Tristeza atípica: a percepção materna sobre o sofrimento dos filhos com autismo.
Relações mão-criança, Transtornos do espectro do autista, Desenvolvimento emocional, Tristeza.
Este trabalho investiga o reconhecimento da expressão de tristeza em crianças autistas a partir dos relatos de suas mães. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva dos dados. Participaram dezenove mães de crianças entre 04 e 06 anos de idade, de ambos os sexos, diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que frequentavam o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. A análise de conteúdo embasou a criação das categorias e sistematização das informações realizadas a partir do software IRaMuTeQ com a utilização da classificação hierárquica descendente, que gerou três diferentes corpus, cujos resultados foram nomeados como eixos temáticos: Estressores e tristeza - causadores e alívio, Expressando sentimentos - agressão, choro e carinho, Sentir-se triste - acalante-se meu filho. Foram encontrados nos relatos referência de comportamentos autolesivos e de isolamento, como a maneira encontrada pela criança para findar situações estressoras. Além disso, observou-se que as mães possuem uma falha na capacidade de discernir os estados emocionais de seus filhos relatando como tristeza episódios de raiva ou irritação, que pode indicar um prejuízo na sintonia afetiva mãe-filho. Ambos os achados apontam que há uma imaturidade e um atraso no desenvolvimento emocional das crianças autistas, manifesta a partir das dificuldades de discernimento, expressão e regulação do sentimento de tristeza.