Ações afirmativas e os desafios de estudantes quilombolas para sua permanência na Universidade Federal do Pará: o que dizem os protagonistas.
Estudantes Quilombolas. Identidade. Ações afirmativas. Permanência
O texto apresenta resultado da pesquisa de mestrado que tem como principal objetivo analisar como se estabelece a identidade e a luta pela permanência dos estudantes quilombolas na Universidade Federal do Pará (Ufpa) – Campus Guamá que ingressaram nesta instituição através de ações afirmativas com a reserva de vaga para quilombolas no período do primeiro semestre 2013 ao primeiro semestre de 2018. E para atingirmos o principal a finalidade proposta definiu-se como objetivos específicos: a) Fazer um breve apanhado sobre a política de ação afirmativa no Brasil e a implantação na Ufpa; b) Discutir a partir da trajetória dos estudantes quilombolas da Ufpa como ocorre o reconhecimento e a re/afirmação da identidade quilombola no espaço da Universidade; c) Apontar como os estudantes quilombolas se organizam para garantir a permanência na Ufpa. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa cujas técnicas de levantamento de dados incluem a análise documental e a entrevistas semiestruturadas realizadas junto ao universo de estudantes quilombolas matriculados e também de professores que encaminharam a proposta de ação afirmativa da UFPA e como metodologia temos a etnografia voltada para a observação participante e entrevistas que ocorreram durante a pesquisa de campo no período de outubro de 2017 a junho de 2018 e de novembro e dezembro de 2018. Utilizando as contribuições teóricas dos principais estudiosos que abordam as questões concernentes ao objeto investigado, sendo eles: Geertz (2014), Cardoso de Oliveira (2000). Além disso, para compreender como as relações que envolvem a identidade fizeram uso dos estudos de Gomes (2005), Silva (2000), Hall (2000), Almeida (2002), e para compreensão acerca das ações afirmativas e permanência utilizamos Beltrão (2011, 2013), Piovesan (2008), Deus (2008) e Santos (2009). Contudo, o ingresso, a identidade e a permanência dos estudantes quilombolas no espaço universitário tornam-se desafiadores para esses sujeitos que passam a aprender, a vivenciar e a intercambiar diferentes perspectivas, concepções e experiências. As atuais demandas dos estudantes quilombolas que ingressam na Universidade Federal do Pará através da reserva de vagas exigem um maior comprometimento da instituição com as políticas institucionais de permanência para esses estudantes. Assim, a universidade precisa ser um espaço de formação desses sujeitos para que eles lutem e façam o enfrentamento contra a violência simbólica e a invisibilidade mediante a sociedade, pois não se trata apenas de ingressar e concluir o curso, mas passa pelo processo de formação desses sujeitos sociais e também que a universidade possa proporcionar aos outros estudantes não quilombolas ações antirracistas e práticas que possibilitem uma integração entre esses grupos.