CORPO OCUPANTE AUTOCRIDOR: Diálogos possíveis entre fazer artístico e Diversidade sexual e de gênero
Palavras chaves: Corpo Ocupante Criador, processos de criação, artivismo, gênero e sexualidade, dança.
Esta tese nasce do desejo de compreender os processos artísticos, em especial os atravessados pelas questões de gênero e sexualidade, como modos de existência e resistência, de tal forma que o corpo possa ser tomado também como obra em processo na relação que tece entre Arte&vida. Assim sendo, objetivo, por meio desta pesquisa, tecer a noção de Corpo Ocupante Criador a partir de um processo de autocriação artística (LAVAND, 2021) que, por meio de insurreições e insubordinações ao sistema de violências de gênero vigentes, gera caminhos possíveis para o tensionamento do dispositivo de violência e vigilância do gênero e da sexualidade, isto é a LGBTFobia. Como autocriação artística, entende-se o processo pelo qual o artista, enquanto debruçasse sobre a criação de suas obras e/ou vive determinadas experiências artístico-culturais, reordena suas percepções sobre o mundo e, por conseguinte, reinventa a si mesmo e as coletividades que o circunda. Para isso, reflito sobre uma série de processos que podem ser lidos como práticas artísticas LGBTQIA+, vivenciadas por mim, em especial por meio da ou a partir da Dança, entre os anos de 2019 e 2023. Além disso, converso com autores do campo da pesquisa em artes/dança, tais como Silvio Zamboni (2001), Rita F. Aquino (2018), Sylvie Fortin e Pierre Gosselin (2014) e Brad Haseman (2015), para dobrar esta pesquisa enquanto uma pesquisa em Dança que não faz uso de abordagens metodológicas pré-codificas e inventa seu próprio modo de fazer a partir de seu entendimento enquanto uma pesquisa perfomativa guiada-pela-prática (HASEMAN, 2015); autores dos campos do processo criativo em artes/dança tais como Ana Flavia Mendes (2010), Cecilia Salles (2013) pra articular a dança enquanto linguagem artística, processo de vida e fazer político; autores do campo dos estudos de gênero e sexualidade tais como Michel Foucault (1988), Daniel Borrillo (2016), Viviane Vergueiro (2016) e Marlon M. Bailey (2013), entre outros, para materializar linhas de força entre o Corpo Ocupante Criadore sua função social artivista dos direitos humanos, em especificamente do direito a existência da comunidade LGBTQIA+ com suas dobraduras e intersecções. Defendo de tal forma, enquanto tese que, o Corpo Ocupante Criador se apresenta enquanto um processo de autocriação artística e, por conseguinte, um processo em que o artista implicado no seu fazer poético, abre espaços para a construção de um outro corpo para si e nesse tramite agencia também transformações em suas coletividades e vice-versa. Tomando assim consciência sobre as questões de gênero, sexualidade, racialidade e territorialidade. Um fazer-pensar artístico implicado com a formação de uma outra sensibilidade que amplie as formas de vida, das minorias, dos excluídos e dos corpos marginalizados. Um fazer-pensar artístico capaz de inventar outros modos de operação com o corpo que tencionam o cis-heteropatriarcado.
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