O presente trabalho versa sobre a formação dos alunos trabalhadores oriundos do mundo rural e inseridos nos turnos da tarde e da noite na escola Estadual de Ensino Médio Maria Conceição Gomes de Souza, localizada no município de São Francisco do Pará. Investigamos se as práticas educativas e pedagógicas desenvolvidas neste ambiente favorecem um processo de integração ou não integração entre os saberes sociais do trabalho dos educandos da zona rural e os conhecimentos escolares. Este estudo teve início a partir de uma visita que realizamos na escola, onde foi percebida uma grande quantidade de jovens educandos trabalhadores oriundos do meio rural inseridos na escola localizada na área urbana do município. Para procedermos a esta investigação foi preciso debruçarmo-nos em estudos bibliográficos apoiados em autores tais como: Marx (1844), Gramsci (1991), Vazquez (2011), Zaidan (2003), Fischer (2003), Charlot (2005), Arroyo (2013), Nosella (2004), Ciavatta (2012), Ramos (2008), Thompson (1987), Araujo (2014), Rodrigues (2012), Pistrak (2000), entre outros, com a finalidade de aprofundar os conhecimentos sobre a problemática apresentada. Metodologicamente o estudo desenvolveu-se inicialmente com visitas in loco, caracterizando a pesquisa exploratória, que teve o objetivo de realizar a etnografia dos sujeitos da pesquisa, os educandos da zona rural do município. A pesquisa qualitativa seguiu-se tendo como instrumento para coleta de dados as entrevistas semiestruturadas. A análise do conteúdo foi interpretada com base no materialismo histórico dialético. No percurso do estudo foram realizadas reflexões acerca da relação entre o saber social do trabalho e os conhecimentos escolares em um processo de ensino de modo integrado ou não integrado desenvolvido nas práticas educativas e pedagógicas da escola e a contribuição deste ensino para a formação do aluno trabalhador do meio rural inserido no ensino médio, um processo formativo que pode se apresentar de forma pragmática ou de modo mais humanizado e crítico, coerente com as necessidades dos educandos. Esta pesquisa revelou que os gestores e parte dos professores têm conhecimento da realidade e das especificidades dos educandos presentes nos turnos da tarde e da noite na escola. No entanto, os processos formativos percebidos na escola ocorrem de modo paralelo com momentos de integração e de não integração. Conclui-se que, destes dois processos, o de não integração ocorre com maior incidência, devido às dificuldades percebidas na atuação da equipe gestora e dos docentes de mediar as especificidades da rotina dos educandos trabalhadores da zona rural nas práticas educativas e pedagógicas da escola e também pelo pouco entendimento por parte da equipe gestora e docente sobre os princípios e os objetivos do ensino integrado, no sentido de uma educação esclarecedora e libertadora para os educandos trabalhadores da zona rural.