas para o desenvolvimento da linguagem dos alunos autistas. A pesquisa teve como lócus o ambiente virtual, pelo fato de ter sido realizada em uma crise sanitária mundial, decretada pela OMS no ano de 2020 e que se estendeu ao Brasil em meados de março, a qual ocasionou os encontros virtuais mediante plataformas. Nossa pesquisa tem embasamento nos estudos desenvolvidos por Bakhtin (2016 [1895-1975]), Volóchinov (2017[1835-1936]), Rodrigues (2006; 2019) Ohuschi, Rosa (2009), Sobral, Giacomelli (2018), Dias (2019); Geraldi (2006 e 2013), Relvas (2015, 2012 e 2018) e Rojo (2015). Há necessidade de diálogo com os documentos como a Declaração de Salamanca (1994), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que institui o estatuto da pessoa com autismo no Pará. A pesquisa-observação participante (THIOLLENT, 2001) de natureza aplicada envolveu docentes dos anos finais, do ensino fundamental. Almeja-se que os estudos possibilitem meios de ensino-aprendizagem mais inclusivos aos docentes no que concerne atividades de língua portuguesa para alunos autistas em classes regulares.

  • JAQUELINE DE ANDRADE REIS
  • LÉXICO DA FAUNA PARKATÊJÊ: UMA PROPOSTA DE DICIONÁRIO

  • Data: 31/03/2022
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  • A presente Tese de Doutorado tem por objetivo principal elaborar uma proposta de dicionário do léxico da fauna dos Parkatêjê, comunidade indígena localizada na Terra Indígena Mãe Maria, à altura do quilômetro 30 da rodovia BR-222, no município Bom Jesus do Tocantins, no Estado do Pará. Os pressupostos teórico-metodológicos que a sustentam encontram-se ancorados na Lexicologia e na Lexicografia à luz dos estudos propostos por Faulstich (2001, 2007, 2010a, 2010b, 2011, 2012, 2014) e Biderman (1996, 1998, 2001, 2006), entre outros autores. Além disso, esta Tese analisa e descreve as unidades lexicais da fauna Parkatêjê no que diz respeito aos aspectos morfossintáticos e semânticos com o propósito de compreender como ocorre o processo de formação de nomes de animais de acordo com o contexto linguístico e sociocultural da língua Parkatêjê. As questões relacionadas aos aspectos morfossintáticos, à descrição e à análise, estão fundamentadas em Araújo (1989,1977, 2016), Ferreira (2003, 2010, 2011), e Diniz (2010). No tocante aos aspectos semânticos, os dados foram descritos, principalmente, com base em Lakoff e Jhonson (1997, 1980, 2000, 2001), Jhonson (1987), Ferrari (2014), FerrareziJr., (2010, 2012, 2013, 2019), Cruse (1996, 2000, 2001), Berlin (1992), Köpcke e Zubin (1986). A produção do dicionário contou com a participação dos colaboradores em todas as etapas realizadas para construir a obra lexicográfica aqui proposta. Os dados foram coletados por meio de entrevistas e foram organizados e tratados no Fieldworks Language Explorer (FLEx) cuja função possibilitou formar um banco de dados digital do léxico da fauna Parkatêjê. Outro programa computacional utilizado foi o Lexique Pro para gerar o dicionário em sua versão impressa. O dicionário, produto deste estudo, apresenta 718 entradas, organizadas em ordem alfabética e acompanhadas por algumas ilustrações para auxiliar a compreensão dos significados das informações dos verbetes. Como resultado, o trabalho revelou as estratégias de taxonomia cultural utilizadas pelos referidos indígenas para nomear os animais da fauna local, bem como apontou dez categorizações culturais fornecidas por esse povo com base nos recursos da língua, nos aspectos socioculturais, pragmáticos e na visão de mundo particular das coisas que os cercam. A intensão é contribuir para o fortalecimento e preservação da língua Parkatêjê, que corre risco de extinção, bem como servir de base para a elaboração de outros materiais didáticos que auxiliem os professores e alunos no ensino e aprendizagem da referida língua indígena, e também de exemplo para descrição de outras línguas.

  • ROSALINA ALBUQUERQUE HENRIQUE
  • NO RESFLOR DA IDADE: A VELHICE E EM CORPO DE BAILE

  • Data: 28/02/2022
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  • Nesta tese, propõe-se uma discussão em torno das figurações da velhice com base nas narrativas das personagens de Corpo de baile (1956), Camilo, Cara-de-Bronze, Liodoro, Manuelzão e Rosalina, escritas por Guimarães Rosa (1908-1967), cujas estórias nos fazem discutir acerca da condição humana deles que permanece ainda inacabada ao ser assinalado a evocação do seguinte discurso: o de que a atual condição de velho não os destina ao nada. Em oposição a isso, continuam a alimentar sentimentos, desejos e projetos. Ao se destacar a importância da produção literária de Guimarães Rosa para o cenário da literatura brasileira, assinala-se-ão  algumas considerações sobre a velhice (de ontem à terceira idade de hoje) e sua correlação com a morte. O trabalho está alicerçado em pesquisas de caráter bibliográfico, como as de Beauvoir (2018), Ariès (2014), Elias (2001), Bosi (1994), Bolsanello, A.; Bolsanello, M. (1981), Kübler-Ross (1981, 1996), Debert (1988, 1999) e Cícero (2006, 2011), e, além de algyma produções críticas de estudioso das obras rosianas: Rónai (2020), Oliveira; Schröder (2020), Salles (2020), Leonel; Nascimento (2018), Fantini (2008), Zilberman (2007), Xisto (1991), Brasil (1969), Ramos (1968), Candido (1964), Lins (1963), Secco (1994, 2003), Marins (1996, 2001),  Passos (2000, 2007), Roncari (2007, 2008), Atroch (2013, 2017), Marchelli (20165, 2018), Nunes (1957, 1998, 2000, 2009) e Vasconcelos (1996, 1997, 1998). O escopo teórico é o da Estética da recepção, proposto por Jauss (1994, 1982, 2002) por meio de uma hermenêutica centrada no leitor com base em Gadamer  (2002), na qual o interesse primordial reside na maneira como a obra de arte deveria ser recebida, levando em conta a relação entre texto e leitor ou ainda entre efeito e recepção, sem perder de vista a importância do valor e da experiência estética da obra recebida e para quem está destinada, assumindo-se, nesse sentido, uma nova postura para o leitor em que a obra literária só existe quando é motivada por este sujeito, fulcral tanto para o conhecimento estético quanto histórico. Por último, baseado no método estético-recepcional serão estabelecidas discussões pertinentes à velhice em Corpo de baile, sem que deixe de lado a relação do indivíduo com o tempo, o mundo e com a sua própria história. 
     
  • JOAO JAIRO MORAES VANSILER
  • LUTAR COM O VERBO NUNCA FOI APENAS LAMENTO A POESIA ELEGÍACA DE PAULO PLÍNIO ABREU

  • Data: 25/02/2022
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  • A presente tese visa analisar a obra do poeta paraense Paulo Plínio Abreu (1921-1959). Tal obra foi desenvolvida nas décadas de 1940 e 1950, quando o poeta publicou poemas e traduções em revistas e jornais locais da época, a saber, as revistas Terra Imatura, Novidade, Encontro e Norte, e os jornais O Estado do Pará e Folha do Norte. Essa produção literária ganhou forma de livro, quando da edição e publicação em 1978, por iniciativa de Francisco Paulo Mendes (1910-1999), cerca de 20 anos após a morte precoce do poeta. O editor nomeou o livro de Poesia (1978/2008), constituindo um volume que contém o material poético publicado na imprensa supracitada, poemas e fragmentos destes, além da tradução inédita de uma das principais obras poéticas em língua alemão do século XX, As Elegias de Duíno, do poeta austríaco Rainer Maria Rilke (1875-1926). Objetivamos investigar os rastros dessa produtividade literária, de modo a pôr em evidência os fatores de fragmentação e inacabamento de um projeto literário deixado em aberto por força da morte inesperada do poeta. Tal condição da obra recebeu um tratamento editorial decisivo que fez com que ela não caísse no esquecimento, mas também a suplementou com investimentos editoriais que impactaram a sua composição final. Essa problemática em torno da sedimentação da obra em livro, faze com que houvesse um inevitável questionamento dos lugares comuns da obra literária, como o autor, a obra e o leitor. Esse questionamento é possível mediante a condição de possibilidade encontrada nos aportes teórico-metodológicos levantados, tais como (ANTELO, 2016), (ISER, 1996), (ECO, 1991), (FOUCAULT, 2001), (CHARTIER, 1999), (BARTHES, 2004), (GENETTE, 2009) e fundamentalmente, (BENJAMIN, 2018), no tocante ao seu estudo sobre o conceito de crítica de arte, dentre outros, que emolduram o quadro geral da nossa argumentação e balizam as nossas análises, as quais se distribuem em três seções principais. Nelas, discutiremos o itinerário percorrido pelos poemas e traduções, dando importância para o Zeitgeist que marcou a identidade “melancólica” da obra, para em seguida entender o objeto que se forjou como livro Poesia, lido por muitas gerações de leitores. Desse modo, esta tese pretende ser mais um instrumento, a se somar aos demais que elucidam a compreensão da obra deste poeta.

  • HADSON JOSE GOMES DE SOUSA
  • DRAMÁTICAS DOS USOS DO CORPO-SI E A CONSTITUIÇÃO IDENTITÁRIA NO TRABALHO DOCENTE

  • Data: 22/02/2022
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  • Em face ao insistente cenário de políticas de pauperização, de silenciamento e de instituição identitária impostas ao(à)s trabalhadore(a)s docentes, objetivo, irrestritamente, com este textotese, descrever, analisar e interpretar o obscurecido agir linguageiro no trabalho de professore(a)s, que considero uma atividade constitutiva com a/sobre a e da linguagem, igualmente. Por essa razão, na interface linguagem (Análise do Discurso) e trabalho (Ergologia), proponho, contradiscursivamente, reconhecer e problematizar processos de constituição identitária pessoal-professoral, nas singularidades das Situações de Trabalho. Nesse sentido, não poderia deixar de refletir/discutir sobre o estatuto da linguagem como atividade em que a Situação de Trabalho, a atividade de trabalho, a atividade de pesquisa, o(a)s sujeito(a)s, a(s) identidade(s) e a própria linguagem estão em constituição. Mais ainda por tratar-se de um contexto de trabalho em que diferentes linguagens são, conjuntamente, o principal vetor de inter-ações, de condição de produtividade e atividade de produção, de saberes laborais, de experiências, sempre em conexão com saberes alheios, memórias no/do trabalho. Para tal empreitada, realizei uma pesquisa de campo e documental e, na constituição da coleção de textos-base para as análises, iniciei ouvindo individualmente o(a)s docentes, as histórias de vida pessoais-professorais. As conversas revelaram um contexto em que parecia imperar, mesmo que no magistério público/estatal, uma ordem capitalística imposta: organização fractalizadora do coletivo do/no trabalho. Elas direcionaram-me, outrossim, a um conjunto de normas antecipadoras do Trabalho Docente (leis, diretrizes, pareceres, Instruções Normativas etc.), documentos que, historicamente, produzem discursos que atualizam, inoculam e validam sentido(s) sobre esse trabalho. Nesses textos, percebi que essa organização macrogestora heterodeterminada estabelece, também, uma divisão social do trabalho que não possibilita espaço/lugar para a linguagem produzida no/sobre o trabalho, pelo(a)s próprio(a)s sujeito(a)s em atividade. Como consequência, essa organização e divisão do trabalho visa instituir, contraditória e obliquamente, no magistério público, uma identidade proletária. Essa Prática Discursiva conduziu-me na busca pela identidade narrativa/coletiva silenciada, reificada no ofício de linguagem, e pelos possíveis elos que poderiam re-atar o coletivo no/do trabalho. Uma vez que a atividade concebida enquanto dramática de usos do corpo-si, de si por si e de si por outro(a)s, não é nunca totalmente presumível. O que escapa, pois, revela os movimentos microgestionários do(a)s sujeito(a)s responsáveis pelas atividades na cotidianidade, a autogestão dos devires, a organização viva do trabalho. Constato, por fim, que na Situação de Trabalho que investigo, o(a)s docentes re-criam um lugar, momentos de intervalo, gênero do discurso inoficial no âmbito do funcionamento da instituição escolar, para a produção de linguagem no/sobre o trabalho. Nesse sentido, num movimento de r-existência, inscrevem-se de modo outro no sistema de lugares dados/impostos, oficiosos, constituindo, com base em debates de valores, uma Prática Discursiva própria da atividade docente em se fazendo. Assim, nesse movimento, produzem re-normalizações e re-escrevem a história com suas deixis discursivas, Deixis Escolar/coletiva, no aqui agora, ao enfrentar o que se configura como entrave na atividade.

  • TEREZA TAYNA COUTINHO LOPES
  • TOPONÍMIA PARKATÊJÊ (TIMBIRA): UM ESTUDO SOBRE OS NOMES PRÓPRIOS DE LUGAR

  • Data: 22/02/2022
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  • A presente tese mergulha no universo linguístico, histórico e cultural da onomástica dos grupos étnicos Parkatêjê, Kỳikatêjê e Akrãtikatêjê, por meio do registro, da descrição e da análise dos topônimos conhecidos e utilizados por falantes nativos da língua Parkatêjê. Os grupos em questão habitam atualmente a área denominada Terra Indígena Mãe Maria (TIMM), às proximidades do município de Marabá-PA. O objetivo principal do presente trabalho é a realização de um estudo que discuta aspectos morfossintáticos, semânticos e motivacionais dos nomes próprios de lugares na língua Parkatêjê. Além disso, na realização do presente estudo foi pensada a proposta de um Glossário Toponímico Parkatêjê para documentar os nomes próprios de lugares em um material que futuramente possa auxiliar na produção de outros estudos e em iniciativas de ensino-aprendizagem da língua Parkatêjê. Inicialmente apresentouse, sob o ponto de vista histórico e antropológico, um pouco da trajetória territorial dos povos Parkatêjê, Kỳikatêjê e Akrãtikatêjê. Em seguida, foram abordados teoricamente alguns dos campos de estudos pertinentes ao presente trabalho, a saber, as Ciências do Léxico, a Onomástica e a Toponímia, a partir da leitura de autores como Dick (1990, 1992, 1999, 2003, 2004 etc.), Untermann (1992), Cabré (1992), Sousa (2019), entre outros. A metodologia do trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica e pesquisa etnográfica com coleta de dados em área indígena. Dentre o campo semântico macro da pesquisa, que são os nomes próprios de lugar, o corpus foi dividido, conforme a metodologia dos estudos toponímicos, em dois grandes grupos: elementos geográficos físicos – ‘rios/igarapés/córrego’– e elementos geográficos humanos – subdivididos em ‘aldeias velhas’, ‘aldeias novas’, ‘caminhos’, ‘acampamentos’ e ‘cidades’. Tais subgrupos nortearam a aplicação das fichas lexicográfico-toponímicas, adaptadas da proposta de Dick para o contexto da pesquisa. Os dados obtidos por meio da aplicação das referidas fichas, foram posteriormente inseridos e organizados no software FLEx (Fieldworks Language Explore versão 8.2.8) para constituição do banco de dados digital e em seguida transferidos para o software Lexique Pro, que possibilitou a elaboração do glossário de topônimos. A partir disso, foram analisados aspectos linguísticos apresentados na estrutura morfossintática e semântica dos dados. Após o levantamento e a divisão do corpus de pesquisa em elementos geográficos físicos e humanos, procedeu-se a classificação taxionômica dos topônimos com base em Dick (1992). A classificação foi realizada levando em consideração principalmente a descrição apresentada pelos indígenas para explicar a motivação envolvida no ato da nomeação. Percebeu-se que o conteúdo observado nos dados toponímicos está carregado de visões de mundo do homem indígena individual, mas também coletivo, relativo ao grupo ao qual pertence, revelando traços de sua história, de sua paisagem cultural e física, de seus valores, entre outros. Por fim, foram apresentadas a organização e a estrutura do Glossário Toponímico Parkatêjê, produto deste estudo, seguidas das considerações finais.

  • ETHIENE CARDOSO DA SILVA
  • MULTILETRAMENTOS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EJA

  • Data: 21/02/2022
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  • A presente pesquisa discute o trabalho no ensino da Língua Portuguesa com o gênero discursivo notícia on-line na perspectiva da Pedagogia dos Multiletramentos, e tem por objetivo a criação de propostas, a partir do referido gênero, como possibilidades de ampliação da proficiência em leitura e escrita dos alunos da EJA. Os sujeitos são professores de Língua que atuam na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os estudos mobilizados se pautam nas pesquisas de Bakhtin(2003 [1979]), Bakhtin;Volochínov 2009[1929]), Ohuschi (2018), Menegassi (2010) e Rojo (2019, 2015, 2013, 2012). A pesquisa é de base aplicada e envolve a abordagem qualitativa a partir da Pesquisa-ação (THIOLLENT, 2001). Dialoga-se com as orientações da proposta de Lopes- Rossi (2008) quanto ao projeto pedagógico de leitura e escrita de gêneros discursivos. A metodologia envolveu encontros formativos desenvolvidos em 4 (quatro) minicursos, ocorridos virtualmente, nos quais foram trabalhados aspectos teóricometodológicos com vistas à elaboração e desenvolvimento de propostas de atividades com o gênero notícia on-line. Os resultados mostram a necessidade de ampliar as discussões sobre os Multiletramentos, a formação continuada de professores e o maior investimento pedagógico e estrutural das escolas, favorecendo a garantia de acesso a alunos e professores aos aparatos tecnológicos necessários para o trabalho de propostas pedagógicas que articulem as mídias digitais com o ensino do gênero notícia on-line.

  • MAYARA ALEXANDRA OLIVEIRA DA CRUZ
  • LIVRO DIDÁTICO, ORALIDADE E PODCAST NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA: ANCORAGENS E DESLOCAMENTOS

  • Data: 21/02/2022
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  • A emergência e a popularização das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), consolidadas pelo avanço da Comunicação Mediada por Computador (CMC), provocou a inserção dos gêneros digitais nos livros didáticos de língua portuguesa (LDLP). Nesse direcionamento, a pesquisa procura compreender a didatização do gênero discursivo digital podcast nos livros didáticos de língua portuguesa. Desse modo, o principal objetivo deste estudo é compreender como professores de língua portuguesa, atuantes nos anos finais do Ensino Fundamental, em escolas públicas, mobilizam o gênero digital podcast proposto nos livros didáticos de língua portuguesa em função do processo de ensino e aprendizagem. Este trabalho é situado no campo do Ensino e Aprendizagem de Línguas e Culturas (EALC). Os principais estudiosos mobilizados são Bakhtin (1997) e seu Círculo, Rojo (2012, 2015), Bunzen (2009) e Villarta-Neder e Ferreira (2020). A abordagem metodológica é baseada na análise documental de livro didático, utilizado pelos professores da rede pública, assim como na pesquisa colaborativa, considerando a necessidade de maior articulação entre a universidade e a escola. Em relação ao tratamento do podcast no LDLP, verificou-se uma abordagem insuficiente e superficial. Ressalta-se que, devido ao contexto pandêmico, fez-se necessária a realização de encontros formativos online, no modo remoto, com docentes dos anos finais do Ensino Fundamental, para a geração de dados. Os resultados revelam a presença de diversos gêneros orais nas práticas de ensino, bem como das ferramentas digitais e dos gêneros digitais. Contudo, tais dados revelam também que existem esforços a serem empreendidos no que concerne à compreensão e ao uso mais propositivo do livro didático, à utilização do gênero discursivo podcast em sala de aula e à formação docente voltada para as novas tecnologias em prol do processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, apresenta-se uma proposta didática sobre o gênero podcast fundamentada na realização de um trabalho pedagógico que amplie e fortaleça a competência dos alunos para o uso cada vez mais efetivo das práticas digitais e orais a partir de uma sistematização reflexiva e contextualizada

  • DIOGO RAIMUNDO RODRIGUES SANTOS
  • INFÂNCIA POÉTICA: JOGOS DE CRIANÇA EM "A BOLSA AMARELA" E "POLLYANNA", DE LYGIA BOJUNGA E ELEANOR H. PORTER

  • Data: 21/02/2022
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  • Percorremos, aqui, a questão da infância, não submetidos a teorias pedagógicas ou a tratados ideológicos, mas nos abrindo para a escuta do que dois textos literários têm a dizer sobre ela. Enfocamos as personagens crianças Raquel e Pollyanna, respectivamente das obras A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga (1995), e Pollyanna, de Eleanor H. Porter (1978). O texto aqui apresentado revela como acontece poeticamente o fenômeno da infância no jogo de realidade e ficção que ocorre no âmbito das obras mencionadas. Empreendemos reflexões, críticas a partir da leitura comparada e interpretação dos romances. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa, que discute os temas desta dissertação em uma perspectiva poética, partindo dos referenciais teóricos e publicações de autores que escreveram sobre as questões abordadas. Nesta senda, dialogamos com pensadores que discutem, em uma perspectiva ontológica, o que vêm a ser a realidade e a ficção, tais como: Heidegger, Parmênides, Castro e outros. Pensando nas questões do brincar e do jogar, que são próprias da infância, dialogamos com Kishimoto, Huizinga e outros teóricos.

  • LARISSA FONTINELE DE ALENCAR
  • POÉTICAS DA “REXISTÊNCIA”: ESCRITURAS INDÍGENAS DE AUTORIA DE MULHERES POTIGUARA (BRASIL) E MAPUCHE (CHILE)

  • Data: 11/02/2022
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  • Nesta tese proponho um estudo no âmbito da literatura de resistência sobre as escrituras de autoria de mulheres dos povos originários Potiguara (Brasil) e Mapuche (Chile). Para tanto, esta pesquisa está configurada como uma grande tessitura, formada por fios e linhas teóricometodológicas em que as epistemologias de base se apoiam, inicialmente, no exercício de escovar a esteira da história a contrapelo para, assim, trançar, fio por fio, a trama literária (re)feita por mulheres indígenas. A priori, entendo que as literaturas de autoria indígena são literaturas de resistência, e que o corpo-território literário indígena, em meio e em conexão com a natureza, faz-se nas palavras em riste, bem como mantém-se firme em seus propósitos e ideologias próprias, mesmo com todas as imposições e subjugações engendradas pelo discurso hegemônico perpetuado pelo colonizador. É necessário frisar, também, que a literatura de resistência é um campo da teoria literária que estuda as literaturas que emergem em contextos de autoritarismo, estados de exceção, situações de barbárie, assim como em situações de traumas ou, ainda, que tematizam tais condições sócio-históricas e psicológicas. Sendo assim, esta subárea da literatura, configura-se como potencializadora da existência através da resistência, formando, desse modo, uma fratura poética de “rexistência”. Nesse sentido, considero que as escrituras de mulheres Potiguara e Mapuche são desenvolvidas por meio de palavras que transcendem a resistência sob a ótica tanto de gênero quanto de identidade étnica. Esta perspectiva é marcante no corpus literário desta pesquisa, e faz que o escopo da tese se dê pela expressão do corpo fraturado da mulher indígena, o qual, por isso mesmo, em resistência, tensiona, através da sua produção literária, a memória, a ancestralidade, as questões de gênero, a identidade étnica e as relações subjetivas e coletivas com o trauma colonial. Nessa perspectiva, o corpora literário desta investigação é composto por escrituras das autoras do povo Potiguara: Eliane Potiguara, Graça Graúna e Sulami Katy; do povo Mapuche foram selecionadas escrituras compostas pelas autoras: Graciela Huinao, Faumelisa Manquepillán e Daniela Catrileo. Ressalto, contudo, que, no decorrer da tese, também são feitas referências a uma significativa produção escrita de outras escritoras, inclusive, pertencentes a outros grupos étnicos. Assim sendo, esta pesquisa, de teor bibliográfico-qualitativo, foi desenvolvida a partir de uma abordagem analítico-descritiva e a partir das leituras interpretativas das escrituras literárias em questão. Para tanto, ao realizar a análise do corpora literário, busquei engendrar recortes que alinhavam a compressão dos aspectos poéticos das obras das escritoras indígenas na perspectiva de uma escrevivência ancestral, na construção de poéticas das identidades de gênero e identidades étnicas, além de uma perspectiva do olhar indígena sobre os traumas coloniais provocados pelo estado genocidário. E, por fim, lançando um olhar mais integral sobre esta pesquisa, considero que uma das contribuições mais significativas desta tese está na junção da literatura de resistência com as literaturas indígenas, posto que se agrega a esse campo uma narrativa outra, de fonte decolonial, que atravessa corpos e textos que foram, durante muito tempo, excluídos dos estudos literários.

  • FERNANDA SOUZA E SILVA
  • AVALIAÇÃO FORMATIVA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Data: 11/01/2022
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  • TAÍS SALBÉ CARVALHO
  • VIAJAR E EXISTIR EM PRIMEIRAS ESTÓRIAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

  • Data: 10/01/2022
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  • Viajar e existir são questões originárias que nos lançam em pro-cura de nós mesmo, e se manifestam enquanto demanda pela palavra em busca de nos conhecermos enquanto entreacontecer. Estas questões se dão em diálogo com uma das obras mais originais e originárias de João Guimarães Rosa, Primeiras Estórias, em que manifesta as questões primeiras nas quais o ser humano habita, e que vigoram enquanto linguagem por meio de enredos-questão, personagens-questão, imagens-questão que conduzem o leitor a se perguntar sobre o sentido do ser e da vida, em travessia, enquanto aprendizagem poética, rumo a desvendar a questãomistério do livro: “Você chegou a existir? Este estudo nasceu com o objetivo de pesquisar como são manifestadas as questões do viajar e do existir em Primeiras Estórias, tendo como hipótese que, pelo diálogo com a obra literária, em que se percebe uma narrativa que projeta o leitor na e pela pro-cura do seu ser, somos lançados em travessia por buscar um educar poético que nos conduza à clareira do questionar, na qual habita o mistério entre o todo saber e o não saber, em busca do que nos é próprio — nossa humanidade, e, por isso, chegamos a existir? O método — méta (entre) hodós (caminho) — a ser percorrido enquanto escolha dos caminhos teóricos a serem tomados vai se desvelando pelo caminhar. Uma possibilidade de percurso para o acontecer dessa aprendizagem foi o educar poético que lança mão da circularidade hermenêutica enquanto processo de leitura–escuta da obra literária em que, ao dialogar com a obra e questioná-la, o leitor passa a ser por ela questionado, tentando cumprir seu destino: tornar-se humano em travessia: existir. Esta viagem-pesquisa se justifica, tendo em vista que em todo pro-curar vigora o diálogo entre a tensão — dobra entre ser e não-ser — e a tessitura — vigorar de um modo próprio no qual as questões desvelam-se no ser que se destina em cada humano — de um diálogo original que a obra de Guimarães Rosa estabelece com as raízes do pensamento ocidental, em que, em suas narrativas, a viagemleitura se manifesta no existir, e vice-e-versa, enquanto um processo ontológico pelo qual cada ser humano é levado para além dos limites, habitando a dialética entre ser-e-pensar. No “Porto de chegada”, acolho a viagem e me acolho enquanto experiência poética de atravessamento, percebendo que é pela leitura amorosa de Primeiras Estórias que evidenciamos o trajeto ascensional do humano como projeto poético-existencial desta grandiosa obra de Guimarães Rosa: nossa aprendizagem poética que nos conduz ao existir.

2021
Descrição
  • JULIANA YESKA TORRES MENDES
  • A PROSA DE FICÇÃO E A CRÍTICA A ROMANCES NOS JORNAIS RELIGIOSOS: A ESTRELLA DO NORTE E A BOA NOVA

  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 21/12/2021
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  • ELISANGELA RIBEIRO DE OLIVEIRA
  • A SÁTIRA NOS ROMANCES DE HAROLDO MARANHÃO

  • Data: 15/12/2021
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  • Esta é uma investigação sobre os procedimentos satíricos utilizados por Haroldo
    Maranhão (1927-2004) em seus romances, O tetraneto del-rei (O Torto: suas
    idas e venidas) (1982), Os anões (1983), Rio de raivas (1987), Cabelos no
    coração (1990) e Memorial do fim: a morte de Machado de Assis (1991), pois
    consideramos a hipótese de que a sátira é um recurso que faz parte de sua prosa
    ficcional. Os estudos de Carratore (1952), D’onófrio (1969), Propp (1997),
    Vitorino (2003), Lukács (2011), Bahktin (2013) e Debailly (2018) nos esclarecem
    sobre a origem da sátira como gênero, a sua transmutação em procedimento
    literário e como ela passa a atender uma urgência social histórica. Coelho (2003),
    Nascimento (2012) e Nunes (2012) contribuem na compreensão das tendências
    literárias vividas em Belém do Pará à época em que Haroldo Maranhão ficou
    conhecido como um nome importante no mundo letrado paraense, ajudando a
    expandir o Modernismo no Pará. Constatamos sátira nos cinco romances, porém
    com algumas nuanças que os distinguem: todos os romances analisados
    possuem acentuada crítica social com matizes de comicidade, esta tem sempre
    como alvo a elite branca e patriarcal. Em O tetraneto del-rei a galhofa e os
    rebaixamentos satíricos são usados à exaustão, o alvo maior é o estrangeiro,
    enquanto o povo tradicional é exaltado. Em Cabelos no coração e Memorial do
    fim: a morte de Machado de Assis há muita crítica social, porém no primeiro a
    crítica é direcionada às instituições, no segundo, à natureza do homem, mas os
    dois romances não perdem a leveza porque ambicionam homenagear suas
    personagens históricas protagonistas. Esses três romances históricos fazem
    parte da produção mais pesquisada e aclamada pela crítica. Os anões e Rio de
    raivas são romances que se assemelham em algumas características, são
    sátiras de tom muito ácido quando expõem as chagas sociais na capital
    paraense, movimentando imagens satíricas que rebaixam as personagens
    protagonistas. O discurso moralizante de Os anões é mais indignado contra a
    elite fardada, sugerindo que a demanda histórica da pós-ditadura pode ser uma
    das causas do acabamento satírico efetuado por Haroldo Maranhão nesses dois
    romances.

  • MARCIA DO SOCORRO DA SILVA PINHEIRO
  • SENHORAS DO JORNAL: GUIOMAR TORREZÃO E MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO COMO PUBLICISTAS NA PROVÍNCIA DO GRÃO-PARÁ

  • Data: 29/10/2021
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  • Nesta tese serão analisados textos assinados por Maria Amália Vaz de Carvalho (1847-1921) e Guiomar Delfina de Noronha Torresão (1844-1898), que circularam na Província do GrãoPará, durante a segunda metade do século XIX, nos jornais: Correio Paraense (1834-1894), Diário de Belém (1853-1892), O Liberal do Pará (1869-1889), A Província do Pará (1876-2001), A Constituição: órgão do partido conservador (1876-1886) e Folha do Norte (1896-1974). A partir da primeira leitura nos objetos de pesquisa, percebemos que havia um tema recorrente nas obras das autoras acima referidas; tal assunto era a autonomia da mulher. Esse tema era debatido em suas produções em livros e em jornais, tais pontuações movimentavam os setores intelectuais de Portugal e do Brasil. Nos contextos liberais, progressistas e conservadores, nos quais observamos propostas pela instrução feminina, as vozes de outras mulheres se destacaram na imprensa, em meio a um grupo de mulheres como Maria José Canuto (1821-1890), Júlia Lopes de Almeida, Carolina de Michaelis de Vasconcelos (1851-1925). Tais escritoras iniciaram carreira e logo se sobressaíram como articulistas de importantes jornais, tanto em Portugal como no Brasil. Colocadas essas considerações sobre as autoras portuguesas e os jornais que divulgaram seus textos no Pará, neste trabalho analisaremos as publicações de Guiomar Torrezão e Maria Amália Vaz de Carvalho presentes nas colunas dos jornais oitocentistas no Grão-Pará, na segunda metade do século XIX. A abordagem usada para cumprir esse objetivo será de comparar os textos das duas escritoras portuguesas supramencionadas, levando em consideração o conteúdo desse material e as reflexões acerca da emancipação feminina, ali abordada. Feita a leitura dessas publicações e foi identificada a temática predominante, e percebemos que nos textos publicados no Grão-Pará havia uma acentuada porcentagem de escritos relacionados à figura da mulher, como também a assuntos que nomeamos de correlatos ao tema principal, como casamento, divórcio, leitura, comportamento das mães e das filhas. Esses resultados nos conduziram a buscar leitura do seguinte aporte teórico-crítico, acerca do universo feminino usaremos os trabalhos de: Ana Maria Costa Lopes (2005), Mônica Yumi (2010), Irene Vaquinhas (2011), Mary Del Priore (2012) e (2018). Já sobre a reflexão da história da imprensa, buscamos ajuda nas pesquisas de Nelson Werneck Sodré (1999), Isabel Lustosa (2003), Tânia de Luca (2017). Para pensar a circulação de jornais no Pará, fizemos as leituras dos trabalhos dos orientados atuais e egressos da professora Germana Sales. Ainda como suporte para refletir sobre o recorte temporal, neste trabalho demos destaque especial aos jornais do século XIX. Ademais, para prosseguir com o trabalho, descrevemos seis jornais que divulgaram os escritos das portuguesas, enfatizando as publicações correlatas ao fio condutor principal deste trabalho, que é a: mulher. Posteriormente, a essa fase, adentraremos na tarefa de pensar quem foi Guiomar Torrezão e Maria Amália Vaz de Carvalho sempre partindo da perspectiva do estava dito nos jornais tanto de Portugal como do Brasil. Para finalizar, prosseguiremos para a análise das produções das portuguesas.

  • HARLEY FARIAS DOLZANE
  • TORNAR-SE: UMA APRENDIZAGEM POÉTICA PELOS ROMANCES DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 14/09/2021
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  • “A mais premente necessidade de um ser humano era tornar-se um ser humano”. A constatação que se encontra em Uma aprendizagem ou livro dos prazeres (1969), já nos lança na questão que norteia este diálogo com a obra romanesca de Clarice Lispector: a necessidade de “tornar-se um ser humano”. É possível interpretar essa necessidade de chegar a ser o que se é como procura que movimenta todo o gesto da escritura da autora brasileira. No procurar dá-se a tensão e a tessitura de um diálogo original que a totalidade da obra de Clarice, sobretudo por seus romances, estabelece com as raízes do pensamento ocidental e oriental. A partir desse diálogo é que se projeta o presente trabalho que pretende interpretar cada um dos romances de Clarice Lispector como manifestação da Aprendizagem Poética, quer dizer, como um trajeto possível de que dispõe o leitor para a compreensão de si na questão de ser. Deste modo, o trabalho articula uma ontologia que se põe a procura do sentido do ser como movimento criativo possibilitador de aberturas de/para outras possibilidades de realizações. Ao mesmo tempo, no ensaio de uma trama hermenêutica e ficcional que perpassa cada um dos romances da autora, propicia-se a percepção da maneira pela qual tal dinâmica se destina a cada ser humano (leitor) como convite para a própria realização na autoprocura em meio a linguagem (logos).

  • MARCIO DANILO DE CARVALHO CARNEIRO
  • A PRIMEIRA TERRA & AS PRIMEIRAS PALAVRAS INSPIRADAS

  • Data: 31/08/2021
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  • LEILA MELO COROA
  • “SEM ABRIGO. EM VIAGEM”. MAX MARTINS: POR UMA POÉTICA DO ERRO

  • Data: 31/08/2021
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  • A presente dissertação propõe investigar a poesia de Max Martins nas linhas de força do exílio, da estrangeiridade e no procedimento de rasura, que compõem o que se nomeia uma poética do erro. Esse nome caracteriza os deslocamentos do sujeito poético e das imagens familiares, o efeito de estranhamento e o embaralhamento de materialidades, no poema e no diário. O corpus da análise consiste no conjunto de livros de poemas e no livro diarístico publicados em vida. Visa-se estudar o exílio como condição fundante de uma poética e como pensamento da poesia de Max Martins, que compreende um pensamento do sujeito e da natureza; refletir sobre o tornar-se estrangeiro, um processo poético que desmantela a ideia de identidade estanque, em que a estrangeiridade atua como uma espécie de operador de leitura para manipular a tópica do deslocamento do sujeito poético, da fratura da identidade e do sentimento de insatisfação do eu que, assim, demanda uma abertura de diferença; e discutir o procedimento de rasura como fundamental na obra de Max, tomando a desconstrução como operação de rasura, como dispositivo de diferença, que se realiza como indeterminação, demora e colagem da poesia, ou seja, sobreposição de materialidades. A análise dos textos e o pensamento da poesia de Max são abordados com Jacques Derrida (desconstrução), Michel Foucault (as ideias de contraespaço e heterotopias), Maurice Blanchot (o exílio como condição do poeta), Gilles Deleuze & Félix Guattari (as noções de rizoma e de desterritorialização), Jean Claude Charles (o conceito de enraizerrância), entre outros. As questões discutidas neste trabalho refletem a relação entre poesia e vida, reivindicada por Max Martins, como obra de dedicação pelo erro.

  • VALERIA PATRICIA DE FARIAS CUELLAR ALMEIDA
  • OS MOVIMENTOS DE PARTICIPAÇÃO E DE RESISTÊNCIA AOS CICLOS DE FORMAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL DE BELÉM: UMA ANÁLISE DISCURSIVA E ERGOLÓGICA

  • Data: 31/08/2021
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  • A Rede Municipal de Ensino de Belém – RMEB, desde 1997, adotou como modelo de escolaridade os chamados Ciclos de Formação, com a principal justificativa de que a referida adoção sanaria o ainda presente fracasso escolar, conforme constam nas Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental (DCEF) – Ciclos III e IV, documento constituidor das prescrições basilares dos Ciclos. Assim, passamos a observar uma prática muito recorrente por parte da Secretaria Municipal de Educação de Belém – SEMEC, em culpar – direta ou indiretamente – os(as) trabalhadores(as) da educação pela ocorrência desse fracasso escolar, compondo – dessa forma – nosso primeiro estranhamento. A segunda inquietação surgiu durante uma roda de conversa com colegas de profissão em torno da palavra “prescrições”. Após uma rápida pesquisa, percebemos a grande distância entre o trabalho prescrito e o trabalho realizado. O outro estranhamento equivale à percepção de que, quando a autora desta pesquisa ocupava o cargo de docente, o nível de resistência aos Ciclos era grande. Todavia, quando passou a ocupar o cargo de auxiliar de coordenação, após processo de readaptação funcional, essa resistência se tornou mínima. Dessa forma, propomos uma pesquisa articulada entre os estudos da linguagem e os estudos do trabalho cujo principal objetivo foi saber em que medida o dizer do(a) trabalhador(a) educacional sugere um movimento de participação ou resistência endereçados aos Ciclos de Formação, na RMEB. Para esse fim, sustentamo-nos nas noções discursivas de Dominique Maingueneau (2006, 2008a, 2008b, 2015), especialmente em relação: ao Interdiscurso constituído pelo atravessamento de outros discursos; à Cena Enunciativa cujo caráter reflexivo é representado pela tomada de palavra, pela prática discursiva dos sujeitos que inscrevem seus ditos na história, revelando o lugar de onde fala, social e ideologicamente construídos; e à Interincompreensão generalizada, marcada pelo falta de entendimento discursivo no dizer do outro, ou seja, comunidades que se ouvem, mas que não se compreendem. Noções que mantém entre si uma forte sintonia, ao constituírem uma verdadeira rede de sentido. O estudo do trabalho ancora-se em uma base ergológica focada – principalmente – nos postulados de Yves Schwartz (2004, 2010, 2016) acerca de suas teorias sobre atividade, normas antecedentes, debate de normas, trabalho prescrito e trabalho vivo. Fundamentos diretamente relacionados, já que atividade são ocorrências permanentes de debates de normas (DI FANTI; BARBOSA, 2016), também conhecida como renormalizações. O trabalho prescrito é representado pelas normas antecedentes, engessadas, as quais são sempre retrabalhadas, movimento que vai ao encontro novamente das renormalizações. O trabalho vivo, portanto, refere-se ao desdobramento do saber prescrito, relacionado diretamente com o que é, efetivamente, executado. A pesquisa classificada em exploratória e explicativa, conforme Gil (2012), compreendeu um caminho metodológico envolvendo a pesquisa documental das DCEF e a escuta dos(as) profissionais da educação (docentes, coordenadores(as) pedagógicos(as) e diretores(as)), direcionados por roteiro de entrevista, elencando os assuntos mais evidenciados em momentos de tensão, observados na rotina profissional. Nosso espaço de resultados foi constituído por meio do jogo de relações identificadas pela enunciação dos(as) participantes da pesquisa, a qual emoldurou um cenário de muitos desencontros, confrontos, assim como também entre a SEMEC e o espaço escolar, configurando saberes e práticas, distanciados, acerca do Sistema de Ciclos, marcados – fortemente – por uma forma desalinhada de compreender e de realizar os Ciclos.

  • PABLO ROSSINI PINHO RAMOS
  • A RODA-VIVA DA CORPORALIDADE: VIVÊNCIAS E RESSIGNIFICAÇÕES DOS DESEJOS EM ‘A ESTÓRIA DE LÉLIO E LINA

  • Data: 30/08/2021
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  • Levando em conta que “A estória de Lélio e Lina”, texto originalmente integrante do primeiro volume de Corpo de baile (1956), sob a autoria de Guimarães Rosa (1908-1967), confina-se, substancialmente, com o intercalar entre planos imagéticos/discursivos, de ordem sugestiva, e entre experiências sexuais impelidas e efetivamente consumadas, nas interações das personagens, conforme as micronarrativas progridem, recorrendo a flashbacks, entre outros recursos figurativos, faz-se mister examinar algumas das diversas nuances correlacionadas à corporalidade, que, na novela em tela, se desdobra no erotismo; na representação da mulher preta, em que se tem o fenômeno da objetificação e do desejo de devoração (canibalismo erótico), como partes de um conjunto de “sintomas” socioculturais da opressão masculina sobre o feminino, e do exercício da sexualidade propriamente dita. Sendo assim, concernente ao primeiro tópico supracitado, enquanto forma de dispêndio improdutivo, com base nos argumentos de Bataille (2016; 2017), intenciona-se elucidar como se dá o rompimento sistemático dos interditos e a violação de leis/tabus (transgressão) na relação ambígua e tumultuada de Lélio, vaqueiro protagonista, e da jovenzinha Sinhá-Linda, cuja presença-ausência permeia o passado e presente do sertanejo errante. Pela via do canibalismo erótico (SANT’ANNA, 1984), discute-se em que medida determinados paradoxos e estereótipos relativos aos construtos sociais brasileiros solidificados, como o sistema patriarcal (FREYRE, 2006), são entretecidos num sertão de natureza plurissiginificativa, ao se fazer a leitura do imaginário do corpo da preta por meio das sensuais Conceição (a ‘tia’) e Jiní. Se o intuito é denunciar e contrapor determinadas concepções forjadas pelo patriarcado a respeito da negritude e de mulheres negras, estudos feministas contemporâneos que, de alguma forma, incitam outros debates, em torno dessas vozes silenciadas historicamente, também serão oportunos, a exemplo de bell hooks (2019). Por fim, arrematando-se a seção primeira, a temática da sexualidade (FREUD, 2016) predisposta e reencenada nos comportamentos, atos e pulsões masculinas e femininas tensionadas em Lélio e sua principal interlocutora, Rosalina (Lina). Referente ao método seguido nesta dissertação, adotar-se-ão os postulados de Hans Robert Jauß (1983, 2002), na Estética da recepção, sobretudo aqueles que tratam de categorias-base, como experiência estética, leitura e recepção, auxiliando-nos, assim, no engendramento de novas investigações para a hipótese central do trabalho: a de que estamos diante de movências não empíricas dos corpos. Além da natureza da primeira seção, já explanada, acrescentam-se mais duas (2) seções textuais, cujas naturezas conjugam, respectivamente, interpretação da narrativa rosiana e estudos direcionados para a recepção, tendo em vista os extratos das antinomias e das confluências nos discursos da crítica especializada ao pontuarem aspectos passíveis de serem vinculados à corporalidade, culminando, assim, em atualizações dos horizontes interpretativos de “A estória de Lélio e Lina”.

  • ARIADNA FERREIRA GALVÃO
  • VER-O-PESO: O ESPAÇO COMO PERSONAGEM EM BELÉM DO GRÃO PARÁ, DE DALCÍDIO JURANDIR, E VER-O-PESO, DE MAX MARTINS

  • Data: 27/08/2021
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  • O mercado Ver-o-Peso localiza-se na cidade de Belém, no bairro Campina, tido como um dos principais pontos comerciais da cidade e como centro cultural. Nesse sentido, busca-se estudar o mercado, através de suas transformações históricas e culturais, de acordo com Daou (2000), Sarges (2002), Castro (2009), Lynch (1960) e Cruz et ali (2015). Além disso, pesquisa-se como o Ver-o-Peso pode ser compreendido enquanto signo material e imaterial, aportando-se em Deleuze (2003). Com isso, procura-se verificar as representações do mercado nas obras literárias Belém do Grão Pará, de Dalcídio Jurandir (1960), e Ver-o-Peso, de Max Martins (1992), e estabelecê-las como personagem. Para isso, investiga-se a conceituação de personagem em um romance, seus traços psicológicos, sua relação com outros elementos do gênero e sua classificação como signo, tendo múltiplas representações, seguindo as concepções, bem como o estudo da personagem na poesia lírica, através de Aguiar e Silva (1968), Reis e Lopes (2011), Forster (1974), Candido (2014) e Rosenfeld (2014) e Combe (2009-2010), além de uma investigação sobre o espaço em obras literárias, seguindo Reis e Lopes (2011), Santos e Oliveira (2001), Candido (1993), Dimas (1985), Benjamim (2000) e Aguiar e Silva (1968). Com isso, procura-se analisar como o mercado Ver-o-Peso constitui-se uma personagem no romance Belém do Grão Pará, obra que dá um destaque a cidade de Belém e seus espaços, pois eles são parte importante do desenvolvimento da narrativa e se entrelaçam com as outras personagens, como o menino Alfredo, que se muda para Belém para estudar e se encanta com o espaço, descobrindo coisas novas e diferentes de seu município de origem. Também busca-se verificar, no poema Ver-o-Peso, como o mercado é personalizado com características humanas para vê-lo como personagem, em uma poesia a qual retira do homem sua essência humana, por torná-lo escravo de seu trabalho, em um ambiente de comercialização e degradação. Assim, espera-se compreender como o mercado Ver-o-Peso pode ser lido como personagem nessas duas obras.

  • PAMELA RAIOL RODRIGUES
  • “UMA É A ESCRITORA, OUTRA, A MULHER”: UM ESTUDO SOBRE AS DUAS FACETAS DA PERSONAGEM FEMININA EM LÉSBIA (1890), DE MARIA BENEDITA CÂMARA BORMANN (DÉLIA)

  • Data: 25/08/2021
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  • Durante o XIX, a pouca educação que a mulher brasileira pertencente à elite socioeconômica recebia era primordialmente destinada para torná-la mãe de família e esposa exemplar. Contudo, com a modernização do Império brasileiro, uma melhor instrução se tornou necessária ao desenvolvimento local, inclusive para as mulheres. Dessa forma, algumas delas foram melhor instruídas e, a partir dessa construção de conhecimentos, questionaram os seus modelos de vida. Nesta época, a imprensa e o mercado editorial brasileiros começavam a ganhar espaço, todavia, esse espaço literário era bastante fechado para as escritoras mulheres que intencionassem publicar. Apesar desses percalços em sua educação e vida social, notáveis mulheres tornaram-se escritoras no Oitocentos. Dentre elas, figurou o nome de Maria Benedita Câmara Bormann, conhecida como Délia, escritora muito publicada no Rio de Janeiro no final do século XIX, embora hoje quase não se tenha acesso à sua obra ou registros de seu trabalho nos compêndios literários. Por isso, a presente dissertação tem como objetivo ponderar sobre como se configura a personagem feminina no romance Lésbia (1890), de Délia. No centro da cena, temos Arabela, que se torna escritora, participando do mercado editorial do final do século, além de viver diversos amores ao longo da narrativa. Portanto, nossa leitura da figura feminina reside em dois aspectos: primeiro como escritora no Brasil do século XIX; em seguida, analisamos pelo viés da vida feminina em seus amores, sua sensualidade e sexualidade, elementos que tornam a prosa de Bormann à frente de seu tempo. Antes disso, traçamos um retrato da mulher brasileira abastada e apresentamos Délia. Para cumprir estes objetivos específicos, ancoramo-nos em estudos de história sobre a mulher brasileira abastada, história do mercado livreiro brasileiro e estudos sobre a sexualidade feminina. Como resultado, acreditamos que atualmente ainda existe uma necessidade de rever a historiografia literária oficial, pois, se nomes como o de Délia – escritora que ajudou a consolidar a literatura brasileira – são apagados, é necessária uma revisão que resgate os nomes de nossas primeiras escritoras.

  • CELSO FRANCES JUNIOR
  • ATITUDE E ESTIGMA: INVESTIGAÇÕES SOBRE O STATUS DO ALTEAMENTO DA VOGAL MÉDIA POSTERIOR
    TÔNICA NA VARIEDADE MARAJOARA

  • Data: 25/08/2021
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  • A presente tese, intitulada: Atitude e estigma: investigações sobre o status do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara objetivava examinar o papel das variáveis sociais sexo, escolaridade e faixa etária no processo de formação das atitudes linguísticas; assim como, investigar os componentes cognitivo, conativo e afetivo como elementos modificadores da atitude linguística dentro de cada variável social. Para auxiliar a análise, realizou-se, também, um estudo paralelo da recorrência das vogais médias posteriores em sílaba tônica na variedade do português falado na Mesorregião do Marajó, como variante avaliada de acordo com as atitude linguísticas. Para tanto, foram utilizados os pressupostos teórico-metodológicos da Sociolinguística Variacionista (CARDOSO, 2015; LABOV, 2008; AGUILERA, 2008; CALVET, 2002; MORENO FERNÁNDEZ, 1998; LÓPEZ MORALES, 1998; TARALLO, 1990) e da Psicologia Social (BEM, 1973; LAMBERT; LAMBERT, 1972; ROKEACH, 1968; LIKERT, 1932; THURSTONE, 1928). O universo desta pesquisa é a mesorregião do Marajó, maior arquipélago de ilhas fluviais do mundo, com 16 municípios legalmente reconhecidos, dos quais, as cidades de Breves, Curralinho e Portel, fortam selecionadas como localidades alvo, pois compreendem zonas de contato interdialetal. A metodologia deste trabalho contempla procedimentos utilizados para a coleta, tratamento e análise de dados variacionistas, acústicos e de atitude, a saber: i) instrumentos para a coleta de dados de produção de fala (variacionista e acústicos), a partir do protocolo de entrevista (Questionário Fonético-Fonológico); e, para a coleta de dados e medição de atitude linguística (técnica dos falsos pares), a partir do Questionário de atitude; ii) perfil dos participantes da pesquisa, que somam 72 indivíduos estratificados socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; iii) variáveis controladas na descrição sociolinguistica variacionista (sociais e estruturais); variáveis controladas na descrição acústica (segmentais, prosódicas e sociais); e, variáveis controladas na análise de atitude linguística (sexo, faixa etária e escolaridade); iv) tratamentos dos dados; e, v) análise dos dados. Foram realizadas: i) uma análise variacionista qualitativa do alteamento da vogal média posterior tônica; ii) uma caracterização acústica da vogal alvo, a partir dos parâmetros de F1 e F2; e, iii) uma análise das avaliações linguísticas do alteamento da vogal média posterior tônica na variedade marajoara. Foram analisadas qualitativamente 1506 ocorrências da variável. Os dados gerais da análise variacionista demonstraram apenas 22 (1,5%) ocorrências que constituíram possíveis alteamentos, identificados a partir de observação oitiva. Os dados acústicos demonstraram ser categórica a ausência do alteamento na variável alvo, pois na constituição de um espaço acústico que pudesse mostrar o comportamento efetivo do que se imaginava ser uma vogal alta posterior, as ocorrências do segmento [u] apresentaram sua distribuição na mesma região da média posterior [o], com valor médio de F1 em 471 Hz e de F2, 956 Hz. Isso nos leva a afrmar que se trata do mesmo segmento vocálico, a partir dos dados acústicos. O resultado das avaliações subjetivas revelou que falantes nativos dos municípios marajoaras, alvo da pesquisa, manifestaram atitudes positivas quando foram colocados em posição de juízes para julgarem possíveis variedades recorrentes na região marajoara. Essa valoração positiva revela que, embora os participantes não realizassem o alteamento da vogal posterior na tônica, eles avaliaram como uma variante de prestígio. A aceitação e prestígio dado à variante, produto de atitude positiva, estão somadas ao sentimento solidário, motivado por emoções, saberes e reações positivas adquiridas no uso de sua variedade ou na de outros sujeitos.

  • EDSON DE FREITAS GOMES
  • ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS EM MẼBÊNGÔKRE: TRANSITIVIDADE E MARCAÇÃO DE ARGUMENTOS

  • Data: 20/08/2021
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  • O sujeito marcado canonicamente em Mẽbêngôkre já vem sendo descrito na literatura sobre a língua há alguns anos, no entanto, a descrição do sujeito marcado não-canonicamente ainda é um campo que precisa ser mais explorado e que mostra ser muito produtivo. A temática do sujeito que recebe marcação diferente do padrão canônico é bastante atual e relevante, pois, pode trazer informações novas para o conhecimento da morfossintaxe da língua e contribuir para o maior conhecimento de fenômenos ainda carentes de descrição. O estudo do sujeito não-canônico pretende possibilitar a discussão sobre a realização do sujeito Mẽbêngôkre, mas sem perder de vista que ainda falta muito a ser feito para que esta hipótese seja confirmada definitivamente. Partindo desse cenário, esta tese tem o objetivo principal de descrever as formas como o sujeito é marcado em Mẽbêngôkre, com foco nas estratégias principais utilizadas para a marcação de sujeitos canônicos e não-canônicos, em especial o sujeito dativo, marcado pela posposição mã, e o sujeito locativo, marcado pelas posposições kãm, jã e bê. O padrão não-canônico de sujeitos em Mẽbêngôkre será tratado com base nos testes referentes às propriedades de codificação e comportamentais do sujeito propostos por Keenan (1976); Sigurðsson (2004); Eythórsson; Barddal (2005); Barddal; Eythórsson (2009 e 2016), entre outros autores. A análise apresentada baseia-se em dados oriundos de pesquisa de campo, obtidos por meio de gravação com consultores indígenas de aldeias Mẽbêngôkre, localizadas na reserva Gorotire, município de São Félix do Xingu, Sul do estado do Pará. A metodologia é baseada na aplicação de testes sobre as propriedades de codificação como a marcação de caso nominal, a indexação de argumentos no verbo e a ordem dos constituintes na sentença e das propriedades comportamentais como controle do reflexivo, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas, e mudança de referência. Os dados mostram que, além do sujeito marcado canonicamente, existe também o sujeito que é marcado formalmente por morfemas que são posposições e os testes morfossintáticos realizados mostram que estes sujeitos são aprovados na maioria dos testes propostos, no caso do sujeito dativo, e em alguns, no caso do sujeito locativo. Um argumento que corrobora a análise dos prefixos indexados em posposições como sujeito é o fato de estes prefixos serem duplicados pelo pronome nominativo, tal qual ocorre com o sujeito marcado canonicamente.

  • FRANCINETE DE JESUS PANTOJA QUARESMA
  • LIVRO DIDÁTICO E PRÁTICAS EM SALA DE AULA PARA ALFABETIZAÇÃO EM PARKATÊJÊ

  • Data: 17/08/2021
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  • As populações indígenas do Brasil estão fortemente ameaçadas de extinção. Consequentemente, suas línguas e culturas também correm perigo de desaparecer. Ao longo dos mais de 500 do contato, ocasionado pela chegada dos portugueses, o número de povos e de línguas indígenas reduziu (SEKI, 2000). O contato com a cultura não indígena tem levado essas comunidades à extinção ou ao monolinguísmo em Língua Portuguesa. Assim, são
    necessárias ações urgentes em prol da preservação dos indígenas e da revitalização de suas línguas. No cenário atual, a educação escolar indígena, por meio do ensino formal das línguas tradicionais dessas comunidades, tem sido compreendida pelos próprios nativos como estratégia para preservação e fortalecimento dessas línguas. Mas para que a escola cumpra tal propósito, as metodologias praticadas em sala de aula para ensino-aprendizagem das línguas indígenas e os livros didáticos que apoiam o processo educacional devem ser coerentes com a
    realidade e a especificidade do povo atendido por eles. Partindo desse pressuposto, este estudo visou contribuir para o processo de ensino-aprendizagem formal da Língua Parkatêjê, uma língua do Complexo Dialetal Timbira, falada pela Comunidade Indígena Parkatêjê, localizada no sudeste paraense. No contexto atual, devido ao intenso contato com a sociedade circundante, o Parkatêjê tornou-se a língua de herança da geração indígena infantil, monolíngue em Português, mas com grande potencial de aprendizagem daquela língua, capaz de reverter o quadro de obsolescência linguística. Nesse sentido, esta pesquisa realizada junto aos Parkatêjê, é fruto da necessidade de investimentos em estudo que favoreçam o fortalecimento de línguas ameaçadas. Por meio dessa, buscou-se investigar um aporte teórico-metodológico de ensino-aprendizagem eficiente para o ensino da Língua Parkatêjê em nível de alfabetização que subsidie a produção de livro didático indígena, práticas de sala de aula e currículo escolar nessa língua. O hibridismo teórico-metodológico inspirado nos conceitos de Gêneros Textuais, da Abordagem Comunicativa e da Psicogênese da Língua Escrita foi apontado como uma alternativa para embasar atividades escolares que promovam, paralelamente, o desenvolvimento de competências e habilidades orais e escritas em crianças matriculadas no 1º ano/9 do Ensino Fundamental da Escola Indígena Estadual de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio Pẽptykre Parkatêjê. Como característica da pesquisa-ação, os resultados desta investigação culminaram em uma proposta de matriz de referência curricular para o ensino da Língua Parkatêjê em nível de alfabetização de crianças Parkatêjê; uma proposta de concepção de livro didático indígena para o ensino dessa língua no nível mencionado, com atividades elaboradas em sequências didáticas voltadas para o 1º dos três anos/séries escolares que compreendem o Ciclo de Alfabetização; e uma proposta de livro didático indígena de leitura do alfabeto Parkatêjê ilustrado. De caráter bibliográfico, documental e de campo, esta pesquisa configurou-se como qualitativa e aplicou técnicas de coleta de dados coerentes à sua natureza, pautando-se nos pressupostos teóricos da Linguística Aplicada, da Linguística Descritiva e da Educação.

  • HUGO HENRIQUE CARVALHO DA SILVA
  • APLICAÇÃO DOS MODELOS DE NORMALIZAÇÃO AOS DADOS DO SISTEMA VOCÁLICO PRETÔNICO DO PORTUGUÊS FALADO EM CAMETÁ (PA)

  • Data: 10/08/2021
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  • A normalização é uma técnica muito importante para os estudos acústicos, visto que permite eliminar a variação causada por diferenças fisiológicas entre os diferentes locutores, permitindo uma análise mais precisa dos dados. Nesse sentido, a presente dissertação de mestrado visa aplicar os cinco métodos de normalização de vogais (Watt & Fabricius, Lobanov, Bark Difference Metric, Nearey e Labov), disponibilizados no site Norm1 , ao sistema vocálico pretônico do Português Brasileiro (PB) falado na área urbana do município de Cametá/PA com o objetivo principal de decidir qual método melhor se adequa aos dados de Campos (2021). Esta pesquisa está vinculada ao projeto “Mapeamento da variação regional do PB na Amazônia: do nível segmental ao textual”, que tem como um de seus objetivos analisar acusticamente o sistema vocálico pretônico do PB falado no estado do Pará. O corpus coletado por Campos (2021) e submetido à normalização é composto por entrevistas gravadas seguindo o protocolo de teste de imagem, em que 18 entrevistados, residentes na área urbana do município de Cametá/PA e que já tivessem concluído ou cursando os ensinos fundamental, médio ou superior, tiveram acesso a imagens disponibilizadas em um slide, no PowerPoint, representativas de 72 vocábulos com as vogais-alvo a ser realizadas. Na amostra utilizada por Campos (2021), os entrevistados foram estratificados por sexo (masculino e feminino), faixa etária (15 a 25 anos, 26 a 45 anos e acima de 45 anos) e escolaridade (nível fundamental, médio e superior). Foi aplicada a normalização às variantes das vogais /e/ e /o/, que contabilizou um total de 963 ocorrências das variantes realizadas. Os dados disponibilizados por Campos (2021) foram organizados em uma planilha geral do Excel com as informações sociais e medidas acústicas correspondentes a cada locutor. Os métodos de normalização foram executados e aplicados manualmente no Excel, em planilhas separadas para cada método, já os gráficos, contendo os resultados obtidos, foram produzidos no software Rstudio. Na aplicação dos métodos de normalização, verificou-se que o método de Lobanov é o que melhor atende os interesses do projeto e é o que melhor se adequa aos dados de Campos (2021), pelo princípio da parcimônia, após a aplicação do método estatístico de Kruskal-Wallis Rank Sum Test para comparar os métodos de normalização.

  • RAFAELLA CONTENTE PEREIRA DA COSTA
  • NARRATIVAS DE BRAGANÇA NAS VOZES DO RÁDIO

  • Data: 05/08/2021
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  • A tese “Narrativas de Bragança nas Vozes do Rádio” busca compreender como as narrativas
    orais foram utilizadas e apropriadas pela Rádio Educadora na década de sua implantação,
    1960, na cidade de Bragança-PA, mostrando a atuação da emissora no processo de repasse de
    saberes tradicionais locais durante as aulas radiofônicas e, como não poderia deixar de ser, na
    programação da Educadora. Diante dos conceitos de memória e narrativas orais, perpassados
    pelas teorias decoloniais, procuro mostrar a ideia de que essa rádio está inserida na memória
    do bragantino como elemento de representação da cultura oral da região. Neste sentido,
    escolher as narrativas orais como fonte principal de estudo tem o objetivo de atribuir
    centralidade aos sujeitos. As memórias individuais e coletivas são recursos centrais na
    manutenção da tradição dos povos marcando, com as narrativas orais, a presença de saberes
    repassados por gerações, logo, na perpetuação dos seus saberes ancestrais. O rádio, como
    dispositivo de comunicação, atuou nos processos de visibilidade para a cultura e identidade
    bragantina, neste sentido, a visão decolonial contribuiu para que a Rádio Educadora fizesse
    parte do cotidiano dos moradores de Bragança, não como, apenas, uma emissora, mas como
    uma instituição que faz parte do conjunto de elementos que caracterizam a identidade do
    lugar, observada nas narrativas que circulam na cidade e nas vilas e comunidades do
    município.

  • JONISE NUNES SANTOS
  • POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E DOCÊNCIA INDÍGENA NO ESTADO DO AMAZONAS

  • Data: 30/07/2021
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  • O Amazonas, estado brasileiro com maiores dimensão territorial, número de línguas e povos indígenas, foi o locus no qual se desenvolveu esta pesquisa, cujo objetivo geral foi analisar os desafios e as possibilidades para construção de políticas em atenção às línguas indígenas, delimitados no âmbito da formação e docência indígena. Metodologicamente, utilizamos, Pesquisa Documental, utilizando documentos oficiais, tanto do Estado quanto dos Movimentos Sociais, referentes à construção do direito à língua, a partir da construção do Direito Internacional dos Direitos Humanos - DIDH, que possibilitou o reconhecimento, na Constituição Federal de 1988 - CF/1988, do direito ao uso das línguas indígenas, por seus respectivos falantes. Utilizamos também os registros da mobilização dos povos indígenas, delimitados a atenção à língua, perpassando pela educação, quando se discute a função da escola nas aldeias, desencadeando a ressignificação dos processos pedagógicos, focados na interculturalidade crítica. Para concretização dos direitos linguísticos e da Educação Escolar Indígena intercultural, comunitário, multilíngue, específico e diferenciado, entende-se que a formação do professor é fundamental. No entanto, no Amazonas, os processos formativos cntrados na docência indígena, relacionados à abordagem linguística, ainda é um desafio a ser superado para que a escola contribua com fortalecimento, resistência e manutenção das línguas indígenas, diante da presença da língua portuguesa ou, em alguns casos, de língua indígena marjoritária. Assim, no presente trabalho, recortamos a análise ao aspecto da formação do professor para fortalecimento de políticas linguísticas, empreendidas tanto pelos próprios povos indígenas, quanto pelo poder público, que, teoricamente, fundamentam-se em Spolsky (2004) e Shohawy (2006). Após a apresentação dos direitos aos povos indígenas, abordamos o quantitativo de povos e de línguas, seguido da mobilização dos povos indígenas para assegurar direitos e reivindicar atenção às línguas, tanto no âmbito Nacional quanto estadual (Amazonas). Destacamos na pesquisa as ações realizadas em Lábrea, por meio do programa Sou Bilíngue, e em São Gabriel da Cachoeira, por exemplificarem o esforço e a resistência indígena diante das violentas relações de contato, mesmo em municípios com número expressivo de povos indígenas. Por fim, apresentamos as ações empreendidas no estado para formação de professores para atenderem às demandas das aldeias e cumprirem os direitos linguísticos, que demandam ações coletivas, centradas no contexto dos professores em formação, envolvendo, inclusive, a aldeia.

  • SHEILA LOPES MAUES AUTIELLO
  • NECRONARRATIVAS EM TRÊS ROMANCES CONTEMPORÂNEOS BRASILEIROS

  • Data: 30/07/2021
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  • A presente tese trata da ocorrência de necronarrativas na Literatura Brasileira Contemporânea a partir dos romances Pssica (2015), de Edyr Augusto; Enterre seus mortos (2018), de Ana Paula Maia e A Morte e o Meteoro (2019), de Joca Reiners Terron. O objetivo é analisar, a partir de uma abordagem analítico-comparatista, de que modo as narrativas ficcionalizam os processos necropolíticos da sociedade brasileira, nos últimos cinco anos. A pesquisa propõe análise dos romances a partir de três eixos críticos: o primeiro, corresponde aos corpos dispensáveis, que terá como base os conceitos de vida nua, de Giorgio Agamben (2002) e de vida precária, de Judith Butler (2019); o segundo, respeita à presença predatória dos negócios ‘gore’, que se fundamenta nos estudos sobre o capitalismo ‘gore’, de Sayak Valencia (2010) e, por fim, o terceiro, que relaciona-se à recorrência da imagem do morto-vivo ou zumbi, tendo como chave de leitura os estudos de Deleuze e Guattari (2010) e de Leo Barros (2020). O estudo concentra-se na análise temática das obras, apesar de fazer breves incursões por outros elementos narrativos. Conclui-se que os romances estudados fazem parte de uma força estruturante de composição romanesca, que representa esteticamente os processos necropolíticos brasileiros, a qual denominei: necronarrativa. Portanto, entende-se que as obras analisadas, fazem parte de um trecho do romance brasileiro que está preocupado em problematizar esteticamente a vida a partir da necropolítica (MBEMBE, 2018). A caracterização das necronarrativas se dá, sobretudo, pelas representações da precarização dos corpos contemporâneos; da emergência de mercados criminosos que florescem nos grupos submetidos a condições mortíferas e da iniciação a processos simbólicos de zumbificação social. Trata-se, todavia, de um estudo que identifica uma tendência e não uma generalização.

  • ROGERIO PEREIRA BORCEM
  • AGULHAS E GALHOFAS NO ROMANCE A FAMÍLIA AGULHA (1870) de LUÍS GUIMARÃES JÚNIOR

  • Data: 07/07/2021
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  • Luís Guimarães Júnior nasceu em 17 de fevereiro de 1845, no Rio de Janeiro, e faleceu em 20 de maio de 1898 em Lisboa. O escritor, na maioria das vezes esquecido pelas histórias literárias e pela crítica em geral, foi um importante homem de letras no século XIX. Produziu um número considerável de textos dos mais diversos gêneros, e dentre toda essa diversidade de escritos, publicados sobretudo no espaço do folhetim no Diário do Rio de Janeiro, está a obra A família agulha (1870). Tendo em vista o resgate dessa importante produção literária do século XIX, objetivamos nesta pesquisa realizar uma análise crítica do romance em escopo, destacando as questões presentes na obra e os mecanismos de construção da própria narrativa. Além disso, pretendemos destacar também aspectos referentes à vida do autor, suas relações com o mercado editorial da época, o entrelace com o público leitor, assim como as recepções críticas acerca de suas publicações de um modo geral e, mais especificamente, do romance em questão. Tal apreciação consolidou-se principalmente a partir da análise de algumas fontes primárias devido à escassez de pesquisas e estudos que se voltem tanto ao escritor quanto a sua obra. Dentre tais fontes, citamos como exemplo o jornal Diário do Rio de Janeiro de 1869 a 1872, período em que Guimarães Júnior atuou como folhetinista desse periódico.

  • FLÁVIA ROBERTA MENEZES DE SOUZA
  • A NARRADORA E AS PERSPECTIVAS DO NARRAR EM RELATO DE UM CERTO ORIENTE, DE MILTON HATOUM

  • Data: 01/07/2021
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  • Trata-se de uma análise narratológica do primeiro romance publicado pelo escritor Milton Hatoum, Relato de um certo Oriente (1989). O segundo romance mais estudado do autor já conta com uma vasta recepção, mas a presença de certas lacunas e de leituras repetidas no discurso da crítica apontaram para a necessidade da realização de uma análise minuciosa de todo o texto literário. Paralelamente a essa observação, as atividades de tradução do Grupo de Pesquisa ANA - Amazônia Narratologia Antroposcene – do qual a autora deste estudo é membro, contribuíram para a identificação da base teórica e metodológica que serviria ao presente estudo. Durante a tradução do livro Narratology: an introduction (2010) e Elemente der Narratologie (2014) (versão revisada e atualizada do alemão) de Wolf Schmid, os conceitos-chave da Narratologia foram estudados e acolhidos na análise do texto literário. A presente tese de doutorado procurou responder a questões que permaneciam em aberto sobre o romance do ponto de vista narratológico: partindo de uma análise do texto, como a narradora do romance organizou “os relatos” das personagens? Que tipo de narrador podemos identificar no romance? De que maneira os resultados de uma análise narratológica podem servir a uma interpretação da obra? A análise narratológica permitiu uma observação mais apurada dos fenômenos presentes no texto e mostrou, por meio de procedimentos analíticos, o quão produtivo pode ser o estudo do texto quando lido a partir de uma teoria cujo objetivo é apresentar um modelo de análise.

  • JULIANA DE FATIMA REIS VIEIRA
  • DO ABISMO À VERTIGEM DO ENLACE: POR UMA POÉTICA DA CONTINUIDADE EM MAX MARTINS

  • Data: 30/06/2021
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  • Este trabalho consiste em pensar a poesia de Max Martins a partir de sua dimensão erótica. Para isso, partimos de duas importantes perguntas: como a experiência erótica é acessada poeticamente? E atrelada à primeira, uma segunda: o que desencadeia com isso, de acordo com as formas ou inclinações que o fenômeno erótico encena no trabalho poético? Frente a isso, nos interessa pensar estas questões a partir de itinerários, chaves de leitura, que encaminham para a hipótese do trabalho que entende o poema como um instante erótico (aqui chamada de Poética da Continuidade). Assim, depreendemos três itinerários: o gozo, os cinco sentidos e a nudez, elementos imprescindíveis aos seus poemas eróticos e que interagem a todo momento, sendo também elementos predominantes das três obras: Caminho de Marahu, Marahu Poemas e Colmando a lacuna, escolhidas por representarem o momento mais produtivo de sua poética. Compreendemos que esses três itinerários fazem parte, em suma, de uma experiência erótica; no entanto, nos poemas de Max Martins, eles são realçados e acentuados, fisgando o leitor para uma outra forma de relação com o poema. Para o autor paraense, com efeito, o ato poético é um ato erótico, envolve angústia e êxtase. O poeta encara o poema como um espaço de intimidade e desvendamento do corpo, criando com isso uma poética do desejo, iluminada pelos itinerários que ativam e constituem o rasgão erótico. O aporte teórico que ilumina esta leitura decorre das propostas formuladas por Georges Bataille, em O erotismo e A experiência Interior, que pensa o fenômeno erótico como o extremo da consciência, como aquilo que concilia em si os estados dissonantes que compõem a existência humana. Alguns dos conceitos que articula e que tomaremos como base para a pesquisa são o de interdito, transgressão, descontinuidade e continuidade. Contribuem também para essa abordagem as formulações de Octavio Paz, Michel Leiris, Michel Foucault, no que tange as concepções que abordam o momento de fusão erótica. Paralelamente, será pensada a conexão entre erotismo e poesia como fenômenos fundados pela imaginação a partir de Eliane Robert Moraes e Benedito Nunes. Busca-se assim estudar como Max Martins articula, sob a forma da nudez e do apelo aos sentidos, o gozo como efeito pulsante de sua poética.

  • FELIPE BRUNO SILVA DA CRUZ
  • A BARBÁRIE NÃO É MUSA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS POÉTICAS DE WISLAWA SZYMBORSKA E RICARDO ALEIXO

  • Data: 23/06/2021
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  • Esta dissertação objetiva discutir modos de representação da barbárie pela linguagem literária,
    concentrando-se em poemas da autora polonesa Wislawa Szymborska e do autor brasileiro
    Ricardo Aleixo, ambos poetas que produziram uma obra marcada pelo interesse em escrever a
    partir de eventos considerados "bárbaros" e "indescritíveis", como o holocausto e a diáspora
    africana. Para isso, incluirei no debate sobre as obras dos poetas alguns conceitos basilares para
    a compreensão desse tema, especialmente a noção de barbárie de Walter Benjamin, a definição
    de escritura feita por Barthes e a descrição de uma literatura menor, promovida por Deleuze e
    Guattari. Serão articulados também os conceitos de corpo (a partir de Paul Zumthor), luto (na
    leitura de Judith Butler) e imagens de violência (na acepção proposta por Georges Bataille). O
    enfoque da pesquisa é a importância do posicionamento do sujeito lírico em relação à barbárie
    descrita, ou aludida, pelos poemas analisados, refletindo sobre os modos como a distância
    assumida por esse sujeito em relação à matéria do poema modula, afeta e transforma o efeito
    do texto. Proponho a reflexão sobre como age a literatura diante de uma matéria que nos leva
    ao silêncio, ao espanto, ao choque, à consternação, e a recusa da barbárie como uma
    "inspiração" (em sua acepção clássica) para a literatura.

  • MAURO LOPES LEAL
  • ANGÚSTIA E NIILISMO EM GRACILIANO RAMOS

  • Data: 22/06/2021
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  • A escrita de Graciliano Ramos permite que façamos diversas interpretações de suas obras, ao legar personagens marcantes e narrativas cheias de significados. Dentre as possibilidades despertadas a partir da leitura de seus textos apontamos para a presença do niilismo, não como algo passageiro ou superficial, mas como elemento intrínseco ao homem moderno, protótipo das personagens de Graciliano. Observa-se, no entanto, que o niilismo presente em muitos de seus personagens não se expõe sob o movimento de exterioridade para interioridade, mas o contrário, podendo-se mesmo dizer que o referido fenômeno é algo praticamente inerente àqueles e não apenas um acontecimento político e social. Partindo desses pressupostos, a presente pesquisa visa investigar o fenômeno do niilismo e suas reverberações no pensamento do escritor alagoano, mais especificamente nas obras Insônia, Angústia e Vidas Secas, nas quais tal fenômeno se sobressai, ampliando-se para a questão da angústia humana.

  • ALINE COSTA DA SILVA
  • JOSÉ VERÍSSIMO: SEUS ANOS DE FORMAÇÃO (1877-1891)

  • Data: 01/06/2021
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  • A tese “José Veríssimo: Seus anos de formação (1877 a 1891)”, reflete a respeito da produção
    intelectual deste pensador amazônico em seus anos paraenses, de 1877 a 1891. Tem como
    objetivo a compreensão do pensamento do crítico — de como apresenta e inclui a Amazônia
    no cenário intelectual da época, a partir das temáticas etnográficas, literárias e educacionais
    iniciadas na imprensa belenense e que culminaram em obras que marcaram as primeiras
    manifestações de seu pensamento. Com método de pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico,
    a tese baseou-se em estudos da hermenêutica de Friedrich Schleiermacher (1999), da estética
    da recepção de Hans Robert Jauss (1979), da paratextualidade apresentada por Gerard Genette
    (1982), da história do livro de Roger Laufer (1980[1972]) e Robert Darnton (1995), dos estudos
    narratológicos de Wolf Schmid (2010) e da recepção de textos pragmáticos de Karlheinz Stierle
    (1979). No que tange à recepção da antologia de José Veríssimo, considerou-se, a título de
    ilustração, a leitura de Franklin Távora (1883), Silvio Romero (1980), Machado de Assis
    (1899), Francisco Prisco (1937), João Alexandre Barbosa (1974) e Felipe Tavares de Moraes
    (2018). A análise dos dados elucidou que nas três temáticas em que o intelectual obidense
    transitou — Etnográfica, Literária e Educacional — o referido crítico trouxe ao debate questões
    da cultura popular, da política, da arte, da mulher, da mestiçagem, do indígena, do negro, da
    classe operária, da religião, da habitação, da linguagem, do folclore, da economia, entre outras,
    apresentando, como um pensador amazônico, uma necessidade de representação e interesse
    pela construção de um projeto intelectual nacional. Percebeu-se, por sua vez, que a recepção
    das produções se organiza em diversos campos de conhecimento, por meio dos quais os leitores
    atualizam as obras e buscam compreender as raízes históricas do país e a formação da
    linguagem crítica do autor de Cenas da Vida Amazônica.

  • MARIANA MAUES BARRETO
  • CENTROS DE AUTOACESSO, IDENTIDADE DOCENTE E PROFISSIONALIDADE

  • Data: 31/05/2021
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  • Centros de autoacesso (CAA) são locais destinados ao apoio no processo de aprendizagem autônoma de línguas adicionais. A Universidade Federal do Pará (UFPA) possui um CAA denominado Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA3), aberto ao público, que conta com o auxílio de voluntários discentes dos cursos de licenciatura da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas para o seu funcionamento. Atualmente, o espaço é definido institucionalmente como local de apoio à aprendizagem de línguas. Configura-se ainda como um campo de pesquisas e os estudos ali desenvolvidos também abordam o CAA por esta perspectiva. No entanto, encontra-se uma lacuna no que tange a potencialidade das experiências vivenciadas no CAA para a formação dos professores de línguas. Portanto, nesta pesquisa busco analisar como o espaço afeta dinamicamente a construção da profissionalidade e da identidade docente dos voluntários e ex-voluntários da BA3. De acordo com Murray (2018), uma das principais características dos CAAs é o constante processo de transformação e a relação dinâmica entre seres socialmente construídos e este contexto específico. Visto que os percursos de vida são, também, percursos formadores, os sujeitos que vivenciam estes espaços estabelecem e modificam suas diferentes identidades docentes por meio das trajetórias que ali constroem. Em meio aos questionamentos sobre o que constrói estas identidades e o que caracteriza o ser professor, nos deparamos com o conceito de profissionalidade. Este significa falar sobre “as qualidades da prática profissional dos professores em função do que requer o trabalho educativo” (CONTRERAS, 2002, p. 74). Tais atributos da profissionalidade referem-se aos valores e pretensões que o docente deseja alcançar e desenvolver. Consequentemente, o significado destas qualidades não é fixo, pelo contrário, é adaptável ao contexto e às situações específicas que envolvem a realidade de cada professor. Esta pesquisa de abordagem narrativa qualitativa com movimentos analíticos holísticos foi dividida em duas etapas metodológicas. Primeiramente, durante o período de quatro meses, coletamos narrativas de três docentes em formação e quatro docentes já formados com o intuito de analisar os significados que estes atribuem às suas experiências identitárias profissionais. Em seguida, realizamos uma roda de conversa com aqueles que se encontram em sala de aula atualmente, tendo em vista o esclarecimento de algumas questões e a introdução de questionamentos complementares. Dentre os resultados obtidos por meio dos instrumentos, verificou-se o caráter multidimensional da construção indentitária docente, visto que as identidades são constantemente construídas, reformuladas e influenciadas direta ou indiretamente pelos espaços dos quais os professores fazem parte. Identificou-se, também, a potencialidade formadora dos centros e os diferentes impactos causados pelo CAA na profissionalidade e identidade dos participantes desta pesquisa. Estes foram influenciados em termos de experiência com a gestão de espaços, do planejamento de atividades e do contato diário com o próprio centro e com outros aprendentes de línguas.

  • LUCIA MARIA SILVA RODRIGUES
  • ESTUDOS SOBRE O BI/-MULTILINGUISMO NOS TERRITÓRIOS INDÍGENAS DO COMPLEXO CULTURAL TARUMÃ PARUKOTO – POVO WAIWAI

  • Data: 31/05/2021
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  • Este trabalho de pesquisa trata dos fenômenos sociolinguísticos e socioculturais entre os povos indígenas que habitam o Extremo Norte do Brasil, especificamente nos Territórios Indígenas denominado Complexo Cultural Tarumã Parukoto em homenagem aos antigos povos indígenas Tarumã e Parukoto, que no passado, povoavam as áreas indígenas as quais chamamos atenção. Todas elas são banhadas pelas bacias dos Rios Nhamundá, Mapuera, Cachorro, Alto Trombetas, entre outros a saber: Territórios Indígenas Nhamundá Mapuera, Trombetas Mapuera, Waiwai e Kaxuyana Tunayana, o mais novo território demarcado pelo Governo Federal. Estes estudos investigam e documentam as situações sociolinguísticas de das muitas línguas usadas no Complexo, os fenômenos de bi/-multilinguismo entre as diferentes etnias localizadas nas 24 aldeias do Complexo Cultural Tarumã Parukoto a saber: Araça, Ayaramã, Bateria, Chapéu, Inajá, Kaspakuru, Kumaru, Kwanamari, Mahrawanï, Mapium, Mapuera, Paraíso, Pariraunu, Passará, Piquiá, Placa, Pomkuru, Purhomïtï, Santidade, Takará, Tamyuru, Tawanã, Turuni, Yawará. A pesquisa se ancora em uma abordagem quanti-qualitativa uma vez que os estudos documentaram inicialmente o status dessas línguas em contato faladas pelas diferentes grupo do Complexo. A proposta se fundamenta nos estudos teóricos de pesquisadores que tratem das questões sociolinguísticas, dos fenômenos de bi/-multilinguismo, entre outros campos que este estudo permeia. Os métodos de análises dos dados propostos para este estudo etnográfico alcançam o objetivo da pesquisa sociolinguística variacionista, o qual é balizado em grupos de fala, entendidos não como um grupo de falantes que fazem uso dos mesmos traços linguísticos. Para que fizéssemos a documentação necessária, que servisse como fonte para o estudo do perfil das diferentes etnias, especialmente em relação aos aspectos socioculturais, o protocolo da entrevista sociolinguística envolveu o planejamento prévio em um roteiro guiado por tópicos que fizeram parte do interesse dos grupos indígenas. Abordamos, dessa forma, os aspectos culturais e sua relação com os grupos originários. Observamos também, como os discursos são elaborados quando em contato com outro indígena que lhes são semelhantes ou diferentes em etnia. Abordamos também qual o papel da língua Waiwai usada entre os Waiwai e entre os povos indígenas de diferentes etnias, bem como o status da língua Waiwai diante das outras línguas espalhadas entre esses Territórios. Pontua-se a motivação de uso das muitas línguas indígenas, dos movimentos internos de fusão e dispersão, da elevação da língua Waiwai como língua franca, do enfrentamento à língua nacional para a construção de sua história e a continuação dela entre os diferentes povos indígenas com o passar dos anos. Os resultados da pesquisa tem demonstrado que o perfil sociolinguístico dos povos indigenas do CCTP demostram o status da língua Waiwai como a língua mais forte, sugerindo um possível grau maior de prestígio, em comparação com as demais línguas desses grupos indígenas, e, tornando-se agora a língua majoritária diante das outras línguas indígenas faladas naquela região. Os dados demonstram que a língua Waiwai é cuidada e tem um status de língua alta, de comunicação, enquanto que as outras línguas, têm o status de linguas mais baixas, línguas de herança.

  • ANA MARIA FERREIRA TORRES
  • A CONCRETUDE DO SILÊNCIO NAS TRADUÇÕES DE AUGUSTO DE CAMPOS DE POEMAS DE RILKE

  • Data: 28/05/2021
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  • Tradicionalmente, segundo Rosemary Arrojo (2003) e Antoine Berman (2007), considera-se que a tradução de poema é uma tarefa impossível e fadada ao fracasso, de maneira que esse ponto de vista, conforme Jacques Derrida (2005) está relacionado a uma noção de linguagem como a cisão entre forma e conteúdo. Entretanto, atualmente, em contraposição a essa tradição, considera-se que o estudo da tradução de textos literários leva ao entendimento de como uma obra tem sido lida e interpretada nos lugares em que ela é traduzida, uma vez que concebamos o tradutor como um elemento ativo no processo de recepção da obra, segundo o entendimento de Tania Franco Carvalhal (2000). A partir desse entendimento, este trabalho procura compreender a interpretação contemporânea que Augusto Campos oferece da obra de Rainer Maria Rilke a partir de suas traduções, presentes nas antologias Rilke: poesia-coisa (1994) e Coisas e anjos de Rilke, publicada em 2001 e com nova edição de 2013. Para tanto, pesquisouse sobre o trabalho autoral e tradutório de Campos, bem como procedeu-se à leitura crítica de algumas das traduções, baseada nas concepções de Paul Ricoeur (2011) e Maurício Cardozo (2019). Observou-se que Campos compreende a tradução como atividade crítica e criativa, em que o tradutor se volta para o aspecto material do poema, assim como o semântico, e impossibilidade da tradução direta oportuniza a criação. Identificou-se que a proposta de Augusto se contrapõe ao entendimento anterior proporcionado por traduções realizadas sobretudo na década de 1940, em que as obras preferidas pelos tradutores eram os livros Duineser Elegien [Elegias de Duíno] e Die Sonette an Orpheus [Sonetos a Orfeu], em particular a temática existencialista e sentimental. Campos se voltou principalmente para os livros Neue Gedichte [Novos Poemas] e Der neuen Gedichte anderer Teil [Novos Poemas II] tendo em vista aspectos que considera mais modernos, como o uso da linguagem na obra. Foi possível concluir que Campos destaca, na obra de Rilke: questões espaciais e perspectivísticas; o silêncio como temática e como estruturação; a presença recorrente de reflexões sobre a morte e a brevidade da vida; por fim, o esforço necessário para a criação da obra de arte e de outras atividades humanas criativas.

  • GABRIELA DE ANDRADE BATISTA
  • A FORMA VERBAL TXA DA LÍNGUA APURINÃ: UM FENÔMENO DE GRAMATICALIZAÇÃO

  • Data: 21/05/2021
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  • Domínios semânticos como polissemia e homonímia não dão conta de explicar
    satisfatoriamente determinados comportamentos do verbo txa da língua Apurinã (Aruák),
    falada por comunidades indígenas que vivem ao longo do Rio Purus no sudeste do estado do
    Amazonas. Por isso, o processo de gramaticalização torna-se a melhor forma de analisar e
    descrever a forma que este verbo se manifesta na língua, o qual ocorre em contextos diferentes,
    com significados distintos e comportamentos sintáticos díspares, mas que no entanto,
    apresentam a mesma forma. Sobre o verbo txa Facundes (2000), constatou em sua gramática
    da língua que este pode funcionar como verbo pleno, pró-verbo, cópula e verbo auxiliar. A
    hipótese de que esta forma verbal tenha passado ou esteja passando por um processo de
    gramaticalização advém do pressuposto de que há certa relação semântica entre as diferentes
    ocorrências do verbo, mas com diferentes comportamentos morfossintáticos associados. Assim,
    considera-se que na língua está em progresso esse fenômeno de gramaticalização (HEINE,
    2001), em que certas formas verbais “fonte” dão origem a significados “alvo”, os últimos mais
    abstratos, como resultado de um processo de desbotamento semântico. Para a realização desta
    pesquisa, foi selecionado um corpus composto por 32 textos que fazem parte do banco de dados
    da língua Apurinã, mais alguns dados coletados com falantes nativos da língua, em que foi
    realizado um levantamento sistemático das diferentes ocorrências desses verbos, para então
    analisa-los e descrevê-los, para que ao fim, a partir destes resultados fosse feita uma
    comparação preliminar em busca de possíveies cognatos nas línguas geneticamente mais
    próximas de Apurinã: Piro (HANSON, 2010) e Iñapari (PARKER, 1995), a fim de visualizar o
    comportamento dos verbos nas respectivas línguas, com a intenção de verificar a direção das
    mudanças linguísticas ocorridas e ter uma visão mais ampla sobre o fenômeno, para contribuir
    com as análises em Apurinã.

  • ROSINELE LEMOS E LEMOS
  • PADRÃO GEOPROSÓDICO DO PORTUGUÊS FALADO NA AMAZÔNIA ORIENTAL: ANÁLISE COMPARATIVA DE BELÉM, MACAPÁ E SÃO LUÍS

  • Data: 19/05/2021
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  • A presente tese tem como objetivo principal proceder a um mapeamento geoprosódico de três variedades do português brasileiro (PB) falado na Amazônia Oriental: Belém/PA, Macapá/AP e São Luís/MA, tomando como objeto de análise a entoação modal. Trata-se de um estudo com base nos pressupostos da Sociofonética (THOMAS, 2011) por compreender uma análise acústica da fala que considera a atuação dos fatores sociais como sexo e escolaridade, na descrição do fenômeno analisado. A comparação interdialetal das três variedades compreende uma análise acústica dos parâmetros físicos de frequência fundamental (em ST), duração (em Z-score) e intensidade (em Z-score), observados em sentenças declarativas neutras e interrogativas totais. Para a coleta dos dados utilizou-se a metodologia estabelecida pelo projeto Atlas Multimídia Prosódico do Espaço Românico (AMPER). O tratamento dos dados consistiu em várias etapas, sendo que duas delas estão em consonância com a metodologia AMPER: a) codificação dos dados; b) isolamento dos áudios em arquivos individuais. As outras etapas foram realizadas com o suporte de scripts criados por Albert Rilliard (LIMSI- CNRS), utilizados na segmentação automática dos dados, a saber: c) scriptlance_batch_easyalign_v3.praat para obter o textgrid dos arquivos .wav; d) script de correção_segmentação.praat para a segmentação fonética no programa Praat 6.0.39, e) scriptAMPER_Textgrid2Txt_V3_boucle_DepoisEasyAlign_v2.praat que gerou os arquivos com os parâmetros acústicos; f) normalização dos parâmetros acústicos. Com os dados tratados, obtiveram-se as medidas acústicas dos parâmetros de frequência fundamental (f0), duração e intensidade, as quais foram organizadas em uma planilha do Excel para posterior tratamento estatístico e elaboração de gráficos no software R. Visando validar as análises acústicas, foram aplicados os testes estatísticos não paramétricos de Kruskal-Wallis e de Wilcoxon. Para esta pesquisa coletaram-se amostras de fala de dezoito locutores, estratificados em sexo, escolaridade (ensino fundamental, médio e superior) e variedade. O corpus total foi composto por 33 sentenças declarativas neutras e 33 interrogativas totais, sendo que os vocábulos utilizados para compor as frases contemplaram as três pautas acentuais do português (oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas), e a extensão das frases contém 10, 13 ou 14 vogais, com as sentenças repetidas seis vezes por cada locutor. No total, contou-se com 3.564 dados analisados (33 sentenças x 2 modalidades x 3 melhores repetições x 6 locutores x 3 variedades). As análises acústicas dos parâmetros de f0 normalizados (em ST), duração (em Z-score) e intensidade (Z-score) são relevantes na caracterização das variedades, observadas na sílaba tônica do último vocábulo da parte nuclear da sentença. As variações de f0, duração e intensidade verificadas na análise acústica interdialetal foram apontadas como significativas, com (p-valor ≤ 0,05) nos testes de Wilcoxon e Kruskal-Wallis. Isso demonstra que há diferenças significativas tanto para o fator variedade quanto para os fatores sociais (sexo e escolaridade dos locutores). As variedades confrontadas registraram um padrão prosódico similar com relação às variações de f0 na caracterização acústica das sentenças declarativas neutras e interrogativas totais. Os resultados apontaram que as variedades-alvo faladas nas capitais paraense, macapaense e ludovicense acompanharam o padrão entoacional descrito para o PB, com elevação do pico entoacional na pretônica e queda de f0 na sílaba tônica na modalidade declarativa neutra (SILVESTRE, 2012). Já as interrogativas totais apresentaram valores de f0 mais baixos nas pretônicas com elevação nas tônicas finais, seguido de queda nas postônicas quando existiram, como o padrão circunflexo descrito por Moraes (1993) para o PB. Com relação ao contorno entoacional observado nas três variedades da Amazônia Oriental, Macapá apresentou contornos mais altos de f0 nas sílabas tônicas finais, nas três pautas acentuais, para as duas modalidades frasais; e Belém registrou contornos de f0 mais baixos em relação às outras capitais. Os resultados das análises acústicas do fator escolaridade mostraram que Macapá apresentou maior variação na altura de f0 nos três níveis de escolaridade, nas três pautas acentuais do português para as duas modalidades frasais. O parâmetro da duração atestou valores mais altos nas tônicas, com tempo de produção semelhante nas duas modalidades frasais, nas três variedades mapeadas, o que não se trata de uma particularidade da entoação modal, mas que está ligada ao acento lexical. Comportamento similar foi atestado com relação ao parâmetro da intensidade que mostrou uma maior concentração de energia na sílaba tônica final tanto nas declarativas neutras quanto nas interrogativas totais. Portanto, o padrão prosódico das variedades-alvo constatado neste estudo tem comportamento semelhante ao PB, uma vez que não houve diferença do ponto de vista da entoação modal entre o padrão verificado no PB e o português falado nas três capitais da Amazônia Oriental.

  • WELTON DIEGO CARMIN LAVAREDA
  • O GOVERNO DA LÍNGUA NA CABANAGEM: (DES)ENCONTROS COLONIAIS NA AMAZÔNIA

  • Data: 12/05/2021
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  • A presente tese de doutoramento tem o objetivo geral de analisar como as diferentes estratégias de governamentalidade estabelecidas pelo dispositivo colonial, durante o período da Cabanagem, favoreceram a instauração de um patrimônio linguístico europeu na Amazônia mergulhado em uma série de conflitos, sobretudo, linguísticos. A partir de séries arquivistas catalogadas no Arquivo Público do Pará, nos Arquivos Públicos dos Municípios de Cametá-PA e de Vigia de Nazaré-PA, no Foreing Office (de Londres) e na obra “Motins Políticos ou história dos principais acontecimentos políticos na Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835” (1970), esta pesquisa também propõe, especificamente, mapear as movências históricas e as práticas linguísticas vivenciadas à época da colonização (as quais serviram de base para as análises) e identificar quais tensões discursivas são legitimadas, pelo dispositivo colonial, para a manutenção de um governo da língua favorecedor de um movimento de gerenciamento linguístico europeu na Província Cabana completamente em chamas (1835-1840). Para o referencial teórico-metodológico, optamos por diálogos interdisciplinares que pudessem remeter à experiência histórica, adotando como base analítica principal a perspectiva arqueogenealógica dos estudos discursivos de Michel Foucault (1964; 2009; 2008, 2010a; 2010b; 2010c; 2011; 2016a; 2016b). Com o intuito de compreendermos o processo de lusitanização e as emergências históricas das políticas linguísticas relacionadas ao Período Colonial, recorremos à Rosa Virgínia Mattos e Silva (2004), Cristine Severo (2013; 2014; 2016) & Sinfree Makoni (2015) e a Bessa Freire (2011). Ao mobilizarmos a dimensão de necropolítica linguística e o conceito de língua na modernidade recente, seguimos como norteadores os estudos e a operacionalização conceitual que vem sendo desenvolvida pelo GEDAI-CNPq (LAVAREDA & NEVES, 2018; 2019; 2020; OLIVEIRA, 2018; NEVES-CORRÊA, 2018; LISBÔA, 2019). Ao assumirmos como referência a definição de colonialidade do poder advinda dos estudos decoloniais, impulsionada por Aníbal Quijano (1999; 2005), e adotarmos a constituição do idioma pelo viés modernidade e colonialidade como projetos mutuamente constitutivos (MIGNOLO, 2020; MARTÍN-BARBERO, 2009; 2014; WALSH, 2019), movimentamos as discussões sobre o dispositivo colonial propostas por Ivânia Neves (2009; 2015; 2020), a fim de pensar as tecnologias de poder ainda bastante atuantes nos processos de produção das subjetividades das sociedades amazônicas e dos discursos que circulam sobre elas. As pesquisas sobre o movimento cabano de Magda Ricci (2001; 2016) e os estudos sobre o negro nas lutas sociais e na composição étnica do Pará e sobre a Cabanagem, estes realizados por Vicente Salles (1992; 2005; 2015), do mesmo modo, compõem a arquitetura teórica global dos debates propostos. Ratifica-se, por fim, que a “invenção” de um governo da língua portuguesa no cenário cabano intensificou a transposição de gêneros discursivos variados para as condições de emergência dos povos ditos colonizados na Amazônia brasileira e, em um mesmo gesto, potencializou o surgimento de metacategorias que foram tomadas como discursos de verdade até a história do presente.

  • AIDA SUELLEN GALVÃO LIMA
  • QUANTAS ÁGUAS, TANTAS HISTÓRIAS, DIFERENTES NARRATIVAS: A AMAZÔNIA PARAENSE DOS VIAJANTES

  • Data: 06/05/2021
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  • Esta tese tem como objetivo principal analisar as literaturas de viagem de Luís Agassiz,
    Elizabeth Cary Agassiz e Alfred Russel Agassiz no século XIX, com foco na investigação da
    escrita literária e poética que os defino como texto narrativo de viagem. Delimito como
    “lócus” de observação a Amazônia paraense, no percurso de viagem feita pelos viajantes
    saindo de Belém até as cidades do oeste do Pará. Em minha análise tomo como caminho
    metodológico a pesquisa documental investigativa, buscando compreender de forma indireta
    por meio da análise o olhar do viajante representado em uma narrativa literária de viagem. De
    início retomo o processo teórico sobre a literatura de viagem ser compreendida como
    narrativa histórica e não literária. Em seguida analiso as categorias de narrativa nos textos dos
    viajantes, na primeira seção, delimitando os elementos da narrativa (tempo, espaço, narrador,
    leitor, personagem) presentes nos textos com o intuito de entender que a literatura de viagem
    vai além dos conceitos históricos e de veracidade, mas também pode ser literário e ficcional.
    Por fim, analiso o discurso dos narradores, a escrita poética, o olhar sobre a região amazônica
    e seus habitantes e a formação de literatura baseada na imaginação de narradores personagens
    registrando vivencias e experiências com a sensibilidade da escrita literária. A delimitação da
    pesquisa guiou-se a partir da compreensão de que a literatura de viagem envolve elementos e
    formas múltiplas de interpretação, sujeita a contradições, acréscimos, criações e
    ressignificações. Entendo que a literatura de viagem de Luís Agassiz, Elizabeth Cary Agassiz
    e Alfred Russel Wallace são na verdade narrativas literária de viagens, utilizando discurso,
    elementos e escrita poética enquanto estratégias para mostrar suas diferenças e singularidades
    em relação ao vivido e experienciado. São, portanto, formas de ver, viver e escrever da/na
    Amazônia paraense.

  • BRENO PAUXIS MUINHOS
  • ENTIDADES E IDENTIDADES NO DIÁLOGO ENTRE OS SERES FANTÁSTICOS DAS NARRATIVAS ORAIS TRADICIONAIS DA AMAZÔNIA E DOS RPGS

  • Data: 04/05/2021
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  • A Amazônia além de uma região geográfica é um espaço de civilizações tradicionais e suas
    culturas. Diversas sociedades floresceram e se desenvolveram neste espaço, e vieram a
    entrar em contato com outras advindas de outras partes do mundo, e neste local vieram a
    criar outra variedade de pensamentos que são concretizados em narrativas que se mantêm
    até hoje. Na Literatura, se tornou um cenário para as mais diversas manifestações da arte
    literária, e na História se constitui em um arcabouço rico de fenômenos da humanidade. Os
    jogos de interpretação de papéis, os RPGs, fazem parte de um gênero surgido no final da
    década de sessenta nos EUA, que apresenta em seu vasto material reflexos de diversos
    momentos históricos e literários. Suas contribuições são perceptíveis em vários impressos
    voltados para praticantes desta atividade narrativa e outras mídias. A presente tese tem o
    objetivo de traçar os diálogos que os textos de impressos de RPG possuem com algumas
    narrativas orais coletadas pelo projeto IFNOPAP, que visa expor o imaginário resistente na
    identidade local acerca daquilo que compreendem como realidade mitológica. O foco do
    trabalho está nos textos que relatam criaturas fantásticas presentes nos testemunhos de
    diversos sujeitos que foram interrogados pelos pesquisadores. Os relatos são colocados em
    comparação com os textos advindos de livros de jogos narrativos, algo que objetiva
    apresentar como as narrativas populares tradicionais ainda resistem ao tempo e são
    absorvidas por um gênero próprio da modernidade. Para uma percepção completa, irá ser
    traçado um recorte do percurso dos estudos das narrativas orais no Brasil e em outras
    partes do mundo, pertinentes aos objetivos da tese. Além, de se apresentar o contexto de
    como os jogos de interpretação de papéis surgiram, também será apresentado como as
    narrativas presentes nas obras podem ser percebidas como textos literários cabíveis de
    interpretação e análise próprias da Teoria Literária. A partir destas premissas, se confirmará
    que as entidades ficcionais estarão ao lado da construção de identidade destes povos, a
    partir do material dos autores que contribuíram com o Projeto IFNOPAP. Por fim, em anexo,
    a tese apresentará uma proposta que apresenta exemplos de como as narrativas orais
    tradicionais podem ser adaptadas para uso como cenários de RPGs, que irão dispor de
    características próprias para serem utilizados como uma forma de resistência e expressão
    amazônica.

  • SARA VASCONCELOS FERREIRA
  • A CRÍTICA LITERÁRIA N’A PROVÍNCIA DO PARÁ: 1876-1900

  • Data: 30/04/2021
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  • A leitura e análise dos jornais paraenses oitocentistas revelaram uma constância de artigos,
    ensaios e diversos escritos críticos produzidos no Pará entre os anos de 1876 até os anos finais
    do século XIX. Ao examinar as páginas da imprensa oitocentista paraense é possível
    encontrar dezenas de artigos, ensaios e cartas nos quais eram debatidos o fazer literário, as
    produções locais e nacionais e também sobre o interesse tanto da população quanto da crítica
    especializada da região a respeito da literatura que estava circulando na imprensa. Partindo de
    tais constatações o objetivo desta pesquisa foi recuperar e analisar os mais diversos escritos de
    crítica literária veiculados no jornal A Província do Pará entre 1876 e 1900. Os dados
    recuperados a partir da leitura das cópias do jornal microfilmados e disponibilizados pela
    Biblioteca Pública do Pará revelam que, ao longo de pouco mais de duas décadas, A
    Província foi um espaço privilegiado para a exaltação da literatura regional, com dezenas de
    artigos oriundos de outros Estados, traduzidos de revistas e jornais estrangeiros, além dos
    escritos produzidos por colaboradores locais, fatos que favoreceram a discussão e os debates
    de obras produzidas em Belém ou nas demais cidades brasileiras. Assim sendo, essa produção
    nos leva a refletir acerca da relação social do jornal e da produção literária ali veiculada, a
    circulação de ideias entre as províncias e a colaboração de críticos de outros locais com o
    jornal de Antonio Lemos. A partir dessa reflexão não podemos negar o empenho da mocidade
    paraense para a consolidação da literatura amazônica. Além de Marques de Carvalho, outros
    filhos da terra, como Álvares da Costa, Juvenal Tavares, Guilherme de Miranda e Theodoro
    Rodrigues compuseram o grupo de literatos voltados não apenas para a produção de prosa e
    poesia, mas especialmente da crítica. Compreendendo que a crítica literária encontrou na
    imprensa a sua força motora, no Pará, os jornais também tiveram papel fundamental na
    notabilidade dessa produção. Dessa forma, apresentamos, a partir das leituras sobre a crítica
    literária e a relação entre literatura e imprensa, observando como essa crítica produzida pelos
    colaboradores d’ A Província ganhou espaço ao longo das duas décadas finais do século XIX
    e a importância da difusão de ideias e dos debates intelectuais no fortalecimento das Letras na
    região.

  • LARISSA DA COSTA ARRAIS
  • PREDICAÇÃO NÃO VERBAL NA LÍNGUA SAKURABIAT (TUPÍ)

  • Data: 26/03/2021
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  • A língua Sakurabiat pertence ao ramo Tupari da família Tupi, assim como as línguas
    Akuntsú, Makurap, Wayoro e Tupari. Todas essas línguas são faladas por grupos
    relativamente pequenos, em Rondônia, e estão fortemente ameaçadas de extinção. Por esse
    motivo, a elaboração de pesquisas voltadas ao estudo, à documentação, à preservação e à
    revitalização dessas línguas é fundamental. Partindo desse cenário, o trabalho objetiva
    analisar e descrever a estrutura morfossintática e semântica dos predicados não verbais, a fim
    de contribuir, sobretudo, para a descrição e documentação de Sakurabiat. Predicados não
    verbais, estruturalmente, apresentam-se como orações verbais ou não verbais cuja informação
    principal se encontra em um SN, SAdj ou SAdv, por exemplo. A presente pesquisa está
    fundamentada nos pressupostos teóricos de Stassen (1997), Payne (1997), Dryer (2007) e
    Overall, Vallejos e Gildea (2018). Os procedimentos metodológicos incluíram análise de
    dados já coletados, armazenados no Centro de Documentação de línguas e culturas indígenas
    do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e de dados coletados especificamente para este
    estudo, através de elicitações realizadas com uma falante da língua, com base em
    questionários. A análise dos dados revelou que os predicados nominais, adjetivais
    (atributivos), locativos, existenciais e possessivos podem ser realizados com ou sem cópula.
    Em Sakurabiat, as cópulas são analisadas como partículas invariáveis quanto às categorias de
    pessoa e tempo, aspecto e modo (TAM) e a presença ou ausência desses morfemas copulares
    nos predicados não verbais está relacionada à polaridade e ao tempo verbal da sentença. Os
    predicados não verbais podem ser compostos pela justaposição do sintagma nominal (SN)
    sujeito e do sintagma predicativo, cuja categoria é definida de acordo com o tipo de
    predicado, com ou sem a presença de cópula ou verbalizador. Nos predicados existenciais e
    possessivos, há construções formadas pelo verbo existencial piro ‘ter;existir’, com ou sem a
    presença de cópulas, além de uso da raiz adjetival ɨgot. Embora estes dois tipos de predicados
    apresentem distinções semânticas – um expressando existência e o outro posse –
    morfossintaticamente, ambos são compreendidos como existenciais, visto que, nos
    possessivos, ocorre apenas uma extensão do verbo existencial piro.

  • MARIA LUCIA FERREIRA DOS SANTOS
  • PROFESSORA, TEM ERRO AQUI? CARANGUEIJO, SISNEI E ALÇE: CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E DIFICULDADES DE ESCRITA EM ALUNOS DO 5º ANO DE TRÊS ESCOLAS PÚBLICAS DE BELÉM-PARÁ

     

  • Data: 26/03/2021
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  • A problemática relacionada à escrita de determinados vocábulos que alguns alunos enfrentam quase que diariamente na hora de realizarem as diversas tarefas escolares, mais especificamente as de Língua Portuguesa, não é fruto somente de suas dificuldades de aprendizagem, mas também do desconhecimento que eles têm do próprio sistema fonológico do Português Brasileiro (doravante PB). Ou seja, pelo fato de este ser bastante complexo, ainda não possuem, nos dizeres de Capovila e Capovilla (2000), a capacidade de identificar, isolar, manipular, combinar e segmentar mentalmente, e de modo preciso, os segmentos fonológicos da língua, habilidade essa denominada de Consciência Fonológica (CF). Logo, quando desconhecem tal habilidade, a tendência é, obviamente, grafarem de forma incorreta palavras que lhes provocam dúvidas quanto à grafia e, como consequência dessa incompreensão, surgem os erros ortográficos, quer seja quando omitem, acrescentam ou trocam letras, quer seja quando transcrevem a fala para a escrita. Assim, partindo da concepção de que a prática da CF estimula avanços no desempenho fonológico de crianças que apresentam ou não problemas de aprendizagem, pretendemos, com esta pesquisa, investigar as dificuldades de aprendizagem de escrita de alunos matriculados no 5o ano, de três escolas públicas localizadas em Belém-Pará, bem como pesquisar se acontece ou não a aplicação da CF nesse nível de escolarização. Objetivamos, também: 1) identificar os erros mais recorrentes na escrita desses alunos, verificando suas maiores necessidades em compreender a relação grafofonêmica; 2) descrever o desempenho deles, a partir de um ditado de palavras isoladas; 3) categorizar os erros ortográficos encontrados em suas escritas; e 4) apresentar uma proposta de intervenção à luz da CF que possa auxiliar o professor para a diminuição da incidência de erros ortográficos em sua sala de aula. Para tanto, duas hipóteses nortearam o desenvolvimento desta investigação: (a) alguns alunos ainda concebem a escrita como essencialmente fonética, por isso, têm dificuldades em segmentar e analisar os sons que compõem as palavras, ou seja, não têm consciência do sistema sonoro da língua; e (b) certas metodologias utilizadas por uma parcela considerável de professores não parecem ser satisfatórias para o ensino da escrita, pelo fato de não estarem fundamentadas em conhecimentos consistentes acerca da natureza do sistema ortográfico. Nossas hipóteses partiram da concepção de que o bom desenvolvimento da CF desempenha um papel importante na aquisição do sistema alfabético. Dessa maneira, é essencial que haja investimento na capacitação de professores, a fim de que eles possam desenvolver as habilidades necessárias para a realização das atividades de CF, não somente nas séries iniciais do Ensino Fundamental I, como também nos demais níveis de escolarização. É uma pesquisa de campo, de cunho quanti-qualitativo. Os erros recorrentes na escrita dos textos selecionados para a análise desta pesquisa são referentes a erros resultantes: i) da troca de letras e fonemas, ii) do acréscimo de letras, iii) da ausência de letras e sílabas, e iv) por metátese. Assim, para a realização da coleta de dados deste estudo, aplicamos uma atividade composta por pequenos textos ilustrados com figuras de vinte e cinco animais. Nesses textos, houve um espaço em branco para que o aluno escrevesse, a partir do ditado, o nome de cada um dos animais da ilustração. Nosso propósito, com isso, foi avaliar a habilidade de codificação ortográfica com base na escrita dos alunos, para, então, fazermos a análise desses dados. O embasamento teórico desta investigação foi pautado em questões sobre fonética e fonologia alicerçado nos trabalhos de Cristófaro-Silva (2015), Bisol (2005), Câmara Jr., (1991); nos aportes da consciência fonológica em pesquisas de Adams et al. (2006), Lamprecht et al. (2004), Capovilla e Capovilla (2000); nas categorizações para análise de erros ortográficos propostas por Bortoni-Ricardo (2005), Morais (2003), Cagliari (2002), Zorzi (1998); e nas principais teorias sobre o desenvolvimento da leitura e da escrita investigadas por Kato (1990), Ferreiro e Teberosky (1999), Bakhtin (2000), Marcuschi (2003), Soares (2018;2020). Dos cinco grupos de erros selecionados para esta pesquisa, os resultados apontaram, em ordem decrescente, que a predominância maior está no grupo troca de letras (476), seguidamente do grupo ausência de letras e sílabas (138), logo após o grupo acréscimo de letras (62) e, por último, metátese (29), resultados que revelam as dificuldades que alguns alunos têm em relação aos usos orais e escritos da língua, ou seja, “a escrita não pode ser tida como uma representação da fala”, pois nem tudo o que está na oralidade, está na escrita ou vice-versa, como bem esclarece Marcuschi (2003, p. 17). Portanto, é essencial que o professor planeje suas aulas, considerando sempre as dificuldades evidenciadas por seus alunos, a fim de organizar tarefas voltadas para a superação desses problemas, as quais deverão contemplar a consciência fonológica.

  • JHONATAN ALLAN DE ANDRADE RABELO
  • APRENDIZAGEM AUTÔNOMA DE LÍNGUAS ADICIONAIS E FORMAÇÃO DOCENTE EM UM CENTRO DE AUTOACESSO NO ENSINO SUPERIOR

  • Data: 19/03/2021
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  • Centros de Autoacesso podem ser entendidos como ambientes de fomento à autonomia e costumam dispor de amplo acervo de materiais para a aprendizagem autodirigida (GARDNER; MILLER, 1999; COTTERAL; REINDERS, 2000; DOFS, HOBBS, 2011). Na Universidade Federal do Pará, esse espaço é a Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA3), que desde 2004 oferece diferentes formas de apoio aos graduandos da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM). Os efeitos positivos que a BA3 exerceu sobre a aprendizagem de línguas desses graduandos podem ser encontrados em publicações da área (MAGNO E SILVA, 2017; RABELO; MORHY, 2019 entre outros). Todavia, observa-se uma lacuna no que tange o potencial que os centros de autoacesso pode ter para a formação docente. A literatura em Linguística Aplicada evidencia que a autonomia, apesar de estudada há mais de cinco décadas, ainda é pouco presente nos currículos de Letras das universidades brasileiras. Formar professores capazes de fomentá-la entre seus alunos demanda experiências práticas fundamentadas em uma base teórica sólida, especialmente quando se considera o caráter complexo e dinâmico do processo de autonomização (PAIVA, 2006; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008). Por essa razão, justifica-se a ampliação do debate sobre a formação docente com foco na autonomia e as contribuições que podem emergir da existência de centros de autoacesso nas universidades. Esta tese tem por objetivo geral compreender o papel dos centros de autoacesso na formação de professores. Os objetivos específicos incluem identificar como o trabalho na BA3 trouxe benefícios para dez graduandos de Letras que atuavam como bolsistas ou voluntários nesse espaço. Ademais, verificou-se como a percepção desses participantes sobre ensino e aprendizagem foi ressignificada a partir das experiências lá vivenciadas. Por fim, avaliou-se a competência desses bolsistas e voluntários em desenvolver atividades de fomento à autonomia, bem como os papeis que o pesquisador exerceu como mediador nesse processo. O referencial teórico incluiu algumas das diferentes temáticas que compõem o rol de saberes de uma formação docente com foco na autonomia e motivação (USHIODA, 2008; DÖRNYEI; USHIODA, 2011), crenças (BARCELOS, 2006), estratégias de aprendizagem (OXFORD, 1990; SANTOS, 2011), avaliação (ALVES, 2005; CUNHA, 2006), entre outros. No que tange metodologia, optou-se pela pesquisa de cunho etnográfico, conduzida no grupo de estudo em autonomia e autoacesso, formado pelo pesquisador e pelos participantes. Os instrumentos de constituição dos dados foram diários de observação, gravações das reuniões e entrevistas. Os resultados demonstraram que os centros de autoacesso são espaços com grande potencial para a formação docente, pois são livres de restrições e oportunizam a vivência dos graduandos em ambientes autonomizadores, tanto como aprendentes quanto como professores em formação. Nesse processo, o coordenador pode atuar como um conselheiro para o trabalho docente, construindo pontes entre teoria e prática e estimulando a exercício profissional precoce por meio da criação de uma atmosfera de experimentação e colaboração mútua.

  • THAIS FERNANDES DE AMORIM
  • GULLIVER'S TRAVELS NA PERSPECTIVA ADAPTADA DE CLARICE LISPECTOR: O LEITOR INFANTOJUVENIL EM QUESTÃO

  • Data: 10/03/2021
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  • Este trabalho objetiva investigar o conteúdo moralizante e satírico presentes na obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift (1735), na perpectiva adaptada de Clarice Lispector (1973-2008), apontando o tratamento que a escritora dá a esses elementos e como um público infantojuvenil daria conta desses contextos. Considerando que as narrativas, históricas ou literárias, constroem uma representação acerca da realidade e essa representação materializa-se no texto, procuramos compreender a recepção desses textos a partir do texto adaptado de Lispector, entendendo que este é uma instância intermediária entre o autor, a adaptadora e o leitor. Para tanto, abordaremos algumas questões teóricas que lidam com a interpretação e recepção do texto literário (JAUSS, 1979), participação do leitor na construção do (novo) texto (ISER, 1999), portanto retextualizado pela adaptação, a partir do desvelar das metáforas (LAKOFF & JONSON, 2002) e da interpretação de signos, ícones e símbolos (PIERCE, 2005), uma vez que o texto infantil lida com muitas imagens; bem como um fazer tradutório pautado do princípio da equivalência dinâmica (KADE, 1968), pois que a tradutora recria a função que as palavras poderiam ter na situação do texto de partida. Tal incursão é necessária, pois Lispector retextualiza certas passagens de forma metafórica e não usa ilustrações em seu trabalho (recurso recorrente em trabalhos destinados ao público infantojuvenil). Sabendo então que o texto depende da disponibilidade do leitor em reunir tudo aquilo que lhe é oferecido e contribui para a constituição de significados far-se-á uma investigação nas pesquisas de literatura infantojuvenil para discorrer sobre quem são esses leitores, bem como nos estudos datradução/adaptação de literatura infantojuvenil (LATHEY, 2006; OITTINEN, 2006; VENUTI, 1995), considerando que é a esse texto traduzido e adaptado que o leitor infantojuvenil terá acesso.

  • MARCIA ALVES DE OLIVEIRA
  • PRÁTICAS DE ACONSELHAMENTO E REGULAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM AULAS DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: EM BUSCA DE UMA INTEGRAÇÃO

  • Data: 26/02/2021
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  • Este estudo tem por objeto a articulação entre práticas de aconselhamento linguageiro e de avaliação formativa na aprendizagem de Português Língua Estrangeira (PLE) por estudantes iniciantes em imersão no Brasil, num curso intensivo de preparação a um exame de certificação, no qual devem alcançar o equivalente ao nível B1 do Quadro Europeu Comum de Referências para as Línguas (QECRL). A motivação para a realização deste estudo surgiu a partir da minha experiência como conselheira em aprendizagem de línguas e do interesse em compreender como os processos regulatórios e os autorregulatórios, característicos da avaliação formativa, podem ser potencializados por meio de práticas de aconselhamento. Todavia, o aconselhamento em aprendizagem de línguas acontece habitualmente fora da sala de aula, no ritmo desejado pelo aprendente, e não está necessariamente vinculado aos objetos de aprendizagem das aulas de língua, como ocorre com a avaliação formativa que se exerce em referência aos objetivos de aprendizagem. A turma de PLE do Programa de EstudantesConvênio de Graduação (PEC-G) da Universidade Federal do Pará (UFPA), que dispõe de apenas sete a oito meses para alcançar aprovação no exame, torna-se, desse modo, um ambiente propício para desenvolver pesquisas em avaliação formativa e em práticas de aconselhamento articuladas à ação pedagógica. Portanto, esta pesquisa visa contribuir para a articulação didático-pedagógica entre os pressupostos da (auto)(r)regulação da aprendizagem e do aconselhamento em aprendizagem de línguas, em vista da autonomização dos aprendentes. Trata-se de uma pesquisa-ação realizada em uma turma do curso pré-PEC-G da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM) do Instituto de Letras e Comunicação (ILC), no período de fevereiro a outubro de 2019, adotando uma abordagem qualitativa interpretativa dos dados gerados. Os dados, embora, ainda limitados, mostram os benefícios obtidos nessa integração entre os processos formativos e as práticas de aconselhamento que permitiram aumentar significativamente as autorregulações cognitivas e metacognitivas dos aprendentes a respeito de seu processo de aprendizagem. Desse modo, o desenvolvimento de sua autonomia foi potencializado.

  • ELIJAMES MORAES DOS SANTOS
  • CORPO, LINGUAGEM E TRANSGRESSÃO EM LAVOURA ARCAICA

  • Data: 26/02/2021
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  • Esta tese intitulada Corpo, linguagem e transgressão em Lavoura arcaica é um estudo
    sobre questões ligadas ao erotismo dos corpos, e as transgressões que se dão na e
    pela linguagem da narrativa do romance, de Raduan Nassar, publicado em 1975.
    Procedo com a hipótese de que ocorre no Lavoura arcaica um conflito entre o instinto
    e a razão, que são desdobrados nos discursos da narrativa por meio de uma
    linguagem alegórica. Desse modo, é por meio do instinto do corpo que o sujeito viola
    a norma patriarcal e, ao mesmo tempo, revela como o desejo e a sexualidade são
    interditados. Para tanto, o percurso teórico utilizado para sustentar esse estudo tem
    como base os trabalhos de Georges Bataille (2016; 2017; 2018), de Walter Benjamin
    (1984; 2013b); Michel Foucault (1977; 1988) e Sigmund Freud (2006; 2011; 2013);
    Giorgio Agamben (2007) e Mircea Eliade (2001). Aponto que a narrativa de Lavoura
    arcaica está sustentada numa linguagem que transita por uma poética erotizada, a
    qual revela os instintos do sujeito e seus conflitos. Com efeito, ocorre um confronto
    entre a razão, do mundo dos valores patriarcais, e a subversão do filho que deixa a
    casa da família e vai em busca de novas realizações. É com a partida de André que
    são revelados os problemas ligados à questão do interdito dos desejos e das paixões.
    Assim, esse corpo carrega em si a desmedida, que vai ser revelada pela forma
    fragmentada, pelo vazio, e por sua vez pela ruína que se espalha sobre os demais
    membros da família. Com isso, a partir do conjunto teórico aqui delineado foi possível
    apresentar uma discussão em torno da narrativa, de Raduan Nassar, no que se refere
    a presença do corpo, seus impulsos, entre outras questões que são da ordem da
    violação da norma, da lei, ou seja, daquilo que é interdito pelo pai. Reforço, portanto,
    que se verificaram alguns desdobramentos por meio de alegorias inerentes à
    linguagem do corpus, que deixa à mostra a fragmentação de um corpo que emana o
    trágico.

  • LADYANA DOS SANTOS LOBATO
  • O EXÍLIO NO TESTEMUNHO DA SEGUNDA GERAÇÃO: ELEMENTOS PARA UM PARADIGMA NARRATIVO

  • Data: 26/02/2021
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  • Analisamos, nesta pesquisa, o testemunho de filhos de perseguidos, desaparecidos e mortos
    políticos da Ditadura Militar de 1964, que se reporta à experiência da infância no exílio e à
    forma como essa experiência se encontra apresentada na produção literária e cinematográfica.
    Para isso, selecionamos dois corpora de pesquisa. O primeiro é constituído de narrativas
    testemunhais publicadas, em 2014, na obra Infância Roubada, dentre as quais selecionamos as
    narrativas intituladas: “O exílio do meu pai foi a nossa despedida”, de Suely Coqueiro; “Por
    que você é tão tristinha?”, de Marta Nehring; e “Adotados pela Revolução Cubana”, de Virgílio
    Gomes da Silva Filho. O segundo corpora é constituído pela novela intitulada Meninos sem
    Pátria, de Luiz Puntel, publicada em 1988, pela Série Vaga-lume; o romance intitulado A
    Resistência, publicado em 2015, pelo escritor brasileiro Julián Fuks, filho de pais exilados da
    ditadura na Argentina; e o filme intitulado Diário de uma busca, lançado em 2010, por Flávia
    Castro, filha de perseguidos políticos da Ditadura no Brasil. A tese dialoga com conceitos do
    campo dos estudos migratórios (CAVALCANTI, 2017; OIM, 2009, SAYAD, 1998), dentre os
    quais destacamos o conceito de exílio (AGAMBEN, 1996; SAID, 2003; VIÑAR e VIÑAR,
    1992; ROLLEMBERG, 1999, 2007). A tese dialoga também com os estudos sobre narrativas
    do exílio (ADORNO, 1999; CORTÁZAR, 2001; VIDAL, 2004; FIGUEIREDO, 2017), estado
    de exceção (AGAMBEN, 2004); testemunho (SELIGMANN-SILVA, 2003, 2005, 2013;
    VILELA, 2000; SALGUEIRO, 2012); literatura e testemunho (DE MARCO, 2004; LUQUE,
    2003); memória (SARLO, 2007; BASILE, 2019; FANDIÑO, 2016); sobrevivência (PELBART,
    2008, 2013) e utopia (SZACHI, 1972). O estudo possui como abordagem teórica central os
    estudos sobre exílio, testemunho e memória da segunda geração. Porém verificamos que as
    narrativas testemunhais são atravessadas também pelo conceito de utopia, pois há nesses textos
    um desejo pessoal dos filhos de compreensão de suas próprias identidades que aponta para o
    paradigma de um presente ad infinitum da experiência traumatizada do evento histórico. Diante
    dessa realidade, surge uma alternativa, qual seja o desejo da realização de um projeto coletivo
    que prima por outra forma de relação entre a população e o Estado. Seria essa a utopia por uma
    forma de vida não marcada pela violência de estado? A utopia da integridade do sujeito? Essa
    proposta utópica é, ao mesmo tempo, paradoxal, devido a sua impossibilidade, tendo em vista
    que, uma vez violada a integridade física, psicológica ou moral, jamais essa pode ser
    recuperada. Para responder a essa problemática, propomos um instrumento de análise comum
    para narrativas testemunhais que reportam experiências da infância no exílio. Neste processo,
    consideramos a presença de 4 (quatro) categorias de análise. São elas: 1) A Motivação (para a
    viagem); 2) A Viagem; 3) A Estada; 4) O Retorno. Na análise das narrativas dos corpora de
    pesquisa, a partir das quatro categorias propostas, verificamos que a experiência do exílio da
    segunda geração está atrelada a um conjunto de elementos que apontam para a forma como o
    estado ditatorial constituiu-se como agente promotor de violação de direitos fundamentais de
    crianças e que, por isso, a utopia é, na mesma medida, um projeto irrealizável. Assim, este
    estudo é de fundamental importância para apresentarmos a nossa contribuição teórica para os
    estudos do exílio, assim como propor um instrumento de análise que poderá ser utilizado por
    outros pesquisadores em corpora de pesquisa semelhantes.

  • NATHÁLIA DA COSTA CRUZ
  • DAS PELÍCULAS ÀS PÁGINAS – O INDÍGENA (EN)CENA

  • Data: 26/02/2021
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  • A Coleção Um Dia na Aldeia, realização do projeto Vídeo nas Aldeias em parceria
    com a extinta editora Cosac Naify e patrocínio da Petrobras, é composta por seis
    livros-adaptações feitos a partir de seis documentários filmados nas comunidades
    indígenas no Brasil – Wajãpi, do Amapá; Ikpeng, no Parque Indígena do Xingu, ao
    norte do Mato Grosso; Panará, da divisa entre os estados do Pará e Mato Grosso,
    Kisêdjê, também no Parque Indígena do Xingu; Ashaninka, na Amazônia peruana,
    no Acre; e Mbya-Guarani, no Rio Grande do Sul. Destarte, esta tese objetiva
    investigar as aproximações e dissonâncias entre os processos de criação das
    diferentes versões midiáticas em tela – os filmes (produzidos por cineastas
    indígenas ou com a colaboração dos oficineiros do projeto nas aldeias) e os livros
    ilustrados (produzidos por não indígenas) – de modo a compreender as questões
    relacionadas às adaptações desses filmes para a literatura. Para tal empreitada, o
    texto foi dividido em cinco seções principais, que tratam desde a origem do projeto
    Vídeo nas Aldeias aos meandros da criação da Coleção Um Dia na Aldeia. As
    análises intentam explicitar e informar o que embasa cada uma dessas histórias. O
    que a Coleção Um Dia na Aldeia revela sobre a perspectiva do pensamento
    indígena? Quem são as adaptadoras e ilustradoras e quais as suas relações com os
    povos indígenas? Por que as adaptações são direcionadas ao público infantil e
    juvenil? Como as adaptadoras conciliam as imagens dos indígenas dos vídeos para
    os livros? Quando as obras foram publicadas e por quais meios e editoras? Em que
    contexto surgem as adaptações de filmes indígenas para a literatura? Cada
    adaptação traz consigo não somente um conteúdo estético, mas também um
    complexo e singular conteúdo identitário e cultural. As obras da Coleção Um Dia na
    Aldeia, ao trazerem os indígenas como protagonistas das histórias, desde as
    películas dos filmes às páginas dos livros, oferecem uma abertura para se pensar
    tanto o processo adaptativo, quanto o literário, neste maravilhoso intercâmbio de
    signos, mídias e culturas.

  • SILVANA BANDEIRA OLIVEIRA
  • IMAGENS DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: A RACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE EM DISSERTAÇÕES DO MESTRADO PROFISSIONAL EM LETRAS EM REDE NACIONAL (PROFLETRAS)

  • Data: 26/02/2021
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  • Nesta tese analisamos as imagens do professor de Língua Portuguesa nos discursos de
    formação continuada materializados em documentos do ProfLetras e dissertações de
    mestrado defendidas nesse programa. Sustentamos que essas imagens embasam um
    movimento de racionalização do trabalho docente manifestado nas propostas de ensino
    que integram essas dissertações, configuradas de forma a privilegiar a tradução dos
    conhecimentos teóricos tomados como referência em “pacotes de instruções”
    direcionados ao professor. Fazemos isso a fim de refletir sobre o processo de
    (re)qualificação do professor de Língua Portuguesa da escola básica neste início do
    século XXI, num momento em que a natureza dessa profissão e sua relação com os
    processos de produção dos conhecimentos parecem passar por mudanças. O quadro
    teórico em que se assenta nosso estudo situa-se no campo da Análise do Discurso de
    linha francesa, com destaque para os conceitos de formação imaginária, discurso,
    formação discursiva, interdiscurso, entre outros conceitos abordados por Michel
    Pêcheux (1993, 2012, 2014), aos quais acrescentamos considerações de Jacqueline
    Authier-Revuz (1990, 2004), de Eni Orlandi (2015) e Cleudemar Fernandes (2008).
    Ajudam a compor essa parte da pesquisa, também, as discussões empreendidas por
    Mikhail Bakhtin/Volochinov (2006) em torno do caráter “ideológico” do signo e suas
    particularidades enquanto signo verbal (palavra), bem como as discussões sobre o signo
    em Rama (2015), que o associa às noções de “ideia reitora” e de “escritura”. No campo
    da educação, nossos estudos estão ancorados principalmente nas discussões acerca das
    transformações que atingem o trabalho nessa área, em especial, as mudanças na carreira
    docente no final do século XIX e ao longo do século XX. Para esse debate contamos
    com as ideias de Michael Apple (1989, 1995), Magda Soares (1989) e João Wanderley
    Geraldi (1997). Além desses autores, Maria Malta Campos (2000), Mariano Fernández
    Enguita (2001), Pablo Gentili (2001) e José Carlos Libâneo (2004) nos auxiliam nessa
    reflexão, trazendo questões acerca do discurso da “qualidade” do ensino e os diferentes
    sentidos que o constituem e estão presentes na transformação das ações educacionais. O
    corpus utilizado na pesquisa está constituído por: a) três textos de apresentação do
    ProfLetras retirados de sites institucionais (UFRN, UFPA e CAPES); e b) dezoito
    dissertações do programa do mestrado ProfLetras (UFPA/defesa 2015-2016), sendo que
    as introduções e os projetos de ensino foram eleitos os recortes para a análise.
    Constatamos que a imagem do professor de língua materna se destaca por aquilo que
    lhe falta, e em contrapartida, o programa de mestrado aparece como suplência para essa
    falta, responsável por transformar a prática pedagógica e, consequentemente, sua
    imagem. Esse quadro de desqualificação do professor, por sua vez, integra um processo
    de requalificação profissional que se apoia no discurso educacional institucional,
    fundamentado em um movimento de racionalização, possibilitado pelo uso do
    conhecimento técnico/administrativo nos projetos de ensino das dissertações. Estes
    projetos mostram formas de controle que tendem a:1) conversão de um arcabouço
    teórico em saberes técnicos; 2) divisão de papéis na construção de conhecimento em um
    sistema de trabalho; 3) ênfase aos procedimentos, aos processos e aos objetos de ensino
    em detrimento aos autores que atuariam na construção do conhecimento; e 4) Promoção
    do signo (escritura), dos saberes, dos discursos e das imagens.

  • ANNE CAROLINA PAMPLONA CHAGAS
  • NARRATIVAS EM SILÊNCIO: DESCRIÇÃO E ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DA LÍNGUA DE SINAIS DE FORTALEZINHA-PA, BRASIL

  • Data: 25/02/2021
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  • Trata-se de uma tese cujo objetivo é realizar a descrição e análise sociolinguística da língua de sinais emergente utilizada por uma micro comunidade de surdos que vive na Vila de Fortalezinha localizada no arquipélago de Maiandeua, município de Maracanã, estado do Pará. A descrição será seguida de análise sociolinguísticas, a partir do estudo de redes, a fim de se avaliar: a natureza dos vínculos e dos contatos estabelecidos na comunidade, a percepção e atitude linguística que esses falantes fazem da língua de sinais que utilizam e da língua de sinais institucionalizada (LIBRAS), bem como apontar as possíveis variações decorrentes do contato entre as duas línguas sinalizadas. Em decorrência do fenômeno complexo que se propõe a analisar, esta pesquisa se insere na confluência de três abordagens teóricas, quais sejam: a Antropologia Linguística de Duranti (1997, 2003, 2004) e os conceitos chaves de práticas socais e o método Etnográfico de Hymes (1962, 1996); Sociolinguística Variacionista, conforme Labov (1972), mais precisamente as definições de redes sociais de Bortoni-Ricardo (2011); a Teoria de Semiologia das línguas de sinais Cuxac (1983, 1996, 2000) o estudo de Línguas de Sinais Emergentes estabelecidos por FusellierSouza (2004, 2006), bem como nas categorizações propostas por Sallandre (2014, 2020 e 2021). O corpus que constitui o objeto de estudo desta pesquisa fundamenta-se em 49 registros audiovisuais de narrativas contadas pelos 10 surdos da micro comunidade da Vila de Fortalezinha e, também, entrevistas com 13 dos seus familiares e amigos. Ao todo, tem-se um total de 23 colaboradores. O corpus foi coletado em meio a encontros presenciais, iniciados e finalizados em 2017, por meio de pesquisa participante na qual adotaram-se os protocolos da Sociolinguística e da Etnografia. A descrição dos dados foi realizada a partir de uma grade de análise paramétrica, plurilinear e simultânea desenvolvida para o presente estudo. Com base nos resultados apresentados, confirma-se que os vínculos e contatos estabelecidos e mantidos entre os membros dessa comunidade asseguram os usos linguísticos comuns e a coesão da tessitura da rede social na qual esses sujeitos estão inseridos, configurando-se, portanto, como um poderoso símbolo de identidade e um fenômeno de resistência característico de grupos linguísticos minoritários

  • NAIR DAIANE DE SOUZA SAUAIA VANSILER
  • MOVIMENTOS OCULARES E PROSÓDIA DE LEITURA ORAL: ANÁLISE DOS MARCADORES PROSÓDICOS GRÁFICOS NA LEITURA DE ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

  • Data: 25/02/2021
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  • A presente Tese de Doutorado investiga o processamento dos Marcadores Prosódicos Gráficos
    - MPGs (PACHECO, 2003) em leitura em voz alta. Tem como objetivo examinar o
    processamento da leitura oral no Português Brasileiro (PB) levando em consideração os MPGs:
    Vírgula (VG), Ponto (PT) e Dois-pontos (DP) de acordo com o sistema entoacional do PB
    definido por Cagliari (1981), o qual apresenta padrões tonais delimitados por um Grupo Tonal
    (GT) constituído por uma Sílaba Tônica Saliente (TT), Componente Tônico (CT) e
    Componente Pretônico (CPT). A metodologia utilizada concilia análise acústica e cognitiva.
    Para a análise acústica, foi gravada a produção oral realizada durante a leitura de 58 estudantes
    do 5o ano da rede municipal da cidade de Ponta Grossa (PR), todos com intervalo de idade entre
    9 e 12 anos, classificados em torno da variável Fluência Leitora, com o total de 29 alunos no
    Grupo Fluente (FL) e 32 no Grupo Pouco Fluente (PF). Ao todo, foram analisados 928 dados
    (58 alunos x 16 frases-alvo). Foram controlados os aspectos acústicos: Intensidade (em dB) e
    Frequência Fundamental (f0) (em Hz) do CPT e CT, Duração (em ms) da TT e Pausa (em ms).
    Para a análise cognitiva, empregou-se a Técnica do Rastreador Ocular para tomadas de medidas
    dos movimentos oculares dos 58 participantes. Os aspectos oculares foram: Tempo Total de
    Leitura (TTL), Número de Fixações (NF), Número de Sacadas (NS) e Média do Tempo de
    Fixações (MTF). Para a relação entre dados oculares e acústicos, aplicaram-se testes
    combinando os aspectos estatísticas e os estímulos: Teste 1 (a quantidade de fixações e duração
    da pausa interna), Teste 2 (a quantidade de revisitas e duração da pausa interna), Teste 3 (a
    quantidade de fixações e duração da pausa final) e Teste 4 (a quantidade de revisitas e duração
    da pausa final). Os dados foram compostos por três estímulos, correspondentes à leitura de três
    tipos de textos diferentes: Texto 1, complexo com os marcadores DP (2 frases-alvo), VG (3
    frases-alvo) e PT (3 frases-alvo), Texto 2, simples com os marcadores VG (3 frases-alvo) e PT
    (1 frase-alvo) e texto 3, simples sem pontuação, contendo 4 frases-alvo: i) 3 frases-alvo com
    valor de VG e ii) 1 frase-alvo com valor de PT. O tratamento dos dados compreendeu as
    seguintes etapas: i) extração dos dados oculares no software BeGaze; ii) segmentação dos sinais
    de áudio no software Praat; iii) extração das médias dos parâmetros físicos dos segmentos; iv)
    tabulação dos dados de relação acústica e ocular; v) aplicação dos testes quantitativos. Na
    análise prosódica, os participantes apresentam em todos os marcadores avaliados,
    inconsistência em relação à redução ou manutenção do CT e CPT em f0 e Intensidade e não
    alongamento da TT. A partir da comparação das médias dos aspectos oculares entre os grupos
    PF e FL comprova-se que, quanto mais complexo o texto, maior a diferença entre os grupos de
    fluência. Os resultados da análise de correlação indicam que há correlação significativa entre
    os aspectos pausa interna e fixações no teste 1 (nos textos 1 e 2) e pausa interna e revisitas no
    teste 2 (nos textos 2 e 3), o que caracteriza dificuldade no processamento de leitura devido às
    pausas internas, revisitas e fixações no interior da sentença; e entre os aspectos Pausa Final e
    Fixações no teste 3 (no texto 1) e pausa final e revisitas no teste 4 (no texto 2), o que significa
    dizer que, quando a duração da quantidade de fixações e revisitas aumenta, há aumento na
    duração da pausa final, o que pode comprovar o efeito dwell-time (HIROTANI; FRAZIER;
    RAYNER, 2006; RAYNER, 1998), em que os leitores permanecem no final de uma cláusula
    até a resolução da cláusula presente. De maneira geral, os dados mostraram que há uma forte
    correlação entre fixação, revisita e duração da pausa no processamento dos sinais de pontuação
    durante a leitura oralizada.

  • JOSIVANE DO CARMO CAMPOS
  • SISTEMA VOCÁLICO PRETÔNICO DO PORTUGUÊS FALADO NA CIDADE DE CAMETÁ/PA: CARACTERIZAÇÃO ACÚSTICA

  • Data: 19/02/2021
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  • A presente Tese de Doutoramento em Linguística tem como objetivo geral fornecer uma descrição acústica das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ no português falado na área urbana da Cidade de Cametá/PA. Como objetivos específicos, buscou-se: a) verificar as possíveis influências de fatores sociais como sexo, faixa etária e escolaridade sobre a variação das vogais médias pretônicas; b) verificar se o fenômeno da harmonia vocálica favorece o processo de variação das vogais alvo na variedade de Cametá/PA; c) fornecer o espaço acústico das vogais alvo em análise, conforme os parâmetros de F1 (altura da língua), F2 (anterioridade/posterioridade); d) investigar o papel de F0 (frequência fundamental), F3 (arredondamento dos lábios) e Duração na caracterização acústica das vogais médias pretônicas na variedade estudada. Para tanto, os procedimentos metodológicos adotados foram os estabelecidos por Cruz (2011) na caracterização acústica do sistema vocálico pretônico do português falado na Amazônia Paraense: a) corpus padronizado - sendo 45 vocábulos selecionados com base no contexto de alta variabilidade em estudos sociolinguísticos anteriores; b) amostra estratificada socialmente em sexo, faixa etária e escolaridade; c) coleta de dados por meio do protocolo de leitura de texto em voz alta (Y); d) segmentação dos dados no Praat; e) aplicação do script Praat Analyser Tier para obtenção das medidas acústicas tomadas da parte central das vogais alvo; f) organização dos valores dos parâmetros físicos no Excel; g) tratamento estatístico por meio do programa R. Os resultados apresentados são do tratamento dos 789 dados oriundos do protocolo de coleta de dados por meio da leitura de texto (Y), contemplando os 18 (dezoito) sinais sonoros referentes à amostra. A análise sociolinguística mostrou a predominância das variantes médias, tanto da anterior (75%) quanto da posterior (60%). Depois, as variantes baixas: 15% para a anterior, e 27% para a posterior; e por último, as variantes altas: 10% da anterior, e 13% da posterior. Quanto aos fatores sociais analisados, a escolaridade se mostrou o fator mais interferente na variação das vogais em estudo, pois constatou-se que quanto maior o nível de escolaridade, maior a probabilidade de realização das variantes médias, e menor a probabilidade de variantes altas, confirmando, portanto, que o processo de escolarização no município de Cametá tende ao apagamento das marcas dialetais. A análise acústica, por sua vez, a partir da análise conjunta de F1 e F2, confirma ser o sistema vocálico pretônico cametaense mais compacto e com maior tendência à centralização, como já atestado por Lages (2017) e Verçosa (2018). A harmonia vocálica foi confirmada pelos testes de significância como processo fonológico favorecedor da variação vocálica. No que diz respeito a F0 e F3, estes se confirmam como parâmetros de identidade entre as variantes, justamente por apresentarem frequências muito próximas, permitindo então que se considerem realizações de um mesmo fonema no nível subjacente. A duração, por sua vez, foi considerada mais que um parâmetro distintivo de vogais, pois também pode ser tomada como um parâmetro de identidade entre as variantes das vogais em contexto pretônico.

  • DELCIA PEREIRA POMBO
  • DOS CAMPOS DO MARAJÓ AOS CAMPOS DO DISCURSO: SENTIDOS SOBRE O TRABALHO DO VAQUEIRO NA TRADIÇÃO E NA CONTEMPORANEIDADE

  • Data: 11/02/2021
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  • Esta pesquisa segura as rédeas de uma investigação que se conduz rumo aos discursos do
    trabalho do vaqueiro marajoara na tensão entre os sentidos tradicionais e contemporâneos sobre
    a profissão. Para analisar o discurso, se dará prioridade ao arcabouço teórico da escola francesa
    de Análise do Discurso (AD) a qual desperta um novo olhar para o sentido, para o sujeito e para
    a história na atividade do trabalho. A opção pela temática justifica-se pela relevância que
    apresenta para os estudos referentes à vaqueirice nos campos da pecuária no Marajó e contribuir
    com a discussão acerca de um sujeito discursivo pensado a partir de um lugar. Na reflexão sobre
    os saberes acumulados, o contar experiências e saberes do cotidiano profissional que se instaura
    como campo de possibilidades de atribuição de sentido, enquanto trama da existência narrada
    e possibilidade também de descrever os processos de sua construção identitária. Há de se
    verificar também como esses profissionais inauguram uma dêixis discursiva sobre o trabalho
    que realizam e daí reconhecer como os discursos constroem os simulacros sobre o trabalho do
    vaqueiro na tradição e na contemporaneidade. Estas são ações necessárias para se compreender
    a polêmica instaurada entre os sentidos construídos sobre a profissão do vaqueiro inscritos em
    diferentes épocas. A investigação se deu por meio de entrevistas narrativas, com posterior
    transcrição, que se constituiu como ponto de articulação entre os fenômenos da linguagem e o
    trabalho do vaqueiro e como sua identidade profissional é construída numa prática discursiva.
    Em busca de materializar uma alternativa de análise nos campos do trabalho e nos campos do
    discurso, a rota por uma trilha com ferramentas que beneficiem o avanço no percurso da
    investigação à luz da teoria da AD, na abordagem ergológica, em pontos específicos de análise.
    Na interseção entre o prescrito na lei e a atuação do vaqueiro nas lidas do dia a dia, a escuta
    atenta do contar às narrativas de vida para o estudo dos sentidos dos fenômenos laborais
    Entende-se que os fios tecidos nesses discursos se entrelaçam em tramas que revelam um forte
    conteúdo sociocultural e suscitam reflexões sobre a diversidade de registros e particularidades
    do ofício que estão historicamente marcadas nesta região dos campos do Marajó.

  • KATHLEEN JUCA LONGOBARDI
  • OS MÚLTIPLOS MISTÉRIOS NA ESTRADA DE SINTRA: UM ESTUDO DO ROMANCE DE EÇA DE QUEIRÓS E RAMALHO ORTIGÃO

  • Data: 30/01/2021
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  • Esta pesquisa tem como objetivo analisar o romance O Mistério da Estrada de Sintra
    dos escritores portugueses Eça de Queirós e Ramalho Ortigão, buscando mostrar a
    engenhosidade dos autores ao construírem uma narrativa que dialoga com os gêneros
    textual, jornalísticos e literários, bem como com toda a tradição romanesca do
    Oitocentos. Para isso, lançamos mão de uma pesquisa bibliográfica mais extensa sobre
    o tema e também qualitativa da obra O Mistério da Estrada de Sintra evidenciando seus
    elementos constitutivos que dialogam diretamente com o gênero policial e de mistério
    inseridos na tradição romanesca oitocentista em Portugal e na Europa. Por essa razão,
    tomamos como referenciais bibliográficos os textos de Fernanda Massi (2011), Tzvetan
    Todorov (2006), Álvaro Lins (1947), Sandra Reimão (1990) e outros estudiosos do
    gênero policial e Marie-Ève Thérenty (2014) com seus estudos sobre mistérios urbanos.
    Além destes, tomamos como base também as autoras Marlyse Meyer (1996) e Andréa
    Trench de Castro (2015). A relevância deste estudo deve-se às parcas contribuições
    referentes à análise dessa narrativa de Eça de Queirós e de Ramalho Ortigão como
    sendo um romance híbrido, isto é, que abrange vários gêneros: romance-folhetim,
    epistolar, investigativo, fait-divers. Por esse motivo julgamos pertinente um estudo
    dessa natureza, principalmente porque entendemos que se trata de uma obra que lançou
    os amigos Eça de Queirós e Ramalho Ortigão no universo dos romancistas da época.
    Sendo assim, acreditamos que a escolha desse repertório teórico alinha-se ao tipo de
    pesquisa que é desenvolvida contribuindo para enriquecer os estudos sobre O Mistério
    da Estrada de Sintra no conjunto da obra eciana.

  • JOSE ADAUTO SANTOS BITENCOURT FILHO
  • “ÉMILE ZOLA: O “FRANCÊS DEGENERADO” NA BELÉM OITOCENTISTA

  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 29/01/2021
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  • Ao longo do último quartel do século XIX, a capital da Província do Grão-Pará
    vivenciava um momento marcado por avanços engatilhados por um ápice econômico
    resultante da exportação do látex. Nessa circunstância, ocorreu o surgimento de
    diversas tipografias, casas de comércio de livros e periódicos que supriam e
    estimulavam o desejo de leitura da população letrada local.
    Entre os gêneros mais populares de leitura da época, encontra-se o romance francês
    e um dos autores mais discutidos e lidos era Émile Zola (1840-1908), um dos
    principais nomes relacionados ao movimento estético do Naturalismo. O presente
    estudo busca recuperar os dados acerca da apreciação crítica sobre a obra de Zola
    em três periódicos paraenses de ampla circulação, o representante do Partido
    Conservador, O Diário de Belém (1868-1878), e as folhas O Liberal do Pará (1869-
    1890) e A Província do Pará (1876 -), ambos órgãos veiculados ao Partido Liberal.
    Também visamos evidenciar a circulação e disponibilização das obras do autor na
    Belém Oitocentista, por meio da análise de anúncios de livros divulgados nas folhas
    estudadas e pela catalogação das obras de Émile Zola ofertadas pela biblioteca do
    Grêmio Literário Português de Belém, uma importante instituição na disseminação de
    Literatura no contexto estudado. Para atingirmos o objetivo, foi realizada a análise dos
    volumes disponibilizados pela agremiação e de seus catálogos de obras; também foi
    feita a leitura dos periódicos, seguida da catalogação e compilação dos dados e da
    análise e discussão dos resultados. Desse modo, a pesquisa pretende oferecer novas
    evidências da existência do interesse por parte de instituições literárias e jornalísticas
    em reproduzir aos seus leitores a produção de Zola, resultados do presumido
    interesse dos leitores em consumir a obra do escritor e os discursos sobre ela. Assim,
    reafirmamos Belém como um grande centro consumidor de Literatura no Brasil do
    século XIX e ajudamos a compor a História da Literatura do Brasil.

  • EDUARDO DE FIGUEIREDO VIDAL
  • O GRIVO FAZ OBRA DE ATROVO: EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM "CARA-DE-BRONZE", DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

  • Data: 29/01/2021
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  • “Cara-de-Bronze” é uma das sete narrativas de Corpo de baile (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), ela contém elementos que a torna singular em meio às demais, porque hibridiza os gêneros lírico, épico e dramático, apresenta paratextos e notas de pé de páginas que potencializam sua linguagem poética e seus virtuais sentidos. Como alternativa teórica e metodológica, as investigações de Hans Robert Jauss (1921-1997) no campo da Experiência estética (1979; 1986) e da Hermenêutica literária (1983) nos subsidiam no processo interpretativo da obra, pois segundo o teórico, toda experiência com a arte resulta do prazer estético, que se manifesta por meio de três funções: poiesis, aisthesis e katharsis, ou seja, as funções produtora, receptora e comunicativa da arte. Dessa forma, a presente pesquisa objetiva interpretar como ocorre às três funções da experiência estética em “Cara-de-Bronze”, que se manifestam na relação do personagem Grivo, criador da obra, com os vaqueiros e com o fazendeiro Cara-de-Bronze, expectadores dela. O método hermenêutico considera o aspecto diacrônico da recepção da obra, por isso os diálogos com textos críticos sobre a narrativa rosiana compõem o último momento da interpretação, eles percorrerão da recepção clássica — Benedito Nunes ([1967] 2009) e Dirce Riedel (1971) — a contemporânea — Sofia Elaine Cerni Baú (1996), Clara Rowland (2003), Parreira Duarte (2006) e Yudith Rosenbaum (2011). Com isto, busca-se ampliar o horizonte interpretativo da narrativa “Cara-de-Bronze”, de João Guimarães Rosa.

  • JESSIKA VALES LARANJEIRA
  • A NATUREZA DO FEMININO DECOLONIAL NO ROMANCE LATINO-AMERICANO: REPRESENTAÇÕES ECOFEMINISTAS EM EVA LUNA E TROPICAL SOL DA LIBERDADE

  • Data: 28/01/2021
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  • Na literatura latino-americana, em especial as criadas por mulheres, há uma curiosa sucessão de narrativas que relacionam, em alguma medida, as explorações das mulheres e da Natureza. Essa percepção evidencia a necessidade de articulação entre diversas perspectivas críticas para ampliar o alcance de uma crítica ecofeminista delecolonial. Desse modo, este trabalho tem como objetivo identificar representações ecofeminstas como mecanismos de resistência à colonialidade nos romances Eva Luna (1987), da chilena Isabel Allende, e Tropical Sol da Liberdade (1988), da brasileira Ana Maria Machado. Para isso, a pesquisa foi desenvolvida sob abordagem qualitativa dedutiva de natureza teórica a partir de duas categorias de análise: as relações de cuidado e as percepções sensíveis sobre a Natureza. No corpus teórico, destacam-se: Zinani (2013) e Navarro (1995) quanto à mulher na literatura; Perrot (2017) quanto à historicidade da mulher como categoria social; Quijano (2005 e 2008) e Lugones (2008 e 2010) quanto à decolonialidade latino-americana; Kheel (1993) e Shiva (2001, 2003 e 2018) quanto à filosofia ecofeminista e Candau (2016), Bosi (1994) e Sarlo (2007) quanto à memória, a identidade e a resistência, temáticas que envolvem as narrativas analisadas com frequência. Como resultados comparativos entre os romances, foram identificadas duas similaridade de resistência ecofeminista e subversão à colonialidade: a valorização/ressignificação do trabalho de cuidado feminilizado e a escrita como meio de visibilizar a perspectiva feminina marginalizada.

  • WANESSA DE OLIVEIRA COELHO
  • A CONFIGURAÇÃO DAS PERSONAGENS FEMININAS EM A RAINHA DO IGNOTO, DE EMÍLIA FREITAS

  • Data: 27/01/2021
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  • Esta dissertação teve por objetivo averiguar a quebra de paradigmas, em confronto
    com uma tradição literária, na configuração das personagens femininas no romance
    A Rainha do Ignoto (1899), de Emília Freitas. Para isso, partiu-se de uma pesquisa
    bibliográfica com base nos autores Gilbert e Gubar (1998), Showalter (1977), Todorov
    (2006), Bourdieu (2012), Verona (2013), Cavalcante (2008), Duarte (2003), Colares
    (1980), dentre outros. A partir disso, constatamos houve uma construção do feminino
    na literatura que, sob a perspectiva masculina, assentava a imagem da mulher em
    duas figuras contrastantes: o anjo e o demônio. De modo que a figura do anjo se
    referia às mulheres que seguiam o padrão da ordem masculina dominante e a figura
    do demônio às mulheres que de alguma forma transgrediam essa ordem. No entanto,
    algumas escritoras conseguiram romper com essa representação da mulher na
    literatura oitocentista, ainda que de forma intencionalmente velada. Para tanto,
    valeram-se de muitos recursos estilísticos, dentre os quais o sobrenatural; é o caso
    de Emília Freitas em A Rainha do Ignoto. Nesse romance, a escritora utiliza-se desse
    artifício como uma maneira de burlar a ordem masculina dominante e, assim, propor
    uma nova configuração da mulher na narrativa literária, subvertendo a concepção de
    mulher do final do século XIX no Brasil.

  • IRIS DE FATIMA LIMA BARBOSA
  • FICCIONES MIGRANTES Y NARRATIVAS ORALES DE MUJERES AFRODESCENDIENTES EN EL CHILE RECIENTE: DE LA REPRESENTACIÓN SUBALTERNA A LA AUTORREPRESENTACIÓN CONTRAHEGEMÓNICA

  • Data: 22/01/2021
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  • El objetivo de mi investigación es analizar críticamente las voces de mujeres afrodescendientes residentes en Santiago de Chile, como resultado del actual flujo migratorio proveniente de Haití, Colombia y República Dominicana, principalmente. A través del registro de las narrativas orales, se busca comprender un discurso que, según mi hipótesis, resiste a las formas estereotipadas del imaginario racista, patriarcal y colonial. Para esta labor, utilizamos las siguientes categorías analíticas: narrativas orales, inmigración, representación, violencia de género, subalternidad y racismo. En este proceso de investigación fueron recopiladas y analizadas once narrativas orales de mujeres inmigrantes y afrodescendientes, por medio de entrevistas, donde a las narradoras inmigrantes (seleccionadas por género y nacionalidad, que hablen y comprendan el castellano) se grabaron sus respuestas de acuerdo con las preguntas específicas realizadas sobre la temática de investigación. En este sentido, se problematizó de qué forma ellas perciben, conviven y enfrentan representaciones estereotipadas, racistas y xenófobas a las que son sometidas en el contexto sociocultural chileno. Siguiendo esta misma línea, desde el campo literario chileno reciente, fueron recopiladas siete obras, divididas entre cuentos y novelas, para demostrar como la inmigración es presentada en la ficción como parte de un imaginario social que se ha ido gestando en torno a esta cuestión. La incorporación de las obras literarias en el análisis cumple un papel crucial, en tanto nos dio la posibilidad de establecer una lectura a contrapunto entre la ficción y las narrativas orales para evaluar las convergencias y divergencias de los lugares de enunciación y modos de representación de la inmigración en Chile. En definitiva, proponemos desarrollar en esta tesis un análisis del discurso de las afrodescendientes, en contraste con la ficción, quienes son capaces de cuestionar el pensamiento de ese otro (en este caso, algunos sectores de la sociedad chilena), mediante la deconstrucción de los modos de representación prejuicioso y racistas bajo los cuales se les intenta someter y controlar. En tal perspectiva, las narrativas orales pasan a construir y enfatizar su propia autorrepresentación mediante su condición de inmigrantes y de mujeres negras. Pese a ello, ellas reivindican sus voces y subjetividades frente a un sistema que las relega muchas veces al silencio mediante una serie de mecanismos de subalternización que discutiremos en este trabajo.

  • IRISVALDO LAURINDO DE SOUZA
  • A CONTÍSTICA DAS ÁGUAS COMO ESCRITA DO DESASTRE E DA CATÁSTROFE: VIDAS VIRADAS PELO AVESSO NA PAN-AMAZÔNIA

  • Data: 22/01/2021
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  • Esta Dissertação de Mestrado resulta de uma pesquisa que investigou a representação das
    águas na literatura amazônica, com foco na contística que tem como leitmotiv os desastres
    hidrológicos típicos da região. Dentre eles a “llocllada” andina, as terras caídas, as enchentes
    e a maré fluviomarinha conhecida como pororoca. O corpus é constituído por seis histórias
    curtas de quatro autores: “Terra caída”, de Alberto Rangel (2008), que integra o livro Inferno
    verde; “La llocllada” e “Sob as primeiras estrelas” [Cielo sin nubes], do escritor peruano
    Francisco Izquierdo Ríos (1975; 2010); “A enchente”, do escritor amazonense Arthur
    Engrácio (1995); e ainda “Poraquê” e “Mamí tinha razão”, do escritor paulista radicado no
    Pará João Meirelles Filho (2017). Esta pesquisa adota o método comparativo e sua forma de
    abordagem é qualitativa, com base bibliográfica. A hipótese principal foi observar de que
    modo a disrupção das águas impacta a experiência do sujeito amazônico tanto em sua relação
    direta com a natureza como em suas relações com a ordem social vigente. O eixo teórico que
    orienta a investigação é o conceito de catástrofe, tomado do pensamento filosófico
    contemporâneo mas diretamente articulado com a doutrina aristotélica da potência humana. A
    segunda chave teórica utilizada é o conceito de desastre, trazido do pensamento sociológico e
    também vinculado epistemologicamente à potência do ato natural na doutrina de Aristóteles.
    Com esse instrumental empreende-se a leitura analítica da contística das águas como
    alegorização do modus vivendi do homem amazônico e de sua exposição, problemática e por
    vezes traumática, às potências que regem as ações da Natureza e os fatos da Cultura. A
    interpretação crítica de textos literários de autores de diferentes épocas e filiações estéticas
    proporciona assim uma reflexão sobre as fraturas que os desastres das águas provocam no
    cotidiano e na experiência de sujeitos individuais e coletivos na Pan-Amazônia, bem como
    sobre os traumas que lhes são impostos na modernidade tardia em função do avanço da
    civilização do capital na fronteira amazônica.

  • FERNANDO DO NASCIMENTO MOLLER
  • O ESPAÇO COMO DEMACARDOR DA IDENTIDADE CULTURAL AMAZÔNICA EM DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 19/01/2021
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  • A presente dissertação considera que a Literatura procura relacionar as mais diversas
    experiências entre o homem e o seu ambiente, demonstrando uma relação de mútua
    dependência entre ambos. Este estudo tem como objetivo observar como o processo de
    hibridização cultural é determinante para a formação da identidade cultural amazônica.

    Considera-se que os espaços amazônicos são divididos em dois: o espaço cultural rural-
    ribeirinho e o espaço cultural urbano. Esses espaços são de fundamental importância para a

    ideia de identidade, isto é, o homem amazônico coabita esses espaços que são decisivos para
    uma construção identitária. Para analisar como esses espaços influenciam o indivíduo
    amazônico se utilizará da leitura de dois romances do escritor marajoara Dalcídio Jurandir
    (1909-1979): Três Casas e um rio (1958) e Belém do Grão-Pará (1960). Partindo dessa
    perspectiva, leva-se em conta que a formação da identidade cultural do homem da região
    amazônica ocorre a partir da sua inserção no espaço que ele se encontra inserido que pode ser
    representado pelo espaço cultural rural-ribeirinho ou pelo espaço cultural urbano. Para isso, o
    personagem Alfredo será determinante para a análise do trabalho, pois se considera que ele ao
    sair de Cachoeira e ir para Belém vivência esse processo de hibridismo cultural que se torna
    imprescindível para a sua identidade. Nesse sentido, a proposta metodológica do trabalho é de
    caráter bibliográfico e teve como aporte teórico as pesquisas desenvolvidas por BAUMAN
    (1998) e HALL (1996; 2001; 2003) acerca concepção de identidade cultural. Já para
    conceituar o processo de hibridização cultural, tem-se os estudos epistemológicos de
    BHABHA (1998) e CANCLINI (2006). O professor PAES LOUREIRO (2015) colaborou

    com suas teorias voltadas para os dois tipos de espaços existente na região amazônica: o rural-
    ribeirinho e o urbano, além de se considera os conceitos identidade cultural amazônica

    desenvolvidos por ele. LINS (1976), BACHELARD (1996), BORGES FILHO (2007) e
    BRANDÃO (2013) são utilizados para conceituar a ideia de espaço na Literatura. Embasa-se
    também nas perspectivas teóricas de FURTADO (2002), NUNES (2004), PRESSLER (2016)
    bem como outros autores pertinentes para analisar as obras dalcidianas. Assim, observa-se
    como o homem da região amazônica, que transita entre o espaço rural-ribeirinho e o espaço
    urbano, por meio do processo de hibridização cultural, que é resultado do contato do homem
    amazônico com esse espaços, lida com a ideia de coexistência identitária.

  • ALEX SANTOS MOREIRA
  • NARRADORES DO EXTREMO NORTE: O CICLO ROMANESCO DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 18/01/2021
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  • A presente tese tem como objetivo principal o estudo do narrador e do foco narrativo nos romances Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947), Passagem dos inocentes (1963), Primeira manhã (1967) e Ribanceira (1978). Essas obras integram a saga ficcional do Ciclo Extremo Norte criada pelo romancista paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979). O ciclo, integralmente, composto por dez livros, narra a vida de mulheres, homens, crianças e idosos no interior da Amazônia brasileira no início do século XX, apresentando como personagem principal o jovem Alfredo (exceto em Marajó), cuja trajetória de vida se conecta aos dramas sociais e pessoais dos demais personagens. Quanto à sua tessitura narrativa, a saga de Jurandir apresenta uma recorrente oscilação na focalização dos acontecimentos narrados manifestando, desse modo, níveis distintos do foco narrativo e da narração. No intuito de analisar a constituição dessa categoria nas obras acima mencionadas, recorreu-se as principais teorias pertinentes ao ponto de vista na ficção. Diante disso, optou-se pelo uso da tipologia narrativa proposta por Norman Friedman (1967 [2002]) correlacionando-a aos estudos de Pedro Maligo (1992), Marlí Tereza Furtado (2002 [2010]), Benedito Nunes (2004) e de outros pesquisadores da ficção de Dalcídio Jurandir. Além disso, para melhor compreender a(s) perspectiva(s) dotada(s) no processo narrativo de Jurandir, os romances que compõem o corpus desse estudo foram separados em três núcleos narrativos: o marajoara, os acontecimentos narrados ocorrem na ilha de Marajó; o belenense, a ação predominantemente se concentra na cidade de Belém e o amazônico-paraense, composto unicamente por Ribanceira, último livro do ciclo que mostra uma terceira fase da vida de Alfredo. A saga dalcidiana é urdida por um narrador global onisciente em terceira pessoa, que alterna sua postura entre a neutralidade, a intrusão e o uso de múltiplos ponto de vista, provocando o esfacelamento da narrativa. Quando esse recurso é exacerbadamente explorado, o narrador global distancia-se significativamente da matéria narrada, atribuindo a outros personagens o status de narrador, criando assim as categorias de personagens-narradoras. Essa categoria divide-se em dois tipos: o primeiro, tipo I, assume a condição de narrador dando progressão à matéria narrada, o segundo, tipo II, conta histórias encaixadas ao enredo principal, apresentado, ainda, uma subdivisão de narradores populares que contam, oralmente, narrativas permeadas por elementos do imaginário amazônico. Sendo assim, elimina-se a mediação entre o leitor e história narrada, pois, não apenas a focalização como a própria enunciação da narrativa torna-se responsabilidade dessas personagens-narradoras. Considera-se que ao dar voz a mulheres, pescadores, vaqueiros, lavradores e demais personagens, a ficção dalcidiana denuncia as trágicas formas de violência (social, política, econômica e mítico-regiliosa) perpetradas no extremo norte do Brasil.

2020
Descrição
  • ROGERIO ALAN TANCREDO
  • A SUPERAÇÃO DA TRADIÇÃO MIMÉTICA EM A RAINHA DOS CÁRCERES DA GRÉCIA DE OSMAN LINS

  • Data: 22/12/2020
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  • Na passagem do XIX para o século XX, a narrativa contemporânea sofre uma ruptura provocada por experimentações realizadas por autores como Franz Kafka, Marcel Proust, James Joyce e Virginia Woolf. A partir de então, o romance nunca mais será o mesmo, pois a narrativa, ao invés de representar a realidade em seus ricos detalhes, agora traz para a superfície o ato de criação e a realidade própria da narrativa. Este trabalho consiste em uma pesquisa que tratará da revisão da tradição mimética empreendida pelo livro A Rainha dos Cárceres da Grécia (2005b), de Osman Lins, que tem como foco o processo de escrita de um romance travestido de ensaio, isto é, de um romance que debruça-se sobre si mesmo; o trabalho possui como embasamento teórico o pensamento de Giorgio Agamben sobre a contemporaneidade e o conceito de Fora, de Maurice Blanchot, que podem ajudar a esclarecer e a entender as transformações pelas quais o gênero passou, assim como a posição atual do romance contemporâneo. Para isto, vamos trazer narradores que transformaram e inovaram o ato de narrar para dialogar como o narrador de Lins, que acreditamos ter apontado uma nova tendência a partir da fusão do gênero romance com o gênero ensaio, especificamente no livro citado acima, explorando as múltiplas possibilidades do processo de criação e escrita.

  • RAFAELLA DIAS FERNANDEZ
  • ENTRE CABEÇAS, OLHOS E BOCAS: TRANSITANDO POR MOQUECA DE MARIDOS E HISTÓRIA DO OLHO

  • Data: 22/12/2020
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  • Esta tese inicia-se com uma reflexão sobre a leitura do mito da criação e da destruição
    do mundo para os Tupinambá. A partir desta narrativa, surge um elemento fundamental
    para este povo: a terra sem mal. Após uma reflexão sobre a importância desta terra para
    os Tupinambá, constata-se que a vingança e a antropofagia são vetores de força e
    auxiliam a construir a memória deste povo indígena. Estes dois componentes, tão
    primordiais para os Tupinambá, surgem também como elementos essenciais para
    compreender as narrativas presentes no livro da antropóloga Betty Mindlin, Moqueca de
    Maridos – mitos eróticos indígenas. De autoria da antropóloga e de narradores
    indígenas de seis etnias: Makurap, Tupari, Wajuru, Djeoromitxí, Arikapú e Aruá. Vale
    salientar que os seis povos indígenas que constroem os registros dos mitos no livro
    derivam do tronco Tupi, tal qual os Tupinambá. Após a leitura, verificou-se a presença

    constante da vingança, assassinatos, tortura, erotismo e antropofagia. Com isto, propõe-
    se analisar o sentido simbólico de cada vetor destes presentes nas narrativas indígenas e

    sua provável relação com a novela História do Olho, de Georges Bataille. Essas duas
    leituras, longe de serem conflitantes, flagram a relação intrínseca que há entre dois
    campos tidos como distintos: os mitos indígenas e a literatura ocidental. Após uma
    análise investigativa, constatou-se que há pontos em que ambos aparentemente são
    ressoantes. Assim, em que sentido é possível pensar em convergências entre os mitos e
    a novela batailliana? Qual o sentido simbólico da violência, do erotismo e da
    antropofagia em ambos? Desta forma, o objetivo central desta tese é propor uma análise
    comparativa entre as obras e problematizar o sentido metafórico do erotismo, da
    antropofagia e da violência em cada uma das obras. A convergência entre a literatura
    francesa e os mitos eróticos indígenas foi pensada por Eliane Robert Moraes, estudiosa
    do erotismo no Brasil. A autora situa uma breve correspondência entre ambos ao
    afirmar que o imaginário indígena soa bastante familiar para quem conhece a moderna
    literatura erótica. Para realizar este trabalho, fundamentamo-nos principalmente dos
    estudos de Georges Bataille, O Erotismo (2013) e A literatura e o mal (2015), de
    Georges Didi-Huberman, A Semelhança Informe (2015), e do antropólogo Eduardo
    Viveiros de Castro, A inconstância da alma selvagem (2016). Deste modo, com o
    intuito de dar fôlego a um trabalho inédito de comparação entre ambos, visamos propor
    ressonâncias temáticas e ressaltar as diferenças nas duas leituras.

  • REBECCA FALCAO SERRAO
  • A FIGURA FEMININA NA ESCRITA DE JANE AUSTEN E JÚLIA LOPES DE ALMEIDA

  • Data: 18/12/2020
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  • Esta dissertação tem como um de seus objetivos principais analisar comparativamente os romances Razão e Sensibilidade (1811), escrito por Jane Austen, e Memórias de Marta (1888), escrito por Julia Lopes de Almeida, com foco na construção compositiva de suas protagonistas: Marianne Dashwood e Marta. Com base em bibliografia relacionada, discute-se como tema central das obras acima mencionadas a representação ficcional dessas figuras femininas. Para tanto, se torna de grande relevância fazer uma breve contextualização da vida das autoras e o período em que viveram, com a finalidade de evidenciar como esse fato pode ter contribuído na escolha da temática por elas abordadas em seus livros, demonstrando assim que essas escritoras problematizaram em suas obras a questão feminina. Dessa forma, procuraremos em nossa análise levantar hipóteses interpretativas sobre a trajetória literária das autoras, bem como aspectos compositivos de suas personagens tendo como contexto a inserção da mulher oitocentista tanto na Inglaterra quanto no Brasil.

  • FABRICIO LEMOS DA COSTA
  • O SILÊNCIO DA MODERNIDADE EM A MAÇÃ NO ESCURO E EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

  • Data: 17/12/2020
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  • Este trabalho pretende refletir sobre o silêncio como particularidade da modernidade. Em nossa abordagem, utilizaremos os romances A maçã no escuro (1985), de Clarice Lispector (1920-1977), e Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967). Para isso, aproximaremos as narrativas numa perspectiva que se dá, sobretudo, pela leitura da existência da imanência do silêncio nos romances — Mallarmé (1945), Blanchot (1987), Barthes (1971), Steiner (1988), Wittgenstein (1961). Assim, como temática da modernidade, — Jauss (1996), Berman (1995), Moraes (2017), Benjamin (1975), Baudelaire (2010) — o silêncio se coloca em ambos os textos como amálgama do projeto ficcional dos autores. Nesse sentido, nossa proposta é interpretar como o silêncio, ou ainda, o indizível, projeta-se como forma na narrativa. Da questão inominável para uma forma, portanto, o silêncio se coaduna como marca da crise da linguagem na modernidade, em que os romances de Rosa e Lispector são representativos. Nossa discussão, em suma, tem como objetivo mostrar como a temática em questão torna-se parte da estruturação dos romances, perfazendo-se em tópica moderna, ao evidenciar o indizível em matéria de expressão artística. Por fim, este trabalho pretende demonstrar que o silêncio não se manifesta como ausência, mas como presença de questões que se projetam em diversos outros temas, como o informe, o selvagem e o indizível, os quais são “ordenadas” como matéria narrativa — Bataille (2008), Derrida (2012; 2002) e Nascimento (2014). Estamos, pois, no terreno do limite da palavra.

  • MARIA SEBASTIANA DA SILVA COSTA
  • MAPEAMENTO PROSÓDICO DE VARIEDADES DIALETAIS AMAZÔNICAS PELA ENTOAÇÃO MODAL: BORBA, PARINTINS, CAMETÁ E MOCAJUBA

  • Data: 16/12/2020
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  • A tese intitulada Mapeamento prosódico das variedades dialetais amazônicas pela entoação modal está diretamente vinculada ao projeto AMPER-Amazônia e se propõe a realizar uma descrição geoprosódica interdialetal do português falado nas cidades interioranas da região amazônica, mais especificamente, direcionada à busca de identificação de traços prosódicos semelhantes, observados em sentenças nas modalidades declarativa neutra e interrogativa total, por meio da análise acústica e dialetométrica. Os parâmetros acústicos de Frequência Fundamental (em ST), Duração (em Z-score) e Intensidade (em Z-score) foram os fatores físicos controlados na análise. Para substanciar a fundamentação teórica foram consideradas as teorias da Sociofonética (FOULKES; DOCHERTY, 2006; HAY; DRAGER, 2007; FOULKES et al., 2010; SILVA, 2010; THOMAS, 2011; BARANOWSKI, 2013; CELATA; CALAMAI, 2014) e da Dialetometria (SÉGUY, 1971; GOEBL, 1981; FERNÁNDEZ et al., 2015; CLUA;
    SALICRÚ, 2018; MOUTINHO et al., 2019). A interpretação dos dados considerou trabalhos que concentraram suas análises na variação da Entoação Modal, mais especificamente de sentenças nas modalidades declarativa neutra e interrogativa total (MORAES, 1993; SILVA, 2011; SILVESTRE, 2012; FREITAS NETO, 2013; GUIMARÃES, 2013; NUNES, 2015; LIMA, 2016). Para a coleta de dados foram adotados todos os procedimentos metodológicos
    estabelecidos pelo projeto AMPER-POR (CRUZ et al., 2012). O corpus consta de diferentes fases de tratamento de dados, as duas primeiras fases seguem o modelo estabelecido pelo projeto AMPER-POR: a) codificação dos dados e b) isolamento dos áudios em arquivos individuais. As fases seguintes contaram com o auxílio de scripts criados por Albert Rilliard (LIMSI-CNRS) para a segmentação automática dos dados, a saber: c) aplicação do script
    lance_batch_easyalign_v3.praat para obter o textgrid dos arquivos .wav; d) segmentação fonética no programa Praat 6.0.39 por meio do script de correção_segmentação.praat para corrigir a segmentação; e) aplicação do script AMPER_Textgrid2Txt_V3_boucle_DepoisEasyAlign_v2.praat para gerar os arquivos com os parâmetros acústicos e f) normalização dos dados de f0, duração e intensidade. Para esta pesquisa, o corpus foi constituído por uma amostra de fala de 51 sentenças, produzidas em duas modalidades, a declarativa neutra e a interrogativa total. Para cada sentença foram analisadas três repetições da fala de 15 locutores, sendo oito do sexo feminino e oito do sexo masculino, todos com idade acima de 30 anos e contemplando dois níveis de escolaridade (fundamental e médio) distribuídos nas quatro variedades-alvo, totalizando um corpus de 4.590 frases analisadas. Após o tratamento dos dados, foram organizadas planilhas no Excel com as medidas acústicas de f0, duração e intensidade para cada variedade em escopo. Com tais planilhas, foi possível alimentar o programa R e assim produzir os gráficos para a análise acústica interdialetal. Após a análise acústica, os dados foram submetidos aos testes estatísticos de Friedman e Wilcoxon (SIEGEL; CASTELLAN JR., 2006) por meio do programa SPSS. Para
    a realização da análise dialetométrica foi adotada a técnica estatística da análise de Clúster (DONI, 2004), que tem por objetivo classificar elementos em grupos. Dentre as várias técnicas desenvolvidas capazes de auxiliar na formação dos agrupamentos, adotou-se, para esta pesquisa, a distância euclidiana e o método aglomerativo, Average Linkage ou ligação por média. A distância euclidiana define a distância entre os elementos, porém, para que estes elementos fossem agrupados, foi aplicado o método de ligação por média, para que fosse possível verificar se as distâncias entre as variedades são próximas ou não em cada parâmetro físico controlado. Os resultados para esta análise foram expressos por meio de dendrogramas e mapas, respectivamente produzidos no programa R e no software ArcGis versão 10.5. Uma vez concluídas as descrições dos procedimentos metodológicos dos dois modelos de análise adotados para esta tese, foram descritos os resultados. As análises demonstraram que os parâmetros acústicos de f0 (em ST), duração (em Z-score) e intensidade (em Z-score) são significativos para a caracterização das variedades estudadas. Essa caracterização ocorre, impreterivelmente, na sílaba tônica do último vocábulo da sentença nas três pautas acentuais analisadas, proparoxítonas, paroxítonas e oxítonas. Para o parâmetro de f0 foi registrado seis padrões de curvas entoacionais, dois na pauta acentual oxítona, um para a modalidade declarativa neutra e outro para a interrogativa total, ambos comuns em todas as variedades; um terceiro padrão para a modalidade declarativa neutra e um quarto para a interrogativa total na pauta acentual paroxítona, respectivamente com as variedades de Cametá (PA) e Borba (AM) destoando das demais; a pauta acentual proparoxítona registrou dois padrões na modalidade declarativa neutra, com Mocajuba (PA) destoando das demais variedades e três na modalidade interrogativa total, com as variedades de Cametá (PA) e Mocajuba (PA) apresentando padrões diferenciados entre si. Com isso é possível afirmar que o parâmetro físico de f0 é um correlato acústico que atua na distinção de frases na modalidade declarativa neutra e interrogativa total, bem como na caracrerização dos dialetos estudados. No parâmetro de duração, notou-se que as medidas da taxa de duração estão relacionadas ao acento lexical. No parâmetro intensidade foi registrado os níveis de energia mais elevados nos segmentos de posição pré-tônica dos acentos lexicais oxítonos e paroxítonos em vocábulos declarativos, porém os interrogativos apresentaram maior concentração de energia na sílaba tônica, o fenômeno ocorreu nas quatro variedades estudadas, confirmando uma correlação deste parâmetro com modalidade frasal. Ressalta-se que essas variações de f0, duração e intensidade observadas na análise acústica interdialetal, nas quatro variedades estudadas, foram apontadas como significativas em todos os parâmetros físicos controlados por meio dos testes estatísticos de Friedman e Wilcoxon com (p-valor ≤ 0,05), indicando que há diferenças significativas tanto para variabilidade dialetal quanto para o fator social escolaridade. Por meio dos resultados da análise dialetométrica identificou-se que as variedades apresentaram maior índice de similaridade prosódica em sentenças na modalidade declarativa neutra entre dialetos pertencentes ao mesmo estado.Enquanto na  modalidade interrogativa, especificamente nos parâmetros de f0 e duração, houve um maior distanciamento prosódico entre as variedades apontando que é nesta modalidade frasal que pode ser identificada a identidade linguística de um determinado dialeto. Com isto, é possível afirmar que a similaridade prosódica das variedades das cidades do interior da região amazônica acontece com maior frequência na modalidade declarativa neutra e somente entre dialetos pertencentes ao mesmo estado.

  • ROSANNY DO PERPETUO SOCORRO DE SOUZA LIMA
  • DRAMÁTICAS DE USOS DE SI EM PRÁTICAS DISCURSIVAS DO TRABALHO DOCENTE NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

  • Data: 07/12/2020
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  • Esta pesquisa investigativa se dedica ao desenvolvimento da temática inclusão escolar de
    pessoas com deficiência com base na relação interdisciplinar da Análise do Discurso, proposta
    por Dominique Maingueneau (1997; 2008), e da Ergologia, proposta por Yves Schwartz (2010;
    2011; 2015), em que o exercício laboral do professor é analisado com base no que se diz e no
    que se faz no processo de inclusão escolar na rede regular de ensino. Analisar as práticas
    discursivas relativas ao processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência na atividade
    do professor constitui objetivo nesta tese, sendo importante reconhecer, nas materialidades
    discursivas, as cenas enunciativas que imbricam o dito, o dizer e a instituição no processo que
    se investiga, os espaços de tensão que se dão nos pertencimentos, afastamentos e
    estranhamentos, desencadeados por normas e renormalizações, bem como as dramáticas dos
    usos de si que se apresentam diante do trabalho prescrito e do trabalho real, levando-se em
    consideração as formações discursivas que fazem emergir efeitos de sentido a partir do que é
    histórico e do que é circunstancial. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola da Rede de
    Ensino Pública Municipal de Belém, no Estado do Pará, um dos critérios de seleção da escola
    foi o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, e a partir daí outros critérios foram sendo
    estabelecidos, como a quantidade de alunos matriculados, quantidade de alunos com
    deficiência, acesso aos documentos prescritos, realização da entrevista com professores e
    responsáveis de alunos com deficiência, observação das aulas, entre outros que puderam
    corroborar para alcançarmos os objetivos de identificar em práticas discursivas da atividade do
    professor o que diz e faz no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência em escola
    da rede regular de ensino.

  • MERISSA FERREIRA RIBEIRO
  • O DESVELAR DO PROCESSO DE CRIAÇÃO: A QUESTÃO DA AUTORIA EM UM SOPRO DE VIDA, DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 02/12/2020
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  • Este trabalho pretende alargar as concepções acerca da autoria na obra de Clarice Lispector, a partir do romance Um Sopro de Vida – o qual nos concede um rico conteúdo para pensarmos as dimensões do autor na obra literária, principalmente pelo fato de nele a questão da autoria ser posta em pauta de modo indubitável, não apenas pela personagem chamada Autor, mas porque, além disso, tal personagem inquietase a todo momento com o material de sua narrativa, inquirindo-se a respeito da autonomia e natureza de sua criação, Ângela Pralini. Essa criação (a personagem Ângela) do Autor, na obra, também tem espaço para expor seus pensamentos, suas manifestações e, numa espécie de diálogo indireto, questiona (em sintonia com o seu criador) o fazer artístico. Os elementos da narrativa expostos nesta obra publicada em 1978 abrem-nos, nesse sentido, novas perspectivas sobre as delimitações do autor na obra de arte. A fim de oferecer uma colaboração para a fortuna crítica da autora, o estudo se justifica em razão da vasta crítica que aborda as representações autobiográficas na obra clariceana, as quais apresentam, por vezes, um olhar restrito sobre a questão da autoria. Esta noção, todavia, passa pelos conceitos de literatura confessional e literatura feminina: no primeiro, pelo entendimento de que a obra literária é uma externalização ou projeção das vivências pessoais do escritor, o qual – sob a face de uma personagem – transpõe para narrativa uma autobiografia; na segunda, por evidenciarmos que “confessional” e “feminino” são termos por vezes amalgamados nas críticas literárias. Ao trazer-se para a discussão essas percepções, discutimos ligeiramente a cobrança por uma literatura engajada na obra de Clarice Lispector, posto que esse conceito é um dos critérios para se abordar a qualidade biográfica de determinada obra. Fazemos, para isso, um percurso por obras tidas como confessionais, por outros escritos de Lispector, bem como considerações acerca de sua fortuna crítica. Dessa forma, ancorando-nos em textos que nos deixam entrever o conceito de autor e no que postula Martin Heidegger (2010) sobre a origem da obra artística, buscamos instaurar outras possibilidades para a interpretação da autoria na obra da escritora.

  • ANDREZA KARINE GOMES
  • SAÍDA DISCRETA PELA PORTA DOS FUNDOS: OU O DESVIO POÉTICO NAS TRADUÇÕES DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 01/12/2020
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  • O intuito desta pesquisa é buscar correlações entre a tarefa tradutória exercida por Clarice Lispector e seu modo de fazer literário, pois as traduções, assim como as crônicas, apontam para uma mudança estética nas obras finais da autora, existindo uma influência entre as atividades performadas pela linguagem de Clarice. Através dos conceitos de Gilles Deleuze e Félix Guattari de agenciamento maquínico e rizoma, pretende-se relacionar as conexões entre os textos, conforme a expressão “ao correr da máquina” torna-se uma recorrente nos escritos de Lispector. Esta pesquisa busca nas crônicas onde a autora expõe os bastidores de sua escrita, deixando à mostra o funcionamento de sua própria máquina literária. A rede rizomática que se forma através da figura da máquina de escrever cria intertextos, no qual o processo de reescrita desloca a linguagem de um texto a outro. Crônicas, romances e traduções começam a se embaralhar dentro do maquinário literário de Lispector, e as vozes dos autores traduzidos também são arrastadas para esse fluxo de escrita, “ao correr da máquina”. Nesse sentido, compreende-se a tarefa tradutória de Lispector como parte de seu fazer literário, cujo inacabamento dos textos e as repetições entre os escritos, apontam para a desmontagem da máquina literária de Clarice. “Saída discreta pela porta dos fundos” foi um dos possíveis títulos listados em A hora da estrela (1977), atribuído aqui para se referir a um caminho desviante dentro do projeto literário da autora.

  • DENISE APARICIO DA COSTA
  • GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO DO CURSO DE ODONTOLOGIA: PORTUGUÊS-LIBRAS

  • Data: 30/10/2020
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  • O presente trabalho, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Letras – Linguística, na linha de pesquisa Análise, Descrição e Documentação das Línguas Naturais, apresenta a proposta de criação de um glossário terminológico bilíngue Português-Libras de Odontologia, a partir do recorte de domínio Curso de Odontologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é compor um glossário a partir dos termos utilizados nas disciplinas do curso de odontologia e propor a criação de sinais-termo equivalentes na Língua Brasileira de Sinais (Libras) que representem os conceitos e significados, levando em conta as características gramaticais dessa língua com base nas teorias lexicais e terminológicas, seguindo a metodologia da socioterminologia aplicada por Faulstich (1995). Este campo semântico foi escolhido pelo fato de ainda não ser uma área largamente explorada. Os sinais-termo usados na área da odontologia, especialmente os utilizados nas disciplinas ministradas no curso de odontologia ainda são poucos na Libras. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa. Na primeira fase, a coleta de dados, seguimos as seguintes etapas: i) delimitação do objeto de estudo e o público alvo; ii) definição do mapa conceitual; iii) seleção e organização do corpus; iv) seleção dos candidatos a sinais-termo; v) validação dos sinais-termo por especialistas da linguística e da odontologia; e v) teste de fiabilidade. A segunda fase obedeceu a seguinte ordem: i) elaboração e organização das fichas terminológicas; ii) organização das imagens e vídeos em Libras e iii) a produção escrita dos sinais-termos por meio do sistema SignWriting de escrita de sinais. O glossário terminológico da odontologia Português-Libras seguirá as regras de macro e microestrutura utilizada em glossários de Língua de Sinais. Os sinais-termo foram validados por meio de reuniões periódicas entre especialistas da área da tradução e interpretação, surdos(as) linguistas e surdos(as) discentes. Esperamos que a proposta de glossário apresentada neste trabalho seja de extrema relevância para auxiliar na comunicação entre os envolvidos no processo de tradução e de interpretação simultânea, na garantia dos direitos linguísticos para os(as) surdos(as) que ingressam no curso de odontologia e como material didático que contribua para a aprendizagem de conteúdos da área.

  • BENEDITO UBIRATAN DE SOUSA PINHEIRO JUNIOR
  • OS GRITOS DOS CÁRCERES: O PARADIGMA DO OPRESSOR NA CONSTRUÇÃO DA MULHER PERPETRADORA E MULHERES TORTURADAS

  • Data: 30/10/2020
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  • O presente texto tem como objetivo discutir sobre a mulher nas relações de poder patriarcais existente em nossa sociedade e que em períodos de guerra ou conflitos por razões de Estado se exarcerbam por conta do estado de exceção e da brutal forma de ação do poder estatal contra seus opositores. Para fins de estudo de caso elegemos a ditadura argentina, em particular o corpus de narrativas (testemunhos, entrevistas e depoimentos colhidos em âmbito judiciário) envolvendo a relação entre as prisioneiras do regime militar e a torturadora Mirta Graciela Anton, conhecida como "La Cuca". A problematização parte do pressuposto de que a carga conceitual que leva a palavra “mulher”, neste âmbito, as faz ter tratamentos diferenciados e, por conseguinte uma construção narrativa diferenciada, discurso que se constitui questionador desde o interior da militância, na qual várias mulheres reclamavam do tratamento que recebiam por parte dos companheiros de luta, e, principalmente, a relação entre a torturadora e as mulheres torturadas, no âmbito do cárcere no estado de exceção. Judith Butler concebe a diferença tácita entre o discurso e a materialidade do feminismo, desassociando do palpável o valor do gênero e definindo a mulher como ser constituído segundo o conjunto de interferências que a cerca. No âmbito da vida no cárcere por razões de Estado a mulher, enquanto construção social aos olhos dos agentes responsáveis e envolvidos na reclusão, é violável. Nesse processo, os mecanismos de identificação que esses agentes direcionam a essas prisioneiras estão relacionados aos códigos de ser-mulher, do ser-militante e do ser-oposição. Torturá-las, portanto, significa fazê-las menores enquanto ser humano e enquanto gênero; significa igualmente puni-las por se rebelarem contra a ordem instituída, por isso, grande parte das torturas visam atingi-las naquilo que é mais icônico no rol das apresentações relacionadas a esses mecanismos de identificação: a feminilidade. Para isso, não importa se o perpetrador das torturas é um homem ou uma mulher. Quando mulher o perpetrador espelha ou performatiza as mesmas constituintes falocêntricas dos homens ao torturarem mulheres. Considerando esse enquadramento e o corpus supracitado, defendemos a tese de que as aproximações quanto às práticas desenvolvidas entre o torturador e a torturadora estão relacionadas a mecanismos de identificação e menos de identidade, em relação à cultura falocêntrica e autoritária de onde emergem. Nesses termos, toda a pesquisa apresentada nesta tese se desenvolveu a luz dos conceitos de testemunho, estado de exceção e principalmente do feminino, e desta forma contará com cabedal teórico de Sarmneto-Pantoja, Judith Butler, Giogio Aganbem, Michel Foucault, entre outros.

  • KELLY CRISTINA MARQUES GAIGNOUX
  • EMERGÊNCIA DA IDENTIDADE PROFISSIONAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE INGLÊS: UM ESTUDO SOB O VIÉS DA TEORIA DA COMPLEXIDADE

  • Data: 30/09/2020
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  • O processo de tornar-se professor de uma língua adicional é desafiador no mundo contemporâneo. É um desafio formar profissionais reflexivos e críticos que possam se questionar como indivíduos sociais e profissionais, sempre problematizando a realidade para assumir posicionamentos políticos, culturais e econômicos nos contextos em que atuam. O objetivo geral deste estudo é compreender o desenvolvimento da identidade profissional de alunos da Licenciatura de Letras-Língua Inglesa, do Campus de Bragança da Universidade Federal do Pará, durante os quatro últimos semestres do curso, na perspectiva da Teoria da Complexidade. Para subsidiar nossa discussão acerca das noções de sujeito e identidade, buscamos apoio nos estudos de Bakhtin (2006), Bauman (2005), Block (2007), Giddens (2002), Hall (2006), Moita Lopes (2002) e Resende (2009). No campo da identidade profissional, recorremos, principalmente, aos escritos de Tardif (2014), Pimenta (2010) e Pimenta e Lima (2012). Para discutir os paradigmas na formação de professores e concepções de estágio ancoramos nossa discussão em Ghedin (2006), Libâneo (2006), Pimenta (2006) e Pimenta e Lima (2006). No âmbito da formação de professores de inglês, as pesquisas de Burns (2017), Freeman (2002), Freeman, Orzulack e Morrissey (2009), Graves (2009), Gimenez e Furtoso (2008), Johnson (2009a; 2009b), Paiva (2003), Richards (2002), entre outros, orientaram a discussão em torno das concepções de ensino, da base de conhecimento na educação do professor de segunda língua e do currículo do curso de Letras. Estudos de Almeida Filho (2005 [1993]), Bandeira (2015), Basso (2001), Bricks (2019), Coelho (2019), Lima (2013), Sant’ana (2007; 2017), Santana (2005), Santana e Ortiz Alvarez (2015), e Souza e Souza (2013; 2015), referentes às competências, também ancoraram nossas reflexões. No que concerne às crenças, nos orientamos por Barcelos (2006a; 2007; 2011; 2015). Entendendo a formação inicial de professores como um sistema adaptativo complexo, apoiamos nossa discussão na Teoria Geral de Sistemas de Bertallanfy (2009 [1968]), em Larsen-Freeman e Cameron (2008) sobre SACs, e em Borges (2016), cujo modelo caótico de desenvolvimento reflexivo da profissionalidade de professores de línguas adicionais orientou nossa análise na compreensão da reconfiguração dos dois últimos estágios. Empregamos uma abordagem qualitativa de perspectiva etnográfica, tendo como foco as experiências dos participantes. Adotamos o estudo de caso e a pesquisa documental como procedimentos metodológicos. Os dados foram constituídos a partir de narrativas, relatórios deestágio, planos de aula e áudio diários gravados dos nove participantes da pesquisa. Os resultados mostraram que, na dinâmica do sistema aprendizagem-ensino (SAE), as crenças emergem como os elementos que mais influenciam em sua trajetória. Na interação com outros sistemas como estágio, escola e ensino, ocorre uma ampliação das crenças no SAE. São evidenciados diferentes atratores no sistema ensino, principalmente, na construção da metodologia empregada pelos participantes. Além disso, no sistema identidade profissional notamos atratores referentes à construção dos saberes docentes e competências. Os dados revelaram ainda que o modelo tradicional de estágio supervisionado, sustentado pelo projeto pedagógico do curso, não é o ideal para o desenvolvimento de uma identidade profissional que visa a reflexão crítica. Porém, a interação do sistema aprendizagem-ensino com outros sistemas favoreceu a ação dos participantes e fez emergir possibilidades de novastrajetórias e novas condições iniciais.

  • SAMANTHA CAROLINA VIEIRA DE OLIVEIRA
  • O DISPOSITIVO DA DELAÇÃO EM REGIMES DE EXCEÇÃO: ANÁLISE DAS NARRATIVAS NO CORPO E NA ALMA E SOLEDAD NO RECIFE

  • Data: 29/09/2020
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  • O estudo analisa o dispositivo da delação em narrativas que remetem ao período da ditadura
    civil-militar no Brasil. O corpus delimitado para construir a análise é o testemunho No corpo e
    na alma (2002), escrito por Derlei Catarina de Luca, e o romance Soledad no Recife (2009),
    escrito por Urariano Mota. Com base nas duas narrativas, foi possível problematizar a
    perspectiva do dispositivo da delação, categoria proposta para pensar como ocorriam e
    funcionavam as práticas da delação durante a vigência do Estado de Exceção, e, principalmente,
    como as práticas decorrentes escaparam como representações para o corpus. Por esse motivo,
    através do estudo de caso, a análise pontua, sem deixar de recorrer a outros exemplos, como as
    protagonistas de ambas as narrativas tiveram suas vidas desmobilizadas por conta da delação
    sofrida. A delimitação do contexto político e histórico foi fundamental, pois parto da análise do
    conceito de dispositivo pensado por Michel Foucault, cujo pressuposto é de que um dispositivo
    é uma tecnologia de controle que está em constante readaptação, a depender das suas
    necessidades, por isso, o trabalho entende como dispositivo da delação – esse situado em um
    contexto histórico e político – como uma tática de controle readequada de outros tempos e
    contextos. Para pensar melhor as implicações e nuances do dispositivo da delação, foi
    necessário sistematizá-lo a partir dos seus elementos de atuação, o que possibilitou a
    compreensão da prática da delação no interior do dispositivo. E para além, o trabalho também
    precisou apresentar as implicações da teoria literária no que tange aos estudos do testemunho e
    do teor testemunhal, conceito pensado por Márcio Seligmann-Silva (2009), uma vez que as
    duas narrativas precisavam ser problematizadas devido ao seu valor literário e das divergências
    estruturais apresentadas entre elas, sendo a primeira um testemunho e a segunda um romance
    de teor testemunhal. Ao levar essas implicações em consideração, esta produção precisou
    apoiar-se em categorias como “dispositivo”, de Michael Foucault (2017); “Estado de Exceção
    e soberania”, de Giorgio Agamben (2004; 2010); “Vida precária”, de Judith Butler (2018); além
    das contribuições teóricas sobre testemunho e teor testemunhal de Cecília de Luque (2003),
    Valéria de Marco (2004), Eugênia Vilela (2012), Márcio Seligamann-Silva (2017); Tânia
    Sarmento-Pantoja (2018) e Augusto Sarmento-Pantoja (2019). Por fim, a pesquisa toma como
    base metodológica a literatura comparada, especialmente por considerar a circulação de
    determinadas temáticas que emanam das relações entre história e cultura. E, também, do
    materialismo histórico, sobretudo, por analisar as emanações da barbárie em objetos de cultura
    e por apostar na percepção do passado como forma de repensar e mudar estruturas do presente.

  • ANTONIO DANIEL FÉLIX
  • LEITURA E RECEPÇÃO DE “A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA” (2005-2017)

  • Data: 29/09/2020
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  • Esta dissertação objetiva fazer uma leitura da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, última narrativa de Sagarana (1946), primeira obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa, bem como fazer uma análise de sua recepção crítica entre os anos 2005 e 2017. Nossa leitura da novela fundamenta-se na proposta de caráter hermenêutico feita pelo estudioso alemão Hans Robert Jauß (2002), segundo a qual, para que se tenha uma compreensão mais completa possível de um dado texto, é preciso que inúmeras leituras consequentes sejam realizadas. Nossa análise da recepção crítica da obra, por sua vez, é fundamentada, majoritariamente, pelo conceito de experiência estética, também, desenvolvido por Jauß (1969), que, no que lhe concerne, é dividido em dois níveis, a saber: pré-reflexivo e reflexivo. O primeiro é o momento em que o leitor, em sua interação com o texto literário, é envolvido por este; o segundo, que pode ou não acontecer após o primeiro, é a ocasião em que o leitor se volta criticamente à obra, de modo a compreendê-la, ao relacioná-la com seu conhecimento prévio, ampliando, daí, seu entendimento sobre o mundo e si mesmo. Os textos a serem analisados foram, inicialmente, escolhidos por meio da leitura de seu resumo, uma vez que tencionávamos ter uma noção geral dos temas e formas de interpretação aplicadas à obra. Dentre os textos de recepção de nosso corpus, nossa análise centraliza-se em 10 destes, a saber: Rolim (2005), Leitão (2006), Truzzi (2007), Benedetti (2008), Pereira (2009), Lacerda Neto (2012), Sousa (2014), Oliveira (2015), Ribeiro (2016) e Vital (2017). Como resultado, pudemos observar que há tanto interpretações divergentes, em relação a um ou outro ponto, quanto interpretações convergentes, que assumem uma mesma perspectiva em relação a um ou outro ponto. Nossa conclusão é a de que qualquer texto que objetive dar uma interpretação definitiva à obra de acordo com um ou outro pensamento pode ser refutado, tendo em vista a multiplicidade de contrastes que compõem a obra.

  • EDVALDO SANTOS PEREIRA
  • A EXPRESSÃO DO PODER NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE BRUNO DE MENEZES

  • Data: 21/09/2020
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  • Sob a perspectiva de ser o poder um elemento estético de narrativas literárias, foi formulada a hipótese de que as relações dessa natureza se destacam como componentes da ação desenvolvida nessas obras. Nesse sentido, toma-se como suporte filosófico desta pesquisa o pensamento de Michel Foucault acerca do poder, abordado no livro Microfísica do Poder, como fonte de pesquisa, na tradução brasileira organizada por Roberto Machado, publicada em 2014. Relacionada ao conceito físico de estudo das estruturas microscópicas que compõem o ambiente social, a microfísica do poder tem como princípio a formação molecular da sociedade. Essa concepção se firma no poder que se manifesta nos mais variados níveis e diferentes pontos da rede social. Nessas circunstâncias, as obras literárias reproduzem essas relações na constituição da ação narrativa, e a literatura é tomada como arte que se apropria desse recurso na composição de seus personagens. Como objeto literário, considerou-se a produção do escritor paraense Bruno de Menezes, sobretudo em treze poemas, na novela Maria Dagmar e no romance Candunga, narrativa acerca do drama de refugiados nordestinos que se instalaram na região bragantina, em áreas próximas à estrada de ferro Belém-Bragança. Dividido em três capítulos, apresenta-se, no primeiro, as formas de manifestação do poder como prática social nos diversos níveis da sociedade; no segundo, aspectos biográficos do autor, com ênfase à sua trajetória de vida, enquanto sujeito atento aos problemas sociais, engajado em movimentos sindicalistas e cooperativistas, que trouxe essa vivência para sua obra, ressaltando, sobremaneira, a manifestação do poder em sua obra poética. O terceiro capítulo focalizará a prosa, com estudo mais direcionado ao romance Candunga, uma obra que evidencia as questões de poder, em especial aquelas envolvendo retirantes nordestinos que se instalaram na região bragantina, em confronto com os comerciantes locais.

  • MARIA TEREZA COSTA DE AZEVEDO
  • HIBISCO ROXO, DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE: UM BILDUNGSROMAN EX-CÊNTRICO

  • Data: 31/08/2020
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  • Esta pesquisa parte da análise do romance Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie, com base no paradigma do Bildungsroman (romance de formação), no entanto, há igualmente aspectos que transcendem o modelo clássico deste subgênero romanesco. Para dar conta da trajetória que compõe o problema, a pesquisa se divide em quatro sessões. A primeira corresponde à introdução, na qual é apresentada a hipótese central deste trabalho: a suposição de que pode haver caracterização transgressora do Bildungsroman, identificada após a leitura do romance e dos diálogos com sua fortuna crítica. Na segunda sessão, nos debruçamos sob estudos acerca da Bildung e do Bildungsroman, a fim de revisitar a história de ambas as categorias e suas características canônicas, bem como as modificações do modelo literário ao longo do tempo. Na terceira sessão são evidenciadas as transgressões ocorridas no modelo literário, presentes na recepção contemporânea do paradigma e, sobretudo, devido ao conceito de ex-centricidade, tal como proposto por Linda Hutcheon em Poética Do Pós- Modernismo. A quarta sessão retoma os princípios clássicos do Bildungsroman, desta vez, aplicados ao romance Hibisco Roxo, com o objetivo de analisar a trajetória da formação da protagonista, procurando salientar os aspectos que constituem fugas ao paradigma canônico do Bildungsroman além de discutir se o esclarecimento e a emancipação podem ser entendidos como categorias capazes de dar visibilidade à transformação sofrida pela protagonista e, consequentemente, pelo paradigma literário, constituindo-se assim nas principais atribuições daquilo que, ao final do estudo, chamamos de Bildungsroman ex-cêntrico. Para dar conta das discussões presentes neste estudo, além das elucidações sobre as relações entre literatura ex-cêntrica e poética da pos-modernidade, de Linda Hutcheon, nos baseamos também em pressupostos e conceitos desenvolvidos por Mikhail Bakhtin, Cristina Ferreira Pinto e Wilma Maas, acerca da origem e do percurso do Bildungsroman; sobre o esclarecimento e a, consequente, emancipação que este conceito proporciona temos como fundamento as obras de Immanuel Kant e Theodor Adorno, respectivamente.

  • RAIMUNDO DE ARAÚJO TOCANTINS
  • MULHERES INDÍGENAS EM REDES: COSMOLOGIAS, SINGULARIDADES HISTÓRICAS, RESISTÊNCIAS E CONHECIMENTOS EM ELABORAÇÕES ATIVISTAS

  • Data: 31/08/2020
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  • A presente pesquisa oferece uma análise dos perfis de mulheres indígenas com o objetivo de investigar suas produções discursivas inseridas em múltiplas redes. O ponto de partida desse empreendimento é a web, compreendida como um território heterotópico para a escrita de suas narrativas de si que contam as histórias do presente por meio de enunciados ativistas. Além desta rede, as indígenas empreendem suas narrativas espraiadas em outros espaços como as universidades, movimentos de organizações políticas e, também em suas poéticas, espaços onde a arte pode ser compreendida a partir de suas perspectivas originárias. O empreendimento teórico-metodológico orienta-se a partir da articulação entre dois campos: a Análise do Discurso de caráter arquegenealógico empreendida por Michel Foucault, basicamente na definição de “dispositivo”. Nessa arquitetura, utilizamos a associação da leitura de Neves (2009, 2015) sobre o dispositivo foucaultiano, que resultou na apreensão do “dispositivo colonial”. Além deste campo, também são igualmente pertinentes os Estudos Decoloniais centrados em Walter Mignolo, Aníbal Quijano, Julieta Paredes e Maria Lugones. Nessa empreitada embasamos nossas análises a partir da compreensão das quatro linhas que compõem o dispositivo foucaultiano: Visibilidade, Enunciabilidade, Força e Subjetividade. Estas linhas delineadas por Deleuze (2006) nos oportunizam apreender as sedimentações implantadas pelo dispositivo ao longo da história em direção às subjetividades indígenas. Por outro lado, as narrativas de si empreendidas por mulheres indígenas ativistas revelam as fissuras ou fraturas por elas criadas no interior do dispositivo. A partir desta perspectiva teórica, as sujeitas desta pesquisa (re)elaboram suas subjetividades e constroem resistências por meio do fazer ativista visibilizado na web.

  • ANA PAULA TAVARES MAGNO
  • A REDUÇÃO DAS ESTRUTURAS PROPAROXÍTONAS A PARTIR DOS DADOS DO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL

  • Data: 31/08/2020
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  • O presente estudo trata da realização variável das proparoxítonas do português brasileiro, mais especificamente do fenômeno da redução ocorrido nos vocábulos esdrúxulos, como se pode detectar em [aˈbɔbʊɾɐ] e [aˈbɔbɾɐ], por exemplo, em que há a alteração da estrutura proparoxítona para a paroxítona a partir da redução de um segmento fonético no interior do item lexical. O trabalho segue a orientação da Geossociolinguística (RAZKY, 1998), a qual assume a articulação entre a Sociolinguística e a Geografia Linguística para tratamento e análise dos dados. Foram analisadas as ocorrências de redução das proparoxítonas nos pontos de inquérito do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) que constituem as capitais e as não capitais da Região Norte do país, totalizando 24 localidades. A amostra utilizada abrange 3.240 dados e é composta por 120 informantes estratificados em sexo (masculino; feminino) e faixaetária (18-30; 50-65). Apenas nas capitais a amostra leva em consideração a escolaridade (ensino fundamental; ensino superior). Utilizaram-se os contextos proparoxítonos do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) e do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do referido projeto, a fim de descrever, interpretar e mapear, com base nos resultados de frequência e peso relativo obtidos na pesquisa, o efeito dos fatores internos (qualidade da vogal postônica não final, contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, estrutura da sílaba anterior, estrutura da sílaba posterior, extensão do vocábulo e item lexical) e externos (estado, município, sexo, faixa etária e escolaridade) sobre o fenômeno estudado. Os resultados mostram que o fenômeno da redução das proparoxítonas é pouco produtivo nos falares analisados, correspondendo a 13% do total de aplicação, e que alguns fatores internos e externos à língua exercem influência sobre seu uso, tendo em vista que determinadas estruturas linguísticas, bem como aspectos socioespaciais específicos, favorecem a realização das formas reduzidas dos vocábulos proparoxítonos, na medida em que outros fatores não se mostram tão determinantes para o processo de variação.

  • PATRICIA CEZAR DA CRUZ
  • ZEITGEIST E REPRESENTAÇÃO DA AMAZÔNIA BRASILEIRA: ESTUDO COMPARATIVO DE FREY APOLLONIO, UM ROMANCE DO BRASIL, E SIMÁ, ROMANCE HISTÓRICO DO ALTO AMAZONAS

  • Data: 26/08/2020
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  • A tese aborda um estudo comparativo entre os romances Frey Apollonio - um romance do Brasil, escrito pelo botânico alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, em 1831, e Simá – romance histórico do Alto Amazonas, de autoria do etnógrafo brasileiro Lourenço da Silva Araújo Amazonas, de 1857. Embora ambos os romances abordem o Brasil, e particularmente a Amazônia, apresentam, na perspectiva do autor alemão, bem como do autor brasileiro, diferentes representações no entendimento das questões do país e da região, tais como suas populações, culturas, mentalidades e suas relações com os indígenas. A partir do exame de cada um dos romances, primeiramente de maneira particular e então em perspectiva comparada, evidenciamse as particularidades de cada texto em relação à abordagem da realidade histórica e a ficcionalidade empregada no decorrer das narrativas. O objetivo é elucidar por quê ao tratar de uma mesma temática os dois romances se mostram tão distintos, considerando-se Zeitgeist, os contextos de produção, espaços, as impressões dos dois viajantes, bem como os fatores intrínsecos ao texto literário.

  • DIONE COLARES DE SOUZA
  • A PRESENÇA DA MULHER NA MÚSICA DO PARÁ: O TEXTO NA CANÇÃO DE AUTORIA FEMININA, DA BELLE ÉPOQUE ATÉ A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

  • Data: 25/08/2020
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  • Objetiva-se constatar a presença feminina na produção artística e musical em Belém do Pará, da Belle Époque até a primeira metade do século XX, a partir do texto na canção de autoria de compositoras que nasceram ou viveram no Pará. Trata-se de pesquisa interdisciplinar para se compreender a produção musical de autoria feminina, a partir de uma perspectiva historiográfica, sociológica e de gênero que propiciará também desvelar os processos de inserção da mulher no âmbito das práticas culturais desse período, além de se depreender a relação entre o texto e a linguagem musical. Portanto, são elucidadas as seguintes questões: Quais são as canções de autoria feminina no período investigado? Houve crítica, recepção e circulação da canção de autoria feminina no período da Belle Époque no Pará até a metade do século XX? Qual a relação dessas representações artísticas musicais com o pensamento social, a realidade cultural e o ideário estético da época? Em meio à experiência cultural da Belle Époque, a canção de autoria feminina dispõe de particularidades amazônicas em seus estratos literários e musicais ou projetam uma relação de poder ou discurso socioideológico padrão da época? O conjunto documental foi coletado a partir de investigação de fontes documentais primárias e fontes orais. Desta feita, tal conjunto de informações assume caráter científico para análise do texto na canção de autoria feminina, cujos fatos históricos e sociais serão alinhados aos componentes estéticos descritos nas obras analisadas. Além disso, delimitou-se o campo teórico com base na revisão da literatura na área de estudos literários, buscando-se fundamentos nas orientações de Candido (1973, 1996, 2010, 2012), bem como em Oliveira (2002), Murray Schaffer (2001), na área interdisciplinar, Vieira (2001, 2009, 2012, 2013), Salles (1980, 2007, 2012, 2016), Bourdieu (1974, 2007, 2017), e Citron (2000), no campo da história social, estudos culturais e de gênero. Apontam-se como resultados: a presença feminina na cena artística e musical paraense da Belle Époque até a primeira metade do século XX, embora suas composições permanecessem sem visibilidade; as mulheres não apenas atuaram na docência e performance musicais como compunham textos e canções; as temáticas predominantes nas canções são Sacras, Sentimentais, Festivas e Regionais e, relacionam-se com as práticas sociais das mulheres pesquisadas; o piano marca esse período como elemento simbólico de europeização de costumes e ideológico enquanto dote feminino e meio de distinção social; o
    obscurecimento da história e das obras das compositoras pesquisadas deve-se a questões de gênero e práticas sociais e culturais da época.

  • ÁLVARO JARDEL CONCEIÇÃO SANTOS DE OLIVEIRA
  • ONDE ESTÁ TEU CORAÇÃO? UMA LEITURA DA INQUIETUDE NA FICÇÃO DE SYLVIA ARANHA

  • Data: 24/08/2020
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  • Neste estudo, investigamos a inquietude a partir da prosa de ficção da escritora Sylvia Aranha
    de Oliveira Ribeiro (1930). Ao mesmo tempo, procuramos compreender e explicar,
    considerando parte do seu itinerário existencial, o modo como sua “personalidade literária” foi
    formada, tomando como ponto de partida conjuntural o final da década de 1970, quando ela se
    muda de São Paulo e passa a morar, em definitivo, no estado Amazonas. Nela, sustentamos que
    ao figurar uma obra literária que elabora a realidade a partir do estado de inquietude e do
    problema da libertação dos homens, Sylvia Aranha de Oliveira Ribeiro constituiu-se numa
    intérprete contemporânea da região amazônica. Este estudo, em se tratando de uma crítica
    inaugural, orientou-se pela análise e interpretação da sua prosa de ficção formada, ao todo, por
    quatro romances, a saber: O encontro das águas (1998; 2011), Comandante Lourenço (2006),
    Francisca e a utopia da liberdade (2010) e Batalha Naval de Itacoatiara... onde o Sul se
    encontra com o Norte (2014). Iniciamos nosso percurso teórico e metodológico refletindo sobre
    uma questão básica proposta por Quentin Skinner (1969), e que Bastos (2007) retoma, como
    ponto de partida para o estudo da produção de determinado autor e/ou autora: “qual
    procedimento adequado a adotar para se chegar ao entendimento de sua obra?” Tomando o
    texto ficcional como “objeto empírico do trabalho literário” adotamos a visão conceitual que
    concebe a literatura como um sistema simbólico, conforme Antonio Candido (2000). A ficção
    da autora também nos fez pensar em algumas ideias para conceituar literatura. Nesse caso,
    conforme veremos, a literatura em Sylvia Aranha pode ser tomada como a expressão de uma
    pedagogia da palavra imaginada, porque conduz o leitor a imaginar uma realidade onde os
    sujeitos, que ainda não têm lugar no discurso, são conduzidos a um território de latências
    possíveis de serem realizadas e de imagens de si reinventadas. Como discurso da práxis, pois,
    provoca no leitor a reflexão e a ação criativa sobre a realidade, em vista de sua transformação,
    começando pelo próprio discurso literário. Respeitando a ordem desse discurso, fomos nos
    acercando de uma teoria comparada onde o contexto, o tempo e o espaço escapam à construção
    de uma linearidade universal e universalizante na literatura e em outros campos do
    conhecimento, obrigando-nos a diferentes movimentos, desde o teórico, passando pelo estético
    até o documental. Nesse sentido, tomamos o estudo dos seus quatro romances combinando dois
    momentos, o analítico e o interpretativo, segundo Candido (2014). Elegemos o tema da
    inquietude dos protagonistas de Sylvia Aranha como o elemento central de nossa análise, por
    entendermos que ele ilumina nosso modo de interpretar o seu discurso literário. E por ser a
    inquietude um tema filosófico, é possível pensarmos que “a obra estudada também pode
    oferecer um ponto de incisivo de aclaramento filosófico” (NUNES, 2009, p.29). Por isso,
    recorreremos ao “hibridismo crítico” de Benedito Nunes (2009). A partir dele, o filósofo e/ou
    crítico literário busca estabelecer o “nexo entre literatura e filosofia”, pois compreende que os
    temas e as relações oriundas dessa transa são transversais e, por isso, complementares,
    inseparáveis e intercomunicantes, embora seus domínios, no campo do conhecimento, em
    certos momentos, se encontrem em conflito (NUNES, 2009). Concluímos que na prosa de
    ficção de Sylvia Aranha há a figuração de uma comunidade do porvir e em movimento. É a
    imagem de uma geografia simbólica, onde emergem outras formas de existências, bem como,
    seus discursos. Nela, a suspeição da vida é posta em suspenso e, no seu lugar, repousa uma
    sublevação afirmativa do existir. Nela, os personagens perdidos e aprisionados no labirinto da
    opressão, são libertados. Nela, os protagonistas como seres inquietos, passam à consciência de
    seres inconclusos, buscadores do mais.

  • SHEYLA DA CONCEICAO AYAN
  • ESTUDO COMPARATIVO DAS POSPOSIÇÕES NO TIMBIRA

  • Data: 24/08/2020
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  • O presente trabalho tem o objetivo de comparar a ocorrência das posposições com vistas à
    observação das semelhanças e diferenças no grupo das variantes dialetais Timbira: Parkatêjê,
    Canela Apãniekrá, Canela-Krahô e Pykobjê, sob uma visão tipológico-funcional. O complexo
    dialetal Timbira pertence à família Jê e tronco Macro-Jê e, de acordo com Nimuendajú (1946,
    p. 6), nenhum observador sério contesta a individualidade étnica, a homogeneidade e afinidade
    entre os Timbira, uma vez que tais traços são bastante notórios nesses povos. As posposições,
    de acordo com Genetti (2014), são partículas que ocorrem com um sintagma nominal e indicam
    a relação gramatical, semântica, espacial, temporal ou lógica do sintagma nominal com o outro
    elemento da cláusula. Os dados utilizados nesse estudo são oriundos de trabalhos descritivos já
    realizados nessas variantes dialetais, a saber: Ferreira (2003), Alves (2004), Popjes e Popjes
    (1986), Souza (1989), Miranda (2014), Amado (2004) e Silva (2011). Com base na comparação
    dos dados, notou-se uma grande semelhança na forma desses elementos, bem como nas funções
    exercidas por tais posposições, entretanto, há também algumas diferenças muito relevantes
    entre elas, como a posposição ‘te’, por exemplo, que foi analisada ora como uma marca de
    ergatividade, ora como um elemento oblíquo, além da função de genitivo. Esta pesquisa está
    fundamentada nos postulados teóricos de Genetti (2014), Dixon (2010), Hagège, (2010), Blake
    (2004), Payne (1997), entre outros. A metodologia empregada neste trabalho consistiu em
    pesquisa bibliográfica na literatura especializada, comparação dos dados e análise de base
    tipológico-funcional dos mesmos.

  • TAYANA ANDREZA DE SOUSA BARBOSA
  • A AMAZÔNIA EM NARRATIVAS: A RECONSTRUÇÃO DE UMA TRADIÇÃO DOS ROMANCES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA, COM DALCÍDIO JURANDIR, MÁRCIO SOUZA E MILTON HATOUM

  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 21/08/2020
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  • As produções literárias da Amazônia rendem assuntos recorrentes e controversos, quando saímos dos circuitos canônicos e passamos a revisitar as literaturas pouco abordadas pelos grandes compêndios de histórias literárias. Este trabalho, portanto, trata sobre a reconstrução de uma tradição de narrativas da Amazônia, com Dalcídio Jurandir, Márcio Souza e Milton Hatoum, que rompe com um modelo estabelecido sobre a região, desde o período de desenvolvimento do romance brasileiro. Partindo dos pressupostos de Candido (2007) acerca da tradição como uma atividade de transmissão entre homens conscientes de seu papel na organização de um sistema literário, constatamos que houve, na Amazônia, uma grande quantidade de autores, muito influenciados pela ideia eurocêntrica de inferno verde ou paraíso perdido, que se dedicaram a figurar esse espaço a partir de um olhar externo. Essas obras abordaram principalmente um cenário da produção do látex muito diferente do glamour explorado pelos autores da Belle Époque, cujo foco era o cotidiano da vida burguesa presente na capital. Esses textos foram pautados nos paradigmas de Euclides da Cunha, de À margem da história, os quais destacavam sobretudo os aspectos exuberantes e selvagens de uma terra grandiosa e maravilhosa e, ao mesmo tempo, caótica e bárbara. A partir da década de 40, há uma transformação nas narrativas brasileiras, muito influenciada pelos processos literários de renovação presentes em todo o continente latino-americano, os quais reagiram ao realismo/naturalista envelhecido dos anos 20 e 30 e buscaram redimensionar a noção de espaço, tempo e linguagem para além das especificidades regionais. Em meio a esse cenário, a Amazônia acompanhou essa transformação, com obras que romperam com antigos modelos narrativos.

  • FABÍOLA AZEVEDO BARAÚNA
  • TENDÊNCIAS TIPOLÓGICAS DE HARMONIA NASAL E PALATALIZAÇÃO EM LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS

  • Data: 31/07/2020
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  • Este trabalho trata do processo de assimilação fonológica de harmonia nasal e
    palatalização em línguas indígenas. A assimilação de traços, de acordo com Odden
    (2005), constitui-se como o processo fonológico mais comum de ocorrer nas línguas
    e, dentre os processos assimilatórios, a harmonia nasal e palatalização figuram
    como os mais frequentes nas línguas do mundo (KRAMER E UREK, 2016). Por essa
    razão, apresenta-se nesta tese algumas tendências observadas nesses dois
    processos em línguas indígenas brasileiras. Objetiva-se definir padrões ou
    singularidades nos processos de assimilação nasal e palatal em 31 línguas
    indígenas brasileiras, pertencentes a grupos linguísticos diferentes, sendo
    provenientes de dois troncos (Tupí e Macro-Jê), três famílias maiores (Aruák, Pano e
    Karib); três famílias médias (Nadahup, Yanomami e Nambikwara); e duas famílias
    menores (Katukina e Chiquitano). Essa diversificação permitiu delimitar padrões e
    singularidades linguísticas observados em cada processo, além de verificar como se
    manifestam nessas línguas, em especial, quais são suas semelhanças e diferenças
    em relação aos principais parâmetros que definem processos fonológicos: gatilhos,
    alvos, direcionalidade e natureza (fonética, fonológica ou morfofonológica). O estudo
    foi realizado seguindo a abordagem tipológica e o material de análise para esta
    pesquisa é composto por teses, dissertações e artigos divulgados no meio científico.
    Os dados pertencentes a essas línguas foram compilados e organizados em
    planilha, evidenciando a família linguística a qual a língua pertence, o local onde é
    falada, as informações dos gatilhos, alvos, segmentos resultantes e direção dos
    processos. Além disso, são realizadas exemplificações fonéticas e fonológicas das
    palavras das línguas analisadas para comprovação dos parâmetros de assimilação.
    Como fundamentação teórica básica utilizou-se, para a análise do processo de
    harmonia nasal, o trabalho de Walker (1998, 2011), e para a palatalização, os
    estudos de McCarthy e Smith (2003), além de Bateman (2007). Ao longo da tese,
    discute-se, inicialmente, sobre a tipologia linguística, de maneira geral, e tipologia
    fonológica, de modo mais específico. Em seguida, são apresentadas as famílias e
    troncos aos quais as línguas analisadas pertencem. Por fim, realiza-se uma
    explanação dos processos assimilatórios, descrição e análise das línguas. Os
    resultados desta pesquisa apontam que, embora alguns parâmetros estejam em
    conformidade com os tipos e tendências já atestados sobre esses processos, há
    outros que divergem ou estão interligados entre si (tipos de gatilhos x grupos de
    alvos; natureza x direcionalidade). Os resultados desta pesquisa apontam que,
    embora alguns parâmetros estejam em conformidade com os tipos e tendências já
    atestados sobre esses processos, há outros que divergem ou estão interligados
    entre si (tipos de gatilhos x grupos de alvos; natureza x direcionalidade). Em relação
    à harmonia nasal, as cosoantes nasais tendem a ser o gatilho do processo,
    enquanto as vogais tendem a ser os alvos. Em relação à palatalização, o gatilho
    tende a ser de vogal alta anterior e os alvos tendem a ser consoantes coronais. Nos
    dois processos, a natureza e direção do processo se relacionam, de modo que se a
    natureza é fonológica, o espalhamento tem tendência a ser regressivo; se a
    natureza é morfofonológica ou fonética, o espalhamento tem tendência a ser
    progressivo.

  • DIEGO COIMBRA DOS SANTOS
  • VARIAÇÃO FONÉTICA NO ATLAS LINGUÍSTICO DE RONDÔNIA: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO ENTRE OS ESTADOS DA REGIÃO NORTE

  • Data: 30/07/2020
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  • Este trabalho tem por objetivo estabelecer uma comparação entre o português falado no estado
    de Rondônia e os demais estados que integram a Região Norte do Brasil no que concerne à
    variação fonética. O estudo segue a orientação teórico-metodológica da Dialetologia
    Pluridimensional e Relacional (RADTKE; THUN, 1996), do método Geossociolinguístico
    (RAZKY, 1998), da Sociolinguística Quantitativa (GUY; ZILLER, 2007) e da noção de
    agrupamento fonético (RAZKY; TELLES; COIMBRA, 2019). No total, foram analisados 16
    pontos de inquérito que compõem a rede de pontos do ALiRO. Levou-se em consideração,
    também, 3 microrregiões estabelecidas no Projeto ALiRO, a saber: Região Norte, Vale
    Guaporé-Mamoré e Cone Sul. Essas microrregiões foram estabelecidas a partir da observação
    de zonas de migração ou estão relacionadas com mesorregiões e rios do estado de Rondônia.
    Nas localidades que compõe os municípios do interior de Rondônia, foram entrevistados 4
    informantes em cada localidade, estratificados conforme os grupos de fatores considerados
    nesta pesquisa, quais sejam: faixa etária (dois informantes de 18 a 30 anos e dois de 50 a 65
    anos) e sexo (dois homens e duas mulheres). Na capital, entrevistou-se 8 informantes
    estratificados em sexo (4 homens e 4 mulheres), faixa etária (4 informantes de 18 a 30 anos e
    4 informantes de 50 a 65 anos) e escolaridade (4 informantes com ensino fundamental e 4
    informantes com ensino superior). No total, foram elencados 20 aspectos fonético-fonológicos
    variáveis no banco de dados do ALiRO, sendo 9 concernentes aos segmentos vocálicos e 11
    concernentes aos segmentos consonantais, dentre os quais, neste estudo, foram descritos e
    analisados os aspectos referentes às vogais médias anterior /e/ e posterior /o/ em posição
    pretônica, /S/ em coda silábica interna e /R/ em coda silábica interna e externa. Foram
    levantados em atlas linguísticos referentes aos estados da Região Norte ou trabalhos dialetais
    que utilizaram o corpus desses atlas buscando estabelecer a comparação com os resultados

    encontrados no banco de dados do ALiRO, objetivando verificar quais aspectos fonético-
    fonológicos mais aproximam ou distinguem o português falado em Rondônia da região que esse

    estado integra. Os resultados foram apresentados em forma de cartas linguísticas diatópicas e
    diastráticas e tabelas com dados quantitativos. De acordo com os dados analisados, o aspecto
    fonético-fonológico que mais aproxima Rondônia da Região Norte é a vogal média anterior
    pretônica /e/, ao passo que a vogal média posterior pretônica /o/ e o /R/ em coda silábica interna
    e externa foram os aspectos fonético-fonológicos que mais distanciaram Rondônia da região
    nortista. Por fim, o /S/ em coda silábica interna apresentou uma configuração geográfica
    complexa que apontou para um contínuo dialetal nos atlas linguísticos nortistas analisados.

  • ILTON RIBEIRO DOS SANTOS
  • MAX MARTINS: O VERBAL E O VISUAL NA LITERATURA NO PARÁ

  • Data: 15/07/2020
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  • Este tese sobre a hibridização do verbal na literatura com o visual plástico é uma reflexão contextualizada sobre as expressivas mudanças pelas quais a linguagem literária passou a partir da modernidade. Para isso, fez-se um recorte histórico, pós-mallarmeneano, especificamente depois de 1950, momento em que se apresentaram novas maneiras de se produzir e perceber a linguagem literária, e também um recorte local, refletindo sobre como alguns poetas da cidade de Belém passaram a relacionar-se com essa nova literatura, com destaque para a obra de Max Martins. Esse poeta desenvolveu um projeto bio-literário e, desse modo, contribui para a revolução da linguagem poética na segunda metade do século XX. Refere-se, portanto, a obras de caráter complexo, ressonância de um fenômeno poético que reverberou da crise da linguagem na virada do século XX. Para tal reflexão, as esteiras teóricas são a literatura comparada e a semiótica [as interfaces do plástico estético verbalizado – a iconicidade – com verbal literário visualizado]. Esse novo tempo literário é provocador de novos tecidos verbais poéticos, como, também, exige-se uma nova dinâmica para leitura – crítica –, abrindo, assim, novas condições de se habitar no poético – arte literária.

  • DANIEL PRESTES DA SILVA
  • BOOKTUBERS NO CAMPO EDITORIAL BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO DE OITO CANAIS LITERÁRIOS (2016 – 2018)

  • Data: 10/07/2020
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  • Nos últimos dez anos houve uma mudança de paradigma no que se refere à circulação e
    recepção de textos literários, principalmente no que tange às publicações recentes feitas pelo
    mercado editorial. Tal mudança ocorreu na web 2.0, por meio da plataforma YouTube, que
    possibilitou a criadores de qualquer tipo de conteúdo disponibilizarem vídeos sobre assuntos
    variados. Esse fenômeno tem particular relevância ao se observar o espaço que o consumo de
    bens culturais, em especial, de produtos literários, ocupa na dinâmica das sociabilidades de
    alguns segmentos da sociedade. Essas transformações e a sofisticação tecnológica
    possibilitaram alçar o consumidor-leitor a outros patamares, de modo que alguns ocuparam
    posições distintivas dentro da comunidade mais ampla de leitores. Nesse contexto surgiram os
    booktubers, leitores que ocupam o lugar de comentaristas e tornam público, por meio da
    plataforma do YouTube, conteúdo intrinsicamente ligado a livros e ao mercado editorial.
    Dentre os conteúdos comumente produzidos por esses booktubers, há vídeo-resenhas, diários
    de leitura, vídeos de lançamentos do mês de várias editoras e vídeos de livros adquiridos no
    mês, bem como as brincadeiras literárias conhecidas como TAGs. Em alguma medida, esse
    fenômeno possibilitou que a experiência de leitura individual e solitária se tornasse pública,
    passando a fazer parte de uma experiência de socialização coletiva. É nesse contexto de
    recepção de textos literários, em grande medida voltado para as novidades do mercado
    editorial, ou seja, para os “últimos lançamentos do mês” que a ação produzida por booktubers
    tem chamado atenção das empresas editoras. Essa relação tem se materializado por meio de
    patrocínios publicitários, realização de parcerias entre canais e editoras, além da possibilidade
    de inserção dos booktubers no mercado editorial na condição de escritores. Considerando o
    papel desses agentes sociais na difusão de gostos e práticas de consumo literárias
    contemporâneas, esta pesquisa buscou verificar como se deu a recepção de prosa de ficção
    brasileira em oito canais literários do YouTube, entre os anos de 2016 e 2018. Para responder
    à questão foram combinadas metodologias de pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa.
    No que diz respeito aos métodos quantitativos foram aplicados questionários junto à
    população-alvo, qual seja, os booktubers integrantes do autodenominado Culto Booktuber,
    que por três anos se reuniu desenvolvendo atividades em conjunto. A coleta de dados via
    questionário permitiu estabelecer o perfil desses agentes, a relação que eles estabelecem com
    editoras e autores independentes, além das obras que eles leram e resenharam. A segunda
    parte da análise, de caráter qualitativo, foi realizada a partir da análise das resenhas da obra A
    cabeça do santo, de Socorro Acioli. Foram mapeados os critérios avaliativos utilizados pelos
    booktubers para resenhar essa obra. Os dois métodos de análise permitiram concluir que,
    embora haja grande interesse pelas novidades editoriais, há também uma forte presença de
    obras de autores consagrados pelo campo literário brasileiro. No que concerne à forma como
    são avaliados os textos, percebeu-se a apropriação e reformulação de critérios advindos do
    ensino formal, aliados à noção de fruição literária.

  • ROSELI DA SILVA CARDOSO
  • A INTERFACE DISCURSO E TRABALHO NAS RELAÇÕES ENTRE PESCADORES TRADICIONAIS E REPRESENTANTES DE INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS DA PESCA

  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 06/07/2020
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  • Esta tese descreve e interpreta a relação conflituosa entre os discursos dos pescadores tradicionais e os discursos dos representantes governamentais da pesca, nas comunidades da vila do Treme e da vila do Araí. A primeira comunidade faz parte da Reserva Extrativista Marinha do Brasil (RESEX) – Caeté-Taperaçu, localizada nas proximidades do município de Bragança. A segunda, localizada no município vizinho de Augusto Corrêa, (RESEX) - Araí-Peroba. Estas instituições governamentais efetivam uma política pública que tem como objetivo reduzir o uso predatório dos recursos pesqueiros, peixes e caranguejos, nas áreas litorâneas de manguezal. Assim, propõe-se analisar a legislação da criação e implantação da RESEX e o plano de manejo (documento que propõe normas de zoneamento e regras de uso dos recursos naturais) em confronto com as narrativas dos pescadores, dimensões que interferem na constituição das relações de trabalho dos pescadores tradicionais das unidades de conservação - UC. A partir de uma perspectiva discursiva que orienta a análise dos embates sociais nas referidas comunidades, o aporte teórico conta, primeiramente com Foucault (1969), no que concerne à relação de saber e poder entre os sujeitos pesquisados, uma vez que estamos diante do discurso da tradição, assumidos pelos pescadores, posto numa relação desigual diante do discurso técnico-científico e institucionalizado dos representantes da RESEX. Acrescentam-se, ainda, outros postulados propostos por Maingueneau (2005), para compreender a constituição dos grupos implicados nesta prática como ordem institucional que define, pelo que dizem e o que fazem, os sujeitos da pesca dentro da comunidade. Conclui-se que o espaço discursivo permanece em constante conflito ambiental, social, político e econômico, como consequência da imposição dos saberes técnicos-científicos nas relações de trabalho tradicional, diversidade de sentidos na conservação ambiental e utilização dos dispositivos administrativos e de segurança na tentativa de manutenção do manejo oficial. Por fim, o não cumprimento dospropósitos de democratização e participação do sujeito do discurso tradicional nas demandas da RESEX propiciam um clima de desconfiança e desinteresse da população das comunidades estudadas em relação às imposições dos objetivos e ações dos representantes institucionais, onde os sujeitos da tradição se reinventam de forma criativa e silenciosamente resistem e subvertem fronteiras nesse espaço movediço de disputas inscritas nas relações de saber e poder.

  • GLEICE DO SOCORRO BITTENCOURT DOS REIS
  • O CAVALO DESEMBESTADO DO PENSAMENTO: FLUXO DE CONSCIÊNCIA COMO CONDUTOR DA NARRATIVA
    EM AFONSO CONTÍNUO, SANTO DE ALTAR DE LINDANOR CELINA

  • Data: 30/06/2020
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  • A presente dissertação analisa o romance Afonso Contínuo, Santo de Altar (1986), de Lindanor Celina, o qual é uma fonte inesgotável de temas interessantes e importantes, tanto do ponto de vista literário quanto do social, por abordar questões polêmicas que provocam debates férteis e necessários. A relevância de um estudo como este está na valorização de nossos autores amazônicos que, mesmo falando sobre sua terra, desenvolveram, em suas obras, assuntos extremamente universais. O objetivo geral deste trabalho é analisar a construção da narrativa do romance sob a perspectiva do fluxo de consciência, buscando compreender as significações que podem ser extraídas nesse processo. Os objetivos específicos são: identificar quais técnicas são utilizadas para a composição do fluxo de consciência; delimitar o foco narrativo utilizado no romance e elencar e analisar as temáticas debatidas. Esta pesquisa abordará o “fluxo de consciência”, absorvido pela literatura dos estudos da psicologia para definir escritos que possuem, como maior característica, a construção da narrativa através de aspectos psicológicos das personagens. Para a compreensão da construção dessa técnica, são necessárias, também, a identificação e a análise do ponto de vista ou foco narrativo, pois o estudo da focalização também permite que seja possível delimitar determinados entendimentos sobre a vida e o mundo.

  • FERNANDO ALVES DA SILVA JUNIOR
  • TRADUÇÃO E XAMANISMO NA POÉTICA INDÍGENA

  • Data: 30/06/2020
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  • Esta tese de doutorado desenvolve um tema a partir da tradução e do xamanismo, cujo desafio
    central é investigar o paralelismo entre o tradutor e o xamã. Pretende-se, com isso, discutir a
    teoria da tradução cotejada com as etnografias que apresentam o xamã das terras baixas da
    América do Sul como um sujeito movente, nesse sentido, a análise aponta para o pajé
    indígena como um mestre das passagens assim como o tradutor, por isso, o interesse em
    verificar os limites conceituais entre esses dois sujeitos do deslocamento. Como se trata de
    um trabalho interdisciplinar, no que concerne ao plano metodológico, a presente tese se insere
    em um campo de investigação bibliográfica e se ampara nos estudos literários e etnográficos;
    no que diz respeito aos aspectos antropológicos, o eixo teórico principal é fundamentado
    pelos trabalhos de Eduardo Viveiros de Castro (1986; 1996), Tânia Stolze Lima (1996),
    Manuela Carneiro da Cunha (1998), Carlos Fausto (2002) e Pedro Cesarino (2011; 2013). No
    que compete aos estudos da tradução, utilizam-se trabalhos como os de Walter Benjamin
    (2009; 2013), Antoine Berman (2002; 2007), Haroldo de Campos (1970; 1972; 2006), João
    Barrento (2000; 2012) e Alexis Nouss (2012). O tradutor e o pajé são figuras do deslocamento
    porque, como obrigação de ofício, ambos precisam realizar viagens ao estrangeiro, quer dizer,
    eles se encontram com figuras da alteridade. Esse Outro para o tradutor é a língua/cultura
    estrangeira; para o xamã, o estrangeiro tem outras facetas, ele pode ser um espírito, um deus,
    um parente morto ou o Branco. Em todo caso, o Outro, tanto para o tradutor quanto para o
    xamã, localiza-se no exterior, por isso, fazer algo passar da realidade estrangeira para a sua
    própria realidade vai exigir uma movência, uma viagem. Esse aventurar-se na perspectiva
    alheia implica uma reconstrução de sentido em sua própria realidade; trata-se de uma empresa
    arriscada, porque o medo do retorno sempre está à espreita de todo viajante. Existe sempre a
    chance do tradutor e do pajé não retornarem, ou seja, o medo está em ficar permanentemente
    preso na realidade do Outro. Assim se arquiteta o plano de trabalho desta tese, ela passa por
    essa relação com a alteridade e pelos problemas inerentes ao contato com o estrangeiro.

  • FILIPE BRITO DE OLIVEIRA
  • I DWELL IN POSSIBILITY: A TRADUÇÃO POÉTICA DE EMILY DICKINSON POR MÁRIO FAUSTINO

  • Data: 29/06/2020
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  • Emily Dickinson é uma das mais célebres poetas norte-americanas de todos os tempos. Sua poesia tem sido lida por sucessivas gerações, que encontram em seus poemas reflexões sobre o espetáculo das coisas, da natureza e da vida. Não é à toa que sua poesia tem sido traduzida há quase um século no Brasil por grandes nomes da nossa literatura. O objetivo desta dissertação é estudar as traduções realizadas pelo poeta e crítico literário Mário Faustino (1930 – 1962), publicadas no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil na página Poesia-Experiência. Para isso, o trabalho foi dividido em três capítulos. O primeiro discute a vida e a obra de Emily Dickinson, bem como os elementos que compõem a poética da escritora. O segundo capítulo apresenta Mário Faustino e as condições de produção e circulação das traduções que ele realizou. O terceiro capítulo analisa os poemas selecionados por Faustino e suas traduções, de modo a observar as estratégias adotadas por ele para recriar os poemas em nosso idioma. Para fundamentar tal pesquisa foram utilizadas as obras de Berman (2002), D’Hulst (2001), Martin (2007), dentre outros autores. Podemos afirmar que as traduções de Faustino possuem grande valor formativo à geração de leitores e escritores ao longo da década de 50, seja pelo alcance que o suplemento literário teve, seja pelo papel desempenhado por Faustino na apresentação e crítica de autores que se utilizavam da experimentação da palavra como instrumento de produção poética.

  • JOANA DARC SOARES VIEIRA
  • ANÁLISES DISCURSIVAS NO CONTEXTO EMPRESARIAL: ANÁLISE DE UM INFORMATIVO ORGANIZACIONAL EM CONTEXTO ESCOLAR

  • Data: 29/06/2020
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  • Investigar os efeitos de sentido nos discursos que circulam em um informativo organizacional: as situações em que se produz o dizer, os agentes nele envolvidos, as relações interdiscursivas constitutivas das hierarquias no ambiente de trabalho e as tensões e posições existentes na fusão dos discursos empresarial e escolar, a partir da análise do informativo organizacional Impacto News é a gênese. Sua metodologia é fundamentada nos postulados da Análise de Discurso de linha francesa, especialmente aqueles inscritos por Dominique Maingueneau (1997, 2008a, 2008b, 2010, 2013, 2015, 2016), como a noção de interdiscurso e cenas de enunciação, além de um percurso teórico-analítico, sustentado por postulados de Freire (2018), Mészáros (2005) e Laval (2019). Um arcabouço de opções metodológicas que possibilita compreender como um mecanismo de endocomunicação é capaz de promover cenas de enunciação favoráveis ao ethos empresarial, ainda que se trate de uma escola, difundindo valores, políticas e influências capitalistas e neoliberais ao associar diretamente os processos pedagógicos ao programa de Qualidade Total, à certificação ISO e à cultura de mercantilização da educação. Seus resultados direcionam para reflexões críticas sobre o discurso reformista que insere a escola, seus métodos pedagógicos e seus processos ajustados ao tipo de gestão empresarial cujas práticas e sistemas de qualidade restringem os problemas educacionais aos princípios mais técnicos e administrativos, promovendo efeitos consideráveis no conteúdo da sua ação educativa – principalmente aquela ligada aos preceitos históricos de cidadania. Norteiam também a urgente necessidade de ruptura com a lógica do capital para a promoção de uma educação libertadora capaz de superar as desigualdades e opressões que reprimem severamente a sociedade e que têm na escola um importante vetor na difusão da ideologia oficial: classista, elitista e excludente. Assim, a análise promovida por esta pesquisa faz refletir e repensar sobre as práticas discursivas que fundem os discursos empresarial e escolar e reconhecem nos pais e alunos clientes em potencial e enxergam a educação como um produto cuja função é gerar lucros, retirando a democratização do centro das preocupações políticopedagógicas que deveriam nortear o processo educacional. Apenas sob tal perspectiva, a educação poderá ser compreendida como um mecanismo de transformação e humanização, pois, somente assim, será capaz de conscientizar a sociedade para reconhecer tudo o que a circunda, negando o modelo neoliberal

  • PAULO JOSE MAUES CORREA
  • INGLÊS DE SOUSA: HISTÓRIA, EROTISMO E MITO

  • Data: 29/06/2020
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  • Esta Tese tem como objeto de estudo a obra do escritor Inglês de Sousa, produzida na segunda metade do século XIX, situando-se em momento de transição entre várias estéticas. A partir da escritura desse ficcionista, formada dos romances O Cacaulista, História de um pescador, O Coronel Sangrado e O Missionário e do Contos Amazônicos, esta pesquisa analisa três interfaces: 1) Literatura e História, 2) Literatura e Erotismo e 3) Literatura e Mito. Nesse contexto, o principal objetivo é desenvolver uma leitura mais aprofundada da obra do escritor, com base nessas três interfaces, com suporte teórico variado, nos moldes da Literatura Comparada, tal como a pensa Henry Remak, lançando mãos, portanto, de contribuições de áreas diversas, como a Psicanálise, de Sigmund Freud, e da Semiologia, de Roland Barthes, autores que dialogam com tantos outros, ao longo desta pesquisa, dependendo do apelo da própria passagem selecionada para a análise, à moda da flânerie trabalhada por Walter Benjamin.

  • ALINE BATISTA RODRIGUES
  • O DISPOSITIVO LEITURA E AS PRÁTICAS DE LEITURIZAÇÃO: HISTÓRIAS DE PODER E RESISTÊNCIA NA SALA DE LEITURA DAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE BELÉM


  • Data: 19/06/2020
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  • Esta tese se propôs investigar as operações realizadas pelo dispositivo leitura, a fim de saber
    por que o aluno já em série em que deveria ser proficiente em leitura não consegue sê-lo
    proficientemente, tampouco politicamente? Pensar a existência de um dispositivo implicado
    nas operações que envolvem acesso democrático aos conhecimentos e controle de saberes
    foi importante para se compreender as tecnologias implicadas nas práticas de poder. Não
    poder que visa à punição, à interdição, mas o poder que atravessa os corpos e está espalhado
    por todos os lugares, controlando formas de pensar, de dizer, de ver e de agir sobre o mundo,
    conforme postulou Foucault (1970, 1984, 1989 e 2009). O poder que, atrelado às práticas de
    saber, produz modos de subjetivação. Para se chegar ao reconhecimento de elementos que
    constituíam o dispositivo leitura, inicialmente analisou-se minuciosamente as práticas de
    outros dois dispositivos: o escolar e o estatal. O processamento de dados reconheceu objetos
    e mecanismos que não contemplavam as práticas de nenhum desses dois dispositivos, mas
    que constituíam domínios associados específicos, que lançavam luz à existência de outro
    dispositivo, o dispositivo leitura. São as operações mobilizadas por esse dispositivo que
    padroniza as interpretações das leituras realizadas nas escolas; que recorta quais leituras
    podem ser trabalhadas em determinados anos de ensino; que estabelece como elas devem
    ser utilizadas em determinadas disciplinas, ao mesmo tempo que silencia outras; que
    regulariza quais leituras são autorizadas a circularem nas escolas; que delibera quais sofrem
    interdições escolar; que delineia quem será o Professor de leitura etc. Esse dispositivo
    operacionaliza práticas com o objetivo de tornar homogêneas concepções e atividades
    naturalmente heterogêneas, a fim de não tornar os alunos sujeitos reflexivos de suas
    realidades. Para essa discussão, elegeu-se como objeto de pesquisa a sala de leitura do
    município de Belém. Inicialmente, conforme o nome sugerira, configurou-se como um
    espaço físico implantado para fomentar o exercício da leitura. Porém, esse novo lugar de
    ensinar a ler iniciou suas atividades sem definir em quais conceitos de leitura a Secretaria
    Municipal de Educação estava se apoiando, por quais ações a sala de leitura deveria se
    constituir e quem seria o professor capacitado para atuar legitimamente em tal espaço.
    Baseando-se em análises documentais, nas entrevistas realizadas com Professores e
    formadoras da sala de leitura, nas observações das aulas das Professoras entrevistadas e na
    análise das histórias da leitura e do seu ensino recortadas para esta pesquisa, tomando por
    base principal Fischer (2006) e Chartier (2011), buscou-se a(s) resposta(s) da pergunta
    norteadora desta pesquisa, que trouxe como resultados que a leitura funciona como um
    dispositivo, por ter práticas e técnicas específicas e por operacionalizá-las de modo a
    controlar e produzir saberes a serviço do poder hegemônico.

  • NANDRA RIBEIRO SILVA
  • RECONSTRUÇÃO FONOLÓGICA DO PROTO-TIMBIRA

  • Data: 17/06/2020
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  • A presente tese apresenta uma comparação sistemática entre os dados dos Dialetos que compõem o Complexo Timbira (Apãniekrá, Krahô, Pykobjê e Parkatêjê), da família linguística Jê, tronco Macro-Jê, além de em alguns momentos compararmos dados da língua Apinajé com tais dialetos. Para as reconstruções aqui apresentadas, seguimos os princípios do método histórico-comparativo da Linguística Histórica (Campbell, 1999), elaborando um corpus a partir de um conjunto de itens pertencentes ao léxico comum Apãniekrá, Krahô, Parkatêjê e Pykobjê, dialetos do Proto-Timbira (PTB), com o intuito de proceder à reconstrução fonológica das consoantes e vogais do PTB, além da reconstrução lexical dos itens coletados. Tal reconstrução permitiu que fossem feitas algumas inferências preliminares sobre o desenvolvimento histórico dos dialetos que compõem o Complexo. O estudo se baseia na análise de 350 conjuntos de cognatos, obtidos da literatura, considerando os sistemas fonológicos dos dialetos. Propomos um sistema consonantal para o PTB composto de 13 sons consonantais (*p, *t, *k, *kh *ʔ, *m, *n, *ŋ, *tʃ, *h, *r, *w, *j), além de 4 alofones ([*mp], [*nt], [*ntʃ], [*ŋk]) que ocorriam em distribuição complementar com seus respectivos contrapartes nasais já na proto-língua, e 22 sons vocálicos, sendo , 10 vogais orais breves (*i, *ɨ, *u, *e, *ə, *o, *ɔ, *ɛ, *ɜ, *a), 5 vogais nasais breves (*ĩ, *ũ, *ẽ, *ã, *õ), 5 vogais orais longas (*ii, *uu, *ee, *əə, *oo) e 2 vogais nasais longas (*ẽẽ, *õõ). Ademais, os processos fonológicos descritos nos dialetos ofereceram evidências para a reconstrução lexical das proto-formas no PTB.

  • CARLA DANIELE NASCIMENTO DA COSTA
  • PROPOSTA DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A LÍNGUA SAKURABIAT

  • Data: 12/03/2020
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  • A elaboração e publicação sistemática de materiais específicos e diferenciados é um dos princípios da educação escolar indígena. No entanto, muitas escolas carecem de tais materiais. Partindo desse cenário, este trabalho tem o objetivo de descrever e analisar o processo de elaboração de um material didático para a língua Sakurabiat. Falada atualmente por cerca de 12 pessoas, no estado brasileiro de Rondônia, Sakurabiat é uma das cinco línguas ameaçadas de extinção que compõe o ramo Tupari, família Tupi. Fundamentada nos pressupostos teóricos das políticas de ensino de línguas no Brasil (BRASIL, 1988; BRASIL, 1996 e BRASIL, 1998), bem como das teorias, métodos e abordagens de ensino e aprendizagem de línguas, incluindo a alfabetização em línguas minorizadas (PAIVA, 2014; RICHARDS e RODGERS, 2001 e BAKER, 2001), a presente pesquisa utiliza a abordagem qualitativa de análise de dados e o método de estudo da pesquisa-ação. Os procedimentos metodológicos incluíram trabalho de campo para coleta de dados através de entrevistas, observações e elicitações. Os primeiros dados coletados dizem respeito às demandas educacionais apresentadas pelos professores Sakurabiat. Após a análise dos primeiros dados, deu-se início à elaboração do material didático, que posteriormente foi apresentado à comunidade Sakurabiat. Em decorrência dos ajustes e revisões requeridos pela comunidade, uma nova coleta de dados foi feita para apreender as demandas apresentadas pelo grupo indígena. Para tanto, foram realizadas novas entrevistas com falantes da língua e com a geração mais jovem de mães e pais com filhos na escola indígena. Os dados coletados revelaram que além do interesse pela aprendizagem da modalidade escrita, a comunidade Sakurabiat também quer resgatar a língua e cultura do povo para a volta da comunicação diária na língua indígena, que atualmente possui o status de segunda língua. Dessa maneira, a pesquisa evidencia a necessidade de utilização de diferentes conhecimentos linguísticos e culturais sobre o povo na concepção do livro. E para tanto, fez-se necessária a utilização e adaptação de diferentes teorias de aprendizagem e métodos e abordagens de ensino de línguas; ressaltando, assim, a importância das especificidades e demandas de cada contexto em que se almeja ensinar e aprender línguas.

  • WANUBYA DO NASCIMENTO MORAES CAMPELO
  • A LITERATURA DE JORNAIS E REVISTAS: UM ESTUDO DE FONTES PRIMÁRIAS NAS PUBLICAÇÕES DE JOÃO GUMARÃES ROSA EM PERIÓDICOS

  • Data: 12/03/2020
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  • De maio de 1965 a julho de 1967, Guimarães Rosa publicou pequenos contos no jornal médico Pulso, do Rio de Janeiro: editado pelo laboratório de Sidney Ross; dirigido pelo doutor Roberto de Souza Coelho, gerenciado por John S. Kane e Editado por Elísio Valente que circulou entre médicos do Brasil inteiro. O autor mineiro enviou 56 contos para o Pulso, dos quais 40 foram republicados, com algumas modificações, em sua derradeira obra Tutaméia: terceiras estórias (1967). Antes disto, em 1961, no jornal O Globo, o autor mineiro também contribuiu com 23 textos em uma coluna intitulada Porta de livraria, dos quais, três foram republicados em sua obra de 1967. Portanto, dos 44 textos da obra Tutaméia, apenas um fora escrito para a publicação, os demais já haviam sido publicados anteriormente em periódicos. Dessa forma, esta pesquisa trabalhou com o referencial teórico da Crítica genética (SALLES, 2008) para fazer uma análise bibliográfica da fonte primária dos contos publicados no suporte jornal, cedida por meio de commut para este estudo, em pesquisa de campo, ao acervo do escritor na Universidade de São Paulo (USP) e à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), comparando-os com a sua primeira publicação em livro. O escopo deste trabalho é reconstituir uma história do texto rosiano em estado nascente no periódico, buscando encontrar nele os segredos da elaboração da obra Tutaméia em sua temática amorosa em oito contos, a saber, “Antipleripéia”, “Arroio das antas”, “A vela ao Diabo”, “Desenredo”, “Esses Lopes”, “João Porém, o criador de perus”, “Palhaço da boca verde” e “Se eu seria personagem”. Como referencial teórico para esta análise, utilizaremos também os conceitos de paratexto (GENETTE, 2009), além das discussões críticas de (COVIZZI, 1978), (MONTAGNA, 2011), (NOVIS, 1989) e (NUNES, 1976).

  • INGRYD MORAES DE MORAES LIRA
  • DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE PROPRIEDADES SEMÂNTICAS E MORFOSSINTÁTICAS DE NOMES CONTÁVEIS E NOMES MASSIVOS EM PARKATÊJÊ

  • Data: 28/02/2020
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  • O presente trabalho tem como objetivo descrever o comportamento de nomes contáveis e nomes massivos em Parkatêjê, língua falada por povos indígenas que vivem em aldeias situadas ao longo da BR-222, no município de Bom Jesus do Tocantins, no estado do Pará. Conforme Rodrigues (1986), trata-se de uma língua pertencente ao Complexo Dialetal Timbira, Família Jê, tronco linguístico Macro-Jê. Muitos estudos demonstram que, na maioria das línguas, temos dois grupos distintos de nomes: contáveis e massivos. De acordo com Paraguassu-Martins e Muller (2007), os primeiros trabalhos na linguística acerca desse assunto foram introduzidos por Jespersen, em 1924. Para ele, contáveis seriam os nomes que transmitem uma ideia de coisa definida, com formato e limites precisos, e massivos aqueles que não apresentam essas características, independentemente de serem concretos ou abstratos. Entretanto, estabelecer conceitos e critérios para distinguir tais nomes ainda representa um grande desafio para os trabalhos de análise e descrição das línguas naturais, considerando que há significativa variação entre as línguas, até mesmo entre aquelas relativamente semelhantes. Para a realização deste estudo em Parkatêjê, foram realizadas coletas de dados com falantes nativos da comunidade indígena. Os procedimentos metodológicos tiveram como base, principalmente, o estudo desenvolvido por Lima (2014) sobre contagem e individuação em Yudja, bem como o questionário elaborado por essa autora juntamente com Rothstein (2016). Os resultados obtidos demonstram que nomes contáveis e massivos apresentam, de fato, aspectos morfossintáticos e semânticos distintos. Constatou-se que expressões de quantidade, em sua maioria, funcionam como propriedades distintivas nessa classe nominal. Nomes contáveis são combinados diretamente com numerais, sem a necessidade de um recipiente de medida. Nomes massivos, por sua vez, são combinados com numerais nas seguintes circunstâncias: 1) quando há a inserção de um recipiente de medida entre o nome e o numeral; e 2) quando não há a inserção de um recipiente de medida, contudo este está subtendido no contexto. Há quantificadores que são usados com todos os nomes, mas há alguns que ocorrem especificamente com nomes contáveis e outros somente com nomes massivos. Observou-se que o comportamento de tais nomes em Parkatêjê confronta a proposta de Chierchia (1998a, 1998b, 2010 apud LIMA, 2014) acerca dos tipos de línguas, tendo em vista que ela apresenta tanto traços de línguas de marcação de número quanto traços das línguas que são numericamente neutras.

  • ALESSANDRA PANTOJA PAES
  • PAUL DE KOCK NO BRASIL OITOCENTISTA: ENTRE ANÚNCIOS DE JORNAIS E EDIÇÕES POPULARES

  • Data: 28/02/2020
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  • A presente tese objetivou investigar a circulação da prosa de ficção do escritor francês Paul de Kock (1793-1871) em periódicos oitocentistas paraenses, bem como no Jornal do Commercio, importante periódico publicado na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império. Pretendeu, ainda, discorrer sobre as edições populares nos quais seus romances foram publicados na França, Portugal e Brasil, bem como comparar os aspectos materiais de três diferentes edições do romance Le professeur Ficheclaque (1867), de autoria do prolífico romancista francês. Tendo isso em vista, a tese foi dividida em quatro capítulos. No primeiro, realizou-se a análise dos anúncios de obras de Paul de Kock publicados nos periódicos paraenses do século XIX, entre 1820 e 1879, de forma a averiguar quais teriam sido os livreiros e livrarias, bem como gabinetes de leitura responsáveis por vulgarizar os livros do escritor na capital da Província do Pará. No segundo capítulo pretendeu-se analisar os reclames com livros de Kock publicados, por sua vez, no Jornal do Commercio, com o intuito de verificar quais livreiros e livrarias, instalados no Rio de Janeiro, comercializaram as obras do escritor francês. Buscou-se, ainda, cotejar os dados encontrados nos periódicos de uma das províncias do Brasil e em um importante periódico da capital do Império, com o intuito de investigar as diferenças e semelhanças da circulação da obra de Paul de Kock nessas duas cidades. No terceiro capítulo realizou-se uma investigação sobre a trajetória das publicações francesas, portuguesas e brasileiras do escritor, de forma a verificar quais foram os editores de Kock em França, Portugal e Brasil, bem como averiguar os suportes de publicação nos quais suas obras circularam. Por fim, no quarto e último capítulo, buscou-se discorrer sobre as publicações em língua francesa e portuguesa de um romance em específico de Kock: Le professeur Ficheclaque (1867), atentando para aspectos como formato de publicação dessas edições, editores, ano de edição, tradutor, e local de edição. Pretendeu-se, ainda, analisar e comparar os paratextos editoriais de três diferentes edições desse romance – a primeira edição francesa e suas traduções, portuguesa e brasileira, publicadas nos Oitocentos -, tais como título, anterrosto, página de rosto, coleção e ilustração.

  • BRUNA FERNANDA SOARES DE LIMA PADOVANI
  • ESTUDO DO LÉXICO DA LÍNGUA APURINÃ: UMA PROPOSTA DE MACRO E MICROESTRUTURA PARA O DICIONÁRIO APURINÃ

  • Data: 28/02/2020
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  • Esta tese tem por objetivo descrever e analisar o léxico da língua Apurinã (Aruák), como
    subsídio para a elaboração de um dicionário geral bilíngue bidierecional Apurinã-
    Português/Português-Apurinã. Apurinã é uma etnia indígena e uma língua minoritária falada,
    principalmente, em comunidades espalhadas às margens de vários afluentes do rio Purus, no
    Sudoeste do Estado do Amazonas. Este trabalho procurou articular objetivos acadêmicos e
    sociais, em que, de um lado, temos a descrição e a análise do sistema lexical da língua Apurinã
    e, do outro, a documentação abrangente dessa língua com o intuito de assegurar o registro
    escrito da língua, auxiliando o povo Apurinã nas iniciativas de ensino-aprendizagem e
    alfabetização da sua língua nativa. Cabe ressaltar que, no caso de Apurinã e de outras línguas
    indígenas brasileiras, a importância deste último aspecto se avoluma, uma vez que as línguas
    indígenas encontram-se em risco de extinção. Para tanto, esta tese foi organizada em quatro
    partes que, por sua vez, são constituídas por sete capítulos. Na primeira parte intitulada,
    Considerações Iniciais, apresentamos no primeiro capítulo algumas características gerais da
    língua, cultura, e território Apurinã, bem como o contexto da pesquisa; no segundo capítulo
    apresentamos os aportes teóricos necessários para a construção desse trabalho; no terceiro
    capítulo discutimos acerca da construção e organização do corpus utilizado nessa pesquisa. Na
    segunda parte denominada, Estrutura do Léxico do Apurinã, apresentamos no quarto capítulo
    uma visão geral dos aspectos fonético-fonológico do Apurinã, onde mostramos o quadro de
    vogais e consoantes da língua, pontuando as variações que ocorrem em alguns segmentos,
    discutimos ainda sobre as distintas propostas da ortografia da língua; no quinto capítulo damos
    foco às categorias lexicais abertas da língua Apurinã, iniciando pela descrição dos nomes, suas
    subcategorias, discutindo sobre os processos de inovação lexical, variação linguística e o
    fenômeno do duplo vocabulário; em seguida, tratamos dos verbos e suas subcategorias. No
    sexto capítulo, tratamos das categorias lexicais fechadas, são elas: pronomes, demonstrativos,
    palavras interrogativas, partículas e morfemas flutuantes, procuramos descrever suas principais
    características e funções, bem como a forma como elas foram registradas no material
    lexicográfico. Na terceira parte, O Dicionário Apurinã, constituída apenas pelo sétimo capítulo,
    debatemos sobre o modo como o dicionário foi organizado e as decisões tomadas em relação à
    proposta de macro e microestrutura. A quarta parte desta tese, As Considerações Finais, é
    composta pelas conclusões, onde fazemos um apanhado geral do trabalho e dos possíveis
    desdobramentos que podem ser explorados a partir do dicionário. Finalmente, os apêndices são
    formados pela proposta do dicionário geral para língua Apurinã, e por pequenos textos
    coletados coletados exclusivamente para esta pesquisa e questionários.

  • INGRID LUANA LOPES CORDEIRO
  • A RECEPÇÃO CRÍTICA DOS ROMANCES PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM E A CIDADE SITIADA, DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 28/02/2020
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  • Na década de 1940, a escritora Clarice Lispector despontou no cenário literário brasileiro,
    quando publicou o romance Perto do coração selvagem, de 1943, o qual recebeu comentários
    elogiosos da crítica literária. Em 1949, a ficcionista lançou A cidade sitiada, no entanto, não
    obteve prestígio entre os críticos que a obra inaugural. Nesse contexto, em nossa pesquisa,
    objetivamos investigar a recepção crítica do romance ao longo das décadas de 1940, 1950,
    1960 e 1970, a fim de analisar como os livros em foco foram interpretados nesse período.
    Para tanto, os procedimentos metodológicos estão centrados em pesquisa documental em
    jornais e revistas do século XX, bem como em pesquisa bibliográfica em livros, revistas e
    trabalhos acadêmicos que abordem as questões discutidas no presente estudo. Assim sendo, o
    arcabouço teórico é, principalmente, composto por reflexões de Robert Hans Jauss, que
    desenvolveu a Estética da Recepção, teoria que considera o leitor como um dos fatores
    importantes para a análise de uma obra literária. Desse modo, nossa investigação aponta
    novas diretrizes interpretativas para os romances claricianos Perto do coração selvagem e A
    cidade sitiada, que, na atualidade são menos estudados que as obras publicadas a partir da
    década de 1960.

  • BRAYNA CONCEICAO DOS SANTOS CARDOSO
  • A VARIAÇÃO PROSÓDICA DIALETAL DO PORTUGUÊS FALADO EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO

  • Data: 27/02/2020
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  • Esta tese apresenta resultados de um estudo sociofonético ( 2011; FOULKES, 2005)
    sobre a variaç ão prosódica dialetal do português brasileiro ( falado em São Luís do
    Maranhão. Mais especificamente, o objeto de estudo centra se na variação da entoação modal
    de sentenças declarativas neutras e interrogativas totais da variedade ludovicense, com base nos
    dados AMPER POR. A tese prevê além de uma análise intradialetal da variedade de São Luís,
    uma análise comparativa interdialetal entre os dialetos de São Luís e Belém e uma análise
    perceptual envolvendo as duas variedades comparadas, com a finalidade n ão somente de
    caracterizar o padrão entoacional de São Luís, mas também delinear as possíveis semelhanças
    e/ou diferenças quanto à relação das modalidades entoacionais e variedades dialetais analisadas.
    A escolha em comparar as variedades de São Luís e Bel ém justifica se por essas capitais
    apresentarem uma identidade histórica em comum, visto que formaram um estado independente
    no período de colonização do Brasil, nomeado respectivamente de Estado do Maranhão,
    incluindo a capitania do Grão Pará ( Esta do do Maranhão e Grão Pará (e Estado
    do Grão Pará e Maranhão ( Para a caracterização prosódica intradialetal da variedade
    ludovicense, foram selecionadas 51 sentenças do corpus AMPER POR, produzidas em duas
    modalidades entoacionais declarativa neutra e interrogativa total), de seis locutores, metade de
    cada sexo todos nativos de São Luís com idade superior a trinta anos, estratificados em nível
    de escolaridade (ensino fundamental, médio e superior). Foram utilizados os arquivos AMPER
    contendo as medidas acústicas das 3 melhores repetiçõ es de cada sentença (. Ao todo
    foram 1.836 dados analisados (51 sentenças x 2 modalidades x 3 melhores re petições x 6
    locutores). Para análise interdialetal, os dados foram compostos por 33 sentenças do corpus
    si mples AMPER POR, participaram desta etapa doze locutores, seis nativos de São Luís e seis
    nativos de Belém, seguindo a mesma estratificação descrita anteriormente. Ao todo foram 2.376
    dados analisados (33 frases x 2 modalidades x 3 melhores repetições x 6 locutores x 2
    variedades). O tratamento dos dados compreendeu as seguintes etapas: i) codificação das
    repetições ii) isolamento das repetições em arquiv os de áudio individuais iii) segmentaçã o
    automática dos sinais de áudio no programa PRAAT iv) extração das medidas acústicas dos
    segmentos vocáli cos e das médias dos parâmetros físicos controlados f0 duração e intensidade
    pelo projeto AMPER; v) se leção das 3 melhores repetições; vi) normalização dos dados; vii)
    geração de gráficos no software R Os est ímulos tonais para a realização dos testes perceptuais
    foram extraídos da base de dados dos corporas acústi cos das variedades de São Luís e Belém.
    Cada participante da pesquisa realizou três tipos de testes, cada teste continha 102 estímulos tonais, o que perfez o total de 306 tons. Para a realização do teste foi utilizado o software TP
    Worken (RA UBER; RATO; KLUGE; SANTOS, 2012). O teste foi aplicado a 96 juízes, sendo
    48 juízes de São Luís e 48 juízes de Belém, metade expert e metade naive, metade do sexo
    feminino e metade do sexo masculino; nível de escol aridade baixa e alta; com idades entre 17
    a 60 anos. Os testes trataram sobre a identificação de modalidades entoacionais e
    reconhecimento de variedades dialetais. Na interpretação dos testes foram consideradas as
    variáveis sexo, escolaridade, status e procedência do juiz, sexo e escolaridade do locutor, acento
    lexical e modalidade entoacional. Ao todo foram 29.376 dados analisados (48 juízes x 3 testes
    x 102 estímulos tonais x 2 variedades). O tratamento estatístico constou da aplicação dos testes
    de qui quadrado, regressão logística e stepwise a fim de comparar as performances de cada
    sujeito, atestando se as diferenças existentes entre os resultados foram significativas ou não para
    a construção do modelo estatístico. Os resultados comprovaram que, na análise acústica
    intradialetal, apenas a f0 atuou como fator determinante na discriminação da entoação modal,
    com a realização do padrão ascendente/descendente para a realização de sentenças declarativas
    neutras e padrão circunflexo ( 1984) para a realização de sentenças interrogativas
    totais, a duração e a intensidade atuaram mais com relação ao acento lexical, contudo, não foram
    fatores determinantes no que concerne à entoação modal. Na análise acústica interdialetal, as
    variedades confrontadas São Luís e Belém apresentaram padrão prosódico semelhante com
    relação ao papel do parâmetro de f0 na caracterização das sentenças declarativas n eutras o
    padrão ascendente/descendente e as sentenças interrogativas totais o padrão circunflexo
    ( 1984) com a variedade de São Luís apresentando valores mais altos de f0 que a
    variedade de Belém, especialmente na modalidade declarativa neutra. O parâmetro de duração
    indicou os valores mais altos nas tônicas, as modalidades declarativa neutra e interrogativa total
    atestaram tempo de produção semelhante, tanto na variedade de São Luís quanto na variedade
    de Belém, com a variedade de São Luís registrando valores maiores de duração que a variedade
    de Belém na produção das duas modalidades entoaciona is sob análise. O parâmetro de
    intensidade apontou maior concentração de energia nas tônicas, independente da modalidade
    entoacional, atestando similaridade entre os dados de São Luís e Belém. A análise perceptual
    comprovou que, no teste de identificação d e modalidades entoacionais, a modalidade
    declarativa neutra foi melhor percebida que a modalidade interrogativa total, tanto pelos juízes
    ludovicenses quanto pelos juízes belenenses, no teste de identificação de variedade dialetal com
    dados de São Luís, os juízes de São Luís e Belém apresentaram comportamento similar, pois a
    variável procedência do juiz não foi significativa para a identificação da variedade ludovicense
    e no teste de identificação de variedade dialetal com dados de São Luís e Belém atestou se similaridade quanto à atuação das variáveis analisadas na identificação de ambas as variedades,
    uma vez que os juízes apresentaram comportamentos idênticos na identificação das va riedades
    ludovicense e belenense. A análise perceptual corroborou com a análise acústica, visto que as
    variáveis analisadas nos testes perceptuais atribuíram condições favoráveis para a distinção das
    modalidades entoacionais declarativa neutra e interrogativa total e atestaram semelhanças entre
    as variedades dialetais de São Luís e Belém.

  • ROMÁRIO DUARTE SANCHES
  • MICROATLAS LINGUÍSTICO (PORTUGUÊS-KHEUOL) DA ÁREA INDÍGENA DOS KARIPUNA DO AMAPÁ

  • Data: 19/02/2020
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  • A Tese em questão é de caráter inédito, cujo objetivo principal concerne em elaborar o
    microatlas linguístico (português-kheuól) da área indígena pertencente aos Karipuna do
    Amapá, como forma de apresentar a configuração da variação lexical em área de fronteira e
    em comunidades tradicionais bilíngues. Como revisão da literatura, discutem-se questões
    sócio-históricas e culturais sobre a etnia Karipuna do Amapá e os postulados das áreas de
    Contato Linguístico e Dialetologia. A pesquisa adotou como principal pressuposto teórico-
    metodológico a Dialetologia Pluridimensional e Contatual (ALTENHOFEN; THUN, 2016),
    doravante Dialetologia Contatual, além de retomar conceitos basilares da área de Contato
    Linguístico e Geolinguística. Como objeto de estudo tem-se a variedade do português falado
    no Oiapoque (AP) e o kheuól, variedade de base francesa falada pelos indígenas Karipuna do
    Amapá. As dimensões controladas neste trabalho são: diatópica, diassexual, diageracional e
    dialingual. Para cada uma foram delimitados parâmetros que auxiliaram na descrição
    variacional e na elaboração de mapas linguísticos que compõe o microatlas. Deste modo,
    foram entrevistados 36 informantes oriundos das seguintes aldeias da etnia Karipuna,
    equivalentes aos pontos linguísticos: 01 - Manga, 02 - Santa Izabel, 03 - Espírito Santo, 04 -
    Açaizal, 05 - Curipi, 06 - Kariá, 07 - Ahumã, 08 - Ariramba e 10 - Kunanã. As localidades
    estão dispersas em três Terras Indígenas: Uaçá, Galibi e Juminã. A maior concentração dos
    Karipuna está localizada na Terra Indígena Uaçá. Para obtenção dos resultados, a priori,
    foram realizadas análises sobre o perfil social e sociolinguístico dos Karipuna, e, em seguida,
    a análise das cartas lexicais confeccionadas para o segundo volume deste trabalho. As cartas
    evidenciam a configuração da variação lexical do português e do kheuól, variedades de
    contato, por meio das quais é possível notar a interinfluência de ambas as variedades, com
    destaque para a sobreposição de variantes lexicais do Português local sob o léxico do kheuól.
    Com base nos resultados apresentados, confirma-se a tese de que a partir do mapeamento
    lexical, sob a perspectiva da Dialetologia Contatual, há forte presença do português falado no
    Amapá, tendo-o como variedade dominante nas sociedades indígenas da região do Oiapoque,
    sobretudo nas áreas que correspondem ao grupo dos Karipuna do Amapá.

  • JENIFFER YARA JESUS DA SILVA
  • A POLÊMICA DA LEITURA DE ROMANCES: PRESCRIÇÕS E PRECEITOS RELIGIOSOS NA BELÉM DO SÉCULO XIX

  • Data: 17/02/2020
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  • As transformações sociais, culturais e políticas ocorridas no século XIX ocasionaram diferentes
    manifestações na imprensa brasileira, mais especificamente, as ordens religiosas-doutrinárias
    conduziram um embate fervoroso em que disputas ideológicas concorreram para firmarem-se,
    uma ou outra, na sociedade por meio de ações que iriam além do âmbito religioso. Nesse
    contexto, o gênero romance popularizou-se, também no meio jornalístico, e sua prática de
    leitura foi alvo de posicionamentos divergentes entre as figuras letradas atuantes na imprensa.
    Dessa forma, este estudo objetiva analisar, comparativamente, a presença da crítica ao romance
    nos jornais paraenses A Boa Nova (1871 – 1883), de ordem católica, e O Pelicano (1872 –
    1874), porta-voz da Maçonaria em Belém do Pará, a fim de confirmar a atenção significativa
    às práticas de leitura, à época, por parte de instituições dogmáticas, as quais também se inserem
    nos estudos sobre circulação e divulgação do romance no Oitocentos brasileiro. Para
    alcançarmos o objetivo proposto, foi realizada a leitura dos periódicos, catalogação e
    compilação dos dados referentes à análise principal, além da inserção de leituras bibliográficas
    pertinentes ao período histórico e à doutrina de cada jornal. Assim, o trabalho divide-se em três
    principais seções, em que na primeira trataremos sobre os jornais de caráter religioso-
    doutrinário em outras províncias do país, integrando-os a um movimento nacional de
    periodismo doutrinário, em que a prosa ficcional foi um dos assuntos relevantes publicados
    nestes impressos. Em seguida, explicitaremos a respeito dos jornais paraenses, no que tange
    suas especificidades materiais, quem foram seus dirigentes e o que fora impresso nas edições,
    incorporando tais tópicos ao contexto histórico em que ambas as folhas se inseriram. Por fim,
    serão analisados os escritos referentes às prescrições ao romance propalados nestes jornais, no
    qual artigos, notas e anúncios serão explicitados à luz dos respectivos projetos editoriais de cada
    impresso, assim como contextualizados de acordo com os aspectos históricos e literários do
    período. De um lado, o romance, e consequentemente sua leitura, é eleito como instrumento
    perigoso aos fiéis católicos, por outro, é valorizado e recomendado como leitura instrutiva e
    moralizante e, de acordo com as intenções de cada jornal, a presença de crítica e da divulgação
    de romances nestes jornais comprova a preocupação dos dirigentes religiosos sobre as práticas
    de leitura da época e os efeitos causados nos leitores, os quais poderiam contribuir ou afastar o
    público dos preceitos de cada instituição. Desse modo, a pesquisa insere nos estudos literários
    a investigação em fontes primárias de cunho religioso-doutrinário, visto que foram meios de
    veiculação da prosa ficcional oitocentista e integraram-se a um conjunto de escritos prescritivos
    e críticos a respeito do romance, tratando-se de significativos objetos de estudo para a
    composição da História Literária nacional.

  • DIONE MARCIA ALVES DE MORAES
  • RELATÓRIO DE ESTÁGIO: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA NO MODO DE NARRAR A AULA

  • Data: 12/02/2020
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  • Desenvolvemos uma pesquisa sobre a escrita de relatórios de estágio produzidos na
    Universidade Federal do Pará (UFPA), campi Marajó-Breves, Belém e Castanhal e a relação
    do processo de escrita com a produção de conhecimento, problematizando especificamente a
    forma como se narra a aula. Nos relatórios, o estagiário constrói imagens sobre os
    acontecimentos da aula por meio da escrita. Nesse estudo, uma das hipóteses que discutimos é
    que a forma de narrar produza um discurso polifônico (discursos que estruturam o campo do
    ensino) que evidencia pontos de vista aos quais necessariamente se vinculam formas de
    conhecimento sobre o papel dos sujeitos participantes do estágio, a escola e o ensino. Esses
    conhecimentos se manifestam pela “seleção” ou ocultamento de um termo, de uma expressão,
    pela organização de um enunciado etc. Ao considerarmos que o relatório é um texto
    predominantemente narrativo, propomos analisá-lo tanto no plano da “narração”, em que o
    locutor constrói imagens dessas interações por meio da escrita, quanto no plano da “narrativa”,
    em que as interações vivenciadas em sala surgem como objeto do relato. Em ambos, a “ação”
    é um elemento de destaque. Construímos as noções de plano da narração e plano da narrativa a
    partir de Todorov (2008); a concepção de discurso polifônico, a partir de Bakhtin (2008),
    Ducrot (1987) e Authier-Revuz (2004). A concepção de “ação” é construída a partir de
    Bakhtin/Volochínov (2010) e Geraldi (2013). Enfim, abordamos a maneira como as ações do
    plano da narrativa são materializadas linguisticamente e sua relação com o estatuto empírico
    dessas ações embasando-nos em Castilho (1968), Travaglia (2016), Ducrot (1987) e Austin
    (1990). Nosso objetivo geral consiste em compreender como o relatório, enquanto texto
    essencialmente narrativo, apresenta evidências do processo de formação do professor e como
    se caracterizam os conhecimentos incorporados pelo estagiário nesse processo formativo. Para
    alcançarmos esse objetivo, organizamos em dois momentos as análises das seções de regência
    de três relatórios. No primeiro momento, a partir do plano da narrativa, discutimos as ações
    atribuídas aos alunos e aos professores/estagiários, e o relato sobre o conteúdo trabalhado e/ou
    a metodologia empregada em sala. No segundo momento, a partir do plano da narração,
    discutimos as formas como os estagiários expõem as ações do plano da narrativa ao produzir o
    texto em que elas são relatadas. Com o estudo, respondemos a duas questões que levantamos.
    A primeira, Quando podemos dizer que um relatório nos dá indícios de um processo de
    produção de conhecimento? Evidenciamos que, ainda que o relatório seja repleto de
    generalizações e ocultamentos, ele produz conhecimento sobre as concepções de ensino que
    norteiam o estagiário. A segunda questão, o que pode ser considerado um “bom” relatório?,
    também foi respondida. Concluímos que um “bom” relatório precisa cumprir pelo menos dois
    quesitos: uma escrita detalhada e reflexiva; uma escrita que abale os conhecimentos pré-
    concebidos. O primeiro quesito, escrita detalhada e reflexiva, é importante para que o estagiário
    possa revisitar seu texto e exceder seus posicionamentos iniciais, refletindo sobre os seus dados
    a partir das concepções apreendidas durante o curso de graduação. O segundo quesito, uma
    escrita que abale os conhecimentos pré-concebidos, diz respeito ao fato de que o relatório
    precisa ser compreendido como uma prática em que o estagiário abale as concepções pré-
    concebidas, muitas vezes, “arcaicas e autoritárias”, que tem sobre os sujeitos que participam da
    aula, sobre a escola e o ensino.

  • KEMAR DUVAN WRIGHT
  • AN EXPLORATION OF STUDENTS' MOTIVATION TOWARDS FOREIGN LNGUAGE LEARNING AMONG GRADE NINE STUDENTS AT A HIGH SCHOOL IN JAMAICA

  • Data: 11/02/2020
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  • Ensinar, embora considerado uma das profissões mais nobres, é repleta de muitos desafios. Um desses desafios é o de encontrar a melhor maneira de motivar os alunos a aprender uma língua estrangeira (LE). Este estudo procurou explorar a motivação dos alunos em relação ao aprendizado de línguas estrangeiras entre os alunos da 9ª série de um ensino médio na Jamaica. Foi proposto que o nível de motivação dos alunos influenciasse suas percepções e atitudes em relação à língua estrangeira (LE). Portanto, um questionário foi desenvolvido e administrado a duas amostras de estudantes que totalizavam 63 alunos de espanhol na Jamaica, uma sociedade predominantemente de fala crioula. Na Jamaica, existe um dilema: a língua materna da maioria dos jamaicanos nativos é o crioulo jamaicano. Ainda nas escolas, os professores continuam a ensinar usando o inglês jamaicano padrão. Além dos questionários, dois alunos foram selecionados para fazer uma entrevista presencial. Assim como os alunos, o professor de língua estrangeira preencheu um questionário e foi entrevistada. Com base nos resultados, é evidente que os alunos e o professor consideram muito importante o aprendizado de uma língua estrangeira. No entanto, a maioria dos estudantes deixa de desempenhar o seu papel quando se considera a aprendizagem de uma língua estrangeira. Por fim, a motivação é um fator importante que pode influenciar bastante a conquista da aquisição da segunda língua (L2) ou língua estrangeira (LE) dos alunos. A aquisição bem-sucedida de idiomas estrangeiros será a decisão do aluno a tomar.

  • SADIE SAADY MORHY
  • A ESCRITA DO PROFESSOR DE INGLÊS EM FORMAÇÃO: INDÍCIOS DOS CONHECIMENTOS A RESPEITO DA AULA E DA ESCRITA ACADÊMICA

  • Data: 11/02/2020
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  • A compreensão da relação do docente com os conhecimentos próprios ao ensino implica em como este se constitui a partir do “dialogismo” próprio à linguagem, do que Foucault (1972) chama de “arquivo”, ou “heterogeneidade discursiva” (mostrada e constitutiva) segundo Authier-Revuz (2004). A escrita dialógica, manifestada em relatórios de estágio, possui um movimento duplo, uma vez que possibilita ao aluno estagiário refletir e expor seus conhecimentos acerca da profissão. O caráter acadêmico dessa escrita se constitui em um documento que funciona como culminância de todo um estudo desenvolvido durante a graduação, o qual se entende responsável pela construção de aprendizagem para uma prática profissional docente do aluno de Letras Inglês, ao término de seu curso universitário. Esse documento funciona como indicador que reflete sua formação como docente. Nesta tese, nos interessamos pela investigação da formação do professor de inglês em duas dimensões: a dos conhecimentos didáticos que fundamentam o ensino da língua e a do domínio dos processos de produção do texto acadêmico. Nosso objetivo geral foi discutir de que forma a relação do professor em formação com os conhecimentos que embasam seu trabalho se materializou na sua escrita sobre as práticas de ensino. Mais especificamente, buscamos saber como esses estagiários produzem um texto acadêmico, observando sua forma de descrição das aulas observadas, o modo como revelam seus conhecimentos didáticos, os mecanismos que utilizam para construção e produção dos relatórios, bem como a maneira que produzem suas reflexões. Adotamos uma perspectiva discursiva, voltada para a análise do discurso de linha francesa, pautada em Foucault (1972), principalmente em questões que envolvem o enunciado. Para isso, analisamos trechos de relatórios de alunos de Estágio Supervisionado do Curso de Letras Inglês da Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal do Pará. Os resultados mostram indícios de que a escrita dos alunos revela posições pré-concebidas, marcadas por crenças acerca da profissão, indicando a dificuldade dos estagiários em questões relacionadas à linguagem padrão, à escrita acadêmica e aos conhecimentos adquiridos, o que implica na inabilidade, como sujeitos do discurso, em posicionar-se claramente em sua área de formação por meio da escrita. Constatamos indícios de um sujeito em posição paradoxal, por não assumir seu lugar de “professor” no discurso. Além disso, mais duas posições emergiram: uma a-científica e outra excludente, revelando um “professor” que não ocupa “o lugar de professor”, como um profissional de Letras Inglês.

  • SALIM JORGE ALMEIDA SANTOS
  • ENTRE LIVROS E PÁGINAS DE JORNAIS: GEORGE SAND EM BELÉM DO PARÁ

  • Data: 10/02/2020
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  • Quem é George Sand? George Sand é uma escritora francesa, nascida em 01 de julho de 1804 em Paris e falecida em 08 de junho de 1876 na cidade de Nohant. No decorrer da sua vida, produziu obras pertencentes aos mais diversos gêneros literários, como romance, teatro, novela, além de se dedicar às escritas de si, caso de sua autobiografia e das correspondências trocadas com escritores importantes em seu tempo. O Grêmio Literário Português do Pará, gabinete de leitura fundado em 1867 na cidade de Belém, possui obras da autora em seu acervo. Tendo em vista a presença dessas obras, este trabalho teve como objetivo investiga-las do ponto de vista editorial e compreender as prováveis razões de sua presença no acervo. Para tanto, foram coletadas e analisadas as informações editoriais das obras e realizou-se uma pesquisa biográfica sobre a autora e sobre sua recepção crítica no Pará, a fim de entender se havia uma relação entre essa recepção crítica e a presença das obras no acervo.

2019
Descrição
  • HUARLEY MATEUS DO VALE MONTEIRO
  • BIOPOLÍTICA E LITERATURA: CORPOS INDÍGENAS MESTIÇOS E (IN)DÓCEIS EM ROMANCES DE NENÊ MACAGGI

  • Data: 13/12/2019
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  • Esta tese propõe analisar de quatro romances publicados por Nenê Macaggi, a partir da década de 1970, na região conhecida hoje como estado de Roraima. O propósito desta investigação consiste em refletir sobre a Biopolítica, seus efeitos e processos de resistência. Nossa busca pauta-se na categoria corpo enquanto escrita da matéria historiográfica, para tanto a noção de Biopolítica torna-se a chave analítica e dialógica. O problema de pesquisa configurou-se a partir da noção de Biopolítica como entendimento teórico aplicado às obras produzidas por Macaggi (2012a, 1980, 1984, 2012b), conforme diálogo teórico interdisciplinar. A hipótese de trabalho é a de que a categoria em análise traz a escrita historiográfica quanto ao processo de representação dos encontros étnicos. A base teórica e metodológica encontra espaço na Teoria Literária e na Filosofia, articulados pela Análise textual dos discursos de base foucaultiana. Os pressupostos teóricos e descritivos dialogam entre diferentes áreas de atuação: no campo da filosofia (Foucault, 1997, 2010, 2014; Agamben, 2002, 2007; Esposito, 2010; Mbembe, 2006; na Antropologia (Le Breton, 2006; Viveiros de Castro, 2006; Munanga, 2019) e, ainda, na Literatura (Sarmento-Pantoja, 2011; Seligmann-Silva, 2003; Silva, 2016). Quanto à metodologia, trata-se da abordagem genealógica, visando a descrição e interpretação dos romances. Considerando o estado da arte, tornou-se evidente a recorrência de personagens mestiços e travestidos subalternizados. Os resultados revelaram que os corpos indígenas mestiços analisados nos romances, representam uma genealogia de processos de violações e preconceito sobre os corpos vulnerabilizados; bem como o espaço narrativo como marginal. Por fim, acreditamos que os resultados desta pesquisa trarão contribuições tanto para a compreensão dos efeitos da Biopolítica e suas representações no campo artístico produzidos na região do Circum-Roraima quanto para o entendimento sobre a dinâmica empreendida pelos corpos indígenas mestiços (In)Dóceis enquanto emergentes representados nos romances.

  • JEAN MARCOS TORRES DE OLIVEIRA
  • REPRESENTAÇÕES DE UMA MODERNIDADE FRATURADA NA PRODUÇÃO LITERÁRIA DE MILTON HATOUM

  • Data: 09/12/2019
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  • Este trabalho visa ao estudo das obras de Milton Hatoum, sobretudo os romances, procurando abarcar o tema da modernidade, dita fraturada contida nos elementos da narrativa e no nível formal das obras. Para tanto, utilizarei autores como Marshal Berman (1988) e Nelson Melo e Souza (1999), além de outros que, porventura, se mostrem necessários para formular minha compreensão da modernidade. O método é o estético-rececpcional, de Hans Robert Jauss, autor que, também, surge para tratar da modernidade de forma pontual. Analisaremos os elementos de cada narrativa que são mais relevantes para a obra, variando entre o espaço, personagens, narrador ou tempo, todos com aspectos característicos da sociedade insdustrial moderna, tendo em vista o desenvolvimento da cidade, ora de fausto, ora de miséria, que se mostra marginalizante e desigual, favorecendo camadas hierarquicamente superiores da sociedade e criando barreiras ideológicas e físicas entre elas e grupos excluídos dos centros, com a extinção programada como a dos igarapés e de outros espaços da vida amazônica.

  • PATRICIA BEBA BAUTISTA CALLISAYA
  • PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA OS CORPOS EM 13 REASONS WHY: O LIVRO E A SÉRIE

  • Data: 04/12/2019
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  • A presente dissertação tem como principal objetivo analisar os sentidos constituídos sobre a violência contra os corpos nos enunciados em 13 Reasons Why de Jay Asher e sua adaptação. Ao estudar as práticas discursivas ao redor do tema da violência, poderá enxergar-se como estão sendo constituídos os sentidos em ambas narrativas. Para dar cumprimento ao objetivo principal, dever-se-á seguir um percurso, o qual começará dando a conhecer os referentes teóricos destacados no plano histórico e no plano da teoria discursiva, para poder delimitar os sentidos constituídos nos discursos. Esses referentes teóricos irão acompanhados com os conceitos sobre o tema da violência e sobre o tema da cultura industrializada, mesmos que contribuirão à análise dos sentidos constituídos. A análise que é feita ao longo desse trabalho mostra pontos de convergência, mas também pontos de divergência no que tem a ver com o tema da violência nas produções na mídia na atualidade (produtos industrializados). Ao encontrar-se com esses pontos, poder-se-á enxergar como estão sendo tratados os temas do bullying e do suicídio, e, ao ver esse tratamento, pode-se ver o tipo de produção que envolve a ambas narrativas. Este trabalho de pesquisa abre a porta para novas perspectivas de pesquisa, já que os temas que são colocados em confronto são de preocupação na atualidade.

  • JANY ERIC QUEIROS FERREIRA
  • CRENÇAS E ATITUDES LINGUÍSTICASDE PARAENSES E CEARENSES NA REGIÃO NORDESTE DO PARÁ: UM ESTUDO SOBRE O ABAIXAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS

  • Data: 29/11/2019
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  • A presente Tese objetivou investigar as crenças e atitudes linguísticas de falantes residentes na Região Nordeste do Estado do Pará (localidades de Santa Maria do Pará, São Miguel do Guamá, Aurora do Pará, Mãe do Rio, Ipixuna do Pará) no que se refere à variação das médias pretônicas, à luz dos princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional, da Sociolinguística e o Estudo de Crenças Linguísticas (LAMBERT e LAMBERT, 1972; RADTKE e THUN, 1996; LABOV, 2008; BOTASSINI, 2013; FREITAG e SANTOS, 2016). Justifica-se pela contribuição que trará aos estudos linguísticos da Região Norte, onde há escassez de pesquisas dessa natureza. Espera-se contribuir para a compreensão da variação e mudança linguísticas e, consequentemente, auxiliar no combate ao preconceito linguístico (SILVA e AGUILERA, 2014). Para sua execução, as vogais médias pretônicas foram analisadasa partir da fala de migrantes cearenses e de nativos em cinco pontos de inquéritos, tendo como base da amostra a dimensão diatópica (oito informantes de cada localidade), subdividida em topostática (seis nativos de cada localidade) e topodinâmica (dois migrantes cearenses em cada localidade). A amostra foi estratificada de acordo com as dimensões diassexual (4 do sexo feminino e 4 do sexo masculino) e diageracional (18 a 25 anos e 50 a 65 anos). Os dados foram coletados por entrevistas: as ocorrências da vogais-objeto foram coletadas por meio de leitura, resposta ao questionário e narrativas; os dados de crenças e atitudes foram coletados por meio do questionário quantitativo, com uso da técnica matched guise test, e um questionário qualitativo, bem como do teste de autoavaliação. Todo material coletado foi organizado para transcrição no Praat. Foram constituídos três corpora: um de ocorrências das médias, com controle do abaixamento e não abaixamento; outro das respostas do questionário quantitativo de atitudes e outro para análise qualitativa. Os corpora de dados quantitativos foram codificados em Excel para tratamento estatístico no Goldvarb X. O corpus de dados qualitativos foi categorizado para posterior análises Os resultados apontaram que a realização de [e] e [o] predomina na fala de nativos e migrantes das localidades, seguindo a tendência de outras regiões do Pará (RAZKY, LIMA e OLIVEIRA, 2012; CRUZ, 2012). Para o abaixamento de /e/ e /o/, as vogais abertas, tanto em posição tônica como em posição contígua, e o grau de nasalidade da vogal da sílaba tônica favoreceram o fenômeno, evidenciando a harmonia vocálica como grande impulsionador desse fenômeno. O grau de formalidade não se mostrou significativo à aplicação do abaixamento. Dos fatores sociais, a procedência do informante, um único grupo considerado significante, apresentou favorecimento do fenômeno na fala de migrantes. Sexo e faixa etária não se mostraram significantes probalisticamente, mas em termos percentuais, houve maior ocorrência de abaixamento na fala de mulheres e de jovens. As atitudes subjetivas revelaram que os dialetos cearense, belenense e local gozam de certo prestígio, pois foram avaliados positivamente, com percentuais acima de 70%. Diatopicamente, os resultados divergem apresentando avaliações positivas ora ao dialeto local, ora ao belenense, ora ao cearense. Os migrantes atribuíram mais avaliações positivas aos dialetos que os nativos. Do ponto de vista diassexual, homens preferiram os dialetos locais e cearense, e mulheres, os dialetos locais e belenense. Em relação à diageracional, jovens os dialetos belenenses e local, enquanto adultos preferiam os dialetos local e cearense. A maioria dos informantes não percebeu a diferença entre vogais abertas e fechadas em duas sequências de palavras, entretanto, preferiram e afirmaram falar as sequências de palavras com vogais fechadas. Os dialetos local e belenenses possuem maior estatus social. Os nativos foram mais leais ao seu dialeto do que os migrantes.

  • JOSICLEI DE SOUZA SANTOS
  • BRUNO DE MENEZES, DALCÍDIO JURANDIR E DE CAMPOS RIBEIRO E TERRITORIALIZAÇÕES AFRO-AMAZÔNICAS URBANAS (DA BELLE ÉPOQUE À DÉCADA DE TRINTA)

  • Data: 22/11/2019
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  • O presente trabalho faz uma leitura das territorializações afro-amazônicas profanas e sagradas na cidade Belém na passagem do século XIX para o XX, e nas primeiras décadas deste, a partir das obras Batuque (1939), de Bruno de Menezes, Gostosa Belém de Outrora (1965), de José de Campos Ribeiro, e Belém do Grão Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, observando como os referidos autores, a partir de vivências e pesquisas, conseguiram criar obras que reinseriram na narrativa da cidade os grupos minoritários afro-amazônicos que haviam sido ocultados pela narrativa dos grupos majoritários do período da belle époque amazônica, que se deu durante o ciclo econômico gomífero, tendo tais comunidades sido ocultadas da narrativa de conformação da cidade. Houve no referido ciclo um agenciamento enunciativo de essencialidade euro-indígena, alimentado por meio de uma produção artística comprometida com o aparelho de Estado. Interessa para este trabalho o que as referidas obras possuem de Literatura Menor, trabalhando com os signos das territorializações afro-amazônicas na cidade de Belém, rasurando as genealogias de origem geradoras de racismos e hierarquias, que diminuíram a participação afrodescendente na história da Amazônia. Como ferramentas para a leitura das obras estudadas serão utilizados os Estudos Comparativos, bem como os Estudos Culturais, numa perspectiva transdisciplinar. Para o estudo do conceito de territorialização utilizou-se Deleuze e Guattari (2012). Para o conceito de literatura menor também utilizou-se o estudo dos mesmos (2014). Para o estudo da narrativa de nação foram utilizados os estudos de Homi Bhabha (2013). Para se estudar o espaço urbano foram utilizados os estudos de Ricoeur (2007), Costa (2013) e Foucault (1987). Para o estudos do Modernismo no Pará foram utilizados Leal (2011), Figueiredo (1996) e (2001), e Furtado (2002). Para os estudos afro-amazônicos foram utilizadas as pesquisas de Salles (2005), (2004) e (2003).

  • RAYSSA RODRIGUES DA SILVA
  • TERMOS DE PARENTESCO EM APURINÃ E PAUMARI: CONTATOS LINGUÍSTICOS NA REGIÃO DO MUNICÍPIO DE LÁBREA - AM

  • Data: 22/11/2019
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  • O presente trabalho tem como objetivo o exame da terminologia de parentesco na língua Apurinã (Aruák), e a comparação desta com o sistema e a terminologia de parentesco na língua Paumari (Aruá), com o intuito de verificar o que ambos os sistemas e terminologias revelam acerca do contato linguístico na região do município de Lábrea-AM. Esta investigação também se dará por meio de uma breve comparação dos objetos de estudo com outras línguas faladas na mesma região. Ao longo do trabalho, apresentaremos os itens lexicais que compõem ambas as terminologias; que, em Apurinã, corresponde ao modelo de parentesco Iroquês, enquanto em Paumari, é semelhante ao padrão de terminologia dravidiana proposto por Dumont (1983). Discutiremos, também, a respeito da relação dos termos com o sistema de parentesco destes povos, e demonstraremos as características morfológicas deste grupo semântico. Para a realização desta pesquisa, revisitamos trabalhos antropológicos (não há trabalhos feitos por linguistas) anteriores sobre o povo Paumari, tais como Bonilla (2007) e Florido (2008); e trabalhos linguísticos Facundes (2000) e Freitas (2017), e antropológicos Schiel (2004) acerca do povo e da língua Apurinã; também utilizamos os instrumentos teórico-metodológicos da linguística descritiva, da antropologia linguística (Durantti 1977; Foley, 1997) e da antropologia (Lévi-Strauss, 1982; Ghasarian, 1999). O corpus foi coletado durante pesquisa de campo realizada pela própria autora.

  • STELIO RAFAEL AZEVEDO DE JESUS
  • TEMPO E NARRATIVA: INTERSEÇÕES ENTRE FILOSOFIA E RELATO DE UM CERTO ORIENTE, DE MILTON HATOUM

  • Data: 29/10/2019
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  • Esta dissertação discorre acerca de tempo e narrativa, focando nas interseções entre filosofia Relato de um certo Oriente, de Milton Hatoum. Utiliza a obra Temps et Récits, de Paul Ricoeur, como guia fundamental na análise da díade proposta. Além disso, o caráter fenomenológico do tempo fornece uma chave para um estudo qualitativo da análise do tempo em Relato, ao mesmo tempo um estudo da narrativa, perpassando pela Poética de Aristóteles como elemento importante para o desenvolvimento da noção de tríplice mimese e teoria narrativa, presente na obra teórica em questão. Pensar o fenômeno do tempo e seus aspectos essenciais para a fabulação da escrita é elemento fundamental que resulta na constatação da experiência de escrever a temporalidade. Nesse sentido, a escrita dessa temporalidade em Relato de um certo Oriente refigura a experiência humana no tempo e suas formas de produzir signos e abstrair sentidos, ao transpor ao mundo da linguagem a recriação artística da imagem-tempo.

  • MARIA DO SOCORRO MORATO LOPES
  • A FORMAÇÃO PARA O TRABALHO DOCENTE NA FRONTEIRA ENTRE A ACADEMIA, A MÍDIA E O MERCADO

  • Data: 21/10/2019
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  • Investigar a constituição discursiva do trabalho do profissional docente em revistas especializadas que têm o professor como público-alvo é o objetivo principal desse trabalho de pesquisa, partindo-se da hipótese que essas publicações se propõem a ser instância de formação para esse profissional. Nesse sentido, discussões interdisciplinares foram necessárias para compreender como os discursos sobre o trabalho do professor e sobre sua formação contribuem para a constituição e legitimação de imagens dos profissionais docentes e de sua profissão. Para realizar essa investigação, foram discutidos conceitos que vêm de diversas áreas do conhecimento e que serviram de base para o desenvolvimento da pesquisa: de maneira central, o conceito de prática discursiva, com base nos postulados teóricos de Foucault (1987) e Maingueneau (1997, 2008a), e o conceito de trabalho, com base nos estudos de Certeau (1982, 1998) direcionaram a pesquisa. Com a finalidade de empreender o estudo, os discursos que circulam nas revistas especializadas servirampara compor o corpus da pesquisa, por se mostrar pertinente para discutir a constituição do trabalho docente, jáque essas publicações têm um espaço legitimado na mídia e no mercado, o que demonstra sua inserção social e sua legitimação como produto de consumo para os professores. No escopo da pesquisa, compreende-se que as revistas são mídiuns (MAINGUENEAU, 2013) pelos quais efeitos de sentidos são mobilizados e (re)produzidos. Os gêneros escolhidos para o trabalho de análise foram os editoriais, as capas das revistas e os artigos assinados por professores ou entrevistas com professores, para uma compreensão das relações que se estabelecem para que a prática discursiva de fronteira seja colocada em funcionamento. Com o objetivo de enriquecer as discussões, as noções de cena de enunciação (MAINGUENEAU, 2005) e de dêixis discursiva (MAINGUENEAU, 1997) foram discutidas no capítulo de análise.A análise da prática discursiva mobilizada nas revistas permite compreender como essas publicações colocam em funcionamento discursos de uma fronteira híbrida, na qual convergem discursos da academia, da mídia e do mercado. Considera-se, assim, que esses periódicos colocam em funcionamento uma prática discursiva, que mobiliza sujeitos e identidades, ao mesmo tempo em que a legitimação dos lugares daqueles que escrevem na cena midiática, sejam jornalistas, editores, professores, se realiza pelos efeitos de sentido que os textos veiculados produzem. As discussões empreendidas permitiram compreender como os discursos sobre o trabalho do professor e sobre sua formação aparecem nessas publicações especializadas e (re)produzem imagens que formam profissionais e verdades sobre a profissão.

  • CAROLINA MENEZES DE BRITO REIS
  • ITINERÁRIO DE BRUNO DE MENEZES: POETA MODERNISTA DE BELÉM DO PARÁ (1893 - 1931)

  • Data: 30/09/2019
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  • Bruno de Menezes, autor paraense de diversas obras, seja em prosa, poesia, teatro ou estudo crítico, chama atenção pela diversidade da sua literatura, especialmente a partir de sua terceira publicação, Poesia (1931), conhecida como primeira edição do livro de maior destaque do autor, Batuque (1939). No entanto, o que se percebe, é que o escritor já havia iniciado o movimento modernista no estado desde 1913, com a publicação do poema “O Operário”, no jornal O Martelo, em que reivindicava os direitos dos trabalhadores, geralmente explorados pelos patrões da sociedade do final da Belle Époque. O objetivo deste trabalho foi contextualizar a relevância do papel de Bruno de Menezes na construção da literatura modernista no Pará. Os múltiplos “Brunos” se devem às vivências do autor serem relevantes para a literatura brasileira, uma vez que seus escritos na Revista Belém Nova trouxeram inquietação e afloraram a renovação artística que acontecia desde a publicação da revista Klaxon (1922). A metodologia empregada é o atual método de pesquisa contemporâneo, onde há uma infinidade de canais de pesquisa, ou seja, a busca, não apenas em impressos – teses, dissertações, livros, revistas, documentos do arquivo – mas também em diversos meios eletrônicos, publicações de críticos em jornal, documentos e fotos do poeta. O recorte desta dissertação se deu desde o nascimento do poeta até o ano de 1931, evidenciando aspectos relevantes da poesia afro e a vasta fortuna crítica de Bruno de Menezes. Ressalta-se a necessidade de estender esse tipo de pesquisa a outros escritores paraenses, uma vez que contribuíram para a literatura modernista brasileira.

  • MARIA IVANETE DE SANTANA FELIX
  • ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO LÉXICO DO PORTUGUÊS FALADO PELOS BARÉ (NHEENGATU), TUKANO E BANIWA EM SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (AM)

  • Data: 16/09/2019
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  • O reconhecimento das diferenças ou das igualdades que a língua de uma comunidade reflete é uma forma de responder aos fatores extralinguísticos inerentes aos falantes, indo além do aspecto espacial, essa é uma concepção atual considerada pela Dialetologia Pluridimensional Relacional; e, a presente tese de doutorado, inserida nesta perspectiva, apresenta como objetivo geral investigar a variação lexical do Português falado pelos índios Baré, Tukano e Baniwa, na Sede do Município São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas (AM), registrando-a em cartas linguísticas com enfoque na identificação das dimensões diatópica, diageracional, diassexual e diastrática. As principais referências teórico-metodológicas que servem como base para o presente estudo são: Thun (1998, 2000); Razky (1996, 2013) e Cardoso (1999), no que diz respeito aos trabalhos dialetológicos e geossociolinguísticos propriamente ditos, e Rodrigues (1963, 1985, 1986); Rodrigues e Cabral (2002); Felix (2002), no que diz respeito às línguas indígenas. O método geolinguístico priorizou o locus da pesquisa para a aplicação, principalmente, de questionários: o primeiro, Questionário Sociolinguístico (QS) do projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (ASLIB); o segundo, o Questionário metalinguísticos/epilinguísticos; e o terceiro, o Questionário Semântico-Lexical do projeto Atlas Linguístico do Brasil (QSL-ALiB-2001). Foram selecionados três pontos de inquérito, sendo entrevistados oito colaboradores de cada língua das duas faixas etárias, de diferentes sexos e de diferentes graus de escolaridade, totalizando 24 consultantes. Por meio dos dados coletados e tratados, foram selecionados 40 itens lexicais referentes a treze campos semânticos. Considerando-se a análise das quatro dimensões, constatou-se que neste espaço geográfico há uma forte pluralidade lexical para designar um mesmo item lexical, no entanto, não há uma delimitação geográfica restrita à realização das variantes lexicais encontradas entre os pontos de inquérito. Sobre a comparação com os dados dos Atlas: Atlas Linguístico do Amazonas (ALAM), Atlas Linguístico do Sul Amazonense (ALSAM) e Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), a maioria dos dados comparados evidenciam maior aproximação em relação as variantes registradas no ALSAM que, influenciadas por fatores sócio-históricos, apontam para traços lexicais específicos de uma micro área, diferindo-se do Português falado em outras áreas da região amazônica e do Português padrão. Esta pesquisa proporcionará contribuições tanto para os estudos da Geossociolinguística de Razky e da Dialetologia Pluridimensional de Thun, quanto para os Atlas amazônicos ALAM e ALSAM, bem como para o ASLIB e o GeoLinTerm, projetos aos quais este trabalho está vinculado.

  • GEOVANNA MARCELA DA SILVA GUIMARAES
  • A RELAÇÃO INTERARTES EM HERBERTO HELDER: UM NOVO MODO DE FAZER E PENSAR POESIA

  • Data: 09/09/2019
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  • Herberto Helder possuiu papel importante no panorama da poesia contemporânea portuguesa, pois dedicou seu trabalho poético, crítico e criativo à constante renovação da poesia, ressaltando em seus textos que a linguagem poética vai muito além do senso comum e que a poesia não é simplesmente a descrição de paisagens e sentimentos, como também uma reflexão sobre a própria escrita e o fazer poético. Reflexão esta feita a partir do diálogo da poesia com as artes visuais para pensar a si mesma, bem como para expandir seus horizontes de criação e produção. Por isso, o objetivo deste trabalho é discutir e analisar a relação interartes na obra poética de Herberto Helder para mostrar a conaturalidade entre palavra e imagem – tal como afirma Didi-Huberman (2012) acerca da leitura da obra de Aby Warbug que desejava criar uma história da imagem em comunhão com a palavra – bem como a expansão da poesia na busca de outros meios e formas de expressão para pensar a si mesma. Para isso, nos valemos das leituras das principais obras de Herberto Helder: Photomaton e vox (2013a), Os passos em volta (2013b), Poemas completos (2014) e Poesia toda 2 (1972); da sua fortuna crítica: Leal (2011;2007); Maffei (2010); Picosque (2011); Martelo (2015; 2013); e outros; dos estudos sobre história da arte de Didi-Huberman (2017; 2015; 2012; 2011; 2010); Lichtenstein (2005); Gombrich (1995); Hauser (1972); e Wölfflin (2012; 2006); e dos ensaios sobre poesia de Alves (2017; 2015; 2013) Martelo (2012a; 2012b); Júdice (2009); Salgado (2012); e Veneroso (2010); e dos estudos de cinema e fotografia, respectivamente, de Benjamin (1994); Barthes (2015); e Sontag (2004).

  • LUANA DOS SANTOS MIRALHA
  • QUIXOTISMO E SANCHISMO COMO FORMA DE RESISTÊNCIA NAS OBRAS DO SÍTIO DO PICAPAU AMARELO DE MONTEIRO LOBATO

  • Data: 05/09/2019
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  • A presente dissertação tem como objetivo analisar duas categorias estéticas, o
    quixotismo e o sanchismo, como uma forma de resistência presente nas obras de
    Monteiro Lobato. Mais especificamente, foram selecionadas como corpus da presente
    pesquisa cinco obras de Lobato voltadas para o público infantil: Reinações de
    Narizinho, O Picapau Amarelo, Dom Quixote das Crianças, A Reforma da Natureza e
    A Chave do Tamanho. Para a abordagem teórica, foi necessário compreender os
    conceitos de quixotismo e sanchismo, sendo demonstradas algumas conceituações,
    em especial a de Salvador Madariaga, a qual direcionou a análise. De igual modo, foi
    desenvolvida a conceituação de Resistência a partir dos estudos de Harlow (1993) e,
    principalmente, Bosi (2002) para demonstrar que aquela não está ligada somente a
    um conflito armado, mas pode ser imanente à escrita. Além disso, para subsidiar esta
    análise, fez-se um estudo comparativo sobre as estratégias de escrita utilizadas tanto
    por Cervantes quanto por Lobato, mostrando suas semelhanças e discrepâncias.
    Desta análise, concluímos que a categoria estética do quixotismo e sanchismo pode
    ser reformulada ao ponto de haver uma categoria própria: o Emilianismo. Também foi
    percebido que a resistência presente nas obras de Lobato se encontra voltada para a
    discussão de ideias políticas com reflexões acerca do poder, da voz, do autoritarismo
    e de como é necessário voltar o olhar para o novo, para o diálogo, a fim de que
    pessoas com pensamentos divergentes tenham a oportunidade de conviver em
    harmonia. Para isso, Lobato utiliza personagens complexas, em especial Emília, que
    sonha com fantasias para melhorar o mundo e, ao mesmo tempo, deixa-se levar por
    ideias racionais como forma de mostrar o quixotismo e o sanchismo de um jeito único
    pelo autor.

  • ANDRÉ LUIZ MORAES SIMÕES
  • SEXUALIDADES SUBVERSIVAS EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

  • Data: 04/09/2019
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  • Este trabalho consiste na leitura e análise da repressão da sexualidade e do desejo homoerótico
    em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa (1908-1967), à luz de uma perspectiva
    psicanalítica (FREUD, 1997, 1999 e 2000), (LACAN, 1992 e 1999) e dos estudos Queer, que
    desloca a visão binária da sexualidade para uma interpretação mais ampla, por meio do
    posicionamento de cada indivíduo, demarcando a diferença entre gênero e sexo (BUTLER,
    1992). No romance, a sexualidade reprimida e o desejo são percebidos mediante o ato de
    rememoração de acontecimentos do passado do narrador. Entende-se que, no decorrer da
    narrativa, aspectos como comportamento sexual e “pulsão” são postos em destaque para o
    leitor, pois Diadorim é relembrado de forma afetuosa e ambígua por seu amigo, Riobaldo. No
    enredo, é revelado aos leitores que a atração em si é fruto também da elaboração dialógica e
    simbólica dos fatos relembrados pelo jagunço. Para os estudos Queer, esse deslocamento do
    narrador pode ser interpretado como um sujeito de identidade fluida (BUTLER, 1992), que é
    resultado de um construto performático entre o Eu, o Outro e o meio. Por isso, este trabalho
    intenta enfatizar os momentos de quebra do conceito normativo do feminino e do masculino,
    destacando a elaboração dialógica da caracterização dos personagens, não só procurando
    tematizar a posição ideológica do comportamento do homem e da mulher, mas também a sua
    representação social no meio em que estão inseridos. Sendo assim, pretende-se analisar o
    discurso, em que são construídos os conceitos aqui questionados, tendo como marcos teóricos
    Freud (1997), Passos (2006), Jagose (1997 e 2013) e Butler (1992).

  • JONILSON PINHEIRO MORAES
  • RELAÇÕES INTERDISCURSIVAS ENTRE AS PRESCRIÇÕES DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E A ATIVIDADE DE TRABALHO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE O LETRAMENTO ESCOLAR

  • Data: 31/08/2019
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  • Esta dissertação se insere no grupo de pesquisas realizadas no âmbito da interface entre os estudos discursivos e os estudos ergológicos, especialmente a partir da vertente que analisa os discursos relacionados à atividade de trabalho, seja nos enunciados que precedem a atividade, seja nos enunciados produzidos durante a atividade. Com base nessa perspectiva, o objetivo desta pesquisa é analisar as relações interdiscursivas entre as práticas discursivas constituídas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCNLP) e as práticas discursivas produzidas na realização da atividade de trabalho de uma professora de Língua Portuguesa do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Bom Jesus I, localizada na zona rural de Igarapé-Miri, estado do Pará. A metodologia traçada para a realização da investigação constituiu-se de pesquisa documental e de pesquisa de estudo de caso. Na pesquisa documental, analisou-se o documento oficial dos PCNLP com o objetivo de investigar as práticas discursivas da prescrição presente no documento para o trabalho do professor com o letramento escolar. No estudo de caso, analisou-se os dados coletados durante a pesquisa de campo realizada na turma de 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Bom Jesus I, com objetivo de examinar as práticas discursivas assumidas pela professora de Língua Portuguesa na realização de sua atividade de trabalho com o letramento escolar.

  • REGINA BARBOSA DA COSTA
  • DALCÍDIO JURANDIR: LEITOR E CRIADOR DE PERSONAGENS-LEITORES NO CICLO DO EXTREMO NORTE

  • Data: 30/08/2019
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  • O presente estudo objetiva analisar a proposta literossocial de Dalcídio Jurandir (1909 – 1979) quanto à elevação da condição social, por meio da cultura. Para isso, o escritor agregou realidade social e estética literária, expondo-as nos livros que compõem o Ciclo do Extremo Norte (1939 - 1978). Nesse projeto, o escritor deixou rastros a serem seguidos, o que resultou na investigação das práticas de leitura realizadas por personagens-leitores. No intuito de desvendar as leituras fictícias dos personagens, foi preciso adentrar no arquivo pessoal do escritor e conhecer o espólio cultural que o fez um grande leitor. Desta forma, a pesquisa traz um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, posto que, a partir das leituras dos personagens-leitores, foi possível recuperar textos de grande sucesso, que circularam na região amazônica, no início do século XX, mas que ficaram adormecidas, durante muito tempo, em estantes, livreiros, sebos, leiloeiros, bibliotecas físicas e virtuais. Esta pesquisa foi dividida em seis seções, para contemplar os dez livros do ciclo do Extremo Norte, com um prólogo, que apresenta um painel sobre a questão do desenvolvimento de projetos de pesquisa na região Norte, e as produções literárias do escritor Dalcídio Jurandir. Nas “Trilhas de leitura de Dalcídio Jurandir” terão destaque “As Imagens da biblioteca sem muros de Dalcídio Jurandir” com um detalhamento sobre os produtos culturais adquiridos pelo escritor. No tópico teórico acerca das “Leituras, leitores, personagens e personagens-leitores” serão demonstradas as produções de pesquisadores que trabalham essa temática nas mais diversificadas áreas de estudos. A análise dos livros do ciclo do Extremo Norte será agrupada em dois núcleos: um rural e outro urbano. O núcleo rural será analisado na terceira seção, e o urbano na quarta e quinta seções. O primeiro núcleo contempla os livros de ambientação na ilha do Marajó: Chove nos campos de Cachoeira, Marajó e Três casas e um rio, com a representação de uma comunidade de leitores numa ilha não hegemônica em relação à capital do estado do Pará. Na quarta seção, serão considerados os livros do núcleo urbano intitulados: Belém do Grão-Pará, Passagem dos Inocentes e Primeira Manhã, que apontam para a “desagregação de leitores num horizonte em ruínas”. Nesta seção, o romance Belém do Grão-Pará será evidenciado por focalizar as áreas centrais da cidade de Belém, sendo a periferia da cidade analisada em Passagem dos Inocentes e Primeira Manhã. Na quinta seção, ainda voltada para o núcleo urbano, as leituras são demonstradas num quadro terminal, em “O ciclo da Fênix no Extremo Norte”. Nesta seção, as imagens de aniquilamento de cidades, livros, leituras e estudos ficam evidenciados nos livros Ponte do Galo, Os Habitantes, Chão dos Lobos e Ribanceira, numa ambientação das leituras e da narrativa de maneira fosca e caótica, no entanto, no último livro, sutilmente emerge a ideia de renascimento dessa cultura antes fragilizada. O aporte teórico da pesquisa compreende os estudos realizados por pesquisadores pertencentes à História Cultural e História da Leitura, com destaque para Roger Chartier, que analisa o estudo da leitura como processo complexo e dinâmico, Carlos Reis e Antônio Candido no estudo das personagens, das estudiosas brasileiras Marisa Lajolo e Regina Zilberman, na análise da leitura e da figuração da leitura, além dos relevantes estudos realizados pela pesquisadora Marli Tereza Furtado sobre críticos e literários da obra do escritor Dalcídio Jurandir.

  • HERODOTO EZEQUIEL FONSECA DA SILVA
  • CORRENDO TERRA... FURANDO MUNDOS...: AS CULTURAS NA ESCRITA DE GRADUANDOS DO PARFOR-LETRAS NO MARAJÓ

  • Data: 30/08/2019
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  • Esta tese objetiva investigar o modo como as culturas acadêmica, escolar e local se materializam em discurso na escrita sobre as práticas de ensino de Língua Portuguesa de graduandos do PARFOR-Letras, no Marajó. Os dados analisados são enunciados selecionados de diários de campo, atividades de ensino e de relatórios de estágio. Procurou-se, com isso, discutir como a escrita indicia os movimentos discursivos por meio dos quais se percebe o processo de formação do professor de Língua Portuguesa. Na primeira parte da tese, além do capítulo introdutório, discutem-se pesquisas já desenvolvidas acerca da formação do professor de Língua Portuguesa no contexto do PARFOR. Na segunda parte da tese, desenvolvemos o quadro teórico-metodológico da pesquisa. Nessa parte, aborda-se a natureza da pesquisa, a apresentação do local e dos sujeitos da pesquisa, o processo de coleta dos materiais, a constituição do corpus e o protocolo de análise dos dados. Discutem-se alguns conceitos de “cultura” e a noção de “hibridação cultural”. Para embasamento teórico, abordam-se as noções de “enunciado” e de “relações dialógicas” a partir dos estudos de Foucault (2016), de Bakhtin/Volochínov (2009) e de Bakhtin (2011; 2013). Em seguida, discorre-se sobre o conceito de “interdiscurso”, pelas propostas teóricas de Pêcheux (1995), Courtine (1981) e Maingueneau (1997; 2005). Também, apresentam-se alguns mecanismos que funcionam como “formas mostradas da heterogeneidade constitutiva”, que ajudam a dar conta da materialidade linguística dos dados, pelos estudos de Ducrot (1987) e de Authier-Revuz (1990; 2004). A terceira parte da tese é dedicada à apresentação das análises e resultados. As análises procuraram, primeiramente, caracterizar os elementos que inscrevem as referidas culturas no discurso e, em seguida, analisar os movimentos enunciativos por meio dos quais essas culturas se articulam nos escritos dos graduandos. Constatou-se o predomínio de três tipos de relações dialógicas entre as culturas acadêmica, escolar e local: relações de justaposição de elementos das culturas, relações baseadas na construção de simulacros das culturas e relações polêmicas entre as culturas. As culturas acadêmica e escolar apresentam-se em constante embate, em conflito de forças, surgindo, assim, relações polêmicas entre elas. Os elementos da cultura local são, na maioria dos casos, agenciados pelos sujeitos como objetos dos processos de tradução, de silenciamento e de interdição.

  • HELLEN MARGARETH POMPEU DE SALES
  • A HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICO-CULTURAL EM TURMAS DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: O IMPACTO NA PRODUÇÃO ESCRITA

  • Data: 28/08/2019
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  • Neste estudo, discutimos e analisamos textos escritos de estudantes oriundos de diversos países, participantes do Programa de Estudante Convênio Graduação (PEC-G), do curso de Português para Estrangeiros, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que se submeteram ao exame que possibilita a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras), nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018. O objetivo é averiguar o impacto da heterogeneidade linguístico-cultural do aluno e da turma no ensino-aprendizagem da Produção Escrita (PE) em Português Língua Estrangeira (PLE). Trata-se, sobretudo, de uma pesquisa-ação apoiada no procedimento de biografia linguageira. A nossa base teórica está assentada em estudos sobre Plurilinguismo, Pluriculturalismo, Interculturalidade (ABDALLAH-PRETCEILLE, 2003/2010; BLANCHET, 1998/2014; CONSELHO DA EUROPA, 2001/2010; COSTE, 2001; 2010...), Competências (CONSELHO DA EUROPA, 2001/2010; HYMES, 1984...), entre outros, associados ao Interacionismo Sociodiscursivo – ISD (BRONCKART, 2003/2017; DOLZ, 2004/ 2016; SCHNEUWLY, 2004/2014; BULEA, 2010/2012...). Para constituir nossos dados realizamos oficinas de Produção Escrita (direcionadas ao público alvo) que nos renderam diversos textos escritos pelos aprendentes. São textos que chamamos de ―reais‖ (relato de experiência/biografia linguageira, borrões/rascunhos) ou de "simulados" (tarefas de produção escrita de gêneros textuais diversos). Todo esse material nos permitiu não apenas identificar a influência de línguasculturas nos textos escritos em português pelos aprendentes, como também verificar atitudes, comportamentos... que ora ajudavam, ora prejudicavam o processo de Produção escrita em Português. A análise de nossos dados: 1) indica que vários textos escritos pelos aprendentes apresentam ―desvios‖ que estudos, apenas sobre textualidade, não dão conta de explicar satisfatoriamente, pois têm relação com a história de aprendizagem, com a atitude que o aluno assumiu ao aprender português etc. Trata-se de fenômenos que, muitas vezes, não são percebidos pelo professor (nem pelo aluno) em sala de aula, mas que impactam o processo de ensino-aprendizagem; 2) confirma a necessidade de se aprofundar o estudo do impacto da heterogeneidade linguístico-cultural dos alunos e da turma – oriundo de suas culturas educativas, de suas trajetórias de aprendizagem de línguas-culturas... – para se entender melhor suas dificuldades de produção escrita em PLE e poder assim otimizar o processo de ensino-aprendizagem.

  • ANDREZA DOS SANTOS FLEXA
  • REVISTA MODERNA (1897-1899): UM CORREIO ILUSTRADO POR UMA REDE DE RELAÇÕES

  • Data: 26/08/2019
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  • Este trabalho consiste na apresentação e análise de uma rede de relações que se
    formou em torno da grande empresa jornalística e artístico-literária de luxo, a Revista
    Moderna(1897-1899). O estudo, no entanto, restringe-se à identificação de quem
    eram os principais intelectuais do final do século XIX envolvidos com a publicação da
    referida revista em Paris e quais foram as contribuições à literatura Oitocentista por
    essas personagens naquelas páginas luxuosas e repletas de ilustrações. A pesquisa
    foi realizada nas fontes de primárias, tendo a Revista Moderna como o principal fonte
    de pesquisa. Para tanto, recorreu-se às edições da mencionada revista, disponíveis
    no Grêmio Literário Português da cidade de Belém e na Hemeroteca Digital da
    Biblioteca Nacional. Concluiu-se, entre outras coisas, que a Revista Moderna serviu
    como instrumento difusor de cultura, viabilizando a propagação de ideias críticas,
    políticas e literárias Oitocentistas, possibilitando a difusão da moda europeia no Brasil
    e em Portugal, bem como a circulação dos textos de diversos autores antes mesmo
    de terem sido impressos em livros.

  • EMIDIO JUNIOR SANTOS BAHIA
  • AVALIAÇÃO EM OBRAS DIDÁTICAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: REGULAÇÃO NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM DA ESCRITA?

  • Data: 22/08/2019
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  • Este trabalho investiga a função da avaliação nas atividades relativas ao ensino e à
    aprendizagem da escrita em obras didáticas de língua portuguesa, uma vez que os documentos
    de referência para a educação em línguas no Brasil indicam que os recursos de avaliação nas
    obras devem estar alinhados à perspectiva da avaliação formativa cognitivista, cuja função é a
    regulação da aprendizagem. Para investigarmos isso, discutimos algumas concepções relativas
    aos eixos deste trabalho: avaliação, escrita e obra didática. No eixo “avaliação”, discutimos os
    conceitos de regulação da aprendizagem (ALLAL, 1984/1988, HADJI, 2011, PERRENOUD,
    1999) e de autorregulação da aprendizagem (HADJI, 2011, PANADERO; ALONSO-TAPIA,
    2014a, ZIMMERMAN; MOYLAN, 2009), conceitos basilares da avaliação formativa
    cognitivista. No eixo “escrita”, debatemos as modelos teóricos dessa atividade em contexto
    escolar (CHABANNE; BUCHETON, 2002), as concepções de avaliação da escrita nos
    documentos de referência (BRASIL, 1998a, 2013, 2016), além de comentarmos o modelo de
    escrita sugerido pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998a), que apresenta
    semelhanças com o modelo de Hayes e Flower (1980). No eixo “obra didática”, tratamos dos
    conceitos de “obra didática” (BRASIL, 2015, 2015a), de “livro didático” (BATISTA, 2003), e
    situamos a obra didática como dispositivo didático para a regulação da escrita (WEISSER,
    2010); além disso, discutimos as suas funções essenciais (CHOPPIN, 2004), dando especial
    atenção às funções referencial e instrumental, as quais são alinhadas, respectivamente, à
    perspectiva de transposição didática dos conteúdos (CHEVALLARD, 1991) e à perspectiva
    de mediação e de auxílio à intervenção (HALTÉ, 1992, CUNHA; CUNHA, 2011). Com base
    nessa reflexão examinamos três obras didáticas: “Português - linguagens”, “Projeto Teláres –
    Português” e “Para viver juntos – Português”; por meio de uma análise com categorias de
    conteúdo, com base nas variáveis de avaliação (HADJI, 1994), focalizando as propostas de
    avaliação dos manuais do professor e os projetos didático-avaliativos dos livros do estudante
    das obras que constituem o corpus. E para isso, utilizamos o método interpretativista dos
    dados, conforme as orientações de Moita Lopes (1994). Os resultados mostraram que duas das
    obras didáticas mais adquiridas do PNLD apresentam uma proposta de avaliação da
    aprendizagem alinhada à perspectiva da avaliação formativa neobehaviorista (BLOOM et al.,
    [1971]1983), cuja função é a correção do ensino e não a regulação da aprendizagem em curso,
    e uma das obras sequer apresentou proposta de avaliação. Além disso, mostraram que os
    projetos didático-avaliativos dos livros do estudante seguem a mesma perspectiva, com
    exceção de uma obra, que apresentou um projeto didático-avaliativo no prisma da regulação
    da aprendizagem em curso. Contudo, essa obra foi a terceira mais adquirida, o que mostra
    ainda que obras didáticas de língua portuguesa mais adquiridas no PNLD não apresentam uma
    função da avaliação na perspectiva da regulação. Esses dados nos revelam que, apesar de
    passados mais de vinte anos desde a publicação do primeiro volume dos PCN, as obras
    didáticas de língua portuguesa que mais circulam no país ainda apresentam concepções de
    avaliação da aprendizagem e da aprendizagem da escrita numa perspectiva não condizente
    com as pesquisas mais atuais em avaliação.

  • GEORGE HAMILTON PELLEGRINI FERREIRA
  • LITERATURA Y PAISAJE: EL BOSQUE, EL RÍO Y EL MAR EN LAS LITERATURAS AMAZÓNICA, GRAPIÚNA Y ANDALUZA (Tradução do Título para a Língua Portuguesa: LITERATURA E PAISAGEM: O BOSQUE, O RIO E O MAR NAS LITERATURAS AMAZÔNICA, GRAPIÚNA E ANDALUZA).

  • Data: 19/07/2019
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  • Este trabalho tem como objetivo analisar a construção da paisagem na literatura em geral e nas literaturas andaluza, grapiúna e amazônica, em particular. Objetiva, ainda, conectar os estudos sobre a paisagem literária em consonância com as teorias da complexidade. Percebemos que as conexões paisageiras (neologismo criado por Agustín Berque) entre essas duas regiões brasileira e essa particular região ibérica são suficientemente fortes para justificar esse estudo. Utilizamos escritorespontes para ligar tanto o Sul da Bahia com o Norte brasileiro quanto o Brasil à Península Ibérica. Para tal, tomamos como corpus para construir essa ponte a obra poética do nordestino João Cabral de Melo Neto e do português Fernando Pessoa.

  • AMANDA DA COSTA CARVALHO
  • ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO PORTUGUÊS FALADO EM ÁREAS INDÍGENAS GALIBI-MARWORNO E KARIPUNA

  • Data: 01/07/2019
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  • Pretende-se neste trabalho mapear no nível fonético o português falado pelos povos Karipuna e pelos Galibi-Marworno localizados na Terra Indígena Uaçá, no município de Oiapoque, Estado do Amapá, em fronteira com a comuna francesa de Saint-Georges, do departamento de ultramar da Guiana Francesa. O objetivo geral desta pesquisa é descrever e analisar a variação fonética encontrada no português brasileiro indígena em contato com as línguas Kheuol (Crioulo de base francesa falado pelos indígenas), Crioulo Francês da Guiana, Galibi (Tronco Karib) e Palikur (Tronco Aruak), nas realizações de: vogal média pretônica /o/; ditongo nasal e oral decrescente; oclusivas alveolares /t/ e /d/, e; lateral /ʎ/ em sílaba tônica. É importante destacar que a situação linguística do português falado pelos indígenas desta região nunca foi documentada, justificando a importância desta pesquisa. Os pressupostos teórico-metodológicos que conduziram esta pesquisa fundamentaram-se na Dialetologia Pluridimensional e Contatual (RADKE; THUN, 1996; THUN, 1998), Geolinguística (GILLIERON, 1902) e na Geossociolinguística (RAZKY, 1998). Baseando-se nas comunidades estudadas, na Dialetologia Pluridimensional e a Geossociolinguística, as dimensões selecionadas foram: dialingual, diatópica – topostática; diassexual e; diageracional. Isto posto, os instrumentos e métodos foram adaptados dos já consagrados pelo Comitê Nacional do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB (2001), sendo eles: rede de pontos, os colaboradores e os questionários. Foram selecionados 4 pontos de inquérito: 2 comunidades Galibis-Marworno (Kumarumã e Tukay) e 2 Karipunas (Manga e Santa Isabel). Preteriram-se 4 colaboradores estratificados socialmente (idade e sexo) em cada localidade: (i) primeira faixa-etária – um homem e uma mulher de 18 a 37 anos; (ii) segunda faixa-etária - um homem e uma mulher de 45 a 75 anos. Ao longo da coleta de dados foram aplicados os seguintes instrumentos: Questionário Fonético-Fonológico (QFF) adaptado, juntamente com um questionário ilustrado, com o total de 164 perguntas, com respostas tanto em Português como também em Kheuol; Questionário Sociolinguístico, do projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas Brasileiras – ALSLiB (CABRAL et al., 2015), contendo 21 perguntas sobre comportamentos linguísticos tanto por parte do colaborador como também da comunidade em geral. Os resultados mostraram que a realização fonética do português nativo varia de acordo com a sociedade estudada, uma vez que os Galibis-Marworno apresentam variantes que não são encontradas na variedade do Português falada pelos Karipunas, especialmente aqueles do 2º grupo etário, o que é confirmado com os resultados dos graus de competência diagnosticados pelo questionário sociolinguístico. No entanto é perceptível que ambos os povos recebem grande interferência da variedade do português falado no Amapá, tendo em vista a identificação de fenômenos linguísticos que caracterizam o falar nortista.

  • FLAVIA HELENA DA SILVA PAZ
  • EFEITO DE FATORES INTERNOS E EXTERNOS SOBRE A HAPLOLOGIA NO FALAR BELENENSE

  • Data: 01/07/2019
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  • XXX

  • CELIANE SOUSA COSTA
  • VARIAÇÃO E TERRITORIALIZAÇÃO LINGUÍSTICAS: UM ESTUDO GEOLINGUÍSTICO DA DIVERSIDADE LEXICAL EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO BAIXO AMAZONAS

     

  • Data: 28/06/2019
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  • Fundamentada nos pressupostos teóricos e metodológicos da Dialetologia Pluridimensional (RADTKE; THUN, 1996; THUN, 1998, 2000, 2009, 2010a; ALTENHOFEN, 2013, 2014), esta tese investiga o uso de itens léxicos. Aborda correlações entre variantes, contatos intervarietais, espaço pluridimensional e suas implicações na territorialização linguística. É um estudo de caso da territorialização linguística de variantes, desenvolvido a partir do tema variação lexical do português falado em comunidades quilombolas do Baixo Amazonas paraense (Abuí, Água Fria, Arapucu, Silêncio, Pacoval de Alenquer, Saracura e Tiningu) e com base em uma amostra diversificada e oral das ocorrências léxicas. O objetivo central desta pesquisa é descrever a variação, buscando, em padrões de variação léxica e em dinâmicas de movimento nos espaços, a identificação de características e estratégias da territorialização linguística. Mais especificamente, ela objetiva flagrar o comportamento de itens léxicos supostamente representativos ou com potencial de representação simbólica da territorialidade no espaço variacional e sua condição (resistência, neutralidade ou perda) na territorialização. Considera-se que diferentes formas de apropriação de itens léxicos e de representações espaciais afetam dinâmicas de movimento nos espaços a ponto de interferir no potencial de referência simbólica das variantes na territorialização linguística. A análise revelou que os espaços linguísticos pressupõem redes de conexão com outras variedades e particularidades de uso e que as representações simbólicas, fundamentadas no contexto sociocultural, manifestam-se integradas ao costume e à experiência, sinalizando aspectos do modo de vida, da organização da vida social, das concepções e convenções estabelecidas e possibilitando a construção da referência simbólica da territorialidade. Os resultados confirmam que a flexibilidade do uso de variantes e as representações simbólicas convencionalizadas nas comunidades quilombolas dão condições de acesso à territorialização linguística, evidenciando-a como um fenômeno ajustável, em razão do comportamento linguístico e social, a diferentes direções e sentidos do movimento mais ou menos próximos, simbolicamente, da territorialidade linguística. Territorialização linguística de variantes é um fenômeno dinâmico e, como tal, aspectos linguísticos e sociais convencionalizados amparam-se na trajetória contínua dos grupos, revelando capacidade de movimento e renovação nos espaços linguísticos. Por ampliarem representações espaciais de modo a revelar transformação dos espaços, construção de referencial simbólico da territorialidade e identidades menos fixas, os conceitos de territorialidade e territorialização linguísticas reafirmam importantes avanços trazidos pelo enfoque pluridimensional ao paradigma dialetológico.

  • GISELDA DA ROCHA FAGUNDES
  • INVESTIGANDO O DESVOZEAMENTO VOCÁLICO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO (PB): ANÁLISE ACÚSTICA E PERCEPTUAL DAS VOGAIS ALTAS PRETÔNICAS

  • Data: 26/06/2019
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  • Esta pesquisa teve como objetivo investigar o fenômeno do desvozeamento das vogais altas pretônicas no Português Brasileiro. Para tanto, investigar o desvozeamento de vogais pretônicas altas do ponto de vista acústico e do ponto de vista perceptual verificando os contextos fonéticos que mais favoreceram o desvozeamento das vogais pretônicas altas e aplicando a teoria da Fonologia Gestual para explicar o fenômeno do desvozeamento. Procedemos duas fases de coleta e análise de dados. A primeira fase, correspondeu a coleta de dados acústicos em que realizamos a gravação de áudio de 6 (seis) informantes, sendo 3 (três) do sexo feminino e 3 (três) do sexo masculino, paraenses que moravam em São Paulo no período máximo um ano. A estratificação social adotada foi a mesma utilizada para as descrições sociolinguísticas: Faixa Etária (de 20 a 35 anos), Nível de Escolaridade (ensino superior). A segunda fase compreendeu a coleta de dados de percepção de 24 (vinte e quatro) juízes, 12 (doze) Experts, com formação superior em Letras, e 12 (doze) Naives, com formação superior em outros cursos, com um número proporcional de homens e mulheres, naturais e residentes no Pará. O corpus para a análise acústica foi formado pela gravação em cinco repetições aleatorizadas dos vocábulos selecionados na frase veículo “Diga ____ logo”. Foram coletadas um total de 1.440 frases veículo, das quais 1.417 vocábulos alvo foram analisados. O corpus para a análise perceptual foi formado pela aplicação de um teste de identificação e de gradiência de sonoridade, no aplicativo Worken. Foram coletados, ao todo, 8.208 dados analisáveis sendo 3.024 referentes a identificação, e 5.184 referentes a gradiência. Nossos resultados acústicos confirmaram a influência das variantes de vozeamento em todas as medidas acústicas e consonantais dos vocábulos analisados, confirmando que o desvozeamento nas vogais altas pretônicas está de fato relacionado à redução da magnitude do gesto vocálico, provocada pelo curto tempo de articulação, permitindo que haja sobreposição dos gestos consonantais sobre os vocálicos. Com relação a percepção nossos dados reafirmam os achados de Hasegawa (1999), de que as vogais desvozeadas ocorrem sem prejuízo no seu significado e na sua percepção e que, assim como o desvozeamento, a percepção, varia de indivíduo para indivíduo, e os de Gordon (1998) que relatou que os fatores articulatórios e aerodinâmicos que induzem o desvozeamento então em conflito com os fatores perceptivos que advogam contra o desvozeamento uma vez que, perceptualmente, não há uma distinção clara entre vogal vozeada e desvozeada, mas uma gradiência entre os extremos.

  • JESSICA DANIELE DE LAVOR VIEIRA
  • EU INTIMO-ME A RECONHECER-ME EM MIM MESMO: SUJEITO E MEMÓRIA NA POESIA DE AGE DE CARVALHO.

  • Data: 10/06/2019
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  • A memória constitui-se em elemento importante na poesia de Age de Carvalho, pois, como observado em muitos textos que compõem sua fortuna crítica, há uma realidade biográfica que funciona como ponto de partida para a construção dos poemas e que, ao aliar-se a recursos poéticos variados, desloca-se de seu compromisso com a realidade e transforma-se em matéria de poesia adquirindo grande potência polissêmica. Nesse contexto, percebemos no constante retorno ao passado a voz de um sujeito, o Eu que retém as lembranças que se associam, sobretudo, à busca por sua origem e identidade, enquanto sujeito que reflete seu lugar no mundo. Como aporte teórico do trabalho recorreremos à Blanchot (1997), em seus estudos sobre a natureza da linguagem poética, à Ricoeur (2007), Le Goff (1996) e Halbwachs (2006) sobre a memória, Freud e Lacan (2003) sobre o sujeito, enquanto ser dotado de um aspecto inconsciente, de modo a compreender como essa estrutura se relaciona à memória, e consequentemente, à criação poética. Como corpus, foram selecionados oito poemas dos três últimos livros do poeta: Caveira 41 (2003), Trans (2011) e Ainda: em viagem (2015), pois esses livros têm a memória como elemento importante aliado principalmente a temas poéticos como a amizade, a viagem, o exílio, a terra natal e a origem familiar, trazendo ao poema a presença de um sujeito ligado a questões ontológicas.

  • FELIPE HILAN GUIMARAES SANTOS
  • LEITURA DESENCANTADA: A FANTASIA NO CONTEXTO DE NOVOS TECNICISMOS

  • Data: 07/06/2019
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  • Na presente pesquisa, discutimos as propostas para o ensino da leitura encontradas em trabalhos acadêmicos contemporâneos. Perguntamo-nos, especificamente, como a abordagem da leitura de textos fantásticos é desenvolvida e de que maneira influencia as relações de ensino/aprendizagem no contexto escolar. Partimos da hipótese de que as atuais propostas de leitura enfatizam uma abordagem única para todo e qualquer tipo de texto, como resultado de uma ação pedagógica tecnicista que intenta tornar previsível a atitude dos alunos, assim como o trabalho docente. E no que tange à fantasia, haveria uma desconstrução de seu conceito, em detrimento de uma base de racionalização exacerbada no ensino, que permitiria manipular todas as significações produzidas a partir da leitura de um texto. Concebemos que a leitura é um processo de interação entre sujeitos que evoca um contexto de heterogeneidades, o qual é marcado pelas singularidades dos sujeitos e também pelas relações pedagógicas existentes em sala de aula, o que também nos ajuda a considerar que as abordagens do campo do ensino devem validar diferentes propostas para a leitura, de modo que não se limite essa diversidade a apenas uma abordagem padrão. Nossa pesquisa tomou como norte discussões desenvolvidas por autores que tratam sobre leitura, fantasia, constituição de sujeitos e formação de leitores. Nosso objetivo, então, consiste em analisar dissertações do Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS), da Universidade Federal do Pará, que propõem um ensino da leitura por meio de textos fantásticos, a fim de perceber quais movimentos são construídos na escrita destes textos que corroboram um contexto de padronização do ensino da leitura. Para isso, selecionamos duas dissertações, situamos o percurso teórico-metodológico de cada proposta e discutimos acerca das relações de ensino/aprendizagem enfatizadas pelo que chamamos de abordagem tecnicista. Nossos resultados apontam para uma aceitação de padrão único de trabalho com relação à leitura, destacado pela produção escrita dos professores em formação na universidade, o que nos permite afirmar que a prática da leitura, no contexto atual, perpassa por novos tecnicismos, o que chamamos de pedagogia do previsível.

  • JULIANA DE AMORIM MARQUES
  • A PROSÓDIA DA SEQUÊNCIA NUMÉRICA DOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE CPF E RENACH DOS FALANTES DO MUNICÍPIO DE BELÉM

  • Data: 17/05/2019
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  • Já fora comprovado em várias línguas naturais, inclusive no Português Brasileiro (PB), que há
    uma forma padronizada de agrupar os números nominais. Logo, essa pesquisa, que realiza uma
    investigação acústica e perceptual do nível prosódico da língua, preocupou-se em verificar se
    há variação dialetal em relação a esse agrupamento no PB, replicando a mesma investigação
    feita por Musiliyu (2014) e Almeida (2017) na variedade nordestina para, posteriormente,
    comparar os tais resultados com os obtidos na variedade de Belém. Foram analisados os
    agrupamentos contidos nos documentos oficiais, especificamente, o Registro Nacional de
    Condutores Habilitados (RENACH) e Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). O corpus
    compreende 40 números de documentos, sendo 20 de CPF e 20 de RENACH. Nesta dissertação
    são apresentados os resultados advindos da análise dos dados de 100 participantes estratificados
    em faixa etária: 18-30 (faixa etária I) e maior de 30 anos de idade (faixa etária II) e; sexo (50
    mulheres e 50 homens). As hipóteses de investigação para essa pesquisa foram: 1) se os dados
    oriundos de Belém corroboram o padrão identificado por Musiliyu (2014) e Almeida (2017) a
    partir dos dados de Maceió e Recife, respectivamente; 2) se há variação dialetal no padrão
    prosódico de agrupamentos numéricos no PB; 3) se há variação dialetal referente à faixa etária
    e sexo. Metodologicamente, durante a coleta de dados, os números foram apresentados aos
    participantes da pesquisa aleatoriamente com a utilização de um slide show com intervalo de 7
    segundos. Cada locutor produziu 6 vezes cada sequência numérica para selecionarmos as 3
    melhores repetições de cada dado (CRUZ et all, 2012), gerando um corpus para análise de
    12000 sequências numéricas (40 números de documentos x 100 informante x 3 melhores
    repetições). Aplicam-se aqui os procedimentos adotados por Musiliyu (2014) e Almeida (2017),
    que são: a) isolamento das repetições em arquivos individuais; b) segmentação no programa
    Praat; d) identificação das categorizações numéricas e decimais; e) teste de concordância,
    utilizando o coeficiente Kappa Fleiss e f) identificação das distribuições entoacionais, por meio
    da aplicação dos scripts scripts MOMEL/INTSINT (HIRST,2007) e ProsodyPro (XU,2012) for
    software Praat versão 5.3.53 (BOERSMA; WEENINK,2013). O trabalho realiza uma análise
    comparativa dos resultados obtidos com os de Almeida (2017) e conclui que existe um padrão
    prosódico em relação aos agrupamentos dos números nominais de CPF nas variações estudadas,
    tanto em referência às estratégias de distribuições numéricas e decimais quanto à descrição do
    contorno entoacional de cada unidade prosódica, o que comprova a primeira hipótese dessa
    pesquisa. Sendo 3-3-3-2, UUU(1)-UUU(2)-UUU(3)-UU(4) e MUDU(1), MUDU(2),
    MUDU(3), MUB/D(4), respectivamente. Comportamento notado igualmente para os números
    de RENACH. Quanto à segunda hipótese, que trata da variação dialetal do padrão prosódico de
    agrupamentos numéricos no PB, não se confirma, visto que não se verificou mudanças entre as
    variedades estudadas. Da mesma forma, como não houve variação dialetal referente à faixa
    etária e sexo.

  • CARLA PATRICIA DA SILVA GUEDES
  • A METAFICÇÃO NOS ROMANCES BOCA DO INFERNO E DESMUNDO, DE ANA MIRANDA

  • Data: 14/05/2019
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  • Na presente dissertação, procurar-se-á analisar a metaficção nos romances históricos Boca do Inferno (1989) e Desmundo (1996), da autora Ana Miranda, cujos enredos têm como contexto o período colonial. Em ambas as obras existem a possibilidade de uma desconstrução histórica, pois a escritora emprega documentos e fatos da historiografia para reestruturar sua literatura. Nesse sentido, o trabalho tem como objetivos específicos: observar como o mosaico de textos permitem outras acepções ao trabalho metatextual da autora Ana Miranda em seus romances Boca do Inferno e Desmundo. Além disso, será desdobrada a inter-relação discursiva de um narrador que utiliza tanto recurso estético-estilístico da literatura, quanto o contexto histórico da narrativa, a fim de que se possa investigar a relação entre as características do autor Gregório de Matos Guerra e Oribela, considerando o momento da colonização portuguesa em território nacional. Há de se destacar, sobretudo, o fato de o poder soberano das instituições Estado e Igreja determinarem alguns comportamentos nas personagens das obras que serão analisadas. Como ponto ulterior, tratar-se-á, ainda, da construção do sujeito feminino, ressaltando, principalmente a repressão de suas ações. Como metodologia, será utilizada a leitura teórico-interpretativa, com o objetivo de compreender e relacionar os romances mencionados. Em relação à estrutura, a pesquisa se divide em três seções, denominadas, respectivamente: “A metaficção”, na qual discutir-se-á questões de ordem teóricas como o conceito de metaficção, considerando os estudos da autora canadense Linda Hutcheon (1991); na segunda, intitulada “Metaficção em Ana Miranda: biografia e suas obras”, o debate se dará em torno de aspectos temáticos, que envolvam o processo de criação de suas narrativas, sem deixar de ressaltar, também, a vida e outros trabalhos de Ana Miranda, e, por fim, a terceira seção, “A interpretação metaficcional nos romances Boca do Inferno e Desmundo”, cumpre o fito de analisar, por meio das obras tomadas como objeto de investigação, o processo de metaficção na Literatura de Ana Miranda.

  • FLÁVIA MARINHO LISBÔA
  • LÍNGUA COMO LINHA DE FORÇA: A PRESENÇA\AUSÊNCIA INDÍGENA NA UNIVERSIDADE EM UMA ANÁLISE DO DISCURSO COM FOUCAULT SOBRE O DISPOSITIVO COLONIAL

  • Data: 09/05/2019
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  • A partir da noção de “dispositivo” de Michel Foucault e dos Estudos Pós-Coloniais (especialmente Walter Mignolo, Aníbal Quijano e Catherine Walsh), o presente trabalho propõe uma reflexão sobre o “dispositivo colonial” a partir da presença/ausência de alunos indígenas nas universidades federais, por meio do estudo de um caso, que é o da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Neste estudo, analisamos enunciados de alunos indígenas que relatam suas expectativas e experiências diante da instituição, a partir da abordagem da Análise do Discurso com Foucault, afunilando para a ideia de “dispositivo colonial” (NEVES, 2009, 2015). Nessa análise, tomamos as quatro linhas (Visibilidade, Enunciação, Subjetividade e Força) desenhadas por Deleuze (2006) para perceber as oscilações do funcionamento do dispositivo colonial na universidade ao longo da história e a partir da entrada de indígenas em função das ações afirmativas dos últimos dez anos. Com essa metodologia, evidenciamos o papel da língua/linguagem nas práticas sociodiscursivas da universidade em convergência com a manutenção das normatividades hegemônicas do dispositivo colonial e, consequentememte, com a permanência desses alunos.

  • MARCOS JAIME ARAUJO
  • ESTUDO DOS TOPÔNIMOS DE ORIGEM TUPINAMBÁ DO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA/PA

  • Data: 03/04/2019
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  • Esta pesquisa teve como objetivo principal estudar a toponímia de origem Tupinambá do município de Bragança/PA, situado na Microrregião Bragantina e pertencente à Mesorregião do Nordeste Paraense, a partir de 146 topônimos, coletados nos seis distritos do referido município: Bragança (sede), Caratateua, Tijoca, Nova Mocajuba, Almoço e Vila do Treme. Justifica-se não apenas pelo número reduzido de pesquisas acerca dos topônimos de origem Tupinambá no estado do Pará, especificamente no Município de Bragança, como também colabora para a memória bragantina, além de auxiliar o linguista na compreensão da constituição do espaço, processos de povoamento e cultura local, bem como evidencia a fauna e a flora local. Os dados foram coletados (i) no Mapa Político do município, proveniente do Programa de Integração Mineral em Municípios da Amazônia (Primaz), do Ministério de Minas e Energia, (ii) em 120 croquis, cedidos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) do município, e, posteriormente, (iii) validados por 12 informantes, sendo dois de cada distrito. A fundamentação teórica baseia-se na Lexicologia, com Vilela (1994), Turazza (2005) e Abbade (2011); na Morfologia, com Silva e Koch (2001), Kehdi (2006) e Câmara Jr (1977); na Semântica Lexical, com Ullmann (1961) e Marques (2001); na Toponímia, com Dick (1992), Almeida (2011) e Isquerdo (2008). A análise, descrição e classificação dos dados coletados estão alicerçadas nos dicionários e vocabulários da LGA e da LGP, com Stradelli (2014), Cunha (1978), Sampaio (1987), Seixas (1853), Vocabulário na Língua Brasílica (1938), Dicionário Anônimo da Língua Geral do Brasil (1896) e Dick (1992). O resultado obtido no estudo foi a constatação de que: (1) A Língua Portuguesa (LP) foi usada como instrumento de nomeação da toponímia bragantina de origem Tupinambá, com evidentes empréstimos junto à Língua Geral Amazônica (LGA); (2) Houve uma considerável preferência à nomeação por acidentes geográficos de natureza antropo-culural (humana), evidenciando 73 (50%) e 5 (3,42%) designativos para o acidente Comunidade e Vila (espaço físico habitado), respectivamente, seguidos pelos de natureza física, como Rio e Igarapé, com 30 (20,54%) e 13 (8,90%) ocorrências, respectivamente; (3) A taxeonomia da toponímia Bragantina de origem Tupinambá evidenciou elevada classificação para designativos relacionados à flora, com 56 ocorrência relacionadas à taxe dos fitotopônimos (38,33%), seguida pelos designativos ligados à fauna, com 32 ocorrências relacionadas à classe dos zootopônimos (22,58%); (4) Todos os topônimos apresentam-se, hoje, opacos, sendo referenciados apenas por seu significado atual, o que os tornam fossilizados; (5) As mudanças fonéticas da toponímia indígena bragantina de origem Tupinambá evidenciaram os fenômenos da anteriorização (y>i) em relação à posteriorização (y>u), além da consonantização (i>j e u>b), que auxiliaram na identificação da LP como língua de nomeação; (6) A composição morfológica mais evidente foi a do formante simples em LGA, seguida pela composição composta em LGA/LGA e simples com sufixação de tyba.

  • WALBER GONCALVES DE ABREU
  • PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE SINAIS: UM ESTUDO SOBRE DERIVAÇÃO E INCORPORAÇÃO NOMINAL NA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

  • Data: 29/03/2019
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  • Os estudos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) começaram a se desenvolver a partir das pesquisas pioneiras de Ferreira-Brito (1995). Mas, ainda hoje, apesar do desenvolvimento social e de uma popularização da Libras, percebemos uma escassez de pesquisas descritivas dessa língua. Nesse sentido, a presente dissertação tem o objetivo de descrever aspectos morfológicos de formação de sinais a partir dos processos de derivação e de incorporação nominal (IN) na Libras. Nas línguas sinalizadas, a derivação tem sido atestada por diversos pesquisadores. Nessas línguas, ocorre a alteração da raiz pela adição de pelo menos um parâmetro ao sinal primitivo (QUADROS e KARNOPP, 2004; JOHNSTON, 2006; FELIPE, 2006; XAVIER e NEVES, 2016; PFAU, 2016). Esse parâmetro pode ser entendido como um morfema gramatical (livre ou preso) que é adicionado de forma simultânea ou sequencial a raiz. A IN é entendida como a associação do verbo e de seu argumento dentro da estrutura sintática (MITHUN, 1984; ROSEN, 1989; MEIR, 1999; FERREIRA, 2013). O resultado de ambos os processos é a criação de um novo sinal. Nesse viés, para a realização da pesquisa, elencamos três formas de coleta de dados. Para o processo de derivação, coletamos os sinais do material da área de linguagens, códigos e suas tecnologias da videoprova em Libras do ENEM 2017, o que perfaz um total de 45 vídeos. Esses sinais foram descritos e distribuídos em tabelas descritivas por tipo de derivação. Quanto ao processo de IN, coletamos sinais do Dicionário da Língua de Sinais do Brasil (CAPOVILLA ET AL., 2017) e de vídeos de sinalização de pessoa surdas, esses coletados de forma elicitada. Por fim, todos os sinais foram analisados qualitativamente. Os resultados demonstram dois casos de derivação na Libras: (i) derivação infixal, marcada pelo parâmetro movimento (MOV) (derivação direcional do MOV, derivação da dinâmica do MOV e reduplicação do MOV) e pela produtividade do morfema base TEXTO e (ii) derivação sufixal, estabelecida por meio dos marcadores de negação -PRONAÇÃO-DO-ANTEBRAÇO, além de dois marcadores afixais possivelmente em processo de gramaticalização, marcador -ZERO e marcador agentivo. Na IN descrevemos dois grupos de verbos que incorporam seus argumentos, são eles: verbos manuais e verbos simples. Concluímos que ambos os grupos de verbos apresentam as IN composta e classificatória. Constatamos nos verbos manuais, casos de dupla incorporação, no qual tanto objeto quanto adjunto foram incorporados pelo verbo. Finalmente, concluímos que: (i) os processos de derivação e de IN são produtivos na Libras; (ii) os infixos são mais recorrentes na formação de novos itens lexicais da Libras e (iii) os verbos da Libras apresentam uma tendência em incorporar argumentos que ocupam a função de adjunto da sentença, ou seja, instrumentos de uso habitual.

  • MARIA DE NAZARE MORAES DA SILVA
  • PARKATÊJÊ LÍNGUA DE HERANÇA: ‘MINHA LÍNGUA ENSINADA DO JEITO QUE EU QUERO’

  • Data: 21/03/2019
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  • A morte de uma língua, indígena ou não indígena, representa danos para a humanidade como
    um todo, pois significa a perda do legado histórico de uma nação, da identidade do povo que
    um dia a falou e de determinada concepção de mundo. Em razão da atual situação de ameaça
    à existência de línguas/culturas indígenas localizadas em solo brasileiro, a busca por
    princípios e métodos para revitalizá-las ou para preservá-las tem sido crescente nas últimas
    décadas, no País. A fim de evitar a extinção final, comunidades indígenas, com a ajuda de
    linguistas e de estudiosos de outras áreas do conhecimento, têm optado por investir, em geral,
    no ensino/aprendizagem desse patrimônio imaterial como primeira ou como segunda língua
    na escola. Na presente pesquisa, sugere-se, todavia, que línguas indígenas devam ser
    interpretadas como língua de herança em práticas pedagógicas, por pertencerem a grupos
    sociais minoritários com as quais se identificam etnicamente, embora muitas vezes se
    comuniquem tão somente por meio da língua portuguesa. Essa é a realidade dos Parkatêjê, um
    povo Timbira falante de língua de mesma denominação localizado na Terra Indígena Mãe
    Maria, em Bom Jesus do Tocantins, no Estado do Pará, ao qual a mencionada pesquisa se
    direciona. No contexto Parkatêjê, apenas os anciãos possuem fluência na língua indígena e
    não se observa mais transmissão intergeracional, porém seus integrantes ainda vivenciam as
    suas singularidades culturais e, atualmente, decidiram investir em ações para (re)aprender a
    língua tradicional de seu povo. Com o objetivo de contribuir com a revitalização da língua em
    questão, elaborou-se um material pedagógico para ser utilizado como fonte no seu
    ensino/aprendizagem, com base nos pressupostos da Abordagem Comunicativa Intercultural,
    considerada nesta Tese de Doutorado como uma força potencial na construção e reconstrução
    do conhecimento sob uma ótica crítica e reflexiva entre os sujeitos e mundos culturais plurais
    envolvidos nesse processo. A produção do material apoiou-se em um trabalho baseado na
    escuta e no diálogo, visto que foi pensada com e não para este povo indígena, conforme as
    suas necessidades e objetivos. Assim, contou com a participação ativa de seus integrantes,
    principalmente a dos anciãos, em todas as etapas envolvidas. Por meio do conteúdo e das
    atividades propostas, pretende-se incentivar o desenvolvimento de experiências significativas,
    dinâmicas e criativas na/com a língua/cultura indígena entre as diferentes culturas que estarão
    em interação na Escola Indígena Parkatêjê. Contudo, a (re)aprendizagem desta língua
    necessita também do envolvimento dos professores indígenas e não indígenas em formação
    adequada, para saber como utilizar o material em suas aulas, e do comprometimento efetivo
    dos Parkatêjê no sentido de encorajar o uso da língua indígena em situações comunicativas na
    aldeia.

  • RUBENIL DA SILVA OLIVEIRA
  • IDENTIDADES HOMOAFETIVAS NA PROSA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: REFLEXÕES SOBRE A ESCRITA DE SI

  • Data: 12/03/2019
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  • A tese, cujo título é ―IDENTIDADES HOMOAFETIVAS NA PROSA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA: reflexões sobre a escrita de si‖ tem como objetivo geral analisar as identidades homoafetivas na prosa contemporânea brasileira, a partir da leitura de Stella Manhattan, de Silviano Santiago (2017); Confissões ao mar, de Kadu Lago (2010); O terceiro travesseiro, de Nelson Luiz de Carvalho (2007); O diário de Marjorie: memórias de uma travesti, de Marcos Soares (2014); Olho de Boto, de Salomão Larêdo (2015) e o conto ―Cachorro Doido‖, de Haroldo Maranhão (1986), à luz da abordagem dos estudos culturais na literatura, da literatura de autoria de minorias sexuais e da escrita de si. Como abordagem da pesquisa foi usada a qualitativa, uma vez que se dispensa a quantificação de dados e a pretensão é analisar como são feitas as representações das identidades homoafetivas sob o viés das teorias e críticas da literatura apontadas anteriormente. Para as análises e elaboração dos capítulos teóricos foi necessário um aprofundamento de leituras acerca da literatura e suas teorias críticas em Cevasco (2003, 2005), Bhabha (2013), Compagnon (2010), Candido (1981, 2000 e 2007), Dalcastagnè (2012), Derrida (2014), D‘Onofrio (2004), Eagleton (2011) e outros; da homoafetividade – Okita (2015), Figari (2007), Fry e Macrae (1983), Fry (1982), Trevisan (2002), Gomes Filho (2016) Mott (2003), Oliveira (2016, 2018); da memória e identidade – Le Goff (2016), Halbwachs (2013), Ricoeur (2007), Yates (2016), Hall (2014), Woodward (2014); da cultura e tradição oral – Zumthor (1997, 2001 e 2018), Câmara Cascudo (2008), Simões (2006), Mindlins (2006) e Paes Loureiro (2006); do poder e sexualidade – Foucault (2014, 2015, 2016 e 2017), Agamben (2005), além de outros. Na pesquisa foram incluídos os tipos, bibliográfico e de campo, o primeiro, a fim de solidificar o conhecimento necessário para suportar a análise e o confronto com as vozes escutadas na pesquisa de campo, esta envolveu um grupo de 20 homoafetivos de ambos os sexos, moradores de Belém, diferentes graus de instrução, poder aquisitivo e idade. Ao comparar o que está posto nas teorias, as leituras literárias e as vozes dos entrevistados, conclui-se que as diferenças entre a escrita de si e do outro, as quais estão amalgamadas nas experiências dos sujeitos. Portanto, pode ser afirmado que há correspondência entre o viver e o não viver a homoafetividade, visto que no viver sugere-se maior proximidade entre o real a narrativa literária, enquanto o apenas ouvir sobre torna o narrador mais distante do fato, sobretudo, porque a literatura homoafetiva é uma atitude de resistência.

  • FABRICIO DE MIRANDA FERREIRA
  • LITERATURA ENTRE OS SIGNOS DA PÓS-MODERNIDADE: A ADAPTAÇÃO DE DOIS IRMÃOS, DE MILTON HATOUM, EM QUADRINHOS

  • Data: 28/02/2019
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  • XXX

  • MARCELLUS DA SILVA VITAL
  • A RECEPÇÃO LATINO-AMERICANA DA OBRA DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

  • Data: 28/02/2019
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  • O estudo da recepção das obras de João Guimarães Rosa na América Latina é o intuito maior da pesquisa elaborada para o desenvolvimento da minha tese de doutoramento em Estudos Literários. Para tanto, farei o mapeamento da fortuna crítica elaborada em língua espanhola por parte dos críticos e dos tradutores latino-americanos das obras de João Guimarães Rosa. Além de elaborar um importante serviço para a difusão da literatura rosiana em países de língua espanhola, alguns tradutores demonstraram maior envolvimento com a obra traduzida ao interagirem criticamente com o texto, em sua atividade profissional. Assim, em seu processo de compreensão do livro que está sendo transposto de uma língua para outra, o tradutor acaba por executar valorosa tarefa hermenêutica ao escrever suas considerações críticas a respeito da obra literária que está sob sua responsabilidade. Nos capítulos iniciais da tese, essencialmente de natureza teórica, exponho as sete teses que compõem a Estética da Recepção, elaborada por Hans Robert Jauss, assim como abordo a ideia de Transculturação narrativa proposta por Ángel Rama, além de falar sobre o processo pelo qual os países da América Latina passaram em busca da obtenção de uma identidade literária. Dentre os estudos produzidos pelos interlocutores latino-americanos de Guimarães Rosa, destaco aquele elaborado pelo pensador uruguaio Ángel Rama (1926-1983), um dos grandes cultores da “Geração de 45”, responsável pelo desenvolvimento de um modelo de produção intelectual que se preocupou em pensar a América Latina dentro de um contexto socioeconômico-cultural. Seu modo de investigar a questão latino-americana instigou pensadores contemporâneos seus a seguirem o mesmo modelo de raciocínio. Nos capítulos seguintes, a cartografia da recepção crítica das obras de Guimarães Rosa será o foco central, objetivo maior da elaboração da tese. Divididos por proximidade geográfica ou ainda por afinidades socioculturais, os países que compõem os capítulos desse mapeamento recepcional rosiano pertencem à América do Sul e à América Central, onde textos críticos de qualidade sobre as narrativas de Guimarães Rosa foram produzidos. Transpondo a barreira idiomática, a literatura rosiana alcançou a recepção crítica latino-americana, ao produzir uma ruptura com as abordagens tradicionais, reelaborando os aspectos constitutivos das representações de uma determinada regionalidade brasileira, no caso, a sertaneja, passando-a ao plano universal. Isso faz das obras de João Guimarães Rosa algo verdadeiramente artístico do ponto de vista estético-recepcional, visto que se observa o quanto os procedimentos estéticos desenvolvidos por Guimarães Rosa promovem um distanciamento entre o já conhecido da experiência estética do público leitor e o novo.

  • VERIDIANA VALENTE PINHEIRO CASTRO
  • IMIGRAÇÃO JAPONESA NOS ROMANCES DE MILTON HATOUM, BERNARDO CARVALHO E RYOKI INOUE: possibilidades para uma narrativa do ressentimento

  • Data: 28/02/2019
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  • A presente tese procura evidenciar nos romances Cinzas do Norte, O sol se põe em São Paulo e Saga: a história de quatro gerações de uma família japonesa no Brasil, a constatação de que
    existe uma narrativa do ressentimento no campo dos estudos literários fundamentados na matéria histórica, imigração japonesa, que serve para problematizar questões que ressoam a partir do processo imigratório ocorrido no Brasil, dos efeitos de ressentimento nos objetos em análise, no final do século XIX e início do século XX. Neste percurso são traçados alguns questionamentos que serviram de base para o estudo. Primeiramente, questiono, por que os romances acima apresentam o tema da imigração japonesa, para em seguida investigar de que maneira ocorre, nas três narrativas, o processo de ficcionalização da matéria historiográfica, o que de fato foi o processo imigratório dos japoneses para o Brasil e como as narrativas o problematizam? Os romances, em análise, apresentam elementos que culminam em uma narrativa do ressentimento? Portanto, investigo, a partir da matéria histórica presente nos romances, a emergência da categoria ressentimento, tendo em vista o tema imigração. A tese tem como objetivo central entender quais elementos narrativos tonam-se representativos da categoria do ressentimento, os quais promovem saberes sobre o tempo, a história, a manifestação dos afetos, advindos de situações traumáticas e que adscrevem nos objetos, questões ressentidas, mais especificamente, nos romances Cinzas do Norte (2005), de Milton Hatoum, O sol se põe em São Paulo (2007), de Bernardo Carvalho e Saga: a história de quatro gerações de uma família japonesa no Brasil (2006), de Ryoki Inoue (2006), mediante a leitura e as relações deles provenientes. Para fundamentar o processo de compreensão sobre o conceito de ressentimento utilizamos os textos de Maria Rita Kehl (2007), Sigmund Freud (1974), Friedrich Nietzsche (1887). Os textos de Alfredo Homma (2016), Michiyo Moriwaki (2008) e Maria Luiza Tucci Carneiro e Márcia Yumi Takeuchi, (2010), serviram de suporte para os estudos sobre a imigração.

  • ELIELSON DE SOUZA FIGUEIREDO
  • TESTEMUNHO E RESPONSABILIDADE: O DIZER DE SEMPRÚN SOB A ÉTICA DE LÉVINAS

  • Data: 28/02/2019
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  • Esta tese de doutorado concentra esforços para aproximar o pensamento filosófico de Emmanuel
    Lévinas (kaunas, Lituania, 1906) das categorias teóricas de análise da Literatura de Testemunho
    produzida a partir das memórias de sobreviventes da Shoah. Com o propósito de provar que a
    filosofia da alteridade de Lévinas oferece um valioso conjunto teórico para os estudos acerca do
    Testemunho como ponto de intersecção entre Memória, Ficção e História a tese se concentra na
    escrita autoficcional de Jorge Semprún (Madri, Espanha, 1923), particularmente sobre os romances
    A grande Viagem e A escrita ou a vida. O argumento central defendido aqui afirma que a autoficção
    produzida por Semprún pode ser compreendida na chave conceitual do que Lévinas chama de
    Responsabilidade, ou seja, como resposta do sobrevivente ao sofrimento injustificado sob o qual
    padeceram e morreram milhões de pessoas aprisionadas e assassinadas nos campos de trabalhos
    forçados e de extermínio mantidos durante o regime nazista alemão. Partindo da hipótese de que
    testemunhar é assumir a tarefa ética de resistir à banalização do assassinato a tese investiga um
    pequeno grupo conceitual que, ao longo do pensamento filosófico de Lévinas, se conecta à
    Responsabilidade: eleição, convocação, Rosto, passividade e subjetividade ética formam a base
    do argumento aqui defendido. Através de alternadas citações e comentários que permitem ler a
    crítica do Testemunho através das reflexões de Lévinas, bem como permitem ler a filosofia da
    alteridade através das palavras de figuras do pensamento como Seligmann-Silva, Gagnebin,
    Agamben, Rosani Umbach e Tânia Sarmento-Pantoja, esta tese pretende criar uma conversa teórica
    importante, seja para esta mesma crítica ou para aquela filosofia. A respeito de Jorge Semprún, seu
    trabalho de autoficção é lido aqui na chave teórica do Dizer e tomado como gesto ético de
    dessubjetivaçao na medida em que ao reelaborar suas vivências no campo de trabalhos forçados de
    Buchenwald, onde esteve prisioneiro político entre 1943 e 1945, o escritor se vale do artifício de
    recriar ficcionalmente fatos e personagens de sua sobrevivência durante a prisão, de modo a
    produzir uma ambiguidade entre história, autobiografia e ficção. Dessa forma, amparada em
    teóricos como Philippe Lejeune, Ángel Loureiro, Leonor Arfuch e Manuel Alberca esta tese
    demonstra como a autoficção de Semprún tenciona as possibilidades da linguagem expondo assim
    a consciência ou subjetividade ética do sobrevivente que, mesmo diante dos limites que se impõem
    à tarefa de Dizer o excesso dos acontecimentos traumáticos, não se esquiva de expor a insuficiência
    da sua escrita e assim atende à Responsabilidade da convocação para testemunhar.

  • LARISSA DANTAS RODRIGUES BORGES
  • O PROCESSO DE AUTONOMIZAÇÃO À LUZ DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE: UM ESTUDO DA TRAJETÓRIA DE APRENDIZAGEM DE GRADUANDOS EM LETRAS-INGLÊS

  • Data: 28/02/2019
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  • Este trabalho tem por objetivo compreender como se dá a autonomização na trajetória de aprendizagem de graduandos em Letras Inglês, sob a perspectiva do paradigma da complexidade (LARSEN-FREEMAN, 1997; 2017; LARSEN-FREEMAN, CAMERON, 2008). Considera-se que a autonomia é um fenômeno complexo, dinâmico e multidimensional construído ao longo da vida (FREIRE, 1996; [2006]; PAIVA, 2006; BENSON, 2013), sujeito a retrocessos, estabilidade e avanços. Após uma reflexão acerca dos modelos de autonomização existentes na literatura (NUNAN 1997; SCHARLE; SZABÒ, 2000; BENSON, [2001]; 2011; TASSINARI, 2010; [2012]), propõe-se nesta tese um modelo dinâmico de desenvolvimento da autonomia como um fenômeno complexo. O contexto desta pesquisa foi a Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), localizada em Belém. Este estudo de casos múltiplos (DORNYEI, 2007; YIN, 2010) foi desenvolvido de forma longitudinal, empregando movimentos analíticos retroativos, englobando o percurso da graduação de quatro aprendentes de Letras-Inglês. No primeiro semestre do curso, quatro participantes com nível elementar de inglês foram selecionados por meio de suas narrativas coletadas na disciplina ―Aprender a Aprender LE‖, por meio das quais se observou as condições iniciais da sua aprendizagem de inglês no contexto universitário. Nos semestres seguintes, em que cursaram os cinco níveis de Língua Inglesa, foram coletados diários de aprendizagem nos quais os participantes refletiram sobre a própria autonomia na aprendizagem de línguas. Dando continuidade ao estudo das trajetórias, foi realizada uma entrevista no último semestre do curso no intuito de verificar de que forma a autonomização no estudo de inglês contribuiu para empoderar os aprendentes, possibilitando ou não uma participação mais efetiva desses na comunidade acadêmica e profissional (VYGOTSKY, 1978; [1991]; OXORFD, 2003; MURRAY, 2017; NICOLAIDES, 2017). Dentre os resultados desta investigação, confirmou-se o caráter multidimensional e personalizado da autonomização, a qual aconteceu de forma diversa para cada participante em diferentes escalas de tempo e diferentes espaços. Verificou-se também a influência de diversos subsistemas aninhados como motivação, crenças, identidades e emoções, os quais contribuíram, ao longo da trajetória dos participantes, para fomentar ou para inibir o processo em foco.

  • ANDERSON LUIZ TEIXEIRA PEREIRA
  • O TEMPO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS E EM A PAIXÃO SEGUNDO G.H.

  • Data: 27/02/2019
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  • O presente trabalho trata de um estudo interpretativo do tempo em duas obras-primas da Literatura Brasileira Moderna: Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa, e A paixão segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector. O ponto comum, isto é, a abertura para o possível, originada pela aproximação entre estes dois romances, é a configuração temporal complexa que estes dois escritores desenvolvem em seus textos literários. Nesse sentido, o tempo, a priori, categoria estrutural de toda narrativa, mas, também, temática recorrente ao mundo ficcional, torna-se a palavra-chave que conduzirá nossa leitura acerca de experiência ficcional vivida e narrada pelos personagens Riobaldo e G.H., respectivos das obras supracitadas. Com base na relação entre modernidade, ficção e tempo — Giddens (1991), Jauss (1996), Habermas (1998), Berman (1986), Mendilow (1972), Pouillon (1974), Meyerhoff (1976), Ricoeur (2010, v. 2) e Nunes (1992, 1985 e 2008) — será possível desdobrar como o romance rosiano e o clariceano retomam a questão do tempo sob um viés moderno. A literatura moderna, enquanto esfera simbólica de confrontação de discursos teóricos e conceituais, reescreve a tradição do pensamento ocidental por meio de um movimento de escritura que faz da linguagem a sua própria condição para o desenvolvimento da narrativa. Desse modo, o tempo, uma vez repassado à matéria da narrativa, reorganiza a realidade sui generis do mundo ficcional e nos impõe a necessidade do ato interpretativo. Por fim, Guimarães Rosa e Clarice Lispector, por meio da construção de uma estética moderna que particularizou a experiência fictícia do tempo, podem ser circunscritos num quadro histórico-estético de pensadores, intelectuais e artistas que refletiram sobre a experiência temporal na modernidade.

  • IVONE DOS SANTOS VELOSO
  • UM BULÍCIO DE CRIANÇAS, PÍCADO DE RISOS E GRITOS: A INFÂNCIA DESVALIDA EM DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 27/02/2019
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  • A tese propõe uma leitura analítico-interpretativa que objetiva demonstrar que a categoria infância tem um papel de relevo na produção literária de Dalcídio Jurandir e, de modo especial, na dimensão ética e estética da construção do seu projeto literário que ficou conhecido como ciclo Extremo - Norte. Para tanto, esse estudo, de abordagem qualitativa do tipo bibliográfica, incide, principalmente, sobre os cinco primeiros romances do ciclo dalcidiano, a saber: Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947), Três casas e um rio (1958), Belém do Grão-Pará (1960) e Passagem dos Inocentes (1963). O enfoque analítico-interpretativo se apoia na técnica temática e discursiva, o que permite observar as formações ideológicas da construção discursiva do escritor marajoara, e ao modo como a figuração da infância e da criança colaboram com o tom social de seu projeto estético. Nessa perspectiva, os eixos fundamentais que orientam essa leitura são as relações entre Literatura e Sociedade e Literatura e Memória de maneira que revisitamos autores que se inserem nesse âmbito teórico, bem como aqueles que dão tratamento ao tema da infância e da obra dalcidiana. A pesquisa evidenciou, entre outras constatações, que o universo infantil que emerge das narrativas dalcidianas não se restringe apenas à presença de personagens infantis, ou que rememoram essa etapa da vida, mas também vem à tona por meio da representação do imaginário da criança, e, ainda, pela inserção na própria estrutura narrativa, através da incorporação e, muitas vezes, reelaboração de contos de fada, de mitos, ou de outros signos da cultura popular e erudita que se aproximam, de algum modo, com o mundo da puerícia. Tais estratégias, por sua vez, se alinham ao compromisso ético e estético de Dalcídio Jurandir, em cujas narrativas se aliam comprometimento social e consciência do fazer literário.

  • RONALDO JUNIOR PANTOJA RODRIGUES
  • AS REPRESENTAÇÕES DOS INDIVÍDUOS AMAZÔNICOS NA CRONÍSTICA DE DESCOBRIMENTO DA AMAZÔNIA E NO ROMANCE DE INGLÊS DE SOUZA

  • Data: 27/02/2019
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  • Esta pesquisa busca analisar as representações dos indivíduos amazônicos em duas obras de grande relevância histórica e literária da Amazônia, avaliando as relações que tais representações possuem com a colonização da região. A primeira obra analisada é Descubrimiento del río de las Amazonas (1542), de Gaspar de Carvajal, na qual o indivíduo amazônico do século XVI, o indígena, é descrito como bárbaro e cognitivamente inferior ao colonizador. Tais representações limitadas do indivíduo amazônico começam a ganhar novos rumos de maneira expressiva a partir do século XIX, através das obras do escritor paraense Inglês de Sousa. Por sua obra marcar essa transição de representações, História de um pescador, de 1876, também é um romance analisado na pesquisa, no qual o autor nos apresenta o tapuio José, descendente direto do indígena amazônico, que se torna um protagonista consciente de sua condição oprimida sem se sujeitar a ela. Esta representação dos personagens de Inglês de Sousa atribui uma nova interpretação possível dos indivíduos amazônicos e até mesmo da própria História amazônica, uma vez que o indígena e seus descendentes já não são inferiorizados, o que difere das representações das crônicas de colonização, como a de Gaspar de Carvajal, cujo interesse era apagar e menosprezar os indígenas amazônicos em prol do projeto colonizador. Entender essas manifestações literárias contribui para uma discussão e compreensão maior sobre aspectos inerentes à região amazônica a partir da colonização, como a subalternidade, a mestiçagem e a resistência. Para que a pesquisa seja desenvolvida, utilizaremos autores como O’Gorman (2006), Mignolo (2008), Quijano (2001), Gondim (1994), Fernandes (2004), Bosi (1992) e Bhabha (1994), dentre tantos outros que nos fazem questionar a construção da história das regiões colonizadas e suas reverberações, o que inclui a Amazônia.

  • MARIA CLARA VIANNA SA E MATOS
  • CONTRIBUIÇÕES DO PARDIGMA DA COMPLEXIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS MOTIVACIONAIS EMPREGADAS NO ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO

  • Data: 27/02/2019
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  • Estudos recentes percebem a motivação voltada à aprendizagem de língua adicional enquanto um sistema complexo. Com isso, são valorizadas as interligações entre seus diversos compo-nentes que configuram conglomerados de fatores, influenciam-se mutuamente e ressaltam a noção de que nada é percebido isoladamente. Assim, são alvos dos estudos da motivação as relações tecidas entre agentes, elementos e fenômenos, bem como padrões de comportamento e transformações. Nesta perspectiva, buscamos avançar na compreensão do processo motivaci-onal no aconselhamento linguageiro. Nossos objetivos específicos foram mapear a motivação em ação em uma trajetória de aconselhamento no processo de aprendizagem de inglês como língua adicional, examinando a influência de fatores contextuais na flutuação do processo mo-tivacional; verificar estratégias motivacionais que foram implementadas alinhadas a essas per-cepções; bem como compreender padrões de comportamento e transformações interligadas a sua prática. Como principais referenciais teóricos buscamos Borgatti (2008), Mariotti (2010), Osorio (2013), Capra e Luisi (2015), que esclarecem os princípios de sistemas complexos; Lar-sen-Freeman e Cameron (2008), que contribuem para o entendimento do paradigma da com-plexidade na área de Linguística Aplicada; Dörnyei e Ushioda (2011), que abordam a motiva-ção como um fenômeno dinâmico e complexo; Mozzon-Mcpherson (2001; 2017), Carson e Mynard (2012), além de Kato e Mynard (2016) que discorrem sobre a atividade de aconselha-mento linguageiro como uma modalidade de apoio a alunos fomentada pelo diálogo, reflexão e ação de modo que a aprendizagem da língua adicional se torne mais eficiente e autônoma. Para realizar este estudo, adotamos o viés de uma pesquisa qualitativa longitudinal de cunho empírico, descritivo e interpretativo. Como método de pesquisa qualitativa, escolhemos uma articulação entre a pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011) e o estudo de caso (YIN, 2016). Os resultados indicam que lidar com a motivação sob princípios de sistemas complexos envolve explorar relações interpessoais e experiências que favoreçam a aprendizagem no aconselha-mento, lidando com seus aspectos dinâmicos, padronizados e interligados ao aconselhamento. Além disso, na nossa pesquisa, as estratégias motivacionais que implementamos foram cocons-truídas contribuindo para o desenvolvimento de redes de apoio para proteger a motivação de aconselhados. As transformações observadas abarcaram o desenrolar do aconselhamento, bem como outras atividades vivenciadas pela conselheira e a aconselhada.

  • ALMIR PANTOJA RODRIGUES
  • ROMANCES-FOLHETINS PORTUGUESES NA IMPRENSA PARAENSE OITOCENTISTA

  • Data: 25/02/2019
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  • No século XIX houve profundas transformações culturais tanto na Europa quanto no Brasil. Entre essas mudanças, o surgimento do romance-folhetim, gênero publicado nos rodapés dos jornais, propiciou a difusão da leitura literária. Esse acontecimento também ocorreu no Pará, na época do desenvolvimento da borracha, quando a imprensa belenense tinha uma diversidade de jornais circulando. Considerando esse contexto, a tese tem por objetivo identificar os romances-folhetins de autoria portuguesa que circularam nos periódicos paraenses da segunda metade do século XIX e analisar as tramas narrativas, a fim de conhecermos os enredos e as temáticas abordadas, assim como observarmos as formas de representação das personagens que compõem esses romances como reflexos da sociedade. Pretendemos, assim, demonstrar que na imprensa paraense circularam romances-folhetins responsáveis pelo desenvolvimento de uma cultura literária que floresceu em decorrência do processo da imigração portuguesa, refletindo-se no desenvolvimento cultural da Província do Pará. Este estudo justifica-se por cooperar com a identificação dos romances-folhetins de autoria portuguesa que circularam na imprensa paraense, contribuindo para compreender a literatura não somente sob a perspectiva interna, mas também considerando o jornal como suporte. Além disso, traz contribuições a respeito da circulação e recepção dos romances-folhetins portugueses ao recuperar textos e reconhecer autores presentes nas páginas de periódicos paraenses que contribuem com investigações sobre a leitura literária nos Oitocentos. No presente trabalho, portanto, percebemos a circulação de romances-folhetins portugueses em três jornais noticiosos que compõem o corpus deste estudo, a saber: o Diário do Gram-Pará (1853-1892), o Diário de Belém (1868-1892) e A Província do Pará (1876-1890), responsáveis pela divulgação de ideias e textos que circularam na província. Metodologicamente, o estudo consiste em pesquisa bibliográfica e na investigação de fontes documentais disponíveis no site da Hemeroteca Digital Brasileira e nos acervos da cidade de Belém do Pará. Os resultados mostram que nove romances-folhetins, assinados pelos portugueses Pinheiro Chagas (1842-1895), Luiz Magalhães (1859-1935) e Camilo Castelo Branco (1825-1890), circularam nas páginas dos jornais analisados. A conclusão aponta que a circulação desses romances na imprensa paraense do século XIX é resultado da imigração portuguesa que fortaleceu a relação lítero-cultural entre Brasil e Portugal.

  • THIAGO AZEVEDO SA DE OLIVEIRA
  • O LEITOR VERÁ... O ITINERÁRIO DA OBRA LITERÁRIA DE JOSUÉ DE CASTRO

  • Data: 25/02/2019
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  • A frase-título O leitor verá..., a princípio utilizada pelo escritor e crítico Olívio Montenegro (1896-1962) a fim de se referir à originalidade dos contos concebidos por Josué de Castro (1908-1973) incorpora-se como epigrafe ao presente estudo, no sentido de apontar o horizonte de circulação e recepção da obra literária produzida pelo referido médico e escritor pernambucano. Não obstante, por meio desta análise, objetiva-se intermediar algumas das nuances interpretativas que consolidam a múltipla história de leitura da obra josueniana. O drama social da fome, tratado de forma ontológica por Castro, a partir de ensaios, dos contos do Documentário do Nordeste (1937), da cartilha poética A festa das Letras (1937), publicada com a coautoria de Cecília Meireles, e do romance Homens e caranguejos (1967) antecipa o “valor explorado pelo narrador, na translação de sentido da esfera ética para a estética” (BOSI, 1996, p. 13). A tese O leitor verá... O itinerário da obra literária de Josué de Castro sustenta o processo hermenêutico com base nos pressupostos da Estética do efeito (ISER, 1983; 2013), da Estética da recepção (JAUSS, 1979), da Geocrítica (BERGEZ et al., 1999), da Teoria da tradução (BENJAMIN, 2001; BERMAN, 2009; CARVALHAL, 1993) e da Artetnografia (LYRA, 2013). Expõe-se a “ciclópica atividade arquitetônica” da obra de Castro (MELO, 2011; 2012) a contrapelo da interpretação movida por seus leitores. Valendo-se da teoria comparativa, verifica-se no processo de leitura dos textos literários de Josué de Castro o histórico de formação e consolidação do público-leitor. Registra-se interpretação que remete desde à leitura impressionista (MONTENEGRO, 1958; 1959; TOBELEM, 1974), até à crítica recente (CARDOSO, 2007; FARIA, 2008; SILVA, 1998; 2012). Indagam-se ainda os condicionantes de reconhecimento da produção literária josueniana; o papel da crítica na apreciação teórica; e as apropriações incorporadas pelos leitores/tradutores no horizonte de expectativa da obra. O acervo literário de Josué de Castro conserva latente a necessidade de revisitá-lo. Recorre-se à recepção efetuada desde 1930, quando da circulação dos primeiros contos e poemas de Josué de Castro de modo a ressaltar os diversos contextos de publicação e significação da obra, com destaque para a baixa da produção acadêmica verificada durante os anos de 1970 e 1980, em função de veto do Governo Militar brasileiro de 1964 aos textos do escritor. A condição de exilado também concorreu para o ofuscamento dos textos literários josuenianos. Assim, retoma-se o estudo da história de leitura da obra literária de Josué de Castro, dando a ver o juízo construído pelo público, responsável pela atualização recepcional. Em sentido lato, discorrer sobre os aspectos da tradução do romance Homens e caranguejos contribui para que o leitor contemporâneo reflita sobre o modo como o texto ficcional de Castro despreende-se da experiência escrita, sendo alvo de releituras por ação da música e da dramaturgia.

  • MARCOS ROBERTO PINHO PALHETA
  • O APRENDER POÉTICO NA OBRA GRANDE SERTÃO: VEREDAS DE JOÃO GUIMARÃES ROSA

  • Data: 21/02/2019
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  • O objetivo desta pesquisa é investigar o aprender poético presente na obra Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, tendo como fio condutor o sentido do pensar, como um deixar-se atingir pela questão fundamental do humano enquanto ser-no-mundo, exposto no caminho de sua constituição ontológica pela linguagem originária, no constructo ontológico da personagem Riobaldo. Nesse sentido, pretende-se pesquisar o sentido poético originário que é tecido na obra-prima de João Guimarães Rosa, para situá-la como uma narrativa poético-educadora, ou seja, aquela que é poética porque realiza a verdade ontológica do ser e que é educadora porque realiza o humano como cuidador dessa verdade, como ente, cuja essência é ser-no-mundo. Não o humano como experiência entificadora, no interior das condições predeterminadas de uma ciência, considerado um sujeito formal do conhecimento, mas que somente pode ser encontrado na situação finita do entre-ser e que se realiza como transcendência finita. Propõe-se observar a obra Grande Sertão: veredas como uma narrativa cosmogônica que introduz o aprender poético como linguagem originária, revelando, na trajetória de Riobaldo, a travessia hermenêutica do aprender, como tarefa de um pensar questionante que realiza o humano no mundo. Mostrar, também, que a narrativa rosiana é poética, pois atravessa a palavra em uso instrumental, revelando, com isso, a linguagem originária como expressão poética. A linguagem é poética porque revela o próprio oculto na impropriedade da existência no mundo. É a expressão do poeta-pensador, porque toda linguagem é, originariamente, poesia.

  • LUCIANA DE BARROS ATAIDE
  • APROPRIAR-SE: O ACONTECIMENTO POÉTICO EM CONTOS DE CLARICE LISPECTOR (...À BEIRA DO ABISMO, ESTAMOS)

  • Data: 19/02/2019
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  • A presente pesquisa pretende identificar a relação entre Ser, linguagem e pensamento em narrativas de Clarice Lispector, tendo como referência, principalmente, contos que a escritora produziu ao longo da vida, desde as “Primeiras histórias” – narrativas produzidas na década de 1940 – até as “Últimas histórias” – produzidas na década de 1970. Ao todo serão estudadas vinte e uma narrativas nas quais vigora o Ser enquanto questão. Porém, excertos de outras narrativas também se farão presentes, já que a abordagem será permeada pela busca do acontecimento poético apropriante – Ereignis – por meio da problematização das noções de escrever e pensar, técnica e arte, ser-só e ser-com, finitude e singularização, Eu e Mundo. A intenção é mostrar o entrelaçamento ser-homem-linguagem-verdade sob o labirinto da questão da origem. Nas narrativas de Clarice emerge o projeto investigativo que visa a desdobrar a essência do homem que acontece como linguagem – já que ela é a casa do Ser e em sua habitação mora o homem – sendo esse um trabalho de escuta, compreensão e interpretação das Questões inerentes à condição humana. Assim, partindo do aporte fenomenológico-hermenêutico será possível estabelecer uma relação entre literatura de Clarice Lispector com pensadores como Martin Heidegger (especialmente), Merleau-Ponty, Gaston Bachelard, Manuel Antônio de Castro, dentre outros de grande relevância para este estudo. Outro referencial de grande destaque que dará suporte a este estudo é a obra O segundo sexo (1980) da pensadora Simone de Beauvoir dentro da linha do ‘tornar-se’ no que se refere à condição humana em possibilidades e também no que tange à relação assimétrica de gênero que tende a reduzir a liberdade feminina dentro da sociedade. Clarice não trabalhou apenas como a palavra, mas também com o pensar que proporciona a percepção do velar e desvelar do homem, possibilitando a este a apropriação de si mesmo, já que se trata de um dizer poético que se mostra como a dimensão fundante da condição humana, revelada por meio de uma força avassaladora por gestar uma nova visão de mundo que reside além da superficialidade cotidiana. Trata-se, portanto, neste estudo, de narrativas (contos) que expõem o trabalho artístico-literário de Clarice no qual a poesia habita na proximidade do pensamento construindo um dizer que evoca a essência da linguagem.

  • CATALINA HENAO LÓPEZ
  • AUTOREFLEXÃO PARA UMA CONSCIÊNCIA DO CLIMA RELACIONAL: ESTUDO DE CASO COM PROFESSORES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Data: 18/02/2019
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  • Este trabalho visa investigar a autorreflexão docente como meio para conscientizar professores de língua estrangeira sobre a influência do clima socioemocional na aprendizagem. Para tal fim, foi desenvolvido um instrumento denominado Guia de autorreflexão para professores de língua estrangeira, entregue aos docentes participantes. A leitura do guia levou-os a refletir sobre sua própria prática. Os fundamentos teóricos da pesquisa baseiam-se em estudos sobre autorreflexão na docência, como os conduzidos por Dewey (1933), Carr e Kemmis (1986), Zwozdiak-Myers (2011; 2018), entre outros, assim como em estudos sobre o clima relacional como elemento facilitador da aprendizagem (ABREU; MASETTO, 1985; ROGERS, 1996; ARNOLD, 2005). O objetivo da pesquisa foi compreender a influência da autorreflexão na consciência do clima relacional docente, suscitado pelo guia. O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso, usado para analisar e interpretar o fenômeno estudado dentro de seu contexto real. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com cujas respostas foi possível depreender o comportamento reflexivo dos docentes participantes e identificar o efeito do guia nas suas percepções e práticas. Enfim, observou-se que a utilização do guia levou os professores a repensarem seus comportamentos e ações em sala de aula com o intuito de potencializar as capacidades de seus alunos. Ao final, aponta-se a importância de continuar propiciando práticas reflexivas aos professores de língua estrangeira como estratégia para fomentar a educação continuada e melhorar a qualidade docente.

  • MAYARA CRISTINY SOUZA MARTINS RODRIGUES
  • AS QUESTÕES IDENTITÁRIAS EM ALFREDO: UMA ANÁLISE DE CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA, DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 15/02/2019
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  • Esta dissertação de mestrado tem como objetivo analisar o processo de identificações
    vivido por Alfredo na obra Chove nos campos de Cachoeira (1939), haja vista que por
    ter um pai branco, o Major Alberto e a mãe negra, Dona Amélia, sente-se em conflito
    e angústias, ora tendo vergonha da mãe, ora não se reconhecendo como um menino
    branco. Esse processo de auto identificação é interpretado neste trabalho como uma
    ação contínua e não um produto, a partir disso, utilizar-se-á o conceito de entre-lugar
    dado por Homi Bhabha (2013), em Local da cultura. Além disso, a pesquisa
    fundamentar-se-á no conceito de identidade discutido por Zilá Bernd (2011) em
    Literatura e identidade nacional e em Marli Furtado (2002) na sua tese Universo
    derruído e corrosão do herói em Dalcídio Jurandir em que a análise das personagens
    com seus respectivos dramas psicológicos serão fundamentais para o entendimento
    da obra estudada. Para tanto, a metodologia que será empregada é a leitura teóricointerpretativa,
    com o intuito de compreender de que forma Alfredo vai percebendo o
    que chamaremos de hibridização étnico-cultural ou processos de identitários. Assim,
    esta dissertação está dividida em três seções: a primeira denominada “Chalé-ilha:
    uma metáfora étnico-racial do Marajó” que discutirá os conceitos e desdobramentos
    da palavra identidade, analisando como essas classificações vão permitir entender o
    garoto marajoara em formação. A segunda seção intitulada “Chalé de madeira: um
    encontro com as personagens” objetivará uma análise das personagens que habitam
    o chalé de madeira, lugar onde Alfredo mora, em que encontramos Major Alberto,
    Dona Amélia, Eutanázio e Mariinha, compreendendo que cada espaço possibilita ao
    menino refletir sobre seu lugar social. E por último, a terceira seção, assim chamada
    “Pátio-fronteira: um espaço de apagamentos e silêncio” a qual discutirá sobre Alfredo
    e suas inquietações, suas identidades e, principalmente, sua reflexão diante do seu
    espaço na sociedade.

2018
Descrição
  • ADRIELY CRISTINA DUARTE DA SILVA
  • O HEROÍSMO TRÁGICO DE AQUILES E AUGUSTO MATRAGA: UM ESTUDO DO HERÓI GREGO E DO HERÓI CRISTÃO, EM HOMERO E ROSA

  • Data: 20/12/2018
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  • No presente trabalho, discutiremos como se dá o heroísmo trágico, especificamente na obra A Ilíada, de Homero, em diálogo com o conto “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa. O objetivo deste estudo é pensar o herói trágico na literatura, analisando questões ontológicas do humano, como a angústia e seu temor diante do fenômeno da finitude, onde ocorre a ausculta do sagrado nas vozes dos deuses, no tempo e no mundo. O trágico será um ponto essencial a ser apresentado aqui, pois o herói é aquele que, mesmo diante do terror, onde normalmente o coração é possuído pela angústia e desespero humano, permanece diante da finitude. Deste modo, percebemos Aquiles como um herói grego clássico que se caracteriza como trágico pois enfrenta a si mesmo diante do abismo da morte, e Augusto Matraga como um herói cristão trágico, pois é aquele que caminha na trilha da conversão e nesta vereda não teme perder a própria vida. Nesta senda contemplamos um eclodir de conflitos, valores e acontecimentos poéticos. Este trabalho dialoga com autores que discutem em uma perspectiva ontológica o herói, o trágico, a finitude, como Campbell (1949), Heidegger (2010), Kierkegaard (1979), Staiger (1977), Szondi (2004) e outros.

  • CRISTIANE HELENA SILVA DE OLIVEIRA
  • NECROPOLÍTICA LINGUÍSTICA: SILENCIAMENTO E RESISTÊNCIA DA LÍNGUA TENETEHARA NAS ALDEIAS DO GUAMÁ

  • Data: 17/12/2018
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  • Neste trabalho trazemos o conceito de Necropolítica do camaronês Achille Mbembe tangenciado para a linguística a fim de evidenciar silenciamentos linguísticos ocorridos com as sociedades indígenas brasileiras, mais especificamente os ocorridos com a sociedade indígena Tenetehara. Assim sendo, para nortear esta pesquisa trabalhamos com o objetivo de promover uma análise discursiva acerca das práticas de silenciamento linguístico vivenciadas pelos indígenas Tembé-Tenetehara. Este trabalho está dividido em três capítulos, no primeiro, buscamos apresentar as sujeitas e sujeitos da pesquisa e suas relações com sua língua e cultura, através de uma série de observações e memórias das pesquisas de campo realizadas desde 2015 e de autores como Geertz (2008), cujas reflexões sobre etnografia nos ajudam a fazer pesquisa de campo. Também tomamos como referência Galvão; Wagley (1961), Meira (2017), Gomes (2002), Neves; Cardoso (2015) e Valente (2017) que dedicaram suas pesquisas ao estudo das sociedades indígenas. No segundo, trouxemos algumas teorias da linguística e do discurso para discutir o poder que a língua pode exercer em uma comunidade, sociedade, povo ou população, a partir de Foucault (1996; 2008), Bagno (2007), Scherre (2005), Savedra; Lagares (2012) e Oliveira (2001). Com Fabian (2013) e Neves (2018) propusemos uma discussão sobre a noção de tempo ocidental e tempo cosmológico, a partir do cotejamento das narrativas de origem das línguas nas perspectivas do povo Makurap (Silva, 2003) e da Bíblia. A segunda divisão teórica trata especificamente das sociedades indígenas e de como os Tenetehara foram silenciados nas Aldeias do Guamá, para estas análises, nos fundamentamos em Neves; Carvalho (2014) e Mignolo (2008) e procuramos discutir o conceito de colonialismo. Barreto (1998) e Fiorin (2000) ilustram como a língua indígena tupi era vista dentro da literatura brasileira. Para finalizar, colocamos em discussão as formulações de Biopolítica propostas por Foucault (1988; 1996; 2000) e retomadas por Mbembe (2016), que analisam o poder do soberano, aniquilação dos corpos e Necropolítica. E, por fim, e como não deveria faltar, as vozes indígenas são representadas pelos próprios indígenas Krenac (1999), Smith (2016) e Tembé (2017). Os achados iniciais apontam que trazer o conceito de Necropolítica para uma discussão linguística é extremamente desafiador.

  • JOSE FRANCISCO DA SILVA QUEIROZ
  • FUTUROSOS E FUTURISTAS: UMA HISTÓRIA PELO AVESSO DA ARTE MODERNA NO PARÁ

  • Data: 14/12/2018
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  • Este trabalho de história de literatura focaliza o ambiente cultural e literário da cidade de Belém, capital do Estado do Pará, durante a década de 1920. As extrapolações histórico-cronológicas que ultrapassam essa década - tanto anterior como posteriormente - foram necessárias para enfatizar alguns posicionamentos estéticos e afirmações feitas segundo o Cânone Modernista instituído. Partindo de uma abordagem narratológica (SCHMID, 2010; DOLEZEL, 2010), auxiliada por noções de Estética da Recepção (JAUSS, 1994, 2010); transmigramos algumas ferramentas teóricas e reflexões críticas desses ramos de pesquisa para empregá-las na composição de uma narrativa historiográfica assentada na investigação dos "arquivos literários" configurados na mídia jornalística. Dentro desse escopo narratológico também fizemos investidas críticas na avaliação de algumas obras publicadas nesse período, bem como, a contestação da história canonizada do suposto Modernismo Paraense. Apresentamos assim uma perspectiva diferente dos eventos que movimentaram o ambiente cultural paraense durante as primeiras décadas do século XX. Os assuntos explorados aqui comportam a tradição poética e narrativa criada por autores paraenses ou radicados no Estado; apresenta a cultura dos festejos cívicos e o empenho associativo dos intelectuais; além de abordar a circulação das idéias artísticas da Arte Nova (Dadaísmo, Cubismo, Futurismo, etc..) as quais foram criticadas abertamente pela grande maioria de intelectuais (jornalistas, poetas, prosadores...) "Novos" ou "Velhos". Se os trabalhos historiográficos mais conhecidos dos anos de 1920 afirmam o "triunfo da ideia modernista" no Brasil (GOUVEIA, 2013), esta pesquisa apresentará uma narrativa em que a valorização da tradição poética, da prosa telúrica e do patriotismo histórico foram os conceitos fundamentais que unificaram artistas e intelectuais "locais" e não a propalada história de uma "adesão" ao Modernismo Paulista.

  • LUCILIA LUBIA DE SOUSA PINHEIRO
  • CINZAS DO NORTE, DE MILTON HATOUM, UM ROMANCE DE FORMAÇÃO

  • Data: 13/12/2018
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  • O presente estudo apresenta a obra Cinzas do Norte (2005), do escritor Milton Hatoum, à luz do conceito de Bildungsroman (romance de formação). Primeiramente, observa-se o que R.Selbmann (1994) considera a ―instância obrigatória‖ de um romance de formação, a presença da formação (escolar e/ou profissional). Para situar o leitor no âmbito da discussão sobre o romance de formação, são discutidos os estudos produzidos no Brasil e no contexto amazônico sobre obras que se caracterizam como um romance de formação/educação. No segundo momento o estudo desdobra-se sobre a forma estrutural do romance no que diz respeito ao narrador, enredo, tempo e espaço. Visualiza a possibilidade de leitura da obra de Hatoum, a partir da temática da formação. O estudo traz ainda a recepção da obra, ressaltando o aspecto memorialístico apontado pela crítica.

  • CLARA ALICE DA SILVA GUIMARÃES BRASIL
  • A CIDADE-PERSONAGEM DE BELÉM DO GRÃO-PARÁ

  • Data: 29/11/2018
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  • A cidade estabelece importantes significações para a Literatura. Dessa maneira, muitos estudos apontam para essa relevância, buscando entender a relação que ela estabelece com a obra literária. Em “Belém do Grão-Pará” (1960), de Dalcídio Jurandir, isso não é diferente, pois a cidade se torna figura crucial para o enredo do romance; tanto que muitos estudiosos, como Nunes (2006), Linhares (1987), Furtado (2010), Ornela (2003), Castilo (2007), enfatizaram o papel que a cidade designa na narrativa, mais precisamente, apontaram a personificação vigente nas linhas romanesca. Considerando essa perspectiva, a iniciativa desse estudo funda-se na necessidade de ampliar essa indicação. Para isso, objetiva-se interpretar a cidade de Belém como personagem na obra “Belém do Grão-Pará”. Sendo que, para alcançar esta proposta, pretende-se observar os limites entre personagem e espaço na narrativa; compreender como a configuração da cidade pode estabelecê-la como personagem; e, paralelamente, examinar como a cidade dialoga com as demais personagens. Para tanto, procede-se à pesquisa bibliográfica sobre as diversas definições de espaço, personagens e cidades na literatura. Textos de Osman Lins (1976), Candido (2011), Santos e Oliveira (2001), Dimas (1985), Dias (1986), Briesemeister (1998), Freitag (1998) Mesquita (1986), Borges Filho (2007; 2009), Barbieri (2009), entre outros, foram imprescindíveis para a reflexão dessa proposta. Desse modo, observa-se que as fronteiras entre espaço e personagem são tênues e, principalmente, contribuem para construir o perfil da cidade, o que permite concluir que ela é personagem em “Belém do Grão-Pará”.

  • DANIEL LOUREIRO GOMES
  • QUEM SOMOS NÓS HOJE? MEMES, SUBJETIVIDADES E MALACOS NO FACEBOOK

  • Data: 23/11/2018
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  • A presente dissertação tem o objetivo de analisar discursivamente a construção de
    subjetividades sobre Belém do Pará. Para isso, seleciono como materialidades memes que
    foram publicados em páginas do Facebook, entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2018,
    que tematizam o estado e sua capital, demonstrando como esse sujeito constrói a si e a seus
    pares por meio de enunciados verbais (FOUCAULT, 2012) e visuais (COURTINE, 2011). A
    ancoragem teórica é realizada por meio da Análise do Discurso e utiliza os postulados
    filosóficos de Michel Foucault que, ao questionar “Quem somos nós hoje?”, abre espaço para
    a busca da compreensão de como os sujeitos se constituem ao longo de uma história
    descontínua. Pensando na trajetória histórica de Belém a partir do dispositivo colonial (NEVES,
    2015) e de seus sujeitos silenciados, analiso processos regulares de (in)visibilização de práticas
    culturais diversas, que expõem a complexidade de uma Belém heterotópica (FOUCAULT,
    2001), em que a periferia é parte de um processo histórico constante e ininterrupto de exclusão.
    No entanto, esse mesmo processo alicerçado em um jogo colonialismo interno (GONZALES
    CASANOVA, 2015) de poder, permite a esses sujeitos marginalizados sua resistência,
    investido sobre si novas formas de poder, calcadas em uma nova ordem discursiva
    (FOUCAULT, 2014), que se coloca, de antemão, como uma contraordem à hegemonia.

  • ALAN VICTOR FLOR DA SILVA
  • A PROSA DE FICÇÃO ASSINADA POR ESCRITORES DA AMAZÔNIA NAS PÁGINAS DO DIÁRIO DE BELÉM

  • Data: 08/11/2018
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  • A partir da pesquisa que realizamos em diversas histórias literárias, verificamos que os únicos escritores de prosa de ficção nascidos na província do Pará durante o século XIX mencionados nessas obras são Inglês de Sousa, Marques de Carvalho e José Veríssimo. O estudo desempenhado em dicionários, enciclopédias e antologias, no entanto, revelou que Inglês de Sousa saiu da região onde nasceu aos onze anos de idade e nunca mais retornou para a terra natalícia, assim como a pesquisa em histórias literárias evidenciou José Veríssimo mais como crítico e historiador da literatura e Marques de Carvalho, por sua vez, como um escritor naturalista sem importância nem para o desenvolvimento da produção literária paraense nem tampouco para a evolução da literatura brasileira. A catalogação que realizamos também em dicionários, enciclopédias e antologias, em contrapartida, demonstrou um número um pouco mais expressivo de autores radicados na província do Pará durante o Oitocentos que se dedicaram à imprensa periódica e à produção literária. Esses escritores, porém, não obtiveram visibilidade nacional nem alcançaram um lugar no cânone da literatura brasileira. Do mesmo modo, a pesquisa na imprensa periódica belenense oitocentista realizada por membros do Grupo de Estudos em História da Literatura (GEHIL), coordenado pela Profa. Dra. Germana Maria Araújo Sales, também tem demonstrado um considerável número de escritores colaborando com produções escritas tanto em verso quanto em prosa de ficção para periódicos que circularam pela capital paraense durante as últimas décadas do século XIX. Não estamos nos referindo, portanto, a publicações traduzidas nem extraídas de periódicos provenientes de outras províncias do Brasil, mas sim a publicações originais elaboradas para serem lançadas primeiramente em jornais que circularam por Belém. As dissertações provenientes da pesquisa realizada por membros do GEHIL em periódicos belenenses oitocentistas, no entanto, têm procurado estudar a circulação de versões traduzidas da prosa de ficção assinada por escritores estrangeiros ou de produções extraídas de periódicos de outras províncias do país assinadas por escritores brasileiros. Em razão dos poucos estudos sobre escritores que se firmaram a partir de publicações originais para a imprensa periódica belenense, procuramos promover um trabalho que se dedicasse a percorrer um caminho sobre a circulação e a produção de prosa de ficção assinada por escritores que se estabeleceram na capital paraense durante o século XIX e contribuíram para a imprensa periódica belenense oitocentista. O nosso intento, portanto, não é colocar em evidência autores cujas produções foram traduzidas ou extraídas de outros periódicos que circularam por lugares distintos do território brasileiro, mas sim escritores que se localizaram na capital paraense e escreveram narrativas ficcionais originais para a imprensa periódica belenense oitocentista. Para desenvolvermos a pesquisa, selecionamos como principal periódico a ser estudado o Diário de Belém (1868-1892), pois esse jornal circulou diariamente na capital paraense, perdurou por mais de uma década em circulação e foi o primeiro a oferecer oportunidade e espaço para que escritores radicados em Belém se aventurassem pela atividade da produção literária. A partir das considerações que tecemos, pretendemos, com esta tese, demonstrar como escritores e jornalistas envolvidos na imprensa periódica belenense oitocentista interpretaram alguns temas, por exemplo, associados à (in)existência de uma literatura na Amazônia ou na província do Pará, à publicação de obras assinadas por escritores fixados em Belém, às escolas literárias do século XIX, assim como o Romantismo, o Realismo e o Naturalismo, entre outros. Além disso, objetivamos traçar um perfil da prosa de ficção publicada no Diário de Belém assinada por escritores radicados na capital paraense.

  • FRANCELINA RIBEIRO BARRETO
  • MEMÓRIA E HISTÓRIA EM EL PAÍS DE LA CANELA DE WILLIAM OSPINA

  • Data: 08/11/2018
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  • Esta dissertação tem como objetivo analisar a representação do passado destacando como se constitui o elemento memória na matéria histórica aqui representada pelo romance El país de la canela (2008) do escritor colombiano William Ospina. A obra faz parte de uma trilogia que conta ainda com Ursúa (2005), o primeiro livro publicado, e La serpiente sin ojos (2012), o último. A partir da análise do referido romance, partimos do pressuposto de que a persistência das memórias de dominação, imposição de cultura e exercício do poder, estabelecido no contato entre colonizador e colonizado, possibilitam que aproximemos a narrativa do Novo Romance Histórico Latino-americano, gênero que se apropria da matéria histórica viabilizando sua representação. Nesse sentido, o empreendimento analítico perpassa pelos pressupostos teórico-metodológicos da Nova Narrativa Latino-americana (AÍNSA, 1991; FLECK, 2017; MENTON, 1993), da relação Memória/História (BENJAMIN, 1987; GAGNEBIN 2006; HALBWACHS, 2004; LE GOFF, 2011; ROSSI, 2010), e da Decolonialidade (QUIJANO, 2005; MALDONADO-TORRES, XXXX). Portanto, a análise realizada favorece a compreensão de como as memórias coletivas, individuais e históricas guardam os rastros dos grupos vencidos no período da colonização, que por meio da obra recebem sua representatividade diante de um narrador mestiço.

  • FRANCISCO JOSE CORREA DE ARAUJO
  • A MEMÓRIA DAS REPRESENTAÇÕES DE MORTE E AIDS NO CONTO E NO CINEMA DA DÉCADA DE 80

  • Data: 05/11/2018
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  • A presente dissertação intitulada “A Memória das Representações de Morte e Aids no Conto e no Cinema da Década de 80” analisa como se constituiu a memória das representações de morte e aids na contística de Caio Fernando Abreu e na produção cinematográfica do final da década de 80. Por isso, neste processo recorremos às contribuições literárias, históricas, sociológicas, filosóficas e artísticas a respeito das relações entre memória, morte e aids. A década de 80 foi marcada pela descoberta da aids e essa descoberta gerou medo mundial por conta dos altos níveis de letalidade da doença. Podemos dizer que a descoberta do vírus HIV “imobilizou” a ciência, pois foi responsável por provocar um conjunto de situações traumáticas, que envolveram o silenciamento, o preconceito e o enlutamento. Por isso, buscamos: identificar o processo de construção da memória na história das representações de morte e aids no Brasil; reconhecer como Caio Fernando Abreu, em Os dragões não conhecem o paraíso (1988), representa a morte relacionando-a com a aids utilizando uma linguagem literária de resistência; e refletir sobre o teor testemunhal do filme: Caminhos Cruzados (Dirigido por Rob Epstein. EUA/1989). A pesquisa aqui proposta segue uma metodologia de estudo bibliográfico, no qual concluímos que a memória da aids nos anos 80 revela uma representação de morte catastrófica e silenciadora, marcada pelo preconceito e ineficiência de políticas públicas, contudo testemunha também a resistência de movimentos sociais pelas conquistas de direitos. Assim, a existência da construção de uma memória coletiva que representou a realidade histórica da aids nos possibilita a esperança de dias melhores onde o ser humano se relacione mais harmonicamente com a morte, onde haja maior entendimento sobre a diferença entre viver com HIV e morrer de aids. E nesta construção textual, a literatura ainda tem muito a contribuir para romper os silêncios que cercam a temporalidade do existir.

  • FRANCISCO ARIMIR ALVES CUNHA FILHO
  • A DIDÁTICA DO PLURILINGUISMO E O REPERTÓRIO LINGUÍSTICO DISCENTE NO ENSINO-APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM ENCONTRO ENTRE PROFICIÊNCIA E FORMAÇÃO PARA DIVERSIDADE

  • Data: 30/10/2018
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  • Este trabalho tem como objetivo principal verificar em que medida uma didática plurilíngue favorece a aprendizagem do português língua estrangeira em turmas heterogêneas do ponto de vista linguístico-cultural. Nossos dados foram gerados a partir do registro de várias situações de ensino e de entrevistas com os discentes que avaliaram o trabalho realizado no início e no final do curso. Escolhemos seguir o modelo qualitativo para o tratamento de descrição e análise dos dados (CROKER, 2009; OLIVEIRA, 2015; DÖRNYEI, 2007). Além disso, utilizamos a abordagem multimétodos para estabelecermos um diálogo entre nossas ações de ensino e as considerações dos alunos (CRESWELL; CLARK, 2011; OLIVEIRA, 2015; SPRATT; WALKER; ROBISON, 2004) combinanando a pesquisa-ação com a pesquisa etnográfica (THIOLLENT, 2000; MONTAGNE-MACAIRE, 2007; DÖRNYEI, 2007; JOHNSON, 1995). No tocante ao referencial teórico, embasamo-nos no conceito de competência pluricultural e plurilíngue, com ênfase nos aspectos linguístico, psicolinguístico e sociolinguístico dessa competência (PY, 1991; DABÈNE, 1994; DEPREZ, 1994; MOORE, 1995; CASTELLOTTI; MOORE, 1997; COSTE; MOORE; ZARATE, 1997, 2009; CONSELHO DA EUROPA, 2001). Nessa perspectiva, destacamos a noção de repertório linguístico do indivíduo plurilíngue. Recorremos também às diretrizes didático-metodológicas da abordagem acional e de práticas plurais – reunidas no que chamamos de didática do plurilinguismo – para guiar nossas atividades junto aos discentes (PICCARDO, 2014; CONSELHO DA EUROPA, 2001; BOURGUIGNON, 2012; PUREN, 2002; BLANCHET, 2014; CASTELLOTTI, 2010; CANDELIER, 2008; MEISSNER, 2002b). Estes, provenientes de países africanos e do Caribe, são sujeitos plurilíngues, usuários de duas ou mais línguas. Levamos em conta esses saberes prévios para facilitar e potencializar a aprendizagem deles. Implementamos ações suscetíveis de estabelecer um ambiente propício às práticas plurilíngues. Ao longo do curso, constatamos um posicionamento cada vez mais aberto do grupo no que diz respeito à didática do plurilinguismo: as alternâncias de línguas, anteriormente reservadas, começaram, aos poucos, a ser compartilhadas conosco; aos poucos também, eles passaram a olhar todas as suas línguas com o devido apreço, entenderam que elas não são entraves à aprendizagem, mas parceiras desse processo. Esses e outros resultados obtidos com esta pesquisa-ação nos levaram a considerar viável e importante a inserção do capital linguístico dos alunos no transcurso de sua aprendizagem do português, tanto para aprender com mais eficácia essa língua, como para ajudá-los a serem pessoas que respeitam todas as línguas e culturas.

  • FÁBIO LUIDY DE OLIVEIRA ALVES
  • A VERIEDADE DO PORTUGUÊS FALADO PELOS ASURINÍ DO XINGU E PELOS ARAWETÉ: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO

  • Data: 25/10/2018
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  • O presente trabalho é um estudo geossociolinguístico do português falado pelos Asuriní do Xingu e pelos Araweté. O estudo levou em consideração orientações de novas tendências de pesquisas geolinguísticas em áreas indígenas, a saber: os projetos Atlas Lingüístico Guaraní-Románico (ALGR) e Atlas Linguístico do Português em Áreas Indígenas (ALIPAI), para a definição do tema da pesquisa, a variedade lexical do português de sociedades indígenas Tupí-Guaraní. A pesquisa apresentou como objetivo geral mapear parte da diversidade lexical do português dos Asuriní do Xingu e dos Araweté. O estudo se justifica pelo fato da variedade do português falado por essas duas etnias indígenas nunca ser registrado e nem interpretado sob a perspectiva de uma abordagem variacionista. Para a formação do corpus, selecionamos quatro aldeias que serviram como pontos linguísticos, são elas: Itaaka, Kwatinemu, Ipixuna e Pakaña. As duas primeiras aldeias pertencem aos Asuriní e as duas últimas, aos Araweté. Em cada ponto, trabalhamos com quatro colaboradores indígenas estratificados por sexo (homem e mulher) e por faixa etária (pessoas de 18 a 25 anos e pessoas de 35 a 45 anos), o que totalizou dezesseis colaboradores. Os dados foram coletados a partir da aplicação do questionário semântico-lexical (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil. Após os procedimentos de coleta de dados, eles foram tratados e mapeados em cartas linguísticas. Os resultados das cartas mostram que a sociedade Asuriní do Xingu apresenta mais diversidade lexical em relação à sociedade Araweté para o português pesquisado e que os homens jovens dessas duas sociedades são o perfil social que mais manifesta variação do léxico. Assim, os Asuriní do Xingu e os Araweté apresentam níveis diferentes de conhecimento lexical do português bem como os falantes das distintas etnias apresentam níveis diferenciados desse conhecimento dentro de suas sociedades, conhecimento que sofre influências sociolinguísticas do entorno, influências geográficas e influências de fatores sócio-culturais desses dois povos.

  • ALLINE ARAÚJO COSTA
  • A FISSÃO NO PARADIGMA DISTÓPICO: 1984 E VERDE VAGOMUNDO

  • Data: 11/10/2018
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  • A dissertação analisa, em primeiro momento, o contexto catastrófico e dramático identificado nas narrativas, as formas representativas dos apelos aos contextos históricos que essas têm manifestado. Desta maneira, as referidas produções literárias separadas para análise são Nineteen Eighty-Four (1949), de George Orwell, ambientada em Londres e Verde Vagomundo, de Benedicto Monteiro, ambientada em Alenquer. As obras mantem a memória de episódios marcantes na história do mundo, como a II Guerra Mundial e a Guerra Fria, e mais próximo da realidade nacional, do Brasil, com a Ditadura Militar de 64. Deste modo, Miguel, o tal afilhado-do-diabo, é apresentado como resistente a qualquer tipo de sistema autoritário, ademais, às imposições ditatoriais que alcançara sua pacata cidade rodeada de rios e florestas amazônicas, percebe-se, então, que as memórias de infância contribuem de modo crucial para a postura de resistência adotada pelos protagonistas. Winston, por sua vez, tem constantes flesh’s de memória e sensações de uma Londres diferente da que está vivenciando. Conseguinte a esse pequeno panorama das obras, veremos neste texto o estado de exceção como estrutura distópica da narrativa, condição social essa que pressiona os personagens a se silenciarem diante da repressão e de suas inconformações. Deste modo, é preciso dizer, desde então, que a análise é comparativa no âmbito da infância e da produção de resistência a partir das memórias dos dois personagens, dentro de suas particularidades. Por esse motivo, abordaremos alguns temas que consideramos pertinentes para a pesquisa, tais temas estão presentes no mote de abordagem propostas por Walter Benjamin; Giorgio Agamben; Michel Foucault; Aleda Assmann; Roberto Esposito; Alfredo Bosi, entre outros. Temas como: Memória; Docilização; Silenciamento; Homem Matável.

  • NAYANA REGINA DE MORAES
  • A PERSPECTIVA LABIRÍNTICA NA MEMÓRIA DO NARRADOR EM VERDE VAGOMUNDO, DE BENEDICTO MONTEIRO

  • Data: 13/09/2018
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  • Este estudo aborda a perspectiva da memória do narrador-personagem no romance Verde Vagomundo (1972), de Benedicto Monteiro. A pesquisa parte de imbricamentos narrativos observados a partir de elementos que constituem a memória individual e coletiva do personagem major Antônio, que ao regressar para sua cidade natal, depara-se com o imaginário de memórias da Amazônia ribeirinha. A memória de major transita por recordações de um passado distante do cotidiano urbano, na medida que, ao defrontar-se com as imagens de sua terra natal, a personagem-narrador reelabora o lugar da infância, aproximando-se de narrativas ligadas à tradição oral. Busca-se, ainda, entender o contexto ao qual está inserida a obra de Benedicto Monteiro, haja vista a interação da referida prosa literária com a atmosfera política da ditadura militar brasileira. Adiante, avalia-se a pertinência de teorias do narrador contemporâneo, cujo estudo aqui interpreta a memória como bifurcação de experiências subjetivas do homem moderno, urbano e fragmentado. Ao regressar a sua cidade de origem, o narrador de Verde Vagomundo concebe na narrativa a experiência de tensão do homem no mundo. A base teórica da discussão compreende os estudos de Walter Benjamin (1987), Theodor Adorno (2003), Silviano Santiago (1989), Cândido (1989) (2007), Henri Bergson (1999), Maurice Halbawachs (2003) e Jacques Le Goff (2014).

  • ANA LILIA CARVALHO ROCHA
  • DO CORPO TORTURADOR AO CORPO TORTURADO: REPRESENTAÇÕES DA MÁQUINA DITATORIAL NA LITERATURA BRASILEIRA

  • Data: 13/09/2018
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  • A literatura brasileira apresenta em algumas de suas manifestações a marca da
    violência. Os textos que se enquadram nesse aspecto geralmente estão ligados ao
    recorte histórico da ditadura militar, cuja insígnia é a violência de Estado. Nosso
    objetivo é traçar a representação do que denominamos enquanto máquina ditatorial
    e suas ramificações: o corpo torturador e o corpo torturado, partindo dos textos
    literários que relatam os eventos ocorridos durantes os anos de chumbo no Brasil.
    Compreendemos que no seio do evento ditatorial, o “encaixar” das peças foi
    essencial para o eficaz funcionamento da máquina do Mal. Ao levantar o debate
    sobre a máquina ditatorial, esta tese perpassa por análises que irão desde a tortura
    e a sua presença na história da humanidade, sendo ela por vezes camuflada ou
    espetacularizada, passando pela figura do perpetrador, até chegarmos na vítima do
    Mal, da barbárie, ou seja, o corpo torturado. Considerando que o corpo torturado é
    uma das engrenagens resultantes do poder coercitivo ditatorial, também
    pretendemos mostrar que a presença da tortura é um dos elementos que movem as
    engrenagens ditatoriais, no que concerne aos movimentos coercitivos e repressivos.
    O alvo da tortura é o corpo do acusado/condenado e os textos que nos propomos a
    analisar se encontram com a linguagem que se manifesta na abjeção, seja na fala
    do torturador, seja na fala do torturado. Para o corpus deste trabalho foram
    coletados seis contos literários e uma narrativa testemunhal, sendo eles: 1. “Pelos
    pobres de Tegucigalpa”, de Arturo Gouveia; 2. “A Casa de Vidro”, de Ivan Ângelo; 3.
    “O Jardim das Oliveiras”, de Nélida Piñon; 4. “Não passarás o Jordão” e 5. “Um
    estranho à porta” de Luiz Fernando Emediato; 6. “O leite em pó da bondade
    humana” de Haroldo Maranhão e 7. “Retrato Calado” de Luiz Roberto Salinas
    Fortes. De forma a contemplar a organização desta tese, fizemos sua divisão em
    quatro capítulos que nos auxiliarão no debate aqui proposto. Para além, buscamos
    arcabouço teórico para estruturar com maior propriedade as hipóteses e
    questionamentos levantados, desta maneira recorremos aos estudos de Agamben,
    Calveiro, Foucault, Selligmann-Silva, Sarmento-Pantoja, Schollhammer, entre outros.

  • LOURDES NAZARÉ SOUSA FERREIRA
  • DESAMPARO E INSULAMENTO NAS OBRAS "A ILHA DA IRA", DE JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO E "ORFÃOS DO ELDORADO", DE MILSON HATOUM

  • Data: 12/09/2018
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  • A presente tese buscou analisar duas obras literárias contemporâneas, o romance Órfãos do
    Eldorado de Milton Hatoum (2008), e a peça de teatro A Ilha da Ira, de João de Jesus Paes
    Loureiro, presente no livro “Obras reunidas: teatros e ensaios” (1976). As vozes discursivas
    que ecoam das personagens nas narrativas foram importantes para responder a argumentação
    a qual é pautada essa tese: o conceito de desamparo tal como é entendido ao longo de séculos
    revela-se insuficiente para dar conta das experiências angustiadas e traumatizadas erigidas no
    texto literário. E como para representar aspectos psíquicos sempre se faz necessário construir
    sentidos, este estudo teve como fundamento a observação de todos os procedimentos teóricos
    expressivos para a composição textual. Tornando-se fundamental esclarecer, em vista da
    proposição que foi exposta e avaliada neste trabalho, os termos insulamento e desamparo. Por
    isso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma leitura comparativa das duas obras, verificando
    por meio dos discursos das personagens como o desamparo se revela em uma produção
    literária a partir do século XX. Por esse viés, a reflexão desenvolvida se debruçou sobre
    visões empreendidas por meio de um estudo teórico-investigativo embasado principalmente
    num arcabouço teórico transdisciplinar com a psicanálise freudiana, para que fosse ampliado
    o olhar sobre o desamparo ao emergir do espaço literário. Essas discussões encontraram seu
    principal suporte teórico nos livros Inibições, Sintomas e Angústia, de Sigmund Freud (1996),
    Birman (1999), Camon (1990), Maffesoli (1987), Michaud (2001), dentre outros teóricos cuja
    contribuição foi de cabal relevância como forma de apresentar as argumentações, os seus
    contextos e as relações que possuem com o cerne da pesquisa. A pesquisa permitiu identificar
    nas obras do corpus, a existência, como um arsenal metafórico de sensações e afetos que se
    manifestam com imensa força representativa de comportamentos e conflitos universalizantes,
    como a solidão, a angústia, a violência, o abandono, a falta. Por isso, o desamparo será
    entendido, neste estudo, que ao erigir das produções literárias contemporâneas se apresentará
    como um agregador de afetos e sentidos sendo pertinente tomá-lo como paradigma ou
    ferramenta analítica para a compreensão de outros textos ficcionais semelhantes.

  • JEANNE BARROS DE BARROS
  • PARA A LÍNGUA VOLTAR: ASPECTOS DA POLÍTICA E DA CULTURA LINGUÍSTICA NO PROCESSO DE REVITALIZAÇÃO DA LÍNGUA APURINÃ (ARAUÁK)

  • Data: 31/08/2018
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  • Esta pesquisa tem o objetivo de fazer um levantamento da situação atual de ensino na língua Apurinã (Aruák) e analisar e descrever aspectos da política e cultura linguística Apurinã em seu processo de fortalecimento. Há quase 30 anos a língua Apurinã vem sendo documentada e descrita, desses trabalhos foi possível iniciar ações para o fortalecimento da língua nas comunidades. Tais iniciativas envolveram a produção de materiais didáticos produzidos em coautoria com falantes da língua Apurinã. O presente trabalho tem os professores indígenas Apurinã como principais participantes. Busca atualizar informações acerca do ensino da língua no contexto escolar, uma vez que a escola e a escrita na língua são consideradas, pelos professores e representantes das comunidades indígenas Apurinã, instrumentos importantes no processo de fortalecimento e manutenção linguística. Investigamos, também, no contexto escolar, aspectos da política linguística (usos e escolhas linguísticas) e da cultura linguística (ideologias e crenças) determinantes ao processo de fortalecimento linguístico por estarem associadas a concepções e atitudes em relação aos processos de mudança linguística, manutenção e ensino ou não ensino de línguas. Os procedimentos metodológicos utilizados compreendem o levantamento bibliográfico sobre estudos da Política Linguística e da Cultura Linguística e suas relações com o fortalecimento linguístico. Consideramos ainda estudos a respeito das Políticas Linguísticas voltadas aos povos indígenas brasileiros, assim como os sentidos e representações da escrita nos processos de escolarização indígena, e, finalmente, análise dos dados coletados em viagem de campo nos meses de março e setembro de 2017. Este trabalho reúne, portanto, informações relativas às iniciativas de fortalecimento da língua em contexto escolar, reflexões sobre as escolhas linguísticas e ideológicas do povo Apurinã e como tudo isso pode beneficiar as iniciativas de fortalecimento e manutenção da língua Apurinã reivindicadas por seu povo.

  • ÊRLAN QUEIROZ DIAS
  • REALISMO TRAUMÁTICO NA NOVELA NA COLÔNIA PENAL

  • Data: 31/08/2018
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  • Esta dissertação abordará o realismo traumático focalizando como objeto de estudo a novela ficcional em prosa intitulada Na colônia penal, publicada em 1919, de Franz Kafka e a novela gráfica, publicada no ano de 2011, por Sylvain Ricard e Maël. Essa análise busca comparar os objetos de estudo para compreender como o realismo traumático se expressa nessas novelas. Sendo este produzido pela manifestação da violência pela figura autoritária e opressora (Oficial) e é direcionada ao personagem martirizado (Condenado), através da presença de uma sentença que o levará à violência, a opressão, a tortura, ao trauma e a morte. A análise percorrerá para além do texto e da novela gráfica, o que potencializa a percepção as características do realismo traumático. Para isso, consideramos algumas abordagens teóricas a respeito das novelas gráficas e dos realismos: traumático e abjeto, a partir dos estudos de Hal Foster (2017), Karl Erik Schøllhammer (2013) e Julia Kristeva (1982). E no que se refere à relação da novela gráfica com as temáticas do trauma e do choque, empregamos as concepções de Gina Ross (2014), Sigmund Freud (1980) e Walter Benjamin (1986).

  • THAIS DO SOCORRO PEREIRA POMPEU SAUMA
  • ANTROPOFAGIA HAROLDIANA: A REESCRITA COMO PROJETO LITERÁRIO

  • Data: 31/08/2018
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  • A tese tem como objetivo principal demonstrar a atitude antropofágica, no sentido oswaldiano, presente na escrita de Haroldo Maranhão (1927-2004). A pesquisa de natureza bibliográfica baseou-se em vários textos críticos sobre a antropofagia, a escrita e reescrita literária, a fortuna crítica sobre o escritor paraense, além de sua obra que foi lida inteiramente. O gesto antropofágico é estudado em três romances do escritor: O Tetraneto del-Rei (1982), Cabelos no coração (1990) e Memorial do fim (1991), os quais denominamos de tríade antropofágica para os referenciar de forma mais didática. Inicialmente foi realizada uma reflexão sobre a antropofagia desde o seu começo e de todos os seus desdobramentos no campo das artes e da cultura nacional, tendo o Manifesto Antropófago (1928) de autoria de Oswald de Andrade como principal base teórica. Em seguida estudou-se a antropofagia como forma de pensamento que percorre a escrita haroldiana, e que pode ser encontrada em outras obras para além do recorte proposto. A antropofagia, na obra de Haroldo Maranhão, tem várias motivações de natureza crítica, como a trapaça e a reescrita da história, o avivamento de personalidades influentes, porém apagadas pelo discurso dominante, e também como forma de legitimação de sua escrita a partir da incorporação de escritores canônicos. O esforço por encontrar a presença de outros textos inseridos nas obras em análise nos possibilitou considerar Haroldo Maranhão como um escritor antropófago, pelos vários procedimentos de reescrita frequentes em seus romances, que coincidem com as bases do movimento antropofágico oswaldiano, tais como: a subversão discursiva, a apropriação, a reescrita, a desconstrução e a ironia como ferramentas de traição ao texto anterior, e a inversão da história dos vencedores. A pesquisa permitiu concluir que a escrita canibalesca de Haroldo Maranhão propõe novos sentidos ao processo de colonização brasileira, acrescenta informações sobre a vida e a obra de personalidades históricas apagadas pelo discurso da tradição e apropria-se do cânone literário como forma de penetração e legitimação para fins de consagração do texto. A explicação da atitude antropofágica em Haroldo Maranhão nunca se afastará da concepção de que o escritor antropofágico se constrói a partir de seu posicionamento como leitor crítico da tradição, ou seja, a atitude antropofágica é oriunda do intenso hábito de leitura, que se articula posteriormente como reescrita capaz de promover o “apagamento das fontes” a partir da apropriação de outras vozes para que ocorra a penetração no discurso dominante.

  • IVANIA DA SILVA PEREIRA DE MELO
  • ARAGUAIA EM VERSO E PROSA: OS POEMAS DA GUERRILHA VEICULADOS PELO RESISTÊNCIA (O JORNAL EM DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS)

  • Data: 30/08/2018
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  • A guerrilha do Araguaia, movimento revolucionário ocorrido no norte do Brasil durante a primeira metade da década de 1970, ganhou destaque nas páginas do jornal Resistência, tanto em verso como em prosa. Em fevereiro de 1979 o mensário alternativo de Belém do Pará publicou, com exclusividade, oito poemas transcritos do folheto Primeiras Cantigas do Araguaia, assinado por Libério de Campos. Com o propósito de identificar o enquadramento de tais textos na poética de resistência, buscou-se apoio nas aproximações de Alfredo Bosi sobre a resistência como tema e como processo. Por se tratar de produções inseridas em um contexto de militância política, adotou-se uma abordagem fenomenológica. Outras duas verificações, realizadas através dos procedimentos observacional e comparativo, merecem destaque no texto, são elas: a função desempenhada pelo jornal Resistência referente aos direitos humanos; e a semelhança entre a existência do guerrilheiro e a do homo sacer no sentido de “vida nua”, ou seja, aquele que passa à ilegalidade e é obrigado a viver em uma zona de indiferença sob a condição de matável, desprotegido juridicamente e com o corpo exposto à violência extrema, comparação realizada com base nos fundamentos de Giorgio Agamben. Este trabalho apresenta três sondagens que relacionam Literatura, Imprensa e História, sendo estas duas últimas importantes suportes para o desenvolvimento do estudo realizado sobre os “poemas da guerrilha do Araguaia”.

  • JONATHAN PIRES FERNANDES
  • ATONIA E DEGRADAÇÃO EM PERSONAGENS DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 30/08/2018
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  • O presente trabalho propõe um estudo sobre os seguintes personagens da obra de Dalcídio Jurandir: Eutanázio, de Chove nos campos de Cachoeira (1941), Edmundo Meneses, de Três casas e um rio (1958) e Virgílio Alcântara, de Belém do Grão Pará (1960). Discorre sobre os três personagens com base em duas temáticas que, segundo a proposição desta pesquisa, se fazem presentes na composição de cada um: atonia e degradação. Argumenta-se que esses dois elementos estão relacionados a uma das principais linhas interpretativas da obra de Dalcídio Jurandir que é a de que o seu universo romanesco é constituído, em sua maior parte, por heróis negativos e desiludidos que trafegam por um cenário desalentador e decadente. Nesse contexto, eles manifestam traços negativos como atonia e degradação, elementos que podem ser entendidos como paixões que dominam a vida mental dos personagens. Busca-se analisar de que forma essas paixões se manifestam em cada personagem, as consequências que elas trazem para cada um e por qual razão os personagens foram levados a elas. Entre os principais trabalhos que fundamentam esta pesquisa estão os de Berman (1982), Candido (1964), Candido (1968), Descartes (1649), Furtado (2002), Lebrun (2009), Lukács (1920) e Marx & Engels (1848).

  • DAVI PEREIRA DE SOUZA
  • FRASEOLOGISMOS NO DISCURSO POLÍTICO BRASILEIRO: UMA PROPOSTA DE GLOSSÁRIO

  • Data: 28/08/2018
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  • Esta pesquisa, de abordagem quali-quantitativa, tem como objetivo geral produzir um glossário, em versão impressa e eletrônica, de fraseologismos utilizados no discurso político brasileiro. Por sua vez, os objetivos específicos consistem em: descrever os fraseologismos que caracterizam o discurso político brasileiro; identificar padrões de combinatórias sintagmáticas recorrentes no corpus e; verificar possíveis variantes fraseológicas. Os fraseologismos, ou unidades fraseológicas, são combinações sintagmáticas recorrentes (MEJRI, 1997, 2012), caracterizadas, dentre outros aspectos, pela sua polilexicalidade, fixidez, frequência, congruência e idiomaticidade. Para tanto, adotou-se uma metodologia orientada pelos pressupostos gerais da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004) e sua relação com a Fraseologia (TAGNIN, 2005, 2011). A pesquisa foi dividida em cinco etapas principais, a saber: i) revisão da bibliografia sobre a área em foco, particularmente as pesquisas fraseológicas desenvolvidas no Brasil e na França; ii) constituição e tratamento do corpus; (iii) seleção do corpus de referência; (iv) procedimentos de análise dos resultados e; v) elaboração do glossário fraseológico. Os 570 textos que compõem o corpus são provenientes de blogs ou websites de 4 (quatro) colunistas que assinam matérias sobre política nas revistas Istoé, Época, Carta Capital e no jornal Folha de São Paulo, tendo sido escolhido um colunista por periódico. Os textos foram publicados entre janeiro de 2014 e dezembro de 2016. Foram utilizados os softwares Words Smith Tools (SCOTT, 2008), que realiza busca semiautomática em grandes corpora textuais, e o Lexique pro – versão 3.6 (SIL, 2004-2012), para preenchimento da ficha fraseológica de cada verbete, resultando posteriormente na organização do glossário, adotando-se microestrutura formada por entrada, categoria gramatical, definição, contexto, variante fraseológica, remissiva e notas. Quanto ao referencial teórico, o trabalho ancorou-se na abordagem francesa da Fraseologia, sobretudo na perspectiva de Salah Mejri (1997, 1998, 1999, 2002, 2005, 2010, 2011, 2012, 2018). O glossário produzido contém 438 entradas, lematizadas e organizadas alfabeticamente pela primeira unidade lexical da sequência. Os resultados demonstram a predominância de fraseologismos da língua geral em detrimento de unidades fraseológicas específicas do discurso político, o que está relacionado ao fato de o corpus não ser especializado, uma vez que os colunistas não são tecnicamente cientistas políticos, mas jornalistas e comentaristas que lidam com assuntos da área e se direcionam para um público geral de leitores, em grande parte formado também por não especialistas. Além disso, a política, sendo de natureza interdisciplinar, produz um discurso que se constitui no cruzamento de outros domínios, como o direito, as ciências sociais, a linguística, entre outros (DORNA, 1995; CHARAUDEAU, 2006). De todo modo, os fraseologismos desempenham um papel peculiar nesse domínio, servindo para produzir diferentes efeitos de sentido, particularmente, os de caráter irônico e ambíguo, presentes nas relações estabelecidas pelos interlocutores inseridos nas tensões ideológicas e político-partidárias que se acirram em momentos de crise política e econômica.

  • JOAO PEREIRA LOUREIRO JUNIOR
  • POÉTICA DO FRACASSO: UTOPIA, MEMÓRIA E ESQUECIMENTO EM "OS DETETIVES SELVAGENS" DE ROBERTO BOLAÑO

  • Data: 28/08/2018
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  • O objeto de pesquisa da presente dissertação é o romance “Os detetives selvagens”
    (1998) do escritor chileno Roberto Bolaño que será investigado a partir de uma
    discussão teórica que compreende os aspectos conceituais sobre utopia e suas
    relações com o tema do fracasso enquanto representação estética para uma literatura
    que abrange o período pós-ditatorial, tendo como dimensão discursiva a própria
    concepção do romance em uma possível análise sobre uma poética do fracasso.
    Outro ponto relevante a ser discutido a partir da análise literária da obra de Roberto
    Bolaño será a dimensão histórica proposta pela narrativa a partir dos conceitos de
    memória e esquecimento como componentes necessários para compreensão da
    história latino-americana como marcas indeléveis no que diz respeito aos traumas
    promovidos pelo advento das ditaduras no continente e como, a partir de uma releitura
    do passado a derrota geracional passa a ser vista como uma alegoria para a
    compreensão da resistência enquanto utopia reinventada. Nesse sentido, se analisa
    a construção estrutural do romance e seus aspectos polifônicos, aplicando-os aos
    aportes teóricos sugeridos pela pesquisa no afã de estabelecer o sentido de
    inquietude dos personagens que se movem no tempo e espaço da narrativa
    procurando por uma utopia que se reinventa como busca permanente, enquanto
    tentam dar voz a um passado ausente reerguido pelos mecanismos da memória. É
    importante destacar que além dos referidos aspectos conceituais a respeito de utopia
    investigados por Fernando Ainsa em A reconstrução da utopia (2006), do tema
    Fracasso/derrota analisados por Spiller e Sánchez (2009), Sánchez e Basile (2004),
    Foucault (2003), Idelber Avelar (2003); e da teoria relacionada à Memória e
    Esquecimento a partir dos estudos de Rossi (2010), Ricouer (2007) e Jacques Le Goff
    (2003), serão agregados à pesquisa, investigações narratológicas propostas por
    Gérard Genette (1979), Tzvetan Todorov (2003) bem como outros estudos sobre a
    novelística de Bolaño propostos por Tena (2010), Sotomayor (2007), a partir do
    diálogo critico/literário que evidencia a importância de alguns aspectos da obra
    analisada (narradores múltiplos, narratários-nômades, estrutura polifônica dos
    testemunhos) a partir deste eterno desejo humano de caminhar por um labirinto
    selvagem, tal qual os personagens bolañianos, perdidos em suas utopias
    reinventadas.

  • REJANE UMBELINA GARCEZ SANTOS DE OLIVEIRA
  • LÉXICO ESPECIALIZADO DO CORTE BOVINO: UMA ABORDAGEM TERMINOLÓGICA E TERMINOGRÁFICA

  • Data: 28/08/2018
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  • Toda linguagem especializada é subconjunto da língua geral e, uma vez que a pecuária de corte possibilita intercâmbio linguístico, cultural, comercial, entre outros, a comunicação, nesse contexto, ora segue o léxico especializado e normalizado pelo MAPA, ora pelas indústrias de processamento da carne bovina brasileira, ora pelas escolhas lexicais resultantes do uso, dos costumes locais. Este estudo, com vistas à variação terminológica e fraseoterminológica existentes no corte bovino, é singular devido à inexistência de obra terminográfica similar. Pretende-se identificar, registrar e analisar essas nomenclaturas orais e escritas, oferecendo como produto um dicionário terminológico e fraseológico que sistematize esse léxico especializado, tornando mais viável o acesso a essa diversidade linguística existente na Cadeia Produtiva do Corte Bovino (CPCB). Como pesquisa socioterminológica, a metodologia adotada fundamentou-se em registros orais e escritos constituindo um repositório de formas e variantes que justificam o porquê de se privilegiar algumas formas patrimoniais em detrimento de outras originadas na cultura local. A pesquisa de campo abrangeu matadouros-frigoríficos estabelecidos no Estado, possibilitou a recolha dos termos e a constituição do corpus. Entrevistas e questionários aplicados aos informantes foram instrumentos de pesquisa que nortearam a seleção e os registros das unidades terminológicas especializadas, assim como a definição dos campos e subcampos semânticos dessa área especializada. Algumas orientações teóricas foram adotadas a partir da Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), postulada por Cabré (1993, 1999) em relação à Terminologia e sua variação; do arcabouço de Bevilacqua (1996, 1999, 2004) sobre Fraseologia Especializada, assim como das diretrizes de Mejri (1997, 1998, 2000, 2006) que descreve e explica o funcionamento das línguas. Dessa forma, tornou-se possível a identificação e registro do léxico especializado do corte bovino em contextos orais e escritos frequentemente utilizados nos processos dessa cadeia produtiva no estado do Pará. Portanto, esta tese atendeu aos princípios da Socioterminologia, ao investigar termos e unidades fraseoterminológicas, além de seu produto constituir um dicionário específico da área do corte bovino, que atenderá às necessidades da pecuária de corte bovino, em que técnicos, pesquisadores, estudantes e todos que tiverem interesse pela área poderão além de consultá-lo, tê-lo como instrumento de difusão e de referência na comunicação entre os atores da CPCB, nas relações técnico-científicas, nas comercializações e em outros estudos linguísticos ou de áreas afins.

  • ELIANE OLIVEIRA DA COSTA
  • ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO LÉXICO DO PORTUGUÊS FALADO EM ÁREAS INDÍGENAS NA LÍNGUA TUPI-GUARANI NOS ESTADOS DO PARÁ E MARANHÃO

  • Data: 27/08/2018
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  • Por muito tempo a Dialetologia caracterizou-se por sustentar a preocupação exclusivamente com o aspecto diatópico da variação linguística. No entanto, a configuração atual das sociedades modernas fez com que ela aceitasse a importância dos fatores sociolinguísticos e das relações de contato linguístico para a compreensão dos fenômenos linguísticos, passando, a partir desse momento, a considerar outras dimensões em que uma língua natural pode diversificar-se. A presente tese insere-se nessa perspectiva geossociolinguística e/ou pluridimensional e procurou investigar a variação lexical do português falado em áreas indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão à luz da Dialetologia Pluridimensional e Relacional proposta por Radtke e Thun (1999), Thun (1998, 2000, 2010, 2017), que conjuga a dimensão horizontal (diatópica) à dimensão vertical (diastrática) e dos estudos de Cardoso (2010), Cardoso e Mota (2016) Razky (1998, 2010), Elizaincín (2010), Calvet (2002), Romaine (1996), Chambers e Trudgill (1998), Trudgill (1999) e Berruto (2010). Foram investigadas quatro terras indígenas, a saber: Trocará (etnia Asuriní do Tocantins/PA), Nova Jacundá (etnia Guaraní Mbyá/PA), Sororó (etnia Suruí Aikewára/PA) e Cana Brava (etnia Guajajára/MA), que representam a dimensão diatópica deste estudo. Em cada uma dessas comunidades indígenas buscou-se entrevistar dez colaboradores, considerando-se as dimensões diageracional (5 a 10 anos – Faixa etária C, 18 a 37 anos – Faixa etária A, 47 a 75 anos – Faixa etária B), diagenérica (masculino e feminino) e diastrática (não escolarizados ou escolarizados até a 8ª série (9º ano) e escolarizados a partir do 1º ano do ensino médio). Além das dimensões supracitadas, foi considerada a dimensão dialingual (referente ao contato entre duas ou mais línguas numa comunidade linguística), que é amplamente contemplada pelas seguintes relações de contato linguístico: português/Asuriní do Tocantins, português/Guaraní Mbyá, português/Suruí Aikewára e português/Guajajára. A coleta de dados foi realizada in loco por meio da aplicação do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Além disso, observou-se a situação de bilinguismo nas comunidades investigadas, com o auxílio do Questionário Sociolinguístico (QS). Os resultados, de modo geral, mostram que o léxico do português falado nas terras indígenas analisadas reflete um contínuo, tanto na área indígena considerada quanto em relação a áreas não indígenas onde as
    comunidades étnicas estão localizadas. Quando ao bilinguismo, a dimensão diageracional (faixa etária B) é decisiva para a manutenção das línguas indígenas nas comunidades linguísticas investigadas.

  • MARCIA DENISE DA ROCHA COLLINGE
  • DAS TRAMAS DO MITO AOS (DES)CAMINHOS DA HISTÓRIA: A TRAVESSIA DO HERÓI NAS LITERATURAS CERVANTINA E ROSIANA

  • Data: 22/08/2018
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  • A presente tese consiste numa investigação comparada cujo foco é a constituição dos heróis no
    Quixote (1605/1615), de Miguel de Cervantes (1547-1616), e no Grande sertão: veredas
    (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967), no intuito de revelar o protagonista Riobaldo como
    figura análoga ao Cavaleiro da Triste Figura, ao circunvalar a tradição do heroísmo mítico. Do
    umbral da tradição da Mancha, que enlaça o chefe Urutú Branco e o Cavaleiro dos Leões,
    ressoam ecos de deidades; de personagens míticos e de referências conceituais de fontes
    clássicas e medievais. Defendo a proposição de que o Quixote recupera a mitologia que
    reverbera em clave irônica e atua enquanto gênesis do romance qual gênero, máxime pela
    recomposição das raízes arcaicas na criação de um herói que se transfigura em mito moderno
    pelo duplo movimento: 1) ao repropor um saber antigo, 2) justifica e reescreve a história cultural
    de uma nação. Neste planeamento, aplico os pressupostos da remitificação literária, propostos
    por Eleazar Mielietinski (1918-2005), para a elaboração do herói everyman nos textos dos
    corpora. Para tanto, interajo com a figura mítica do herói após o ritual de consagração nos
    estudos do mito, alinhado ao pensamento de intelectuais como Joseph Campbell (1904-1987) e
    Gustav Jung (1875-1961). Do diálogo proposto entre esses e outros intérpretes, deslindo as
    diversas faces do herói, em uma investigação histórico-artística, desde o mito em suas
    categorias clássicas, tais como o herói épico e o trágico, até seus desdobramentos medievais,
    barrocos e românticos. Na exegese das obras, apresento a metamorfose do mito literário Dom
    Quixote, cuja jornada imprime marca indelével ao mosaico heroico universal — qual imagem
    eterna. O aprofundamento deste estudo revela como o engenhoso cavaleiro assinala-se na
    memória da literatura brasileira, pelo empoderamento dos temas cervantinos, sobretudo na obra
    de Guimarães Rosa, o qual entrevê no gênio cervantino dimensões para um novo sistema de
    criação de heróis — entressachados, cheios de lúcidos intervalos no enganoso sertão mineiro.
    Alvidro, nas ações do guerreiro Tatarana, claras e esfíngicas marcas manchegas, dentre as quais
    ressalto: 1) o nascimento maduro; 2) os ciclos e sagas resultantes da busca pela aventura; 3) a
    evolução psicológica; 4) o mito do duplo; 5) a admiração pela donzela guerreira; 6) o amor
    como fantasiação; 7) as ambivalentes batalhas marcadas por rituais; 8) o retorno dos heróis; 9)
    o contar às loucas e 10) o claro-escuro desengano. Desse modo, fundamento o “quixotismo
    rosiano” — embate inovador à crítica rosiana a partir da leitura quixotesca do romance. É
    Riobaldo, herdeiro da linhagem de Aquiles, Odisseu, Édipo, Amadis de Gaula, Palmeirim da
    Inglaterra, Dom Quixote e Roque Guinart quem, ao encarnar valores contraditórios de mescla
    dos ideais cavalheirescos aos conflitos problemáticos em um mundo à revelia, finca a
    mensagem do herói mítico, homem humano, na travessia daquele que considero “último
    clássico”. Desse modo, vislumbro a ampliação da fortuna crítica rosiana, bem como a expansão
    da tradição da Mancha no Brasil na “inacabável aventura” estético-recepcional transmutada no
    velar e no desvelar das míticas faces desses heróis, metamorfoses literárias: Dom Riobaldo
    manchego e o chefe Quixote jagunço.

  • KLEITON DE SOUZA BORGES
  • APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA MEDIADA POR SÍTIOS: UMA ATIVIDADE PROMOVIDA EM UM CENTRO DE AUTOACESSO

  • Data: 21/08/2018
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  • Os estudos da Linguística Aplicada (LA) na área de ensino e aprendizagem de línguas têm sido conduzidos de forma interdisciplinar. Uma das vertentes desses estudos está na investigação sobre a autonomia na aprendizagem de línguas com o intuito de compreender como este processo é instigado em aprendentes a partir de situações de aprendizagem diversas. As novas tecnologias, como a Aprendizagem de Língua Mediada por Computador (CALL) e as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) são ferramentas que podem estimular o desenvolvimento desta autonomia. Essas ferramentas estão presentes em instituições de ensino e no cotidiano de professores e alunos, possibilitando, assim, uma aprendizagem de língua estrangeira (LE) de forma eficaz (LEFFA, 2006; OLIVEIRA, 2012; ANDRADE, 2014; ARAÚJO, 2017). As TIC são também utilizadas em centros de autoacesso (CAA) para o fomento da autonomia de aprendentes de línguas nestes espaços (GARDNER; MILLER, 1999; BARRS, 2010; MAGNO E SILVA, 2014; MYNARD, 2016). Este trabalho teve como objetivo geral compreender de que maneiras as atividades mediadas por computadores, por meio de sítios, poderiam influenciar a aprendizagem de língua inglesa de alunos que frequentam e participam das atividades da Base de Apoio à Aprendizagem Autônoma (BA3), um CAA situado na Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Foi realizado um estudo de caso de abordagem quanti-qualitativa com observação e aplicação de questionários on-line. Os resultados evidenciaram que sítios de aprendizagem de língua inglesa influenciaram positivamente no desenvolvimento de autonomia dos participantes, pois eles passaram a utilizar esses sítios por conta própria para a prática das habilidades linguísticas de escuta, de leitura e da fala do inglês. Verificou-se ainda que a boa apresentação do layout e os tipos de atividades desses sítios eram itens importantes para que os aprendentes os utilizassem.

  • MURILO COELHO DE MOURA
  • NÃO QUEREMOS QUE SE SINTA ASSIM! VAMOS TE AJUDAR!: PRÁTICAS DISCURSIVAS NAS INTERAÇÕES ENTRE EMPRESAS E CONSUMIDORES NO FACEBOOK

  • Data: 03/08/2018
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  • Desde o seu surgimento, em meados da década 1990, os sites de redes sociais têm implicado diversas transformações nas relações sociais. Mas não foram apenas as relações pessoais afetadas com a popularização dos SRS, as relações de trabalho também sofreram modificações na nova sociedade participativa. Nesse sentido, esta pesquisa se debruça sobre as práticas discursivas em que atuam empresas e consumidores no Facebook e os modos de enunciar correspondentes a essas práticas, a fim de reconhecermos como as empresas e os consumidores estabelecem e articulam os modos de enunciar correspondentes às práticas discursivas mobilizadas em suas interações no Facebook. Apoiados na Análise do Discurso de linha francesa, em especial nos estudos de Maingueneau (1997, 2008a, 2008b, 2011, 2015) sobre as noções de cena enunciativa, prática discursiva e mídium, entendemos que é relevante investigar esses processos pelas lentes da articulação entre a dimensão linguística e a dimensão histórico-social que implicam modos de dizer e de agir, de reorganização de relações sociais e de exercício de poder. A análise que desenvolvemos é dividida em três partes, de acordo com o material analisado: as postagens dos enunciadores das empresas, os comentários dos consumidores e as respostas dos enunciadores das empresas e consumidores. A partir dessa tríplice análise, concluímos que a interação entre empresas e consumidores no Facebook é conduzida sobre uma tensão entre práticas discursivas: de um lado, a prática discursiva organizacional acionada pela empresa e, de outro, a prática discursiva imposta pelos consumidores em busca do atendimento a suas demandas. Essa tensão é estabelecida pelos modos de enunciação e os efeitos de sentido que o mídium torna possível.

  • DEBORA ALINE CAMARGO FERREIRA
  • PROPOSTAS DE AUTOAVALIAÇÃO E AUTORREGULAÇÃO EM LIVROS DIDÁTICOS DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Data: 31/07/2018
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  • Este trabalho teve por objeto de análise as atividades de autoavaliação presentes em livros didáticos de Espanhol como Língua Estrangeira e visou analisar se processos formativos são possibilitados nesses materiais, de modo a contribuir para a autonomia dos aprendentes. Percebemos que, embora um número cada vez maior de materiais incorpore atividades consideradas como de autoavaliação, poucas pesquisas são empreendidas sobre o tema e sobre o processo correlato: a autorregulação. No ensino de idiomas, a avaliação da aprendizagem tem deixado de ter um caráter apenas somativo e classificatório, passando a integrar a construção do conhecimento pelos aprendentes, numa perspectiva dita formativa. Apoiamo-nos na concepção de avaliação formativa francófona, para compor a fundamentação teórica de nosso trabalho e nos baseamos, principalmente, nos estudos de Bonniol; Vial (2001), Fernandes (2004, 2005, 2006, 2008,), Perrenoud (2008), Barreiro (2009), Mottier-Lopez (2010), Hadji (2011). Formamos um corpus de materiais didáticos de Espanhol como Língua estrangeira (livro didático, CD, caderno de exercícios etc.) e para a sua análise elaboramos cinco categorias (localização das atividades no conjunto didático; tipos de atividades propostas; objetos avaliados; orientações dos autores para o uso das propostas das atividades de autoavaliação e; modo de expressão da autoavaliação e de seus resultados) com base nas concepções da avaliação formativa, com o objetivo de: identificar quais atividades de natureza formativa estão presentes nos materiais selecionados; analisar suas características e sua inserção no livro em relação aos objetivos pretendidos e às atividades didáticas propostas; verificar quais orientações aparecem no guia didático, para o desenvolvimento dessas atividades pelos professores, e como essas orientações se relacionam com as opções metodológicas do livro didático. Os dados analisados mostram que, de um modo geral, as atividades de (auto)avaliação ainda se apresentam como uma simples recapitulação da gramática ou dos aspectos linguísticos da língua estrangeira estudada, destoando assim das concepções formativas, de modo que, não servem para autorregular as aprendizagens, nem, tampouco, ajudam os professores a apoiar seu ensino nas estratégias metacognitivas que seu alunos poderiam desenvolver para ajudá-los realmente a aprender.

  • MARCOS FERREIRA BARBOSA
  • DIDATIZAÇÃO DOS GÊNEROS TEXTUAIS E AVALIAÇÃO FORMATIVA: UMA ANÁLISE DA APROPRIAÇÃO DO PROCEDIMENTO "SEQUÊNCIA DIDÁTICA" POR PROFESSORES DE PORTUGUÊS EM FORMAÇÃO INICIAL

  • Data: 16/07/2018
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  • Na presente investigação, empreendemos uma discussão acerca do ensino-aprendizagem da produção textual com base nos gêneros textuais. Nosso foco é a aquisição de procedimentos de didatização de gêneros na formação inicial de professores de Português. Nesse ensejo, propomos a análise da apropriação do dispositivo didático-metodológico “Sequência Didática” por parte de alunos do curso de licenciatura em Letras/Língua Portuguesa da Universidade Federal do Pará, campi de Abaetetuba e Belém, estabelecendo os seguintes objetivos: descrever propostas de intervenção pedagógica envolvendo o procedimento didático-metodológico chamado Sequência Didática, elaboradas por licenciandos; analisar as características das propostas de intervenção à luz dos pressupostos teóricos nas quais se fundamentam; analisar as possíveis evidências de processos de avaliação formativa – tais como regulação, autorregulação, coavaliação e autoavaliação – nas propostas estudadas; depreender orientações para favorecer procedimentos de “didatização de gêneros” por professores em formação inicial. Nossa fundamentação teórica apoia-se, principalmente, no pensamento acerca dos gêneros discursivos em Bakhtin, na perspectiva do Interacionismo Sociodiscursivo e da Didática das Línguas (BRONCKART, DOLZ, SCHNEUWLY et al.) e da avaliação formativa francófona (ALLAL, FERNANDES, FRISON et al.). Quanto aos procedimentos metodológicos, realizamos pesquisa documental, de abordagem qualitativa e com objetivo exploratório; tendo como corpus de análise propostas de Sequência Didática elaboradas por estudantes de graduação. Nossas análises nos levam a perceber expressivas dificuldades na apropriação de novas perspectivas teóricas e de propostas didático-metodológicas voltadas ao ensino-aprendizagem de língua materna, em especial, no que se refere à integração da avaliação formativa a atividades de produção textual; relacionamos tais dificuldades à formação escolar prévia dos licenciandos, muito marcada – no contexto brasileiro – pela produção textual dissociada de um contexto sociocomunicativo definido, pelo uso do texto como suporte para estudo de descrição gramatical e pela utilização exclusiva da avaliação somativa em detrimento da avaliação formativa.

  • LUIZA MORENO CARVALHO
  • ASPECTOS MOTIVACIONAIS DE APRENDENTES DA LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DE CASO SOB A PERSPECTIVA SOCIODINÂMICA

  • Data: 13/07/2018
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  • Os estudos no âmbito do ensino e aprendizagem de línguas apontam a motivação como um
    fator importante para o sucesso na aprendizagem, pois se constitui a força que impulsiona o
    aprendente durante o longo processo que é aprender uma língua. Cada vez mais tem-se
    caracterizado a motivação como um fenômeno dinâmico e complexo, o qual envolve, entre
    outros aspectos, a visão que o indivíduo constrói de si mesmo como aprendente e como falante
    da língua alvo. Diante disso, esta pesquisa visa investigar a relação entre a visão que o
    aprendente de língua adicional tem de si e da influência de agentes motivacionais na emergência
    dos eus possíveis em seu sistema motivacional autoidentitário. Para tal, lançamos mão dos
    pressupostos teóricos da fase sociodinâmica dos estudos motivacionais, como, a visão
    relacional da motivação (USHIODA, 2009), o Sistema Motivacional Autoidentitário
    (DÖRNYEI, 2009) e motivação como um sistema adaptativo complexo (HENRY, 2015). As
    teorias da fase sociodinâmica oferecem uma nova perspectiva de investigação e análise da
    motivação numa visão sistêmica, que enfatiza o seu caráter multifacetado. Foi realizada uma
    pesquisa de abordagem qualitativa, de cunho interpretativista e longitudinal na forma de um
    estudo de caso, o qual teve como participantes dez alunas do primeiro semestre do curso de
    Bacharelado em Turismo, do campus de Belém, da Universidade Federal do Pará (UFPA). A
    constituição dos dados foi feita por meio de narrativas de aprendizagem, questionários, abertos
    e fechados, e entrevistas. Cada instrumento de pesquisa constituiu uma fase deste estudo
    realizado ao longo de oito meses. Os resultados evidenciam as influências de quatro grupos de
    agentes motivacionais (professores, família, amigos e colegas de turma) nas dinâmicas dos eus
    possíveis das aprendentes. Entre os processos dinâmicos observados estão as mudanças na
    elaboração e enriquecimento da imagem vívida do eu ideal, bem como sua disponibilidade e
    acessibilidade; e as mudanças pela interação com outros autoconceitos. Entre os principais
    subprocessos observados estão a comparação social com as características dos agentes que o
    aprendente gostaria de ter, a autopercepção das participantes, a autoavaliação e a
    reinterpretação/ressignificação das experiências de aprendizagem. Os agentes atuaram ora
    provocando alterações no eu ideal das aprendentes ou ativando-o, ora trazendo à tona as
    responsabilidades e compromissos do eu que outras pessoas acham que eles devem ser.

  • JULIANA ARAUJO RIBEIRO
  • DIÁLOGO NO ACONSELHAMENTO EM APRENDIZAGEM DE INGLÊS: INTERAÇÃO, REFLEXÃO E AUTONOMIA

  • Data: 12/07/2018
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  • Nas últimas décadas, o aconselhamento em aprendizagem de línguas (AAL) vem se destacando como uma abordagem que busca estimular o protagonismo dos aprendentes de línguas (KELLY, 1996; MOZZON-MCPHERSON; VISMANS, 2001; CARSON; MYNARD, 2012; MAGNO E SILVA, 2012, 2016; KATO; MYNARD, 2015). Considerando o sistema educacional brasileiro, tal apoio é ainda mais relevante ao se entrar no ensino superior, pois novas demandas são atribuídas aos agentes que pedem maior autonomia por parte dos graduandos. Na Faculdade de Letras Estrangeiras Modernas (FALEM) da Universidade Federal do Pará, alguns estudantes entram sem proficiência na língua alvo (LA) e por isso, ao longo do curso, precisarão tanto formar-se professores quanto tornar-se falantes da LA. Ansiedade, insegurança e desmotivação são alguns dos sentimentos comuns a eles. Com o intuito de ajudá-los, o serviço de AAL foi implantado. Esta pesquisa buscou identificar como ocorre o diálogo no AAL e quão eficaz ele pode ser para a promoção da autonomia no contexto da FALEM com três pares de conselheiros e aconselhados. Os aconselhados participantes deste estudo têm em comum o fato de terem entrado na universidade sem proficiência na LA. Foram analisadas sessões virtuais e presenciais bem como houve a aplicação de questionários. Busquei verificar os padrões interacionais durante as sessões e averiguar como a reflexão é estimulada pelos conselheiros. Além dos estudos sobre AAL, este trabalho baseou-se nas contribuições de Vygotsky (1991) acerca da interação na perspectiva sociocultural e sobre reflexão por Dewey (1910), Boyd e Fales (1983) e Schön (2000). Os resultados indicam que a relação no AAL é menos hierárquica do que em outros contextos de aprendizagem ao demonstrarem que atuam colaborativamente em prol de um objetivo maior, negociando atividades, temas, local e horário de encontros. A abordagem holística do AAL apoia o aprendente a lidar com várias demandas da universidade. Trata-se então de um apoio além da aprendizagem do inglês. Percebeu-se diversas estratégias que o conselheiro utiliza para estimular processos reflexivos, destacando uma postura não-diretiva e de não correção. O uso da língua materna prevalece ao longo das sessões com os aprendentes mais iniciantes e a LA passa a ser empregada como oportunidade de prática para os mais proficientes. Finalmente, acreditamos que ouvir as conversas do AAL significa uma maior compreensão sobre as possibilidades para práticas de ensino-aprendizagem em que o aprendente tenha sua voz ouvida e valorizada.

  • RUBIA DE NAZARE DUARTE SANTIAGO
  • O ABERTO NA OBRA DE PAULO PLÍNIO ABREU

  • Data: 05/07/2018
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  • Esta dissertação apresenta um estudo sobre a questão do aberto na obra do poeta paraense Paulo Plínio Abreu. Tal questão aparece explicitamente tematizada no poema “Oitava Elegia” de Rainer Maria Rilke e trouxe frutos para a filosofia de Martin Heidegger. O filósofo alemão apresenta, em sua obra Parmênides, o modo como os gregos compreendem o aberto, como a essência da verdade e, com isso, faz um paralelo com a citada elegia de Rilke. Tendo Paulo Plínio traduzido Rilke, também incorporou o tema do aberto em sua obra poética, como o pôr em obra da verdade, porém de maneira singular. Fazemos aqui um estudo de como cada um destes autores apresenta tal questão, detendo-nos, em especial, no modo como Paulo Plínio a inscreve em seus poemas, empreendendo, para este fim, a escuta das imagens da noite, da viagem, do anjo e da morte, presentes em sua obra Poesia.

  • LUCIANA RENATA DOS SANTOS VIEIRA
  • DESCRIÇÃO DE ORAÇÕES COMPLEXAS EM PARKATÊJÊ: COORDENAÇÃO E SWITCH-REFERENCE

  • Data: 21/06/2018
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  • A língua indígena Parkatêjê, pertencente ao Tronco Macro-Jê, família Jê e complexo dialetal
    Timbira, é falada pelo povo Parkatêjê, o qual vive na Reserva Indígena Mãe Maria (RIMM),
    na cidade de Marabá, no sudeste do Pará. O processo de articulação de orações coordenadas
    da língua em questão foi descrito inicialmente por Ferreira (2003), que verificou o mecanismo
    de switch-reference por meio da ocorrência de duas conjunções específicas nã e mã, uma para
    o sujeito idêntico (SS) e a outra para o sujeito diferente (DS), respectivamente. Esta
    dissertação descreve a coordenação entre sintagmas nominais e verbais em Parkatêjê e aponta
    para alguns fatos sobre a referida língua: (1) confirma-se que a língua apresenta switchreference
    (FERREIRA, 2003); (2) confirma-se que uma forma homófona a mẽ ocorre como
    conjunção para coordenar sintagmas nominais e nomes em série (FERREIRA, 2003); (3) a
    ocorrência das conjunções nã/mã relativas ao fenômeno de switch-reference parecem não ser
    obrigatórias de acordo com a análise dos dados, ou seja, o mecanismo de justaposição
    (parataxe) também é utilizado pelos falantes. O aporte metodológico para o desenvolvimento
    dessa pesquisa seguiu etapas como pesquisa bibliográfica; trabalho de campo; transcrição e
    organização de dados linguísticos e análise/discussão dos dados coletados.

  • ALINNIE OLIVEIRA ANDRADE SANTOS
  • A FIGURAÇÃO DA MULHER EM DALCÍDIO JURANDIR: ENTRE O DESAMPARO, A OPRESSÃO E A TRANSGRESSÃO

  • Data: 24/05/2018
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  • Dalcídio Jurandir (1909-1979), escritor brasileiro, publicou onze romances, dez dos quais compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte: Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947), Três Casas e um Rio (1958), Belém do Grão Pará (1960), Passagem dos Inocentes (1963), Primeira Manhã (1967), Ponte do Galo (1971), Os Habitantes (1976), Chão dos Lobos (1976) e Ribanceira (1978), que tematizam sobre o homem e os costumes da região amazônica. Apesar de nessas obras homens ocuparem a posição de protagonistas, impressiona o grande número de personagens femininas que colaboram para o desenvolvimento das narrativas, contribuindo de forma marcante para a construção dos enredos e dos dramas presentes na obra. Esta tese, portanto, objetiva analisar as personagens femininas do referido Ciclo, agrupando-as conforme a situação social em que se encontram. Sendo assim, criamos as seguintes categorias de análise: desamparo, opressão e transgressão, as quais não são excludentes entre si, mas defendemos neste trabalho que as personagens transitam entre essas três categorias. Para tanto, fizemos uso dos trabalhos de BRAIT (2006), ROSENFELD (2011), CANDIDO (2011), WOOD (2011), REIS (2015) para refletir sobre a personagem de ficção; CASTELO BRANCO e BRANDÃO (1989), BRANDÃO (2006), ZOLIN (2009) e ZINANI (2013), para pensar a relação entre mulher e literatura e os estudos de RAGO (2011), SAFFIOTI (2013), ALAMBERT (2004), LENIN (1979), BEAUVOIR (2009), os quais nos possibilitaram compreender as questões relativas à mulher, bem como sobre as relações de gênero. Das dezesseis personagens analisadas, seis, predominantemente, estão na categoria do desamparo, das quais se destacam: Orminda, D. Inácia e Lucíola; três na opressão, tendo como destaque Felícia e sete na transgressão, das quais se destacam: Alaíde, D. Amélia e Isaura. Investigar, pois, a personagem feminina dos romances produzidos por Dalcídio Jurandir, os quais possuem como forte aspecto a denúncia social, nos ajuda a desvelar a sociedade brasileira do início do século passado, assim também como essa sociedade foi retratada pela literatura brasileira.

  • ELIZIER JUNIOR ARAUJO DOS SANTOS
  • EU ERA DOIS, DIVERSOS? O DIÁLOGO POÉTICO DE MAX MARTINS E AGE DE CARVALHO

  • Data: 18/05/2018
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  • A presente pesquisa tem por finalidade perscrutar o diálogo poético entre os poetas paraenses Max Martins e Age de Carvalho, encetado na obra que escreveram juntos, A fala entre parêntesis (1982), e, a partir de então, vislumbrado em seus trabalhos individuais: Max com Caminho de Marahu (1983) e Colmando a Lacuna (2001); e Age com Arena, Areia (1986), Pedra-um (1990) e Caveira 41 (2003). Como mola propulsora desta leitura, buscam-se caminhos de respostas à epígrafe da primeira obra, com a qual articulo o estudo todo, que marca, de forma atemporal, a relação dos pares literários: “Eu era dois, diversos?”. A investigação, primeiramente, apoia-se na correlação poética entre erotismo e melancolia para situar a existência de uma multiplicidade do sujeito lírico, proveniente do jogo verbal de A fala entre parêntesis, considerando o pressuposto de Nunes (1982) que atribui à obra uma “passagem do subjetivo ao inter-subjetivo”. Para tanto, toma-se o pensamento de Bataille (1987; 2015), Barthes (1984), Paz (1994; 2009) e Siscar (2016) a fim de delinear o caráter erótico da poesia como transgressão e tensão, vistas por uma ótica metapoética. Depois, discute-se a melancolia como atividade filosófico-literária, de acordo, sobretudo, com as acepções oferecidas por Lages (2007) a respeito do silêncio e da perda que envolve a escrita. Em seguida, a investigação se volta à relação estreita da poesia com a fotografia, tendo como corpus o ensaio fotográfico de A fala, momento no qual me aproprio dos estudos de Sontag (2007), Didi-Huberman (2010) e Flusser (2011) com o propósito de pensar a imagem enquanto duplicidade e testemunho da irmandade. Por fim, reservo-me a investigar a aventura afetiva do diálogo dos poetas Max Martins e Age de Carvalho, com base nos entrelaçamentos biográficos e nas identificações líricas de poemas publicados até o ano de 2003, utilizando ainda as reflexões de Agamben (2009) e a filosofia do Zen-budismo para traçar os sentidos de ‘amizade’ e os elos estabelecidos entre os companheiros de ofício.

  • VALDINEY VALENTE LOBATO DE CASTRO
  • ENTRE CRÍTICAS E APLAUSOS: OS CAMINHOS DA CONSAGRAÇÃO DOS CONTOS MACHADIANOS

  • Data: 06/04/2018
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  • O jornal foi o principal suporte por onde a literatura foi veiculada na segunda metade do século XIX, atingindo, como uma locomotiva, leitores diversificados nos mais diferentes espaços. Grande parte desses sujeitos era bastante instruída e acompanhava avidamente a circulação das produções literárias figuradas nos folhetins. Entre essas composições, o conto machadiano, apesar de ser apreciado pela crítica especializada como uma forma eclipsada pelo sucesso de outros gêneros, percorreu as páginas desses periódicos por cerca de quase meio século e ajudou a consagrar o nome de Machado de Assis muito antes da edição de seu primeiro romance. Em 1869, já com mais de trinta contos escritos, o autor começou a recolher essas narrativas breves em coletâneas e a publicá-las, alcançando significativa quantidade no número de tiragem e com venda aos editores a valores expressivos, o que resultou em sete antologias: Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia Noite (1873), Papéis Avulsos (1882), Histórias sem Data (1884), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1899) e Relíquias da Casa Velha (1906). Quando essas seleções ganharam as ruas, notas de divulgação, opiniões de leitores, anúncios de venda e críticas foram lançados nas folhas públicas do Rio de Janeiro, o que revela a grande atenção da recepção. Analisar esses escritos é o principal objetivo deste estudo, bem como cotejá-los com o julgamento construído por décadas sobre os contos, que hoje resulta em uma fortuna crítica estimável, mas que muitas vezes tem menosprezado as fontes primárias, como os contratos, os manuscritos, as cartas e os próprios periódicos onde originalmente esses contos foram editados. Considerar esses acervos para a organização das coletâneas também é objetivo desta tese, uma vez que Machado, ao selecioná-las, preocupava-se com a representação que queria construir para os leitores, como bem revelam seus prefácios e as cartas aos seus editores. A leitura dos escritos exibidos nas gazetas brasileiras pelo lançamento dos volumes de contos pode tanto ajudar a desenhar a compreensão que Machado tinha sobre seus leitores quanto a conceber os critérios de julgamento da recepção dos leitores coetânea às publicações do autor.

  • ALESSANDRO NOBRE GALVAO
  • MOVIMENTO XINGU VIVO PARA SEMPRE: DA FUNDAÇÃO À CONSOLIDAÇÃO DO DISCURSO DE RECUSA RADICAL AO COMPLEXO HIDRELÉTRICO DE BELO MONTE

  • Data: 27/03/2018
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  • Este trabalho examina a conjuntura sócio-histórica que propiciou a emergência e a consolidação de um discurso novo na ordem dos discursos sobre a gestão dos recursos naturais na Amazônia brasileira – o discurso de recusa radical ao Complexo Hidrelétrico de Belo Monte (CHBM). Esta conjuntura remonta-se a um conflito iniciado no final dos anos 70 quando o governo brasileiro propõe inventário da bacia hidrográfica do Xingu para avaliar seu potencial hidrelétrico, chegando aos anos 2000 com as mudanças na política econômica do país a partir do fortalecimento do modelo neoliberal e a abertura do governo brasileiro a empresas privadas para a exploração das riquezas naturais. Identificamos o nascimento da resistência de grupos indígenas com destaque para o povo Kayapó, fortalecendo-se mais tarde com a aliança selada entre este e outros segmentos impactados pelo empreendimento Belo Monte, por ocasião do Encontro Xingu Vivo para Sempre ocorrido em 2008. Analisamos, portanto, os fatos históricos que culminaram na emergência e circulação desse discurso, bem como seu fundamento ideológico, as possíveis transformações por ele sofridas ao longo do tempo e os processos discursivos que dele derivam. Fizemos um mergulho descritivo na formação social indígena, buscando compará-la à formação social capitalista o que nos permitiu vislumbrar, baseados nos estudos peucheutianos, que a resistência de que nos ocupamos nasce em um não-lugar sob a égide de outros rituais de interpelação, introduzindo-se no seio das práticas e rituais possíveis na formação social capitalista. Nosso percurso analítico nos mostrou que discurso de recusa radical ao CHBM sofre transformações a partir do advento daquela aliança imaginária que de um ponto de vista discursivo, selou uma aliança não entre sujeitos empíricos, mas entre distintas posições de sujeito e permitiu a invasão de saberes outros para o interior da FD que determina esse discurso. O corpus discursivo desta pesquisa é constituído por materialidades discursivas de natureza semiótica diferenciada e adotamos como procedimento de construção desse corpus a noção de recorte proposta por Orlandi (1984), bem como a de sequência discursiva proposta por Courtine (2014) e os procedimentos da análise seguiram a abordagem triangular proposta por Lagazzi (2005).

  • LEONARDO CASTRO DA SILVA
  • O PRAZER ESTÉTICO DIANTE DAS ATROCIDADES NARRADAS POR ERICH REMARQUE E GUIMARÃES ROSA

  • Data: 28/02/2018
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  • A presente tese elege como corpora o romance Nada de novo no front (1929) de Erich Maria Remarque (1898-1970) e as crônicas “O mau humor de Wotan”, “A velha” e “A senhora dos segredos” presentes em Ave, palavra (1970) de Guimarães Rosa (1908-1967). Pensando-se no romance alemão, cuja temática gira em torno da Primeira Guerra Mundial e nos textos rosianos moldados pelo contexto da Segunda Guerra Mundial, propõe-se aplicar os teóricos Márcio Seligmann-Silva (1964) em O local da diferença (2005), Zygmunt Bauman (1925) em Modernidade e Holocausto (1998) e Hannah Arendt em (1906-1975) Eichmann em Jerusalém (1963) e Origens do Totalitarismo (1951) para se discutir o corpora em diferentes perspectivas sobre a guerra, visando a compreender como os textos literários podem contribuir ou até causar tensões para a teoria. A perspectiva central do trabalho será o manejo do corpora sob a teoria da Estética da Recepção de Hans Robert Jauss (1921-1997) e da Hermenêutica definida por Benedito Nunes (1929-2011) em Hermenêutica e poesia (1999) bem como o diálogo do teórico alemão com seu mestre Hans Georg Gadamer (1900-2002) e Martin Heidegger (1889-1976), pensando na historicidade transcendental e na temporalidade do ser. Na ótica das teorias acerca da guerra o texto do teórico brasileiro assumirá dois momentos dentro do trabalho, sendo o primeiro de aplicação dos fundamentos psicanalíticos do trauma, choque, neurose de guerra, entre outros, enquanto que o segundo será de questionamento de O local da diferença sobre sua proposta da sobreposição do ético sobre o estético. Em relação ao sociólogo polonês além do manejo das obras literárias sob sua concepção, abordar-se-á como, por meio da estética de Nada de novo no front, já é possível se apontar elementos capazes de fazer com que o homem já se possa perguntar pela lição razão versus emoção que, para Bauman, é somente perceptível no Holocausto, porém, ao se aproximar Remarque e Guimarães, observar-se-á que, por meio de elementos estéticos, obviamente diferentes da sociologia, se pode inverter tal noção, ou seja, fica mais notória a relação razão versus emoção no romance alemão do que nas crônicas rosianas. Tratando da pensadora alemã examinar-se-á como a obra Nada de novo no front oferece imagens analisáveis pela teoria de Arendt, assim como também mostra personagens complexos que se deixam banalizar pelo mal, depois pensar e julgar por si mesmos, questionando o poder do Estado e, por último, se tornarem novamente indiferentes com o outro. Examinando-se o corpora segundo a concepção jaussiana e a Hermenêutica, levando-se em consideração as premissas teóricas acerca da guerra mostrar-se-á como o leitor atual pode ter uma experiência estética de prazer diante do terror infligido ao homem no século XX e como o contexto do Holocausto pode ser interpretado como uma violência mais branda do que se mostra na mídia e nas teorias acerca da guerra, já que o receptor terá um primeiro contato com a Primeira Guerra Mundial mediante o romance remarqueano.

  • LEOMIR SILVA DE CARVALHO
  • DO SERTÃO AO SERTÓN: TRADUÇÃO EMANCIPADORA E ANÁLISE DE NEOLOGISMOS DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS NAS TRADUÇÕES PARA O ESPANHOL

  • Data: 27/02/2018
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  • Do sertão ao sertón: tradução emancipadora e análise de neologismos de Grande sertão: veredas nas traduções para o espanhol é uma pesquisa que tem por escopo analisar comparativamente, sob o enfoque do conceito de emancipação estética, neologismos de Grande sertão: veredas (1956) em suas traduções para o espanhol, ambas intituladas Gran sertón: veredas nas edições espanhola (2000) e argentina (2009). Fundamenta-se no conceito de emancipação estética segundo a Estética da Recepção de linha jaussiana e, no campo de Estudos da Tradução, no pensamento de Haroldo de Campos (1929-2003) e de Antoine Berman (1942-1991). O entendimento de neologismo dialoga estreitamente com os Estudos Literários, enfatizando seu potencial criativo para a obra de partida e a possibilidade de abertura e tensão para as obras de chegada, de acordo com os procedimentos adotados por cada tradutor. Elaborou-se um corpus de investigação que utiliza o glossário anexo produzido com neologismos selecionados de estudos críticos, do vocabulário de Castro (1982), bem como da correspondência trocada entre Guimarães Rosa e Ángel Crespo, o tradutor espanhol, priorizando nesta última como recorte o interesse pela linguagem. A metodologia de trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliográfico no qual se investiga o potencial emancipatório do diálogo entre obra e leitor, no âmbito estético-receptivo. Posteriormente, traçam-se paralelos entre tradução e crítica e entre tradução e criação literária segundo o pensamento de Campos (2006). Ademais, expõe-se a ideia de autonomia, no campo da ética tradutória de Berman (2002) e, por meio de sua analítica, baseia-se a posterior análise do corpus selecionado dentro do âmbito dos Estudos da Tradução. Segue-se a isso, o estudo de textos do próprio Guimarães Rosa relatando seu interesse pela linguagem e pelo uso de neologismos, ao lado de textos de leitores críticos como Proença (1959), Daniel (1968), Castro (1982), Martins (2001), Martins (1946), Xisto (1970) e Campos (1970), que se preocuparam com tais questões acerca do romance. Procede-se, então, à análise das traduções expondo as leituras críticas de Bedate (2009), Vargas Llosa (2007), Maura (2012), Cámara (2012) e García (2014) e também dos tradutores, para, em seguida, examinar os neologismos de Grande sertão: veredas, que compõem o glossário, verificando as diferentes soluções dadas por cada tradutor de acordo com tipologias estabelecidas por meio do exame do modo como Guimarães Rosa aborda o neologismo em seu romance. As tipologias determinadas para o atual estudo foram as seguintes: utilização de onomatopeias, utilização de outras línguas, utilização de tupinismos, utilização de expressões populares e criação de palavras de sentido provável ou oculto. Finalmente, com o diálogo entre as leituras críticas e a análise do glossário, investiga-se a presença do caráter emancipador nas obras de chegada.

  • SINDY RAYANE DE SOUZA FERREIRA MENDES
  • ASPECTOS MORFOSSINTÁTICOS E SEMÂNTICOS DA CAUSATIVIZAÇÃO EM PARKATÊJÊ

  • Data: 27/02/2018
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  • Sob a visão do funcionalismo tipológico, o presente trabalho tem por objetivo descrever e
    analisar aspectos morfossintáticos e semânticos relacionados ao fenômeno de causativização
    em Parkatêjê (língua indígena da família Jê, tronco Macro-Jê, e pertencente ao Complexo
    Dialetal Timbira). Da perspectiva morfossintática, a causativização é um processo relacionado
    ao aumento de valência verbal, isto é, à mudança das funções e relações gramaticais dos
    argumentos de um verbo. Da perspectiva semântica, consiste em um fenômeno associado à
    relação de causa e efeito, em que um verbo causativo permite que o sujeito de uma oração aja
    sobre outro argumento, fazendo com que este realize alguma ação ou mude seu estado. Na
    língua Parkatêjê, a causativização se manifesta por meio do verbo to, cujo significado
    primeiro é „fazer‟ e que causativiza verbos intransitivos ativos e estativos. Os verbos
    transitivos parecem não sofrer causativização. O trabalho fundamenta-se nos postulados
    teóricos de Givón (1975), Shibatani (1976, 2002), Comrie (1989), Dixon (1994), entre outros.
    Além de verbo causativo, o elemento „to‟ desempenha outras funções morfossintáticas na
    língua: verbo lexical básico „fazer‟, verbo auxiliar, parte da raiz de verbos e posposição
    instrumental. Por este motivo, este trabalho também apresenta alguns aspectos relacionados a
    cada uma dessas funções. A metodologia utilizada neste trabalho consistiu em pesquisa
    bibliográfica e pesquisa de campo com coleta de dados realizada na comunidade da língua em
    estudo.

  • ROMÁRIO DOS ANJOS AIRES
  • TRÊS POETAS E UM CRÍTICO: A ABORDAGEM CRÍTICA DE BENEDITO NUNES SOBRE A POÉTICA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO, MAX MARTINS E MÁRIO FAUSTINO

  • Data: 26/02/2018
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  • Colocar em debate a crítica efetuada por Benedito Nunes é lançar olhar sobre uma vária, complexa e abrangente constelação de produções de uma vida dedicada à reflexão e recepção da literatura em suas múltiplas representações. Isso exige como primeiro passo a delimitação desse vasto conjunto, seguindo essa demanda, optou-se aqui por se atentar sobre a forma com a qual o crítico brasileiro aprecia o labor poético, e, mais especificamente, as suas considerações acerca de três poetas distintos entre si: João Cabral de Melo Neto, Max Martins e Mário Faustino. Por seus processos criativos se distinguirem bastante, atesta-se a capacidade exegética nunesiana em abarcar a pluralidade de apresentação da poesia. Isso não seria possível sem o débito com a filosofia, que, desde muito cedo chamou a sua atenção, tornando-se um filósofo pelo seu autodidatismo, e influenciado pelo mestre Francisco Paulo Mendes (1910-1999). Dentre as suas predileções filosóficas, a obra do alemão Martin Heidegger é, sem dúvida, uma das maiores. Obras como o tratado Ser e tempo (Sein und Zeit), de 1927, e A origem da obra de arte (Der Ursprung des Kunstwerkes), de 1977, foram fruto de extensos estudos por parte do intérprete, gerando publicações como Hermenêutica e poesia — o pensamento poético (1999) eA clave do poético (2009). De igual maneira, estudos que abrangem a vida e a construção teórica do autor em questão serviram abriram caminho para os diálogos aqui estabelecidos. É o caso da tese de doutoramento da professora Maria de Fátima do Nascimento, sob o título Benedito Nunes e a Moderna Crítica Literária Brasileira (1946-1969), defendida em 2012, que perpassa a formação do autor como estudioso de literatura e adepto da investigação filosófica. Essa fusão entre os horizontes filosófico e poético norteou as considerações presentes neste trabalho, permitindo a abordagem do modus operandi da hermenêutica de Benedito Nunes, bem como a sua compreensão das possibilidades da poesia e da filosofia enquanto expressões da lida do homem consigo mesmo e com o mundo que o circunda.

  • CAMILLE CARDOSO MIRANDA
  • ESTUDO COMPARATIVO DO FENÔMENO DE NASALIZAÇÃO EM LÍNGUAS DA FAMÍLIA TUPI-GUARANÍ (TRONCO TUPI)

  • Data: 01/02/2018
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  • Este trabalho objetiva descrever os padrões do fenômeno de nasalização em línguas indígenas da família Tupí-Guaraní, tronco Tupí. Foram analisadas 27 línguas que compõem esta família: Mbyá, Kaiowá, Guaraní-Paraguaio, Guaraní-Antigo, Nhandewa, Tapieté (Ramo I); Sirionó (Ramo II); Nheengatú, Tupinambá (Ramo III), Tembé, Parakanã, Suruí-Tocantins, Avá-Canoeiro, Tapirapé (Ramo IV); Anambé, Araweté, Asuriní do Xingu (Ramo V); Kayabi, Apiaká, Tenharím, Uru-Eu-Uau-Uau (Ramo VI), Kamayurá (Ramo VII), Guajá, Ka'apor, Zo'e, Emerillon e Wayampi, (Ramo VIII). Para averiguação do processo de nasalidade em línguas Tupí-Guaraní utilizamos como pressuposto teórico principal a abordagem tipológica de Walker (1998) para verificar e compreender, a partir de uma hierarquia tipológica de harmonia nasal, segmentos que podem se comportar tanto como gatilhos ou alvos do espalhamento nasal. O estudo também utiliza as considerações de Ohala (1981, 1993) e Cohn (1990, 1993) para examinar o processo de nasalização como efeito fonético e não fonológico. Em relação aos segmentos , , , (N) ( ) predominantes em quase todas as línguas. Contudo, em Suruí-Tocantins, Parakanã, Tembé e Apiaká (Ramo IV e VI), apenas foi verificada nasalidade sendo desencadeada por N, já em Sirionó (Ramo II) e Tapirapé (Ramo IV) Para os segmentos alvos, as línguas foram classificadas em quatro tipos diferentes, conforme a escala implicacional de harmonia nasal de Walker. A língua Sirionó (Ramo II), e as línguas dos Ramos IV e VI tendem a ter vogais sendo predominantemente nasalizadas (tipo 1), enquanto Tupinambá, Nheengatú, Anambé, Araweté e Asuriní do Xingu, Ka'apor and Zo'e (Ramos III, IV e VIII) têm vogais + glides sofrendo a nasalização (tipo 2). A língua Kamayurá pertencente ao Ramo VII exibe vogais + glides + líquidas sendo afetadas pelo processo de nasalidade; o mesmo ocorre com a língua Guajá (Ramo VIII). As línguas do Ramo I (com exceção de Tapieté), Wayampi e Emerillon (Ramo VIII) exibem o tipo (5), em que todos os segmentos são afetados pela harmonia nasal. O estudo também examinou segmentos que são bloqueadores do processo de nasalidade. As línguas que apresentam segmentos bloqueadores (especialmente as obstruintes surdas) são: Tapieté (Ramo I); Tupinambá, Nheengatú (Ramo III); Avá-Canoeiro (Ramo IV); Anambé, Araweté e Asuriní do Xingu (Ramo V); Kayabi, Apiaká (Ramo VI); Kamayurá (Ramo VII); Guajá, Ka'apor e Zo'e (Ramo VIII). Já as outras línguas apresentam obstruintes surdas sendo transparentes ao processo de nasalidade. A direcionalidade do espalhamento é predominantemente regressiva, embora possa ter também o espalhamento progressivo ou bidirecional, esses dois últimos são bastante frequentes em processos morfofonológicos. O domínio da nasalidade é dois tipos: Local, quando é N e a palavra Em suma, o trabalhou compreende-se em diversas etapas que auxiliaram na averiguação do fenômeno de nasalização nas línguas Tupí-Guaraní. A abordagem apresentada neste estudo é tipológica, uma vez que utiliza de métodos translinguísticos para verificar, entre as línguas investigadas, padrões semelhantes e diferentes relacionados ao tema em questão. Assim, a pesquisa realizada nessa dissertação buscou ampliar cada vez mais informações importantes sobre o processo de nasalização nessas línguas. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para análises futuras referentes à tipologia fonológica em línguas indígenas brasileiras.

  • MESSIAS LISBOA GONCALVES
  • TEMPO E MEMÓRIA EM O CACAULISTA E O CORONEL SANGRADO, DE INGLÊS DE SOUSA

  • Data: 19/01/2018
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  • Inglês de Sousa nasceu na cidade interiorana de Óbidos, localizada no estado do Pará, em 28 de dezembro de 1853, e faleceu no Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 1918. O escritor passou a maior parte de sua vida fora da cidade natal, mas foi na região amazônica que se inspirou para compor as suas obras literárias: História de um Pescador (1876), O Cacaulista (1876), O Coronel Sangrado (1877), O Missionário (1891) e Contos Amazônicos (1893). É possível cogitar que a valorização, apenas, da textura documental sócio-político-histórica pela crítica foi responsável por instaurar o obscurecimento do lastro estético dos romances O Cacaulista e O Coronel Sangrado. No entanto, é justamente o lastro estético que os mantém vivos. Sendo assim, esta pesquisa objetiva estudar as questões do tempo e da memória postas em obra por esses romances. Diante disso, é necessário lançar-se no abismo do pensamento e realizar uma crítica literária enquanto escuta poética das questões. Para uma maior compreensão e aprofundamento, esta pesquisa limitou-se à reflexão do personagem protagonista Miguel Faria, que migra de um romance para o outro. Dessa forma, entende-se que esse personagem-questão vive uma experienciação com o tempo, que foge àquele cronometrado pelo relógio ou mesmo àquele pensado pela ciência, e no seu tempo experiencia o tempo humano e poético. Para realizar este intento, dialogou-se especialmente com Henri Bergson (1859-1941), Martin Heidegger (1889-1976), Benedito Nunes (1929-2011) e Manuel Antônio de Castro (1941-) para pensar a escuta poética das questões naqueles romances inglesianos.

2017
Descrição
  • JANDERSON MARTINS DOS SANTOS
  • Práticas de ensino de professores de português-língua estrangeira: os impactos da heterogeneidade linguístico-cultural no agir docente.

  • Data: 19/12/2017
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  • Com o presente trabalho, procuramos contribuir com os estudos que versam sobre o ensino/aprendizagem de línguas/culturas estrangeiras em salas de aula marcadas pela heterogeneidade linguístico-cultural dos aprendentes. Nessa perspectiva, realizamos uma investigação com vistas a aferir os impactos da pluralidade linguístico-cultural dos aprendentes sobre o agir docente nas aulas de PLE. Particularmente, pesquisamos como a presença e a interação de diferentes culturas, nas turmas de PLE/PEC-G da UFPA, influenciam a planificação, as decisões didático-metodológicas e o agir dos professores nessas turmas. Nossa investigação se assentou, principalmente, nas teorias concernentes ao agir docente (CICUREL, 2007; 2011; 2013) e ao repertório didático (CAUSA, 2012; CICUREL, 2011) e, também, nos aportes teóricos da ergonomia de linha francesa referentes, de modo particular, às dimensões da análise do trabalho, quais sejam: o trabalho prescrito, o trabalho real e o trabalho representado (DANIELLOU; LAVILLE; TEIGER, 1983; AMIGUES, 2004; LOUSADA, 2004). Recorremos, ademais, aos estudos voltados para a interculturalidade e para a abordagem intercultural na sala de língua estrangeira (ABDALLAH-PRETCEILLE, 2001; LEIVA, 2010; BESALÚ, 2002; 2004; WALSH, 2005; CONSELHO DA EUROPA, 2001; TATO, 2014). Utilizamos, como dados de análise, observações de aula (registradas em áudio e em fichas de observação) e, ainda, entrevistas com os docentes. Os principais sujeitos de nossa pesquisa são os professores que atuaram no curso preparatório para o exame Celpe-Bras Ŕ entre os anos de 2013, 2014 e 2015 Ŕ destinado aos alunos do Programa Estudantes Convênio-Graduação (PEC-G) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Nossa pesquisa mostrou que o agir docente é impactado de diferentes modos pelas diversas culturas educativas presentes na sala de aula e que isso está associado à natureza do repertório didático de cada professor. Ela evidenciou também que, em turmas plurilíngues e pluriculturais de PLE, práticas assentadas numa abordagem mais acional e intercultural são mais eficazes para atenuar conflitos culturais recorrentes quando se trabalha com esse tipo de público.

  • JAIRO DA SILVA E SILVA
  • A MERCANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: ANÁLISE DIRCURSIVA DE ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS DE FACULDADES E/OU UNIVERSIDADES PRIVADAS QUE ATUAM NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

  • Data: 15/12/2017
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  • Este trabalho se propõe a analisar o processo discursivo de transformação da educação em produto de consumo, enunciado na mídia – mais especificamente – em anúncios publicitários de faculdades e/ou universidades privadas que atuam na Amazônia brasileira, sob a perspectiva teórico-metodológica da Análise do Discurso de linha francesa. Refletimos acerca de os efeitos de sentidos produzidos nos anúncios publicitários destas instituições privadas de ensino superior, pontuando os lugares em que se posicionam os sujeitos que enunciam estes dizeres, perpassando tanto pelas condições de produções destes enunciados, quanto pelos movimentos de rede de memórias (discursiva e imagética) e formações discursivas que agenciam os dizeres sobre a educação superior. Adotamos a hipótese de que a educação superior privada é concebida como mais um produto a ser consumido segundo as dinâmicas da agenda neoliberal instalada no país e que, a serviço deste complexo processo, estão os anúncios publicitários, pautados na ordem das práticas discursivas. As análises foram realizadas conforme as estratégias persuasivas materializadas em cada peça publicitária, dividindo-as em 04 blocos, onde identificamos diferentes sentidos sobre a educação superior privada. No primeiro bloco, os movimentos de interdiscursividade sugerem que o acesso ao ensino superior é pensado para determinados públicos, caracterizando-se, assim, um discurso de segregação na educação superior. No segundo bloco, os enunciados que compõem os anúncios acionam um cliente-aluno caracterizado pela necessidade de obter conquistas, se destacar socialmente e obter sucesso no mercado de trabalho. No terceiro bloco, a presença de celebridades em anúncios que vendem educação significa igualar a oferta da educação superior à oferta de qualquer outro produto mercadológico. No quarto bloco, ora discursiviza-se a educação superior conforme o gênero, ora reproduz-se a beleza feminina como essencial e fundamental para a materialidade publicitária. Assim, esta pesquisa justifica-se pelo fato de favorecer a compreensão das regularidades nos enunciados adotados por instituições particulares atuantes na referida região, possibilitadas pelas determinações histórico-sociais e ideológicas, bem como as influências do mercado no processo de mercantilização da educação.

  • EUNICE BRAGA PEREIRA
  • APROPRIAÇÃO TEÓRICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA GRADUAÇÃO EM LETRAS: O PROCESSO ENUNCIATIVO EM ANÁLISE

  • Data: 08/11/2017
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  • Na pesquisa, investigamos a apropriação teórica entendida como parte fundamental
    do processo de formação de professores. Buscamos responder à seguinte questão: que
    tipo de relação os graduandos, considerados professores em formação, estabelecem,
    em seus discursos, com os diferentes quadros teóricos a eles apresentados ao longo do
    curso de Letras? A hipótese inicial é de que, enquanto não houver apropriação teórica
    de fato, a teoria não terá papel constitutivo nem nas práticas discursivas dos alunos,
    nem em sua formação para o futuro trabalho docente. Sendo assim, nosso objetivo
    geral é compreender como os graduandos em Letras se apropriam e mobilizam os
    construtos teóricos ensinados no curso, os quais serão ou deveriam ser utilizados em
    sua futura atuação profissional como docentes. O corpus utilizado é constituído por
    dois tipos de produções acadêmicas realizadas pelos graduandos: 1) interações
    didáticas online realizadas numa rede social quando ressignificada como plataforma
    de ensino; dados estes resultantes de um projeto de ensino executado na graduação em
    Letras-Português da Universidade Federal do Pará durante dois anos; 2) produções
    escritas mais típicas do ambiente acadêmico, tais como relatórios de estágio, ensaios e
    Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) também realizados na Universidade Federal
    do Pará. Como aporte teórico, trabalhamos com a Teoria Polifônica de Ducrot (1987)
    e com a Teoria dos Blocos Semânticos (TBS) do mesmo autor; acionamos também o
    quadro de Authier-Revuz (1990, 1998, 2004) sobre as heterogeneidades discursivas;
    recorremos ainda a alguns traços da análise enunciativa de Foucault (1999, 2014),
    particularmente aos conceitos de ritual e disciplina. Os resultados da pesquisa
    mostram que os professores em formação tendem a arrolar a teoria em suas produções
    acadêmicas de modo bastante superficial e ritualístico, ou seja, a apropriação ainda
    não está plenamente solidificada; por consequência, a teoria assume um papel mais
    pró-forma do que constitutivo.

  • EVERTON LUIS FARIAS TEIXEIRA
  • NO ESCURO CORAÇÃO DO SÉCULO XX: UMA PROPOSTA DIALÉTICA ENTRE ERIC HOBSBAWM E GUIMARÃES ROSA

  • Data: 31/10/2017
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  • Nesta Tese é proposto um estudo comparativo entre as obras de João Guimarães Rosa (1908-1967) — com destaque para o romance Grande sertão: veredas (1956) e os “cronicontos” alemães de Ave, palavra (1970) — e a historiografia de Eric Hobsbawm (1917-2012), enfeixada em Bandidos (1969) e Era dos Extremos (1994). O fio aparente que liga as produções destes dois observadores históricos do século XX é a preocupação de ambos com o homem comum em detrimento aos fatos históricos e aos espaços geográficos demarcados. O presente exame espera demonstrar como a história ocidental no século XX infiltra-se na particular inscrita desse autor brasileiro, seja pelo cosmopolitismo do terror forjado em ―O mau humor de Wotan‖, seja pelo remoto sertão caracterizado como o próprio mundo pela fala do protagonista Riobaldo. Acerca desta obra, afirma-se que esta topografia, diferente da tradição regionalista, se erige tal qual uma metonímia de todos os lugares, portanto, distante de um saudosismo sertanejo. Alguns exemplos dessa ressonância histórica abundam nesse romance, como os grandes fenômenos vivenciados no século passado: a emancipação feminina e a crítica aos modelos liberais, os quais geraram os bandidos sociais em algumas regiões do globo, e com estes um acontecimento específico na passagem do século XIX para o XX: a eclosão dos primeiros Estados-paralelos de procedência rural originada pelas catástrofes ocorridas na Europa, as quais levaram as personagens das narrativas ―A velha‖ e ―A senhora dos segredos‖ a acreditarem na ilusão de liberdade em território brasileiro. Assim, os temas da ―nova mulher‖ e dos movimentos de resistência social nas periféricas zonas do capitalismo são de grande relevância tanto para a obra rosiana, quanto para o trabalho deste intelectual britânico, pois, em ambos, a documentação histórica se constitui em algo circunstancial em que as dimensões míticas dialogam com as composições ideológicas. Tendo a ambiguidade como a tônica das relações humanas e de poder do século XX e da ficção rosiana, o jagunço ficcional ora se assemelha ao paladino robinwoodiano, arquétipo ideal do bom bandido, quanto ao criminoso comum, figura proscrita pelas leis do Estado e pela aceitação do público geral. Este trabalho analisa — com o auxílio da Estética da Recepção e das contribuições críticas de Antonio Candido (1918-2017) — o percurso traçado pelas sociedades ocidentais no breve século XX no intuito de encontrar outras formas de subexistir em meio à desintegração dos valores desenhados pelo iluminismo setecentista. Integrando essas construções estético-científicas, é possível estabelecer uma interpretação mais completa de uma das muitas faces da realidade contemporânea, época em que o globo, perplexo, observou ruir impérios e a civilidade diante da barbárie praticada em regiões, como o sertão (real ou metafórico), esquecidas pelo capitalismo e pelo desgastado poder público. Nesta dialética, por um lado, amplia-se o estudo do tema do banditismo social hobsbawmiano, acrescentando-se à sua tipologia a figura do jagunço, por outro, denota-se em Guimarães Rosa uma atitude excepcional diante da violência e da barbárie observada em um período de exceção como o nosso em que todas as escritas se configuram em cantos de sobrevivência ou réquiens da liberdade.

  • MARIA LUCILENA GONZAGA COSTA
  • LAÇOS LUSO-PARAENSES NA IMPRENSA OITOCENTISTA

  • Data: 01/09/2017
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  • Há quase dois séculos da Independência do Brasil, ainda perduram no Pará alguns laços, além
    do idioma e da história política e cultural deixados pelos colonizadores portugueses. Destarte,
    coube ao jornal arquivar parte dessa importante história que, em algumas províncias brasileiras,
    testemunhou também perspectivas adversas do que pretendiam os brasileiros, como aconteceu
    na Província do Grão-Pará, cuja peculiaridade incide antes mesmo de sua “adesão” à
    independência, em 1823. Assim sendo, investigamos alguns jornais paraenses do século XIX,
    em específico, os das décadas de 1840 – respectivamente o final da Cabanagem – ao ano de
    1880, declínio do Romantismo, a fim de demonstrar sob a perspectiva da historiografia literária,
    como a Província do Grão-Pará testemunhou, em sentido adverso das demais, a lusofilia e a
    permanência da cultura portuguesa. Propomos como fonte os periódicos paraenses, catalogados
    no setor de microfilmagem da biblioteca Arthur Viana, localizada na Fundação Cultural do
    Pará, nos quais encontramos registros de manutenção dos laços literários existentes entre Brasil
    e Portugal no século XIX. Essa pesquisa servirá como fonte bibliográfica aos interessados na
    relação histórico-cultural entre o Pará e Portugal, haja vista que a maior parte dos jornais
    investigados está localizada exclusivamente na referida biblioteca do Estado do Pará, o que,
    certamente, favorece a pouca divulgação acerca desse conteúdo historiográfico, além de
    posicionar o Pará entre as importantes províncias brasileiras do Oitocentos.

  • MARIA LUIZA RODRIGUES FALEIROS LIMA
  • A PROSA DE FICÇÃO NOS JORNAIS CAMETAENSES

  • Data: 31/08/2017
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  • Com o florescimento das publicações dos jornais, o público brasileiro demonstrou um grande
    interesse no acesso à informação por meio dos periódicos, tanto como fonte de informação quanto de entretenimento, e pôde se deleitar especialmente com as publicações dos folhetins, um fenômeno literário advindo da Europa, principalmente da França. As publicações de periódicos na Província do Grão-Pará mostraram-se bastante prolíficas durante o século XIX e se estenderam até o seu interior, mais especificamente na cidade de Cametá. Levando isso em consideração, o objetivo desse trabalho foi recuperar os vestígios da história da imprensa na cidade de Cametá e averiguar a prosa de ficção publicada em seus jornais no século XIX, haja vista que a referida cidade era considerada um centro difusor de cultura da província do Grão-Pará, uma vez que, no período da Cabanagem, ela chegou a ser, embora por pouco tempo, a capital da província. Ao ter acesso a tais publicações, constatou-se a importância da imprensa na cidade e o grande número de prosa de ficção veiculada, totalizando 54 histórias de diversos autores, brasileiros e estrangeiros, o que demonstra o caráter da cidade de Cametá enquanto difusora da cultura letrada no interior paraense.

  • EDER BARBOSA CRUZ
  • O ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO NA AUTONOMIZAÇÃO DE APRENDENTES SURDOS NO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA SOB A ÓTICA DA COMPLEXIDADE 

  • Data: 25/08/2017
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  • O Aconselhamento Linguageiro (AL) é uma modalidade de acompanhamento de aprendentes de língua, que visa levá-los a uma reflexão sobre sua própria aprendizagem, em vista de torná- los mais autônomos. Mynard (2012) apresenta um modelo para o AL sustentado em três eixos interconectados: diálogo, instrumentos e contexto. Magno e Silva, Sá e Matos e Rabelo (2015) buscaram no aporte teórico do Paradigma da Complexidade os subsídios para mostrar que AL no modelo de Mynard (2012) beneficia-se de uma abordagem com a Teoria dos Sistemas Adaptativos Complexos (MORIN, 2010; LARSEN-FREEMAN; CAMERON 2008). Esta dissertação de mestrado situa-se no quadro da expansão desse modelo de AL para atender surdos aprendentes de língua portuguesa e que se comunicam por meio de uma língua modulada no plano visuo-espacial. Dessa forma, tivemos o objetivo de investigar o AL como fomentador da autonomia de alunos surdos no processo de apropriação do português. Para tanto, realizamos este estudo de caso com surdos do sétimo ano de uma escola pública da rede de ensino estadual do Pará, localizada na cidade de Belém. Para a geração dos dados, as sessões de aconselhamento com os aprendentes surdos de língua portuguesa foram filmadas. Os resultados mostraram que o Modelo do Diálogo, Instrumentos e Contexto para o AL (MYNARD, 2012), na sua compreensão como um sistema adaptativo complexo (MAGNO E SILVA; SÁ E MATOS; RABELO, 2015), se repensado considerando as especificidades dos aprendentes surdos e de sua língua de sinais, pode favorecer a prática do aconselhamento com esses aprendentes, fomentar sua autonomia e melhorar sua aprendizagem de português. 

  • JULIANA GOMES DOS SANTOS
  • LITERATURA & JORNALISMO: ASPECTOS DA RELIGIOSIDADE EM CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA E MARAJÓ, DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 04/08/2017
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  • Este trabalho tem por objetivo analisar os aspectos religiosos nos romances Chove nos Campos de Cachoeira e Marajó, do jornalista e romancista paraense Dalcídio Jurandir (1909/1979). Os textos jornalísticos do escritor darão suporte comparativo à discussão literária a respeito dos aspectos religiosos presentes nos romances citados. Nesses destacam-se as questões sociais e culturais que agem nas narrativas, ora em confronto com a religiosidade, ora em sintonia com ela. Na segunda seção deste trabalho, intitulada considerações acerca da temática religiosa apresentamos conceitos importantes que darão maior embasamento e entendimento às questões presentes nas obras e consequentemente na análise deste trabalho. Na terceira seção que tem como título Religiosidade em Chove nos Campos de Cachoeira e Marajó: Uma análise examinamos os principais aspectos religiosos presentes nas obras, ressaltando as questões que essa temática gera, principalmente, as questões sociais em que se observa a riqueza da Igreja em oposição à pobreza da população marajoara, procuramos examinar também os conflitos e as interligações entre as religiões, bem como analisamos a soberania das “forças superiores” como causa de medo, devoção e esperança para a população carente do Marajó. Diante da discussão proporcionada pela Literatura, pelo jornalismo e também por textos teóricos, averiguamos que as obras dalcidianas procuram denunciar as mazelas de sujeitos envoltos em um universo religioso, mas também procuram informar a respeito da cultura amazônica que tem como base as diversas religiões apresentadas nos romances.

  • DANIELE SANTOS DA SILVA
  • CONTOS DE MACHADO DE ASSIS N'A FOLHA DO NORTE (1896-1900)

  • Data: 22/06/2017
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  • Esta dissertação analisa a publicação de seis contos de Machado de Assis no periódico
    paraense Folha do Norte entre os anos de 1896 a 1900: ―Uma Carta‖, ―Uns Braços‖, ―O
    Diplomático‖, ―Adão e Eva‖, ―A Cartomante‖ e ―Conto de Escola‖, levando em
    consideração o contexto histórico em que as narrativas foram divulgadas, século XIX.
    Por meio da averiguação do periódico paraense é possível compreender qual o intuito
    dos editores em veicular escritos literários no rodapé do jornal visto que, apesar de
    negar, o Folha era estritamente ligado à política. Portanto, a publicação dos contos
    machadianos no periódico representa parte importante da história do Pará em um
    momento de significativas mudanças nos âmbitos cultural, social e político da cidade.

  • TIAGO SOUSA SANTOS
  • AVALIAÇÃO FORMATIVA NA EDUCAÇÃO ONLINE: REGULAÇÕES COM O GÊNERO PÔSTER ACADÊMICO

  • Data: 05/05/2017
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  • A grande procura pela educação online suscita a necessidade de se pesquisar como as práticas
    de avaliação-regulação ocorrem nesse ambiente. Esta dissertação investiga se a avaliação
    formativa alternativa pode, no âmbito da educação online, ajudar a desenvolver competências
    de produção acadêmica. Para tal, realizamos, quanto aos procedimentos, uma pesquisa-ação e,
    quanto à técnica de análise, uma pesquisa qualitativa em educação online, em que
    implementamos, junto a estudantes universitários de uma oficina online, uma Sequência
    Didática com o pôster acadêmico. Os dados construídos a partir dos diversos processos de
    regulação (compartilhada, co- e auto-) propiciados pelas ferramentas do Moodle 2.9 (Fóruns,
    Wikis, Tarefas, Laboratórios de Avaliação, Pesquisa, Lição, Checklist) permitiram analisar o
    percurso de um dos aprendentes. Do ponto de vista teórico, o trabalho fundamenta-se em três
    pilares: i) a noção de avaliação formativa alternativa, com foco nos processos de regulação do
    ensino/aprendizagem, ii) a educação online e as características da Web 2.0, como a
    colaboração e a interação, iii) o pôster acadêmico, com foco nos letramentos acadêmicos e
    com ênfase em suas características multissemióticas (dimensões visuais e verbais do objeto de
    ensino). Os resultados indicam que é possível uma prática de avaliação formativa em
    educação online e que ela pode ajudar a desenvolver competências de produção acadêmica.
    Também se verificou que a avaliação formativa não é construída somente pelos processos
    metacognitivos e autorregulatórios do aprendente individualmente, mas também por meio de
    diversas interações e colaborações, que ocorreram com as dimensões ensinadas e que
    puderam ser melhor visualizadas no ambiente virtual, pois a escrita permite o registro de cada
    interação.

  • LUCIANA DE OLIVEIRA ALVES
  • AVALIAÇÃO FORMATIVA E ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA FRANCESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

  • Data: 02/05/2017
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  • Este trabalho tem como objeto de estudo a avaliação formativa no ensino-aprendizagem do francês como língua estrangeira no ensino básico. Essa reflexão, que se apoia, principalmente, nos estudos de Nunziati (1990), Perrenoud (1998, 1999), Hadji (1992b, 2011) e Allal (1986, 2007, 2010), focaliza os processos formativos, como o estabelecimento e a verificação dos objetivos de aprendizagem, a elaboração coletiva de critérios avaliativos, a avaliação mútua e a autoavaliação, objetivando, ao mesmo tempo, favorecer a aprendizagem da língua francesa – na perspectiva delineada no Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001) – e o consequente domínio de procedimentos avaliativos pelos alunos. Estudos recentes sobre a avaliação escolar e o ensino-aprendizagem de línguas apontam que a avaliação formativa permanece incompreendida e praticada de maneira aleatória pelos sujeitos envolvidos no processo, para muitos dos quais avaliar diariamente é observar o aluno não como aprendente de uma língua, mas como bom ou mau estudante, do ponto de vista comportamental, social, sendo a aprendizagem quotidiana da língua – tanto do ponto de vista do saber sobre a língua quanto de seu uso – objeto exclusivo dos instrumentos somativos. Nossa experiência no meio escolar também indica que as línguas estrangeiras enfrentam constantes limitações, como carga horária reduzida, baixa motivação dos atores e sistemas avaliativos de predominância somativa sob a responsabilidade unilateral do professor. Assim, neste trabalho, buscou-se contribuir teórica e metodologicamente com os estudos que consideram a avaliação formativa como dispositivo de ensino e de aprendizagem, verificando quais procedimentos formativos podem ser utilizados, no ensino básico, não apenas para ajudar o aluno a aprender, mas também para ajudá-lo a participar ativamente do processo avaliativo das aprendizagens em curso. Para isso, foi realizada uma pesquisa-ação, que se desmembrou em duas direções: uma análise exploratória em uma escola de ensino médio, que permitiu descrever, mediante a análise de textos oficiais e de questionários respondidos por coordenadoras e professoras de francês, o sistema de avaliação da instituição e as concepções dos envolvidos a respeito das práticas avaliativas; uma estratégia de ação junto aos alunos de francês do primeiro ano do Ensino Médio, da mesma escola. Nas sequências didáticas, foram implementadas estratégias formativas que possibilitassem a (auto)(r)regulação das aprendizagens ao longo do ano letivo. Os resultados indicam inegáveis impactos na autonomização dos alunos no que diz respeito à reflexão sobre os objetivos de aprendizagem, à construção de critérios avaliativos e à avaliação mútua, mas também limitações em suas capacidades de autorregulação e autoavaliação, que convém analisar em suas diversas dimensões (sociais, pedagógicas e cognitivas).

  • CARLENE FERREIRA NUNES SALVADOR
  • ESTUDO DA FRASEOLOGIA DO FUTEBOL BRASILEIRO DAS SÉRIES "B", "C" E "D" EM JORNAIS DIGITAIS POPULARES: CONSTRUÇÃO DE UM DICIONÁRIO ELETRÔNICO

  • Data: 27/03/2017
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  • Esta pesquisa, de base fraseológica e de cunho quali-quantitativo, apresenta um apanhado de unidades lexicais fixas, as quais se configuram como sequências portadoras das vivências de uma ou mais gerações e funcionam como instrumentos de conduta aptos para serem aplicados no cotidiano. O que caracteriza o fraseologismo é a convencionalidade do agrupamento e a sua memorização como um bloco coeso, sua sequência é recuperada da memória como um todo e reconhecida como uma unidade informacional. Neste sentido, o presente trabalho de doutoramento, tem por objetivo produzir um dicionário fraseológico do futebol, em versão impressa e eletrônica, a partir de um corpus coletado de textos oriundos de jornais populares brasileiros que circulam em formato impresso e digital, em cinco capitais brasileiras: Belém, Goiânia, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro. Os textos dos jornais que serviram de base para a análise fraseológica são referentes ao recorte temporal de 2008 a 2015, período que compreende um pós-Copa e a realização de duas Copas do Mundo da FIFA, o que leva a crer que há uma propensão natural à produção dessas estruturas, e que leva a verificar o grau de cristalização dessas unidades fraseológicas, tendo a coleta iniciada em 2014 e finalizada em 2016. A Linguística de Corpus forma parte dos procedimentos metodológicos e da abordagem empírica empregada para a compilação e a extração dos dados de acordo com Berber Sardinha (2004) e Tagnin (2005). A fundamentação teórica adotada está circunscrita à taxonomia proposta por M. Gross (1982), G. Gross (1996) e Mejri (1997, 1998, 2002, 2012), Xatara (1994,1998), Ortiz-Alvarez (2000, 2012) e Oto-Vale (2002) para a identificação dos critérios e a análise dos fraseologismos. O software Lexique Pro foi utilizado como ferramenta de organização do dicionário eletrônico. Para uma abordagem específica sobre a fraseologia, foram utilizados os preceitos desenvolvidos por Mejri (1998, 2012), no qual o autor explicita que subjacentes aos comportamentos sintáticos das sequências fixas, estão mecanismos semânticos profundos. Considerados sob esse viés, os estudos na área da Fraseologia não só permitem refletir sobre questões no campo da linguagem, como também contribuem para compreender determinada comunidade por meio do registro e análise das expressões que compõem seu acervo linguístico. Após a compilação dos dados e aplicação dos testes fraseológicos, foram encontrados 1.318 fraseologismos, os quais revelam presença expressiva de fraseologismos nos textos investigados; alguns exemplos bastante emblemáticos podem ser notados: pisar na bola, no sentido de cometer um erro, gol de bicicleta, uma alusão ao gol que é feito com as pernas lançadas ao alto, movimento que imita o pedalar de uma bicicleta e lá onde a coruja dorme, uma referência ao canto esquerdo superior do goleiro. O corpus evidencia, assim, marcas incontestes dessa fraseologia no léxico, razão pela qual se faz necessário investigar essas marcas.

  • DEYNEA FABIOLA FERREIRA DE SOUZA
  • O CORVO, DE EDGAR ALLAN POE: INTERSEÇÃO DE LINGUAGENS ENTRE TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA, ADAPTAÇÃO E HISTÓRIA EM QUADRINHOS

  • Data: 20/03/2017
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  • Com base na semiose da tradução intersemiótica, o presente estudo analisa a linguagem usada na transposição do poema O corvo, de Edgar Allan Poe, para a história em quadrinhos do artista gráfico Luciano Irrthum, a partir da tradução de Machado de Assis. Utilizando como referenciais teóricos Julio Plaza (2010), Charles S. Peirce (2005), Roman Jakobson (2007), Linda Hutcheon (2013), Thierry Groesteen (2015), entre outros. Esta dissertação discorre sobre a travessia dos sistemas de signos - do poema escrito para a HQ - tratando da relação texto e imagem, observando as especificidades da arte sequencial, como o corte gráfico, timing, quadro, requadro, entre outros, relacionadas à intenção de Poe exposta no seu ensaio A filosofia da composição, no qual o poeta revela seu modus operandi em relação ao poema e expõe o efeito que pretende alcançar, como o tom, ritmo, cadência. O presente trabalho aborda ainda as questões da adaptação sob os vieses econômico, técnico, didático e da cultura de massas.

  • ANTONIO AUGUSTO DO CANTO LOPES FILHO
  • SÓ AS COISAS RASTEIRAS ME CELESTAM: O CONTEMPORÂNEO E AS SUAS INSIGNIFICÂNCIAS EM MANOEL DE BARROS

  • Data: 16/03/2017
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  • Esta dissertação tem por objetivo explorar, por meio de categorias de interpretação,   as matérias poéticas na obra de Manoel de Barros. A pesquisa parte  de  uma  discussão a respeito da crise de verso, um dos traços mais substanciais da Literatura Moderna, que, ao estudá-la revela as mudanças de perspectivas pelas quais a poesia tem passado desde os fins do século XIX até hoje. Em seguida,  a  utilização  do prefixo des, tão recorrente nesse exercício poético, como construção autônoma das palavras: deslimites. Por fim, de que maneira os versos manoelinos inserem-se no contemporâneo; e a singular figura do ínfimo, enaltecedora das coisas do chão. O estudo construiu-se perante a indagação das questões, acima apresentadas, por meio das obras retiradas da edição de Poesia Completa (2013): Matéria de Poesia (1970),  O Guardador de Águas (1989), O Livro das Ignorãças (1993), Livro Sobre Nada (1996) e Retrato do Artista Quando Coisa (1998); e  é  fundamentado,  principalmente, com o aporte teórico de Marcos Siscar acerca da crise de verso ao questionar o estado da poesia brasileira contemporânea; de Alberto Pucheu no que se refere à descrição estabelecida por ele a Manoel de Barros: poeta-pensador, pois a origem é um argumento constante nessa poesia; de Maurice Blanchot quanto à morte da nomeação na Literatura e Giorgio Agamben a partir do questionamento do que é ser contemporâneo.

  • GLLEYCE CLIVIA VINAGRE SANTOS
  • ECOS CINEMATOGRÁFICOS NA POESIA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

  • Data: 16/03/2017
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  • A presente dissertação desenvolve uma proposta interpretativa das mudanças ocorridas no século XX, no que diz respeito à percepção humana e sua relação com a linguagem poética quando do advento do cinema e da marca desse na produção poética de Carlos Drummond de Andrade, tanto no que diz respeito às referências ao cinema ou à utilização de aspectos da linguagem cinematográfica como forma de renovação da linguagem literária quanto às influências na formação do sujeito lírico drummondiano. Assim, dividida em três capítulos, investigam-se poemas selecionados de Alguma poesia (1930), “Canto ao homem do povo Charlie Chaplin”, de A rosa do povo (1945), e uma seleção de poemas da série Boitempo (1968, 1973 e 1979). No primeiro capítulo vemos o traçado de um panorama que nos esclarece sobre a linguagem cinematográfica, as mudanças na estrutura da percepção humana quando do surgimento do cinema na vida do homem moderno e sua marca na poesia de Drummond. O segundo capítulo adentra a leitura de poemas drummondiano para investigar seu perfil enquanto poeta-cinemeiro e a transposição de aspectos da linguagem cinematográfica para a linguagem poética. No terceiro e último capítulo revelam-se alguns laços entre a poesia drummondiana e os filmes de Charlie Chaplin, assim como algumas afinidades entre o sujeito poético Carlos e o personagem fílmico Carlito. Entre as principais referências teóricas e críticas tomadas como base para a escrita dos capítulos estão Walter Benjamin (1987), no que se refere à marca do cinema na percepção humana, Andrei Tarkovski (2010), no tratamento de aspectos cinematográficos, Paul Ricoeur (2007) e Henri Bergson (1999), no que diz respeito à apreensão das lembranças em imagens, André Bazin (2006) no estudo de aspectos da obra chapliniana, e, por fim, Marlene de Castro Correia (2015), Davi Arrigucci Jr. (2002) e Antônio Candido (1989 e 1995) para o estudo orientado da poesia de Carlos Drummond de Andrade.

  • MARCELO PIRES DIAS
  • ATLAS GEOSSOCIOLINGUÍSTICO QUILOMBOLA DO NORDESTE DO PARÁ (AGQUINPA)

  • Data: 07/03/2017
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  • Esta pesquisa tem como objetivo apresentar o Atlas Geossociolinguístico Quilombola do Nordeste do Pará (AGQUINPA). O AGQUINPA é um atlas semântico-lexical que descreve e mapeia a variedade linguística do português afro-brasileiro falado nas comunidades remanescentes de quilombos da Mesorregião Nordeste do Pará por meio do inventário lexical.
    O atlas apresenta um levantamento histórico e geossociolinguístico das comunidades pesquisadas, cartas linguísticas semântico-lexicais pluridimensionais, além de um banco de dados  geossociolinguístico. A Mesorregião Nordeste do Pará foi selecionada como locus da pesquisa, em virtude da alta densidade de comunidades quilombolas reconhecidas e tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Instituto de Terras do Pará (ITERPA) e Fundação Palmares (FCP), e representam 270 das 523 presentes no Estado do Pará. Essas comunidades foram ocupadas por negros escravizados fugidos, em regiões de difícil acesso, com o intuito de evitar a recaptura e, em outros casos, foram antigas propriedades doadas ou cedidas após a desorganização do sistema escravagista na Amazônia, no final do século XIX. As comunidades quilombolas que fazem parte do AGQUINPA estão localizadas nas áreas rurais dos municípios do Nordeste do Estado do Pará (Brasil) e são as seguintes: a) Comunidade do Cacau (Colares/PA); b) Comunidade América (Bragança/PA); c) Comunidade do Rio Acaraqui/Campompema (Abaetetuba/PA); d) Comunidade Taperinha (São Domingos do Capim/PA); e) Comunidade Laranjituba (Moju/PA) e f) Comunidade
    África (Moju/PA). Essas comunidades têm como principais atividades econômicas o extrativismo e a agricultura de subsistência, além de apresentarem baixa mobilidade social e a maioria dos moradores se autodeclara descendente de negros escravizados. Para a elaboração do atlas, utilizamos o instrumental metodológico da Geografia Linguística e da Geolinguística Pluridimensional, considerando as dimensões diatópica, diassexual (homens e mulheres) e diageracional (Geração I: 18 a 30 anos; Geração II: 50 a 65 anos). A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2014 e 2016, por meio da aplicação do Questionário Semânticolexical do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), incluindo-se nele 31 questões de origem etimológica Bantu, para mensurar a difusão (ou não) do léxico de origem africana. Os dados coletados foram transcritos grafematicamente no software de anotação linguística ELAN e, posteriormente, trasladados para o Banco de Dados do AGQUINPA. As cartas foram confeccionadas através da utilização da ferramenta de georreferenciamento e edição de dados georreferenciados Quantum GIS (QGIS), além da ferramenta ColorBrewer para a colorimetria
    das cartas. O AGQUINPA possui 153 cartas semântico-lexicais, elaboradas a partir da aplicação do Questionário Semântico-lexical (QSL), das quais descreveremos 136, que apresentaram variação não categórica.

  • MARILIA FERNANDA PEREIRA DE FREITAS
  • A POSSE EM APURINÃ: DESCRIÇÃO DE CONSTRUÇÕES ATRIBUTIVAS E PREDICATIVAS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS LÍNGUAS ARUÁK

  • Data: 06/03/2017
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  • A língua Apurinã (Aruák) é falada pelo povo autodenominado pupĩkarywakury, que vive,
    principalmente, em vários afluentes do rio Purus, sudeste do estado do Amazonas. Esta
    pesquisa tem como objetivo descrever os padrões de codificação da posse atributiva e
    predicativa em Apurinã em comparação com outras línguas Aruák, em especial, Piro
    (MATTESON, [1963] 1965; HANSON, 2010; SILVA, 2013) e Iñapari (PARKER, 1995 e
    1999), geneticamente mais próximas de Apurinã. Nomes possuídos em Apurinã se distinguem
    gramaticalmente quanto à (in)alienabilidade. Os inalienáveis são não marcados em
    construções de posse, enquanto que os alienáveis são marcados nessas construções. Nomes
    inalienavelmente possuídos apresentam como parte de sua entrada lexical a posse obrigatória;
    semanticamente se referem a termos de parentesco, partes do corpo, partes de um todo ou
    elementos relacionados ao corpo, entre outras noções (tais como ny-thapu (1sg-arco.de) „meu
    arco‟ ou ny-mãka (1sg-roupa.de) „minha roupa‟). Entre os inalienáveis há os nomes
    classificatórios (FACUNDES, 2000), fonologicamente presos, recorrentes, com funções
    classificatórias, como ãamyna-tãta (árvore-casca.de „casca da árvore‟); e os não
    classificatórios (idem) incluindo aqueles que: (i) não podem ocorrer na forma não possuída
    (exceto no vocativo), se referindo a termos de parentesco, como n-ynyru (1sg-mãe.de) „minha
    mãe‟, *ynyru „mãe‟ sendo agramatical; e (ii) aqueles que podem ocorrer, em contextos
    pragmáticos específicos, em sua forma não possuída, pelo acréscimo do sufixo -txi, que
    „anula‟ a obrigatoriedade da presença de um possuidor, com nomes que se referem a partes do
    corpo, elementos relacionados ou produzidos pelo corpo, entre outras noções (ny-waku (1sgmão.
    de) „minha mão‟, em oposição a wakũ-txi (mão.de-n.possd) „mão‟). Nomes
    alienavelmente possuídos são aqueles que recebem um determinado sufixo, -te, -ne, -re1 ou -
    re2. Há um subconjunto de nomes inalienáveis que apresentam dupla marcação, recebendo o
    sufixo -ry quando não possuídos (nhipuku-ry (comida-n.possd) „comida‟) e -re2 quando
    possuídos (nhi-nhipuku-re (1sg-comida-possd „minha comida‟). A escolha entre um desses
    sufixos, embora lexicalmente condicionada, apresenta subgeneralizações relacionadas a
    aspectos semânticos, morfológicos e pragmáticos, em que, por exemplo, nomes de animais
    apenas ocorrem com -te ou -ne (ny-kema-te (1sg-anta-possd) „minha anta‟; ny-kataty-ne (1sgborboleta-
    possd) „minha borboleta); nomes deverbais geralmente ocorrem com -re (nymyteka-
    re (1sg-correr-possd „minha carreira (corrida)‟, em oposição à forma verbal nymyteka-
    nã-ta (1sg-correr-progr-vblz) „eu estou correndo‟); e termos considerados pelo falante
    como pouco familiarmente possuíveis ou desconhecidos são sempre marcados por -ne (nykema-
    awĩthe-ne (1sg-anta-chefe-possd) „minha vaca‟). Nas construções de posse predicativa,
    a língua apresenta a forma verbal awa „ter‟, „haver/existir‟ ou „viver/estar em/com‟,
    configurando um exemplo da íntima relação entre posse, localização e existência, conforme
    literatura sobre o assunto (c.f: NICHOLS, 1988; HAIMAN, 1983; HEINE, 2001; BARON e
    HERSLUND, 2001; DRYER, 2007; PERNISS E ZESHAN, 2008; HASPELMATH, 2008;
    STASSEN, 2009; entre outros). Adicionalmente, a língua apresenta cerca de 5 formas verbais
    ligadas à expressão de posse agregada à quantificação, o que temos chamado de posse
    quantificada, como em na=(h)ãty „ter muito‟; Ithu „ter muito‟; kuna kamuny „ter muito‟;
    Kaiãu „ter muito‟; Puiãu „ter pouco‟. Os padrões de marcação de posse em Apurinã acima
    descritos se aproximam, em certa medida, do que ocorre em outras línguas Aruák,
    apresentando, entretanto, especificidades que parecem ser inovações do subgrupo linguístico a
    que a língua pertence.

  • REGIS JOSE DA CUNHA GUEDES
  • PERFIL GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO PORTUGUÊS EM CONTATO COM LÍNGUAS TUPI-GUARANI EM ÁREAS INDÍGENAS DOS ESTADOS DO PARÁ E MARANHÃO.

  • Data: 04/03/2017
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  • A presente tese consiste num mapeamento do perfil geossociolinguístico do português em contato com línguas pertencentes à família Tupí-Guaraní, em áreas indígenas dos estados do Pará e Maranhão, com o propósito de trazer contribuições ao conhecimento dos comportamentos linguísticos dos falantes e da variação fonética do português em contato com cinco línguas indígenas, quais sejam: Suruí Aikewára, Asuriní do Tocantins, Tembé, Guajajára e Guaraní Mbyá. Os pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia e Geografia Linguística (GILLIERON, 1902; NASCENTES, 1953; ROSSI, 1963), da moderna Dialetologia e da Geossociolinguística (RAZKY, 1996; CARDOSO, 1999; AGUILERA, 2008), da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (RADTKE; THUN, 1996), e do contato de línguas (WEINREICH, 1953; FISHMAN, 1978; THOMASON, 2001) nortearam a realização deste estudo. O aporte metodológico adotado foi inspirado nos instrumentos desenvolvidos pelo Comitê Nacional do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB, especialmente em um de seus instrumentos de coleta de dados: o Questionário Fonético-Fonológico (QFF), que possui 159 perguntas. Esse questionário foi adaptado, incluída a solicitação da correspondência em língua indígena para cada umas das respostas obtidas em português. Além desse instrumento, foi aplicado um QFF Complementar, com 37 perguntas, que objetivou o registro de fenômenos fonéticos específicos do contato do português com essas línguas indígenas, e um Questionário Sociolinguístico de 21 questões sobre comportamentos linguísticos e comentários metalinguísticos/epilinguísticos. Foram previstos dez colaboradores por ponto de inquérito, de ambos os sexos, estratificados em três faixas etárias (1ª: 5 a 10 anos, 2ª: 18 a 37 anos e 3ª: 47 a 75 anos), os adultos foram subdivididos de forma equitativa em duas faixas de escolaridade (1ª: analfabetos ao ensino fundamental e 2ª: do ensino médio ao superior). A análise dos resultados demonstrou que o português falado nessas áreas indígenas ainda apresenta influência do substrato linguístico de origem Tupí-Guaraní, principalmente na fala de uma parcela dos colaboradores mais velhos (3ª faixa etária), enquanto que, de modo geral, a variação dos fenômenos fonéticos estudados parece compor parte de um contínuo de fala em relação às comunidades não indígenas da região (se comparados aos dados do Atlas Linguístico do Brasil – ALiB e do Atlas Linguístico Sonoro do Pará – ALiSPA). Os resultados do mapeamento sociolinguístico apontam para a difusão da língua portuguesa e para um baixo grau de competência linguística em língua indígena entre os colaboradores mais jovens (1ª e 2ª faixas etárias), apesar de haver indicações de um processo de conscientização desses colaboradores acerca da importância da manutenção das línguas indígenas próprias de suas comunidades.

  • MARIA DORACI GUEDES RODRIGUES
  • MAPEAMENTO LEXICAL DO PORTUGUÊS FALADO PELOS WAJÁPI NO ESTADO DO AMAPÁ: UMA ABORDAGEM GEOSSOCIOLINGUÍSTICA

  • Data: 03/03/2017
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  • Este trabalho tem como objetivo mapear, descrever e analisar, em uma perspectiva Geossociolinguística, A Variação Lexical do Português Brasileiro Falado na Terra Indígena Wajãpi, no Estado do Amapá. O estudo aqui proposto adotou o modelo e os procedimentos de análise que consideram os princípios da Geolinguística e da Dialetologia Pluridimensional (CARDOSO, 2010; RAZKY, 1998) e (RADTKE e THUN, 1996). Para tanto, o corpus foi coletado por meio da aplicação do Questionário Semântico Lexical (QSL) do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) 2001, no qual contém 202 questões, distribuídas em catorze campos semânticos, mas que foram adaptadas para melhor cumprir os objetivos da pesquisa em tela, foram então, consideradas 121 questões, aplicadas a 20 informantes, quatro de cada ponto de inquérito; nas comunidades de Aramirã, Pairakae, CTA, Mariry, Kurani’yty, com perfil estratificado de acordo com sexo, idade e escolaridade; o primeiro grupo é composto de um homem e uma mulher, na faixa etária de 18 a 30 anos, não alfabetizados ou alfabetizados até a 8ªsérie do ensino fundamental; o segundo grupo, também composto por um homem e uma mulher, na faixa etária de 40 a 70 anos, não alfabetizados ou alfabetizados até a 8ªsérie do ensino fundamental. Com base na análise dos resultados, constatou-se que apesar da produtividade de língua portuguesa ser frequente pelos homens mais idosos, notou-se que existe um baixo processo de aprendizagem do português pelos falantes de primeira faixa etária (MA) e (FA), isso se deve ao fato de que eles ainda preservam a língua materna, pois percebeu-se que existe um índice elevado de sem respostas (SR).

  • CINTHIA DE LIMA NEVES
  • REARRANJO DE VALÊNCIA NA LÍNGUA PARKATÊJÊ (TIMBIRA)

  • Data: 24/02/2017
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  • Diversos pesquisadores realizaram trabalhos sobre os povos Timbira: Apaniekrá (CASTRO ALVES,
    2004, 1999); Apinajé (DAVIS, 1966; OLIVEIRA, 2003); Krahô (SOUZA, 1997, 1990); Krinkati
    (CASTRO ALVES, 2004; AMADO, 2004); Parkatêjê (NEVES, 2012; FERREIRA, 2003; ARAÚJO,
    1989) Pykobjê (SÁ, 1999; AMADO, 2004); Ramkokamekrá (DAVIS, 1966; POPJES & POPJES,
    1986). À exceção dos estudos contrastivos de Alves (l995), Alves & Sá (2000) e Alves (2002), o
    Timbira não conta com trabalhos que descrevam/comparem/contrastem determinados aspectos nas
    línguas que compõem o complexo dialetal, principalmente aqueles que são recorrentes e produtivos
    nessas línguas, como o processo de mudança de valência. Em algumas línguas, como o Parkatêjê, o
    fenômeno necessita de aprofundamento, contemplando questões gerais que permitam estender a pesquisa
    às outras línguas Timbira e, posteriormente, às línguas Jê do Norte (Panará, Suyá, Kayapó). A
    proposta deste trabalho é descrever, do ponto de vista morfossintático e semântico, os mecanismos
    envolvidos nos processos de rearranjo de valência em Parkatêjê, comparando àqueles atestados em
    outras línguas Timbira, a fim de contribuir com trabalhos de cunho descritivo, histórico e/ou comparativo
    de línguas Jê e das línguas em geral.

  • JAQUELINE DE ANDRADE REIS
  • SOCIOTERMINOLOGIA DE PLANTAS MEDICINAIS EM PARKATÊJÊ

  • Data: 23/02/2017
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  • O presente trabalho consiste do estudo da terminologia das plantas medicinais utilizadas na
    produção de remédios para o tratamento e cura de doenças pelos indígenas da Comunidade
    Parkatêjê localizada na Terra Indígena Mãe Maria, à altura do quilômetro 30 da rodovia BR-222,
    no município Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do estado do Pará. O objetivo principal, desta
    investigação, visa elaborar um glossário semibilíngue, em sua versão impressa, acerca dos termos
    especializados das plantas medicinais que emergem do discurso do pajé, considerado um
    especialista em saúde indígena, conforme Athias (2016). Entre os objetivos específicos, buscamos
    descrever e analisar os aspectos morfológicos desses termos especializados com base em Ferreira
    (2003). O trabalho está norteado pelos pressupostos teórico-metodológicos da Socioterminologia à
    luz do pensamento de Gaudin (1993, 2003) e Faulstich (1995, 1998, 1999, 2006, 2010a, 2010b,
    2012, 2014); como abordagem suporte, a pesquisa encontra-se alicerçada na Terminologia
    Cultural (TC), postulada por Diki-Kidire (2002, 2007, 2009). Entendemos que essas teorias se
    adequam à elaboração do glossário ora proposto, pois consideram as especificidades da língua
    Parkatêjê. A escolha do campo semântico das plantas medicinais é justificada pela importância
    social e cultural dessa prática de uso, que se configura em sociedades orientadas pela tradição oral,
    como a Parkatêjê, devendo, por isso, ser analisada, mas também descrita e documentada com
    intuito de contribuir para o fortalecimento e a preservação da língua tradicional. A coleta de dados
    foi realizada na referida comunidade indígena por meio de entrevistas com o pajé e com outros
    colaboradores da pesquisa. Para a organização e o tratamento do banco de dados, utilizamos o
    software Flex; para a elaboração do glossário, valemo-nos do programa computacional Lexique
    Pro. O glossário contém 111 verbetes, que estão apresentados em ordem alfabética, alguns dos
    quais acompanhados por ilustrações. Esperamos que essa obra terminográfica seja útil a futuras
    pesquisas nessa área, e também possa contribuir para a preservação dos saberes culturais e
    linguísticos dos Parkatêjê.

  • MARCIA DO SOCORRO DA SILVA PINHEIRO
  • FABÍOLA: A SUBVERSÃO, A MORALIZAÇÃO E A VIRTUDE RECOMPENSADA

  • Data: 23/02/2017
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  • Embora tenha conseguido sua maior projeção no século XIX, o gênero romance já se destacava no horizonte literário europeu do século XVIII e apresentava grandes transformações. Dessa forma, o romance se firmou em meio a mudanças sociais, políticas e econômicas. Este estudo objetiva analisar o romance Fabiola, publicado em 1865, no formato folhetim no periódico A Estrella do Norte (1863-1869), folha católica que publicou suas notícias sob os auspícios de Dom Macedo Costa (1830-1891). Para efetuarmos o objetivo deste trabalho, trataremos sobre a ascensão e consolidação do gênero no primeiro capítulo, fazendo uma espécie de contraponto entre a leitura de Fabiola e outros romances que tiveram destaque durante o século XVIII e XIX. Demonstraremos também, no segundo capítulo, como foi no século XIX a recepção do romance em terras paraenses, sobretudo a partir da ótica do editor do periódico, Dom Macedo Costa. No terceiro capítulo, analisaremos as personagens femininas do romance econferir como essas categorias se manifestaram na obra. O contexto histórico no qual esse romance foi publicado, será também descrito, assim buscamos determinar sua influência, no que envolve a escolha de tal publicação pelos editores do periódico religioso paraense.

  • FABIOLA DO SOCORRO FIGUEIREDO DOS REIS
  • FICÇÕES E TRADUÇÕES DE FÃS NA INTERNET: UM ESTUDO SOBRE REESCRITA, COLABORAÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE FANFICTIONS

  • Data: 23/02/2017
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  • O presente trabalho apresenta uma análise do processo de tradução das fanfictions (histórias
    de fãs) para a língua portuguesa, uma das inúmeras atividades praticadas por fãs em
    comunidades virtuais. Este processo apresenta sistemas e técnicas que se moldam em antigas
    práticas, com agentes que alternam de função de um momento a outro, adequando-se sem
    maiores problemas as mudanças na tarefa proposta. É necessário compreender como, nesta
    atividade, a fanfiction é duplamente reescrita – tanto quando os fãs (os leitores-autores) fazem
    uso de personagens de outros autores em novas histórias paralelas, quanto na tradução, pois,
    segundo Lefevere (1995), traduzir é sempre um ato de reescrita. Este estudo apresenta o
    conceito de reescrita antes de discutir outros aspectos relacionados à tradução de fanfictions,
    como o tempo de publicação de cada capítulo e/ou a relação entre leitor-autor da fanfiction
    original e seu(s) tradutor(es). Outro aspecto que esta pesquisa apresenta é que, na era digital,
    as relações entre as entidades como autor, leitor e tradutor se tornam complexas, uma vez que
    essas entidades não podem mais ser percebidas em sua forma fixa. Os papéis desempenhados
    por elas são intercambiáveis e essa maleabilidade é acentuada pelo uso das máquinas, o que
    confere a essas entidades a imagem de ciborgues: são autores, leitores e tradutores ao mesmo
    tempo. Dicotomias como as de autor e leitor, tradutor e leitor, leitor e revisor se modificam no
    ciberespaço. Com o crescimento do acesso à internet as perguntas relacionadas ao futuro da
    prática da escrita, leitura e tradução continuam aumentando: será possível que na época digital
    os limites entre escritor, leitor e tradutor sejam desfeitos e que realmente todos possam
    assumir esses papéis ao mesmo tempo? Do ponto de vista das ciências humanas, a era digital
    obriga a repensar categorias de trabalho tradicionalmente construídas em função de papéis
    diferenciados e separados por fronteiras nítidas, como as categorias de autor, leitor e tradutor.
    A aparição da internet possibilitou a criação de novos gêneros e promoveu o
    compartilhamento no ciberespaço daquilo que antes era restrito a apenas uma parte da
    população. O ciborgue é aquele ser que está tanto no mundo real quanto no mundo paralelo da
    internet, alguém que está por trás de uma máquina e que consegue se envolver virtualmente
    em diversos campos, publicando e interagindo com leitores e autores. O leitor-ciborgue por
    trás de um computador possui diversas funções e habilidades ao mesmo tempo. Em
    Modernidade Líquida (2001), Bauman explica que certos padrões de dependência e interação
    humana são maleáveis como um fluido. Essa é uma metáfora que pode ser usada para
    descrever os estudos literários e a era digital, com seus usuários fluindo em diversas direções
    e mudando o curso de categorias que antes eram pré-definidas, como as de autoria e tradução.
    A partir dessa noção de fluidez, esta tese lida com os conceitos de tradução e certas
    dicotomias, como leitura/autoria ou autoria/tradução, com a mesma liquidez que Bauman
    define nossos tempos. A tradução de fanfiction, o processo analisado neste trabalho, precisou
    ser retirada do mar da internet com uma rede de pescador (num corpus de cinco histórias das
    comunidades de fãs de Rurouni Kenshin, Crepúsculo e InuYasha) para ser estudada.

  • TEREZA TAYNA COUTINHO LOPES
  • ONOMÁSTICA EM PARKATÊJÊ: UM ESTUDO MORFOSSINTÁTICO E SEMÂNTICO SOBRE NOMES PRÓPRIOS

  • Data: 23/02/2017
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  • Este trabalho tem por objetivo apresentar questões linguísticas e culturais relacionadas ao sistema onomástico do povo Parkatêjê, também conhecido na literatura especializada como Gavião do Pará. Atualmente, o referido povo vive em aldeias na Reserva Indígena Mãe Maria (RIMM), às proximidades do município de Marabá. A língua Parkatêjê, denominada do mesmo modo que sua comunidade, filia-se ao Complexo Dialetal Timbira, tronco linguístico Macro-Jê e, tal como é comum aos povos Timbira, exibe elaborados sistemas de nominação. O estudo dos nomes próprios de diferentes tipologias é o interesse central da disciplina denominada Onomástica, sendo a antroponímia, isto é, o estudo dos nomes próprios de pessoa, a área da Onomástica em foco neste trabalho. Inicialmente, após algumas considerações gerais a respeito do povo Parkatêjê, realizou-se um levantamento sobre o estado da arte do campo de estudo da onomástica, a partir das perspectivas de autores como Dick (1996; 1997; 1999; 2000; 2001), Lyons (1977), Ullmann (1964), Seabra (2006), Carvalhinhos (2007), entre outros. Em seguida, apresentou-se uma visão geral a respeito do sistema de nominação de línguas Timbira, com base principalmente em Coelho de Souza (2002), Nimuendajú (1946), Melatti (1938), Arnaud (1964) e Carneiro da Cunha (1986). Por fim, foram apresentados diversos aspectos morfossintáticos e semânticos verificados em nomes próprios da língua Parkatêjê. No que diz respeito às características morfossintáticas os trabalhos de Aráujo (1989), Ferreira (2003), Booij (2007) e Diniz (2010) foram os principais aportes teóricos, enquanto em relação às questões semânticas foram utilizados pressupostos da Semântica Cultural e da Semântica Cognitiva para empreender as análises realizadas que são inéditas na presente dissertação. A metodologia utilizada neste trabalho consistiu em pesquisa bibliográfica, além de pesquisa etnográfica com coleta de dados realizada na comunidade da língua em estudo.

     

  • JOAO PAULO CORDEIRO FERREIRA
  • A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO CONTO FONSEQUIANO: A INTERTEXTUALIDADE E A MORTE COMO AFIRMAÇÃO DO ESTRANGEIRO

  • Data: 22/02/2017
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  • Nos contos de Rubem Fonseca é comum encontrarmos diversos discursos “intertextualizados”, com obras, personagens, citações e discussões em torno de famosos autores literários brasileiros e estrangeiros que são, em diferentes contextos e construções literárias, postos na prosa fonsequiana, direta ou indiretamente. Dessa maneira, faremos uma abordagem levando em consideração três importantes contos de Fonseca: “Encontro no Amazonas” (do livro O cobrador), “Romance Negro” (do livro Romance Negro) e “A matéria do Sonho” (do livro Lúcia McCartney). A leitura desses contos, em parte, nos sugere existir um intenso diálogo entre o nacional e o estrangeiro, no qual a morte assume um papel determinante para que ocorra a autoafirmação da tradição estrangeira em nossa literatura. Esse diálogo permite-nos, também, identificar a relação existente entre a prosa fonsequiana e as narrativas de E.T.A. Hoffmann e Edgar A. Poe, visto ser possível que algumas composições desses autores tenham traçado um diálogo com as construções literárias de Rubem Fonseca, o que possibilitou, nesse sentido, a noção de reeleitura das obras de Poe e Hoffmann. Dessa maneira, destacamos, também, a relação da prosa fonsequiana com a tragédia grega, relacionando o uso da máscara à farsa e a troca de identidade na literatura de Rubem Fonseca. Para tanto consideramos as teorizações de Maurice Blanchot acerca da morte do autor, Otto Rank, ao que se refere à noção de duplo e Sigmund Freud, acerca da psicanálise.

  • SARA VASCONCELOS FERREIRA
  • FRADIQUICES EM TERRAS PAROARAS: A CIRCULAÇÃO DE PROSAS EMBRIONÁRIAS DAS CARTAS DE FRADIQUE MENDES N'A PROVÍNCIA DO PARÁ

  • Data: 17/02/2017
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  • Carlos Fradique Mendes é resultado de uma criação coletiva de Eça de Queirós, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis. O poeta português inovador surgiu nas páginas de A Revolução de Setembro, em 1869; anos depois Eça de Queirós se apropria do personagem e cria-lhe uma biografia, reúne as cartas particulares que restam para publicar sob o título de A Correspondência de Fradique Mendes. No entanto, os primeiros escritos que compõem a biografia, bem como as primeiras cartas, são veiculados no jornal fluminense Gazeta de Notícias. Após a divulgação na Gazeta, o autor português inicia, de forma fragmentada, a publicação na Revista de Portugal. Em 1892, quando a revista encerrou as atividades, Eça escreveu alguns artigos para o jornal fluminense e mais quatro cartas, duas destas sob a assinatura de Fradique Mendes. Os textos jornalísticos veiculados no Rio de Janeiro foram reproduzidos nas páginas da folha paraense A Província do Pará. Com o projeto de publicação do livro, eles foram reformulados e transformados em cartas, e as missivas reescritas. O objetivo desta pesquisa é apresentar como se efetuou o processo de reescrita e de que forma as intervenções são efetuadas para ajustar os textos ao pensamento de Fradique Mendes. Analisamos as transformações dos textos de imprensa a partir da mudança de suporte, das reorganizações dos parágrafos, da adaptação dos escritos ao estilo de Fradique e da transposição para outro gênero. Assim, focamo-nos em compreender como o autor português constrói a personalidade fradiquiana, baseada no primeiro Fradique Mendes e a forma que conduz à transformação para um ideal de homem civilizado. Esses escritos de jornal reaproveitados para comporem as cartas de Fradique Mendes e que circularam no periódico paraense ratificam a forte presença portuguesa na Belém Oitocentista. Este trabalho contribui para os estudos sobre a circulação e recepção de Eça de Queirós na capital paraense e no Brasil, bem como a circulação de ficção em periódicos no século XIX.

  • TAÍS SALBÉ CARVALHO
  • TRAVESSIA POÉTICA: O PACTO ENTRE CRÍTICA E ESCUTA EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

  • Data: 17/02/2017
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  • A pesquisa propõe um exercício de crítica literária que tem como foco o pacto dialogal entre crítica e escuta, em Grande Sertão: Veredas, romance de Guimarães Rosa, publicado em 1956, a partir de uma desconstrução da tradição metafísica, que vê a arte como mera representação da realidade, e não mais como encenadora de questões do real. Portanto, dialogamos com um tipo de hermenêutica que questiona os conceitos de crítica representativa que, ao nosso ver, aprisionam a obra literária, pois a analisa a partir de teorias predeterminadas, e nos doamos ao exercício de crítica como escuta originária das questões postas em obra pela obra literária. Neste exercício, somos convocados a pensar o não-pensado do pensamento, deixando com que a própria obra nos solicite sua teoria, convocando-nos à escuta crítica. Para tanto, fez-se necessário o questionamento das questões originárias manifestadas no romance de Rosa, como: Linguagem, Arte, Verdade (desvelamento), Ser, Ser-no-Mundo, Travessia, Diálogo e Pacto com o Diabo. Neste sentido, reaviva-se a relação essencial entre arte e verdade, em que esta é a própria dinâmica de velamento-desvelamento-velamento do ser das coisas, da phýsis. A obra de arte nada mais é do que essa dinâmica, e nelas e por elas procura-se percorrer nossa travessia poética, questionando-nos a partir das questões que vão se manifestando, e das quais também somos doação, em busca de nossa aprendizagem poética.

  • VIVIANE DANTAS MORAES
  • A VIDA NUA EM DALCÍDIO JURANDIR: METAMORFOSES DO ESTADO DE EXCEÇÃO

  • Data: 17/02/2017
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  • O projeto estético e ético do escritor brasileiro Dalcídio Jurandir se dedica em construir uma imagem decadente e grotesca da Amazônia reveladora de uma crise da existência humana, sociocultural e política. Deste modo, o escritor oferece um panorama de problemas sociais e humanitários que transformam a Amazônia em um campo de sobrevivência. Em diálogo com a teoria do estado de Exceção e com o conceito de vida nua, do filósofo Giorgio Agamben, os romances de Dalcídio Jurandir fortalecem a ideia de que o estado de Exceção, ou seja, a ausência do Estado e da ordem jurídica é uma prática inerente à estrutura política do ocidente, inclusive dos governos democráticos. A narrativa literária dalcidiana, portanto, atravessando um questionamento sobre o progresso nos demonstra que a vida nua está presente para além dos regimes de Exceção, pois ela se encontra presente nas catástrofes e barbáries camufladas no cotidiano da sociedade contemporânea.

  • NATALIA LIMA RIBEIRO
  • O INTERLÚDIO DE EROS E THÁNATOS NA POESIA DE MAX MARTINS

  • Data: 17/02/2017
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  • O presente trabalho tem como objetivo pesquisar de qual maneira Eros e Thánatos aparecem na obra poética de Max Martins, partindo do pressuposto que essas experiências ontológicas articulam-se em interlúdio (um jogo no entre). Dessa forma, será desenvolvida uma pesquisa que abarque novos rumos de pensar Amor e Morte fora de uma tradição metafísica, ou para fora dos paradigmas os quais foram empregados para esses fenômenos que excedem o homem dentro da poesia do escritor paraense. Na obra de Max Martins, é possível perceber um rompimento com as construções metafísicas que vigem na modernidade, haja vista que sua poética é permeada pelo questionar constante, oriundo de um pensamento sobre os acontecimentos que circundam a existência. Para o poeta, o homem é esse ente que cuida das coisas, faz sua trajetória existencial pelos questionamentos, que experimenta Amor e Morte originários, e não os categoriza em segmentos.Em outras palavras, para Max Martins o homem percorre a existência entre o jogo ontológico de Eros e Thánatos. De tal forma que em suas obras, esses fenômenos aparecem de formas e maneiras diferentes, pois Max Martins não se prende a uma expressão, mas experimenta em sua linguagem poética o acontecer de Eros e Thánatos ao longo de quase cinquenta anos de poesia. Neste sentido, por meio de uma abordagem hermenêutica, a proposta que aqui se apresenta suscita o desenvolvimento de um percurso interpretativo em torno da poética de Max Martins nas obras que contemplam a coletânea Poemas Reunidos 1952 – 2001 e Para ter onde ir, em diálogo entre os autores Martin Heidegger, Octávio Paz, Manuel Antônio de Castro, George Bataille e Platão, com o propósito de fomentar a discussão acerca da relação entre Amor e Morte que diverge da oposição geralmente empregada na modernidade, mas que há um jogo entre essas duas instâncias norteadoras da vida.

  • JULIANA YESKA TORRES MENDES
  • AUTORES BRASILEIROS NO JORNAL DO PARÁ (1867-1878)

  • Data: 16/02/2017
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  • A folha diária Jornal do Pará, periódico atuante em Belém, foi espaço de inúmeras publicações políticas, noticiosas e literárias, além de manter diálogo com periódicos de outras províncias do país, a fim de compartilhar narrativas ficcionais fatiadas, o famigerado modo de publicação literária do século XIX. Diante da gama de textos publicados no impresso paraense, e da condição favorável para os autores nacionais pleitearem a divulgação de suas produções, este trabalho tem por objetivo recuperar as obras de autoria brasileira que circularam no periódico enquanto esteve em exercício, dando ênfase ao percurso desses autores face à construção da História da Literatura, além de analisar a temática dessas narrativas, considerando o espaço histórico e cultural em que elas foram produzidas. Desse modo, pretendemos ressaltar a relevância da produção literária interna em periódicos no século XIX, visto que esta espécie de trabalho nos permite contribuir para o registro da História da Literatura Brasileira.

  • JEAN MARCOS TORRES DE OLIVEIRA
  • PLURALIDADE E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA EM O RECADO DO MORRO

  • Data: 03/02/2017
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  • Novela que ocupa o centro do volume Corpo de baile (1956), de João Guimarães Rosa (1908-1967), “O recado do morro” apresenta elementos que a tornam singular entre as outras seis que compõem o ciclo novelesco, a exemplo do seu final com características míticas, após um percurso no qual o narrador se alonga em descrições marcadas por cientificismo que denotam o vasto conhecimento do escritor mineiro, que também não deixa, no âmbito da prosa modernista, de buscar nos clássicos inspiração para contar a estória de Pedro Orósio. Não é sem motivo que tomamos “O recado do morro” como um texto plural, em que é possível captar diversas formas de arte que, juntas, formam a totalidade de um texto amplamente poético, que, ainda, problematiza a questão do papel da arte e da literatura, ao desvelar, por intermédio de um recado que se torna canção compreendido pelo enxadeiro como um alerta, uma relação entre experiência estética e a vida. Buscamos em Hans Robert Jauß (1921-1997) a base metodológica e teórica necessária para a compreensão do objeto desta monografia, que também conta com o aporte estético-recepcional postulado pelo teórico alemão que, por meio de um levantamento seletivo, mapeia a crítica da obra e se utiliza de estudos que possuem destaque, o que é o caso dos estudos de Ana Maria Machado (1991), Marli Fantini (2008), Erich Soares (2014), entre outros. Longe de uma resposta definitiva, antes procuramos lidar com a pluralidade que a obra de Guimarães Rosa carrega e com a constatação de que, ao longo do tempo, se aprofundou a concepção do texto e, cada vez mais, se desvelou a compreensão do artista acerca da função de sua obra.

  • JOSE ANTONIO BRAGA PEREIRA JUNIOR
  • ALTERIDADE E MORTE EM "PÁRAMO", DE GUIMARÃES ROSA

  • Data: 03/02/2017
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  • O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise da relação dos temas de alteridade e morte na narrativa de “Páramo”, de João Guimarães Rosa, tendo como base as concepões expostas por Hall (2006), Bhabha (1998), ambos acerca do conceito de alteridade, bem como as concepções teóricas sobre a morte propostas por Ariès (2012) e Levinas (2000). Publicado em Estas Estórias (1969), “Páramo” é considerado uma “estranhidade” dentro do conjunto da obra de Guimarães Rosa, por ser um dos textos mais autobiográficos do autor e por ser ambientado no espaço urbano de uma cidade estrangeira. Nesta narrativa, um embaixador brasileiro é enviado a uma cidade andina para cumprir deveres diplomáticos, e, após se chocar com a alteridade do lugar, ele começa a viver um processo de descentramento de sua identidade, que culmina com o sentimento de morte e a necessidade de renovação do ser. A nossa pesquisa de “Páramo” se faz relevante na medida em que traz para a análise de “Páramo” novas discussões da relação da inevitável relação que se estabelece entre o eu e o outro relacionados ao tema da morte no texto de “Páramo”, de modo a refletir os desdobramentos filosóficos e culturais decorrentes dessa relação. Esta pesquisa está dividida em três partes: Na primeira etapa desse trabalho serão expostos e analisados os conceitos de alteridade e morte segundo os autores mencionados acima. Na segunda parte, lançar-nos-emos à reflexão acerca dos problemas teóricos e filosóficos suscitados pela imbricada relação entre alteridade e morte em “Páramo”, partindo do diálogo com categorias e conceitos como Ser, Outro e o momento estranho. Na terceira e última parte desse estudo, nós realizaremos um dialógo das concepções apresentadas em nossa pesquisa com as concepções dos mais relevantes estudos publicados até os dias de hoje acerca de “Páramo”, como os estudos realizados por Hector Olea Galaviz (1987), Maria Thereza Scher Pereira (2007 e 2009), Bairón Escallón (2011, 2012 e 2013), Luciano Antônio (2013), Gisálio Cerqueira Filho (2013), Betina Cunha (2014), Maria Magnabosco (2003), Edson Oliveira (2010) e Paulo Moreira (2013) a fim de se contribuir para a discussão existente acerca dessa narrativa de Guimarães Rosa.

2016
Descrição
  • ALEX DAX DE SOUZA
  • MEMÓRIA E PODER EM NARRATIVAS DO IMAGINÁRIO AMAZÔNICO

  • Data: 31/08/2016
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  • As ciências sociais, desde muito cedo, ocuparam-se em estudar as relações sociais de
    poder. Buscar entender o funcionamento dos sistemas reguladores de dominação e as
    manifestações de resistência a este sistema impulsiona diversas pesquisas no âmbito
    acadêmico. Esta dissertação inquieta-se ao tentar reconhecer as relações de poder, como
    mecanismos exercidos capilarmente no discurso particular da memória, disposta em
    narrativas orais da Amazônia paraense. Localizado nos estudos da literatura oral, a
    investigação que se pretende percorre uma reflexão interpretativa sobre a construção
    social do imaginário, a partir de Michel Maffesoli, sobre imaginário simbólico coletivo,
    em consonância com Paes Loureiro, acerca da poética no imaginário amazônico. Para
    situar a discussão conceitual em memória, usou-se textos de Ecléa Bosi e Paul Ricouer,
    acerca da relação memória/sociedade e memória/poder, respectivamente. O debate acerca
    das relações de poder está assentado nas propostas de Michel Foucault, em defesa de uma
    analítica das formas de poder engendradas na sociedade para exercer a dominação de uns
    sobre outros. O mito amazônico do boto servirá como esteio central para desenvolver uma
    interpretação destas relações de poder, fundamentada em paradigmas falocêntricos que
    visam a manutenção da dominação masculina. Assim, a leitura do trabalho é orientada
    sob a sondagem de como o imaginário simboliza uma relação de poder, sobretudo fálica,
    e de como este poder alcança a memória e lá se instala, sendo possível percebê-las por
    meio das narrativas orais amazônicas.

  • BENEDITA DO SOCORRO PINTO BORGES
  • O  COMPORTAMENTO DA REGRA DE ALTEAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRÉ-TÔNICAS NO PORTUGUÊS FALADO PELOS MIGRANTES MARANHENSES E SEUS DESCENDENTES NO MUNICIPIO DE TUCURUÍ: uma análise variacionista.

  • Data: 19/08/2016
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  • A presente pesquisa de natureza fonética-fonológica teve como objetivo principal
    caracterizar o comportamento do alteamento das vogais médias pré-tônicas /e/ e /o/ do
    português falado pelos maranhenses e seus descendentes no município de Tucuruí (PA). No
    estudo, tomou-se por base a sociolinguística quantitativa de Labov (1972), para investigar as
    variações dialetais, considerando a comunidade linguística na qual se insere a pesquisa. Para
    compor a amostra, utilizaram-se os procedimentos metodológicos de Bortoni-Ricardo (1985)
    sobre grupo de referência. Foi analisada amostra de fala de 36 informantes, divididos em dois
    grupos (ancoragem e controle), estratificados em faixa etária e sexo. As 1720 ocorrências das
    variáveis alvos foram segmentadas por meio doprograma PRAAT e analisadas no
    GOLDVARB X. Os resultados apontam para a não aplicação da regra de alteamento na
    variedade em análise ( 32.1% para /e/ e 17.7% para /o/). Foram selecionados cinco grupos de
    fatores para a variável /e/ e sete para a variavel /o/. De acordo com os resultados, o
    alteamento das vogais médias pré-tônicas é favorecido: pela presença da vogal alta (vogal alta
    .62 para /e/ e .88 para /o/); pela presença da vogal nasalizada tônica (.71 para /e/ e /o/),
    pela presença da vogal nasalizada pré-tônica (.68 para /e/ e .86 para /o/).

  • LEYDIANE SOUSA LIMA
  • CONTRIBUIÇÕES PARA O ATLAS DO PROJETO AMPER-NORTE: VARIEDADE LINGUÍSTICA DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM (PA).

  • Data: 18/08/2016
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  • A presente Dissertação tem como objetivo principal contribuir para o Atlas Prosódico do Norte do Brasil com caracterização da variação dialetal do português falado no município de Santarém (PA). Trata-se de um estudo vinculado ao Projeto Atlas Prosódico Multimédia do Português do Norte do Brasil (AMPER-POR) que está diretamente ligado ao projeto de pesquisa europeu Atlas Multimédia Prosodique de l'Espace Roman (AMPER). Para a constituição do corpus foi realizada pesquisa de campo no município de Santarém (PA) que faz parte da área de atuação do projeto principal, que investiga o dialeto da Amazônia interiorana paraense. Todos os procedimentos metodológicos adotados no presente estudo seguiram as orientações estabelecidas pela equipe do Projeto AMPER na condução da formação dos corpora para o Atlas Prosódico Multimídia das Línguas Românicas. Para este trabalho foi criado um corpusexpandido composto de 416 frases do tipo SVC (sujeito + verbo + complemento) com suas expansões em Sintagma Adjetival e Sintagma Preposicional. As frases foram estruturadas obedecendo às mesmas restrições fonéticas e sintáticas do projeto AMPER-POR. As análises foram feitas a partir de dados relativos a informantes de nível fundamental e de nível médio. Para a presente Dissertação, foram selecionadas 24 frases, sendo 12 na modalidade afirmativa e 12 na modalidade interrogativa total. Os resultados mostraram que o parâmetro acústico de Frequência fundamental (F0) apresentou distinção relevante, pelo movimento de pinça, que ocorre na sílaba tônica das pautas acentuais oxítonas, paroxítonas e apenas alguns casos das proparoxítonas. No parâmetro da Duração (ms), observou-se que os valores eram maiores em todas as afirmativas de ambos os sexos na sílaba tônica do último elemento da frase. Na Intensidade (dB), constatou-se que as medidas da fala masculina são mais elevadas que as da feminina, em geral, as interrogativas são sempre mais longas que as afirmativas, apenas dois casos mostraram que essa inversão de valores neste parâmetro. Deste modo, a intensidade é não foi caracterizada como um parâmetro acústico complementar de F0 e ms. Portanto, fica comprovado que apenas os parâmetros acústicos de F0, ms são fatores determinantes de distinção modalidades frasais, afirmativa e interrogativa total referente à variedade falada em Santarém.

  • VANESSA GONCALVES COSTA VIEIRA
  • A AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: POLÊMICA ENTRE DISCURSOS E "FRAGMENTOS" DE DISCIPLINAS - (DES)DISCIPLINARIZAÇÃO DO ENSINO E DO TRABALHO DOCENTE?

  • Orientador : THOMAS MASSAO FAIRCHILD
  • Data: 08/07/2016
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  • XXX

  • CLAUDIA GIZELLE TELES PAIVA
  • Entre jornais, livrarias e gabinetes de leitura: a circulação dos romances-folhetins Camilianos no Pará oitocentista.

  • Data: 17/06/2016
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  • Camilo Castelo Branco foi um escritor de intensa produção literária, durante o século XIX produziu diversas obras que atendiam aos anseios de um público vasto, constituído não apenas de leitores portugueses, mas brasileiros, incluindo os paraenses. No Pará, os romances camilianos estiveram presentes tanto nas páginas dos jornais, nas colunas Folhetim e Venda quanto em formato livro, em espaços destinados à leitura, como as bibliotecas e os gabinetes de leitura. Observei a esse respeito, que as obras Mistérios de Lisboa (1854) e Coisas Espantosas (1862), circularam em Belém, nos dois suportes supracitados: em jornais, no periódico Diário do Gram-Pará, e em livros, na biblioteca do Grêmio Literário Português. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo trazer à baila a circulação destes romances no Pará do século XIX, para assim confirmar que as obras camilianas, alcançaram notoriedade também em terras brasileiras. Além disso, pretendo demonstrar que as obras do autor lusitano, consideradas apenas reproduções do romance-folhetim francês, apresentavam, apesar do reconhecido traço folhetinesco, atributos próprios de quem as criou, o que denota a predominância de um estilo sobre uma forma.

  • MÁRCIA DE SOUZA PINHEIRO
  • CORPOS FRATURADOS E INSUBMISSOS NAS COLAGENS DE MAX MARTINS

  • Data: 13/06/2016
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  • Esta dissertação objetiva analisar os corpos (objetos de arte) fraturados e insubmissos nas colagens de Max Martins, contemplando seus aspectos culturais, históricos, simbólicos, estéticos e intertextuais. Diante disso, investigamos o imaginário do corpo na história da arte a partir da Modernidade, ressaltando a intensa influência surrealista e a proeminente desumanização da obra de arte moderna, que empreende o homem como experiência artística, promovendo sua estilização; desse modo, observamos como essas influências se projetam nas colagens do poeta. Diante de algumas abordagens teóricas a respeito da história da arte, fragmentação e corpo, consideramos a interpretação de Ernest Gombrich (1978), Eliane de Moraes (2010), Ortega Y Gasset (1999) e Viviane Matesco (2009). Para as relações intertextuais nas colagens, utilizamos os textos de Antoine Compagnon (2007), Affonso Romano de Sant‘Ana (1983), Diana de Barros, José Fiorin (1994) e Linda Hutcheon (1985) que subsidiam esta discussão.

  • MICHELE FREITAS GOMES DE VARGAS
  • DISCURSO, ENSINO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O PAPEL DA ESCRITA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

  • Data: 30/05/2016
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  • Este trabalho, inserido no Projeto de pesquisa “A escrita sobre as práticas de ensino em licenciaturas do Brasil, da Costa Rica e Honduras: registro, análise e produção de conhecimento” (CNPq 458449/2014-8), tem como objetivo investigar como a escrita sobre as práticas de ensino constitui-se enquanto instrumento na formação do professor de língua portuguesa. O problema de pesquisa foi constituído a partir da minha experiência como formadora no curso de Letras/Português na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA) e teve início com a necessidade de entender como os licenciandos registram as aulas que ministram, de modo a torná-las um dado de pesquisa, bem como de que maneira o discurso do estagiário se individualiza no processo de diálogo com outros discursos. O quadro teórico é constituído por princípios da Análise do Discurso de linha francesa (PÊCHEUX, 1997, 2014) articulados aos conceitos bakhtinianos de signo e sinal, auditório social e dialogismo (BAKHTIN, 2011; 2014), aos estudos sobre a educação (FREIRE, 1977) e por pesquisas sobre escrita, estágio e formação do professor (GERALDI, 1995, 1997; BARZOTTO, 2009, 2010, 2011, 2014; FAIRCHILD, 2008, 2009, 2010, 2012, 2014). Do ponto de vista teórico, compreendemos que escrita sobre as práticas de ensino deve ser mais que um registro ou comprovante da aula, mas, deve permitir recuperar a experiência vivenciada, sendo uma extensão da aula ministrada. Os relatórios e planos de ensino que constituem o corpus foram produzidos durante a disciplina Estágio Supervisionado com turmas do 6º e 7º semestre do curso de Letras e totalizam 64 planos de ensino e 39 relatórios de estágio. A análise dos dados evidenciou que os estagiários, no 1º semestre de 2014, produziam planos de ensino e relatórios de estágio de modo pouco detalhado e respondendo, principalmente, ao discurso oficial sobre o ensino de língua materna. Os resultados da escrita, no 2º semestre, sugerem que o acompanhamento mais sistemático da escrita, tanto dos planos quanto dos relatórios, favoreceu que os estagiários escrevessem planos mais detalhados e relatórios com informações mais concretas conjugando a prática de escrita à prática docente.

  • ELDINAR NASCIMENTO LOPES
  • FLUXO E REFLUXO RIO-BELÉM: A PRESENÇA DE POETAS-TRADUTORES MODERNISTAS NOS SUPLEMENTOS LITERÁRIOS LETRAS & ARTES (1946-1954) E ARTE-LITERATURA (1946-1951)

  • Data: 25/05/2016
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  • O presente trabalho tem por objetivo catalogar as traduções literárias publicadas nos suplementos literários Arte-Literatura, entre os anos de 1946 a 1949, e Letras & Artes, no período compreendido de 1946 a 1954, dos estados do Pará e do Rio de Janeiro, respectivamente, para propor um trabalho comparativo entre ambos e entender quais literaturas estrangeiras foram difundidas naquele momento e quais as diferenças e semelhanças entre os materiais traduzidos. Ademais, é necessário perceber até que ponto o fluxo de traduções e a presença de autores estrangeiros se fez indispensável para o projeto de ampliação da leitura educativa, tanto no que se refere aos interesses voltados aos propósitos ideológicos como também aos estéticos. Tomando como parâmetro o momento de pós-guerra e de desobstrução da política estado-novista, a circulação de produções literárias de diferentes lugares e de diferentes épocas foi muito importante para o reconhecimento das diversas formas de criação literária e para uma abertura à multiplicidade das culturas, principalmente para pensar a importância do diálogo como inclusão entre culturas diversas. Nesse contexto de abertura intercultural e intelectual para outras formas de pensamento, a presença do tradutor assume um importante papel como agente transformador, especialmente quando se descobre o esforço que nossos escritores-tradutores tiveram em divulgar uma literatura cada vez mais ampla, heterogênea e crítica. Ao mesmo tempo, o trabalho de catalogação nos mostrou que houve uma diversidade enorme de escritores-tradutores, conhecidos ou não.

  • DENISE RAMOS CARDOSO
  • TABUS LINGUÍSTICOS NO NORDESTE PARAENSE: UM ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO

  • Data: 20/05/2016
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  • Esta pesquisa versa sobre a presença de tabu linguísticos na fala dos moradores de remanescentes Comunidades Quilombolas situadas no nordeste do Estado do Pará. Temos com objetivo principal identificar, mapear e descrever variação lexical na fala dos informantes a partir das variáveis: diatópica, diagenérica e diageracional, com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia e da Geografia Linguística, analisando as lexias consideradas como tabu linguístico. Utilizamos, como base para fundamentação teórica de nossa pesquisa, a concepção de tabu estabelecida por Guérios (1979), Ullmann (1964) e Kroll (1984). Para fins de análise, foram produzidas cartas linguísticas referentes aos dados coletados em quatro Comunidades Quilombolas da Mesorregião do Nordeste Paraense, sendo: Colares – Comunidade Cacau (Mesorregião do Salgado), Bragança – Comunidade América (Mesorregião Bragantina), Abaetetuba – Comunidade Campopema (Mesorregião de Cametá) e Moju – Comunidade África (Mesorregião de Tomé-Açu). A partir das lexias expostas em cartas lexicais, foi possível realizar uma busca de significados das referidas lexias em dicionários de Língua Portuguesa, assim como em pesquisa de cunho dialetológicos já realizados em outros estudos. Quanto à relação das variantes sociais, foram expostas através de gráficos, que apresentam o percentual de ocorrências das lexias mais frequentes em cada carta. A análise dos dados demonstrou a existência de tabuísmos em uma parcela significativa dos itens lexicais investigados, como era o esperado a partir do que outros estudos geolinguísticos têm demonstrado, contudo a constatação não foi generalizante a todos os itens cartografados nos pontos de inquéritos.

  • SHIRLEI DE PONTES ARAUJO
  • AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA EM LARGA ESCALA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM ESTUDO DE CASO

  • Data: 29/04/2016
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  • No contexto nacional da educação, vivencia-se uma realidade cada vez mais
    incontornável: as escolas são submetidas a avaliações externas contínuas a fim de
    avaliar as habilidades e competências dos alunos em leitura. Embora exista,
    atualmente, um esforço articulado entre diversas entidades governamentais
    (federais, estaduais e municipais) manifestado nas políticas públicas que visam à
    melhoria da qualidade na educação no estado do Pará, a formação de professores
    para trabalhar os instrumentos avaliativos em larga escala e contribuir no
    desenvolvimento das habilidades e competências leitoras parece não surtir os
    efeitos esperados, uma vez que os índices obtidos não apresentam evolução
    satisfatória. Este trabalho visa a compreender o impacto, nas atividades docentes,
    das formações continuadas oferecidas pela SEDUC aos professores de sua rede de
    ensino, a fim de contribuir na transformação das práticas de leitura em sala de aula.
    A análise aqui realizada partiu das observações de materiais didáticos fornecidos
    pelo MEC, planejamento e atividades utilizadas nas formações realizadas pela
    SEDUC, registro de aulas de leitura em duas unidades de ensino ministradas por
    três docentes egressos dos cursos de formação continuada. Foram realizadas
    também entrevistas com esses docentes utilizando dois métodos de
    autoconfrontação – autoconfrontação simples e o método de instrução ao sósia –
    por meio dos quais foi possível promover uma atividade de reflexão sobre a prática e
    suscitar, por exemplo, algumas concepções de língua, avaliação e ensino presentes
    nas práticas docentes. A análise evidencia a ineficiência das formações mostrando
    que têm pouco impacto nas práticas docentes relacionadas ao desenvolvimento das
    competências leitoras dos alunos por não levar diretamente a uma reflexão sobre
    essas práticas e ao modo como podem se relacionar com os descritores que
    compõem as matrizes de avaliação. O trabalho mostra, afinal, que é preciso pensar
    as formações continuadas com base em instrumentos identificando as necessidades
    a serem atendidas pela formação, o que não é a vocação dos instrumentos de
    avaliação em larga escala.

  • DÉBORA DE CASTRO BORGES
  • AS MIL E UMA TRANSFIGURAÇÕES DE ROCAMBOLE: A PERSONAGEM MAIS BRILHANTE DE PONSON DU TERRAIL

  • Data: 29/04/2016
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  • Ponson du Terrail foi considerado um dos principais romancistas populares franceses da segunda metade do século XIX. Tendo circulado amplamente em folhetins e no formato livro em seu país de origem, teve seus romances traduzidos para a língua portuguesa e, ainda naquele século, publicado por inúmeros editores portugueses. Parcela das edições portuguesas de seus romances foram enviadas à Belém do Pará e passaram a fazer parte do acervo do Grêmio Literário Português do Pará, gabinete de leitura fundado na capital da Província em 1867. Considerando que um dos principais sucessos de público do autor foi a série Rocambole, na qual são narradas as aventuras do personagem de mesmo nome em 12 romances, esta dissertação teve por objetivo descrever, do ponto de vista bibliográfico, as edições dessa série que constam no acervo dessa instituição até o presente momento. Para tanto, foram coletados os dados editoriais dos exemplares do gabinete de leitura paraense, os quais foram comparados com os exemplares de edições francesas disponíveis na Bibliothèque Nationale de France, de modo a verificar os diferentes arranjos editoriais da série, no que diz respeito à organização das partes que a compõe. Feito isto se empreendeu a síntese do enredo dos romances que compõe a série como um todo, bem como a análise da narrativa com foco nas transformações físicas e psicológicas da personagem, enfatizando a importância do disfarce e reconhecimentos para a economia do enredo.

  • SANDRA REGINA FEITEIRO
  • GLOSSÁRIO DOS TERMOS DA CASTANHA-DO-PARÁ

  • Data: 27/04/2016
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  • Este trabalho consiste em um estudo sobre a terminologia utilizada na produção da castanha-do-pará,
    no município de Oriximiná-PA. Tem como objetivo elaborar, com base nos procedimentos teóricometodológicos
    da Socioterminologia, de acordo com Gaudin (1993) e Faulstich (1995a, 1995b, 2001,
    2006 e 2010, 2012), um glossário socioterminológico dessa atividade, a partir do discurso oral dos
    profissionais dessa área. A escolha desse tema justifica-se pelo fato da castanha-do-pará ser um produto
    de grande potencial de exploração socioeconômica no Estado do Pará, responsável pela manutenção de
    milhares de famílias que sobrevivem dessa atividade na Amazônia. A coleta de dados foi realizada in
    loco, sendo o corpus constituído por 29 entrevistas. Para a organização do corpus foram utilizadas as
    ferramentas computacionais dos softwares WordSmith Tools e Lexique Pro, possibilitando um resultado
    confiável a esta descrição terminológica. O glossário é composto de 496 termos, distribuídos em seis
    campos semânticos: Ecologia da espécie, Práticas extrativistas, Equipamentos e materiais,
    Denominações da castanha, Processamento industrial e Comercialização. Esperamos que este trabalho
    socioterminológico, por organizar e difundir o conhecimento especializado, favoreça a todos os
    interessados por esse domínio.

  • DIEGO MICHEL NASCIMENTO BEZERRA
  • CENAS DE ENUNCIAÇÃO DA PROPAGANDA DE GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ: A CONSTITUIÇÃO DO MUNDO ÉTICO DO SUJEITO POLÍTICO

  • Data: 11/04/2016
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  • KAMILA RODRIGUES LIMA
  • LITERATURA E GUERRA EM LYGIA FAGUNDES TELLES

  • Data: 08/04/2016
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  • Esta dissertação tem como objetivo analisar os contos “Helga” e “Nada de Novo na Frente Ocidental”, de Lygia Fagundes Telles, verificando qual a relação da categoria estética do Rastro com a temática Literatura e Guerra. O corpus selecionado justifica-se por ser composto de textos permeados pela temática da guerra, temática esta que observamos ter se difundido na contística de Lygia Fagundes Telles, apesar de pouco contemplada em trabalhos acadêmicos. Assim, enfatizamos a teoria referente à categoria do rastro, por estarmos tratando, a partir da experiência da guerra captada pela criação literária, dos resíduos, das marcas que a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) deixou nas personagens das narrativas. Deste modo, para o desenvolvimento do aporte teórico fizemos um levantamento abrangente sobre o conceito e aplicação do rastro enquanto categoria. Na oportunidade, citamos teóricos como Paul Ricoeur, Emmanuel Levinas Jeanne Marie Gagnebin. No entanto, direcionamos nossa percepção da referida categoria para estudos voltados à concepção de Walter Benjamin, trazendo para o texto comentadores do crítico alemão, como Jeanne Marie Gagnebin, Jaime Ginzburg, Georg Otte e Rolf-Poter Janz.

  • MAURO LOPES LEAL
  • NO SUBSOLO DO NIILISMO: LITERATURA E FILOSOFIA EM MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

  • Data: 28/03/2016
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  • Machado de Assis é, com justeza, um grande escritor brasileiro não somente pela sua criatividade e escrita, mas principalmente pelas suas ideias, sua postura diante dos valores, que não raro são questionados em suas obras, o que poderia representar uma postura que, longe de ser simplesmente pessimista, está voltada mais para um padrão niilista de pensamento e visão de mundo. Questionar nem sempre significa destruir. Mas se a destruição se faz inevitável, há de se repor outros valores. A morte nem sempre se configura como um fim, mas pode claramente representar o inicio de uma nova existência. Neste trabalho, será observada a questão do niilismo em Memórias Póstumas de Brás Cubas, acionando filósofos como Nietzsche, para pô-los em diálogo com outros escritores, como Dostoiévski, demonstrando que o niilismo não pode ser considerado um fenômeno regional, mas mundial, demonstrando que em Brás Cubas, tal niilismo converge para outros padrões e para uma possibilidade de resistência através do humor, do riso, da alegria.

  • LAISE MACIEL BARROS
  • A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS DISCURSIVOS PARA A GRAMÁTICA DA LÍNGUA APURINÃ (ARUÁK)

  • Data: 14/03/2016
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  • Este trabalho tem por finalidade apresentar um estudo acerca da gramática Apurinã por meio do viés discursivo, ou seja, demonstrar como determinados usos da gramática abarcam a interação entre propriedades semânticas, pragmáticas e morfossintáticas. Os elementos gramaticais envolvidos nesta pesquisa envolvem os pronomes pessoais, as partículas discursivas e a marca morfológica =nhi. Para descrever os fatos relevantes a respeito destes elementos, propomos uma análise descritiva que explique como a morfossintaxe interage com os domínios da semântica e pragmática, uma vez que alguns dos usos dos elementos pesquisados estão diretamente associados a noções discursivo-pragmáticas como empatia, ou intencionalidade do falante, fluxo de informação ou ao ordenamento de eventos no discurso. A pesquisa adota os postulados da linguística tipológico-funcional e abrange aspectos morfossintáticos, semânticos e pragmático-discursivos.

  • PATRICIA DO NASCIMENTO
  • LÍNGUA E IDENTIDADE APURINÃ (ARUÁK): ESTUDOS BASEADOS EM RELATOS CONTEMPORÂNEOS

  • Data: 11/03/2016
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  • O objetivo desta pesquisa é examinar elementos da língua Apurinã (Aruák) que demonstrem traços da cultura do seu povo, como aspectos sobre o modo de vida, a visão de mundo, os conhecimentos e valores tradicionais e o envolvimento com valores externos às suas experiências de vida. Nesse sentido, apontamos características do uso da língua reveladores da identidade dos Apurinã, que vivem próximos aos afluentes do rio Purus, região sudeste do estado do Amazonas, Brasil. Os procedimentos metodológicos utilizados envolvem levantamento bibliográfico sobre os estudos de identidade e os referenciais que relacionam tais estudos aos pressupostos teóricos da linguística, além da análise dos dados que foram coletados em viagens de campo, realizadas nos meses de abril e dezembro de 2015. Também foram consultados trabalhos sobre a língua Apurinã, realizados pelo professor doutor Sidney da Silva Facundes, da Universidade Federal do Pará, e de seus alunos ao longo de mais de vinte anos em pesquisas. A presente investigação faz-se relevante por agregar informações, levantar questões e propor respostas relacionadas aos estudos sobre a língua Apurinã de forma a revelar, a partir de dados linguísticos, aspectos relativos à cultura e aos costumes. Além da contribuição acadêmica, esta pesquisa também se justifica por integrar, junto a outros elementos, um conjunto de informações capazes de corroborar a legitimação deste povo, sua cultura e seu direito de existir socialmente. Os traços da identidade Apurinã evidenciados neste estudo são descritos, principalmente, na perspectiva da sua relação com os seres da natureza.

  • MICHELL GADELHA MOUTINHO
  • A PRECISÃO NA FLUÊNCIA EM LEITURA ORAL: AVALIANDO A LEITURA DE ALUNOS DO 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

  • Data: 09/03/2016
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  • Este trabalho tem como objetivo diagnosticar o nível de desempenho na dimensão da precisão
    na fluência em leitura oral de 46 alunos do 6º ano do ensino fundamental de quatro escolas de
    Belém – Pará, sendo duas da esfera pública e duas da esfera privada. Este diagnóstico
    pretende contribuir para as discussões acerca da avaliação da habilidade de leitura,
    considerando o baixo desempenho dos alunos em exames como a Prova Brasil, Enem e PISA.
    Para alcançar este objetivo, utilizamos o método CBM (Curriculum-based measurement),
    desenvolvido por Deno (1985), que utiliza um minuto da leitura oral dos alunos, o bastante
    para analisar e determinar as dificuldades apresentadas de maneira mais específica que, neste
    estudo, estão relacionadas à precisão na decodificação de palavras. Os dados foram coletados
    em duas visitas, sendo a primeira no início e a segunda no final do ano letivo de 2015. A
    análise dos dados foi feita baseando-se nos níveis de desempenho em relação à precisão
    (RASINSKI, 2004) e as taxas de precisão e autocorreção. Os resultados mostram que há uma
    diferença entre as escolas públicas e privadas, pois estas tiveram desempenhos melhores que
    aquelas, embora todas as escolas onde houve duas visitas melhoraram seus desempenhos em
    relação à precisão na decodificação. Além disso, os tipos de erros mais cometidos pelos
    alunos foram os de substituição de palavras (que incluem quatro tipos de erro diferentes:
    semelhança lexemática, semelhança gráfica, pluralização/singularização e influência do
    contexto) e de pronúncia (que são: desconhecimento parcial da relação grafema-fonema,
    apagamento de sons das palavras e desconhecimento de sinais gráficos). Estes erros, além de
    apresentarem diferentes manifestações, são os que mais causam impacto na compreensão do
    texto lido, o que os destaca em relação aos demais erros detectados. Concluímos que a
    dificuldade na precisão se dá em grande parte nas esferas públicas de ensino e que, se não
    houver intervenção precisa para sanar as dificuldades, os alunos tendem a se distanciar ainda
    mais uns dos outros no desenvolvimento de suas habilidades leitoras.

  • WELLINGTON DIOGO LEITE ROCHA
  • O GRANDE MOVIMENTO É A VOLTA: VIAGEM E ESPAÇO EM O RECADO DO MORRO

  • Data: 29/02/2016
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  • Na dissertação em tela desenvolve-se uma proposta interpretativa para a narrativa “O recado do morro”, novela de João Guimarães Rosa (1908-1967), publicada no segundo volume de Corpo de baile (1956), com o intento de abordar a face mítica e empírica do recado proveniente do Morro da Garça por meio de uma leitura do espaço e do tema da viagem na narrativa. Na novela “O recado do morro”, temos a contraposição de duas ordens da realidade (plano real e plano mítico) que, dialeticamente, se desdobram na composição de um espaço mítico, ou seja, este se caracteriza como um ambiente que faz parte do espaço físico (real), mas também apresenta “referências míticas”. Para compor esse espaço, o escritor mineiro se utiliza de relatos de viajantes do século XIX, em especial daqueles que percorreram o sertão de Minas Gerais, como Spix (1781-1826) e Martius (1794-1868), além de referência aos trabalhos paleontológicos e espeleológicos de Peter Lund (1801-1880), pioneiro nos referidos estudos no espaço sertanejo. Essas “influências” ou correlações transparecem na narrativa mediante o uso de nomenclaturas e descrições científicas registradas pelos naturalistas. Conquanto Guimarães Rosa se valha dessa precisão documental para criar uma “impressão de realidade”, o factual é transfigurado pela imaginação poética para singularizar o sertão aos moldes da sensibilidade do personagem sertanejo, o enxadeiro Pedro Orósio. Nesse contexto, “O recado do morro” se situa em uma dimensão “simbólica”, onde se multiplicam as inquietações presentes no universo do sertão rosiano. Diante desse jogo, o papel do leitor não é o de um simples receptor, mas o de um receptor produtivo, que, ao entrar em contato com a obra literária, atribui a ela os seus próprios significados e executa mecanismos de interpretações particulares. Dessa forma, a investigação proposta por este trabalho obedece a uma divisão em três capítulos, sendo que, no primeiro capítulo, temos uma abordagem de caráter teórico-metodológico, com a exposição da teoria estético-recepcional de Hans Robert Jauß (1921-1997), das teorizações a respeito do mito de Mircea Eliade (1907-1986), e para averiguar o modo como Guimarães Rosa mescla os planos real e mítico na composição de um espaço particular, o sertão-mundo, e re(cria) a linguagem sertaneja, os escritos de Antonio Candido (1918). No segundo capítulo desta trabalho, será feito um exame da recepção crítica de “O recado do morro”, com o intuito de identificar as principais orientações teórico-metodológicas da crítica, verificando os diferentes horizontes de interpretação em relação à narrativa, que, sob diferentes enfoques, a leitura mitopoética, as interpretações geográfica e alegórica do espaço e discussões de aspectos culturais, acabam por renovar os estudos sobre a obra de Guimarães Rosa, ao provocarem novas perguntas e proporcionarem diferentes horizontes de leitura. No terceiro capítulo, desenvolvemos uma interpretação da narrativa “O recado do morro”, focalizando o espaço e o tema da viagem, tendo como suporte as teorias apresentadas no capítulo inicial para possibilitar novos caminhos interpretativos e responder alguns questionamentos ou impasses hermenêuticos sobre a novela em foco como acerca do seu final mitopoético que oferece ao leitor diversas possibilidades de interpretação.

  • FLÁVIA ROBERTA MENEZES DE SOUZA
  • EM BUSCA DE LUCIANA: UM ESTUDO DAS INSTÂNCIAS NARRATIVAS EM TRÊS ROMANCES DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 29/02/2016
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  • O presente trabalho propõe um estudo sobre uma personagem singular em toda obra de Dalcídio Jurandir (1909-1979): Luciana. A história dessa personagem é encontrada de modo fragmentado no sexto, sétimo e oitavo romances da série Extremo Norte, na ordem: Primeira manhã (1967), Ponte do Galo (1971), Os habitantes (1976). Essa fragmentação é motivada pelas mudanças das “instâncias produtivas do discurso narrativo” (GENETTE, 1995) e pela constante participação do discurso das personagens – “characters’ discourse” (SCHMID, 2010) - na constituição da história de Luciana. Por essa razão, entende-se que Luciana é uma personagem cuja configuração precisa ser melhor estudada, a fim de compreender de que maneira o discurso do narrador, dos personagens e da própria Luciana contribuem para a sua composição enquanto personagem. As teorias no campo da narratologia de Gérard Genette (1995) e Wolfgang Schmid (2010) e a teoria do romance polifônico de Mikhail Bakhtin (2010) desempenham, neste trabalho, a importância de descrever os fenômenos responsáveis pelos diferentes discursos sobre Luciana e de ajudar a pensar o status dessa personagem no discurso narrativo dos três romances.

  • SAMANTHA COSTA DE SOUSA
  • POETICAMENTE O HOMEM HABITA ESTA TERRA: A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO EM CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA

  • Data: 29/02/2016
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  • O romance Chove nos campos de Cachoeira, publicado em 1941 pelo escritor Dalcídio Jurandir tem como espaço principal uma terra repleta de mistérios imbricados na existência dos personagens, seus habitantes, uma existência que pode ser resumida em medos, angústias e misérias. A proposta deste trabalho é verificar como o espaço na narrativa é construído, para isto, analisaremos minuciosamente cada espaço que aparece no romance, além dos vocábulos que demarcam a existência de um espaço e da perspectiva sob a qual este elemento é construído, além de categorizar os tipos de espaços possíveis no romance. Também verificaremos as relações afetivas traçadas entre personagens e espaço, é o que chamamos de topofilia e topofobia, o primeiro termo refere-se ao amor pela terra, o segundo é a aversão. Para a elaboração desta pesquisa, baseamo-nos num aporte teórico que define algumas concepções de espaço, que aqui estabelecemos como algo que vai além do conceito geométrico, compreendemos espaço como todas as informações que situam os personagens geografica, social e psicologicamente. Os principais teóricos escolhidos para esta abordagem foram Alicia Llarena (2007), Otto Friedrich Bolnow (1969), Milton Santos (1988), Yi-Fu Tuan (1983), além de teóricos que trabalham o espaço enquanto elemento narrativo como Osman Lins (1976), Antonio Dimas (1987) e Oziris Borges Filho (2007), que nos dão aparato para analisar nosso objeto de estudo sob o enfoque da topoanálise. Recorremos ainda aos teóricos Tomachevski (1976) e Genette (2011) que nos dão embasamento para analisar as articulações do texto, tais como descrição e foco narrativo. Destarte, esta pesquisa visa a análise do espaço da narrativa como elemento textual, como o espaço pode ser determinado e criado dentro do texto, quais as configurações estabelecidas para dar ao leitor a noção de espaço.

  • RAFAELA MACIEL DO VALE
  • EXPRESSÕES DESCRITIVAS EM PARKATÊJÊ: ASPECTOS SEMÂNTICOS E MORFOSSINTÁTICOS

  • Data: 26/02/2016
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  • ESTA DISSERTAÇÃO APROFUNDA O ESTUDO SOBRE A CLASSE DOS DESCRITIVOS EM PARKATÊJÊ E TEM COMO OBJETIVO PRINCIPAL O REFINAMENTO DAS EVIDÊNCIAS QUE CONFIRMAM O STATUS VERBAL DESTES ITENS LEXICAIS. O PARKATÊJÊ É UMA LÍNGUA TIMBIRA PERTENCENTE AO TRONCO LINGUISTICO MACRO-JÊ; OS FALANTES VIVEM EM ALDEIAS LOCALIZADAS NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DO TOCANTINS, ÀS PROXIMIDADES DE MARABÁ, NO SUDESTE DO ESTADO DO PARÁ. EM PARKATÊJE, OS DESCRITIVOS APRESENTAM PROPRIEDADES MORFOSSINTÁTIVAS SEMELHANTES A NOMES E A VERBOS E, SEMANTICAMENTE, EXPRESSAM NOCÕES NORMALMENTE MANIFESTAS POR ADJETIVOS, EM LÍNGUAS QUE APRESENTAM ESSA CLASSE DE PALAVARAS. EM VIRTUDE DISSO, PARTINDO DE UMA PERSPECTIVA TIPOLÓGICO-FUNCIONAL, APRESENTA-SE INICIALMENTE UMA DISCUSSÃO, EMBASADA EM ESTUDOS COMO OS DE GIVÓN(1984), DIXON(1982), BHAT(1994), THOMPSON(1988) E CHACHTER(1985), ACERCA DOS NOMES, ADJETIVOS E VERBOS, CONSIDERANDO AS MAIS DIVERSAS LÍNGUAS NATURAIS. EM SEGUIDA, ABORDA-SE AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DESTAS CLASSES DE PALAVRAS NA LÍNGUA PARKATÊJÊ, COM BASE EM ARAÚJO(1989) E FERREIRA(2003). ALÉM DISSO, EXPÕE-SE AS HIPÓTESES DE CLASSIFICAÇÃO POSSÍVEIS COM RELAÇÃO AOS DESCRITIVOS, PARA ENTÃO, APRESENTAR A PROPOSTA DE ANÁLISE DA PRESENTE DISSERTAÇÃO. ESTA CONSIDERA, PRINCIPALMENTE, OS ASPECTOS MORFOSSINTATICOS INERENTES AOS DESCRITIVOS, TAIS COMO O CONJUNTO DE PARTÍCULAS DE TEMPO, ASPECTO E MODO COM QUE PODEM OCORRER. ASSIM, O PRESENTE ESTUDO MOSTRA EVIDÊNCIAS QUANTO AO FATO DOS ITENS LEXICAIS DESCRITIVOS SEREM CONSIDERADOS VERBOS INTRANSITIVOS.

     

  • ELISAMA FERNANDES ARAUJO BRAGA
  • DO DESENHO À PINTURA: O VISUALISMO NA ESCRITA DE CLARICE LISPECTOR

  • Data: 25/02/2016
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  • Esta pesquisa objetiva traçar um diálogo interastístico entre desenho, pintura e escrita, tendo como recorte o visualismo presente em Água Viva e Um Sopro De Vida de Clarice Lispector. Para embasar esta pesquisa, convocamos os estudos do filósofo Georges Didi-Huberman por meio de seus livros O que vemos, o que nos olha e Sobrevivência dos vaga-lumes e os estudos de Gerd Bornheim a fim de fazer uma “revisão histórica” do ato de ver, e de Maurice Blanchot, no intuito de situar a questão da importância do olhar e do vazio que se abrem em decorrência disso, pois esse processo funciona como o propulsor das imagens presentes na narrativa clariciana. Nos apropriamos ainda dos estudos de Sônia Roncador com o propósito de discorrer sobre um efeito de deflação que ocorre nos textos claricianos da década de setenta, e, para isso, citamos Roland Barthes uma vez que o termo “deflação” aparece em seus ensaios críticos sobre as pinturas e desenhos do artista plástico norte-americano Cy Twombly. Michel Foucault e Walter Benjamin entram no diálogo a fim de discorrermos sobre a transformação que ocorreu na passagem da era clássica para a era moderna e quais implicações esse processo trouxe para a linguagem, no contexto da obra de Clarice Lispector. Também se faz presente nessa dissertação o estudo de Carlos Mendes de Sousa sobre a obra de Clarice Lispector, que renova a fortuna crítica clariciana, com o objetivo de dissertar em torno do tema sobre o visualismo e seus desdobramentos na relação entre palavra e imagem. Utilizaremos ainda o conceito de devir de Gilles Deleuze e Félix Guattari, para entendermos em que sentido o texto literário é uma composição que aponta para a escrita como devir e como a palavra em Água viva “devém-imagem”.

  • LADYANA DOS SANTOS LOBATO
  • RESISTÊNCIA E UTOPIA EM CONTOS DA COLEÇÃO TABA CULTURAL

  • Data: 24/02/2016
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  • Esta dissertação apresenta um estudo voltado para a análise de duas categorias estáticas, "Resistência" e "Utopia", em objetos literários produzidos para crianças e publicados em 1982, no Brasil. Trata-se, mais especificamente, de contos que foram reunidos em uma coleção intitulada de "Taba: histórias e músicas brasileiras", coordenada pela escritora Sônia Robatto e publicada pela Editora Abril Cultural. A coleção lançou no mercado editorial 40 contos. O corpus de pesquisa delimita-se, no entanto, à análise de 06 (seis) destes contos: "Sapo vira rei vira sapo", de Ruth Rocha; "Tião das selvas", de Magui Guimarães; "Currupaco Papaco" de Ana Maria Machado; "Malandragens de um urubu", de Sylvia Orthof; "Marinho, o marinheiro" e "O jacaré que comeu a noite" de Joel Rufino dos Santos. Para abordagem das categorias estéticas Resistência e Utopia utilizamos os estudos teóricos de harlow (1993) e Bosi (2002) e; Szachi (1972) e Coelho (1981), respectivamente. Para subsidiar esta análise, verificamos que os contos dos corpus são caracterizados pela presença de uma figura autoritária no enredo das narrativas, por isso realizamos uma abordagem teórica sobre o autoritarismo e a violência no campo das relações sociais e literárias. Desta análise, concluímos que a resistência é uma resposta à opressão caracterizada pelo enfrentamento ou pela fuga e exílio. A Utopia, por sua vez, é o resultado da prática resistente manifestada por meio da concretização de projetos utópicos totais, parciais, espaciais ou temporais.

  • DANILO MERCES FREITAS
  • O POETA É SEMPRE UM RAPSODO: A PRESENÇA DA MÚSICA NA OBRA DE MÁRIO DE ANDRADE

  • Data: 18/02/2016
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  • A literatura, em Mário de Andrade, caminha de mãos dadas com a música pelo fato de que o autor privilegia as suas escolhas sonoras e também utiliza a estrutura de gêneros musicais como forma de criação poética. Além disso, é preciso considerar a revisão constante que o escritor faz na sua obra, principalmente na sistematização do movimento modernista e compreensão da identidade do povo brasileiro. Dessa forma, este trabalho busca compreender como a música influencia a escrita de Mário em três de suas obras: Pauliceia desvairada (1922), Clã do jabuti (1927) e Lira paulistana (1945). As escolhas musicais vão variar consideravelmente nestas obras, pois, na primeira, o autor está interessado em proclamar e divulgar o movimento modernista, e a arte dos sons surge aí para consolidar as novas fontes, assim como para libertar o artista dos padrões formais; na segunda obra selecionada, o autor se debruça nas canções e ritmos comuns ao popular para legitimá-los no espaço do erudito, dessa forma contribuindo para a definição da identidade e cultura brasileira; em Lira paulistana o autor paulista se apropria das cantigas medievais portuguesas e as transforma para poder cantar a cidade e o homem paulista da primeira metade do século XX. Espera-se que esse estudo contribua para o arcabouço teórico do escritor modernista no sentido de que a compreensão do artifício musical na escrita poética de Mário de Andrade pode promover um entendimento mais profundo da sua obra. A metodologia utilizada pautou-se em trabalhar de forma bem próxima ao texto poético e crítico de Mário de Andrade, encontrando nele próprio instrumentos teórico-críticos de análise. Privilegiaram-se os estudos de PIVA (1990), CORREIA (2010), SOUZA (2006), além de obras ensaísticas e a correspondência do próprio escritor modernista com outros autores do período.

  • JHONATAN ALLAN DE ANDRADE RABELO
  • FOMENTO DE AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DE INGLÊS POR MEIO DO ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO: UM ESTUDO DE CASO SOB A PERSPECTIVA ECOLÓGICA

  • Data: 16/02/2016
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  • DENISE ARAUJO LOBATO
  • PROSAS DE JULIA LOPES DE ALMEIDA EM JORNAIS PARENSES OITOCENTISTAS: ENTRE A TEMÁTICA MORALIZANTE E A PALAVRA LIBERTADORA

  • Data: 15/02/2016
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  • Na conjuntura dos Estudos Literários atuais, esta dissertação busca pesquisar a circulação da escritora Júlia Lopes de Almeida nos jornais A Província do Pará (1890) e Diário de Notícias (1885-1895), por meio de textos ficcionais seus publicados nos referidos periódicos. O objetivo deste trabalho é analisar tais escritos à luz do Livro das Noivas (1896), compêndio da literata que reúne crônicas de conteúdo moralizante, para então comprovarmos a presença desta temática nas narrativas publicadas na Belém oitocentista. Para tanto, optamos por seguir duas frentes de trabalho investigativas. A primeira que visou analisar a composição textual das narrativas, e a segunda, que se amalgamou à primeira, de análise temática, o que possibilitou um mapeamento dos temas apreciados pelos leitores paraenses daquele momento histórico. Ademais, para dar totalidade ao trabalho, propomo-nos, prioritariamente à tarefa de investigação dos textos literários selecionados, historiografar a vida literária de Júlia Lopes, a qual caminhou pari passo com a sua vida pessoal, o que nos possibilitou apresentar temáticas proeminentes de sua escrita, estreitamente atreladas à sua ideologia e condição social. Isto foi possível graças à crítica feita no tempo em que produziu e aos trabalhos acadêmicos recentes. Posteriormente a essa fase, adentramos nas malhas textuais do Livro das Noivas (1896), para comprovar, na sua urdidura, o intrínseco valor instrutivo e moralizante que lhe é peculiar, o que foi nossa base para a fase de análise dos textos veiculados nos noticiosos A Província do Pará (1890) e Diário de Notícias (1885-1895), que circularam na Belém do século XIX.

  • BRUNA FERNANDA SOARES DE LIMA PADOVANI
  • LEVANTAMENTO SOCIOLINGUÍSTICO DO LÉXICO APURINÃ E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O CONHECIMENTO DA CULTURA E HISTÓRIA APURINÃ

  • Data: 29/01/2016
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  • Este trabalho tem como principal objetivo apresentar os resultados de um estudo que buscou descrever e analisar os processos envolvidos na formação das variantes lexicais da língua Apurinã (Aruák). Os casos de variação lexical tratados aqui envolvem principalmente a nomenclatura de fauna e flora que constituem o fenômeno do “duplo vocabulário” (uso extensivo de duas ou mais formas para designar um mesmo referente em um domínio específico do léxico) presente na língua Apurinã. Os dados utilizados neste trabalho foram coletados in loco entre os anos de 2013 e 2015, junto a várias comunidades Apurinã, e foram complementados por dados de pesquisas anteriores (FACUNDES 2000, BARRETO 2007 e BRANDÃO 2006). O estudo se articula no quadro teórico-metodológico da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]), da Linguística de Corpus (BIBER, CONRAD e REPPEN, 1988) e da Linguística Histórica (CAMPBELL, 1999), além de conceitos da Semântica Lexical (CRUSE, 2000), e especialmente aqueles advindos da Semântica Cognitiva (LAKOFF e JOHNSON, 1980). A utilização de métodos e conceitos de diferentes disciplinas da linguística deve-se à complexidade dos fatores envolvidos. Apresentaremos também uma breve análise dos tipos de variações linguísticas atestados na língua Apurinã, em que destacamos os seguintes tipos: variação fonológica, morfológica, semântica e lexical. Descreveremos esses diferentes tipos de variação apresentando exemplos na língua, sendo que a última, a variação lexical, será descrita e representada mais detalhadamente. Por fim, discutiremos sobre a contribuição do léxico para o entendimento da história e cultura Apurinã.

  • NANDRA RIBEIRO SILVA
  • PRONOMES EM PARKATÊJÊ: A EXPRESSÃO DA TERCEIRA PESSOA

  • Data: 29/01/2016
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  • A língua Parkatêjê pertencente ao complexo dialetal Timbira, é falada no sudeste do Pará, próximo ao município de Bom Jesus do Tocantins. Essa língua apresenta duas séries de pronomes pessoais (livres e dependentes), que recebem marcas de caso e marcação especial de número. As duas séries, segundo Ferreira (2003), distinguem primeira e segunda pessoas, porém não havia sido descrita uma forma específica para o pronome de terceira pessoa. Esta dissertação descreve a expressão da terceira pessoa pronominal em Parkatêjê, comparando com as formas pronominais de terceira pessoa descritas para outras línguas Jê setentrionais, como Mebengokrê, Krahô, Pykobjê e Apãniekrá.

     

     

  • FABÍOLA AZEVEDO BARAÚNA
  • PERFIL COMPARATIVO-TIPOLÓGICO DAS CONSOANTES NASAIS EM LÍNGUAS DA FAMÍLIA TUPÍ-GUARANÍ

  • Data: 28/01/2016
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  • Este trabalho visa traçar um perfil comparativo-tipológico das variantes fonéticas de consoantes nasais em línguas pertencentes à família Tupí-Guaraní. Quanto à seleção das línguas analisadas, decidiu-se pela inclusão de línguas de diferentes ramos da família Tupí-Guaraní, considerando-se a classificação interna sugerida por Rodrigues e Cabral (2002), no intuito de aumentar a abrangência do campo de estudos tipológicos com relação às línguas Tupí. Foram escolhidas as línguas Parakanã e Tembé (Ramo IV), Wayampi (Ramo VIII), Asuriní do Xingu, Anambé e Araweté (Ramo V), que contam com gravações originais em áudio obtidas junto a falantes nativos; para os aspectos fonológicos, o estudo tomou como base as propostas já disponibilizadas para essas línguas. A pesquisa consiste na análise fonético-acústica das consoantes nasais de línguas Tupí; fazendo generalizações tipológicas sobre como estas consoantes se manifestam. Os resultados encontrados são discutidos à luz da fonologia articulatória (BROWMAN E GOLDSTEIN, 1989) que defendem a ideia de que as unidades lexicais podem ser descritas com base em gestos articulatórios coordenados tanto no espaço quanto no tempo, representados pelo que os autores denominam como gestural score. Têm-se ainda nos resultados uma comparação das nasais entre as línguas Tupí, evidenciando tendências e padrões existentes a partir da constatação das implementações fonéticas para as nasais das línguas apresentadas. Verificou-se que quando ocorre a oralização parcial nas consoantes nasais, as línguas Tupí-Guaraní pertencentes ao ramo IV manifestam uma tendência de apresentar pré-oralização das nasais, enquanto que as línguas pertencentes ao ramo V tendem a apresentar pós-oralização das nasais. Este resultado mostra-se como um argumento favorável à divisão dos ramos da família Tupí-Guaraní, proposta por Rodrigues (1986) e revisada por Rodrigues e Cabral (2002).

2015
Descrição
  • ROMÁRIO DUARTE SANCHES
  • VARIAÇÃO LEXICAL NOS DADOS DO PROJETO ATLAS GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO AMAPÁ

  • Data: 30/09/2015
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  • Esse trabalho objetiva descrever, mapear e analisar a variação lexical com base nos dados do projeto Atlas Geossociolinguístico do Amapá. A pesquisa segue os pressupostos teóricos e metodológicos da dialetologia e da geolingüística que também estão interligados aos do projeto Atlas Linguístico do Brasil. A temática justifica-se pela não existência de pesquisas dialetais e geolingüísticas que visam um estudo lexical sistematizado e por verificar fortes incidências de uma pluralidade lexical distribuída por todo o território amapaense. No que concerne à discussão teórica. Será abordado o percurso histórico da dialetologia e da geolingüística na Europa e no Brasil, perpassando pelos principais atlas linguísticos europeus, como o atlas de Wenker e de Gilliéron. Em seguida, volta-se para o contexto brasileiro abordando desde os estudos puramente dialetais até o início da aplicação do método geolinguístico, descrevendo os atlas elaborados mono, bi e pluridimensionais. Em relação à metodologia, mostram-se os principais procedimentos adotados desde a pesquisa de campo até o tratamento dos dados. A priori, aborda-se o contexto da pesquisa, situando os aspectos históricos, sociais e culturais do estado do Amapá, além de uma breve abordagem sobre o projeto ALAP. Em seguida, apresenta-se o método geolinguístico utilizado, numa perspectiva pluridimensional, explicitando a rede de pontos, o tipo de questionário, delimitação do corpus, o perfil dos informantes e os critérios adotados para elaboração das cartas linguísticas. Por último, tem-se a apresentação das cartas e análise dos resultados. Para isto, foi delimitado três tipos de análises: espacial, social e comparativa. A primeira busca descrever, mapear e analisar a distribuição lexical em todos os pontos de inquéritos, verificando a variação diatópica. A segunda centra-se na análise da distribuição lexical verificada por meio dos perfis dos informantes, neste caso, destacam-se as variáveis sociais idade e o sexo que proporcionaram identificar a variação diageracional e diagenérica. O terceiro tipo objetiva mostrar dados lexicais mapeadas e descritos para o ALiB em comparação com os dados do projeto ALAP. Em suma, constatou-se que não há delimitação geográfica restrita a determinadas variantes lexicais, logo não foi possível identificar os agrupamentos lexicais. Acerca dos aspectos sociais, observou-se que a variável faixa etária tende a gerar mais variabilidade do que a variável sexo. Sobre a comparação com os dados do ALiB, ratifica-se que a maioria dos dados encontrados no ALAP se complementam e coincidem com os dados publicados pelo ALiB, gerando confiabilidade científica.

  • JONATAS ALVES DA SILVA
  • FOCALIZAÇÃO EM O TETRANETO DEL-REI DE HAROLDO MARANHÃO

  • Data: 29/09/2015
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  • O objetivo deste trabalho é realizar um estudo do foco narrativo no romance O Tetraneto Del-Rei (1982), de Haroldo Maranhão (1927-2004). Dividido em três capítulos, o trabalho passa, primeiramente, por uma apresentação acerca de Haroldo Maranhão, sua obra e sua contribuição para a literatura do Pará e do Brasil. Em seguida, foca a linguagem do romance, com destaque para a paródia (HUTCHEON, 1989; GENETTE, 2006), por meio da qual é contestado o atributo de verdade dos textos oficiais do “descobrimento do Brasil”. Por fim, aborda o conceito de focalização, com base em Reis e Lopes (1987), com destaque para o conflito entre dois narradores, um narrador omnisciente e um narrador interno fixo. As mudanças de foco narrativo permitem ao leitor experimentar tanto a contestação da historiografia colonial brasileira, quanto o prazer do texto, como um exemplo do que Roland Barthes (2002) chamou de “texto de gozo”.

  • TERESINHA ROSA DE MESCOUTO
  • RELAÇÕES DE TRABALHO E DE GÊNERO EM PRÁTICAS DISCURSIVAS DO MOVIMENTO NACIONAL DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS

  • Data: 28/09/2015
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  • MARJA FERREIRA MARTINS
  • ACONSELHAMENTO LINGUAGEIRO, MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA: UM ESTUDO DE CASO EM ESCRITA ACADÊMICA EM INGLÊS.

  • Data: 04/09/2015
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  • A dificuldade relatada por colegas de curso em fase de escrita de seus Trabalhos de Conclusão de Curso e os estudos referentes ao aconselhamento linguageiro iniciados por mim na mesma época, me instigaram a promover uma pesquisa na qual eu pudesse verificar qual o impacto que as técnicas de aconselhamento linguageiro poderiam causar no processo de aprendizagem de aprendentes de LE com dificuldades em escrita de nível acadêmico, procurando fazer conexões com outras áreas como a autonomia e a motivação, já que estas, em outras pesquisas, haviam sido foco de meus estudos. Sendo assim, coloquei como objetivo de pesquisa verificar de que maneira o aconselhamento linguageiro pode fomentar a autonomia dos alunos graduandos em Letras- inglês como língua estrangeira para um melhor desenvolvimento da habilidade de escrita com foco nas práticas acadêmicas e analisar o impacto desta experiência em seu processo motivacional. Para isso, procurei entender, por meio de um estudo de caso, como se dá a relação conselheiro/aconselhado e descrever, utilizando múltiplos recursos de coleta de dados (conversas via facebook, gravação e transcrição de sessões de aconselhamento presenciais e uma entrevista final), como ela pode contribuir para o melhor desempenho na escrita acadêmica de um aluno em fase de conclusão de curso. Os resultados obtidos por meio de análise do material coletado permitiram observar que realmente há um impacto considerável das técnicas de aconselhamento linguageiro descritas por Kelly (1996), Stickler (2001) e Mynard (2012) tanto na autonomização quanto na motivação do aluno no desenvolvimento de sua habilidade de escrita para fins acadêmicos.

  • ELLEN CRISTIANE DE SOUZA OLIVEIRA
  • Ortografias da lingua suruí do Tocantins: uma análise crítica.

  • Data: 27/08/2015
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  • FERNANDA ANALENA FERREIRA BORGES DA COSTA
  • A variação do /R/ em coda silábica interna na região Norte do Brasil: um estudo geossociolinguístico.

  • Data: 17/08/2015
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  • Este estudo, à luz dos pressupostos teórico-metodológicos da Geossociolinguística, investiga o /r/ em coda silábica interna em dados coletados pelo projeto ALiB (Atlas Linguístico do Brasil) em dezoito localidades da Região Norte do Brasil. A pesquisa situa-se no âmbito da Dialetologia Pluridimensional e da Sociolinguística (LABOV, 1976). O objetivo geral é destacar as variantes dos róticos em posição de coda silábica interna que melhor representam a fala dessa região brasileira. Para a análise, consideramos a influência de grupos de fatores estruturais e sociais no tratamento dos dados com o programa estatístico VARBRUL. O corpus é composto de 4212 ocorrências, após pesquisa nos Questionários Fonético-Fonológico e Semântico-Lexical do ALiB, de um total de 72 informantes, considerando a variável sexo e faixa etária. Dentre os resultados obtidos, apuramos que: (i) apenas três variantes ocorreram com relevância para o estudo no corpus de análise: a glotal [], maior recorrência no estado do Pará, o tepe [], maior recorrência no Tocantins, e o apagamento [], maior recorrência no Acre (ii) a variante mais recorrente na Região Norte do Brasil, com frequência absoluta de 3462 ocorrências, continua sendo a fricativa glotal, seguida do apagamento e, por último, a vibrante simples; (iii) existe um processo de mudança em curso da passagem da variante anterior [] à variante posterior [], tendência geral do português do Brasil.

  • JOSEVALDO ALVES FERREIRA
  • Jogos e diversões infantis: um estudo geossociolinguístico na Região Norte do Brasil

  • Data: 17/08/2015
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  • Esta dissertação tem como objetivo mapear e discutir a variação semântico lexical em seis estados da região norte do Brasil nas localidades pesquisadas pelo projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), para apontar áreas onde ocorrem itens lexicais comuns, comparar os resultados das cidades do interior dos estados pesquisados com as suas respectivas capitais, assim como o falar da região norte com a área do falar baiano resultado da tese de doutorado de Ribeiro (2012). Como aporte teórico e metodológico para a execução deste trabalho considerou-se a dialetologia pluridimensional, Thun (1998), além das contribuições feitas por pesquisadores da área da dialetologia como Cardoso (2010) e Razky (2013). A abordagem metodológica seguida foi a da geolinguística que permitiu que os resultados fossem apresentados por meio de cartas lexicais que mostram a variação geográfica dos itens pesquisados. Por se tratar de um trabalho pluridimensional, será observada, por meio de gráficos, além da variação diatópica, a variação no nível diastrático (faixa etária e sexo). Para a execução do trabalho foram utilizados os dados do projeto ALiB, coletados em vinte e três localidades distribuídas pelos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Acre, Rondônia e Tocantins, entrevistando-se sujeitos de ambos os sexos, divididos em duas faixas etárias, dezoito a trinta anos, (primeira faixa etária) e cinquenta a sessenta e cinco anos de idade (segunda faixa etária). Para a obtenção dos dados foi aplicado o questionário semântico lexical do projeto ALiB, composto de 202 questões em 14 campos semânticos, dos quais se delimitou para esta pesquisa a área semântica Jogos e Diversões Infantis. Os resultados deste estudo demonstraram a ocorrência de pelo menos duas áreas geográficas que apresentam características lexicais comuns a cada uma em si, o nordeste e o sudeste da região norte. As capitais e as cidades interioranas apresentaram pouca diferença no campo lexical estudado. Como itens lexicais comuns à região norte que a diferenciam da área do falar baiano documentaram-se peteca, para designar bolinha de gude, baladeira, para estilingue, curica, para pipa sem vareta, só para citar alguns.

  • ADRINE MOTLEY SANTANA
  • MEMÓRIA E NARRATIVA NA VOZ DE CONTADORAS ITINERANTES E GRIOTS

  • Data: 29/06/2015
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  • Antigamente a arte de contar histórias ocorria em meio a grupos sentados ao redor de uma fogueira e, dentre eles, um contador de histórias aquecendo o povo ali presente com seu hálito vivo, narrando as histórias que passavam de geração em geração. Eram chamados de xamãs, griots. No século XXI, esta prática transformou-se e os espaços onde atuam são diferenciados como escolas, hospitais, praças públicas, universidades, entre outros. São denominados narradores contemporâneos ou urbanos, por assumirem uma nova identidade e profissionalizarem esta prática. Desse modo, esta pesquisa propõe estudar o início do movimento de formação desses contadores de histórias, na voz de mulheres egressas de duas instituições públicas de ensino superior: a Universidade do Estado do Pará (UEPA) e a Universidade Federal do Pará, no período de 2000 a 2005, momento em que fizeram parte dos grupos de extensão: Griot(UEPA) e Contadores Itinerantes(UFPA). As mulheres envolvidas nesses grupos, do qual fiz parte do Griot, buscavam por meio do corpo e da voz, propagar as narrativas estudadas e ouvidas, tanto em verso como em prosa, nos projetos de extensão acima mencionados. Sendo assim, este trabalho tem como fio condutor a memória pautada nos pressupostos de Maurice Halbawchs (2006), Michael Pollak (1992), Pierre Nora (1993), entremeados aos estudos das Poéticas Orais, de Paul Zumthor (2010), para relatar a narrativa “embarcada”, conceito apresentado por Karl Eric Schollhammer (2012), e assim poder contar como tudo começou.

  • ISRAEL FONSECA ARAUJO
  • A enunciação da ação política feminina em Igarapé-miri: um estudo das relações interdiscursivas no jornal miriense.

  • Data: 25/06/2015
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  • A presente dissertação discute a maneira adotada pelo Jornal Miriense (JM) para apresentar a seus leitores a mulher que tem atuação pública/política no município de Igarapé-Miri (PA), seja no que concerne à análise de uma cobertura jornalística mais voltada para a própria personalidade política, seja no que concerne ao exame de uma enunciação que se volta para a divulgação de ações políticas mais específicas, tais como a atuação em movimentos sociais e na prefeitura de Igarapé-Miri. Investiga-se o funcionamento discursivo do fazer jornalístico que se materializa no Jornal Miriense, veículo produzido no município de Igarapé-Miri há 35 anos, especificamente no conjunto de publicações veiculadas entre os anos de 2004 a 2008. Foram constituídos quatro grupos de textos, definidos como G1, G2, G3 e G4, os quais apresentam a atuação feminina em diversas funções públicas/políticas (G1 e G2) e na função específica de prefeita de Igarapé-Miri (G3 e G4). Nas publicações, buscou-se atentar para as articulações entre o fazer jornalístico e a vida pública/política em Igarapé-Miri, bem como entre discursos sobre o lugar social da mulher e a dimensão de gênero que pode impactar o modo de se dizer, midiaticamente, acerca da aparição pública/política feminina no JM. De que maneira essas articulações geram sentidos nas publicações analisadas é uma indagação que define concretamente o horizonte principal postulado para a pesquisa: investigar as relações interdiscursivas constituintes do Jornal Miriense, materializadas nos textos que tematizam a ação pública/política feminina, em Igarapé-Miri. A investigação se baseia em postulados da Análise do Discurso da linha francesa (AD), especificamente com base no modelo defendido por Dominique Maingueneau (1997, 2008, 2011), adotando-se as seguintes ferramentas teóricas e analíticas: interdiscurso, prática discursiva, cena de enunciação e dêixis discursiva. Acredita-se que a enunciação jornalística do JM expõe relações interdiscursivas convocadas nos textos para se referir à figura política tematizada, estabelecidas por um conjunto de cenas enunciativas, que se sustentam em elementos da dêixis discursiva adotada. Nessa interface, ganha vital relevância a imbricação entre mídia e discurso, razão pela qual a pesquisa ancora-se em postulados de autores como Gregolin (2007), Lage (2005), Melo (1994) e Miguel (2002, 2003a). Foi possível constatar um conjunto de relações interdiscursivas que apontam para a articulação entre o discurso jornalístico do JM com a prática religiosa em curso em Igarapé-Miri, bem como entre essa prática jornalística e a prática política que ajuda a constituir a vida pública municipal, assim como entre a prática discursiva jornalística e a dimensão de gênero, a qual impacta significativamente o funcionamento discursivo do JM ao enunciar sobre a mulher com atuação pública/política em Igarapé-Miri.

  • JOSE ELIAS PEREIRA HAGE
  • FIGURAÇÕES DO POBRE EM DALCÍDIO JURANDIR: DO CHALÉ À RUA DAS PALHAS EM CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA

  • Data: 29/05/2015
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  • Este trabalho tem por finalidade fazer um estudo sobre a representação do pobre na literatura
    de Dalcídio Jurandir (1909-1979), no livro Chove nos campos de Cachoeira (1941). O intuito
    do estudo é trazer um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, com base na relação
    social de personagens e conhecer, por meio da ficção, a realidade dos menos favorecidos que
    habitam a região amazônica. Em dez romances, publicados entre 1941 e 1978, o escritor
    paraense contruiu o ciclo Extremo Norte, no qual se propôs revelar uma história da Amazônia
    pelo olhar de um povo forte e cheio de humanidade. Em Chove nos campos de Cachoeira,
    primeira obra do ciclo, nos deparamos com dois personagens protagonistas: Alfredo e
    Eutanázio, que no decorrer do romance se envolvem com diversos tipos característicos da
    pobreza amazônica, e é por conta disso, inclusive, que o presente trabalho optou por
    acompanhar a realidade do pobre a partir do olhar diferenciado desses dois personagens.
    Ambos entram em conflito internamente em várias situações pela falta de dinheiro. Enquanto
    Eutanázio, com quase 40 anos, acometido de uma doença fatal, inicia e termina sua trajetória
    nessa primeira obra, Alfredo com 10 anos está iniciando seu caminho e se tornará o
    protagonista de mais oito obras do ciclo. Dalcídio Jurandir refrata a realidade da carência das
    coisas em seus romances. Existe a carência de bens e serviços essenciais; a carência de
    recursos econômicos; bem como a carência social, que trata da exclusão social, que é a
    impossibilidade de participar da sociedade, evidenciada pela postura preconceituosa em
    relação ao caboclo do interior do estado. Eutanázio reclama e se ressente pela falta de
    dinheiro. Essa reclamação repercurte dentro do personagem e reverbera nas obras de Dalcídio
    Jurandir explicitando também em outros personagens a decorrência da pobreza de diversas
    situações. Em Chove nos campos de Cachoeira em diversos trechos, tudo se passa como se a
    pobreza desse o tom de tudo, visualizada ao redor e nas elocubrações internas dos
    personagens. O estudo teve como metodologia a pesquisa e análise bibliográfica e teve como
    referencial teórico obras de estudiosos na linha de análise de literatura e sociedade como
    Antonio Candido e Roberto Schwarz, entre outros, bem como de estudiosos da realidade
    social como Fábio Castro e Eugenio Giovenardi, entre outros. A noção de pobreza que
    norteará todo o trabalho terá como base dois princípios fundamentais: a noção de subsistência
    e a noção social.

  • JOSUE LEONARDO SANTOS DE SOUZA LISBOA
  • Terminologia da piscicultura

  • Data: 26/05/2015
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  • O presente trabalho consiste na elaboração do glossário da terminologia da piscicultura, ramo da aquicultura, de cultivo de peixes, nos municípios de Belém, Peixe-Boi, São Miguel do Guamá e Igarapé-Açu, no estado do Pará. O corpus denominado de PisciTerm é constituído de entrevistas com piscicultores, técnicos, engenheiros da pesca, professores especialistas, estudantes e trabalhadores braçais do dia a dia das fazendas, laboratórios e estações de piscicultura. Assim sendo, o objeto de estudo é o léxico especializado e as variantes terminológicas linguísticas e de registro pertencentes à piscicultura. Têm-se, como ferramenta de auxílio para o levantamento, a análise, a edição, a organização e a distribuição dos verbetes, os programas computacionais WordSmith Tools (versão 5.0) e Lexique Pro (versão 3.6). A pesquisa está ancorada nos procedimentos teórico-metodológicos da socioterminologia estabelecidos por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 2001, 2010). O objetivo é documentar a linguagem técnica e as variantes orais dessa área do conhecimento humano, em expansão no Pará, no Brasil e no mundo, de grande relevância ambiental, econômica, nutricional e social, tornando-se uma importante ferramenta tanto para os profissionais da área, quanto para os demais profissionais, e a para todos os interessados pela terminologia da piscicultura. O glossário da piscicultura é composto por 359 verbetes, dentro os quais 212 termos e 147 variantes, delimitadas em três campos semânticos: reprodução induzida, engorda e comercialização.

  • BRAYNA CONCEICAO DOS SANTOS CARDOSO
  • A variação diatópica no dicionário escolar

  • Data: 26/05/2015
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  • Este trabalho apresenta resultados de um estudo sobre a variação diatópica no dicionário escolar. Como pressupostos teóricos, buscamos aporte na Lexicologia, Lexicografia e Geografia Linguística. O objetivo principal da pesquisa é analisar a questão da presença da variação diatópica em seis dicionários escolares de Língua Portuguesa correspondentes aos acervos 3 e 4, avaliados na última edição do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD/2012). A opção na análise da variação diatópica no dicionário escolar deve-se ao fato de imprimir uma visão que leva em consideração aspectos linguísticos, sociais e políticos de uso da língua. Para tanto, fizemos uso dos seguintes métodos: levantamento das marcas de uso que indicam variação diatópica nos dicionários escolares selecionados, com intuito de realizar análises que tomam como base os aspectos megaestruturais, macroestrurais e microestruturais dos dicionários; elaboração de uma ficha de avaliação para registro de dados acerca do tratamento da variação diatópica em cada dicionário escolar analisado e aplicação de um questionário a alunos e professores de escolas públicas e particulares, objetivando verificar atitudes quanto ao uso do dicionário escolar. A análise dos dados nos leva a concluir que a variação diatópica no dicionário escolar necessita de estudos que aproveitem os métodos da Geografia Linguística, visando a proporcionar maior fiabilidade às marcas de uso que os dicionários veiculam; construir um dicionário escolar baseado em usos; capacitar alunos e professores para explorarem o dicionário de forma produtiva no processo de ensino-aprendizagem.

  • FERNANDA PINHEIRO ARRUDA
  • Poemas visuais e tecnologia: reescrita e futuro.

  • Data: 18/05/2015
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  • NAIR DAIANE DE SOUZA SAUAIA VANSILER
  • Expressividade oral e fluência em leitura: monitoramento e diagnóstico de cinco escolas estaduais de Belém do Pará.

  • Data: 08/05/2015
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  • A leitura expressiva é uma maneira de o leitor demonstrar os significados apreendidos do texto. Com efeito, a expressividade na leitura oral pode não só distinguir entre leitores mais e menos habilidosos, mas também pode ser usada para monitorar a compreensão. É possível verificar, com base em elementos prosódicos, a forma como os alunos empregam o conhecimento linguístico na leitura. Leitores fluentes incorporam características prosódicas da língua falada (acentuação, variações de altura de voz, entonação, fraseado e pausas) durante a leitura, fazendo-a soar o mais natural possível. Neste trabalho assume-se as concepções do modelo interativo compensatório, por aceitarmos que o processo automático da decodificação propicia a aceleração do processo de identificação de palavras no texto. Esta pesquisa mostra a avaliação de três dimensões prosódicas: entonação e ênfase, fraseado e ritmo, na leitura realizada por alunos do 2º ano do Ensino Médio de cinco escolas públicas de Belém, Estado do Pará. Esta pesquisa é subdividida em duas etapas, em cada os alunos leram por um minuto trechos de três textos. Na primeira foram analisados 54 alunos das cinco escolas participantes, que totalizaram juntos 162 amostras de leitura oral. Na segunda etapa realizada no final do ano letivo de 2013 foram analisadas as leituras de 44 alunos de três dos quatro textos lidos nessa segunda visita, em quatro escolas. Na segunda etapa os alunos de duas das escolas participantes leram um texto a mais com sinais prosódicos mais elevados, 20 alunos participaram. O CBM (DENO, 1985) ofereceu método eficaz para a realização da capturação das leituras dos alunos. A análise quantitativa das amostras de leitura foi realizada com base nos parâmetros de expressividade oral de uma escala multidimensional adaptada para esta pesquisa a partir das propostas de Fountas e Pinnell (2006), Rasinski (2004) e Zuttell & Rasinski (1991). Cremos que leitores que apresentaram alguma dificuldade na leitura oral expressiva podem ter carências nos elementos de apoio às habilidades de compreensão de leitura propostos por Wren (2002), assim como estejam relacionadas com algum déficit no cálculo sintático. A dificuldade em reconhecer automaticamente as palavras também se caracteriza em uma dessas deficiências. Ao final apresentamos algumas propostas de intervenção direcionada para desempenhos mais satisfatórios de leitora oral expressiva.

  • ELISANGELA RIBEIRO DE OLIVEIRA
  • A estratégia da velocidade na fluência da leitura oral: um diagnóstico em seis escolas na região metropolitana de Belém.

  • Data: 08/05/2015
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  • A presente pesquisa tem como objetivo identificar o nível de fluência de leitura oral, a partir do componente velocidade, que nos fornece dados sobre a proficiência de leitura de alunos do 2° ano do Ensino Médio, de seis escolas públicas de Belém (PA), no ano letivo de 2013. Para tal, utilizou-se de um método padronizado e específico denominado de Curriculum-Based Measurement (DENO, 1985), o qual permite avaliar a medida de velocidade de leitura de um sujeito, que é calculada subtraindo-se o total de erros cometidos do total de palavras lidas corretamente em um minuto. Esta pesquisa foi realizada com a participação de 76 alunos com a finalidade de observar se os mesmos liam de forma fragmentada ou em grupos grandes de palavras e se a leitura pode fluir de forma tranquila, apresentando um bom nível de reconhecimento do vocabulário. Durante a realização da pesquisa, verificaram-se consideráveis informações dos envolvidos que participaram do trabalho, já que as amostras dos alunos demonstraram que boa parte possui fluência de leitura bem abaixo do esperado para o ensino médio, tendo em vista que ainda apresentam muitas falhas principalmente para o reconhecimento automático das palavras de um determinado texto.

  • DIONE MARCIA ALVES DE MORAES
  • Leitura inferencial: trabalhando com texto narrativos e mediados pela imagem no 2º ano do ensino fundamental.

  • Data: 05/05/2015
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  • Esta dissertação apresenta a pesquisa que desenvolvemos com alunos do 2º ano do Ensino Fundamental da Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), no período de abril de 2013 a fevereiro de 2014, e trata da leitura de crianças que já estão inseridas na escrita alfabética. Com esta pesquisa, buscamos discutir como a imagem e as narrativas lúdicas podem provocar a leitura em um nível inferencial, promovendo avanços nas habilidades de alunos que já são considerados “leitores” por estarem alfabetizados, mas apresentam comportamentos e desempenhos variados quando lidam com textos escritos. Para isso, fundamentamo-nos teoricamente em estudiosos como Lacan (1987), Lacan (1998), Belintane (2013), Riolfi e Magalhães (2008), Fairchild (2012), Pastorello (2010), entre outros. Desenvolvemos uma pesquisa qualitativo-interpretativa, que se configura como uma pesquisa-ação. Nossa intervenção em sala de aula consistiu em produção de atividades com textos lúdicos, trabalho em conjunto com a professora da sala base e atendimentos individualizados com as crianças (especialmente com três alunos cujos dados analisamos de forma mais detalhada). Para trabalharmos a heterogeneidade inerente em sala de aula de forma sistemática, fizemos - juntamente com os integrantes do projeto “Desafios” - reagrupamentos semanais com os alunos que estavam inseridos no projeto e apresentavam perfis semelhantes. Assim, pudemos produzir atividades mais voltadas para as habilidades mostradas daqueles alunos considerados leitores que foram inseridos no denominado Grupo 4 (que objetivava trabalhar a leitura silenciosa e compreensão de textos extensos) – posteriormente reconfigurado como Grupo 5 (que visava trabalhar a leitura inferencial). Os resultados demonstraram que a partir de um trabalho mais sistemático utilizando textos com imagem e narrativas, conseguimos auxiliar numa mudança de suas posições subjetivas frente aos textos escritos, ou seja, fazer com que apresentassem avanços em sua leitura e na compreensão inferencial. Com essa pesquisa, chegamos a quatro apontamentos principais. O primeiro diz respeito às discussões coletivas em que a fala do professor precisa ser clara quando o interesse for o texto trabalhado. O segundo, que é preciso trabalhar de formas específicas textos diferentes (curtos e densos ou extensos e mais explícitos), pois exigem habilidades diversas. O terceiro refere-se à necessidade de identificar e trabalhar a oralidade cotidiana do aluno para que seja mais claro em suas explicações. E o quarto aborda sobre o que significa dizer que um aluno alfabetizado “sabe ler”, pois entendemos que signifique decodificar, mas também compreender, produzir inferências e produzir considerações novas.

  • TATIANA DA SILVA CASTRO
  • EFEITO DO ENSINO DE ESTRATÉGIAS DE COMPREENSÃO ORAL NA AUTONOMIA DE ALUNOS

  • Data: 29/04/2015
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  • A compreensão oral é uma das habilidades pela qual os aprendentes encontram maiores dificuldades em línguas estrangeiras, sendo que poucos trabalhos versam sobre como incrementar a sua aprendizagem. O propósito desta pesquisa é investigar o processo de ensino de estratégias de aprendizagem e seus efeitos na proficiência e autonomia de alunos de inglês no que diz respeito à compreensão oral. O embasamento teórico deste estudo respalda-se essencialmente nas contribuições de Oxford (1990), O‟Malley e Chamot (1990), Cohen (1998), Little (1991), Scharlé e Szabó (2000), Benson (2011), Magno e Silva (2012), Hedge (2000), Brown (2007) e Ur (2012) dentre outros. O contexto de realização deste experimento é o dos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras – CLLE da Universidade Federal do Pará - UFPA. Uma pesquisa-ação foi desenvolvida, utilizando como ferramentas para a coleta de dados um questionário, fichas de exercícios e uma entrevista. A análise dos dados procedentes das ferramentas utilizadas demonstra uma melhora significativa no desempenho das aprendentes na habilidade de compreensão oral ao longo das atividades propostas e também no teste realizado ao final do semestre. Observei ainda a apropriação de certas estratégias ensinadas ao longo do semestre, além de indícios de autonomia nas mudanças de atitude das aprendentes em relação à incorporação das estratégias ensinadas e prática da compreensão oral fora de sala de aula.

  • SADIE SAADY MORHY
  • A influência do aconselhamento linguageiro na trajetória de uma aluna de letras - inglês.

  • Data: 28/04/2015
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  • A aprendizagem de línguas estrangeiras (LE) implica a interconexão de diversos fatores que contribuem direta ou indiretamente no processo. No entanto, estudos sobre a aprendizagem se ressentem da falta de uma visão holística, que possa oferecer uma noção mais completa da trajetória dos estudantes. O aconselhamento é uma forma de apoio à aprendizagem que consiste em encontros entre o conselheiro e aluno, geralmente de forma individual (REINDERS, 2008). O conselheiro trabalha junto ao aluno como um facilitador, mentor, assessor, ajudante, agente de apoio e consultor (MOZZON-MCPHERSON, 2001). Esta dissertação de mestrado visa avançar no estudo sobre aconselhamento linguageiro e sua contribuição no processo de aprendizagem de uma LE. Pretendeu-se observar como o aconselhamento interfere na formação do aluno de Letras, Inglês da Universidade Federal do Pará, UFPA. Por meio de abordagem predominantemente qualitativa, este estudo de caso acompanhou um único sujeito, estudante de Letras, Inglês, durante dois anos letivos. Os dados foram coletados por meio da observação participante – aconselhamento – e incluem depoimentos, narrativas, entrevistas e relatórios. O material coletado foi analisado de acordo com os preceitos da Teoria da Complexidade (TC), que segundo Vasconcelos (2002), apresenta-se como um novo-paradigma e vai além do modelo newtoniano. A TC percebe a estabilidade dos fenômenos, do mesmo modo que reconhece que eles podem ser instáveis; além disso, leva em consideração a intersubjetividade entre os fenômenos. Isso leva a uma melhor compreensão dos processos de (trans)formação identitária e motivacional na aprendizagem de uma LE. Larsen-Freeman e Cameron (2008) consideram que na TC o conteúdo é visto como parte do sistema e não meramente como seu pano de fundo. A análise de dados mostrou que o aconselhamento contribuiu com a formação do aluno de Letras; conseguiu, também, perturbar sua trajetória de aprendizagem e desenvolver sua autonomia.

  • LAURENICE NOGUEIRA DA CONCEIÇÃO
  • Epopeia  e transculturação em "Nativo de Câncer", de Ruy Barata.

  • Data: 06/04/2015
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  • Este trabalho estabelece um diálogo entre o poema “O Nativo de Câncer”, do paraense Ruy Paranatinga Barata, e o conceito de transculturação de Angel Rama. A Análise será a estilística proposta por Carlos Reis (1976), segundo a qual tanto os aspectos formais linguísticos quanto a transgressão deles no texto contribuem para seu significado, dialogando inclusive com o contexto. O poema será abordado sob o pressuposto de ser ele uma epopeia moderna da Amazônia, na qual lírico e épico se amalgamam, conforme Emil Staiger (1977), relaciona-se à ideia de modernidade, segundo Baudelaire. Assim, apresentaremos o poema e seu contexto histórico-literário relacionando sua forma e conteúdo poéticos aos conceitos de transculturação, modernidade, epopeia, mediação, autonomia e engajamento. Veremos que na sua estrutura os elementos externos, como sociedade, história e biografia se tornam internos, principalmente pelo recurso da imagem, passando a integrar a estrutura do texto, conforme postula Antonio Candido (2006).

  • ALEX SANTOS MOREIRA
  • A crítica literária aos romances "Chove nos campos de cachoeira", "Marajó" e "Três casas e um rio", na imprensa do Rio de Janeiro.

  • Data: 11/03/2015
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  • Desprestigiada como modelo crítico, a crítica impressionista até a primeira metade do século XX dominou no Brasil o debate literário e sua atuação era hegemônica nos jornais, em revistas, semanários e suplementos literários. Sabe-se ainda que, durante muito tempo, ela foi a principal fonte de orientação dos leitores, revelando chaves de leitura, clareando enredos, interpretando personagens e além de tudo isso era também o ligamento vivo responsável pelo vínculo da obra com o leitor e da literatura com a vida cotidiana. Diante disso, este trabalho estuda as críticas literárias publicadas na imprensa da cidade do Rio de Janeiro acerca dos três primeiros romances do escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909-1979). Mostraremos como as obras Chove nos Campos de Cachoeira (1941), Marajó (1947) e Três Casas e um Rio (1958), no seu contexto imediato de publicação, foram lidas pela crítica considerada impressionista. Com isso, pretendemos reconhecer como foram consolidados os sentidos acerca desses livros, elucidar os procedimentos críticos dos primeiros avaliadores de Dalcídio Jurandir e levantar hipóteses novas que auxiliem as novas leituras desses romances a irem além do que está posto pelo atual sistema crítico.

  • RAFAELLA DIAS FERNANDEZ
  • O Erotismo  revisitado na poética de Herberto Helder

  • Data: 02/03/2015
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  • A obra de Herberto Helder é muito vasta e inclui trabalhos de poesia e tradução. Nota-se que na sua escrita há uma relação íntima entre as duas, tanto a poesia como a tradução surgem com uma potência erótica que será fundamental para a criação herbertiana. A tradução está intrinsecamente relacionada à criação, o próprio modo peculiar de o poeta nomear esse trabalho “poemas mudados para português” revela isso. A poesia e a tradução também instauram uma violência contra a linguagem, as duas deformam a língua, tirando-a do lugar-comum do sentido e aplicando a potência do vazio sobre ela. A desconstrução do sentido da palavra é o que possibilita a criação poética. A escrita de Herberto Helder é relacionada ao corpo e as imagens dos órgãos sexuais, do sangue, do sêmen e da saliva apontam para o corpo deformado, pensado agora em partes energéticas e é da deformação do corpo que surge o buraco para o fazer poético. Busca-se pensar na importância do erotismo como vetor de construção poética. Nesse sentido, as reflexões de Georges Bataille serão importantíssimas para nortear o erotismo e o relacionar à obra de Herberto Helder. Desta forma, a hipótese que se lança é de que o erotismo impõe uma violência contra a palavra e o corpo necessária para o trabalho de criação. Nesse sentido, nossa busca será pela presença do erotismo na poesia e na tradução de Herberto Helder, privilegiando os textos onde se encontra a imagem da criação.

  • GISELE BRAGA SOUZA
  • Caracterização acústica das vogais médias pretônicas do português falado em Barcarena/PA

  • Data: 27/02/2015
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  • O presente estudo visa caracterizar acusticamente o português falado na Amazônia Paraense, tendo como foco as vogais médias pretônicas da variedade linguística falada no município de Barcarena/PA. Esta pesquisa é vinculada ao projeto Norte Vogais, integrante do PROBRAVO, que tem como um de seus objetivos analisar acusticamente o sistema vocálico átono do Português Brasileiro (PB) falado no estado do Pará. O corpus total é composto por amostras de fala de 18 (dezoito) informantes nativos de Barcarena/PA, estratificados socialmente em sexo (masculino e feminino), faixa etária (15 a 25 anos; 26 a 45 anos e acima de 45 anos) e nível de escolaridade (fundamental, médio e superior). Ao todo, 818 realizações das vogais médias pretônicas orais foram analisadas, sendo 411 anteriores e 407 posteriores. Os dados foram obtidos a partir da leitura de um texto sobre futebol, por meio do qual os informantes selecionados produziram 53 vocábulos contendo as vogais médias em posição pretônica. No tratamento dos dados, foram tomadas medidas de F1 e F2 (Hz) das vogais alvo. Constatou-se, a partir da análise empreendida, que os falantes da variedade estudada dão preferência à manutenção das vogais médias, resultado que corrobora com a hipótese apresentada nos estudos variacionistas realizados pela equipe do projeto Norte Vogais. Além disso, verificou-se que, na fala feminina, em relação às anteriores, a variante alta ocupa quase o mesmo espaço acústico da variante média fechada e as duas mantém uma grande distância da variante média aberta. No caso das posteriores, as mesmas ocupam espaços acústicos bem diferenciados. Em contrapartida, na fala masculina, as variantes anteriores estão bem discriminadas e a variante alta e a média fechada posteriores estão muito próximas, distanciando-se significativamente na variante média aberta posterior. Uma tendência à centralização das vogais também foi observada.

  • MARIA SEBASTIANA DA SILVA COSTA
  • Análise acústica da relação acento versus entoação no Português falado em Mocajuba: contribuições para o Projeto AMPER NORTE

  • Data: 27/02/2015
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  • A presente Dissertação faz parte do projeto Atlas Prosódico Multimédia da Região do Norte do Brasil(AMPER-NORTE) e que, por sua vez, está vinculado ao projetoAtlas Prosódico Multimedia do Português (AMPER-POR). Seu objetivo principal é contribuir com o projeto AMPER-NORTE, com a caracterização da variação prosódica dialetal do português falado na zona urbana do município de Mocajuba (PA). Os procedimentos metodológicos adotados foram previamente estabelecidos pelo projeto AMPER. O corpus foi constituído com uma amostra de fala de seis informantes, três do gênero masculino e três do gênero feminino; uma mulher (BF51) e um homem (BF52) do ensino Fundamental, uma mulher (BF53) e um homem (BF54) do ensino Médio, uma mulher (BF55) e um homem (BF56) do ensino Superior, da variedade do português falado em Mocajuba. O corpus do município é formado por 102 frases, do tipo SVC (sujeito + verbo + complemento), com complemento adjetival e indicadores de lugar. Cada sentença foi repetida seis vezes, totalizando 612 frases por informante. A análise foi feita a partir de dados relativos aos seis informantes, para tanto foram selecionadas 42 frases, sendo 21 afirmativas e 21 interrogativas totais com sintagmas nominais simples ou compostos, elas foram selecionadas de modo a contemplar as três pautas acentuais do português apresentando um total de 14 oxítonas, 14 paroxítonas e 14 proparoxítonas. A análise acústica das vogais foi feita em seis etapas e os resultados mostram que os parâmetros físicos acústicos de frequência fundamental (F0) e duração (ms) demonstraram resultados relevantes para esta análise, confirmando os referidos parâmetros como complementares na distinção das modalidades frasais nesta variedade em estudo. A F0 torna-se relevante, pelo movimento em formato de pinça, que ocorre preferencialmente na sílaba tônica, do vocábulo-alvo, nominal, nas três pautas acentuais e a duração mostra que as pautas acentuais (oxítona, paroxítona e proparoxítona) registraram valores inversamente proporcionais, confirmando-se como um parâmetro distintivo. Na intensidade, não se observou distinção suficientemente satisfatória para confirmá-la como complementar à F0 e ms na variedade do português falado em Mocajuba.

  • ROSINELE LEMOS E LEMOS
  • A variação prosódica em sentenças declarativas e interrogativas do Portugues falado em Baião - PA

  • Data: 27/02/2015
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  • A presente pesquisa está vinculada ao projeto AMPER-NORTE (Atlas Multimídia Prosódico do Norte do Brasil), que faz parte do AMPER-POR (Atlas Multimídia Prosódico do Português). Este estudo contribuirá com a formação do Atlas Multimídia Prosódico do Norte do Brasil e tem como objetivo principal caracterizar a variedade dialetal prosódica do português falado na zona urbana do município de Baião (PA). Todos os procedimentos metodológicos adotados seguem as orientações estabelecidas pela coordenação geral do Projeto AMPER - POR. O corpus é formado com seis informantes e 66 frases, estruturadas sintaticamente em SVC (sujeito + verbo + complemento) e suas expansões (sintagma adjetival e sintagma preposicional), obedecendo as mesmas restrições fonéticas e sintáticas e mantendo o padrão dos corpora constituídos por variedades do português do projeto AMPER –POR. As sentenças do corpus têm 10, 13 e 14 vogais e todas as frases foram repetidas seis vezes por cada informante formando um corpus total de 396 frases. Os dados foram coletados com três homens e três mulheres, dos níveis de escolaridade fundamental, médio e superior, com idade entre 35 a 75 anos. O corpus selecionado é constituído de 42 frases – 21 declarativas e 21 interrogativas – que contemplam as três pautas acentuais do português. Em todas as sentenças foram analisadas as modalidades declarativas e interrogativas, e as análises acústicas das vogais foram feitas em seis etapas. Os parâmetros acústicos analisados foram: Frequência Fundamental (semitons), duração (ms) e intensidade (dB). Os resultados desse estudo demonstraram que o parâmetro acústico de F0 é o mais relevante na distinção entre enunciados declarativos e interrogativos. Observou-se, tanto nos sintagmas nominais finais simples quanto nos compostos, um contorno entoacional em formato de "pinça" no último sintagma nominal final dos vocábulos, e esse movimento mostra que a F0 é descendente para as modalidades declarativas e ascendente para as frases interrogativas. A duração (ms) complementa a F0 na distinção das duas modalidades frasais. Já a intensidade (dB) não se mostrou um parâmetro relevante para distinguir as sentenças declarativas e interrogativas na variedade falada em Baião (PA).

     

  • BRENO PAUXIS MUINHOS
  • ANJOS & CRONISTAS: DYBBUKIM ENTRE A DITADURA E O FUTEBOL

  • Data: 24/02/2015
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  • A presente pesquisa tem por objetivo analisar os antagonismos percebidos nas crônicas esportivas escritas pelo poeta Carlos Drummond de Andrade e pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, publicadas em duas antologias post-mortem, Quando é dia de futebol, organizada por dois netos do poeta mineiro, e À sombra das chuteiras imortais, uma seleção feita por Ruy Castro. Os antagonismos são discutidos no trabalho ao apontar para as opiniões dos autores, quanto aos rumos da política nacional e da sociedade brasileira no período da Ditadura Civil-Militar; aqui percebidos na visão crítica das obras como anjos modernos e categorizando-as como dybbukim literários, a partir de reflexões sugeridas em História & Modernismo de Mônica Velloso e O anjo da história de Walter Benjamin. Para tanto, realizar-se-á uma breve discussão sobre o gênero crônica, alguns traços de sua origem no Brasil, bem como a relação entre crônica, jornalismo e Literatura. Além de uma exposição sobre estudos acerca de crônicas esportivas escritas por literatos, como Coelho Neto e Lima Barreto, e discussões que tratam do conceito de Moderno e do Modernismo; por fim, selecionaram-se algumas das crônicas dos dois autores sobre futebol e política, em que se exemplificam as categorizações propostas.

  • LILIANE BATISTA BARROS
  • A reconstrução histórica da Cabanagem em "Lealdade" e da Guerra Civil moçambicana em"As duas sombras do rio".

  • Data: 23/02/2015
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  • Nesta tese, pretendemos analisar comparativamente a reconstrução histórica da Cabanagem e da Guerra Civil Moçambicana nos romances Lealdade (1997), de Márcio Souza e As duas sombras do rio (2003), de João Paulo Borges Coelho. Para tanto, apresentaremos um breve percurso histórico da colonização brasileira e moçambicana, bem como o período da independência e pós-independência, além do percurso teórico sobre o romance histórico, resistência, memória, bem como a teoria sobre o espaço, nesse caso o rio, que utilizamos como ferramenta de análise. Utilizando o rio como fio condutor de nossa análise. Na obra de Borges Coelho, a análise foi feita a partir das travessias das personagens pelos rios que foram desencadeadas pela chegada da guerra civil. Fixamos nossa leitura em Leónidas Ntsato personagem que metaforiza Moçambique dividido em dois pela guerra civil e destacamos o papel do narrador neste romance. Na narrativa de Márcio Souza acompanhamos as viagens de Fernando, narrador do romance, que tem sua biografia entrelaçada aos acontecimentos que desencadearão a Cabanagem anos mais tarde. Cada um com seu estilo, os dois romancistas revisitam as agruras das duas guerras que tem como palco o Norte do Brasil e de Moçambique que são espaços periféricos desde os tempos coloniais.

  • GISELDA DA ROCHA FAGUNDES
  • O abaixamento das vogais médias pretônicas em Belém: um estudo varacionista sobre o dialeto do migrante maranhense frente ao dialeto falado em Belém-PA

  • Data: 23/02/2015
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  • O presente estudo teve como objetivo investigar o Abaixamento das vogais médias pretônicas na variedade do português falado em Belém (PA). Pautamos-nos nos pressupostos da sociolinguística quantitativa de Labov (1972), e utilizados alguns procedimentos metodológicos adotados por Bortoni-Ricardo (1985) para as análises de redes sociais, importantes para o estudo de dialetos em comunidades de migração, como é o caso de Belém, que recebeu intenso fluxo migratório nas décadas de 50 a 80 do século passado. Utilizamos também, para comparação, os resultados de Castro (2008), Souza (2010) e Ferreira (2013). O corpus foi formado a partir de gravações de entrevistas de 18 informantes, divididos em dois grupos: a) um grupo de ancoragem, com 12 (doze) informantes migrantes do estado do Maranhão (06 (seis) do sexo masculino e 06 (seis) do sexo feminino), com idade de 50 ou mais, e que residem em Belém há mais de vinte e cinco anos; b) outro de controle, com 06 (seis) informantes (03 (três) do sexo masculino e 03 (três) do sexo feminino), paraenses descendentes do grupo de ancoragem, com idade entre 20 e 30 anos, ou que migraram para Belém muito novos, com até três anos. Os dados do corpus submetidos às análises somaram 3.099 ocorrências das vogais-objeto, anterior </e/> (1.948) e posterior </o/> (1.151). Foram estabelecidas como variáveis extralinguísticas: sexo, grupo de amostra e escolaridade. Para variáveis linguísticas foram consideradas: altura da vogal tônica, grau de recuo da tônica, grau de nasalidade da tônica, posição da pretônica no vocábulo, vogal contígua, distância relativa à sílaba tônica, segmento precedente, segmento seguinte e tipo de rima. Após as análises estatísticas computadas pelo software Goldvarb X, os resultados mostraram que no dialeto de Belém/PA há uma predominância das variantes de manutenção – [e] 40,7% e [o] 43,5% em detrimento das do alteamento – [i] 23,9% e [u] 16,1%, e do abaixamento – [E] 35,5% e [O] 40,4%, contudo, por ser o abaixamento a variante mais produtiva no Maranhão, este foi o fenômeno analisado. As variáveis linguísticas que favoreceram o abaixamento das variantes estudadas foram: (i) altura da vogal tônica, (ii) grau de recuo da tônica, (iii) grau de nasalidade da tônica, (iv) vogal contígua, (v) distância relativa à sílaba tônica, (vi) segmento precedente, (vii) segmento seguinte e (viii) tipo de rima. Com relação às variáveis extralinguísticas (ix) o grupo de amostra favoreceu o abaixamento tanto de </e/> quanto de </o/> e a variável (x) sexo favoreceu apenas o abaixamento de </e/>. Os resultados revelaram manutenção da marca dialetal dos migrantes maranhenses mesmo em virtude do contato interdialetal com outro dialeto e evidenciaram que o abaixamento vocálico no dialeto em questão é motivado, sobretudo pelo processo de harmonia vocálica. Tais resultados são reflexos da rede social dos informantes, a qual tem alta densidade e cujo vernáculo é símbolo de identidade.

     

  • GEOVANNA MARCELA DA SILVA GUIMARAES
  • ESCRITAS QUE CONVERGEM: A RESSONANCIA POÉTICA ENTRE HAROLDO DE CAMPOS E HERBERTO HELDER

  • Data: 02/02/2015
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  • O objetivo deste trabalho é demonstrar como as escritas de Haroldo de Campos e Herberto Helder convergem e ressoam entre si tanto historicamente quanto poeticamente. A convergência histórica entre Haroldo de Campos e Herberto Helder dá-se, mais precisamente, nos contextos históricos da Poesia Concreta Brasileira e da Poesia Experimental Portuguesa, entre os anos 50, 60 e 70. Nesse contexto, são referências importantes as revistas Poesia Experimental: 1º caderno antológico (1964), Poesia Experimental: 2º caderno antológico (1966) e o livro Antologia da Poesia Concreta em Portugal (1977), que possuem poemas publicados tanto de Haroldo de Campos – um fragmento do livro Galáxias (1984), “começo aqui” –, quanto de Herberto Helder – o poema “Ascenção dos Hipopótamos ” e um fragmento do livro A máquina de emaranhar paisagens (1963). A partir desse recorte, tomaremos como objetos de análise os livros Galáxias, de Haroldo de Campos, e A máquina de emaranhar paisagens, de Herberto Helder. A escrita do primeiro fragmento de Galáxias data de 1963, que é o mesmo ano da publicação de A máquina de emaranhar paisagens. Já a convergência poética ocorre na relação entre Tradução e Antropofagia, concebidas como processos equivalentes de apropriação e devoração do outro, presente nas obras poéticas e tradutórias de ambos.

  • BRENNO DA COSTA CARRIÇO OLIVEIRA
  • O umbral do sertão rosiano: o erotismo no limiar do moderno

  • Data: 30/01/2015
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  • Determinante do conceito de modernidade é o exame do elo que permite unir, sob uma mesma noção, fatores como tradição e ruptura, tônica desta dissertação que pretende discutir o modo como, em “Buriti”, novela de Guimarães Rosa (1908-1967) publicada em Corpo de baile (1956), os elementos arcaico e moderno se tornam congruentes. Pela via do erotismo, tomado enquanto tema preponderante dessa narrativa, a dissertação em tela visa elucidar, por meio da interpretação do texto-base rosiano que sustento, o quanto o espaço sertanejo é o lugar onde os ditames sociais que regulam o comportamento das personagens dessa obra revestem o patriarcalismo, em certa medida retrógrado, de um caráter diferenciado, hodierno, isso porque, quando analisados as atitudes e os juízos, sobretudo a conduta sexual de protagonistas como, por exemplo, o latifundiário Liodoro e sua filha mais nova, Maria da Glória, se constata um alto teor erótico, presente nas falas e gestos desses agentes, cuja capacidade de dotar o sertão mineiro com uma dimensão moderna é problemática, na proporção em que, ao que parece, Guimarães Rosa relativiza os valores obsoletos daquela contemporaneidade, circunscrita aos anos de 1930 ou 1940, como que interrogando em que medida seriam eles, de fato, atuais para aquela circunstância. Assim, em termos metodológicos, para cumprir os objetivos aqui propostos, autores como Georges Bataille (1897-1962), Zygmunt Bauman (1925-), Anthony Giddens (1938-) e Marshall Berman (1940-2013) serão oportunos, visto que suas teorias esclarecem tanto as questões que envolvem o tema deste trabalho quanto o seu principal argumento: o de que a modernidade, em “Buriti”, se dá como a encenação de contradições que, mais do que opostas, são complementares, sendo, dessa maneira, que categorias consideradas antagônicas, como interdito/transgressão e convenção/novidade serão abordadas. Dessa forma, a investigação empreendida nesta dissertação é dividida em três (3) capítulos, nos quais procurei, no primeiro, expor as supracitadas fontes teóricas de que me utilizei neste trabalho para interpretar, no segundo capítulo, a estória rosiana. Já na terceira porção textual, correspondente ao exame da recepção de “Buriti”, meu intuito é indiciar o discurso da crítica, para, com isso, referir as disparidades entre os diversos horizontes interpretativos da trama em pauta, os quais, sob os mais variados aspectos, renovam os estudos de Guimarães Rosa.

2014
Descrição
  • ANDREA JAMILLY RODRIGUES LEITAO
  • A figuração poética do corpo na obra Linha-D'Agua, de Olga Savary

  • Data: 12/12/2014
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  • xA presente dissertação constitui uma interpretação do corpo e de suas inter-relações com o erotismo e com o amor, a partir de um diálogo com a obra Linha-d’Água (1987), de Olga Savary (1933). A hipótese de pesquisa, aqui articulada, compreende a transfiguração poética do corpo sob o elemento simbólico da água como a encenação poético-ontológica do princípio da unidade entre o ser humano e a natureza. Por meio de uma abordagem hermenêutica (RICOEUR, 1990), vislumbra-se nos poemas a abertura para a articulação textual de um ser-no-mundo, que diz respeito a uma nova experiência do homem com a existência. A obra opera a recriação poética dos corpos na manifestação das águas, de modo que a comunhão amorosa instaura uma aproximação do ser humano com a sua origem, como uma possibilidade de reconciliação com a natureza (PAZ, 1994). Para compor este diálogo, contrapõe-se à leitura que, à luz do ecofeminismo, compreende esta operação poética como a expressão de subjetividades relacionada a questões de gênero ou de papéis sociais (SOARES, 1999). Sob a vigência do erotismo, os corpos humanos desnudados são assimilados a uma doação da natureza, entendida como o desvelamento da phýsis grega (HEIDEGGER, 1999). Os versos de Linha-d’Água articulam um movimento de ruptura com o legado conceitual da metafísica platônica, que estabeleceu uma cisão entre o homem e a sua condição carnal, o homem e o real, aprofundada durante a modernidade. Em meio à dinâmica cíclica e incessante da phýsis, o ser humano reconhece na própria liquidez do seu corpo o retorno ao fundamento primordial; por outro, assume a sua condição de estar lançado no fluir temporal incessante. Na obra da escritora paraense, recoloca-se o horizonte humano, por via da poética corporal, em reconciliação com o élan originário da natureza e, ao mesmo tempo, com a própria natureza viva dos amantes.

  • THIAGO AZEVEDO SA DE OLIVEIRA
  • DA LAMA À FICÇÃO: MEMÓRIAS E DIÁLOGOS DA FOME NOS INTERSTÍCIOS NARRATIVOS DE HOMENS & CARANGUEJOS

  • Data: 05/12/2014
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  • Homens e caranguejos (1967), única narrativa ficcional de Josué Apolônio de Castro (1908-1973), a priori publicada em francês (1966), durante o forçoso exílio do autor em Paris, é sumariamente expressiva desde o prólogo que antecede a trama. Nomeando as páginas introdutórias deste romance como Prefácio um tanto gordo para um romance um tanto magro, Josué de Castro distende, ao retomar num tempo que já considerava anacrônico, o hábito pela escrita prefacial, a concepção de paratexto ampliada por Gerard Genette (1930), em Palimpsestes (1982). Apresentando a fome pelas recordações infantis que dela possui, o autor aguça no público-leitor a vontade de tatear, rente a seu olhar aparentemente ingênuo de criança e, de ficcionista de "primeira viagem", o macrocosmo de memórias da fome que lhe serve como porto de partida para a criação de um microcosmo lúdico e faminto, pelo qual a imaginação e impossibilidade de re-apresentação total do vivido na linguagem, rearranjam a realidade da condição humana, reinventando-a pela articulação dramática dos elementos formais, sobretudo, tempo-espaço, narrador e personagem. A ficção se põe no ritmo fragmentado de aventuras e desventuras assumidas a partir dos intervalos da memória. Serão sumários nos estudos mnemônicos, as apreciações de Henri Bergson em Matéria e memória (1896), Jacques Le Goff em História e memória (1924) e Maurice Halbwachs, na publicação póstuma de A memória coletiva (1950), em face de serem fontes subsidiárias da aproximação entre os estudos da memória e a literatura. Lança-se mão da lembrança a fim de legendar os diálogos futuros entre o protagonista infantil, João Paulo, ávido pela liberdade sonhadora própria da criança, e as memórias de outros experientes personagens, nem tão esperançosos assim. Dá-se na narrativa o tom que oscila entre a transformação e a acomodação do eu e do outro, de espaços simbioticamente incertos e unidos por suas fomes. Fome que é, desde então, a personagem modeladora, que provoca o diálogo da presente pesquisa com o modo de apreensão que é dado por Angela Faria, na dissertação Homens e caranguejos: uma trama interdisciplinar. A literatura topofílica e telúrica (2008). Vislumbra-se no elemento famélico uma função que vai além da tematização social do subdesenvolvimento, como agente que apalpa com mãos-de-ferro o estrato formal e interno da obra.

  • CARLOS CERNADAS CARRERA
  • O ensino do espanhol no sistema universitário brasileiro: proposta para uma adequada prática docente

  • Data: 20/11/2014
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  • O recente crescimento significativo do ensino de espanhol no Brasil e a consequente necessidade de formar professores desta língua vem demandando das instituições de Ensino Superior um cuidado especial no processo de formação de futuros docentes. Assim, o objeto de estudo desta tese centra-se na docência, em suas múltiplas dimensões pedagógicas. O objetivo geral é o de analisar, segundo a perspectiva dos autores referenciados, as implicações do trabalho docente no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem nas disciplinas que tratam especificamente de Língua e Cultura Hispanófona nos Cursos de Licenciatura Letras-Espanhol em duas universidades Ŕ a Universidade Federal do Pará e a Universidade da Amazônia, situadas na cidade de Belém, no estado do Pará (Brasil). Derivadas deste objetivo foram formuladas questões, dirigidas a profesores e alumnos, que orientaram o desenvolvimento do estudo. A opção metodológica adotada tem como fundamento os princípios da abordagem cuanti-cualitativa, considerando os pressupostos do paradigma fenomenológico, com procedimentos descritivo-analíticos, na perspectiva da triangulação de métodos e sujeitos como una forma de integrar os diferentes aspectos do estudo. Participaram como sujeitos da investigação professores e alunos das duas instituições. Os dados foram recolhidos via análise documental, questionários com perguntas abertas e fechadas e entrevistas semi-estruturadas. As respostas às perguntas fechadas dos questionários foram trabalhadas com procedimentos estatísticos descritivos e as respostas às perguntas abertas e as entrevistas foram analisadas com procedimentos específicos da análise de conteúdo. Os resultados revelaram que as práticas docentes apresentam alguns pontos críticos, centrados principalmente no planejamento, no processo avaliativo, na infraestrutura e no clima relacional. No entanto, estas dificuldades não se constituem em obstáculos insuperáveis, até porque outros aspectos foram valorados positivamente por professores e alunos, principalmente os relacionados com o trabalho com o conteúdo, os procedimentos metodológicos e o uso de recursos didáticos. De maneira geral, existe uma manifesta favorabilidade em relação à prática docente dos professores das duas instituições. Da análise destes resultados derivam-se algumas recomendações que poderão contribuir para um repensar conjunto da comunidade envolvida com vistas ao aperfeiçoamento da prática docente nos Cursos de Licenciatura em Letras-Espanhol em Brasil.

  • ELIZETE CARDOSO ASSUNÇAO
  • Terminologia da cultura do açaí.

  • Data: 28/08/2014
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  • Este trabalho consiste em uma documentação do léxico especializado da cultura do açaí e tem como produto final um glossário socioterminológico nas versões impressa e eletrônica. Como fundamentação teórica, utilizou-se os princípios da Socioterminologia, representada por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 1996, 1998 e 2010), cujos estudos focalizam o aspecto social e a variação linguística dos termos. O corpus oral, que constitui o banco de dados da pesquisa, é composto por 25 textos orais que representam o discurso dos agentes envolvidos na cadeia produtiva do açaí, pertencentes aos municípios de Belém, Igarapé Miri e Limoeiro do Ajurú. Utilizando os critérios de pertinência e funcionalidade do termo no contexto de uso, foram identificadas 318 unidades terminológicas distribuídas em quatro campos semânticos: plantio, pragas, colheita e beneficiamento. Os termos foram selecionados e validados junto aos informantes e, em seguida, classificados em variantes terminológicas linguísticas e variantes terminológicas de registro para depois serem inseridos no programa LexiquePro, software que possibilitou a organização dos verbetes no glossário. O estudo, além de propor a documentação do léxico de especialidade de uma das culturas mais representativas da região Norte, representa um importante instrumento terminográfico por possibilitar o registro da variação terminológica de uma linguagem de especialidade, contribuindo para o avanço das pesquisas na área da Terminologia no Brasil.

  • MARCUS ALEXANDRE CARVALHO DE SOUZA
  • PERCEPÇÕES DOS ALUNOS SOBRE SUA PRÓPRIA (DES) MOTIVAÇÃO: ESTUDO COMPARATIVO EM TURMAS DOS CURSOS EXTENSIVO E INTENSIVO DE LICENCIATURA EM LETRAS LÍNGUA INGLESA

  • Data: 25/08/2014
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  • Tanto a motivação quanto seu oposto – a desmotivação – têm sido estudadas no âmbito da aprendizagem de línguas estrangeiras. No entanto, poucos trabalhos investigam esses construtos do ponto de vista de sua dinamicidade. Esta pesquisa tem por objetivo compreender a motivação e a desmotivação em alunos de uma turma extensiva e uma turma intensiva de graduação em Letras Língua Inglesa e as implicações destas na aprendizagem da língua alvo. Utilizando os pressupostos teóricos estabelecidos por Dörnyei e Ushioda (2011), Dörnyei (2011, 2001), Ushioda (2008), Gardner (2007), Deci e Ryan (2000) entre outros, analisa-se os dados coletados por meio de um questionário e dos históricos escolares dos alunos de ambas as turmas. A pesquisa em questão é um estudo de caso que faz uso do método comparativo. Participam dela 21 alunos de duas turmas de licenciatura em Letras Língua Inglesa da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança: 11 alunos da turma extensiva e 10 da turma intensiva. Percebeu-se que, embora existam padrões motivacionais que agrupam os alunos, a motivação é individual e mutante, já que o processo motivacional não acontece da mesma forma e exerce influências diversas em sujeitos diferentes e muda no decorrer do tempo em um mesmo indivíduo. Os dados também mostram a complexidade do construto, pois o fato de haver motivação não significa que influências negativas não possam ocorrer, bem como influências negativas podem ser impulsos para um posterior aumento do nível motivacional. Além disso, constatou-se que a motivação percebida pelos alunos não garante bons resultados nas disciplinas cursadas. Esta pesquisa poderá ajudar na compreensão do processo motivacional como um sistema dinâmico e a entender que tanto os alunos de turmas extensivas quanto os de turmas intensivas podem ser motivados, já que a motivação é uma condição individual.

  • FRANCINEIDE PAIVA MORAES
  • A AUTORIA DA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: O PAPEL DO PROFESSOR COMO VOZ DIDÁTICA, LOCUTOR E INSTÂNCIA DE ESCUTA DO ALUNO

  • Data: 25/08/2014
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  • O presente trabalho tem como objetivo investigar como se constitui a função-autor assumida pelo professor de Língua Portuguesa (doravante LP) ao produzir suas aulas. Para tanto, a pesquisa, de natureza documental e etnográfica, foi desenvolvida durante um bimestre em uma escola da rede pública de ensino do município de Belém-PA, onde observamos as aulas de LP de uma turma de 5ª série (6º ano) do Ensino Fundamental. Adotamos como corpus materiais de ensino mobilizados pela professora colaboradora, atividades realizadas pelos alunos e anotações registradas em diário de campo, dos quais selecionamos 33 recortes discursivos que foram analisados na perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa. A discussão dos dados está ancorada em pressupostos de Foucault (2001/1969), que defende que a função-autor pode dar lugar simultaneamente a várias posições-sujeito; de Orlandi (2007), que afirma que a autoria pressupõe um gesto de produzir um discurso interpretável; de Maingueneau (2008), que postula as noções de “competência discursiva” e dos planos discursivos “estatuto do enunciador e do destinatário” e “vocabulário”, que contribuíram para a compreensão dos discursos inscritos nos posicionamentos assumidos pela professora; além de outros autores que colaboraram para a reflexão ora proposta. Com base nesses postulados, analisamos como a professora da turma pesquisada assume na aula as posições enunciativas de voz didática, enquanto mediadora entre o conhecimento e o aluno; de locutor, na interlocução com os alunos, criando condições para que os saberes sejam desenvolvidos na aula; e de escuta da aprendizagem do aluno, buscando identificar suas dificuldades e agir sobre elas. Os resultados das análises indicam que a professora, embora tenha ocupado um lugar de escuta que, em alguns momentos, não se realizou plenamente, assume a função-autor, ao executar um trabalho de produzir, filtrar ou selecionar o que poderá fazer parte de suas aulas e de traduzir o enunciado do outro para dentro de seu discurso, produzindo, assim, aulas com uma lógica própria, a fim de promover o processo de ensino-aprendizagem do aluno.

  • ANA CAROLINE DA SILVA RODRIGUES
  • Formas de narrar a Amazônia em O Coronel San, de grado Ingles de Sousa e Safra de Abguar Bastos

  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 14/08/2014
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  • SHIRLEY LAIANNE MEDEIROS DA SILVA
  • A MARQUEZA ENSANGUENTADA: O ROMANCE DE CONDESSA DASH NOS PERIÓDICOS BRASILEIROS DE NORTE A SUL.

     

  • Data: 13/08/2014
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  • A imprensa oitocentista no Brasil foi um veículo importante de disseminação da cultura letrada e intensas transformações políticas e sociais ocorridas ao longo do século XIX tiveram o periodismo como testemunha, bem como meio de propagação de toda sorte de manifestações intelectuais. Isso incluiu certamente o fazer literário feminino, especialmente a escrita de romances, os quais elas já vinham produzindo cerca de dois séculos antes. No periodismo brasileiro, o fenômeno dos romances publicados no espaço Folhetim do jornal oportunizou a veiculação de uma infinidade de escritores e escritoras, e os leitores, por sua vez, no Brasil, apresentavam preferência pelos estrangeiros, especialmente os franceses. Este trabalho enfoca na produção da escritora francesa Condessa Dash intitulada A Marqueza Ensanguentada, obra de relevante circulação nos jornais oitocentistas brasileiros, a qual buscamos por meio da leitura e também por fatores externos a ela, identificar elementos que porventura contribuíram para sua relevante circulação em meio aos jornais brasileiros. De tom explicitamente moralizador, a obra direciona o comportamento e a conduta feminina em diferentes papéis que ela deveria ocupar na soceidade oitocentista. Isto coloca o enredo na posição de testemunha material de uma manifestação da escrita feminina oitocentista que circulou entre o público letrado brasileiro, não podemos dizer ao certo se norteando, incentivando ou mesmo influenciando, mas certamente entretendo.

  • REGINA BARBOSA DA COSTA
  • Imagens de leituras em Chove nos campos e Cachoeira, de Dalcídio Jurandir
  • Data: 13/08/2014
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  • Este estudo tem por finalidade apresentar as imagens de leituras praticadas por personagens-leitores, no livro Chove nos campos de Cachoeira (1941), de Dalcídio Jurandir (1909-1979). O intuito da pesquisa é trazer um novo olhar sobre a produção ficcional do escritor, a partir das leituras de personagens e conhecer, por meio da ficção, o complexo cultural existente na região marajoara. A obra que abre o ciclo do Extremo Norte apresenta vários personagens que representam diferentes tipos de leitores: desde o leitor de obras eruditas ao leitor intensivo de folhetins. Dessa forma, o escritor paraense, ao lado da denúncia social, própria desse romance e de todo o ciclo, figura no complexo processo de aquisição da cultura letrada na região. Assim, a pesquisa foi dividida em cinco capítulos: o primeiro capítulo compreende a parte introdutória da pesquisa; o segundo, aborda A ficção dalcidiana no espaço amazônico, composto pelos tópicos Dalcídio: o leitor da Amazônia e O espaço amazônico redimensionado, que tratam da leitura do escritor e da projeção do cenário marajoara de maneira real e imaginária, apontando os problemas sociais, comuns ao Brasil e ao resto do mundo. No terceiro, será focalizada a teoria sobre leitura, leitor e personagem, apontando os principais teóricos utilizados na pesquisa. O quarto capítulo tratará dos leitores da família do Major Alberto, com os tópicos O gabinete de leitura do Major Alberto, Eutanázio: a falência do ser e a eternização da palavra e Alfredo: um menino leitor. O quinto e último capítulo abordará as diferenças paradoxais entre leituras e leitores, mostrando um leitor comum ao lado de um erudito, nos tópicos Os contrassensos do Dr. Campos e Salu, leitor e contador de histórias.
  • JULIA IZABEL LOPES PEREIRA
  • Estudo perceptual da prosódia como elemento delimitador da estrutura de narrativas orais espontâneas: a diferença de tom.
  • Data: 13/08/2014
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  • A presente pesquisa tem como tema o estudo perceptual da prosódia como elemento de segmentação de narrativas orais espontâneas e visa confirmar, ou não, se a prosódia facilita ao ouvinte leigo e inexperiente perceber a estrutura do texto narrativo. Este estudo investiga se a diferença de tom é um elemento prosódico relevante. A dissertação tem como corpus quatro narrativas espontâneas, as quais fazem parte do corpus analisado por Oliveira Jr.(2000), autor do projeto que inspirou esta pesquisa. Para saber se os participantes são capazes de delimitar a estrutura narrativa, baseando-se apenas no aspecto perceptual, conduziu-se um teste de percepção com 112 voluntários, recrutados na Universidade Federal do Pará e na Universidade Federal de Alagoas. Coube aos participantes a tarefa de indicar os pontos em que o falante teve a intenção de finalizar uma unidade comunicativa nas narrativas. A interpretação sobre unidade comunicativa foi subjetiva. Apresentou-se cada narrativa em quatro condições diferentes, a saber: (i) transcrição sem marca de pontuação e sem paragrafação; (ii) transcrição da narrativa acompanhada de áudio ; (iii) narrativa somente em áudio e (iv) áudio filtrado da narrativa, resultando numa versão deslexicalizada (fala ininteligível), mas com preservação da estrutura prosódica do discurso. Nas duas primeiras condições, a segmentação foi no texto transcrito, com barras transversais (/); nas demais, utilizou-se um programa de computador chamado ELAN. A análise dos dados obtidos baseou-se em tabelas, gráficos, análise estatística (teste do Qui-Quadrado), análise acústica (utilização do Programa PRAAT). Os resultados sinalizam que a prosódia ajuda o ouvinte leigo a perceber a estrutura básica do discurso narrativo. Com relação ao peso do Pitch Reset para auxiliar os ouvintes na demarcação de fronteiras, pode-se dizer que o teste estatístico do Qui-Quadrado encontrou evidências que lhe atribui essa função. Assim, neste contexto, ratifica-se o relevante papel da prosódia para o reconhecimento da estrutura de narrativas orais espontâneas e identifica-se o reflexo do peso da diferença de tom na percepção dos participantes.
  • FERNANDA SOUZA E SILVA
  • Processos de regulação em práticas de ensino para futuros profissionais de francês

  • Data: 28/07/2014
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  • Este trabalho tem por objeto os processos formativos, entre os quais se encontram os de regulação da aprendizagem, no campo do Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras. O atual Projeto Pedagógico do curso de Letras – habilitação em língua francesa da Universidade Federal do Pará investe no desenvolvimento das competências autorregulatórias dos aprendentes de línguas estrangeiras. Estudos recentes, referentes ao impacto das propostas desta matriz curricular, identificaram aspectos que ainda precisam ser investigados, entre os quais encontra-se o papel do professor da língua estrangeira neste processo, o que justificou a presente investigação. Sendo assim, buscou-se com este projeto contribuir para ampliar, teórica e metodologicamente, os conhecimentos acerca da avaliação formativa como facilitadora dos processos de (auto) regulação da aprendizagem no âmbito do ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras, procurando entender quais componentes nas práticas e concepções docentes, podem influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento dessas práticas no contexto da sala de aula de língua. Para tal, foi realizado um estudo de caso, no qual foram observadas aulas de Língua Francesa de três professoras diferentes, com as quais também foram realizadas entrevistas no intuito de entender como lidam com a regulação em suas aulas. Os resultados revelam que as intervenções regulatórias das professoras recaem, principalmente, no plano da comunicação (que abarca aspectos linguísticos e de uso da língua) deixando o plano da aprendizagem (concernente aos métodos e procedimentos de aprendizagem) em segundo lugar, e que as concepções que subjazem a essas práticas estão mais voltadas para a regulação do ensino do que para o desenvolvimento das capacidades autorregulatórias dos aprendentes. Por fim, indicamos algumas ações que um professor de língua pode adotar para promover as capacidades em questão.

  • VANESSA SUZANE GONÇALVES DOS SANTOS
  • "Ideias preliminares" sobre o romance: uma leitura dos prefácios camilianos.

  • Data: 14/07/2014
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  • Com a ascensão do romance moderno, o espaço dos prefácios, também chamados prólogos, preâmbulos, advertências, ao leitor, ideias preliminares, serviu como lugar de debates, onde se buscava dar forma à estética romanesca e se procurava atribuir alguma credibilidade ao romance. Essas questões também se fizeram presentes em prefácios de romancistas brasileiros e portugueses quando da ascensão e consolidação do romance em seus países, em meados do século XIX, questões que também circularam entre os dois países por meio da importação de livros, sobretudo no que concerne ao movimento transatlântico Portugal-Brasil. Camilo Castelo Branco foi um dos escritores portugueses muito apreciados por estas bandas, cujas obras são abastadas de textos prefatórios que abordam, dentre outros aspectos, aqueles referentes ao romance enquanto gênero novo e rodeado por desconfianças. As obras de Camilo formaram, ao longo do tempo, imponentes acervos em grandes bibliotecas do país, a exemplo do acervo Camiliana, no Grêmio Literário Português, Estado do Pará, onde estão presentes inúmeros textos produzidos, traduzidos e editados pelo escritor lusitano, além de obras que a ele fazem referência, cujo destaque recai sobre a expressiva presença de romances, os quais são, em sua maioria, primeiras edições. Dessa forma, tomando por base os prólogos das primeiras edições dos romances: Amor de perdição (1862), Estrellas funestas (1862), Annos de prosa (1863), Amor de salvação (1864), Mysterios de Fafe (1868), O retrato de Ricardina (1868), e da segunda edição de O romance d’um homem rico (1863), disponíveis no referido acervo, procuramos, sobretudo, refletir sobre as imagens e opiniões que o autor constrói e projeta a respeito do próprio gênero e do seu possível leitor, a fim de compreender a sua visão acerca de questões tão comumente associadas ao romance, como a relação entre realidade e ficção e ficção e moralidade, compreensão esta que não oblitera a leitura e o diálogo com os textos ficcionais propriamente ditos, aos quais os prefácios estão condicionados. Para tanto, abordamos, nos dois capítulos que antecedem a análise dos prólogos camilianos, respectivamente: aspectos referentes à ascensão do romance, a sua aclimatação em Portugal e o seu cultivo por Camilo Castelo Branco; a aclimatação do gênero no Brasil, a importância da criação de espaços destinados à leitura e a descrição física do acervo Camiliana, que nos serve de corpus.

  • MARIA CRISTINA DE SOUZA
  • Documentação de relatos orais: para o estabelecimento de uma tipologia textual Apurinã.

  • Data: 07/07/2014
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  • Neste trabalho, apresentamos alguns resultados de uma investigação sobre a relação entre características conceituais e linguísticas nos relatos tradicionais da língua Apurinã (Aruák). Tais resultados fazem parte de uma pesquisa avançada de descrição e análise da língua Apurinã e de estudos comparativos da família Aruák. Nosso objetivo com o desenvolvimento desta pesquisa é estabelecer uma tipologia textual para a língua Apurinã motivada pelas características internas da língua por meio dos elementos conceituais envolvidos no seu uso do dia-a-dia e informada pela tipologia geral de textos/gêneros nas línguas naturais. Os dados foram compilados e alimentados a um programa computacional especializado, onde os textos foram interlinearizados, anotados e, então, analisados utilizando-se a metodologia da línguística de corpus. O léxico presente em cada um dos textos foi analisado em termos da frequência de "ocorrências", "tipos", categorias gramaticais e particularidades semânticas. Com base nos resultados encontrados concluímos que (1) quando a língua é colocada em diferentes usos, há reflexos na codificação linguística que se manifesta em textos, (2) tais reflexos incluem ao menos a pessoa gramatical que predomina no texto, o aspecto e o tempo expressos morfologicamente e, finalmente, que (3) a codificação do texto também é parcialmente influenciada pela temática textual. Uma vez que os textos estudados pertencem a uma cultura oral que não apresenta nenhuma tradição escrita, nossa pesquisa também informa sobre a aplicabilidade de uma tipologia textual a textos em uma língua de tradição oral e suas possíveis especificidades quando comparada a textos de línguas de larga tradição escrita.

  • VALDINEY VALENTE LOBATO DE CASTRO
  • Feitiços velados às gentis leitoras: "Cinco Mulheres" no Jornal das Famílias.
  • Data: 27/06/2014
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  • Esta dissertação analisa a presença da moralidade no conto ―Cinco Mulheres‖, de Machado de Assis, publicado no Jornal das Famílias em agosto e setembro de 1865, para tanto considera a perspicácia do narrador na composição da personagem feminina e na construção do enredo. Objetivou-se ressaltar como Marcelina, Antônia, Carolina, Carlota e Hortência, mesmo delineadas para figurar em um jornal moralizante, revelam muito sutilmente a ruptura com a submissão que se esperava da mulher da época. Para isso, foram observados, no periódico, as seções, os expedientes, os editorias, as ilustrações, a fim de perceber cintilações da representação de subordinação alegórica da mulher do século XIX. A escassez de textos críticos sobre os primeiros escritos do autor revela o desinteresse com que essas obras têm sido tratadas e a leitura do conto em tela é uma maneira de resistir à compreensão de que somente os textos depois da década de 80 merecem complexidade, o que também é objetivo deste estudo. Com isso, o levantamento da fortuna crítica dos textos iniciais de Machado, em especial os direcionados aos seus contos, oportuniza discutir sobre a composição da figura feminina e como ela era apresentada à leitora do jornal casamenteiro. Ao invés de apresentar o casamento como sustentáculo da sociedade, o ―Bruxo do Cosme Velho‖ apresenta as incongruências possíveis de ocorrer nos matrimônios: enlaces sem amor, infelicidade do casal, traição do marido e da esposa, o que possibilita à leitora da época refletir sobre sua condição subalterna diante da sociedade patriarcal e do cerceamento vivido.
  • EMILIA GOMES BARBOSA
  • Avaliação para aprendizagem da língua inglesa no primeiro ano do ensino fundamental em escolas públicas do município de Castanhal (PA)
  • Data: 27/06/2014
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  • O presente estudo investiga as práticas avaliativas em inglês como Língua Estrangeira para Crianças (LEC) no primeiro ano do ensino fundamental das escolas públicas no município de Castanhal, PA. A pesquisa teve como objetivo analisar quais as orientações contidas nos documentos oficiais municipais no que diz respeito ao ensino e à avaliação em LEC, descrever as práticas avaliativas desenvolvidas pelos docentes nesse contexto, analisar a integração dessas práticas com os objetivos de ensino e aprendizagem de LEC e indicar pistas que possam, teórica e metodologicamente, tornar essas práticas mais eficazes. Para alcançar os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter documental, na qual foram analisados os documentos oficiais que norteiam o ensino e a avaliação em LEC no município, 220 relatórios de desenvolvimento, que são o instrumento de avaliação preconizado para esse nível da escolaridade, além de entrevistas e questionários com 14 docentes que atuam nesse contexto. O referencial teórico sustenta-se nas contribuições de Cameron (2001), Strecht-Ribeiro (2005) e Scott e Ytreberg (1990) sobre o ensino-aprendizagem de LEC, bem como na discussão de alguns aspectos da avaliação da aprendizagem (HADJI, 1994; 2007; BONNIOL e VIAL, 2001; FERNANDES, 2009; PERRENOUD, 1999) e da avaliação da aprendizagem em LEC (MCKAY, 2006; IOANNOU-GEORGIOU, 2011; SHAABAN, 2001). Para a análise dos dados obtidos, foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo (ROSA, 2013). Os resultados da análise indicam uma ausência de coerência entre as práticas avaliativas e os objetivos e princípios do ensino de LEC. Os dados revelam ainda a falta de formação para ensinar, avaliar e elaborar programas de LEC, aliada a uma já conhecida tendência em se priorizar aspectos estruturais no ensino de línguas estrangeiras, em detrimento de atividades comunicativas. Por fim, este trabalho mostra a necessidade de promover outras pesquisas que investiguem as práticas avaliativas em LEC e, da urgência em se definir diretrizes oficiais nacionais para o ensino e avaliação que levem em consideração as características e necessidades das crianças nesse contexto.
  • VIVIANNE DA CRUZ VULCAO
  • A MEMÓRIA DO MUNICÍPIO DE CAMETÁ: O CONTAR E RECONTAR DOS 'NOTÁVEIS' ALBERTO MOIA MOCBEL E VICTOR TAMER
  • Data: 26/06/2014
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  • Este trabalho é fruto da pesquisa de Mestrado intitulada Memória do município de Cametá: o contar e recontar dos “notáveis” Alberto Moia Mocbel e Victor Tamer, que tem como objetivo analisar narrativas que tematizam a memória histórica e temporal do município de Cametá, mediante a fatos ―contados‖ e ―recontados‖ pelos autores cametaenses Victor Tamer e Alberto Moia Mocbel. A análise das narrativas ―Visagens e Assombrações da infância I‖ e ―O homem estrela‖ foram escolhidas por se considerar que estas se encaixam no perfil do tema escolhido. A seleção também se justifica pelo fato das narrativas se relacionarem ao universo cotidiano que matiza os acontecimentos históricos da Cametá de outrora. Nesse sentido, o texto contempla referenciais teóricos voltados para as produções literárias de escritores locais, pesquisadores e estudiosos do cânone literário em geral. Desse modo, apresentaremos no texto alguns levantamentos históricos sob a secular cidade, objetivando comtemplar também a memória testemunhal. Para tal fundamentação, se destaca alguns autores locais como Ignácio Moura (1910), Salomão Lâredo (2013), Danúzio Pompeu (2013), Doriedson Rodrigues (2003); relatos da entrevista concedida pelo escritor Alberto Mocbel no mês de setembro do ano de 2013 em Cametá e outras pesquisas documentais realizadas no Museu Histórico de Cametá e na Academia Paraense de Letras, onde também coletamos informações referentes ao antigo Sistema de Iluminação Pública. Disponibiliza-se fotografias com o intuito de elucidar e ―comprovar‖ a veracidade de fatos apresentados e descritos nas obras de Mocbel (2009) e Tamer (2012). Frente aos estudos relacionados à categoria memória, recorremos às teorias de autores como Pierre Nora (1993), Jacques Le Goff (2003), Ecléa Bosi (1994), Jerusa Pires (2003), Aleida Assmann (2011), Walter Benjamin (1994) e Maurice Halbwachs (2006). Autores como Homi Bhabha (1998) e outros que trabalham com as categorias da identidade cultural, conceito este que também subsidiou o aporte teórico deste trabalho e, portanto, não menos importantes para as discussões que serão suscitadas.
  • NEILA MENDONCA GARCES
  • Narrativas camilianas no espaço Folhetim do "Diário do Gram-Pará" na década 1860.

  • Data: 26/06/2014
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  • A circulação da literatura na cidade de Belém do Pará no século XIX foi uma consequência das mudanças promovidas na capital pela expansão econômica, manifestada na urbanização do espaço público e na ampliação do mercado bibliográfico, responsável, ao lado da imprensa periódica, pelo contato da sociedade local com a produção literária estrangeira. A rápida popularização do folhetim no Brasil, com sua inerente força democrática, determinou uma rápida difusão dos nomes de alguns escritores nas capitais do país, da mesma forma que contribuiu para a criação de um mercado livreiro e permitiu a maciça circulação de obras de autores franceses e portugueses, os mais lidos no período, dentre os quais Camilo Castelo Branco. A popularidade do romancista luso em solo paraense pode ser identificada pela apresentação diária de seus textos em jornais locais como o Diário do Gram-Pará e pelos frequentes anúncios de seus romances para venda. Embora Camilo Castelo Branco seja um escritor conhecido do leitor de hoje, as informações sobre a obra do autor comumente se baseiam na expressão do romantismo presente em seus escritos, histórias de amor com fortes e por vezes intransponíveis obstáculos. Mas, a produção camiliana tem um alcance maior. Conhecedor do gênero humano e escritor muito habilidoso, Camilo Castelo Branco deu vida a personagens que ultrapassaram os limites do gênero romântico e desvendaram facetas capazes de provocar sentimentos contraditórios no leitor, cuja reação pode ser filtrada pelo espírito crítico do escritor português. E o escritor assim o fez em romances de grande circulação no século XIX, como A filha do doutor negro, mas pouco conhecidos pelo leitor de hoje, que merecem também ter seus elementos descobertos, como forma de revelar um Camilo Castelo Branco vivo em muitos romances a conhecer.

  • REJANE SANTOS NONATO
  • O aconselhamento linguageiro como forma de intervenção e formação docente

  • Data: 24/06/2014
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  • Essa pesquisa visa encontrar maneiras de melhorar a formação em serviço de

    professores de inglês que atuam na rede pública de ensino no interior do Estado do Pará. Para

    tanto, utilizo o aconselhamento linguageiro (AL) que é uma forma de suporte de língua que,

    por meio de conversas, visa promover o aprendizado autodirecionado (GARDNER; MILLER,

    1999; MOZZON-McPHERSON, 2007; RILEY, 1997; VIEIRA, 2007). Para realizá-la apóiome

    nos estudos de Vygotsky (1984), que versa sobre o desenvolvimento humano e a

    construção do saber; Benson (2001), que trata do processo de autonomização; e Mozzon-

    McPherson (2001), que discorre sobre o aconselhamento linguageiro. A metodologia de

    pesquisa adotada enquadra-se no método de pesquisa qualitativa uma vez que se trata de uma

    pesquisa-ação. A sequência de procedimentos apoiou-se no projeto coordenado por Magno e

    Silva (2013), no qual primeiramente, analisou-se a experiência pessoal de aprendizagem de

    LE do aconselhado e identificou-se uma área de preocupação pessoal; em seguida, planejouse

    pró-ativamente, visando a área de preocupação pessoal; o terceiro passo foi exercer uma

    intervenção monitorada; por fim, como última etapa, se deu a avaliação e o replanejamento.

    Para a realização dessa pesquisa utilizou-se como instrumentos de coleta de dados narrativas

    de aprendizagem, questionário de análise de necessidades e relatórios de sessões de

    aconselhamento. Posteriormente, os dados obtidos por meio desses instrumentos foram

    sistematizados e analisados à luz da teoria levantada. Os resultados apresentados evidenciam

    que o AL pode ajudar na formação de professores em exercício favorecendo o

    desenvolvimento da autonomia desses profissionais, uma vez que o período de

    aconselhamento permitiu que os professores-aconselhados refletissem sobre seus

    conhecimentos de língua, suas crenças, dificuldades e estratégias para superar essas

    dificuldades, levando esses professores a realizarem ações em busca de seu aperfeiçoamento

    linguístico e profissional.

     

  • FABIANA ALMEIDA DOS SANTOS
  • Formação de professores no contexto de (re)introdução da língua portuguesa em Timor-Leste: das polêmicas às ações táticas
  • Data: 10/06/2014
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  • A presente pesquisa investiga como os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem de Português no curso de formação de professores do Bacharelato emergencial em Ciências Naturais, ofertado em Timor-Leste pela cooperação brasileira no período entre outubro/2009 e dezembro/2010, “traduzem / interpretam” o discurso de (re)introdução da língua portuguesa nesse país. A pesquisa baseia-se em dados produzidos ou reconstituídos a partir de minha experiência como professora do curso de formação de professores em língua portuguesa, através do “Programa de Qualificação e ensino da Língua Portuguesa em Timor-Leste (PQLP)”, coordenado pela Fundação CAPES. Para proceder à discussão, tomo como ferramentas teórico-metodológicas conceitos de Maingueneau (2008), especialmente os de “interincompreensão” e “simulacro”, como também os conceitos de “estratégia” e “tática” de Michel de Certeau (2012), que compõem seu modelo polemológico das apropriações culturais. As análises apontam que a maneira como cursistas e formador se apropriam do discurso da política de (re)introdução da língua portuguesa em Timor é determinada por formações discursivas diferentes, e que a relação interdiscursiva estabelecida entre elas desencadeia o fenômeno da “interincompreensão”. Compreender como essas formações discursivas se traduzem mutuamente na sala de aula, dentro das atividades que a princípio se destinariam ao ensino e a aprendizagem do português, contribui para que se possa (re)definir as intervenções didáticas das aulas de Português na formação de professores, assim como a política de (re)introdução do português em Timor-Leste. Defendemos que o ensinoaprendizagem do português, no contexto de Timor-Leste, precisa ser compreendido não apenas do ponto de vista didático, no que diz respeito à construção e mediação de saberes entre alunos e professores, como também do ponto de vista ideológico, uma vez que nesse país as propostas de formação atuais representam um projeto que pode conflitar com valores e crenças existentes na sociedade a respeito do idioma português e da relação entre a escola e outras instituições.
  • LAURA VIVIANI DOS SANTOS BORMANN
  • A constituição das disciplinas de metodologia do ensino de LP-MELP em dois cursos de Licenciatura em Letras da Região Metropolitana de Belém

  • Data: 10/06/2014
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  • A presente pesquisa desenvolve uma discussão acerca da formação inicial de professores de Licenciatura em Letras - Português. A crise pela qual passa a educação no Brasil hoje afeta a universidade brasileira e tem reflexos diretos sobre a qualidade da educação básica, na medida em que deveria constituir centro de formação, reflexão e produção de conhecimento para a escola. Os problemas que a universidade encara, especificamente no tocante às licenciaturas, têm raízes muito mais complexas do que a formulação de metas quantitativas para a formação inicial de professores ou para a alocação de recursos financeiros. Logo, é importante (e necessário) que se conheça melhor a constituição dos cursos de licenciatura que estão formando os professores contemporâneos. A pesquisa proposta tem como objetivo investigar, em duas instituições de ensino superior da região metropolitana de Belém-PA (uma pública e uma privada), a constituição das ¨Ddisciplinas¡¬ de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa, denominadas como MELP. O quadro teórico que norteia este trabalho é o da Análise do Discurso de linha francesa, de maneira particular os conceitos de Função Enunciativa, Formação Discursiva e Disciplina, apresentados por Michel Foucault em suas obras Arqueologia do Saber (1987) e A Ordem do Discurso (1996). Analisamos dados coletados em pesquisa documental (Projeto Pedagógico do Curso, Ementas, Planos de ensino e Material didático) e pesquisa de campo (observação em sala de aula, anotações de alunos e diário de campo), com o intuito de verificar quais elementos de disciplinas, no sentido foucaultiano (FOUCAULT, 1996), se fazem presentes na constituição das atividades curriculares de MELP desses Cursos de Licenciatura em Letras. Os dados de duas disciplinas foram analisados a fim de identificar que objetos, métodos, proposições, definições/conceitos são reconhecidos e de que maneira se relacionam. Os resultados mostram um cenário bem diverso quanto à organização das atividades de prática de ensino e estágio supervisionado nos dois cursos no que tange a) à distribuição da carga horária no currículo; b) à articulação de objetos, métodos, conceitos e proposições de disciplinas variadas e c) ao próprio papel do aluno de Letras. O desafio que se apresenta é constituir as MELP a partir de um processo disciplinar de produção de saberes.

  • TAYANA ANDREZA DE SOUSA BARBOSA
  • Dalcídio Jurandir: um cronista de O Estado do Pará e de Diretrizes

  • Data: 02/06/2014
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  • O escritor Dalcídio Jurandir (1909-1979) teve uma longa e profícua produção literária da qual resultou em dez romances de ambientação amazônica e um – Linha do parque – de orientação comunista. Entretanto, seu contato com o universo letrado não se restringiu a sua criação ficcional, o escritor exerceu intensa atividade na imprensa de modo geral e na imprensa comunista de modo particular. Essa última, em razão de seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o qual foi substancial para a fundamentação do pensamento dalcidiano, tanto no que se refere ao modo enxergar a realidade e o seu funcionamento, quanto ao direcionamento da sua criação artística. Dois importantes periódicos para os quais Dalcídio colaborou nas cidades em que residiu foram O estado do Pará e Diretrizes, ambos de orientações políticas esquerdistas, embora não organicamente ligados ao PCB. Nesses dois periódicos, é possível termos contato com a outra face do romancista, que além de compor seus romances, aventurou-se pelo caminho das crônicas. Dessa forma, objetivamos, com este trabalho, fazer um estudo dessas crônicas, nos dois jornais, entre os anos de 1937 e 1944, a fim de divulgar esses textos cronísticos do escritor marajoara e de compreender como ele se comportou na criação de outro gênero literário.

  • FRANCIVALDO MATA QUARESMA
  • Terminologia da Agroindústria do Dendê

  • Data: 02/06/2014
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  • O presente trabalho tem como objetivo elaborar um Glossário da terminologia do dendê a partir do discurso especializado escrito, presente em 193 fontes escritas (artigos científicos, textos apresentados em slides, boletins de pesquisa e desenvolvimento, cartilhas, comunicados técnicos, circulares técnicas, documentos técnicos, dissertações e teses, livros, notícias de sites, relatórios e revistas) que tratam direta ou indiretamente do domínio de especialidade estudado, a Agroindústria do dendê. A pesquisa está baseada no ponto de vista da Socioterminologia de Gaudin (1993; 2007), o qual defende um estudo contextualizado das línguas de especialidade e considera a variação terminológica como uma realidade a ser estudada, e na perspectiva teórico-metodológica de Faulstich (1995; 1998; 2001; 2006) sobre variação em terminologia. Para nos auxiliar no trabalho de recolha dos termos, utilizamos como ferramenta o programa computacional WordSmith Tools. Para a organização do glossário usamos o programa Lexique Pro. O glossário é composto de 324 termos dentre os quais 164 apresentam variação. Os termos estão distribuídos em 12 campos conceituais. A escolha da Agroindústria do dendê como tema de estudo justifica-se pelo fato de essa atividade possuir importância socioeconômica para o estado do Pará, para o Brasil e para o mundo, uma vez que o óleo de dendê ou óleo de palma e o óleo de palmiste, principais produtos extraídos dos frutos do dendezeiro, possuem ricas propriedades orgânicas e por isso vêm sendo muito utilizados por diversas indústrias.

     

  • PATRICIA NEYRA
  • Avaliação formativa na licenciatura de espanhol: autoavaliação e autorregulação em foco
  • Data: 21/05/2014
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  • Neste trabalho discute-se uma experiência com a avaliação formativa voltada para a autoavaliação e autorregulação das competências linguageiras e das estratégias de aprendizagem. A pesquisa aqui relatada tinha por objetivo identificar o que estudantes de Licenciatura de Espanhol Língua Estrangeira (E/LE) autoavaliam e autorregulam em sua aprendizagem, que impacto tem a autoavaliação e autorregulação efetivas em suas competências de comunicação e de aprendizagem e, por fim, que atividades didáticas favorecem a autoavaliação e autorregulação dessas competências. Para alcançarmos os objetivos propostos, optamos por realizar uma pesquisa-ação, que foi desenvolvida na disciplina Língua Espanhola III da Licenciatura em Letras Espanhol da Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus de Castanhal, com base em suporte teórico de autores pesquisados, como Allal (1986; 2007), Bonniol e Vial (2001), Perrenoud (2007), entre outros. Para a análise dos dados obtidos, foi observado como três estudantes da turma tinham lidado com as atividades formativas propostas ao longo do curso e relacionando seu desempenho na disciplina com sua atitude no tocante a essas atividades. Os resultados revelam que inicialmente os objetos mais avaliados e autorregulados pelos alunos diziam respeito às competências linguísticas. No entanto, conforme os aprendentes eram induzidos a refletirem sobre outras dimensões da aprendizagem da língua estrangeira, alguns deles passaram a incluir em suas autoavaliações e autorregulações outros aspectos, como os metacognitivos, o que favoreceu uma melhoria das competências comunicativas e de aprendizagem. As atividades formativas que propiciaram uma autoavaliação e autorregulação mais eficazes foram o roteiro de autoavaliação, o diário de aprendizagem, a elaboração de objetivos comunicativos e de critérios de avaliação, bem como situações que envolviam práticas de autoavaliação, coavaliação e avaliação mútua.
  • SUELLEN MONTEIRO BATISTA
  • A dor que ressoa nos contos: aspectos de uma ficcionalização do testemunho.

  • Data: 28/04/2014
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  • A presente dissertação enfoca as relações entre a literatura e a história, tendo por objetivo identificar e analisar os aspectos recorrentes em contos que ficcionalizam o relato da tortura ligada ao Regime Militar brasileiro de 1964. Para tanto, elegemos como corpus desta pesquisa os textos ¨DAcudiram três cavaleiros¡¬, de Marques Rabelo (1967); ¨DO mar mais longe que vejo¡¬, de Caio Fernando Abreu (1970); ¨DPedro Ramiro¡¬, de Rodolfo Konder (1977); ¨DO jardim das oliveiras¡¬, de Nélida Piñon (1980); ¨DSaindo de dentro do corpo¡¬, de Flávio Moreira da Costa (1982); ¨DO leite em pó da bondade humana¡¬, de Haroldo Maranhão (1983); ¨DNão passarás o Jordão¡¬, de Luiz Fernando Emediato (1984); e ¨DA mancha¡¬, de Luis Fernando Veríssimo (2003). Tais narrativas apresentam como núcleo narrativo cenas de tortura relacionadas à ditadura civil-militar instalada no Brasil em 1964. Partimos da hipótese de que esses contos se apropriam de aspectos composicionais do testemunho verídico e os reelaboram esteticamente nos textos, muitas vezes, rompendo o que se teoriza sobre o testemunho verídico, na tentativa de se traduzir em palavras as aporias da rememoração do trauma provocado pela tortura. Para dar conta de tais proposições, elegeu-se como percurso a contextualização histórica realizada no primeiro capítulo, com o intuito de pontuar as relações existentes entre as produções e o contexto histórico. Em seguida, no capítulo dois, realizou-se a revisão do referencial teórico que baseia a pesquisa, centrando nas formulações propostas acerca da teoria do testemunho. Por fim, no terceiro capítulo, realizou-se a análise do corpus, com base em três aspectos recorrentes nas narrativas: a composição dos personagens, a organização da narrativa e a seleção vocabular. Para tal análise iremos nos pautar, principalmente, nas formulações de Seligmann-Silva (2003; 2008), Valeria de Marco (2004) e Elcio Loureiro Cornelsen (2011), acerca do testemunho de catástrofes históricas e da dimensão ficcional dessas produções; nas proposições de Maria Rita Kehl (2004) sobre o corpo torturado; e nas considerações de Sigmund Freud (1920), sobre trauma.

     

  • CELSO FRANCES JUNIOR
  • Atitude linguística e revitalização da língua Mundurukú: observações preliminares.
  • Data: 07/04/2014
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  • Os Mundurukú do Kwatá-Laranjal estão incluídos na lista de comunidades indígenas que apresentam a língua num processo de perigo iminente. A língua, que recebe o mesmo nome da etnia mundurukú, é pertencente à família mundurukú, do tronco tupi, a qual, antigamente, era falada por povos mundurukú que habitavam os estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas, entretanto, a concentração maior de indivíduos é nos dois últimos estados. O foco deste estudo está na comunidade indígena mundurukú do Kwatá-Laranjal, no Estado do Amazonas, pois indivíduos desta comunidade já não falam mais a língua nativa e por esse motivo manifestam o interesse revitalizar e fortalecer sua identidade e cultura. Assim, o Projeto desenvolvido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), denominado Licenciatura Específica para Formação de Professores Indígenas/Turma Mundurukú (AM/PA), além do objetivo de formação em nível superior, pretende também ser instrumento da revitalização da língua mundurukú em aulas com disciplinas específicas da língua. É nesse contexto, da licenciatura específica para formação de professores indígenas, que nossa pesquisa está inserida; objetivando verificar as atitudes linguísticas em relação à língua original da comunidade indígena mundurukú do Amazonas dentro do processo de revitalização. Dessa forma, a metodologia adotada é de cunho quantitativo e o corpus da pesquisa foi coletado a partir da realização de entrevistas sistematizada por questionário. Tal instrumento de pesquisa visa comparar os comportamentos dos alunos diante das línguas, portuguesa e mundurukú, com relação a: i) atitude cognitiva (conhecimento da língua); ii) atitude afetiva (preferência por uma ou outra língua); iii) atitude comportamental (uso linguístico habitual e transmissão da língua). Atitude é, segundo Fernández (1998, p. 181), “a manifestação de preferências e convenções sociais acerca do status e prestígio de seus usuários”. Esta manifestação de preferência por uma língua ou variante linguística de comunidades minoritárias é condicionada pelos grupos sociais de maior prestígio (geralmente comunidades majoritárias). Aqueles que detêm maior poder socioeconômico ditam a pauta das atitudes linguísticas das comunidades de fala minoritárias (AGUILERA, 2008). O interesse desta pesquisa centra-se na atitude que o povo mundurukú do amazonas assume no uso da língua que aprenderam e na língua a que virão aprender como forma de resgate de sua identidade. Neste sentido, procurou-se entender como a atitude, positiva ou negativa; aceitação ou rejeição, e nos componentes cognitivos, afetivos e comportamentais pode determinar o futuro de um processo de revitalização. Contudo, observa-se a contradição destes elementos na análise das entrevistas, onde os informantes manifestam interesses diferentes de suas ações em relação à língua que querem resgatar.
  • DAYANA CRYSTINA BARBOSA DE ALMEIDA
  • "Mário Faustino e seus ciclos tradutórios: do Arte-literatura ao Poesia-Experiência.
  • Data: 31/03/2014
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  • O presente trabalho tem como objetivo geral analisar como ocorre a intertextualidade dos escritores T. S. Eliot, James Joyce, Robert Stock, Emily Dickinson, Walt Whitman e Ezra Pound, na obra de Mário Faustino. De acordo com autores como Bosi (1994) e Benedito Nunes (1985), a poesia de Faustino resulta da soma de poetas que ele leu, em diferentes momentos, tais como: Mallarmé, Yeats, Rilke, cummings, Joyce e Pound, deste último se utilizou do lema “repetir para aprender, criar para renovar”. O lema de Pound remete direta ou indiretamente à presença de outros autores em alguns poemas de Faustino. Mas este fato sempre foi tratado com poucas comprovações práticas. Assim, estabelecemos alguns parâmetros para escolher quais autores seriam analisados: utilizaremos somente autores anglófonos e, dentre eles, apenas autores que Faustino traduziu em suplementos literários e em uma revista. Partindo desse princípio, os autores foram distribuídos em dois momentos que definimos como ciclos: o ciclo-norte, o qual abrangeu o suplemento Arte-Literatura e a revista Norte; e o ciclo-sudeste, o qual abrangeu o suplemento Poesia-Experiência. Em ambos os ciclos, procuramos meios que nos permitissem mostrar que determinados autores estão presentes na obra de Faustino, seja por meio da criação de novos poemas com base em um poema de um autor anglófono ou por meio da incorporação de elementos característicos de determinado escritor também anglófono. Para esta pesquisa utilizamos alguns autores como: Chaves (1986) Kristeva (1974) e Bakhtin (2003; 2006), Santiago (1978), Nunes (1985; 1986; 1997; 2009) e Campos (1977; 1992). Percebemos, de acordo com Compagnon (2007), como ocorre o trabalho de reconstrução da escrita, neste caso na análise entre as traduções realizadas por Mário Faustino e os poemas dele, no qual cada etapa é um liame de uma imensa trama que liga este texto a outros lidos e “recortados”, que é manipulado por um indivíduo, ao mesmo tempo, autor e leitor (Faustino). Assim, o autor/leitor, possuiu como prática a tarefa de citar, ou seja, redizer o que já havia sido dito por outros.
  • LILIAN LOBATO DO CARMO
  • Vidas Singulares. Estranhos Poemas”: uma análise sobre infâmia em Eneida e em Lygia Fagundes Telles

  • Data: 31/03/2014
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  • Este trabalho pretende investigar a forma em que a literatura apropria-se da figura social do
    indivíduo infame a partir das crônicas e do conto presentes nos livros A Estrutura da Bolha de
    Sabão, de Lygia Fagundes Telles e Aruanda, de Eneida de Moraes, respectivamente. Ao
    pensar no que qualificaria a infâmia, será utilizado como conceito norteador o de Michel
    Foucault, presente no ensaio A vida dos homens Infames. O que se pretenderá mostrar,
    portanto, será o registro literário do estigma de um sujeito alhures, uma figura repelida e
    excluída do convívio social por fugir ao controle das convenções e até mesmo das leis
    institucionalizadas pelo Estado. Perde, por isso, tanto o direito à liberdade física quanto o de
    narrar sua própria vida – esta passou a ser contada por registros clínicos, boletins policiais, ou
    mesmo sentenças jurídicas. Espera-se, através desta pesquisa, mostrar a forma na qual as
    narrativas literárias utilizam de personagens sociais de seu tempo também para questionar a
    moral e a conduta imposta por dispositivos de poder e discursos autoritários vislumbrando,
    assim, o texto literário como instrumento de resistência social.

  • NEUTON VIEIRA MARTINS FILHO
  • A melancolia como provocação à resistência em Tristessa e Nove noites”.
  • Data: 31/03/2014
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  • Temos como principal objetivo nesse estudo analisar, enquanto narrativas de resistência, os romances Tristessa do escritor norte americano Jack Kerouac e Nove Noites do brasileiro Bernardo Carvalho. Partimos da hipótese que ambos constituem narrativas de resistência inerente à escrita (BOSI, 2012), quando a resistência não é tema da obra, mas manifesta-se na construção das personagens e no desenrolar da trama. Neste caso, o elemento utilizado como meio de manifestar a resistência é a melancolia. Pretendeu-se verificar por meio de um estudo de caso, como ambos os romances trabalham representações do sujeito em sua relação com a morte com base em processos melancólicos e como a melancolia se encontra ligada a uma atitude de resistência predominante na escrita. Assim, examina-se a melancolia enquanto patologia (FREUD, 2005) e elemento estético, assim como o processo da narrativa de resistência ao mesclar ética e estética. Para tanto foram considerados os contextos sociais nos quais as narrativas foram escritas, e como estes indicam que cada romance faz uma crítica social a uma força opressora contemporânea a sua publicação. Durante nosso estudo, por meio de análise comparativa, constatamos que temas com a perda, a morte, a ruína, o afastamento melancólico, a marginalização social e a transitoriedade do real são comuns aos dois romances.
  • THIAGO ANDRE DOS SANTOS VERISSIMO
  • À procura de Mário Faustino tradutor.
  • Data: 31/03/2014
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  • As décadas de 1940 e 1950 são significativas quanto ao processo de difusão cultural nos jornais brasileiros, com destaque para atuações de escritores, poetas e literatos nos diversos periódicos dessa época, o que fez do jornal um ambiente moderno e criativo em prol da cultura e da literatura. Em Belém, nesse período, há dois jornais que contribuem para o movimento cultural na cidade paraense, por meio dos respectivos suplementos literários: Arte Literatura, da Folha do Norte e Arte e Literatura, de A Província do Pará. Nesse ambiente, Mário Faustino inicia a vida literária publicando crônicas em jornais e, sobretudo, atua como tradutor de poesia. Com apenas 16 anos, Faustino começa a traduzir um grande rol de escritores da literatura internacional, do espanhol, francês e inglês. Este trabalho de análise pretende mapear o percurso de formação de Mário Faustino enquanto tradutor, a partir de seus primeiros poemas traduzidos. Para tanto, abordaremos a noção de tradução vinculada como processo de formação e desdobramento crítico
  • HELLEN MARGARETH POMPEU DE SALES
  • O ensino-aprendizagem da produção escrita em turmas heterogêneas de português língua estrangeira: das tarefas ao exame CELPE_BRAS
  • Data: 24/03/2014
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  • Ensinar a produzir textos escritos em Português Língua Estrangeira (PLE) com turmas heterogêneas do ponto de vista linguístico-cultural é uma tarefa complexa que requer do professor (e do aprendente) um desempenho direcionado para a ação. Partindo desse fato, propõe-se aos alunos do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) do MEC um trabalho com orientações metodológicas baseadas em uma Perspectiva Acional que considera o estudante como ator social que cumpre tarefas em situações específicas, o que também nos direciona para uma concepção de língua-linguagem focada no interacionismo e para os gêneros textuais. O objetivo é analisar o desenvolvimento das habilidades de produção escrita dos alunos, em Português, e o impacto da heterogeneidade linguístico-cultural da turma nesse ensino. O corpus do trabalho foi composto por produções textuais de gêneros da modalidade escrita da língua portuguesa como carta, artigo de opinião, e-mail etc., escritos pelos alunos do PEC-G. A hipótese aqui levantada é a de que o ensino-aprendizagem da produção escrita a públicos heterogêneos do ponto de vista linguístico-cultural é otimizado quando, nas práticas de sala de aula, se leva em conta – concretamente – o impacto dessa heterogeneidade e se insere os aprendentes em contextos significativos, com tarefas que têm um propósito e que os levam a agir em situação real e/ou simulada.
  • HARLEY FARIAS DOLZANE
  • O voo da criação literária: procura verdade e ser/ser verdade e procura em Avalovara de Osmar Lins
  • Data: 18/03/2014
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  • A pesquisa busca uma abertura para compreender o sentido da obra literária imbricada no mistério da criação artística a partir das suas figurações em Avalovara (1973), de Osman Lins. Em meio à interpretação do romance, pretende-se percorrer questões fundamentais que subjazem no revestimento conceitual instaurado ao longo da modernidade literária. Em Avalovara, o leitor é encaminhado a um pensamento originário que resgata a instância poética da narrativa, projetando o fazer artístico em uma dimensão mítica que é Linguagem acontecendo em seu silêncio. Isso só é possível pela elaboração de uma narrativa que já não representa, mas encena questões, realizando-as na tessitura de seus elementos. O romance se põe à procura de sentido para realidade, questionando a tradição mimética – corolário de uma metafísica essencialista e subjetivista –, e, em seu procurar desvela-se o seu sentido de ser, o seu ser-obra de arte. Neste sentido, reaviva-se a referência essencial entre arte e verdade, em que esta, é a própria dinâmica de re-velação do real retraindo sua realidade em tudo o que se manifesta. A obra de arte corresponde a essa dinâmica de ser das coisas. Nelas e por elas a procura se dá, passo a passo, revelando-se aos poucos em cada palavra, obra e verdade. Procurando pela verdade, o homem, coisas entre coisas, pode se reintegrar com a realidade de ser; Abel, o humano, o artista, o escritor pode reingressar no paraíso pelo exercício do amor pleno que há no cuidado para com as coisas em seu silêncio, silêncio da Linguagem que acolhe não só o poder criativo da literatura, mas também da própria existência humana.
  • THIAGO DE MELO BARBOSA
  • A voz do silencio na poesia de Max Martins
  • Data: 17/03/2014
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  • No presente trabalho interpreta-se a poesia de Max Martins, focando, principalmente, a abertura que ela oferece para o acontecer do silêncio da linguagem. Pensa-se, aqui, no silêncio como uma questão que fala e se confunde com a questão da essência da linguagem e, por conseguinte, também com a da essência do poético. Sendo assim, a dissertação desdobra-se em discussões poético-filosóficas, articulando essas duas esferas criativas nas várias dimensões em que a obra martiniana manifesta o silêncio: na linguagem, no diálogo com o pensamento e a poesia orientais, no erotismo e na verbivocovisualidade. Busca-se a escuta da “voz do silêncio”, como aparece no título do trabalho. Nessa travessia, importante dizer, as reflexões implementadas pelo filósofo alemão Martin Heidegger acerca da linguagem, assim como suas ideias sobre hermenêutica poética, são de grande valia. Certamente, além de Heidegger, há outros pensadores cujos nomes ecoam pelo trabalho, mas o do alemão merece destaque, pois a compreensão da essência da linguagem como fala silenciosa encontra abrigo tanto em sua filosofia como na obra poética de Max Martins. Realizando um diálogo entre poesia e filosofia no que elas têm em comum — o pensamento de questões —, aqui não se aplicou uma teoria prévia ao acontecer da arte. Procurou-se, ao contrário, empreender ao longo desta jornada interpretativa a escuta da poética que os próprios textos martinianos põe em obra.
  • JOAO JAIRO MORAES VANSILER
  • A universalidade poética de Rilke na formação do grupo dos novos: tradução e confluência na Amazônia Brasileira
  • Data: 14/03/2014
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  • Esta dissertação objetiva pensar os desdobramentos que as traduções da poesia de Rainer Maria Rilke alcançaram no cenário do Suplemento Literário da Folha do Norte - SL/FN e em outros periódicos das décadas de 1940 e 1950, em que foram publicadas. Consideramos que estas traduções foram um indício de intensificação da abertura universalizante das letras paraenses às novidades modernistas iniciadas na Semana de Arte Moderna de 1922. Tais traduções foram cruciais para a formação do Grupo dos Novos, composto principalmente de nomes como Benedito Nunes, Mário Faustino e Paulo Plinio Abreu, além do antropólogo alemão Peter Paul Hilbert. O suporte teórico-metodológico será a utilização dos conceitos de Weltliteratur (Literatura universal) de Goethe e Reflexionsmedium (Médium-de-reflexão) de Benjamin. Estas matrizes interligarão os campos da história, da filosofia da linguagem e da tradução para refletirmos sobre o impacto dessas traduções na Amazônia brasileira da época. Outro conceito importante nesta dissertação é o de Bildung (formação), pensado a partir da leitura de Antoine Berman quando ele o relaciona à tradução, incluindo vários fenômenos que envolvem as relações tradutórias entre culturas e línguas. Ao final, por meio da reflexão tradutológica de Haroldo de Campos, visamos observar possíveis confluências nas produções poéticas e críticas de Mário Faustino, Manuel Bandeira e Paulo Plínio Abreu, como resultante do processo relacional promovido por estas traduções.
  • LAURA DANIELA MIRANDA DE QUEIROZ
  • Relações polêmicas na prática discursiva pedagógica sobre responsabilidade social empresarial
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 28/02/2014
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  • MARIA DE NAZARE MORAES DA SILVA
  • A TRADIÇÃO ORAL NO ENSINO DE LÍNGUAS INDÍGENAS: UMA PROPOSTA PARA O POVO PARKATÊJÊ
  • Data: 26/02/2014
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  • Esta dissertação tem como objetivo principal “apresentar uma proposta para o ensino da língua parkatêjê apoiada na tradição oral do povo de mesma denominação, com vistas a sua implantação na Escola Indígena Pẽmptykre Parkatêjê”, da aldeia Parkatêjê, localizada na Terra Indígena Mãe Maria, à altura do quilômetro 30 da rodovia BR 222, no município Bom Jesus do Tocantins. Com base em Severino (2007), caracteriza-se como uma pesquisa etnográfica, por visar compreender a cotidianidade da aludida escola, no que se refere ao ensino e aprendizagem da língua tradicional, e também como pesquisa bibliográfica, tendo em vista a natureza das fontes utilizadas para sua tessitura. A pesquisa está vinculada à Linguística Aplicada, uma área da INdisciplina ou transdisciplinar, segundo Moita Lopes (2006), pautada na democracia cognitiva por uma educação emancipadora, conforme Petraglia (2013). O texto está estruturado em quatro partes, além da introdução e das considerações finais. A primeira parte apresenta considerações gerais sobre os Parkatêjê. A segunda parte trata de uma abordagem histórica acerca do desenvolvimento da linguística indígena no contexto educacional brasileiro, com base nos acontecimentos observados desde o ano de 1540 até os dias atuais. A terceira parte reúne algumas características de sociedades reguladas pela tradição oral, ou principalmente por meio dessa tradição, e, a partir de uma definição de cultura, apresenta reflexões sobre cultura oral e cultura escrita. A quarta parte trata do histórico da educação formal na aldeia parkatêjê e aborda informações referentes ao protagonismo do povo de mesma denominação no momento contemporâneo da mencionada escola. Ainda nesta última parte, a aludida proposta de ensino, que se intitula “A tradição oral no ensino da língua parkatêjê”, é apresentada, com o apoio de Queiroz e Pereira (2013), Belintane (2007; 2008), Calvet (2011) e de outros estudos levados a efeito por autores favoráveis à pujança da oralidade no ensino de língua. A pesquisa destaca os velhos da aldeia, índios de primeira geração, como atores importantes no processo de ensino e aprendizagem da língua tradicional na educação formal.
  • ALAN VICTOR FLOR DA SILVA
  • Marques de Carvalho na imprensa periódica belenenses oitocentistas (1800-1900)

  • Data: 12/02/2014
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  • O escritor, político, jornalista e diplomata paraense João Marques de Carvalho nasceu em Belém, capital do estado do Pará, no dia 6 de novembro de 1866, e faleceu em Nice, no sul da França, no dia 11 de abril de 1910, aos 43 anos. Além de parte de sua prosa de ficção publicada em livro, alguns de seus textos, entre contos, romances, lendas e ensaios críticos, encontram-se dispersos em páginas de determinadas folhas periódicas que circularam por Belém nas duas últimas décadas do século XIX (1880-1900), como o Diário de Belém, A Província do Pará, A República e A Arena. Considerando, portanto, esse universo de escritos divulgados em jornais locais, objetiva-se, com este trabalho, avaliar não apenas como Marques de Carvalho compreendeu a doutrina naturalista, a função da crítica e a produção literária no estado do Pará, como também analisar a representação do espaço ficcional lusitano e amazônico em seus contos e romances publicados na imprensa periódica belenense oitocentista.

  • SUELLEN CORDOVIL DA SILVA
  • Do Sertão a Backlands: tradução e recepção de Guimarães Rosa em 1963
  • Data: 05/02/2014
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  • Esta dissertação tem como objetivo geral investigar a recepção crítica americana de Grande sertão: veredas (1956), logo após a publicação desta, em 1963, e ler as opções tradutórias da primeira tradução de Harriet de Onís (1869-1968) e de James Taylor (1892-1982), e em seguida trechos da segunda tradução americana mais recente, Grand sertão: veredas (2013), de Felipe W. Martinez. Como método utilizado para analisar a recepção crítica americana, destacam-se os estudos hermenêuticos literários de Hans Robert Jauss (1921-1997). Dessa forma, prioriza-se uma discussão com a tradução americana de Grande sertão: veredas, pois pontuam-se alguns trechos da tradução americana que servirão como objeto de análise da tradução, tendo como critério para as escolhas dos trechos relativos ao sertão (backlands), e ao encontro de Riobaldo e Diadorim em O-de-janeiro. Os parâmetros analisados na primeira tradução serão: a perda da poeticidade, os apagamentos, a alternância de nomes e palavras e alguns neologismos. Após a comparações a partir dos parâmetros entre Grande sertão: veredas e The devil to pay in the backlands, visa-se constatar o distanciamento do projeto dos tradutores e do projeto poético de João Guimarães Rosa. Com isso, embasamo-nos nos estudos de tradução de Antoine Berman (1942-1991), Lawrence Venuti (1953) e André Lefevere (1945-1996). Berman considera que a tradução é uma relação, um diálogo e uma abertura para o estrangeiro. Além dos parâmetros que comprovam uma tradução americana etnocêntrica, utilizam-se alguns recortes de periódicos cedidos pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB) num total de 10 textos sobre Guimarães Rosa. Esses recortes de jornais foram escritos em 1963. Por fim, nesta dissertação abordará sobre os posicionamentos dos jornalistas americanos diante da publicação da tradução rosiana de 1963 e a recepção crítica atual da tradução americana segundo Perrone (2000), Armstrong (2001), e Krause (2013).
  • EDVALDO SANTOS PEREIRA
  • Batuque: reverberação da memória de uma identidade afro-amazônica
  • Data: 24/01/2014
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  • Esta dissertação é o produto de um estudo analítico do livro de poemas Batuque, de Bruno de Menezes, com foco nas narrativas de memória. Tomam-se como referência as manifestações culturais de origem africana representadas no livro, em consonância com teorias pautadas sob uma ótica direcionada à conexão entre a subjetividade literária e a objetividade histórica, tendo como referência os conceitos de História Social, propostos por Peter Burke, a ideia de cultura de Terry Eagleton e a identidade cultural, de Stuart Hall. Esses instrumentos possibilitam a observação da presença africana como elemento de composição de uma identidade cultural na Amazônia, sob três aspectos: o primeiro, relacionado ao lirismo, demonstrado, sobretudo, nos poemas “Mãe Preta” e “Pai João”; o segundo, direcionado à musicalidade, observada em poemas como “Batuque” e “Alma e ritmo da raça”; e o terceiro versa sobre a religiosidade, apresentada em poemas como “Toiá Verequête” e “Oração da Cabra Preta”. Destes três aspectos, o que mais despertou nossa atenção foi a religiosidade, em especial quanto à relação entre sagrado e profano e à visão de bem e mal, muito evidentes na obra. Os resultados obtidos dão-nos a ideia de que, pela leitura das narrativas de memória do autor e de sua relação com o ambiente em que viveu, as influências do meio na criação artística do poeta e na produção de uma obra voltada para as manifestações culturais contribuem, significativamente, para a melhor compreensão da presença negra na cultura brasileira.
  • LEONARDO CASTRO DA SILVA
  • Guimarães Rosas e Martin Heidegger: duas visões sobre o nazismo
  • Data: 14/01/2014
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  • No ano de 1970 houve a publicação da obra póstuma Ave, palavra de Guimarães Rosa (1908-1967) que reúne alguns textos do autor, desta coletânea de textos se faz a escolha das crônicas “O mau humor de Wotan”, “A velha” e “A senhora dos segredos”, que giram em torno do contexto do Nazismo alemão e expõem uma posição contraria ao Nacional Socialismo. Num primeiro momento o trabalho busca mostrar como Benedito Nunes (1929-2011) se guiou por uma tendência interpretativa concebida por comentadores heideggerianos antes das obras completas [Gesamtausgabe] (2001), tal tendência postula que não há na Filosofia de Martin Heidegger (1889-1976) um vínculo entre o pensamento político e o filosófico. O passo seguinte expõe a noção heideggeriana em Ser e Verdade (2001) em que o filósofo alemão propõe uma fundamentação ideológica para o Nazismo, sendo favorável a este com certas ressalvas. Assim, mostra-se como as obras completas expõem argumentos que apontam uma limitação em relação aos comentadores que produziram antes de sua publicação sobre a Política e a Filosofia em Heidegger. No subcapítulo sobre O local da diferença (2005), trata-se do trauma e do testemunho como conceitos centrais que o autor coloca para teorizar as Literaturas do século XX nos contextos de guerra e de regimes autoritários. Após, faz-se uma leitura crítica com base na premissa do pensamento político filosófico em Heidegger nas crônicas rosianas, pois estas expõem imagens do período da Alemanha nazista que o escritor mineiro esteve como diplomata. A segunda crítica das crônicas de guerra será feita com base nos conceitos de trauma e de testemunho formulados por Seligmann-Silva (1964), pois, as obras rosianas tratadas demonstram o teor de autoritarismo do partido nazista. Por fim, será feita uma definição do conceito de recepção de Hans Robert Jauss (1921-1997) para em seguida discutir os autores que fizeram a recepção críticas das crônicas rosianas.
2013
Descrição
  • VERIDIANA VALENTE PINHEIRO CASTRO
  • Ressonâncias da melancolia e resistência em Cinzas do Norte, de Milton Hatoum
  • Data: 12/11/2013
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  • xxx
  • BENEDITO DE SALES SANTOS
  • ANÁLISE ACÚSTICA DAS SÍLABAS TÔNICAS EM APURINÃ (ARUÁK)
  • Data: 30/08/2013
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  • 00
  • ANTONIO SERGIO DA COSTA PINTO
  • SUBSTITUIÇÃO NA PRODUÇÃO DE /Ɵ/ E /ð/ POR FALANTES DO PORTUGUÊS: UMA ANÁLISE NÃO LINEAR
  • Data: 30/08/2013
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  • Trata o presente estudo da produção das fricativas interdentais da língua inglesa por falantes do português brasileiro (PB), aprendizes de Inglês como língua estrangeira, (English as a Foreign Language – EFL) nos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras mantidos pela Universidade Federal do Pará. O objetivo deste estudo é investigar as possibilidades de ocorrência de substituições para as fricativas interdentais surda e sua contraparte sonora em posições de onset e coda silábica, os resultados são analisados com base na Fonologia de Geometria de Traços (Clements e Hume, 1995). A coleta de dados foi realizada junto a um grupo de vinte e dois alunos, sendo 12 alunos do terceiro nível e 10 alunos do sétimo nível. Pretende-se fazer a representação detalhada do processo de substituição que falantes do português brasileiro (PB), aprendizes de inglês como segunda língua (ESL), realizam especificamente para os segmentos fricativos interdentais da língua inglesa em suas versões surda e sonora /Ɵ/ e /ð/, no processo de aquisição da fonologia desta língua. Diferentes tipos de segmentos foram encontrados em nossa pesquisa como resultado das substituições, quais sejam: [t],[tʃ],[d],[f] e [s] para a fricativa interdental surda /Ɵ/ e [t],[d],[s],[f],[v] e [tʃ] para a fricativa interdental sonora /ð/. Os tipos predominantes de processos observados foram: (a) Fortição, (b) Posteriorização (c) Sonorização (d) Palatalização (e) Labialização (f) Epêntese e (g) Ressilabificação. Todos resultando de um processo anterior chamado Nativização.
  • ELIZETH DUARTE GUIMARAES
  • A VARIAÇÃO ENTOACIONAL DA ILHA DE MOSQUEIRO: contribuições para a formação do Atlas Prosódico Multimídia do Português do Norte do Brasil (AMPER – NORTE)
  • Data: 29/08/2013
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  • O presente trabalho teve como objetivo principal caracterizar a variação prosódica dialetal do português falado na zona rural da cidade de Belém (PA), distrito de Mosqueiro. A pesquisa de campo foi feita com base na metodologia utilizada pelo projeto AMPER, com o corpus constituído de 102 frases, obedecendo às mesmas restrições fonético-sintáticas. Dessa forma, as frases utilizadas nas gravações para a composição do corpus da zona rural de Belém analisadas neste trabalho são do tipo SVC (Sujeito + Verbo + complemento) e suas expansões com a inclusão de Sintagmas Adjetivais e Adverbiais. As sentenças do corpus têm 10, 13 e 14 vogais, sendo que os dois últimos tipos apresentam sintagma com extensão adjetival ou adverbial, respectivamente, à direita do verbo, como em “O pássaro gosta do Renato nadador” ou “O pássaro gosta do Renato de Mônaco”. Cada sentença foi repetida seis vezes, formando um corpus total de 612 frases por cada informante. Os parâmetros acústicos utilizados foram: a duração, a frequência fundamental e a intensidade. A análise dos parâmetros foi feita por meio de dados gerados nos aplicativos PRAAT, Interface MatLab e gráficos gerados no Excel. A pesquisa reuniu dados referentes a seis informantes adultos, de ambos os sexos, com nível de escolaridade fundamental, médio e superior. Os resultados forneceram um desenho entoacional comparativo entre as frases declarativas e interrogativas, além de breves observações sobre o comportamento das vogais pretônicas, postônicas e tônicas, de acordo com as estruturas acentuais e das palavras em diferentes posições frásicas. O foco foi direcionado para o Sintagma Nominal Final e suas extensões sobre o qual verificamos que a sentença interrogativa inicia sua curva melódica baixa em decorrência do pico entoacional no verbo “gosta”, e posterior ascendência na sílaba tônica; e a declarativa inicia a curva com ascendência até a pré-tônica e posterior descendência no final do percurso melódico.
  • JOAO DE CASTRO FREITAS NETO
  • VARIAÇÃO ENTOACIONAL NO MUNICÍPIO DE CURRALINHO: CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DO ATLAS PROSÓDICO MULTIMÍDIA DO PORTUGUÊS DO NORTE DO BRASIL (AMPER-NORTE)

  • Data: 29/08/2013
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  • Este trabalho apresenta os resultados da dissertação de mestrado intitulada “VARIAÇÃO ENTOACIONAL NO MUNICÍPIO DE CURRALINHO: Contribuições para a Formação do Atlas Prosódico Multimídia do Português do Norte do Brasil (AMPER – Norte)", que se propõe a fazer um estudo da variedade prosódica do município de Curralinho, localizado na ilha de Marajó, sendo parte componente para a formação de um atlas prosódico da região Norte do Brasil e tendo o intuito de caracterizar a variação prosódica do português falado em nossa região com a perspectiva de delinear a variação dialetal do nível prosódico do Português regional paraense, que ainda hoje se encontra muito fragmentado. Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa AMPER – Norte(Atlas Prosódico Multimídia do Norte do Brasil), que está diretamente atrelado ao projeto internacional AMPER (Atlas Prosódico Multimídia do Espaço Românico) que tem como objetivo principal o estudo da organização prosódica das variedades faladas no espaço dialetal românico, e,sendo, portanto, um projetode abrangência das línguas românicas, contempla o português. Todo o arcabouço metodológico usado na pesquisa foi estabelecido pelo projeto AMPER, desde a organização dos informantes, com a formação da estratificação social, passando pela coleta e tratamento dos dados e formação do corpus final da pesquisa, até a obtenção dos resultados.

  • ISABEL CRISTINA ROCHA DOS REMEDIOS
  • CONTRIBUIÇÕES PARA O ATLAS PROSÓDICA MULTIMÉDIA DO PORTUGUÊS DO NORTE DO BRASIL-AMPER-POR: ABAETETUBA (PA).
  • Data: 28/08/2013
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  • O objetivo principal dessa Dissertação de Mestrado é caracterizar a variação prosódica dialetal do português falado no município de Abaetetuba (PA). Todos os procedimentos metodológicos adotados, aqui, neste estudo, seguem as orientações estabelecidas pela equipe do Projeto AMPER, na condução do tratamento dos dados, para a confecção do Atlas Prosódico Multimídia das Línguas Românicas. As produções linguísticas dos falantes foram gravadas usando um único padrão, garantindo uma produção do sinal acústico de qualidade uniforme e uma boa representatividade da variedade dialetal. O corpus é constituído de 102 frases, SVC (sujeito + verbo + complemento) e suas expansões (sintagma adjetival e preposicionado), estruturadas com as mesmas restrições fonéticas e sintáticas. Cada uma das sentenças foi repetida seis vezes, por cada um dos quatro informantes, e o corpus total é composto por 612 frases. O pitch, para os informantes do sexo masculino, está entre 50 Hz e 250 Hz; e 110 Hz a 370 Hz para os informantes do sexo feminino. Foram utilizados três parâmetros acústicos controlados: a Frequência fundamental (F0), a Duração (ms) e a Intensidade (dB). O tratamento dos dados foi realizado por meio de sete etapas: 1) codificação das repetições, 2) isolamento de cada sentença em áudio individual; 3) segmentação fonética realizado no software PRAAT; 4) aplicação do PRAAT script; 5) seleção das três melhores repetições; 6) aplicação da interface MATLAB; e 7) utilização do EXCEL para gerar os gráficos para análise comparativa dos dados. Os resultados mostram que “as três maiores variações dos parâmetros acústicos controlados ocorrem preferencialmente na sílaba tônica da parte central do sintagma e/ou no sintagma final do enunciado” (CRUZ; BRITO, 2011).
  • JANY ERIC QUEIROS FERREIRA
  • O abaixamento das médias pretônicas no português falado em Aurora do Pará - PA: uma análise variacionista.
  • Data: 19/08/2013
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  • A presente pesquisa teve como objeto de estudo a investigação do abaixamento das médias pretônicas na variedade do português falado em Aurora do Pará (PA). Pautou-se nos pressupostos da sociolinguística quantitativa de Labov (1972), suporte necessário para investigar e sistematizar a variação de uma comunidade linguística. Além destes, foram utilizados alguns procedimentos metodológicos adotados por Bortoni-Ricardo (1985) para as análises de redes sociais, importantes para o estudo de dialetos em comunidades de migração, como é o caso de Aurora do Pará, localizada na Mesorregião do Nordeste Paraense e que apresenta como particularidade o fato de ter recebido intenso fluxo migratório nas décadas de 60,70 e 80 do século passado. O corpus foi formado a partir de gravações de entrevistas de 28 informantes, divididos em dois grupos: a) um grupo de ancoragem, com 19 informantes migrantes do Ceará (9 (nove) do sexo masculino e 10 (dez) do sexo feminino), distribuídos nas faixas etárias de 30 a 46 anos e de 50 anos acima; b) outro de controle, com 9 (nove) informantes (3 (três) do sexo masculino e 6 (seis) do sexo feminino), paraenses descendentes do grupo de ancoragem. Os dados do corpus submetidos às análises somaram 4.033 ocorrências das vogais-objeto, anterior (2.394) e posterior (1.639). Foram estabelecidas como variáveis extralinguísticas: sexo, grupo de amostra, tempo de residência, e localidade. Para variáveis linguísticas, foram consideradas: natureza da vogal tônica, vogal pre-pretônica quando for oral, vogal pré-pretônica quando for nasal, vogal contígua, distância relativa à sílaba tônica, atonicidade, natureza do sufixo, consoante do onset da sílaba da vogal-alvo, consoante do onset da sílaba da vogal seguinte e peso silábico. Após as análises estatísticas computadas pelo software Goldvarb, os resultados mostraram que no dialeto de Aurora do Pará/PA predominam as variantes de não abaixamento – [.i,e] .71 e [o,u] .74 em detrimento das do abaixamento – [E] .28 e [O] .26. Para o abaixamento, as variáveis favorecedoras foram: (i) natureza da vogal tônica, (ii) Vogal pré-pretônica, quando for oral, (iii) Vogal contígua, (iv) Distância relativamente à Sílaba Tônica, (v) Atonicidade, (vi) Natureza do sufixo, (vii) Consoante do onset da sílaba da vogal-alvo, (viii) Consoante do onset da sílaba seguinte, (ix) Peso silábico em relação à sílaba vogal alvo, (x) Sexo, (xi) Faixa etária, (xii) Tempo de residência. Os resultados revelaram perda da marca dialetal dos migrantes cearenses por conta do contato dialetal com outros dialetos e evidenciaram que o abaixamento vocálico no dialeto em questão é motivado, sobretudo pelo processo de harmonia vocálica. Tais resultados são reflexos da rede social dos informantes a qual tem baixa densidade e é uniplex, caracterizando-os como mais propensos a mudanças culturais e inovações linguísticas.
  • MARIANA JANAINA DOS SANTOS ALVES
  • TRADUÇÃO CULTURAL E INTERSEMIÓTICA NO CONTO RAPUNZEL DOS IRMÃOS GRIMM
  • Data: 17/08/2013
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  • A pesquisa empreendida nesta dissertação tem como objeto de estudo o conto maravilhoso Rapunzel retirado do acervo Kinder- und Hausmärchen (Contos maravilhosos para as crianças e para o lar) dos Irmãos Grimm em duas versões. A primeira é o reconto Rapunzel (2003) publicado no Brasil por Júlio Emílio Braz e ilustrado por Salmo Dansa e a segunda é a tradução francesa Raiponce (1993) de Astrid Caudère com as ilustrações de Hélène Prince. O estudo pretende discutir dois aspectos importantes da narrativa ficcional traduzida na contemporaneidade: primeiro, os aspectos culturais que envolvem a tradução de um texto para outra linguagem, e segundo, como o reconto brasileiro foi ressignificado pelo ilustrador. Dessa forma, há de considerar as imagens propostas nos textos e o quanto elas contribuem para atualizar a leitura de um conto literário. A pesquisa, a princípio, aponta reflexões no âmbito da Literatura comparada, da cultura e do mercado literário, assim como as questões teóricas que envolvem a tradução cultural e intersemiótica. Há de se considerar também a Literatura Comparada como método para analisar as duas obras principalmente no que se refere à tradução tanto em texto, quanto em imagem. Para tanto, o estudo tem como referência para a análise da narrativa e tradução Walter Benjamin (2008/ 1994), Jacques Derrida (2002) e Júlio Plaza (1987), no âmbito da literatura comparada; Tânia Franco Carvalhal (1994/1996) e Henry, H.H. Remak (1994), para análise literária da imagem/ ilustração Martine Joly (1996) e Rui de Oliveira (2009) além de outros teóricos da literatura e recepção, como, Hans Robert Jauss (1994) e Wolgang Iser (1983). Assim, os estudos que enveredam pelo caminho da tradução intersemiótica certamente encontram com os da tradução cultural. E, a partir deste encontro, a narrativa pode ser tomada em dois âmbitos: primeiro cultural, uma vez que o reconto é atualizado em determinado tempo e espaço por seus tradutores, e segundo, intersemiótico, pois uma vez relacionados, texto e imagem compõem a narrativa ficcional com o único propósito: o leitor.
  • LADY ANDREA CARVALHO DA CRUZ
  • “LITERATURA E IMPRENSA EM BELÉM DO GRÃO-PARÁ: O ROMANCE-FOLHETIM NO PERIÓDICO DIÁRIO DE NOTÍCIAS, NOS ANOS DE 1881 A 1893
  • Data: 02/07/2013
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  • Este trabalho parte de pesquisas realizadas no periódico Diário de Notícias, de Belém, Pará, no período que vai de 1881 a 1893, com o objetivo de recuperar textos ficcionais em prosa, em especial, o romance-folhetim, gênero que surge da relação próxima entre literatura e jornal, muito intensa no decorrer do século XIX. Nesse período, o jornal aparece como importante meio de divulgação política e cultural nas várias regiões do país, considerando que seu custo era bem mais acessível que o do livro. O romance-folhetim alcança, nesse veículo, uma grande popularidade entre os leitores. Dentre os romances-folhetins catalogados, optamos por analisar o Negro e cor de rosa: o canto do cysne, do francês Georges Ohnet, publicado no período de julho a agosto de 1887, na coluna Folhetim do já citado periódico. A análise foi baseada nos estudos de Jésus Martín-Barbero sobre os dispositivos de enunciação do gênero folhetim. A partir de nossa pesquisa, procuramos investigar como se caracterizava o circuito editorial da Belém oitocentista, averiguando a relação entre o gosto do público e a presença ostensiva de narrativas francesas, bem como, a relação mercadológica entre editores e livreiros. Assim, ressalta-se a relevância dos estudos da História do Livro e da Leitura no Brasil por permitir-nos a recuperação de informações que contribuirão para o registro da História da Literatura Brasileira.
  • HERODOTO EZEQUIEL FONSECA DA SILVA
  • AUTORIA DIDÁTICA: VOZES E MARCAS DE SUBJETIVIDADE EM ATIVIDADES DIDÁTICAS CRIADAS POR GRADUANDOS DE LETRAS
  • Data: 27/06/2013
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  • Este trabalho está inserido na confluência entre a Linguística e o Ensino-Aprendizagem de Língua e tem como objetivo investigar a maneira como se configura a autoria em atividades de ensino de Língua Portuguesa produzidas por graduandos de Letras (UFPA).Para tanto, precisamos percorrer as discussões já empreendidas sobre a formação do professor de língua portuguesa, principalmente acerca das perspectivas da reflexividade(-crítica) (CONTRERAS, 2002;PIMENTA, 2005;MAGALHÃES, 2004;HORIKAWA, 2004), da discursividade (TÁPIAS-OLIVEIRA, 2005;EUFRÁSIO, 2007;FAIRCHILD, 2009; 2010 etc.), e na de materiais de ensino de língua(MARCUSCHI, 2002;SALZANO, 2004;LEFFA, 2003;CERQUEIRA, 2010), das noções teóricas – no campo do discurso –de autoria (FOUCAULT, 2006a; 2006b; BARTHES, 1984; POSSENTI, 2002; entre outros), subjetividade (PÊCHEUX, 2010; BAKHTIN, 1997; AUTHIER-REVUZ, 1990; 2004; entre outros), escrita (NASIO, 1993; GERALDI, 1997;RIOLFI, 2003; 2008). Inserida ao Projeto de Pesquisa “O desafio de ensinar a leitura e a escrita no contexto do ensino fundamental de nove anos e da inserção do laptop na escola pública brasileira”, que dentre seus objetivos tem o de refletir acerca da formação inicial de professores (Licenciatura em Letras e Pedagogia) e sua relação com as demandas emergentes do cotidiano escolar brasileiro, esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, já que de caráter descritiva/interpretativista,com a coleta do corpus em dois contextos: (i) na disciplina Recursos Tecnológicos no Ensino do Português (1º semestre de 2011), como professor e (ii) na disciplina Estágio no Ensino Fundamental(1º semestre de 2012), como observador das aulas ministradas pelo professor da disciplina. Nesses dois momentos, houve registro e documentação dos materiais para ensino de língua elaborados pelos graduandos. A análise se deu da seguinte forma: compreensão global de todos os exercícios a fim de se descrever tipologicamente as atividades e mapear as vozes discursivas que as entrecortam; em seguida, detivemo-nos em sete atividades para analisar a maneira como se deu o gerenciamento das vozes, a constituição da subjetividade e por fim os indícios de autoria presentes nos exercícios. Os resultados mostram certa dificuldade dos graduandos em gerenciar as vozes (i) das orientações teórico-metodológicas da área, (ii) do material lingüístico-discursivo objeto de ensino e (iii) do suposto aluno alvo da atividade para que consigam de forma original serem autores de seus exercícios, e não serem meros consumidores de teorias e de materiais didáticos prontos para serem aplicados em sala de aula.
  • MARIA DE NAZARE BARRETO TRINDADE
  • Entre Cacauais e paraná-mirins; Cultura e identidade em cenas da vida do amazonas
  • Data: 25/06/2013
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  • Este trabalho interpreta as categorias cultura e identidade a partir da trilogia Cenas da vida do Amazonas de autoria do escritor paraense de Óbidos, Herculano Inglês de Sousa. A análise foi realizada com base na perspectiva teórica dos Estudos Culturais que se preocupam em conectar cultura, significado, identidade, poder e território, privilegiando a concepção de Identidade.
  • REJANE UMBELINA GARCEZ SANTOS DE OLIVEIRA
  • Terminologia do Corte Bovino
  • Data: 02/05/2013
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  • Este trabalho refere-se a uma pesquisa socioterminológica acerca do léxico especializado do corte bovino no estado do Pará. Como norteadores deste estudo, consideraram-se os postulados teóricos que fundamentam a Socioterminologia, representada por Gaudin (1993) e Faulstich (1995, 1998 e 2010), uma vez que a linguagem de especialidade é produto terminológico e social. Os procedimentos metodológicos foram de caráter semasiológico e a pesquisa de campo garantiu o registro e a descrição sistemática de diferentes termos: variantes terminológicas linguísticas e variantes terminológicas de registro. À coleta dos dados, seguiuse a extração dos candidatos a termos e a validação destes, junto aos socioprofissionais atuantes nos campos semânticos abate, desossa e equipamentos, determinados de acordo com a produtividade do corte bovino no Pará. Um banco de dados foi formado a partir de vinte textos orais que compuseram o corpus desta investigação para, em seguida, alimentar o LexiquePro (versão 3.6), programa responsável pela organização linguística e terminográfica dos termos. Esta pesquisa possibilitou o conhecimento do domínio que rege a pecuária de corte e, como produto desta investigação, entrega-se à sociedade linguística o Glossário Socioterminológico do Corte Bovino no Pará, organizado com 451 termos que, à medida do possível, foram ilustrados para melhor atender aos consulentes e a todos que se interessarem pelo assunto.
  • LAIRSON BARBOSA DA COSTA
  • Variação dos pronome "tu"/"você" nas capitais do Norte
  • Data: 26/04/2013
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  • Este trabalho investiga a variação dos pronomes “tu” e “você” no português falado em seis capitais da Região Norte do Brasil: Belém (PA), Boa Vista (RR), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC). Baseado nos estudos de Labov (2008), analisa fatores linguísticos e extralinguísticos que influem a escolha de um ou outro pronome e a relação destes com as formas verbais de segunda e terceira pessoas. Foram utilizados como corpus dados produzidos por 8 moradores de Belém; 8 de Boa Vista; 8 de Manaus; 8 de Macapá; 8 de Porto Velho; e 8 de Rio Branco, sendo 4 homens e 4 mulheres de cada capital, por meio de entrevistas de fala espontânea, com base nos Questionários do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALIB). Os resultados apontam o favorecimento do pronome “tu” em Belém, Manaus e Rio Branco. Boa Vista, Macapá e Porto Velho desfavorecem o pronome “tu”.
  • EDSON DE FREITAS GOMES
  • VARIAÇÃO LEXICAL EM SEIS MUNICÍPIOS DA MESORREGIÃO SUDESTE PARAENSE
  • Data: 25/04/2013
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  • A presente dissertação tem como objetivo central identificar, mapear e descrever a variação lexical do português falado na zona rural de seis municípios da mesorregião Sudeste Paraense: Curionópolis, Itupiranga, Santana do Araguaia, São Félix do Xingu, São João do Araguaia e Tucuruí. Esta mesorregião apresenta importância considerável no contexto sócio-político-econômico-cultural do Estado do Pará. A pesquisa é orientada pelos pressupostos da dialetologia, sob o método da geolinguística. Este trabalho faz parte do projeto GeoLinTerm, mas com pesquisa específica do eixo do projeto ALiPA. Fizemos o levantamento de alguns trabalhos realizados ao longo dos estudos geolinguísticos. A metodologia utilizada contou com a aplicação de um questionário semântico lexical, adaptado, contendo quatorze campos semânticos, que foi respondido pelos informantes selecionados. Os dados coletados nos seis municípios, objeto da pesquisa, contêm registros de fala de 22 informantes da zona rural da mesorregião Sudeste Paraense, dentro do perfil metodológico estabelecido pelo ALiPA. Após a coleta, fizemos o tratamento dos dados com a seleção, a transcrição, a elaboração de 30 cartas e a descrição dos resultados. Das 256 perguntas do questionário, selecionamos as 30 mais frequentes e com maior variação para serem desenvolvidas nas cartas. Em seguida às cartas, mostramos as ocorrências por localidade, sexo e faixa etária.
  • ALINNIE OLIVEIRA ANDRADE SANTOS
  • A PERSONAGEM FEMININA EM LINHA DO PARQUE, DE DALCIDIO JURANDIR
  • Data: 24/04/2013
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  • O escritor paraense Dalcídio Jurandir (1909 – 1979) além de publicar os dez romances que compõem o chamado Ciclo do Extremo Norte, contribuiu para diversos periódicos de Belém e do Rio de Janeiro e escreveu o livro Linha do Parque (1959) sob encomenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB) do qual era membro. Esse romance, escrito aos moldes do Realismo Socialista – estética oficial da União Soviética (URSS) naquele período, que se estendeu também a vários outros países, por meio de seus partidos comunistas – narra as lutas dos operários na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, no decorrer da primeira metade do século XX. Nessa obra, é perceptível o destaque dado ao trabalho das mulheres nas fábricas e nas reuniões da União Operária, as quais participam ativamente, em igualdade com os homens, do movimento operário retratado no livro. Este trabalho, portanto, objetiva analisar a importância das personagens femininas para o desenvolvimento de tal narrativa, dando destaque àquelas que tiveram grande participação nas lutas dos operários descritas no romance, refletindo também sobre as manifestações ideológicas que estão presentes na obra.
  • ROSEANY DO SOCORRO SANTOS CAXIAS LIMA
  • Um olhar acerca da vadiagem em canções de Chico Buarque de Holanda
  • Data: 24/04/2013
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  • Este estudo apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como corpus letras de músicas produzidas no período de 1966 a 1985, de Chico Buarque de Holanda, cuja temática é a vadiagem. Sob o título “Um Olhar acerca da Vadiagem em Canções de Chico Buarque de Holanda”, busca-se desvelar os conceitos presentes nos estudos de Michel Maffesoli referentes à Vadiagem, à Vagabundagem e ao Nomadismo em letras de músicas desse importante artista brasileiro, como: “Vai trabalhar Vagabundo”, de 1976; “Homenagem ao Malandro” e “Hino de Duran”, ambas de 1978; “A volta do Malandro”, de 1985; dentre outras. Além da análise de Michel Maffesoli (2001; 2004), outros teóricos nortearam o viés reflexivo desse estudo, como Roberto da Matta (1997), Sérgio Buarque de Holanda (1973), Antonio Candido (1993), Roberto Schwarz (1979) e Michel Foucault (1992).
  • FLAVIA HELENA DA SILVA PAZ
  • Haplologia no falar paraense

  • Data: 24/04/2013
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  • O presente trabalho trata do fenômeno da Haplologia na fala espontânea de cidadãos paraenses. O estudo refere-se mais especificamente ao que chamamos de Haplologia entre frases. Avaliam-se os contextos de frases compostas apenas por /d/ - /d/, /t/ - /d/,/t/ - /t/ e /d/ - /t/, exemplificados respectivamente por: la(du) dʒi fora, per(tu) du, a gen(t∫i) t∫inha medu e tu(du) t∫inha. Os fatores avaliados dividem-se em dois grupos: linguísticos e extralinguísticos com o objetivo de mostrar os contextos favoráveis e desfavoráveis à aplicação do fenômeno em estudo. Os grupos de fatores linguísticos são: Relação entre palatalização e haplologia; Qualidade das vogais; Classe de palavra da sílaba elidida; Tonicidade das sílabas confinantes; e Estrutura silábica. No que se refere aos fatores extralinguísticos, analisamos: Sexo, Faixa etária e Escolaridade, seguindo a estratificação proposta no projeto Atlas Linguístico do Pará (ALIPA). Os dados analisados integram o corpus de duas cidades paraenses: Belém, a capital do Estado do Pará, e Itaituba, cidade paraense que fica a 891 km da capital mencionada. A coleta dos dados seguiu a orientação da Sociolinguística Variacionista. Os dados foram submetidos ao Programa de regra variável VARBRUL. Os resultados apontaram a haplologia como regra variável, entretanto, o fenômeno é pouco produtivo entre os informantes das duas cidades. Nos pressupostos da Sociolinguística Variacionista (Labov, 2008) a palatalização, o alteamento da vogal e a desconstrução do grupo consoantal podem ser considerados um processo de encaixamento, enquanto que, do ponto de vista fonético-fonológico, seriam considerados regras alimentadoras da haplologia (BISOL, 1996).

  • DIONNE SEABRA DE FREITAS
  • FANTÁSTICO E IMAGINÁRIO EM CONTOS DE INGLÊS DE SOUSA
  • Data: 22/04/2013
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  • Esta dissertação de mestrado promove um estudo acerca do Fantástico e do Imaginário insertos nas narrativas de caráter extranatural que compõem o livro Contos Amazônicos publicado, pela primeira vez, em 1893 e reeditado em 2005, pela Universidade Federal do Pará. Nesta obra, o autor obidense, Herculano Marcos Inglês de Sousa, valoriza a mitologia amazônica ao destacar as lendas da cobra- grande, do pássaro acauã, do tajá, do boto e o temor presente no imaginário das pessoas que habitam regiões fronteiras à floresta amazônica, cenário de ocorrências fantásticas. A dissertação visa uma análise mais detalhada da narrativa “Acauã”, por ser aquela que reúne um número significativo de características fantásticas. Para desenvolver este trabalho, utilizou-se, como suporte teórico, principalmente, o búlgaro Tzvetan Todorov, que compreende o fantástico como um gênero proveniente de fatores que contrariam os fenômenos regidos por leis naturais, o que propicia dúvidas acerca desses fatores. Em decorrência disso, busca-se a compreensão em gêneros vizinhos, quais sejam: o estranho e / ou maravilhoso. Será ainda utilizado o estudo proposto pela francesa Irène Bessière, que entende o relato fantástico amparado em padrões socioculturais para fomentar o entendimento da imbricação dos dois campos: o natural e o sobrenatural. O trabalho está dividido em quatro capítulos: o primeiro traz algumas informações sobre a vida de Inglês de Sousa, um curto panorama do Realismo/Naturalismo e a estruturação do cânone; o segundo é constituído de uma visão conceitual tanto do fantástico quanto dos índices de estranhamento insertos no texto literário; o terceiro põe em evidência as obras de Sousa, como exemplo de literatura marcada pelo fantástico e pelo imaginário, e uma teia narrativa, cujo centro é o conto “Acauã”, além de uma comparação entre a narrativa “Acau㔠de Sousa e a de Nery; e o quarto capítulo consiste em uma proposta de análise do conto fantástico “Acau㔠sob a reflexão de Felipe Furtado
  • ALESSANDRA PANTOJA PAES
  • Das edições às imagens de si: Paul de Koch, romancista popular
  • Data: 04/03/2013
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  • Paul de Kock é considerado um escritor popular e de segunda monta do século XIX francês. Partindo desse lugar comum, a presente dissertação pretendeu investigar como o próprio Paul de Kock e seus biógrafos o definiam enquanto escritor e, por outro lado, averiguar se os aspectos editoriais e materiais dos exemplares de suas obras presentes no acervo do Grêmio Literário Português do Pará podem dizer algo a respeito do suposto público leitor ao qual suas obras se destinavam. Assim, no primeiro capítulo foram analisadas as biografias e autobiografia do escritor, buscando verificar qual teria sido a representação do escritor Paul de Kock elaborada em sua própria época. No segundo capítulo foram analisadas as características editoriais dos exemplares das obras do romancista francês presentes no Grêmio Literário Português do Pará, de modo a realizar um mapeamento dos intermediários da literatura - editores, tipógrafos e tradutores - envolvidos no processo de publicação dos romances do autor. No último capítulo procuramos analisar as particularidades do suporte material de parcela dessas edições, com o intuito de compreender até que ponto os formatos nos quais as obras do escritor circularam podem dar pistas sobre a representação dos editores acerca de seu provável público leitor, bem como ser indicativos do estatuto do escritor no interior do campo literário.
  • JORGE LUIS FERREIRA PANTOJA
  • “LÉRIAS, LETRAS, ALEGRES OU TRISTES” DO CONTO: ORALIDADE E AMOR EM GUIMARÃES ROSA
  • Data: 28/02/2013
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  • O estudo da novela ―Uma estória de amor‖, de Guimarães Rosa (1908-1967), que pretendemos desenvolver na realização desta Dissertação de Mestrado, traz como principal mote a recepção crítica e a interpretação das cantigas, narrativas e estórias cantadas e contadas durante a ―Festa de Manuelzão‖ (espécie de subtítulo de ―Uma estória de amor‖). Desse modo, nosso trabalho terá sua metodologia desenvolvida com fundamento na Estética da Recepção, formulada por Hans Robert Jauss (1921-1997), porém, não se trata de amparar a feitura dessa Dissertação, única e exclusivamente, nos métodos estético-recepcionais, mas, de amparados pelos estudos hermenêuticos, sobretudo os formulados por Jauss, constituir um cenário possível para a obra de Guimarães Rosa, considerando suas várias interpretações e sua importância para a afirmação do caráter vanguardista atribuído ao seu legado, em especial à ―Uma estória de amor‖. Durante a realização da festa que marcará a inauguração da fazenda, os muito contadores e cantadores chegam à Samarra (propriedade de Federico Freire, patrão de Manuelzão) com a missão de contar narrativas e cantigas que conduzirão o velho vaqueiro a um raro momento de parada dos seus afazeres na fazenda, levando-o a fazer parte da celebração de sua festa. Com vista a realizar o objetivo proposto nesta Dissertação, sua divisão estrutura-se na construção de três capítulos, sendo cada um, subdividido em duas partes. Tal divisão há de servir ao alcance das questões, conclusões e possibilidades interpretativas sobre ―Uma estória de amor‖. Assim é que, já no primeiro capítulo do texto, explorar-se-á a recepção crítica de ―Uma estória de amor‖, bem como seu caráter vanguardista, tomando como exemplo a Literatura oral, que torna a novela de Guimarães Rosa objeto mais do que suficiente aos estudos propostos por Jauss. No segundo capítulo, dissertar-se-á sobre o amor, segundo a discussão empreendida por Derrida acerca do phármakon, teorizado em A farmácia de Platão (1991), como recorrência, ao mesmo tempo, desencadeadora de um veneno e de um poder curativo, que atribuem, ao protagonista da novela em questão, o papel do ouvinte ainda capaz de se emocionar e surpreender-se com a simples audição de relatos, aparentemente tão ingênuos sobre estórias adquiridas e perpassadas ao longo dos anos pela oralidade. No capítulo final, intenta-se realizar uma análise de alguns cantos, e, especificamente, de três narrativas condicionadas em ―Uma estória de amor‖, dialogando com leituras mais recentes da obra (Sandra Vasconcelos, em Puras Misturas [1997], por exemplo), para demonstrar a importância do relato transmitido pelas várias gerações que procedem à narrativa original, as quais, indiferente às mudanças de rumo constantes nesses possíveis textos, muitas vezes, parecem discordar do original.
  • LEOMIR SILVA DE CARVALHO
  • DO SERTÃO AO SERTÓN: TRADUÇÃO EMANCIPADORA E ANÁLISE DE NEOLOGISMOS DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS NAS TRADUÇÕES PARA O ESPANHOL

  • Data: 28/02/2013
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  • “Tradução e criação literária em Gran sertón: veredas: análise de processos neológicos da versão espanhola” é uma pesquisa que tem como objetivo analisar os neologismos presentes em retratos femininos de Gran sertón: veredas (1967) sob o enfoque transcriativo. Compreende-se neologismo em seu caráter literário como ponto de criação da palavra capaz de estimular o leitor a perceber novos significados e, especificamente em Guimarães Rosa, como um dos aspectos que tornam sua linguagem singular. O enfoque transcriativo baseia-se em Haroldo de Campos (1929-2003) e contribui para uma concepção crítica da prática tradutória, que reivindica autonomia para a obra de chegada e que entende o tradutor como o responsável por reconstituir os sentidos da obra de partida. A metodologia do trabalho compreende as seguintes etapas: estudo bibliográfico, no qual se problematiza a conceito de transcriação e suas implicações na prática tradutória. Em seguida, iniciando pela obra de partida, sob a perspectiva estético-receptiva, investigam-se os críticos Cavalcanti Proença, Nei Castro e Nilce Martins quanto a suas apreciações acerca das inovações presentes na linguagem de Guimarães Rosa, sobretudo no que diz respeito aos procedimentos neológicos adotados pelo autor mineiro e suas motivações ao modificar a palavra. Posteriormente, são examinadas as leituras críticas da tradução espanhola, observando o olhar do próprio tradutor, Ángel Crespo, sobre seu labor criativo e o dos críticos Pilar Bedate, Mario Vargas Llosa e Antonio Maura, sobre o grau de elaboração da obra de partida adotado pelo tradutor. Então, analisa-se a transcriação em Gran sertón: veredas, detendo-se sobre os neologismos compreendidos como potenciais instrumentos de criação nas mãos do tradutor espanhol.

  • DANIELLE ABREU FRANCO
  • ESBOÇO SOCIOLINGUISTICO SOBRE RISCO DE PERDA E MANUTENÇÃO DE LÍNGUAS: O CASO DE CINCO LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS
  • Data: 28/02/2013
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  • Este estudo apresenta as macrovariáveis que evidenciam a situação de ameaça e perda da vitalidade das línguas Anambé, Aikanã, Apurinã, Parkatêjê e Xipaya, frente ao domínio da língua portuguesa. Para realizar o presente estudo foram utilizados procedimentos metodológicos necessários para uma abordagem com enfoque teórico bibliográfico sobre as causas que motivam a mudança linguística, com base nas variáveis sociolinguísticas apresentadas por Edward (1992), Grenoble & Whaley (1998, 2000) e nos critérios que avaliam a vitalidade das línguas apontadas pela UNESCO (2003). A partir das informações coletadas nas entrevistas com pesquisadores das línguas selecionadas temos em vista: i) identificar quais macrovariáveis que atuam no processo de desvitalização das línguas selecionadas para este estudo; ii) classificar as línguas selecionadas quanto ao grau de vitalidade, considerando os critérios estabelecidos, em 2003, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO); e iii) delinear, com base nas respostas às entrevistas concedidas pelos pesquisadores, a situação sociolinguística de cada língua estudada. O exame das macrovariáveis (usos das línguas, escolarização e migração) identificadas em análise às línguas indígenas selecionadas apontou aspectos que dizem respeito à situação de perda linguística das mesmas. Palavras
  • NATASHA DE QUEIROZ ALMEIDA
  • "Vêm de Belém e vêm da Grécia! Metamorfoses: fronteiras entre narrativas orais e os mitos".
  • Data: 25/02/2013
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  • A metamorfose, de acordo com Jean Chevalier e Alan Gheerbrant, é definida neste estudo como a transformação física e/ou comportamental de um ser em outro, sem a perda da identidade e ciência do primeiro ser. Esta transformação é um fenômeno recursivo em diversas mitologias e culturas. O presente trabalho tem por objetivo estabelecer, numa abordagem comparativa, as correlações e diferenças entre o tema da metamorfose recorrente nos mitos gregos relatados por Homero, em sua Odisseia, nos mitos gregos descrevidos pelo poeta latino Publius Ovidius Naso, conhecido como Ovídio, em sua obra Metamorfoses, nos cinco primeiros livros, e entre as narrativas orais que referem casos de metamorfoses ocorridos no município de Belém do Pará, inventariadas no período de 1994 a 2004. Foram consideradas as obras Odisseia e Metamorfoses por serem ambas, respectivamente, expoentes da literatura ocidental de uma Grécia dos séculos VIII a VII a.C e de uma Grécia do século I d.C retratada pelo poeta latino Ovídio, e que carregam o tema da metamorfose. Isto porque o estudo prévio ratifica a formação de índices míticos não somente nas narrativas da mitologia grega, mas também nos casos de metamorfoses oriundos de Belém. Em todo o caso, nota-se a configuração espaço-temporal como entidades que sedimentam e organizam o mundo mítico, articulando tais dimensões a representações no mundo físico-espiritual. O tema da metamorfose, contudo, é conformado de forma diferenciada, conforme o contexto histórico-cultural de cada narrativa, o que é refletido na multiplicidade de símbolos e sentidos perseguidos por cada narrativa. A fim de enriquecer o estudo dos símbolos e do contexto histórico-geográfico dos mitos gregos abordados, utilizam-se como fonte complementar os manuais de Junito Brandão, a saber, a obra Mitologia de Junito Brandão, nos volumes I, II e III, bem como os dois volumes do Dicionário Mítico-Etimológico da Mitologia Grega. Para uma análise comparativa mais eficaz, precisou-se ir além do estudo contextual de produção e representação dos códigos subjacentes a cada narrativa, pois o mito, nas palavras de Ernest Cassirer, é experimentado na consciência, porém é anterior a ela; o homem vive o mito, logo, o mito é anterior ao homem, posto que à medida que toma consciência de sua existência e das relações que tece com o mundo, o homem se vale do mito para estabelecer relações de valor e sentido, bem como representações para singularizar suas experiências. Trata-se, portanto, de uma questão filosófica de vital importância, por isso, buscou-se, para este estudo lítero-narratológico, os fundamentos da Filosofia da mitologia, junto a considerações de uma Antropologia cultural, associado ao levantamento contextual-histórico do cosmo que constitui cada narrativa, a fim de lançar bases elucidativas sobre as relações do homem com seu mundo a partir de determinadas transformações. Sob este foco, diante da pesquisa prévia das narrativas que serão analisadas, percebeu-se que as metamorfoses apresentavam maiores ocorrências quando: 1) simbolizavam o mal na figura dos metamorfoseados; 2) apresentavam motivações de cunho sexual e 3) consistiam em explicações para acontecimentos do mundo físico-espiritual. Trata-se de uma divisão metodológica que objetiva viabilizar a organização e visualização do estudo comparado. Conclui-se, então, que além de possibilitar a leitura e o conhecimento dos mitos gregos e de relatos da Amazônia pelos símbolos constituídos na consciência mítica, este estudo pode servir como uma base para verificação do exercício literário da linguagem criadora por meio do narrar, bem como ampliar a compreensão do que seja e faz a consciência humana enquanto arrimo para a difusão de comportamentos e crenças compartilhados pelo indivíduo em sociedade.
  • JOSE AUGUSTO PACHECO DE LIMA
  • LAVOURA ARCAICA: DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA E CINEMA E OUTRAS INTERFACES
  • Data: 15/02/2013
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  • Tendo como objeto de estudo o livro Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, e a obra cinematográfica homônima, de Luiz Fernando Carvalho, este trabalho se debruça sobre as análises possíveis no processo de adaptação como recriação da obra, interpretando temas como a família, as paixões proibidas e o trágico. Para tal estudo, a visão teórica de autores como Freud, Bataille, Marcuse, Bakhtin e Nietzsche, em seus pontos convergentes, auxilia a compreensão secular de interditos, proibições e transgressões, presentes na obra de Nassar
  • JOSE FRANCISCO DA SILVA QUEIROZ
  • POR UMA HISTÓRIA DA RECEPÇÃO DA OBRA DE MAX MARTINS
  • Data: 16/01/2013
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  • O presente trabalho busca compreender a recepção crítica da poética de Max Martins no decorrer de 50 anos de atividade artística. A partir de uma abordagem estético recepcional, averiguaremos como as sucessivas leituras por parte de jornalistas e críticos determinaram a aceitação de sua produção e sua respectiva inserção dentro do cenário literário local e nacional. Baseando-se na perspectiva teórica da Estética da Recepção pretenderemos assim compreender diacronicamente o efeito causado pela obra de Max Martins junto aos seus leitores imediatos, e consequentemente perfazer uma história de sua recepção. A abordagem realizada por meio dos pressupostos apresentados por H. R. Jauss (em A História da Literatura como Provocação à Teoria Literária) - como o termo "horizonte de expectativa" - nos orientará quanto à historicidade da produção poética de Max Martins, esclarecendo o motivo que levou algumas leituras equivocadas de sua obra a se perpetuarem até o presente. Desse modo, por meio da reconstrução do “horizonte de expectativa” poderemos compreender a que demanda ou pergunta à obra de Max Martins atendeu no momento de sua publicação, além de averiguarmos como o trabalho de editoração da sua obra (G.Genette, 2009) influenciou sua leitura no decorrer do tempo, atualizando assim sua compreensão crítica e revelando algumas incongruências persistentes em estudos acadêmicos contemporâneos.
2012
Descrição
  • RENATA DE CASSIA DORIA DA SILVA
  • PROCESSOS DE REGULAÇÃO NA PRODUÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

  • Data: 30/11/2012
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  • Este trabalho tem por objetivo geral contribuir para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem da produção escrita em Português Língua Estrangeira (PLE) e justifica-se pela crescente demanda em formação nessa língua em diversos contextos geográficos e institucionais. Mais especificamente, procuramos investigar em que medida procedimentos de avaliação formativa favorecem a apropriação das competências de produção escrita junto a um público de PLE que frequentou aulas de português durante sete meses no ano de 2011. Para isso, buscamos elaborar e experimentar instrumentos facilitadores da regulação da produção escrita em PLE, bem como analisar como o uso desses instrumentos repercutiu na aprendizagem da produção escrita desses aprendentes na língua portuguesa. A pesquisa foi realizada com um público de estudantes estrangeiros, vindos ao Brasil no âmbito do programa de convênio PEC-G do governo federal e que se preparam para se submeter ao exame de certificação CELPE-Bras. A entrada destes estudantes em uma universidade brasileira depende da sua aprovação nesse exame nacional. Esses aprendentes precisam ler e redigir com proficiência textos pertencentes a diferentes gêneros textuais para serem bem sucedidos não apenas no exame de certificação, mas também em suas futuras atividades acadêmicas no Brasil. A fundamentação teórica permitiu-nos aprofundar, por um lado, a caracterização da avaliação formativa como dispositivo regulatório no ensino e na aprendizagem de uma língua e, por outro, a descrição dos processos da produção escrita e das exigências dessa tarefa em contexto de PLE. A investigação foi realizada mediante uma pesquisa-ação junto ao público escolhido, de modo a ajudar os aprendentes a se apropriarem dos recursos necessários para solucionar seus problemas de produção escrita. Os resultados finais deste trabalho indicam que os procedimentos formativos de coavaliação e autoavaliação favorecem a regulação da escrita em PLE permitindo aos aprendentes uma melhoria na sua produção textual e, presume-se, na sua competência textual, muito embora as atividades de ensino ou sua ausência pareçam ter uma forte importância.

  • LUCIA MARIA SILVA RODRIGUES
  • EDUCAÇÃO BILÍNGUE EM TERRITÓRIO INDÍGENA WAIWAI/ ALDEIA TAWANÃ
  • Data: 26/11/2012
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  • É cada vez maior o número de nações indígenas que reivindicam o direito a uma educação própria, capaz de, por um lado, ajudá-las a encontrar soluções para os problemas advindos do contato com a sociedade nacional e de, por outro, assegurar-lhes o fortalecimento da identidade étnica. A educação bilíngue promove formas aditivas ou subtrativas de bilinguismo. Esses métodos são relativos e estão relacionados com os argumentos e os parâmetros de cada escola ou instituição. Este trabalho se propõe a descrever a forma de educação desenvolvida nas séries iniciais, em uma das aldeias waiwai, localizada nas Terras Indígenas Nhamundá-Mapuera, no Município de Oriximiná – Rio Mapuera – especificamente na aldeia Tawanã. O objetivo principal deste estudo é analisar como o educador indígena emprega suas ferramentas metodológicas na transmissão de conhecimentos etnoculturais, e se através do letramento desenvolve uma educação bilíngue nesta escola. Em referência a essa realidade, este trabalho constitui-se de pesquisa bibliográfica, embasada em leituras e análises de livros, artigos, dissertações e teses da área da linguística; pesquisa e análise do material adquirido em pesquisa de campo, coletado nas Terras Indígenas Nhamundá-Mapuera, em especial na escola da Aldeia Tawanã.
  • GLACIANE FELIPE SERRAO
  • DISCURSO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: A POLÊMICA RELAÇÃO ENTRE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
  • Data: 05/11/2012
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  • Esta pesquisa tem como intuito investigar a polêmica fundadora do discurso do desenvolvimento sustentável. Trata-se de observar de que modo o posicionamento do desenvolvimento sustentável constituiu a sua identidade a partir das relações interdiscursivas que mantém com seus Outros do espaço discursivo, a saber, o posicionamento desenvolvimentista e o posicionamento ambientalista. Busca-se examinar os simulacros que o posicionamento do desenvolvimento sustentável, na posição de discurso-agente, constrói dos seus Outros discursivos, na posição de discurso paciente, a partir do processo de interincompreensão regrada e, concomitantemente, a imagem que ele procura estabelecer de si Mesmo. O corpus desta investigação é formado por textos que circulam em dois veículos de comunicação especializados na temática ambiental: o site do Instituto Akatu e o Portal do Meio Ambiente. A abordagem desse corpus dar-se-á com base na perspectiva teórica e metodológica de Análise do Discurso francesa, essencialmente os conceitos de polêmica como interincompreensão e interdiscurso propostos por Maingueneau (2005).
  • PAULA CRISTHIANE DA SILVA OLIVEIRA
  • Paródia e carnavalização no cancioneiro Chico Buarque de Hollanda.
  • Data: 30/10/2012
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  • A pesquisa Paródia e carnavalização no cancioneiro Chico Buarque de Hollanda investiga os aspectos paródicos e carnavalescos presentes no repertório de Chico Buarque, enfatizando a carnavalização, inicialmente, como uma prática cultural medieval, baseada nas teorias de Mikhail Bakhtin, a cerca do carnaval medieval e renascentista analisado na obra do francês François Rabelais, proposições desenvolvidas no livro A cultura popular: na Idade Média e no. Desta análise, o presente estudo destaca os principais elementos constituintes dos ritos carnavalescos: 1) o dialogismo entre o discurso popular e o discurso poético, uma vez que toda comunicação é uma ação recíproca; 2) a ambivalência da linguagem carnavalesca que primava por estabelecer a ligação entre os pólos positivos e negativos referentes ao ciclo nascimento-morte; 3) o riso e as suas complexidades de significações e realizações que oscilam entre a ingenuidade e a sátira; e por fim 4) a paródia que incorpora todos os elementos citados anteriormente para sua realização. Partindo da apreensão destes conceitos, será traçado também um breve panorama histórico para compreender as múltiplas facetas artísticas de Chico Buarque e a sua relação com a vida social, a fim de percebê-lo por meio de sua produção como poeta lírico social. Para comprovar a importância do carnaval na cultura universal, dando ênfase à cultura brasileira, as canções Tem mais samba (1964), Sonho de um carnaval (1965), Amanhã, ninguém sabe (1966), Noite dos mascarados (1966), Roda-viva (1967), Ela desatinou (1968), Apesar de você (1970), Quando o carnaval chegar (1972) e Vai passar (1984) serão analisadas num estabelecimento comparativo entre o carnaval contemporâneo e o carnaval medieval, observando as confluências e dissonâncias, que ainda fazem parte desta festa popular. Desta apreciação, o presente estudo assinala a importância da obra de Chico Buarque pelo valor poético e cultural presente em todas as suas atividades artísticas. Os critérios de análise serão pautados num estudo bibliográfico entre as teorias carnavalescas de Bakhtin e as músicas de Chico Buarque, que aqui serão compreendidas como poemas-canções, destacando dessas a temática do carnaval.
  • ADRIANA ALVES DE OLIVEIRA
  • AS CENOGRAFIAS ENUNCIATIVAS NA PRÁTICA DISCURSIVA DE CONSTRUÇÃO E LEGITIMAÇÃO DE UMA IMAGEM DE EMPRESAS SÓCIO-AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL
  • Data: 29/10/2012
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  • Esta pesquisa dedica-se a investigar as cenografias enunciativas dos anúncios publicitários de empresas que aderem aos discursos da responsabilidade social e ambiental, verificando de que forma estas cenografias auxiliam na construção de uma imagem empresarial sócio-ambientalmente responsável, necessária a sua legitimação institucional. Esta pesquisa justifica-se pelo fato de favorecer a compreensão das estratégias discursivas materializadas nos anúncios publicitários sob análise e por reconhecer que esta prática discursiva se torna possível em razão das determinações históricas, políticas, culturais de um determinado tempo e espaço ideológicos. Os pressupostos teórico-metodológicos utilizados são os da Análise do Discurso (AD). Situada neste domínio de investigação linguística, esta pesquisa apoia-se especificamente nos estudos de Dominique Maingueneau, segundo os quais as práticas discursivas se materializam por meio de gêneros de discurso que são de natureza social e histórica. Dentre as noções desenvolvidas pelo autor que contribuem para investigar como se dá a construção de uma imagem empresarial sócio-ambientalmente responsável está a de cena de enunciação. Conforme Maingueneau (2008a), essa cena torna o texto interpretável e pode vir a associar três cenas de fala: cena englobante, cena genérica e cenografia. É sobre esta última que esta pesquisa se debruça, por reconhecer que é com base nela que emerge o discurso da responsabilidade que favorece uma imagem empresarial positiva perante a sociedade. Para tanto, o corpus desta pesquisa é constituído por quinze anúncios publicitários que foram retirados da revista Veja pertencentes às empresas Banco da Amazônia (BASA), Vale e Petrobras, empresas que aderem ao discurso socioambiental e que atuam direta ou indiretamente na região amazônica. Ao longo da pesquisa verificou-se que para a construção e legitimação de uma imagem de empresa sócio-ambientalmente responsável as empresas mobilizam em seus anúncios uma topografia paradisíaca da região amazônica e assumem um posicionamento que defende a existência de um desenvolvimento econômico em harmonia com a preservação do meio ambiente que camuflam os conflitos e as consequências socioambientais da ação da empresa no espaço amazônico.
  • ANTONIO ALAN DANTAS DE MENESES
  • O CANGAÇO EM FOGO MORTO E EM OS DESVALIDOS
  • Data: 29/10/2012
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  • O presente estudo visa a estabelecer uma análise comparativa entre dois romances da literatura brasileira do século XX, no que tange à abordagem realizada pelas obras do fenômeno histórico-social do cangaço. As obras escolhidas, Fogo Morto, de José Lins do Rego, e Os Desvalidos, de Francisco Dantas, representam dois momentos distintos da produção ficcional nordestina. A primeira está inserida na corrente ficcional das décadas de 30 e 40. Décimo romance do escritor paraibano, Fogo Morto representa o cangaço na perspectiva do personagem José Amaro, seleiro que se transforma em ajudante do cangaceiro Antônio Silvino. A segunda obra, publicada em 1993, representa uma retomada da ficção regionalista. O romance focaliza o cangaço sob o ponto de vista de Coriolano, personagem que, ao contrário de José Amaro, demonstra ódio implacável pelo cangaço, no romance representado por Lampião. A análise comparativa das obras foi precedida pelo estudo das raízes históricas do cangaço, bem como a caracterização do cangaceiro como ser carregado de dubiedade no imaginário popular nordestino. Com efeito, o cangaceiro ora é representado como herói, ora é encarado como bandido pelo sertanejo, sendo que essa visão contraditória é transportada para a ficção, aparecendo nos dois romances que são analisados neste trabalho. A abordagem histórica do cangaço é realizada a partir de estudos de autores como Rui Facó (1983), Maria Isaura Pereira de Queiroz (1977) e Luiz Bernardo Pericás (2010). Também foi imprescindível um breve estudo de Câmara Cascudo (2005), que auxilia a compreender a figura do cangaceiro enquanto herói popular regional. Finalmente, como suporte para o estudo comparativo entre Fogo Morto e Os Desvalidos foram utilizados trabalhos de autores como José Paulo Paes (1995) e Sônia Lúcia Ramalho de Farias (2006), que fornecem elementosimportantes para o estabelecimento de relações entre obras de cunho regionalista, produzidaspor escritores nordestinos.
  • FABIANA DOS SANTOS COELHO
  • MARCAS DE HETEROGENEIDADE NA CONSTITUIÇÃO DE UM ETHOS FEMININO
  • Data: 29/10/2012
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  • Este trabalho tem por objetivo realizar um estudo acerca da constituição do ethos discursivo, aproximando essa noção à noção de heterogeneidade constitutiva do discurso. Partindo-se das concepções defendidas por Dominique Maingueneau de que o ethos é uma imagem construída (também) por meio de um comportamento discursivo assumido e de que o discurso se constitui por meio de uma relação interdiscursiva – concepção essa baseada nos estudos acerca da heterogeneidade constitutiva do discurso de Jaqueline Authier-Revuz (2004) – propõe-se analisar o ethos como uma imagem constituída por meio da relação interdiscursiva e, portanto, como uma imagem heterogênea porque cindida, entrecortada pelos diversos posicionamentos discursivos que a atravessam. Como corpus de análise para esse estudo foram eleitas as matérias da Revista Mulher do jornal impresso O Liberal, mais especificamente os depoimentos das mulheres entrevistadas para a composição dessas matérias. Parte-se da ideia de que a mulher contemporânea se constitui como sujeito imersa em formações ideológicas diversas, atravessada por discursos pertencentes a formações discursivas mais conservadoras e mais contemporâneas. Sendo assim, pretende-se analisar, nos depoimentos das mulheres que são chamadas a colaborar com a revista, as marcas dos diversos posicionamentos discursivos que se relacionam, estudando as condições sociais e históricas que permitiram e permitem a constituição de tais discursos e as relações que se dão entre esses discursos na constituição de uma imagem de mulher.
  • ROSINELIO RODRIGUES DA TRINDADE
  • REPRESENTAÇÕES DE LEITURA DO LIVRO DIDÁTICO DE PORTUGUÊS DO ENSINO FUNDAMENTAL MAIOR
  • Data: 11/10/2012
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  • Nesta pesquisa toma-se o livro didático de português como objeto de pesquisa em vista de uma indagação norteadora: O que faz de um livro, um livro didático? Essa pergunta, que a princípio nos causou uma impressão de obviedade, pela opacidade de aspectos singulares à constituição do material, acabou por nos revelar que o livro didático é um objeto multifacetado e complexo, que se situa num campo recente da pesquisa acadêmica. Dentre tantas possibilidades de situar o livro didático no contexto das inquietações humanas, duas se apresentam nesta pesquisa como possibilidade de pensá-lo a partir de um campo próprio de investigação: (i) a que parte da compreensão do livro didático enquanto objeto portador de uma materialidade e uma visualidade, onde elementos como tipografia, espaços de diagramação, uso de cores, escolha de imagens, entre tantos outros, participam do processo de leitura tanto quanto o texto verbal linguisticamente constituído, e (ii) a que toma o livro como objeto portador de uma materialidade textual-discursiva na qual ele responde a muitos lugares e interesses, muitas vezes contraditórios, na tentativa de satisfazer algumas expectativas que ele representa. Neste sentido, podemos pensar que a fabricação do material visa em princípio a um projeto didático – em razão do qual se criam representações de leitura – como também fazer dele importante produto de um mercado promissor e rentável. Essa constatação nos faz pensar no livro como um objeto, atualmente, muito mais de consumo/distribuição do que material de apoio do ensino e da aprendizagem da língua portuguesa. A pesquisa caminha sobre o “chão” da Análise de Discurso de linha francesa, baseando-se nas ideias de autores como Pêcheux, Maingueneau, Possenti, Authier-Revuz; da história da leitura e do livro, com base em Chartier, Fairchild, Choppin, Freitag et al; Oliveira et al entre outros. O corpus da pesquisa constitui-se de uma coleção de livros didáticos de português (séries finais do Ensino Fundamental) que foi a mais escolhida no último PNLD/2011 pelas escolas urbanas do município de Cametá/Pará; caderno de campo com relato de experiências e questionário de perguntas abertas sobre o processo de escolha do livro didático de portuguesa naquelas escolas.
  • NORA MONTEIRO PINTO DE ALMEIDA
  • A INCORPORAÇÃO DO CONCEITO DE GÊNERO NO DISCURSO DE ESTUDANTES DE LETRAS SOBRE O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA
  • Data: 11/10/2012
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  • Este trabalho tem como objetivo investigar a forma como os estudantes de Letras, em níveis de formação diferentes, incorporam o conceito de gênero em seu discurso a partir de sua produção escrita. Procuramos refletir sobre a tentativa de construção de um ethos que busca a criação de uma imagem agradável e confiável, mas que nem sempre é sustentada por argumentos no discurso. Teoricamente, este trabalho se insere nas áreas de leitura e escrita e análise do discurso, especificamente nas reflexões de Bakhtin sobre o gênero e nos estudos sobre discurso de Foucault, Pêcheux e Maingueneau. À luz desse quadro teórico, realiza-se uma investigação sobre a forma como tem se realizado a incorporação do conceito de gênero no discurso dos estudantes de Letras durante o período da graduação e pós-graduação, levando-se em conta a cobrança da sociedade a partir de um novo paradigma de ensino. A realização desta pesquisa consistiu em três etapas: as leituras para o embasamento teórico, a coleta de dados e a análise. Para a coleta de dados foi utilizado um corpus de três Trabalhos de Conclusão de Curso, TCCs, escritos dentro de um recorte temporal na Universidade Federal do Pará, contamos também cinco Dissertações de Mestrado de diversas universidades, públicas e particulares, de nosso país. A análise dos dados divide-se em duas partes: um recorte panorâmico das regularidades de uma formação discursiva presentes em diferentes enunciados e a análise das dispersões do discurso presentes num mesmo enunciado. Chegou-se à conclusão de que há, no discurso desses acadêmicos, a presença constante de uma tensão que aponta para um sujeito interpelado por discursos conflitantes em sua formação profissional, discursos estes incompatíveis e provenientes de diferentes lugares que o constituem.
  • CYNTIA DE SOUSA GODINHO
  • VARIAÇÃO DAS OCLUSIVAS ALVEOLARES NO FALAR PARAENSE
  • Data: 09/10/2012
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  • O presente trabalho descreve e analisa a palatalização das oclusivas alveolares /t/ e /d/ seguidas de [i] no falar de 32 informantes paraenses, a partir de dados coletados pelo projeto ALiB – Atlas Linguístico do Brasil, Regional Norte, em oito cidades do Pará (Almeirim, Altamira, Belém, Bragança, Jacareacanga, Marabá, Óbidos e Soure). A análise dos dados foi fundamentada nos pressupostos teórico-metodológicos da Variação Linguística, de Labov (1972, 2008) e da sociolinguística quantitativa (GUY; ZILLES, 2007). Foram observados 1.539 contextos de /t/ e /d/ diante de [i], constantes dos questionários Fonético-Fonológico (QFF) e Semântico-Lexical (QSL), do ALiB, que, depois de codificados, foram submetidos a tratamento estatístico com o uso do programa de análise multivariada Goldvarb X, afim de determinar as variáveis linguísticas e extralinguísticas favorecedoras do processo. Os resultados demonstram que a palatalização das oclusivas alveolares é um fenômeno semicategórico no falar paraense, encontrando-se estável. A variável está ligada, principalmente, a fatores linguísticos e geográficos.
  • WILLIANE BRASIL DOS SANTOS
  • ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DO DITONGO /EJ/ NAS CAPITAIS DO NORTE DO BRASIL
  • Data: 08/10/2012
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  • O presente trabalho consiste em um estudo sobre a realização variável do ditongo /ej/ nas capitais da região Norte, a saber: Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco. Desenvolvemos uma pesquisa que tem como objetivo mapear esse ditongo a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Geolinguística (CARDOSO, 2010) e da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008). Realizamos, portanto, uma pesquisa geossociolinguística. O corpus que levantamos foi constituído por 48 informantes estratificados por faixa etária, sexo, escolaridade e localização geográfica. A partir do Questionário Fonético-Fonológico (QFF) e do Questionário Semântico-Lexical, aplicados pela equipe do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), retiramos 2057 ocorrências do ditongo /ej/, sendo 1502 da variante [e] e 555 da variante [ej]. Todas estas ocorrências foram submetidas ao programa estatístico Varbrul que nos forneceu pesos relativos por meio dos quais verificamos os fatores favorecedores à aplicação da regra de monotongação. Com base na análise probabilística, constatamos que há uma significativa realização da monotongação no falar do Norte do país, além disso, os fatores não linguísticos se mostraram mais relevantes do que os fatores linguísticos. Para expor os resultados aos quais chegamos, elaboramos dezoito cartas que contemplam os itens lexicais mais produtivos em termos de variação e mais três cartas gerais que contemplam a variação do fenômeno nas dimensões diatópica, diagenérica e diageracional.
  • CINTHIA DE LIMA NEVES
  • ALTERNÂNCIA DE CÓDIGO EM NARRATIVAS ORAIS DA LÍNGUA PARKATÊJÊ: ASPECTOS LINGUÍSTICOS DO CONTATO COM O PORTUGUÊS
  • Data: 28/09/2012
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  • Mistura irregular de dois sistemas distintos” (Labov, 1971, p. 457). A afirmação de Labov reflete o que durante décadas se pensou sobre um comportamento linguístico comum a falantes bilíngues: a alternância de código (ou code-switching). Esse fenômeno, que se caracteriza pela mudança de uma língua para outra sem haver mudança de tópico ou falante, é, no entanto, sistematicamente organizado e está sujeito a restrições gramaticais, ocorrendo em pontos específicos e recorrentes nas sentenças, não de maneira aleatória. Um dos modelos teóricos frequentemente usados para dar conta da gramaticalidade do code-switching é o proposto por Poplack (1978/1881), que sugere duas restrições ao fenômeno: a “restrição morfema livre”, segundo a qual a alternância pode ocorrer após qualquer constituinte desde que não seja um morfema fixo; e a “restrição de equivalência”, que prevê a ocorrência em pontos onde elementos de ambas as línguas são equivalentes, para não haver violação de regras sintáticas das línguas envolvidas. Este trabalho apresenta a aplicação desse modelo à análise descritiva de alternância de código entre português e parkatêjê, língua Timbira falada no sudeste do Pará. Os dados que embasam este estudo são histórias tradicionais do povo, coletadas entre os anos de 2008 e 2011, nas quais é possível encontrar diversas ocorrências do fenômeno
  • MARCIA MONTEIRO CARVALHO
  • AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO ESCRITA DE ALUNOS SURDOS DO ENSINO FUNDAMENTAL MAIOR
  • Data: 26/09/2012
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  • Esta pesquisa, que tem por pano de fundo a problemática da inclusão dos surdos na escola, volta-se mais especificamente para a avaliação da proficiência em leitura desses alunos no Ensino Fundamental maior, com o objetivo de identificar as habilidades de leitura que os alunos surdos melhor dominam e as dificuldades encontradas por eles no tocante à apropriação da modalidade escrita da língua portuguesa. Para essa pesquisa, foi realizado um estudo de caso com três alunos surdos dos 6º e 9º anos da rede regular de ensino em uma escola municipal inclusiva de Castanhal (PA). Como instrumento de análise de sua competência leitora foi feito um recorte da prova do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica. Para a coleta de dados o teste foi aplicado três vezes: uma primeira vez sem nenhum tipo de interação com os alunos; uma segunda em que a pesquisadora pediu aos alunos que justificassem suas respostas para elucidar melhor suas estratégias de leitura. Na última aplicação, foram usados dois itens do teste traduzidos para LIBRAS, para verificar se, dessa forma, a compreensão do texto seria mais elevada. Pretendia-se, com isso, propor pistas para a realização de uma avaliação diagnóstica dos alunos surdos, contribuindo assim para uma melhor orientação dentro das escolas inclusivas que supostamente adotam a proposta bilíngue. Porém os resultados obtidos evidenciaram uma realidade alarmante, na qual os alunos investigados apresentam um nível de leitura abaixo do esperado para a série na qual estão matriculados e não dominam nenhuma das capacidades identificadas nos oito descritores do teste. Na tentativa de ler, os alunos utilizam estratégias como “caça-palavras”, não relacionam o comando de questão com o texto e fazem poucas inferências, entre outros problemas. Esses resultados mostram o quanto são nefastas as consequências de uma inclusão feita sem uma avaliação diagnóstica da competência linguageira efetiva dos surdos, tanto em LIBRAS quanto em língua portuguesa. A reflexão fundamenta-se em estudos relativos à educação do surdo, em particular no que diz respeito à leitura da criança surda, ao acesso a LIBRAS e à escola bilingue, com base em autores como Quadros (1997), Gesser (2009) Pereira (2009), Lopes (2004), Reily (2004), Salles (2004). Também são apresentados conceitos de leitura e modelos psicolinguísticos da construção do sentido, com apoio em especialistas da leitura ou em ensino/aprendizagem de língua, tais como Smith (1989), Kleiman (1985), Moita Lopes (1996), Soares (1998) e Rojo (1999). Finalmente, a reflexão sobre a avaliação da aprendizagem, com especial atenção para as competências de leitura busca apoio em estudiosos como Perrenoud (1999), Luckesi (2006), Hoffmann (2009), Marcuschi (2004) e Suassuna (2007), entre outros.
  • DELMIRA ROCHA DOS SANTOS BARBOSA
  • A REVISTA DE CULTURA BRASILEÑA E A RECEPÇÃO DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS (1962-2011)
  • Data: 26/09/2012
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  • A proposta desta dissertação é examinar a recepção crítica em língua espanhola de Grande sertão: veredas (1956), obra de Guimarães Rosa (1908-1967). Desde a sua edição no idioma espanhol, a referida narrativa provocou certo impacto na sociedade de língua cervantina por abordar um tema polêmico como a relação ambígua de Riobaldo e Diadorim, oculta até o final da primeira leitura e por escrever numa linguagem poética acerca dos conflitos humanos e existenciais, inseridos na descrição de uma região que ultrapassa os limites geográficos, para a construção de um sertão universal. A recepção crítica em língua espanhola, de fato, iniciouse em 1967 com a publicação de Grán sertón: veredas, pela editora Seix Barral, traduzida por Ángel Crespo. Este trabalho propõe uma leitura sobre as interpretações da narrativa que causou grande repercussão entre os intelectuais hispano-falantes que, ao se debruçarem sobre o sertão, procuraram desvendar os sentidos forjados na obra. É nessa perspectiva que serão abordados os textos do arquivo da Revista de Cultura Brasileña da década de 1960, elemento primordial para o desenvolvimento deste estudo e da recepção crítica mais contemporânea de Soledad Bianchi (2004), Antonio Maura (2007), Maria Rosa Álvarez Sellers (2007) e Pilar Gómez Bedate (2007), além de outros críticos literários brasileiros. Como base metodológica desta pesquisa, recorrer-se-á entre outras referências, ao estudo sobre a teoria da recepção de Hans Robert Jauss no que concerne ao leitor como construtor de um novo objeto artístico. O trabalho está dividido, em três capítulos: no primeiro, far-se-á uma abordagem dos pressupostos da Estética da Recepção, de Hans Robert Jauss (1921-1997) e, sucintamente, farse-á uma discussão sobre o texto A tarefa do tradutor de Walter Benjamin e os princípios teóricos de Antoine Berman no que tange ao ato tradutório. Nos capítulos posteriores, será desenvolvido o trabalho específico sobre a crítica no idioma espanhol, e por meio desta análise, destacar-se-ão as divergências entre as obras de língua portuguesa e espanhola, focando nos elementos pertinentes à linguagem poética na construção do texto para os hispano-falantes e a inserção da obra no contexto sócio-histórico da ficção rosiana nos países de língua hispânica.
  • MARIA DO SOCORRO MORATO LOPES
  • A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA NA IMPRENSA: UMA ABORDAGEM DISCURSIVA
  • Data: 25/09/2012
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  • Esta pesquisa tem como objetivo analisar processos de construção da identidade do professor de língua materna na imprensa, legitimada não apenas por seus discursos, mas como uma construção que se estabelece socialmente e encontra na mídia um lugar privilegiado para sua emergência. O corpus é composto por textos coletados de revistas, jornais, blogs e sites, que tratam de ensino de língua portuguesa, assinados por professores ou por outros profissionais. Este trabalho de pesquisa se baseia nos postulados da Análise do Discurso e das Ciências Sociais, por meio dos conceitos de Discurso, Hegemonia e Memória Discursiva, abordados no primeiro capítulo desta dissertação, em que perceberemos como estes conceitos ajudam na reprodução dos discursos (públicos) e na construção identitária do professor de língua portuguesa. A noção de Formação Discursiva é abordada no segundo capítulo, com base nos postulados teóricos de Foucault (2004) e Pêcheux (2009), bem como a circularidade nas posições de Identificação e Contra-identificação. As Formações Imaginárias (PÊCHEUX, 1997) servem de ancoragem teórica para o terceiro capítulo, em que analisamos como os professores ocupam lugares (A, B e R) nos discursos, validados por eles mesmos ou por aqueles que enunciam publicamente. No quarto capítulo discutimos a polêmica estabelecida entre as duas Formações Discursivas por meio da noção Simulacro (MAINGUENEAU, 2005), abordada no mesmo capítulo, em que percebemos imagens distorcidas projetadas nos discursos. Buscamos demonstrar a importância dos estudos discursivos no campo do ensino-aprendizagem, partindo do pressuposto de que a formação dos professores tem se dado não apenas por práticas pedagógicas, mas também em práticas discursivas. Na análise destes dados, estamos buscando o lugar discursivo do professor e a maneira que este professor, ao tomar a palavra na imprensa, forja sua identidade. Espera-se com este trabalho verificar como o professor de língua portuguesa tem legitimado sua(s) identidade(s) no ambiente midiático, que tem se mostrado um lugar de grande efervescência discursiva e instância de formação e reprodução de discursos sobre ensino de língua materna.
  • MARIA AMELIA CARVALHO FONSECA
  • O LIVRO DIDÁTICO E O FOMENTO DA AUTONOMIA NA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA

  • Data: 16/09/2012
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  • Ao observar que muitas vezes alunos adultos são dependentes do professor e demonstram grande passividade em relação a sua aprendizagem, percebi a importância de realizar um trabalho que pudesse estimular comportamentos mais autônomos no processo de aprendizagem e que, para isso, pudesse utilizar o livro didático. Partindo desses pressupostos, identifiquei a necessidade de desenvolver uma pesquisa-ação, que permite a utilização da prática cotidiana de sala de aula para coletar e analisar os dados da pesquisa, tendo como sujeitos os meus alunos. O presente estudo tem como objetivo investigar como o livro didático pode ser utilizado de forma a fomentar a autonomia na aprendizagem do aluno. Para isso, busca identificar tipos de atividades fomentadoras de autonomia em um livro didático usado por alunos adultos de um curso livre de inglês, procura determinar condições de adaptação das atividades propostas no livro didático no sentido de fomentar a autonomia e analisar o efeito das atividades modificadas na autonomização dos alunos. Esta pesquisa é fundamentada em construtos teóricos sobre o material didático de ensino de inglês, sobre a dinâmica da sala de aula, abrangendo as atividades que nela estão incluídas, e sobre os conceitos de autonomia, compreendendo o papel do aluno autônomo e do professor na autonomização do aluno. Para isso, foi baseada em teóricos como Skierso (1991), Dickinson (1994), Richards (1994), Cunningsworth (1995), Scrivener (1998), Little (1999), Cotterall (2000), Graves (2000), Scharle e Szabó (2000), Benson (2001), Crookes e Chaudron (2001), Nunan (2001a, 2001b, 2005), Tomlinson e Masuhara (2005), Brown (2007), Harmer (2001, 2007), Magno e Silva (2003, 2008, 2009), entre outros. Dentre os autores consultados, destaco a utilização dos estudos realizados por Scharle e Szabó (2000) no sentido de me proporcionar meios para a identificação de atividades que podem contribuir para fomentar a autonomia do aluno. A análise dos dados permitiu concluir que é possível usar o livro didático como uma ferramenta a mais para fomentar a autonomia do aluno e que a forma como o professor utiliza esse livro é que irá determinar se e como isso irá acontecer. Mostrou ainda que as atividades substitutivas e implementadas em sala de aula e a avaliação dessas atividades pelos alunos contribuíram para que houvesse mudança no aluno quanto à sua própria aprendizagem, desenvolvimento de atitudes mais autônomas por parte dele, e manifestação do desejo de prosseguir com o processo de autonomização. Isso evidencia que é possível proporcionar ao aluno condições que favoreçam atitudes autônomas.

  • ROSA MARIA RAMOS BENTES
  • NARRATIVAS ORAIS: CULTURA E IDENTIDADE EM SANTA CRUZ DO ARARI
  • Data: 12/09/2012
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  • Este estudo, inserido no Projeto IFNOPAP (UFPA), apresenta os resultados de uma pesquisa em análise de narrativas orais do caboclo de Santa Cruz do Arari, que servem, simultaneamente, como fonte e transmissão do conhecimento empírico produzido pelo homem rústico e sua relação com o meio ambiente. Sob o título “Narrativas orais: cultura e identidade em Santa Cruz do Arari” buscam-se desvelar a teia simbólica que entrelaça aspectos ligados à sexualidade, à moralidade e à religiosidade ― preceitos ideológicos que consubstanciam a cultura e a memória constituintes da base identitária da sociedade, por conseguinte, presentes nas narrativas orais “Cobra Custódio”, “Boto-mirim” e “Bode Cheiroso”. O locus da pesquisa é o município de Santa Cruz do Arari, situado na ilha do Marajó. Essas narrativas foram analisadas sob as perspectivas dos seguintes teóricos: Gilbert Durand (1997), Mircea Eliade (1991), Walter Benjamin (1994), Paul Zumthor (1993), Ecléa Bosi (1994), Michael Pollak (1992), Paes Loureiro (1995) e Clifford Geertz(2011). Teóricos que nortearam o viés reflexivo desse estudo
  • IRIS DE FATIMA GUERREIRO BASTOS
  • QUANDO O GAUCHE ESTÁ FEELING BLUE: ESTUDO DAS TRADUÇÕES DE POEMAS DE DRUMMOND POR ELIZABETH BISHOP
  • Orientador : IZABELA GUIMARAES GUERRA LEAL
  • Data: 30/08/2012
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  • FRANCINETE DE JESUS PANTOJA QUARESMA
  • ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DO POVO INDÍGENA MẼBÊNGÔKRE
  • Data: 30/08/2012
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  • Nesta dissertacao descrevemos e analisamos livros didaticos do povo indigena Mẽbengokre, a fim de verificar o que se esta produzindo como manual didatico para as comunidades indigenas falantes dessa lingua. Esta pesquisa, de natureza bibliografica, apoiou-se nos referenciais teoricos da Sociolinguistica, da Linguistica Aplicada, da Linguistica Descritiva, da Linguistica Textual e da Educacao para analisar os dados. A dissertacao esta dividida em tres capitulos. O primeiro capitulo trata de questoes voltadas para os povos indigenas, tais como a formacao sociocultural dos Mẽbengokre, a sua referida lingua, a educacao escolar indigena e a formacao do professor indigena. O segundo capitulo aborda as questoes do letramento, distinguindo sociedades de culturas orais e de culturas escritas, discutindo a alfabetizacao e caracterizando os livros didaticos, em especial os manuais didaticos indigenas. O terceiro capitulo apresenta a descricao e analise dos livros didaticos Me Banho Pi'ok e Livro de Lingua Portuguesa. A analise dos dados revela que, apesar das varias mudanças ocorridas no cenario educacional indigena com a elaboracao de documentos legais que subsidiam a educacao escolar indigena e a producao de materiais didaticos, o tratamento dado a escrita nos livros didaticos indigenas produzidos na atualidade por professores indigenas, durante as oficinas de producao realizadas nos Cursos de Formacao de Professores Indigenas, pouco se difere do tratamento dado a escrita nas cartilhas produzidas pelo SIL, na decada de 1960.
  • GIZELIA MARIA DA SILVA FREITAS
  • O RETORNO NA PRODUÇÃO ESCRITA E SUAS INFLUÊNCIAS NA MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM DE INGLÊS
  • Data: 28/08/2012
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  • Pesquisas na área do ensino/aprendizagem da produção escrita em língua estrangeira têm envolvido os estudos sobre o erro apresentado por alunos, incluindo, geralmente, o como e por que fornecer correção a esses erros. Alguns sugerem que a correção desempenha papel tão importante quanto os erros, na aprendizagem, pois a forma como ela é feita pode beneficiar ou prejudicar o desenvolvimento de seus alunos. No intuito de investigar a(s) forma(s) como professores de língua inglesa fornecem a correção de erros escritos a seus alunos, assim como quais os efeitos dessa intervenção na motivação para aprender uma língua estrangeira é que nos propusemos desenvolver esta pesquisa. Para tanto, o referencial teórico utilizado baseia-se nas teorias sobre erro e retorno, escrita em segunda língua (L2) e motivação e retorno motivacional, em especial naquelas encontradas em Figueiredo (2001, 2005), Ferris (2004), Raimes (1991) e Dörnyei (2000-2011, 2001, 2010). A investigação é de caráter observatório não-participante, descritiva e se deu em uma turma do curso de Letras Língua Inglesa, da Universidade Federal do Pará, campus de Marabá. São sujeitos da pesquisa professores deste curso e um grupo de estudantes da graduação. Como instrumentos de coleta de dados, utilizamos observação de aulas, questionários e produção escrita dos alunos. Os resultados obtidos nos mostram que a maior parte dos movimentos corretivos partem do professor. No entanto, percebemos que, quando os alunos participam do processo, há uma maior aceitação, o que pode resultar em possíveis melhorias para a escrita e para a aprendizagem da L2 propriamente dita.
  • BRENO DE CAMPOS BELEM
  • ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM E AUTONOMIA NA PRODUÇÃO ORAL DOS ALUNOS DE LICENCIATURA INTENSIVA EM INGLÊS
  • Data: 27/08/2012
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  • O presente trabalho tem como objetivo averiguar de que forma os acadêmicos do curso de licenciatura em língua inglesa, em caráter intensivo do Campus de Altamira da Universidade Federal do Pará, apreendem práticas autônomas, utilizando as estratégias de aprendizagem para melhoria da prática oral. No retorno à academia, depois dos períodos sem aulas, os alunos relatam sentirem-se incapazes de participar efetivamente das aulas expondo suas ideias oralmente. Deste modo, a proposta desta pesquisa é atuar em prol de mudanças que levem a um aprimoramento das práticas de produção oral por meio da instrução das estratégias de aprendizagem. A metodologia utilizada é a pesquisa ação de abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por meio de narrativas, questionários e entrevistas semi-estruturadas. Participaram desta pesquisa oito de 24 alunos. Eles cursavam o segundo ano da graduação. A coleta de dados foi realizada nos períodos de julho e agosto de 2011 e janeiro e fevereiro de 2012. Os resultados mostraram que a instrução das estratégias foi relevante para que os alunos se tornassem mais conscientes e mais proficientes na prática da oralidade durante e após o período sem aulas. Além disso, alguns alunos passaram a utilizar outras estratégias de maneira autônoma. Alguns deles também passaram a ensiná-las a outros aprendentes. Outros alunos continuaram utilizando as mesmas estratégias anteriores à instrução.
  • PRISCILA SOUZA DE LIRA
  • CONSAGRAÇÃO E INFÂMIA: A RECEPÇÃO CRÍTICA DA DRAMATURGIA DE GONÇALVES DIAS

  • Data: 16/08/2012
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  • O presente trabalho visou estudar aspectos fundamentais da recepção crítica da obra dramática de Gonçalves Dias. Para isso buscou-se, em primeiro lugar, compreender o lugar da obra dramática do autor em sua produção literária considerando-se algumas críticas ao poeta publicadas em periódicos, revistas e em obras pertencentes à historiografia literária do século XIX e XX. Em segundo lugar, buscou-se compreender o lugar da produção dramática do autor por meio da análise de sua correspondência ativa.

  • KEIFER ELEUTERIO RODRIGUES
  • A AVALIAÇÃO FORMATIVA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS: O PROCEDIMENTO WEBQUEST E ANÁLISE
  • Data: 19/07/2012
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  • A presente dissertação aborda o tema da utilização da Internet no ensino/aprendizagem de língua materna, mais especificamente o uso do procedimento tecnológico Webquest, como recurso didático-pedagógico que auxilia tanto os processos de ensino e aprendizagem quanto os de avaliação e visa a otimizar a apropriação de competências linguageiras por parte do aluno. Para fundamentar a inserção das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação no ensino-aprendizagem da língua materna, realiza-se, a princípio, uma reflexão em torno do quadro teórico-metodológico que vem sendo proposto pelos estudiosos da Didática das Línguas e pelos PCNs para a língua materna. Nessa reflexão, enfocam-se os princípios da abordagem interacional de ensino-aprendizagem de línguas e da modalidade formativa de avaliação, mostrando sua relevância para um trabalho fecundo em sala de aula. Em seguida, unem-se a estes fundamentos, os estudos desenvolvidos pela Tecnologia Educacional, que tratam do uso do computador como recurso educativo, destacando-se o pensamento construtivista como base teórica que orienta esta prática. Neste contexto, define-se mais especificamente a metodologia de pesquisa Webquest, que pode se utilizar da Internet para favorecer a interação do aluno com variadas informações, pessoas e para lidar com a língua em seu uso real, contextualizado dentro das práticas sócio-comunicativas. Com base nesse tripé teórico, analisam-se sete Webquests produzidas por graduandos do Curso de Letras da Universidade Federal do Pará, objetivando-se verificar se essa metodologia se coaduna com as concepções da abordagem interacional de ensino/aprendizagem da língua materna, bem como da avaliação formativa, favorecendo procedimentos (auto) avaliativos e de (auto) regulação da aprendizagem indispensáveis ao desenvolvimento das competências linguageiras na produção escrita. Nesta análise documental, realizada na perspectiva da pesquisa qualitativa, propõe-se, como objetivo principal, contribuir para a inserção do procedimento tecnológico Webquest em práticas produtivas de ensino-aprendizagem de língua materna, de forma a fundamentar o emprego deste instrumento, em princípios interacionais e formadores.
  • RENATA DOS SANTOS LAMEIRA DOS SANTOS
  • OS INSTRUMENTOS FORMATIVOS NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA ESCRITA
  • Data: 12/07/2012
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  • O presente estudo versa sobre os instrumentos formativos e os processos de regulação na aprendizagem da produção escrita, em Português como língua materna. Inscreve-se na perspectiva da avaliação formativa de orientação francófona, que se focaliza nos processos de regulação e de autoavaliação, com a finalidade principal de favorecer a aprendizagem, de maneira que os próprios aprendentes possam detectar suas dificuldades e, a partir das atividades de análise propostas, desenvolver instrumentos para superá-las. Articula-se esta concepção da avaliação com os pressupostos de uma abordagem interacionista do ensino/aprendizagem de língua materna que visa, mediante atividades de linguagem significativas, promover a reflexão sobre o uso da língua e o desenvolvimento das competências discursivas. Neste contexto, relata-se um projeto de escrita de contos fantásticos, realizado em uma turma do 7º ano do ensino fundamental, no âmbito de uma pesquisa-ação, metodologia essa que permite a todos os participantes – professores e alunos – serem sujeitos mais efetivos na construção do conhecimento. No desenvolvimento do projeto de escrita adotou-se o procedimento Sequência Didática, tal como modelizado por Schneuwly e Dolz (2004), uma vez que tal procedimento se coaduna plenamente com os princípios da avaliação formativa. Ao longo da sequência foram sendo elaborados pelos participantes alguns instrumentos (listas, fichas...) com vistas à regulação dos contos produzidos e à progressiva apropriação das características do gênero em foco. Analisa-se aqui o processo de construção desses instrumentos formativos, sua utilização pelos aprendentes e os efeitos proporcionados na regulação da aprendizagem. Conclui-se que o uso de instrumentos formativos bem como a própria elaboração desses instrumentos contribuem para a aprendizagem da escrita, permitindo claramente a apropriação de critérios que haviam sido objeto de estudo, fazendo-se, no entanto, uma ressalva à necessidade de haver uma clara articulação dos instrumentos com o modelo didático elaborado no planejamento da sequência de atividades.
  • MARCELO PIRES DIAS
  • AS VOGAIS MÉDIAS PRÊTÔNICAS NAS CAPITAIS DA REGIÃO NORTE

  • Data: 26/06/2012
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  • A presente dissertação tem por objetivo descrever o comportamento das vogais médias
    pretônicas <e> e <o> com base no falar de informantes de seis capitais da região Norte do
    Brasil, a saber: Belém-PA, Manaus-AM, Rio Branco-AC, Macapá-AP, Porto Velho-RR e Boa
    Vista-RO. A pesquisa se justifica pela importância de se descrever a variedade do português
    brasileiro falado na Amazônia brasileira e por contribuir para descrição linguística do
    português brasileiro (PB). Foram usados dados dos questionários fonético-fonológico (QFF) e
    semântico-lexical (QSL), instrumentos de coleta dos dados do Atlas Linguístico do Brasil
    (ALiB). Os dados foram transcritos a partir do uso do Transcriber e, em seguida, submetidos
    ao uso do programa de regra variável Varbrul que forneceu os pesos relativos úteis para a
    análise e reflexão linguística variacionista. Os grupos de fatores instituídos para a descrição e
    análise linguística do comportamento das médias pretônicas foram os seguintes: natureza da
    vogal tônica, distância entre a vogal tônica e pretônica, segmento do onset da pretônica,
    segmento do onset da sílaba seguinte, sexo, escolaridade, faixa etária e procedência do
    informante. Foram encontradas as variantes [i], [e] e [ɛ] para variável <e>. Para <o>
    encontrou-se [u], [o] e [ɔ]. Os resultados apontam [e] e [o] como as variantes mais frequentes
    no falar do Norte do país.

  • BETANIA ROCHA DE SOUSA
  • Aprendentes idosas e produção textual escrita: uma sequência didática em contexto de educação emancipatória

  • Data: 20/06/2012
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  • O presente trabalho relata e analisa uma pesquisa-ação, realizada em uma turma de 2ª etapa do Grupo de Educação na Terceira Idade (GETI), programa de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA). O GETI desenvolve ações socioeducativas direcionadas ao público idoso, no Campus Universitário de Castanhal, tendo como fundamentação teórica a concepção da educação emancipatória de Paulo Freire. A pesquisa-ação focaliza-se no ensino/aprendizagem da produção de textos escritos em turmas de pessoas idosas, em sua maioria afastadas dos espaços formais de escolarização por décadas. Com base nessa experiência, pretende-se ampliar a reflexão didática relacionada a este público, tendo por objetivo geral contribuir para a construção de uma base didático-metodológica para o ensino e a aprendizagem do português como língua materna para o público de aprendentes idosos. Mais especificamente busca-se: a) testar a hipótese de que o dispositivo da Sequência Didática coaduna-se perfeitamente com os pressupostos pedagógicos freireanos, ao favorecer o desenvolvimento da capacidade reflexiva e, portanto, da autonomia dos aprendentes na aprendizagem do Português; b) construir uma proposta de produção escrita congruente com pressupostos de educação emancipatória; c) experimentar e analisar atividades elaboradas para verificar se as mesmas contribuem efetivamente para que os aprendentes idosos desenvolvam sua competência de produção escrita. A abordagem teórica deste estudo desdobra-se em quatro pilares: 1) educação emancipatória (FREIRE, 1983, 1987, 1996), que visa educar para a cidadania; 2) envelhecimento humano como um processo natural da vida, cuja compreensão não elimina a visão de um sujeito ativo e potencialmente capaz (NERI; FREIRE, 2000; BOSI, 1994); 3) abordagem interacional de ensino-aprendizagem de língua (GERALDI, 2004, 2006; ANTUNES, 2006, 2009); 4) avaliação formativa (AMARAL, 2008; CUNHA, 1992, 2008) como dispositivo de ensino-aprendizagem adequado às exigências da atividade redacional e ao desenvolvimento de um sujeito da aprendizagem autônomo. A metodologia da pesquisa-ação, escolhida para desenvolver o estudo, inscreve-se no paradigma qualitativo e visa ao envolvimento das participantes na construção da competência almejada – a escrita de textos pertencentes ao gênero receita culinária – e na realização de um projeto de comunicação – a venda de uma coletânea de receitas no seminário anual do Programa GETI –. Além das atividades e dos materiais utilizados em sala de aula, os procedimentos instrumentais que viabilizaram a geração de dados foram a observação participativa, com notas em diário de campo, e entrevistas semiestruturadas realizadas com as aprendentes. A análise dos dados mostra claramente a validade da hipótese, tanto no que diz respeito à atitude das aprendentes, que passaram a assumir-se como sujeitos de sua aprendizagem e de seu dizer, quanto no que diz respeito à elevação qualitativa de sua produção escrita.

  • FRANCISCO ARIMIR ALVES CUNHA FILHO
  • DESENVOLVENDO COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA EM LÍNGUA PORTUGUESA: O PROCEDIMENTO FORMATIVO SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM ANÁLISE
  • Data: 20/06/2012
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  • O procedimento formativo Sequência Didática, sistematizado pelos pesquisadores em Didática do Francês da Universidade de Genebra, tem recebido grande atenção no meio acadêmico, enquanto dispositivo didático para a produção textual em Português Língua Materna, visando à apropriação dos gêneros orais e escritos. Considerando-se que a competência linguística é um componente incontornável da competência comunicativa e que seu desenvolvimento não ocorre pelo estudo da terminologia gramatical, o presente trabalho tem por objetivo geral contribuir para a compreensão do modo como pode ser desenvolvida a competência linguística na perspectiva da renovação do ensino/aprendizagem do Português como língua materna. Mais especificamente, pretende-se: identificar como este problema tem sido enfrentado pelos docentes que realizam uma Sequência Didática e qual o espaço para o desenvolvimento de competência linguística nessas sequências; avaliar a coerência do encaminhamento dado pelos pesquisadores, no tratamento da dimensão linguística, em relação aos pressupostos teóricos que embasam o dispositivo, em particular no que diz respeito a sua natureza formativa; depreender características de um ensino linguístico produtivo. Para tanto, foi realizada uma pesquisa documental abrangendo quinze documentos acadêmicos, na forma de dissertações de mestrado e teses de doutorado que desenvolveram uma pesquisa-ação com Sequência Didática. Busca-se entender nestas produções como foram conduzidas as ações didáticas nos módulos dedicados ao tratamento de problemas mais especificamente linguísticos, observando se, de fato, os autores da pesquisa fizeram valer os pressupostos teóricos que sustentam o procedimento Sequência Didática e as indicações procedimentais de seus idealizadores. A análise assenta-se nos referenciais teóricos que embasam a Sequência Didática, bem como o conceito de competência comunicativa, a fim de situar a competência linguística em relação a esta, com base nos modelos de Hymes (1979), Canale e Swain (1980) e do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECR) (CONSELHO DA EUROPA, 2001). Além disso, foi estabelecido um diálogo entre os conceitos de atividade linguística e atividades reflexivas em língua materna e a Avaliação Formativa da aprendizagem que podem dar conta da dinâmica do trabalho que se desenvolve ao se empreender uma Sequência Didática dentro do modelo da escola de Genebra. Chega-se à conclusão de que os pesquisadores, na estruturação da Sequência Didática, em geral, seguem os indicativos teóricos para o desenvolvimento de competência linguística, porém a condução do processo didático não ocorre de maneira homogênea, o que permite flagrar elementos da tradição gramatical mesclados a elementos da renovação no ensino/aprendizagem da língua materna.
  • ALINE BATISTA RODRIGUES
  • SUBJETIVIDADE E AUTORIA: A REESCRITA ACADÊMICA PÓS-INTERVENÇÃO DO ORIENTADOR

  • Data: 06/06/2012
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  • Considerando o conceito de subjetividade como a relação que o sujeito empreende com o eu e com Outro, e autoria como resultado possível do trabalho que o sujeito empreende ao dialogar com o outro reescrevendo seu texto, busco neste trabalho analisar como se constroem trabalhos acadêmicos por meio das intervenções do orientador em versões sucessivas do texto. Parti da hipótese de que a maneira como o orientador intervém no texto do aluno é um dos fatores que indicam se este deve incorporar a intervenção do professor tomando a escrita deste para si, ou se deve retroagir promovendo outras reflexões, além das sugeridas pelo professor, distanciando-se de voz deste. É a maneira como o aluno trabalha sua reescrita que revela como ele constrói sua subjetividade e compõe o processo de autoria em seus textos. Este trabalho pauta-se em uma concepção de sujeito baseada em elementos da terceira fase da Análise do Discurso francesa, em especial nos estudos de Bakhtin e Authier-Revuz, e da Psicanálise lacaniana. No que concerne à concepção de autoria, este trabalho está embasado nos estudos de Possenti sobre como ocorre o processo autoral através dos movimentos de escrita e reescrita. Tomei como corpus de análise os seguintes trabalhos acadêmicos: artigo, relatório, resenha, trabalho de conclusão de curso, dissertação de mestrado etc, mas escolhi para exemplificar minha análise dois trabalhos de conclusão de curso (tcc) de duas alunas da Universidade Federal do Pará (UFPA). Esta pesquisa visa contribuir para a reflexão de como é trabalhada a escrita universitária, bem como observar como o aluno trabalha sua subjetividade em relação ao Outro e de como esta, através da reescrita, influencia para que um trabalho seja considerado autoral ou não autoral.

  • MARIA DE JESUS NASCIMENTO QUARESMA
  • TERMINOLOGIA DA CARPINTARIA NAVAL DE ABAETETUBA – PA
  • Data: 29/05/2012
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  • O trabalho que a seguir se apresenta tem como principal enfoque os termos utilizados pelos profissionais da carpintaria naval, desenvolvida em Abaetetuba/PA. Na elaboração do glossário, considerou-se um corpus proveniente do discurso oral de 20 construtores navais artesanais, no qual se buscou identificar a ocorrência de variantes terminológicas. Na extração das unidades terminológicas e a organização do glossário contou-se com o auxílio das ferramentas computacionais WordSmith Tools e Lexique Pro. O glossário apresenta 310 verbetes distribuídos em 04 campos semânticos, a saber: pré-fabricação, edificação, acabamento e produtos. A contemplação da temática justifica-se pelo fato de a carpintaria naval apresentar relevância socioeconômica para o município, assim como pela necessidade de organização e documentação dos termos provenientes desse domínio profissional. Os métodos da pesquisa seguiram os princípios da Socioterminologia, abordagem que considera o termo sob a perspectiva linguística da interação social. Assim, os postulados teórico-metodológicos da Socioterminologia sustentaram a descrição das unidades terminológicas e possibilitaram categorizar as variantes encontradas no corpus pesquisado, em lexicais morfológicas e sintáticas. Os dados linguísticos encontrados demonstraram que as unidades terminológicas da carpintaria naval são passíveis de variações e, portanto responsáveis por uma nova leitura da terminologia, uma vez que deixa de ser possível considerar o termo como uma unidade unívoca de significado. Neste sentido, com a elaboração deste trabalho buscam-se oferecer informações organizadas a pesquisadores, docentes e discentes, como também, aos interessados pelo léxico especializado da atividade profissional pesquisada.
  • ELIANE OLIVEIRA DA COSTA
  • GLOSSÁRIO DA CERÂMICA ARTESANAL DO DISTRITO DE ICOARACI (BELÉM/PA)
  • Data: 29/05/2012
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  • O presente trabalho consiste em um estudo sobre a terminologia utilizada na produção de cerâmica artesanal no Distrito de Icoaraci (Belém/PA). Trata-se de uma pesquisa que teve como objetivo principal organizar, com base nos princípios teórico-metodológicos da Socioterminologia, conforme Gaudin (1993) e Faulstich (1990, 1995, 1996, 1998, 2009 e 2010), um glossário socioterminológico dessa atividade, a partir da delimitação de sete campos semânticos, a saber: extração da argila, beneficiamento, confecção da peça, queima, decoração, pintura e comercialização. A escolha desse tema justifica-se no âmbito do projeto Terminologia e Socioterminologia (SocioTerm), que busca descrever e documentar o léxico de atividades de grande importância social, cultural e econômica no Estado do Pará, o que contribui para o conhecimento e para a preservação do léxico do português paraense. A coleta de dados foi realizada in loco, sendo o corpus desta pesquisa constituído por 13 entrevistas feitas com os profissionais da cerâmica. O trabalho utilizou os softwares computacionais Transana (versão 2.12), WordSmith Tools (versão 5.0) e Lexique Pró (versão 3.5) no manuseio dos dados, tendo em vista o que cada um deles pode proporcionar a estudos desta natureza. O desenvolvimento desta pesquisa resultou num glossário composto por 463 entradas, sendo 324 termos e 139 variantes. Espera-se que ele seja útil à comunidade do Paracuri em geral e também aos pesquisadores de outras áreas do conhecimento que tomam o universo da cerâmica icoaraciense como campo de investigação.
  • REGIS JOSE DA CUNHA GUEDES
  • ESTUDO GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DA VARIAÇÃO LEXICAL NA ZONA RURAL DO ESTADO DO PARÁ

  • Data: 28/05/2012
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  • Este estudo tem por objetivo principal mapear uma parcela do corpus coletado por pesquisadores do projeto GeoLinTerm para a elaboração do Atlas Geossociolinguístico do Pará (ALIPA) no intento de projetar imagens prévias desse, no que se refere à variação lexical na zona rural do Estado. Para tanto, foram cartografados dados de doze municípios, sendo dois de cada uma das seis mesorregiões paraenses, quais sejam: Santarém e Oriximiná (Mesorregião do Baixo Amazonas); Anajás e Breves (Mesorregião do Marajó); Castanhal e Santo Antônio do Tauá (Mesorregião Metropolitana de Belém); Abaetetuba e Bragança (Mesorregião Nordeste); Altamira e Itaituba (Mesorregião Sudoeste); e Conceição do Araguaia e Redenção (Mesorregião Sudeste). Foram adotados os pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia e da Geografia Linguística, essas que, com o advento da Sociolinguística Labovina, passaram a controlar variantes sociais, como: sexo, idade, escolaridade dos informantes, além da variante geográfica tradicionalmente estudada, o que resultou no que se entende hoje por multidimensionalidade nos atlas linguísticos. Os dados foram selecionados, transcritos foneticamente, cartografados e discutidos. As análises foram realizadas no intuito de dar conta das dimensões diatópica, diagenérica e diageracional da variação ocorrida na fala dos informantes. Tratando as lexias cartografadas em cada carta lexical, foi realizado um levantamento do registro dessas lexias em dicionários de língua portuguesa e em outros estudos dialetológicos. Além disso, as variantes sociais são quantificadas em gráficos que demonstram as porcentagens de ocorrências das lexias mais recorrentes em cada carta. Como resultados obtivemos a produção de cinquenta cartas lexicais, dentre as quais, foram selecionadas as trinta mais produtivas do ponto de vista da variação lexical para serem apresentadas e discutidas neste trabalho. Observou-se que, em linhas gerais, se tomarmos o critério da predominância, os dados cartografados se organizam em agrupamentos lexicais de três tipos, formados a partir da distribuição geolinguística das lexias nos pontos de inquérito.

  • SILVIA HELENA BENCHIMOL BARROS
  • EMERGÊNCIA DE COMPORTAMENTOS AUTÔNOMOS NA APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA A PARTIR DA INTEFACE DA CONSCIÊNCIA LINGUAGEIRA E DA MOTIVAÇÃO BELÉM

  • Data: 25/05/2012
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  • Esta pesquisa situa-se entre os estudos da Consciência Linguageira e a
    formação de comportamentos autônomos com influência do fator motivacional em
    aprendentes do Inglês como língua estrangeira. Considerando a relevância da
    explicitude dos insumos complexos e da Consciência Linguageira na instrução,
    observei que, ao utilizar esses princípios, o docente pode favorecer em seus
    aprendentes a formação de comportamentos que os levem a um maior controle de
    sua própria aprendizagem. Desta forma, o presente estudo tem como objetivos
    verificar a correlação entre Consciência Linguageira, autonomização e motivação
    como aspecto subliminar. O embasamento teórico deste estudo respalda-se
    essencialmente nas contribuições de Little (1997), Flavell (1976), Donmall (1991),
    Hawkings (2001), James; Garret (1991), Benson (2001), Rutherford (1987) e Van
    Lier (1991). Concomitantemente à investigação bibliográfica foi desenvolvida uma
    pesquisa - ação a fim de compreender o processo de apropriação do insumo pelo
    aprendente adulto, formulando hipóteses e valorizando o contexto dinâmico da sala
    de aula para intervir na melhoria da aprendizagem. A observação e a coleta de dados
    ocorreram em uma turma do 6º nível de língua inglesa, dos Cursos Livres de
    Línguas Estrangeiras, da Universidade Federal do Pará. Os dados procedentes das
    entrevistas, questionários, observações e atividades de foco na forma demonstraram
    que diante de situações em que o insumo linguístico apresentava maior
    complexidade, as produções orais e escritas ficavam comprometidas e havia menor
    participação dos aprendentes nas atividades de conversação. Observei ainda, que as
    atividades de Foco na Forma, a explicitude e as reflexões conduzidas por meio de
    metalinguagem aproximaram os alunos da solução de dificuldades ante os insumos
    complexos, e os motivaram a buscar, autonomamente, diferentes alternativas de
    aprendizagem. Os dados foram cruzados para as análises a respeito das implicações
    da Consciência Linguageira no desenvolvimento de comportamentos autônomos e da
    motivação sobre o desempenho dos aprendentes, permitindo uma reflexão relativa ao
    tema e aos insights significativos para a solução de problemas oriundos da
    imprevisibilidade do contexto em sala de aula.

  • EDIRNELIS MORAES DOS SANTOS
  • A heterogeneidade linguístico-cultural em foco no ensino-aprendizagem da produção oral em português como língua estrangeira
  • Data: 25/05/2012
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  • Impulsionados pelo expressivo aumento da visibilidade do Brasil no exterior, muitos profissionais e estudantes estrangeiros têm procurado por cursos de Português Língua Estrangeira (PLE). Os professores que atuam na área de PLE deparam-se com turmas que são heterogêneas não só quanto às nacionalidades, mas também quanto às línguas‐culturas. Eles encontram dificuldades para achar materiais que possibilitem o trabalho com este público heterogêneo. Nesta dissertação, visamos contribuir para o aperfeiçoamento das práticas de sala de aula, notadamente as que concernem à produção oral em turmas heterogêneas do ponto de vista linguístico- cultural. Procuramos mostrar como se pode desenvolver o trabalho da produção oral em contexto heterogêneo. Para isso, apoiamo-nos nos pressupostos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (Teoria dos Gêneros, modelo de Sequência Didática) e do ensino-aprendizagem de línguas baseado em Tarefas. Metodologicamente, adotamos a pesquisa-ação, descrevemos os sujeitos, o locus, os instrumentos de coleta, de seleção e o foco de análise dos dados da pesquisa. Analisamos a primeira parte da tarefa e da sequência didática elaboradas para mostrar em que medida colocar em foco a heterogeneidade linguístico-cultural pode favorecer a interação visando à compreensão das diferentes línguas culturas. Os resultados mostram que esse tipo de intervenção didática favorece tanto o desenvolvimento da produção oral, quanto a compreensão dos aprendentes e os leva a aceitarem as diferenças linguístico-culturais.
  • THIAGO GONCALVES SOUZA
  • ARTE, REALIDADE: A CONSTRUÇÃO FICCIONAL E O REALISMO DALCIDIANO EM MARAJÓ E BELÉM DO GRÃO-PARÁ

  • Data: 02/05/2012
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  • O escritor Dalcídio Jurandir, autor de uma profusa produção literária, enfeixada em onze romances, não restringiu, porém, sua atividade ao universo ficcional, tendo contribuído ativamente em diversos periódicos, principalmente de orientação comunista, por um período de cerca de vinte anos, dos anos 30, quando ainda residia em Belém, capital do estado do Pará, aos anos 50, já estabelecido no Rio de Janeiro, para onde se transportara no início da década de 40, a fim de dar continuidade à carreira literária. Essa volumosa produção periódica engloba uma gama de gêneros, como a crônica, a reportagem, o artigo e a crítica literária. Este trabalho se debruça sobre uma série de textos veiculados pelo periódico Imprensa Popular na década de 50, com particular atenção a três deles, intitulados Romances, Romance, realidade e história e A realidade histórica no romance, todos de 1954, nos quais o romancista-crítico se ocupa, dentre outros títulos, de Os Subterrâneos da Liberdade, lançados por Jorge Amado naquele mesmo ano. Nos textos, Dalcídio Jurandir, analisando o que seriam impropriedades do trabalho de Amado com o dado histórico, enceta uma discussão sobre a relação entre a História e o Romance e chega à consideração do realismo socialista e sua introdução no meio literário nacional, mostrando-se, ainda que de modo sutil, reticente com relação à validade do estilo soviético como meio de representação das problemáticas da realidade brasileira. Averiguada a dificuldade em alinhar o pensamento de Dalcídio Jurandir sobre o romance com as diretrizes do realismo socialista, o trabalho foi conduzido no sentido de depreender, pela análise de dois romances seus, Marajó (1947) e Belém do Grão-Pará (1960), a especificidade da construção artística do autor, a qual, se se esquiva do realismo socialista, não abre mão da intenção realística da representação literária, valor que norteia seu plano estético. Na investigação dessa especificidade, foram salientados os usos de elementos tradicionais dos contos maravilhosos (rei, príncipe, Borralheira, em Marajó; os Três Porquinhos, em Belém do Grão-Pará), subvertidos e desconstruídos com o intuito de atingir uma representação crítica das dinâmicas sociais e, então, uma imagem das próprias transformações históricas em sua complexidade e tragicidade, segundo a visão marxista do desenvolvimento histórico, compartilhada pelo autor.

  • MARCELO PEREIRA BRASIL
  • SILÊNCIOSAS NARRATIVAS EM IMAGEM-TEMPO: JOÃO GILBERTO NOLL, ESVAZIAMENTO DISCURSIVO E CINEMA MODERNO
  • Data: 30/04/2012
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  • Este trabalho consiste num exercício de leitura da narrativa literária do escritor brasileiro João Gilberto Noll, promovendo uma aproximação de sua obra ao conceito de imagem-tempo, do filósofo Gilles Deleuze, no tocante a aspectos narrativos e à tendência ao esvaziamento discursivo, ao silêncio, enquanto elemento significativo na produção artística e tendência na arte moderna. O conceito imagem-tempo foi engendrado pelo filósofo francês para pensar o cinema moderno, que se perfaz num regime de imagens que rompe com a narratividade clássica, com a percepção baseada no esquema sensório-motor. Neste trabalho, no entanto, o conceito é pensado em relação à obra literária de João Gilberto Noll, que guarda forte relação com o cinema moderno e se nos apresenta em fragmentada tessitura imagética, tendendo ao esvaziamento discursivo. Assim, tendo como ponto de reflexão a obra de Noll, buscamos discutir como a imagem-tempo e o silêncio compõem a obra do escritor. Após apresentação e discussão do conceito de imagem-tempo e de silêncio, procedemos a uma leitura de pontos significativos da obra ficcional de Noll, ensaiando uma relação entre cinema, literatura e outras artes no que concerne basicamente à produção de imagens numa determinada forma narrativa, bem como às implicações dessas formas para o pensamento. Por uma questão de economia estratégica, para a formação de um recorte de expressão Significativa da produção do escritor, suas obras diretamente consideradas neste trabalho são Hotel Atlântico (1989) e O quieto animal da esquina(1991). Pretende-se com essa relação (1) propor alguns caminhos interpretativos para a obra de Noll e (2) investigar como a produção narrativa moderna, sobretudo a que se aproxima do conceito de imagem-tempo, constituída de forte apelo visual, que se perfaz na produção de imagens ambíguas, de narrativas descontínuas, de protagonistas errantes, tende a esse esvaziamento discursivo, ao silêncio.
  • PAULO JOSE VALENTE BARATA
  • ENCARNAÇÃO: O 'BASTARDINHO' LIRTERÁRIO DE JOSÉ DE ALENCAR

  • Data: 28/04/2012
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  • Esse trabalho revisita o romance Encarnação (1877), de José de Alencar, na busca de
    uma leitura que destaque as suas características, estilo e temas abordados; por
    percebermos sutis diferenças entre o referido romance, último de sua extensa obra, e os
    que o antecederam. Tais diferenças, em certa medida, relegam ao romance um
    tratamento diferenciado pela crítica que (quase) o exclui de seu discurso. Desse modo,
    voltamos à produção romanesca de José de Alencar e ao modo como a crítica literária o
    recepcionou, retratando, ainda, o lugar no cânone brasileiro que ocupa o romancista

  • INGRED DE LOURDES PEREIRA
  • ESTILO E LINGUAGEM NA RECEPÇÃO CRÍTICA DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS
  • Data: 27/04/2012
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  • Este estudo pretende examinar a recepcao critica voltada para a analise dos aspectos estilisticos e linguisticos da obra de Joao Guimaraes Rosa (1908-1967). Na decada de 1950, durante seu auge, a teoria estilistica, principalmente a de origem espanhola, exerceu grande influencia sobre critica literaria brasileira. Este evento coincidiu com o impacto do lancamento de duas das mais importantes obras do ficcionista mineiro, Grande sertão: veredas (1956) e Corpo de baile (1956), em grande parte devido a linguagem, que e um amalgama de popular e erudito e detentora de grande poder de sugestao. Como fruto deste acaso, no mesmo horizonte da obra, surgiram os estudos que formaram a primeira recepcao e, entre estes, os que se dedicaram a analisar os diferentes recursos utilizados por Guimaraes Rosa para compor o seu sertao-linguagem, o que justifica a adocao da Estilistica como metodo. Inseridos nesta corrente critica estao os trabalhos que nos servirao de objeto de analise, a exemplo da critica pioneira de Cavalcanti Proenca (1905-1966), Trilhas no Grande Sertão (1958), e de trabalhos de outros estudiosos, como Oswaldino Marques (1916-2003), sobre Sagarana e outras publicacoes dispersas, e da professora norte-americana Mary L. Daniel (1936). Estes estudos, embora sejam discutiveis do ponto de vista metodologico, conforme sera observado, tornaram-se pecas incontornaveis dentro da fortuna critica rosiana por sua contribuicao a elucidacao da obra. Um indicativo disso e a existencia de trabalhos mais recentes que ainda ventilam categorias consideradas pela Estilistica como o lexico, que surge em estudos de Nei Leandro de Castro e Nilce Sant’Anna Martins. Como método utilizado nesta dissertacao de Mestrado, lanca-se mao da hermeneutica literaria formulada por Hans Robert Jauss (1921-1997) com o objetivo de analisar a recepcao critica de uma abordagem especifica, a Estilistica, e destacar sua relevancia para a compreensao da obra de Guimaraes Rosa no periodo imediato a publicacao, assim como propor uma confrontação desta recepcao com estudos posteriores que se balizam no mesmo campo de analise. Igualmente, objetiva-se evidenciar a importancia do leitor para a (res) significacao do material ficcional, aqui representado pelo critico literario, um leitor diferenciado capaz de oferecer propostas interpretativas e guiar a leitura dos leitores comuns.
  • GERSON DE SOUSA MENDONÇA
  • MARAJÓ: A REPRESENTAÇÃO ESTÉTICA DO PENSAMENTO DE DALCÍDIO JURANDIR

  • Data: 26/04/2012
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  • Dalcídio Jurandir, natural de Ponta de Pedras (Pará), empreendeu uma jornada literária em que apresenta muitos aspectos da vida sócio-cultual do arquipélago marajoara, de Belém, capital paraense, e do Baixo-Amazonas, ao longo do aprofundado Ciclo do Extremo Norte. Deste Ciclo, tem-se como objeto de estudo, a obra Marajó (vista, aparentemente, fora da trajetória de vida de Alfredo, personagem presente nos outros nove romances, exceto nesta obra), cujas ações se passam nas primeiras décadas do século XX e onde estão presentes variados aspectos da cultura amazônica. O objetivo deste trabalho é mostrar primeiramente Dalcídio Jurandir, enquanto jornalista crítico e ético, comprometido com a realidade espaço-temporal da Ilha do Marajó, seu arquipélago natal, em reportagens para jornais e revistas, a correlação de alguns artigos com trechos do romance; o espaço ocupado por ele no panorama atual da literatura brasileira, e, em seguida, fazer a análise da obra Marajó, sob o prisma da ética e, principalmente, da estética, envolvendo a linguagem, o social e a inclusão de várias histórias paralelas como elementos de composição do romance, utilizando-se, para tanto, como referencial teórico os estudos de autores como Alfredo Bosi, Afrânio Coutinho, Marli Furtado, Junito Brandão, Massaud Moisés, entre outros.

  • WANESSA REGINA PAIVA DA SILVA
  • PÁGINAS DA CRÍTICA NO SUPLEMENTO ARTE LITERATURA: O ROMANCE SOCIAL NO DEBATE DAS TENDÊNCIAS LITERÁRIAS NA DÉCADA DE 40

  • Data: 26/04/2012
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  • O que define a crítica literária? Quais são os critérios eleitos por ela para embasar suas
    avaliações? A crítica desde seu surgimento foi diversificando seus aparatos de leitura
    acompanhando as mudanças culturais através dos tempos. Entendendo que os modos de
    avaliação da crítica literária não são estanques e são perpassados por intenções, voltamos
    nosso estudo para um período de nossa literatura em que se configuraram novas diretrizes
    estéticas divergentes daquelas que até então eram exercidas. Ao retomar as leituras realizadas
    pelos críticos dos anos 40 sobre as produções da geração de 30, reunidas sob o epíteto social/
    regional, especificamente, sobre as obras dos autores Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz,
    José Lins do Rego e Jorge Amado, pudemos observar que suas avaliações se construíram
    tendo em vista a desautorização dos valores artísticos da década anterior e a consolidação dos
    novos pressupostos, os quais podem ter sido fundamentais para criar sobre autores e suas
    produções estereótipos que ainda hoje se fazem presentes no imaginário acadêmico. Resgatar
    essa discussão no veículo no qual se deu, em nosso caso, no Suplemento Arte Literatura do
    jornal Folha do Norte, nos permitiu uma compreensão mais ampla a respeito dessa época em
    sua configuração complexa, na qual vários atores da esfera literária se movimentaram em
    torno de um interesse comum: renovar a produção nacional por meio da superação de
    tendências consideradas esgotadas.

  • IRIS DE FATIMA LIMA BARBOSA
  • VERSOS MODERNOS... A PAISAGEM AMAZÔNICA NO IMAGINÁRIO POÉTICO DE ADALCINDA CAMARÃO

  • Data: 20/04/2012
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  • Este estudo propõe a análise temática de alguns poemas da poeta paraense Adalcinda Magno Camarão Luxardo (1915-2005), levando em consideração os aspectos do imaginário e os elementos, imagens, símbolos e espaço, inseridos e refletidos em suas produções poéticas. A escritora nasceu na cidade de Muaná, na Ilha do Marajó-Pa, e se inseriu no cenário cultural literário paraense como uma das poucas mulheres que militaram no universo da arte durante este período, quando ainda normalista, passou a fazer parte dos grupos de estudantes que lutavam em frentes literárias. Importante é dizer que a autora contribuiu com revistas literárias que circulavam na sociedade belemense na primeira metade do século XX – Guajarina, A Semana e Amazônia –, que ajudaram a difundir sua habilidade poética, além de escrever para os jornais O diário e a Província, o que demonstra sua inserção e importância na cena literária daquele momento, nos auspícios da constituição de um movimento literário local. Portanto, esta pesquisa encontra-se voltada para a análise dos poemas de Adalcinda que deixam transparecer as relações de imaginário, imagens, símbolos e espaço, procurando fazer analogias com autores como: Gilbert Durand (1997), François Laplantine e Liana Trindade (1997), em um panorama com base antropológica; Gaston Bachelard (2008), com suas considerações sobre o espaço poético; e Milton Santos (2006), no que se refere à ideia de paisagem, situando ainda as visões fenomenológicas acerca desses temas através de Sartre (1996).

  • FLAVIO REGINALDO PIMENTEL
  • MEMÓRIA E MIGRAÇÃO PRESENTES EM NARRATIVAS ORAIS DE MIGRANTES NORDESTINOS NA AMAZÔNIA PARAENSE

  • Data: 19/04/2012
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  • estabeleceram residência na chamada Amazônia Paraense, mais precisamente, na região
    denominada Bragantina, no município de Igarapé Açu. Para tanto, usamos categorias como
    Memória e Migração, bem como sua relação com Cultura e Cultura Popular e como estas se
    inserem na Literatura Popular ou Literatura Oral dessa região. Acreditamos que a oralidade
    muito tem contribuído para a solidificação da Cultura Popular e sua diversidade, porém isto
    não é considerado. Vale ressaltar que este trabalho apresenta-se como uma contribuição para
    o entendimento dessa enorme diversidade cultural existente na região a partir dos fluxos
    migratórios ocorridos. Coletamos narrativas de migrantes que moram no município de Igarapé
    Açu, na tentativa de compreender toda essa gama cultural e efervescente, que é própria de
    regiões onde a migração é forte. A memória também tem contribuído de forma significativa
    para os estudos relativos à oralidade, e seus traços culturais resultantes dela.

  • ELISSANDRO LOPES DE ARAUJO
  • O DEVER DE SEGREDOS: EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E RECEPÇÃO DE “DÃO-LALALÃO”, DE GUIMARÃES ROSA

  • Data: 29/02/2012
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  • Este estudo tem como objetivo principal a construção de uma interpretação estéticorecepcional
    de “Dão-Lalalão”, novela de Guimarães Rosa (1908-1967), em Corpo de baile
    (1956). Para isso o texto vale-se, metodologicamente, da Estética da Recepção, formulada por
    Hans Robert Jauss (1921-1997), sendo assim, faz-se necessário lembrar que o método, que
    inclui uma análise histórica da recepção crítica, não se esgota na organização das etapas de
    estudo da obra selecionada, mas abrange uma tentativa teórica de explicar, via hermenêutica,
    a experiência vivenciada com a obra literária. A teoria jaussiana prima por uma abordagem
    estética, entendendo que o experimentar a obra artística é, antes de tudo, uma experiência de
    completa liberdade, mas que paradoxalmente só é compreensível no interior de um contexto
    histórico e social.Entendendo a experiência como uma intersecção de temporalidades, a saber,
    a tradição literária, que constitui o mundo da obra, e as práticas sociais, os fatos da vida, que
    configuram o presente do intérprete. Nesse sentido, a interpretação de “Dão-Lalalão” aqui
    empreendida é perpassada por uma dialética estético-recepcional, forjada no interior do
    núcleo fenomenológico da Estética da Recepção, que pensa a relação entre sujeito e obra de
    forma dialógica, dessa forma, o sentido, constituído pela experiência, se dá no meio dessas
    duas instâncias, desses dois horizontes. Para cumprir o objetivo proposto, a dissertação segue
    uma arquitetura capitular que busca uma unidade conceitual e crítica, valendo-se de capítulos
    teórico, interpretativo e histórico-crítico. O primeiro momento do texto é de natureza teórica,
    em que se exploram um dos principais conceitos da Estética da Recepção, a experiência
    estética, ao mesmo tempo, que procura situá-lo em relação ao objeto da dissertação, “Dão-
    Lalalão”. No segundo capítulo, com base no horizonte delineado anteriormente, é proposta
    uma interpretação da novela rosiana que tenta escapar às facilidades da leitura simbólicoreligiosa,
    principal marca da recepção de “Dão-Lalalão”, para compreender a complexa rede
    de referências literárias e não literárias como parte de um processo de reconstrução poética da
    tradicional temática do amor. No último capítulo, de teor mais crítico que interpretativo, é
    feita uma análise da recepção de “Dão-Lalalão”. Ao dialogar com as leituras mais recentes da
    obra (Luiz Roncari, Adélia Bezerra de Menezes, etc.) e rever uma questão quase esquecida
    pela bibliografia rosiana atual, como a temática do tempo na novela (Antônio Fornazzaroe
    Regina Cabral), o terceiro capítulo cumpre a função de situar historicamente a narrativa
    rosiana no percurso que se estende das décadas de 1970 às datas mais atuais. Dessa forma, o
    terceiro capítulo tenta relacionar a teoria, a interpretação e a crítica, entrelaçadas no contexto
    da dissertação. Cumpre frisar que a ordem capitular procura seguir uma unidade, perceptível
    pela várias reentrâncias entre os capítulos, pois este estudo busca compreender “Dão-Lalalão”
    dentro de um todo hermenêutico, no qual a relação dialógica entre literatura e leitor se dá
    numa experiência de implicações nas dimensões do estético, do histórico e do social.

  • ELIZANDRA FERNANDES REIS DA SILVA
  • UM ESTUDO SOBRE OS ENSAIOS JORNALÍSTICOS DE FRANKLIN DE OLIVEIRA: A FACE DE UMA DAS CRÍTICAS ROSIANAS

  • Data: 28/02/2012
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  • Este trabalho visa a discutir alguns aspectos da crítica literária produzida em larga escala nos jornais de meados do século XX, conhecida como crítica jornalística ou de rodapé, mais precisamente a contribuição crítica de Franklin de Oliveira (1916-2001) para as três primeiras publicações literárias do autor Guimarães Rosa (1908-1967), Sagarana (1946), Corpo de baile (1956) e Grande sertão: veredas (1956), verificando quais teorias e métodos eram usados por esse crítico para analisar um conjunto de obras que se mostrava, à primeira vista, como desafio aos atentos críticos da época. Franklin de Oliveira, mencionado por Benedito Nunes, em Rumos da crítica (2000), como injustamente esquecido nas referências das publicações acadêmicas, deixou um vastíssimo conjunto de ensaios humanísticos sobre música, literatura, política, entre outros, do Ocidente, esclarecendo a importância da arte e da literatura para a formação de um homem total, não alienado e consciente de sua humanidade. Os seus ensaios, de alta erudição, refletem a complexidade da obra rosiana sob o prisma filosófico, político e, principalmente, estético, pois tem o entendimento de que as situações externas à obra literária devem emergir no gênero literário considerando artisticamente o fato exposto. Por isso, para Franklin de Oliveira, Guimarães Rosa foi um escritor revolucionário, por ter realizado uma mímesis que não ficou presa ao seu tempo presente, e, por meio do elemento linguístico, literário e metafísico, conseguiu promover a “transcendentalização” da prosa literária brasileira. Assim, esta dissertação está estruturada em um panorama geral dos assuntos aqui apresentados e em três capítulos, quais sejam: “Por uma definição de crítica literária”, “Do intelectual ao crítico jornalista: Franklin de Oliveira, um humanista por excelência” e “Legado de Franklin de Oliveira à crítica rosiana: sob o foco da revolução rosiana”, a fim de alcançar o entendimento sobre a importância de se estudar as análises escritas em outra época a respeito das obras de um autor de literatura, como Guimarães Rosa, que ainda hoje são muito lidas e discutidas. Para tanto, um dos pressupostos teóricos para este estudo tem em vista o “experienciar dinâmico da obra literária por parte do leitor”, algo salientado pela Estética da recepção no livro A história da literatura como provocação a teoria literária (1994), de Hans Robert Jauss, este trabalho possibilita questionar ou legitimar a tradição de uma crítica por meio da tríade hermenêutica do compreender, interpretar e

  • MARCIA DENISE DA ROCHA COLLINGE
  • O HERÓI NA INTERPRETAÇÃO E NA RECEPÇÃO CRÍTICA DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS

  • Data: 28/02/2012
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  • O presente estudo constitui-se em uma leitura fincada nos moldes estético-recepcionais do romance Grande sertão: veredas, do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967). Após um estudo histórico-artístico das categorias de heróis apresentadas no decorrer da história literária universal e analisadas pela crítica, tais como na epopéia (herói épico), no medievo (herói medieval), na tragédia (herói trágico) e no romance (herói romanesco), incluindo a categoria de herói formulada por Georg Lukács: o herói demoníaco, bem como o herói na modernidade (herói moderno), apresentar-se-á um exame diferenciado da figura da persona baseado na tipologia teórico-crítica jaussiana de herói, que, por sua vez, será utilizado para consideração de um estudo interpretativo e de recepção crítica sobre a personagem na obra rosiana, sobretudo a partir de 1956. Dessa forma, demonstrar-se-á que a atualidade do tema é sustentada pelas obras literárias, que se oferecem como objetos de interrogação para o pensamento crítico, renovando os princípios teóricos de cada época. Para tanto, a análise volta-se para o estudo de importantes nomes da crítica literária no Brasil e no exterior, cuja seleção se deu em função da categoria do herói, tais como Manuel Cavalcanti Proença (1958), Mario Vargas Llosa (1966), Antonio Candido (1969), Walnice Nogueira Galvão (1972), Benedito Nunes (1982), Davi Arrigucci Jr (1994), José Antonio Pasta Jr (1999) e Ettore Finazzi-Agrò (2004), com a finalidade de compreender e explicitar a importância da reconstrução do horizonte de expectativa a partir da tríade hermenêutica que permite ao leitor participar da gênese do objeto estético, expandindo seu contexto e significações

  • IZABELA DE ALMEIDA ALVES JANGOUX
  • AntônioTavernard: Vida em versos de um flâneur estático

  • Data: 02/02/2012
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  • Antônio Tavernard é um poeta que até então não inspirou muitos estudos acadêmicos a respeito de sua obra literária. O pouco que se sabe dele é o pouco que se repassou até hoje: um poeta triste, uma poesia pessimista e romântica. No entanto, há muito mais do que parece haver nos versos deixados por Tavernard. A vivência guardada em um chalé no fundo do quintal, o afastamento social por conta de uma doença incurável, possibilitou ao poeta a revelação de outros olhares seus sobre a realidade externa. Este trabalho propõe um percurso diferente pela obra poética de Tavernard, reconhecendo os espaços poéticos existentes em na mesma. A partir da definição de flâneur dita por Walter Benjamin, aplica-se ao poeta paraense tal adjetivo de forma metafórica, já que ele, mesmo estático fisicamente, passeia pela Belém do início do século XX através de suas sensações e leituras e retrata, em seus poemas, a cidade de uma forma muito singular, como um dia, Baudelaire fez com Paris.Através da leitura de várias edições da extinta revista A Semana , a pesquisa trata também da relação que a obra do poeta tinha com um público contemporâneo formado por escritores famosos da cena literária local como, por exemplo, Bruno de Menezes.

2011
Descrição
  • ILMA PINTO DO ESPIRITO SANTO
  • Atlas Prosódico multimédia do Municipio de Cametá (PA).

  • Data: 20/12/2011
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  • O presente trabalho compreende os resultados obtidos com a condução do projeto AMPER no Norte do Brasil, mais especificamente com os resultados obtidos para o português falado no município de Cametá (PA). Adotamos aqui, portanto, todos os procedimentos metodológicos determinados pela coordenação geral do projeto AMPER, que tem como objetivo principal fornecer a caracterização acústica e prosódica das línguas românicas, assim como um atlas multimédia on-line (CONTINI et al, 2002; MOUTINHO et al, 2001). O corpus final da presente Dissertação é composto de seis sinais sonoros de 03 horas e 04 minutos de gravação. O material gravado sofreu cinco etapas de tratamento: a) codificação das repetições; b) segmentação vocálica dos sinais selecionados no programa PRAAT; c) aplicação do script praat; d) seleção das três melhores repetições; e) aplicação da interface MatLab para obter as médias dos parâmetros das três melhores repetições. Foram analisadas acusticamente 198 frases de cada informante (3 homens e 3 mulheres), totalizando 1.188 frases, considerando os parâmetros acústicos de Frequência Fundamental (Hz), de duração (ms) e de intensidade (dB). O tratamento estatístico efetuado compreende tomadas de médias das três melhores repetições de cada frase pela interface MatLab. A análise empreendida indica que, de uma maneira geral, as medidas de F0, duração e intensidade complementam-se para estabelecer a distinção dos enunciados afirmativos e interrogativos na variedade do português falada em Cametá (PA). Pode-se igualmente afirmar que as variações importantes dos três parâmetros acústicos controlados, ocorrem preferencialmente na sílaba tônica do elemento nuclear do sintagma e/ou na última sílaba tônica do enunciado.

  • JESSICA DE SOUZA CARNEIRO
  • "LER E ESCREVER BLOGS LITERÁRIOS: A NARRATIVA HIPERTEXTUAL NA CONFIGURAÇÃO DA WEBLITERATURA
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 19/12/2011

  • LUCIANA KINOSHITA BARROS
  • COMPREENSÃO ESCRITA EM MANUAIS DIDÁTICOS DE PLE
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 07/12/2011

  • JULIENE DO SOCORRO CARDOSO RODRIGUES
  • O ETHOS NO TRABALHO DA IMPRENSA INSTITUCIONAL NO ANO DE COMEMORAÇÃO DO CINQUENTENÁRIO DA UFPA
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 31/10/2011

  • JULIE CHRISTIE DAMASCENO LEAL
  • O NEGRO EM BRUNO DE MENEZES SOB A PERSPECTIVA FILOSÓFICO-LITERÁRIA DE FRIEDRICH NIETZSCHE: CIVILIZAÇÃO, RELIGIÃO E CORPO
  • Data: 27/10/2011
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  • A temática do negro na literatura tem ocupado cada vez mais espaço nas discussões e debates em torno da questão da valoração da cultura negra no Brasil, especialmente no que tange a aspectos tais como o desmascaramento de determinados estereótipos há muito alicerçados, mas, acima de tudo, tem assumido particular relevância o papel da resistência negra, que ora analisamos a partir da perspectiva de um viés social, perpassando os enfoques histórico, religioso e cultural. Cada um desses enfoques adiciona uma importância diferente para a presença negra na poesia de Bruno de Menezes, nosso objeto de investigação, daí ser possível deduzir, o que acreditamos ser de fundamental importância, não nos subtrairmos a nenhuma das abordagens ressaltadas. A obra que doravante analisaremos intitula-se Batuque, do poeta supracitado, obra esta responsável por inscrever no contexto da literatura amazônica, e mais que isso, no seio da cultura de cunho nacional, um novo capítulo, isto é, uma nova perspectiva acerca da condição do negro na sociedade brasileira. Aliando-se a essas perspectivas, acrescentaremos o ponto de vista do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, como arcabouço teórico para as problematizações que pretendemos levantar no decorrer do texto. A presente pesquisa teve por objetivo investigar a influência do processo civilizador europeu versus negro e os cerceamentos (culturais/religiosos) decorrentes dessa influência, assim como as consequências negativas que incidirão sobre a perspectiva que o negro tem acerca de seu próprio corpo e lugar na cultura, muitas delas também provenientes da visão de mundo cristã que lhes foi imposta.
  • ANTONIO CARLOS PIMENTEL PINTO JUNIOR
  • A BIBLIOTECA VERMELHA DE RAIMUNDO JINKINGS: UMA HISTÓRIA DE LIVROS
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 03/10/2011

  • AIANA CRISTINA PANTOJA DE OLIVEIRA
  • MEMORIAL DO FIM: A APROPRIAÇÃO E O OUTRO NA OBRA DE HAROLDO MARANHÃO
  • Data: 28/09/2011
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  • O objetivo desse trabalho consiste em analisar a escritura de Haroldo Maranhão a partir do viés da pós-modernidade e da descentralização do sujeito cartesiano. A parte da obra do referido autor que servirá como corpus para o estudo concentra-se nos livros Memorial do fim: a morte de Machado de Assis, A morte de Haroldo Maranhão e Miguel, Miguel. No primeiro capítulos, pretende-se mostrar como ocorre a problematização da identidade centrada que abrange as obras citadas e, especialmente, como ocorre a constituição pós-moderna da narrativa de Memorial do fim. Para esses fins se objetiva mostrar que Haroldo Maranhão usou a repetição de acontecimentos, de nomes, a transposição de personagens das obras machadiana para a haroldiana ou mesmo do universo extraliterário para esta última. No segundo capítulo será mostrado como a obra de Haroldo Maranhão recolhe trechos das obras machadianas para compor a narrativa de Memorial do fim. Para tal serão analisados os conceitos de leitura, memória, tradução, paródia, pastiche e apropriação. Objetivando situar a narrativa haroldiana no contexto de criação literária da América Latina, será realizada uma análise dos processos de modernização e modernismo latino americano, o qual constrói uma base para o movimento pós-modernista. Este último tem como expressão literária a obra memorial do fim, a qual se configura em uma narrativa pós-moderna. Para embasar teoricamente esta proposta, utilizar-se-á as noções sobre metaficção elaboradas por Linda Hutcheon.
  • DENISE PRADO DA SILVA
  • A avaliação somativa nas sequências didáticas para o oral e a escrita em Português
  • Data: 23/09/2011
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  • Desde os anos 80, a avaliação somativa tem sido denunciada como sendo um dos principais mecanismos de classificação, de seleção e de exclusão social. As críticas suscitaram várias propostas de transformações das práticas avaliativas levando ao predomínio teórico da modalidade formativa. Consequentemente, as pesquisas sobre a modalidade somativa foram relegadas a um segundo plano. Porém, esta modalidade continua amplamente usada por professores do nível básico ao acadêmico. Além disto, a aplicação desta modalidade é necessária para a validação e certificação, pelo sistema educacional, dos resultados obtidos ao término de um período de aprendizagem. Recentemente, tem sido cada vez mais divulgadas as propostas de Schneuwly e Dolz (2004) para o desenvolvimento das capacidades de produção textual em língua materna com base no procedimento didático-metodológico chamado “Sequência Didática” com vistas ao domínio de uma diversidade de gêneros da escrita e da oralidade. Embora os autores tenham previsto a realização da avaliação somativa em um dos componentes do modelo (a produção final), pouco parece ser dito ou escrito em torno das práticas que tal modalidade pressupõe e sobre sua inclusão em uma proposta marcadamente formativa. Esta pesquisa tem como objetivo, portanto, identificar dificuldades e possíveis soluções a respeito da realização da avaliação somativa em Sequências Didáticas para o oral e a escrita no ensino/aprendizagem da língua portuguesa. Após caracterizar a avaliação somativa e os instrumentos que essa modalidade mobiliza no ensino/aprendizagem da língua portuguesa, propõe-se a análise de um corpus de dezessete documentos acadêmicos com propósito de verificar como a avaliação somativa foi realizada nas diferentes Sequências Didáticas relatadas nestes documentos. Para tal, foi observada a ocorrência ou não da avaliação somativa na produção final, os objetos de aprendizagem levados em conta na sua realização e os sujeitos desta modalidade de avaliação. Conclui-se, mostrando a importância da articulação dessa modalidade com a modalidade formativa pressuposta na Sequência Didática.
  • ENEIDA LUCIA GARCIA KLAUTAU
  • A MODALIZAÇÃO EM E-MAILS EM AMBIENTE ORGANIZACIONAL: UMA ABORDAGEM INTERACIONISTA SOCIODISCURSIVA
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 23/09/2011

  • ANDRE MONTEIRO DINIZ
  • A FLUTUAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DO ALUNO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 15/09/2011

  • MARIA DE FATIMA CORREA AMADOR
  • MARIA LÚCIA MEDEIROS, ENTRE ATOS, O FATO E A FICÇÃO
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 09/09/2011

  • WANUBYA DO NASCIMENTO MORAES CAMPELO
  • DO PERIÓDICO AO LIVRO: A ORIGINALIDADE DA CRIAÇÃO LITERÁRIA DE GUIMARÃES ROSA EM TUTAMÉIA
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 05/09/2011

  • ISABEL CRISTIANE DE MENDONCA SILVA
  • FACES DO TRÁGICO NA PERSONAGEM MIGUEL DOS SANTOS PRAZERES DA TETRALOGIA MONTEIRIANA
  • Orientador : TANIA MARIA PEREIRA SARMENTO PANTOJA
  • Data: 01/09/2011

  • JOSEANE SOUSA ARAUJO
  • ARQUIVOS, BIBLIOTECAS E PERIÓDICOS NA VIGIA OITOCENTISTA
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 01/09/2011

  • PATRICIA CEZAR DA CRUZ
  • A CONTRIBUIÇÃO DO ROMANCE-FOLHETIM O GUARANI NA FORMAÇÃO DO PÚBLICO LEITOR BRASILEIRO DO SÉCULO XIX
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 01/09/2011

  • JOANA ANGELICA DE SOUZA SILVA
  • ÁLBUM DE LEITURA DE RAQUEL DE QUEIROZ
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 31/08/2011

  • MELISSA DA COSTA ALENCAR
  • 1952: A POESIA DE O ESTRANHO DE MAX MARTINS
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 31/08/2011

  • ANNE CAROLINA PAMPLONA CHAGAS
  • ATIVIDADES DE FORMULAÇÃO TEXTUAL: AS IMAGENS DE SUJEITO PROJETADAS PELOS COVEIROS DA CIDADE DE BELÉM
  • Orientador : MARIA EULALIA SOBRAL TOSCANO
  • Data: 26/08/2011
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  • xxxxx
  • ERIKA SUELLEM CASTRO DA SILVA
  • A INTERAÇÃO E A (IM)POLIDEZ NOS FORÚNS DA COMUNIDADE ORKUTEANA BELÉM
  • Orientador : MARIA EULALIA SOBRAL TOSCANO
  • Data: 25/08/2011
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  • As redes sociais do ciberespaço têm se configurado como um fenômeno cada vez mais comum em nossos dias. É fácil perceber que o advento da internet ampliou não só as modalidades de leitura e escrita, como também a interação entre os seus usuários – e é sobre esta última que o presente estudo se debruça. Nossa proposta é analisar o fenômeno da polidez na interação entre participantes de sete discussões sobre assuntos ligados à Universidade Federal do Pará (UFPA), postadas nos fóruns na comunidade “Belém”, do site Orkut. Para tanto, pautamo-nos especialmente na abordagem sociológica de Goffman (1967), nos estudos sobre enquadres interativos de Tannen e Wallat (2002 [1987]), nas investigações de Gumperz (2002 [1982]) acerca das pistas de contextualização e nos estudos de Kerbrat-Orecchioni (1992, 1997, 1998, 2006) sobre as relações interpessoais e polidez. Sobre esta, apresentamos os modelos seminais de Brown e Levinson (1987 [1978]), considerando suas referências aos trabalhos de Searle (1969), acerca dos atos de fala, e ao de Grice (1975), no que diz respeito ao Princípio de Cooperação e suas máximas e implicaturas conversacionais. Também discutimos o modelo de Leech (1983), que trata do Príncipio Geral da Polidez, a partir de suas observações sobre as máximas gricerianas. Ainda com relação aos estudos sobre polidez linguística, discorremos sobre a noção de contrato social, presente no trabalho de Fraser e Nolan (1981, apud OLIVEIRA, 2004), e destacamos a extensa e relevante contribuição de Kerbrat-Orecchioni (1992, 1997, 1998, 2006) ao modelo de Brown e Levinson, com a introdução da noção de atos valorizantes de face (face flattering acts ou FFA), dissociação de face positiva e face negativa de polidez positiva e polidez negativa, respectivamente, introdução da noção do fenômeno da impolidez, além dos procedimentos de polidez linguística distinguidos pela linguista. Em nossa conclusão, verificamos que os efeitos de sentido de polidez negativa e de impolidez positiva são os que predominam nos fóruns analisados, especialmente quando os usuários tratam de temas polêmicos, na urgência, talvez, de defender seus pontos de vista com exatidão – ora com mitigação (polidez negativa), para não gerar embates agressivos; ora sem mitigação (impolidez positiva), no intuito de validar seus posicionamentos. A polidez positiva e a impolidez negativa não se sobressaíram em nossos dados. Esta é uma investigação de cunho empírico-indutivo, que privilegia a análise qualitativa de realizações linguístico-discursivas de fato ocorridas em situações reais de uso da língua
  • ERIKA SUELLEM CASTRO DA SILVA
  • A INTERAÇÃO E A (IM)POLIDEZ NOS FORÚNS DA COMUNIDADE ORKUTEANA BELÉM
  • Orientador : MARIA EULALIA SOBRAL TOSCANO
  • Data: 25/08/2011
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  • As redes sociais do ciberespaço têm se configurado como um fenômeno cada vez mais comum em nossos dias. É fácil perceber que o advento da internet ampliou não só as modalidades de leitura e escrita, como também a interação entre os seus usuários – e é sobre esta última que o presente estudo se debruça. Nossa proposta é analisar o fenômeno da polidez na interação entre participantes de sete discussões sobre assuntos ligados à Universidade Federal do Pará (UFPA), postadas nos fóruns na comunidade “Belém”, do site Orkut. Para tanto, pautamo-nos especialmente na abordagem sociológica de Goffman (1967), nos estudos sobre enquadres interativos de Tannen e Wallat (2002 [1987]), nas investigações de Gumperz (2002 [1982]) acerca das pistas de contextualização e nos estudos de Kerbrat-Orecchioni (1992, 1997, 1998, 2006) sobre as relações interpessoais e polidez. Sobre esta, apresentamos os modelos seminais de Brown e Levinson (1987 [1978]), considerando suas referências aos trabalhos de Searle (1969), acerca dos atos de fala, e ao de Grice (1975), no que diz respeito ao Princípio de Cooperação e suas máximas e implicaturas conversacionais. Também discutimos o modelo de Leech (1983), que trata do Príncipio Geral da Polidez, a partir de suas observações sobre as máximas gricerianas. Ainda com relação aos estudos sobre polidez linguística, discorremos sobre a noção de contrato social, presente no trabalho de Fraser e Nolan (1981, apud OLIVEIRA, 2004), e destacamos a extensa e relevante contribuição de Kerbrat-Orecchioni (1992, 1997, 1998, 2006) ao modelo de Brown e Levinson, com a introdução da noção de atos valorizantes de face (face flattering acts ou FFA), dissociação de face positiva e face negativa de polidez positiva e polidez negativa, respectivamente, introdução da noção do fenômeno da impolidez, além dos procedimentos de polidez linguística distinguidos pela linguista. Em nossa conclusão, verificamos que os efeitos de sentido de polidez negativa e de impolidez positiva são os que predominam nos fóruns analisados, especialmente quando os usuários tratam de temas polêmicos, na urgência, talvez, de defender seus pontos de vista com exatidão – ora com mitigação (polidez negativa), para não gerar embates agressivos; ora sem mitigação (impolidez positiva), no intuito de validar seus posicionamentos. A polidez positiva e a impolidez negativa não se sobressaíram em nossos dados. Esta é uma investigação de cunho empírico-indutivo, que privilegia a análise qualitativa de realizações linguístico-discursivas de fato ocorridas em situações reais de uso da língua
  • LUCIANE CHEDID MELO BORGES
  • OS TERMOS DA MELIPONICULTURA: UMA ABORDAGEM SOCIOTERMINOLÓGICA
  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 17/08/2011

  • ALINE DE SOUZA MUNIZ
  • A AVENTURA HISTÓRICO-LITERÁRIA EM TEMPOS COLONIAIS: UMA LEITURA DE O TETRANETO DEL-REI DE HAROLDO MARANHÃO

  • Data: 05/08/2011
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  • O Tetraneto Del-Rei é uma obra que mescla linguagens, gêneros, discursos e tece, nesse
    emaranhado de fios, um texto original que recria parte de nosso período colonial questionando
    destrutivamente o discurso cristalizado pela história e mesmo por textos que compõe nosso
    cânone literário. Os textos utilizados na obra do paraense Haroldo Maranhão são
    reconstruídos num tom, sobretudo crítico, revelando uma outra visão do processo de
    colonização. Assim, partindo da produção literária dos países com colonização semelhante ao
    nosso, inicio a leitura considerando alguns trabalhos como os de Silviano Santiago, Antonio
    Candido e Roberto Schwarz. Além disso, há que se considerar aspectos históricos e sociais da
    empreitada portuguesa e dos discursos construídos acerca das terras recém descobertas e dos
    seus habitantes, discursos esses que serão reafirmados e reconstruídos pelo texto literário.
    Nesse sentido, serão utilizados alguns textos quinhentistas que auxiliarão a demonstrar os
    aspectos do discurso colonial e sistematizá-los com base em Eni Orlandi, Homi Bhabha e
    Michel de Certau. Ademais, serão observadas as estratégias textuais escolhidas por Haroldo
    Maranhão para recriar ficcionalmente nosso período de colonização.

  • RAFAELE LIMA DA SILVA
  • A INDÚSTRIA CULTURAL E A ESTÉTICA DA CRUELDADE EM RUBEM FONSECA: UMA ANÁLISE DOS CONTOS "O COBRADOR", "PIERRÔ DA CAVERNA" E "ONZE DE MAIO
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 30/06/2011

  • SUANI TRINDADE CORREA
  • DE O AVARENTO DE MOLIÈRE O MÃO DE VACA DOS PALHAÇOS TROVADORES: O TEXTO TEATRAL EM PROCESSO
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 17/06/2011

  • FABIOLA DO SOCORRO FIGUEIREDO DOS REIS
  • O LEITOR-AUTOR DE FANFICTIONS - HISTÓRIAS CRIADAS POR FÃS
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 31/05/2011

  • LIDIA CARLA HOLANDA ALCANTARA
  • O HIBRIDISMO DE GÊNEROS NOS CONTOS DE MARIA LÚCIA MEDEIROS
  • Orientador : LILIA SILVESTRE CHAVES
  • Data: 23/05/2011

  • BRENDA DE SENA MAUES
  • FICÇÃO E SOCIEDADE EM GUIMARÃES ROSA: INTERPRETAÇÃO DOS CONTOS "A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO" E "MINHA GENTE"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 18/05/2011

  • ROSALINA ALBUQUERQUE HENRIQUE
  • DESCOBERTAS DO MUNDO SOB O OLHAR DA CRIANÇA E DO LOUCO EM CORPO DE BAILE E PRIMEIRAS ESTÓRIAS
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 17/05/2011

  • VIVIANE DANTAS MORAES
  • O GROTESCO EM DALCÍDIO JURANDIR: CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA E TRÊS CASAS E UM RIO
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 16/05/2011

  • MARIA CLARA VIANNA SA E MATOS
  • O PROFESSOR E O PROCESSO MOTIVACIONAL NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 13/05/2011

  • EDIMARA FERREIRA SANTOS
  • DUMAS, MONTÉPIN E DU TERRAIL: A CIRCULAÇÃO DOS ROMANCES - FOLHETINS FRANCESES NO PARÁ NOS ANOS DE 1871 A 1880
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 27/04/2011

  • WALDETE FREITAS BARBOSA
  • A FACE DO CAOS: A CRÔNICA DE GUERRA EM GUIMARÃES ROSA
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 27/04/2011

  • PATRICIA CARVALHO MARTINS
  • JORNAL DO PARÁ: O CAMINHO LITERÁRIO ENTRE ESPAÇOS E DIÁLOGOS NA BELÉM OITOCENTISTA

  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 26/04/2011
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  • PATRICIA DE CASTRO JOUBERT
  • COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES DE TRABALHO NO CONTEXTO EMPRESARIAL: A PRÁTICA DISCURSIVA DE UM INFORMATIVO ORGANIZACIONAL
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 20/04/2011

  • TIAGO DA FONSECA CARNEIRO
  • MITO E EPOPÉIA NA MODERNIDADE: UMA LEITURA DE O NATIVO DE CÂNCER, DE RUY BARATA
  • Data: 13/04/2011
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  • Este trabalho analisa a obra O Nativo de Câncer, do escritor paraense Ruy Barata, publicado como fragmento em 1960. Buscamos estudar os elementos mitológicos e épicos presentes na composição do poema O Nativo de Câncer. No primeiro capítulo faremos um estudo do mito, apresentando as ideias de Mircea Eliade sobre a ocorrência do mito nas sociedades tradicionais por meio do texto Mito e Realidade. Também exporemos o pensamento de Roland Barthes, no texto Mitologias, que aborda as maneiras em que o mito ocorre na contemporaneidade. Adicionalmente, esboçaremos conceitos acerca da epopeia, contextualizando sua ocorrência na Grécia e indicando suas configurações, as quais serão contextualizadas posteriormente. No segundo capítulo, trataremos das narrativas dos naturalistas e estudiosos que viajaram pela Amazônia nos séculos passados, a fim de compreendermos como ocorrem os mitos fundadores na região e como Ruy Barata tenta desfazê-los por meio de sua poesia moderna. No terceiro capítulo, analisaremos auxiliados pela “Estilística Genética” de Leo Spitzer os dois cantos do poema O Nativo de Câncer, justificando a utilização de determinadas figuras retóricas, a fim de apresentarmos em que momentos e de que maneira o poema pode se assemelhar ao mito e à epopeia e como estas configurações exprimem a luta do poeta nativo pela poesia na Literatura da Amazônia.
  • THAIS DO SOCORRO PEREIRA POMPEU SAUMA
  • LEITURAS INTERTEXTUAIS DE O TETRANETO DEL-REI DE HAROLDO MARANHÃO
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 25/03/2011

  • FRANCISCO EWERTON ALMEIDA DOS SANTOS
  • COLAGEM, ANTROPOFAGIA E SUBVERSÃO EM GALVEZ IMPERADOR DO ACRE, DE MÁRCIO SOUZA
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 18/03/2011

  • MONICA DO CORRAL VIEIRA
  • AS MULHERES CHORADEIRAS: LITERATURA E CINEMA
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 11/03/2011

2010
Descrição
  • KARINA FIGUEIREDO GAYA
  • AS ATIVIDADES DE COMPREENSÃO ORAL COMO INPUT PARA A PRODUÇÃO ORAL/ESCRITA EM PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: PREPARAÇÃO PARA O EXAME CELPE/BRAS
  • Data: 04/12/2010
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  • O ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) tem apresentado um crescimento significativo no Brasil e mundo. Acordos internacionais, de caráter tanto acadêmico quanto comercial, colocam a língua Portuguesa em evidência. Motivados por esse novo cenário, muitos profissionais e estudantes estrangeiros têm procurado por cursos de PLE. Alguns desses se submeterão ao exame CELPE-Bras – iniciativa do Ministério da Educação do Brasil para consolidar o ensino de PLE no mundo. Os professores que atuam na preparação de candidatos estrangeiros a esse exame se deparam com dificuldades para encontrar materiais possibilitem o desenvolvimento da compreensão oral de seus alunos. Neste trabalho procuramos apontar um caminho para o ensino-aprendizagem da compreensão oral em PLE partindo dos gêneros textuais orais como insumo. Para tanto, buscamos suporte teórico fundamentado no Interacionismo sociodiscursivo (Teoria dos Gêneros e modelo de Sequência Didática) e tentamos aproximar a Abordagem Comunicativa da Abordagem por Gêneros no ensino de Língua Estrangeira. Partindo desses pressupostos teóricos propomos várias Sequências Didáticas para o ensinoaprendizagem da compreensão oral em PLE, elaboramos e aplicamos atividades de compreensão oral. Descrevemos e analisamos tais atividades e tentamos mostrar em que medida o ensino-aprendizagem de PLE utilizando o gênero textual como insumo e aplicado a luz da abordagem comunicativa pode facilitar o desenvolvimento da compreensão oral de alunos estrangeiros candidatos ao exame CELPE-Bras.
  • MARCOS DOS REIS BATISTA
  • O (INTER) CULTURAL EM LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 30/11/2010

  • MARIA JOSE AMARAL VIANA
  • OS (DES)ENREDOS DO AMOR: A NARRATIVA DO FRACASSO AMOROSO EM CONTOS DE LYGIA FAGUNDES TELLES
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 29/11/2010

  • GILSON DA CONCEICAO VITOR FARIAS
  • O HOMEM A VILA E A EXPLORAÇÃO DA CASTANHA NO ROMANCE SAFRA, DE ABGUAR BASTOS
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 03/11/2010

  • FRANCISCO EDNARDO BARROSO DUARTE
  • MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA NO ENSINO E APRENDIZAGEM DA HABILIDADE DE ESCRITA EM INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: OS GÊNEROS TEXTUAIS DO ORKUT E AS SUAS INTERFACES INTERACIONAIS
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 30/10/2010
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  • RITA DE CASSIA MACEDO LEAL
  • SEQUÊNCIA DIDÁTICA E AVALIAÇÃO FORMATIVA: CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DE GÊNEROS EM PORTUGUÊS LÍNGUA MATERNA
  • Orientador : MYRIAM CRESTIAN CHAVES DA CUNHA
  • Data: 29/10/2010

  • MARIZA ANDRADE GUEDES ALVES
  • AUTONOMIA NA AULA DE PORTUGUÊS DA 3ª ETAPA DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 13/10/2010

  • DAYSE CRISTINA SILVA BARBOSA
  • ESPAÇO E MEMÓRIA O VICE CÔNSUL, DE MARGUERITE DURAS
  • Orientador : CHRISTOPHE GOLDER
  • Data: 31/08/2010

  • BENEDITO JOSE BRABO PANTOJA
  • A POLÊMICA COMO INTERINCOMPREENSÃO NO DISCURSO DA POLÍTICA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 27/08/2010

  • MARIA JULIANA DA SILVA MEDINA
  • TRÊS FACES DE HAROLDO MARANHÃO: O LEITOR, O JORNALISTA, O ESCRITOR
  • Orientador : VALERIA AUGUSTI
  • Data: 27/08/2010

  • JANDERSON MARTINS DOS SANTOS
  • AS DESCRIÇÕES NOMINAIS ANAFÓRICAS EM NARRATIVAS ORAIS
  • Orientador : MARIA EULALIA SOBRAL TOSCANO
  • Data: 24/08/2010

  • JACKSONILSON DOS SANTOS CASTRO
  • PALAVRA E IMAGEM: ENCONTROS NA ESCRITURA LITERÁRIA COM A ESCRITA CINEMATOGRÁFICA
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 16/08/2010

  • NELMA DO SOCORRO SANTANA QUEIROZ
  • AS PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL: DO TEXTO AO HIPERTEXTO
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 02/07/2010

  • MARLY MAGNO DA ROCHA HAYASHI
  • A PRODUÇÃO ESCRITA: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 06/05/2010

  • ELIAS MAURICIO DA SILVA RODRIGUES
  • GLOSSÁRIO SOCIOTERMINOLÓGICO DA CULTURA DA FARINHA
  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 03/05/2010

  • JOSIVANE DO CARMO CAMPOS
  • A VARIAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO PORTUGUÊS FALADO NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE BELÉM/PA
  • Orientador : REGINA CELIA FERNANDES CRUZ
  • Data: 05/04/2010

  • MARCELLUS DA SILVA VITAL
  • VIOLÊNCIA E DISCURSO CRISTÃO EM "A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 31/03/2010
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  • MARCELLUS DA SILVA VITAL
  • VIOLÊNCIA E DISCURSO CRISTÃO EM "A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 30/03/2010
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  • JOHANN RAPHAEL GOMES GUIMARAES
  • IMAGEM E CONCEITO EM "O ESPELHO"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 30/03/2010

  • ALDO JOSE BARBOSA
  • INTERPRETAÇÃO E RECEPÇÃO DO CONTO ROSIANO "O RECADO DO MORRO"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 29/03/2010

  • LOIDE LEAO DOS SANTOS
  • QUE CULPA TEM A ONÇA, E QUE CULPA TEM O HOMEM?: INTERPRETAÇÃO CRÍTICA DE "MEU TIO O IAURETÊ"
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 26/03/2010

  • JOSE DENIS DE OLIVEIRA BEZERRA
  • MEMÓRIAS CÊNICAS: POÉTICAS TEATRAIS NA CIDADE DE BELÉM (1957-1990)
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 17/03/2010

  • ANA MARIA DE CARVALHO
  • LITERATURA DE CORDEL: ENTRE VERSOS E RIMAS SOTÁDICOS E SACÂNICOS
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 16/03/2010

  • LIVIA SOUSA DA CUNHA
  • VOZES DA CABANAGEM: OS DISCURSOS DA LITERATURA E DA HISTORIA NA CONSTRUÇÃO DE "O REBELDE"
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 08/03/2010

  • MARIA DA CONCEICAO AZEVEDO
  • OS GÊNEROS ARGUMENTATIVOS COMO INSTRUMENTOS DIDÁTICOS NAS PRATICAS DE LEITURA E ESCRITA NO CURSO DE LETRAS DA UFPA - CAMPUS BRAGANÇA
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 22/02/2010

  • EUNICE BRAGA PEREIRA
  • O PROFESSOR AVALIADO EM TEXTOS JORNALÍSTICOS: ANÁLISE DA AVALIATIVIDADE EM REPORTAGENS DE VEJA E ISTO É
  • Orientador : CELIA MARIA MACEDO DE MACEDO
  • Data: 05/02/2010

2009
Descrição
  • ELADIA VIEIRA DUARTE
  • CONCEPÇÃO E ELABORAÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS EM LÍNGUA INDÍGENA: O CASO DOS APURINÃ
  • Orientador : SIDNEY DA SILVA FACUNDES
  • Data: 21/12/2009

  • ALEXANDRE RANIERI FERREIRA
  • A CIRCULAÇÃO DOS ROMANCES BRASILEIROS DAS DÉCADAS DE 60 E 70 DO SÉCULO XIX NAS BIBLIOTECAS DIGITAIS DA INTERNET.
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 18/12/2009

  • FRANCISCA MAGNOLIA DE OLIVEIRA REGO
  • TEREZA BATISTA CANSADA DE GUERRA: A RESISTÊNCIA À VIOLÊNCIA E À OPRESSÃO FEMININA
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 17/12/2009

  • ANA SOUSA DA SILVA
  • PROPRIEDADES FONÉTICAS DA FONOLOGIA SEGMENTAL ARAWETÉ (TUPI)
  • Orientador : CARMEN LUCIA REIS RODRIGUES
  • Data: 16/11/2009

  • ROSA HELENA SOUSA DE OLIVEIRA
  • Reflexões sobre a estrutura narrativa em Eram seis assinalados, de Lindanor Celina.

  • Data: 09/11/2009
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  • A leitura do conjunto da obra da escritora paraense Lindanor Celina objetivou uma reflexão quanto ao seu fazer literário. Esse fato permitiu-me optar por Eram seis assinalados, obra da fase amadura da escritora paraense. Na referida pesquisa, dou ênfase à estrutura narrativa para observar a evolução dos escritos e a forma como as categorias narrativas estavam dispostas no texto. A obra é um romance que apresenta muitos índices de modernidade, principalmente, no que diz respeito ao narrador e ao tempo. Romance narrado a partir da visão de Irene por meio do fluxo de consciência, a memória é quem a conduz, já que ela narra uma ação passada. A figura do narrador é dissimulada, ocultando-se por traz das personagens como se fosse apenas a guardiã e observadora dos segredos. O narrador externo aparece em momentos fugazes, dá o seu recado e se recolhe, para que as personagens exponham suas idéias. Outra categoria que merece ser ressaltada no texto é tempo. Eram seis assinados pode ser classificado como um romance de tempo psicológico, já que o interior das personagens é revelado sem demarcação de tempo físico. O espaço narrado é relevante quando se constata que o tema da obra só adquire aquelas proporções porque o fato ocorreu naquela cidade do interior. As personagens são poucas, porém apresentam uma complexidade singular. Irene, a personagem central e o romance, tem, como eixo temático, o seu drama. Apresento esse estudo como o ensaio para, principalmente, instigar outros pesquisadores a conhecerem a obra de Lindanor Celina.

  • ALCIR DE VASCONCELOS ALVAREZ RODRIGUES
  • ESPAÇO FICCIONAL NO ROMANCE PONTE DO GALO, DE DALCÍDIO JURANDIR
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 16/10/2009

  • IVANETE MARIA SOUZA DOS SANTOS GOMES
  • INTERAÇÃO VERBAL E ENSINO DE UMA COMPETÊNCIA DISCURSIVA ORAL EM TURMAS DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA DE MACAPÁ
  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 30/09/2009

  • LUCIANA VASCONCELOS SANTOS
  • MODERNISMO E REGIONALISMO NA REVISTA NOVIDADE
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 31/08/2009

  • RAQUEL MARIA DA SILVA COSTA
  • DESCRIÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS POSTÔNICAS NÃO-FINAIS /O/ E /E/ NO PORTUGUÊS FALADO NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ - PA
  • Orientador : REGINA CELIA FERNANDES CRUZ
  • Data: 31/08/2009

  • ANA CLEIDE GUIMBAL DE AQUINO
  • O DISCURSO LITERÁRIO DE BRUNO DE MENEZES: A CONSTITUIÇÃO DA CENA DE ENUNCIAÇÃO EM MARIA DAGMAR
  • Orientador : FATIMA CRISTINA DA COSTA PESSOA
  • Data: 28/08/2009

  • KELLY CRISTINA MARIGLIANI MELO
  • MODALIDADES DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS
  • Orientador : MYRIAM CRESTIAN CHAVES DA CUNHA
  • Data: 28/08/2009

  • RODRIGO DE SOUZA WANZELER
  • CANDUNGA: FISSURAS DO PRESENTE RESIGNIFICANDO UMA CERTA AMAZÔNIA E UM CERTO NORDESTE NO ROMANCE DE BRUNO DE MENEZES
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 28/08/2009

  • TATIANE VIDAL MESQUITA
  • NARRATIVA ORAL EM SANTA BARBARA DO PARÁ: MITO E CULTURA NO LABIRINTO DAS ÁGUAS
  • Orientador : JOSE GUILHERME DOS SANTOS FERNANDES
  • Data: 27/08/2009

  • CLAUDIA VALERIA FRANCA VIDAL
  • MOTIVAÇÃO E REPRESENTAÇÃO CULTURAL NO ENSINO APRENDIZAGEM DE INGLÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 25/08/2009

  • MARIA ENEIDA PIRES FERNANDES
  • DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGUÍSTICA DA LATERAL PALATAL /lh/ NOS ESTADOS DO AMAPÁ E PARÁ
  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 21/08/2009

  • CELIANE SOUSA COSTA
  • GLOSSÁRIO TERMINOLÓGICO DA CULTURA DO CACAU EM MEDICILÂNDIA-PA

  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 14/08/2009
  • Mostrar Resumo
  • xxx

  • CARMEM SANTANA SANTA BRIGIDA GOMES
  • BARRACÃO, DE SULTANA ROSENBLATT: RETRATOS EM PALAVRAS DA AMAZÔNIA PARAENSE NOVECENTISTA (ALTERIDADE, IDENTIDADE, ORALIDADE)
  • Orientador : MARIA DO PERPETUO SOCORRO GALVAO SIMOES
  • Data: 04/08/2009

  • JANE MIRANDA ALVES
  • A APROPRIAÇÃO DO GÊNERO EXPOSIÇÃO ORAL POR CRIANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL
  • Orientador : SANDOVAL NONATO GOMES SANTOS
  • Data: 30/06/2009

  • PATRICIA SOUSA ALMEIDA
  • A ESCRITA QUE SE ENSINA - O TRABALHO DOCENTE EM UMA TURMA DE ALFABETIZAÇÃO
  • Orientador : MYRIAM CRESTIAN CHAVES DA CUNHA
  • Data: 30/06/2009

  • CINTIA KARLA COELHO RODRIGUES
  • ANÁLISE HISTÓRICO-COMPARATIVA DAS LÍNGUAS TAPAJÚNA, SUYÁ E MEBENGÔKRE
  • Orientador : MARILIA DE NAZARE DE OLIVEIRA FERREIRA
  • Data: 29/06/2009

  • CANDIDA JAMILE ANJOS DO ROSARIO
  • ESTUDO DA MODALIDADE NA INTERAÇÃO PROFESSOR X ALUNO EM UM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
  • Orientador : CELIA MARIA MACEDO DE MACEDO
  • Data: 27/06/2009

  • NIVALDO CARLOS LIMA DA SILVA
  • AS FORMAS DO MITO NOS CANTARES AMAZÔNICOS DO POETA JOÃO DE JESUS PAES LOUREIRO
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 25/06/2009

  • ISMAEL SOARES MACHADO
  • CAIO FERNANDO ABREU E O CINEMA: INFLUÊNCIAS NA PÓS-MODERNIDADE
  • Orientador : JOEL CARDOSO DA SILVA
  • Data: 18/06/2009

  • INDAIA FREIRE DA SILVA
  • O Périplo de Cintura Fina: Romance, Minissérie e Cinema

  • Data: 05/06/2009
  • Mostrar Resumo
  • O presente trabalho objetiva acompanhar o percurso da personagem Cintura Fina, personagem real, que, saindo da História, empreende, intertextual e intersemioticamente, uma trajetória artística. A Literatura a captou e, dando vida e realidade a ela, inseriu-a nas páginas do romance Hilda Furacão, sob a batuta do escritor mineiro Roberto Drummond. As minisséries televisivas têm bebido sobejamente nas águas da Literatura. Não sem razão, o texto literário converteu-se em texto que a Rede Globo de Televisão recriou-a em minissérie de 32 capítulos, levados ao ar entre 24 de maio e 23 de julho de 1998, com adaptação de Glória Peres. As jovens cineastas mineiras, Fernanda Gomes e Luciana Barros, em 2005, levam a personagem Cintura Fina para o cinema, transformando-a, criativamente, na protagonista de um documentário experimental em curta-metragem intitulado Derivado da minha beleza.

     

  • ALESSANDRA GREYCE GAIA PAMPLONA
  • A CONSAGRAÇÃO PERIÓDICA DE JOSÉ VERÍSSIMO (1877 - 1884)
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 27/04/2009

  • IZENETE GARCIA NOBRE
  • LEITURAS A VAPOR: A CULTURA LETRADA NA BELÉM OITOCENTISTA
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 27/04/2009

  • ELDA CARLA BARATA NATIVIDADE
  • "Buscando significações na aprendizagem de inglês no ensino médio: uma experiência de fomento de autonomia"
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 24/04/2009

  • JORDANA TAVARES SILVEIRA
  • PRÁTICAS DE ENSINO E PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA 8a SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: O QUADRO EUROPEU COMUM DE REFERÊNCIA COMO FERRAMENTA

  • Orientador : JOSE CARLOS CHAVES DA CUNHA
  • Data: 07/04/2009
  • Mostrar Resumo
  • Nesta dissertação de mestrado, desenvolvemos um estudo sobre a produção de texto escrito em turmas de 8ª série do ensino fundamental visando: identificar os procedimentos e dificuldades habituais do professor observado para ensinar produção de texto escrito aos seus alunos; analisar o material didático utilizado nessas aulas; e propor, a título de sugestão, práticas de ensino de LM para o desenvolvimento da interação verbal através da produção escrita. Como ferramenta de trabalho para o desenvolvimento desse estudo, foi utilizado o Quadro Europeu Comum de Referência (QECR). Quanto aos procedimentos metodológicos, utilizamos o estudo de caso. Na análise, refletimos sobre a prática de ensino de produção de texto escrito, observando 13 (treze) aulas de LM e o material nelas trabalhado como também as “redações” escritas pelos alunos da turma observada. Os resultados da pesquisa indicam que podemos mudar nossa prática de um ensino de LM descontextualizado e sem propósito prático e social para aulas que proporcionem o desenvolvimento da competência de produção escrita dos alunos.

  • JOAQUIM MARTINS CANCELA JUNIOR
  • LEITURA E RECEPÇÃO CRÍTICA DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 25/03/2009

  • ELISSANDRA BARROS DA SILVA
  • ESTRUTURAS FONÉTICAS E FONOLÓGICAS DE VOGAIS E CONSOANTES DA LÍNGUA KURUAYA
  • Data: 09/03/2009

2008
Descrição
  • LARISSA DANTAS RODRIGUES BORGES
  • GÊNEROS TEXTUAIS ACADÊMICOS E ENSINO DA LÍNGUA INGLESA: UM CAMINHO PARA A MOTIVAÇÃO E A AUTONOMIA
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 19/12/2008

  • MARIA ADELINA RODRIGUES DE FARIAS
  • DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGÜÍSTICA DO DITONGO NO PORTUGUÊS FALADO NO ESTADO DO PARÁ
  • Orientador : ABDELHAK RAZKY
  • Data: 19/12/2008

  • MARIA LUCILENA GONZAGA COSTA
  • gazeta oficial: períodico paraense noticioso e literário - entre 1858 a 1866
  • Data: 14/10/2008
  • Mostrar Resumo
  • A chegada ao Brasil da Família Real portuguesa ocasiounou melhorias significativas à colônia, dentre as quais merece destaque a instauração da imprensa, cuja colaboração foi importante para a liberdade de expressão e a indepêndencia dos brasileiros. Alcançada liberdade, o país precisava se firmar como nação e coube à literatura essa tarefa. nesse contexto, surgiu o Romantismo, escola literária que propunha a originalidade dos temas nacionais, o que contribuiu para a valorização da cor loval. com a literatura na fase romantica surgiu, no Brasil, o romance-folhetim. a principio, os folhetins eram traduzidos diretamente do francês, posteriormente, os escritores locais sentiram-se motivados a escreverem e publicarem suas obras em capítulos de jornais. Na província do Pará não foi diferente. Vários jornais paraenses auxiliaram na expansão da leitura e divulgação do conteúdo literário, entre eles há que se destacar a atuação da folha Gazeta Official, publicada entre 1858 a 1866. nesse sentido, o objetivo maior deste trabalho é fazer uma compilação de textos relacionados à literatura e ao romance-folhetim, encontrados na Gazeta, a fim de estabelecer uma relação entre o percurso da folha - desde o noticioso até o folhetinesco - e a criação de um espaço ocupado por textos literários, como se constata neste trabalho.
  • ALMIR PANTOJA RODRIGUES
  • Crônicas Portuguesas em Jornais Paraenses na Segunda Metade do Século XIX (1860-1870)
  • Data: 14/10/2008
  • Mostrar Resumo
  • A coluna folhetim foi um espaço privilegiado para a divulgação de variedades nos jornais franceses do século XIX. Dentre essas variedades estavam textos curtos classificados como crônicas que, conquistavam os leitores pelas temáticas abordadas. Esse formato, após alcançar grande sucesso na Europa, não demorou a chegar ao Brasil, sendo divulgado no Rio de Janeiro, inicialmente no Jornal do Comércio. Essa prática se expandiu por todo o país, adquirindo os mesmos efeitos de circulação ocorridos na região européia, e no Pará alcançou maior divulgação a partir de 1850. Assim sendo, este trabalho pretende analisar a publicação de textos de autoria portuguesa que circularam como crônicas em jornais de Belém, na segunda metade do século XIX, especificamente, nas décadas de 1860, e 1870, objetivando verificar a circulação desse material e, por conseguinte, observar a relevância dos textos para a sociedade do período.
  • NELMA SILVA MILHOMEM
  • NÃO EXISTIA INFORMAÇÃO NO SIE
  • Orientador : SILVIO AUGUSTO DE OLIVEIRA HOLANDA
  • Data: 22/09/2008

  • MICHELE SEABRA PORTAL
  • CONTRIBUIÇÃO DA AVALIAÇÃO FORMATIVA PARA O ENSINO/APRENDIZAGEM DA PRODUÇÃO ESCRITA EM TURMAS NUMEROSAS

  • Data: 26/08/2008
  • Mostrar Resumo
  • xxx

  • JORGE ALMIR CASTRO DA SILVA
  • O DISCURSO LITERÁRIO E CINEMATOGRÁFICO: SIMETRIAS E ASSIMETRIAS EM O LEOPARDO, GIUSEPPE TOMASI DI LAMPEDUSA X LUCHINO VISCONTI
  • Orientador : JOEL CARDOSO DA SILVA
  • Data: 26/06/2008

  • MARIA DAS NEVES DE OLIVEIRA PENHA
  • A CARTOGRAFIA DE IRENE NA TRILOGIA DE LINDANOR CELINA
  • Orientador : JOEL CARDOSO DA SILVA
  • Data: 25/06/2008

2007
Descrição
  • PATRICIA SHEYLA BAGOT DE ALMEIDA
  • A INFLUÊNCIA DO PESSIMISMO SCHOPENHAURIANO NA OBRA CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA DE DALCIDIO JURANDIR
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 14/12/2007

  • IVONE DOS SANTOS VELOSO
  • MARAJÓ: ESPAÇO, SUJEITO E ESCRITA
  • Orientador : LUIS HELENO MONTORIL DEL CASTILO
  • Data: 06/10/2007

  • CLEUMA DE ALMEIDA MATOS DO NASCIMENTO
  • INVESTIGANDO A INFLUÊNCIA DAS CRENÇAS DE ALUNOS DO CURSO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ SOBRE A PRONTIDÃO PARA A APRENDIZAGEM AUTÔNOMA DO INGLÊS: UM ESTUDO DE CASO
  • Orientador : WALKYRIA ALYDIA GRAHL PASSOS MAGNO E SILVA
  • Data: 29/06/2007

  • HELANE DE FATIMA GOMES FERNANDES
  • Ideofones:um estudo no falar paraense
  • Data: 25/06/2007
  • Mostrar Resumo
  • xxx
2006
Descrição
  • SILVIA CARVALHO MOURAO
  • A SEMANA: PERIÓDICO LITERÁRIO
  • Orientador : GERMANA MARIA ARAUJO SALES
  • Data: 30/10/2006

  • CARLENE FERREIRA NUNES
  • VARIAÇÕES DO FONEMA / / NO FALAR DE QUATRO LOCALIDADES DO SUDESTE DO PARÁ: UMA DESCRIÇÃO GEO-SOCIOLINGÜÍSTICA

  • Data: 26/10/2006
  • Mostrar Resumo
  • Este trabalho trata da variação do fonema // no falar de 04 (quatro) cidades do Sudeste do Pará, a citar: Tucuruí, Itupiranga, Curionópolis e Dom Eliseu. Tais municípios têm recebido, desde sua fundação até os dias atuais, migrantes das mais diversas regiões do país. A constituição heterogênea da população - devido principalmente, ao intenso fluxo migratório a que foram submetidas - provocou nessas comunidades o surgimento de uma variedade lingüística que apresenta, hoje, traços fonéticos de várias regiões do país. A pesquisa segue o modelo da Sociolingüística Quantitativa (Labov, 1972), assim como também faz uso dos pressupostos da Geografia Lingüística (Brandão, 1991), no sentido de melhor entender a relação entre o espaço geográfico e os fatos lingüísticos . O corpus analisado é composto de 4756 dados extraídos de 46 relatos de experiências pessoais e questionário aplicado junto a 46 informantes da zona urbana, todos residentes naquelas cidades. A estratificação social obedece aos seguintes critérios sociolingüísticos: sexo, escolaridade e faixa etária. Foram considerados também aspectos lingüísticos que condicionam a variação do fonema //.Levando em consideração os fenômenos externos, percebeu-se que a variável, grau de escolaridade, influi na produção do fenômeno fonético aqui tratado. O tratamento estatístico dos dados foi realizado por meio do pacote de programas VARBRUL, o qual nos forneceu resultados quantitativos, a freqüência e os pesos relativos dos fatores de natureza lingüística e social. Encontramos seis variantes do fonema // nas comunidades pesquisadas.

  • LUIZ GUILHERME DOS SANTOS JUNIOR
  • TRA[D]IÇÃO E O JOGO DA DIFERENÇA EM MARAJÓ DE DALCÍDIO JURANDIR
  • Orientador : MARLI TEREZA FURTADO
  • Data: 24/10/2006

  • MARIA DOMINGAS FERREIRA DE SALES
  • MURILO MENDES: PANICO, AMOR E POESIA UMA LEITURA DE A POESIA EM PANICO À LUZ DO SURREALISMO
  • Orientador : JOEL CARDOSO DA SILVA
  • Data: 19/09/2006

  • MARIA AUDIRENE DE SOUZA CORDEIRO
  • A CONTRIBUIÇÃO DA ANÁFORA ENCAPSULADORA PARA A ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO EM DISSERTAÇÕES PRODUZIDAS POR ALUNOS DO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO DE SANTARÉM

  • Data: 25/08/2006
  • Mostrar Resumo
  • Este trabalho apresenta o resultado de um estudo sobre a contribuição da anáfora
    encapsuladora para a organização da informação em dissertações. Para essa pesquisa
    foram utilizados 60 textos produzidos por alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio
    Dom Amando. A base teórica assenta-se nos estudos de Koch (1997, 2001, 2004, 2005),
    Val (1999, 2003), Marcuschi (2001, 2002), Ilari (1992, 2001, 2005), Cavalcante (2001,
    2003), Souza (2003), Mondada (2003), Apothéloz (2003), Apothéloz e Chanet (2003),
    Conte (2003) e Francis (2003). A análise dos textos mostra que, apesar de a anáfora
    encapsuladora ser uma estratégia de referenciação importante para garantir a remissão e
    a sumarização de porções textuais antecedentes, ela foi usada em apenas 15 das 60
    dissertações que compõem o corpus. Nesses textos, identifico o contexto formal em que
    as anáforas encapsuladoras foram usadas, analiso como elas contribuem para a
    organização das seqüências argumentativas que compõem a dissertação e mostro como
    o uso inadequado dessa estratégia pode prejudicar o processo argumentativo. Os
    resultados comprovam que se trata realmente de uma estratégia fundamental para a
    organização das seqüências argumentativas, porque, ao sumarizar porções textuais
    antecedentes, esse tipo particular de anáfora permite ao produtor do texto: a) trabalhar
    com diferentes argumentos e relacioná-los entre si sem repetir seqüências já
    mencionadas; b) conduzir a linha argumentativa de tal forma que o leitor seja
    convencido da validade do juízo de valor defendido no texto e c) sinalizar mudanças na
    seqüência argumentativa, indicando que o autor do texto está passando de um estágio
    argumentativo para outro. Além disso, dependendo do nome escolhido para compor a
    anáfora encapsuladora, pode-se perceber como o produtor avalia e quer que o leitor
    interprete as seqüências anteriores às quais a anáfora encapsuladora faz remissão. Essas
    conclusões indicam que é necessário dar mais visibilidade ao funcionamento da anáfora
    encapsuladora nas aulas de Língua Portuguesa e/ou de Produção de Textos, porque o
    domínio dessa estratégia permite a construção de seqüências argumentativas lógicas e
    possibilita que o produtor de textos organize de forma mais produtiva o processo
    argumentativo em dissertações.

  • JAILMA DO SOCORRO UCHOA BULHOES CAMPOS
  • LEVANTAMENTO, ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE ELEMENTOS PARALINGÜÍSTICOS DO PORTUGUÊS REGIONAL ESPONTÂNEO
  • Orientador : REGINA CELIA FERNANDES CRUZ
  • Data: 20/04/2006
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  • XXXX
2005
Descrição
  • JOAQUIM ALFREDO GUIMARAES GARCIA
  • VERBO DE FOGO: UMA LEITURA DA HISTÓRIA, DO IMAGINÁRIO AMAZÔNICO E DO SOCIAL NO ROMANCEIRO DA CABANAGEM
  • Data: 20/12/2005
  • Mostrar Resumo
  • Revolução popular, com profundas implicações políticas, históricas e sociais no Pará, a Cabanagem desdobrou-se em lutas protagonizadas por legalistas e cabanos de 1835 a 1840. Neste período, segundo historiadores, o número de mortos chegou a 30 mil. Vista pelos olhos dos vencedores como uma simplória revolta de camadas menos favorecidas do extrato social, ao longo do tempo a Cabanagem teve sua memória recuperada por intelectuais e estudiosos da história do Pará, até alcançar o satus de Revolução Popular. Este trabalho tem como base teórica estudos sobre textos históricos e de teoria literária, com ênfase à inter-relação entre a memória histórica, o imaginário amazônico e o papel do poeta nas questões sociais de seu tempo, mais especificamente, na poética de José Ildone e o entrecruzamento deste poeta com o olhar do contista João Marques de Carvalho, para mostrar visões diferenciadas sobre a Cabanagem, através de textos ficiconais de escritores de expressão amazônica. A principal proposta da pesquisa é mostrar até que ponto uma produção literária local se projeta em um contexto mais global e o quanto estes textos podem contribuir para analisar e compreender um fenômeno histórico, social e político como foi a revolta cabana, em um período de dissidências, motins, protestos militares e revoluções que eclodiram no Brasil nos nove anos de desorganização política e social do Período Regencial (1831/1840)
  • MARIA DAISES MATOS DE CARVALHO
  • DESCRIÇÃO DOS USOS DO ONDE: INDÍCIOS DE UM PROCESSO DE GRAMATICALIZAÇÃO?
  • Orientador : MARILIA DE NAZARE DE OLIVEIRA FERREIRA
  • Data: 12/12/2005

  • JOSIANE DA SILVA FERREIRA ALTHAUS
  • A COMPREENSÃO E A PRODUÇÃO ORAL NAS AULAS DE FLE: OS JOGOS TEATRAIS COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO

  • Data: 05/12/2005
  • Mostrar Resumo
  • Esta pesquisa buscou investigar a situação do ensino/aprendizagem da produção e da compreensão oral em línguas estrangeiras, mais precisamente o FLE (Francês Língua Estrangeira), no contexto escolar amapaense. A partir da visão de aspectos linguísticos e pragmáticos a respeito da interação e da percepção que englobam os sentido humanos, propõem-se nesse trabalho uma prática pedagógica que inclua os elementos lúdicos dentro das estratégias de ensinar/aprender a oralidade. Contribuindo especificamente para que a concepção pedagógica da prática teatral conduza ao desenvolvimento dos diversos valores necessários para a aquisição de uma língua estrangeira. A partir da reflexão e análise da situação do ensino/aprendizagem de língua estrangeira no Brasil e do FLE no Amapá, esta pesquisa destaca a compreensão da produção oral no contexto escolar tomando como base aspectos linguísticos e pragmáticos voltados para a compreensão que propõe o interlocutor para uma série de situações de comunicação a partir das atividades diversificadas de ensino. Toda a pesquisa referente ao nível teórico e prática teatral se baseia em autores como Spolin, Massaro, Hinglais que visam o chamado “engajamento” discursivo ou teatral dos aprendizes. E enfim, algumas atividades são sugeridas a partir de um formato metodológico dos jogos teatrais de Spolin e da contribuição do método de MASSARO para a união de duas linguagens: a Linguagem Teatral e a Linguagem da Língua Estrangeira.

  • MARCOS MONTEIRO ALMEIDA
  • CIDADES E ANTÍTESES: UMA LEITURA DO ROMANCE "PASSAGEM DOS INOCENTES" DE DALCÍDIO JURANDIR
  • Data: 10/03/2005
  • Mostrar Resumo
  • XXXX
2002
Descrição
  • ELIZABETH FERREIRA VASCONCELOS
  • Quem é Eva e o que é uva. Uma abordagem pragmática da língua e o método Paulo Freire: Propostas para um letramento radical.

  • Data: 17/07/2002
  • Mostrar Resumo
  • Apresenta três concepções de alfabetização e os motivos para inserção do termo letramento numa reflexão da área. Expõe algumas práticas de alfabetização e discute suas contribuições e limitações. Apresenta as etapas do método Paulo Freire dentro do seu contexto de criação e explicita as discussões geradas a partir da prática. Indica elementos para uma abordagem pragmática da língua e suas implicações para a alfabetização. Analisa alguns pontos do pensamento Freireano procurando demonstrar uma aproximação entre eles e uma abordagem pragmática. Finaliza com uma proposta para um letramento radical.

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