Dissertações/Teses

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2024
Descrição
  • TATIANE MORAES CHAGAS
  • Escrevivências de uma educadora popular amazônida em conversações com a Psicologia Social-Comunitária latino-americana

  • Orientador : FLAVIA CRISTINA SILVEIRA LEMOS
  • Data: 25/04/2024
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  • Esta pesquisa versa a respeito da minha escrevivência como educadora popular e professora na relação com a minha formação no Ensino Superior em Psicologia, em Letras e Pedagogia em interfaces com a Psicologia social comunitária no Mestrado em Psicologia. Busco analisar minhas experiências por meio da história de vida, a partir da História Cultural, da História Oral e da Micro-história. Como problema de pesquisa, pergunto a respeito das relações entre as experiências como educadora como ato de ler o mundo e a produção da subjetividade em inquietações da construção dos modos de vida de uma Psicologia Social Libertária que possibilita a ruptura com lógicas conteudistas e tecnicistas rumo a uma visão ética, estética e política do pensar-viver inventivo do comum. Como objetivo geral, analiso as práticas agonísticas de formação na educação popular em rede com a Psicologia social comunitária nas minhas escrevivências. Nos objetivos específicos, problematizo as práticas de como pedagoga e como psicóloga em zonas de co-vizinhança e me interrogo a respeito das minhas trajetórias em movimentos sociais e como docente na educação fundamental enquanto modos de vida pelo currículo como produção de território de existência singularizante. O presente trabalho resulta de uma pesquisa sobre práticas de (re)existências de uma mulher por meio de sua escrevivência, o trabalho com as memórias e saberes locais e a escrita de si com a história oral. Como resultado, penso a construção das narrativas da formação de uma cientista, professora da educação básica, ativista da pastoral nos movimentos eclesiais de base, formada em Letras, Pedagogia e Psicologia que se torna pensadora e escritora ao mesmo tempo em que percorre a educação popular e constrói uma autobiografia como memória das lutas do presente. As trajetórias psicossociais das práticas de saber, de poder e subjetivação se fazem nas tramas genealógicas históricas que formam diagramas de resistências à vulnerabilização no chão dos territórios dinâmicos das Amazônias. O encontro com Paulo Freire, bell hooks, Grada Kilomba e Adichie bem como com Martín-Baró e Conceição Evaristo dão o tom para traçar a análise das memórias de uma mulher em suas resistências e andanças territoriais na Amazônia paraense nos últimos 20 anos. Destaco que a educação popular me permitiu com a Psicologia Social Comunitária e os letramentos de interseccionalidade me tornar uma cientista mulher que habita o chão das Amazônias como quem planta memórias coletivas e singulares, na medida em que narro minhas experiências e expando meus modos de vida como (re)existências.

  • LEOMAR SANTOS MORAES FILHO
  • LGBTFOBIA E ASSISTÊNCIA À SAÚDE PARA PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS.

  • Orientador : MARIA LUCIA CHAVES LIMA
  • Data: 18/04/2024
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  • LGBTfobia é o termo empregado para designar o sentimento ou a atitude dirigida a lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e travestis que inferioriza, hostiliza, discrimina ou violenta esses grupos em razão de sua sexualidade e/ou identidade de gênero. A literatura indica que a LGBTfobia é produzida socialmente, especialmente pelas ideologias cisheternormativa e sexista, podendo ser perpetrada por indivíduos, coletividades ou instituições. Na contemporaneidade, a LGBTfobia vem apresentando um processo de recrudescimento, especialmente quando combinada ao viver com HIV/aids. Desse modo, a presente pesquisa tem o objetivo de compreender como a LGBTfobia reverbera na assistência à saúde de minorias sexuais vivendo com HIV/aids. Partindo de uma pesquisa qualitativa, foram entrevistados seis homens gays e bissexuais a partir dos 18 anos de idade, com sorologia positiva para o HIV em fase avançada da infecção e hospitalizados em uma unidade de referência em infectologia. Os interlocutores foram contactados a partir do diálogo com a equipe assistencial da instituição, leitura do prontuário e uma abordagem inicial do pesquisador para apresentação da pesquisa. As entrevistas seguiram o modelo semiestruturado e foram realizadas presencialmente. Para a análise das informações produzidas este estudo utilizou a análise de conteúdo de Bardin (2016). Os resultados apontam que a LGBTfobia faz parte do cotidiano e das dinâmicas sociais contemporâneas e quando aglutinada a condição sorológica positiva ao HIV, torna-se ainda mais complexa, produzindo situações específicas de sofrimento, compreendido como ético-político. No âmbito da assistência à saúde, entre os efeitos mais expressivos da LGBTfobia destaca- se a pressuposição da heterossexualidade de todos os usuários, inabilidade no manejo clínico da sexualidade divergente da heterossexual e o não-reconhecimento desse marcador como um dado de saúde clinicamente relevante. O conceito de sofrimento ético-político possibilitou desvelar que o sofrimento sentido pelas pessoas LGBTQIAPN+ vivendo com HIV ou aids tem interfaces tanto com suas histórias de vida anteriores ao diagnóstico quanto às circunstâncias de vida sob as quais se encontram expostas no momento. Portanto, adotar essa perspectiva epistemológica também perpassa pelos aspectos éticos desta pesquisa que considera que os diversos sofrimentos presentes em cada época histórica decorrem das inúmeras iniquidades, injustiças sociais, opressões e negligência do Estado.

  • LUCAS DE ALMEIDA MODESTO
  • “GORDURA NÃO É COISA DE MACHO”: REVERBERAÇÕES DA GORDOFOBIA NAS MASCULINIDADES DE HOMENS GORDOS.

  • Orientador : ERIC CAMPOS ALVARENGA
  • Data: 03/04/2024
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  • A gordofobia é uma forma de violência interseccional, estrutural, cultural e
    institucionalizada que atinge pessoas gordas, discriminando e hostilizando seus corpos. Está
    presente em diversos cenários e ancora-se em saberes patologizantes, historicamente determinados,
    utilizando-se de discursos de saúde e beleza na mídia, na indústria de cosméticos, fármacos e
    procedimentos que podem “curar” um corpo que foi “adoecido” pelo estigma social causado por
    este suposto saber. Elenca-se que a maioria das produções que questionam a gordofobia foram
    produzidas por e sobre mulheres gordas, havendo assim a necessidade de incluir o público
    masculino neste debate, uma vez que estes também são atravessados de distintas formas pela
    gordofobia. Uma dessas formas é no aspecto da masculinidade, considerando as formas plurais que
    homens são subjetivados no Brasil. Investiguei como esses processos podem ser gordofóbicos,
    tendo em vista, que a masculinidade hegemônica tem um padrão de corpo atlético e musculoso,
    sendo para esta a gordura um atributo de feminilidade. Dessa forma, homens gordos passam a ter
    sua masculinidade colocada à prova por possuírem em excesso o que o “homem de sucesso” busca
    eliminar”. Utilizo uma epistemologia de autores(as) que estudam as masculinidades de forma
    plural e sob viés feminista e lanço mão dos estudos transdisciplinares das corporalidades gordas.
    Neste sentido, este trabalho tem por objetivo analisar como a gordofobia afeta as masculinidades
    de homens gordos na região metropolitana de Belém. Trata-se de uma pesquisa de campo, com
    abordagem qualitativa que através de entrevistas semiestruturadas visa produzir informações que
    possam ser analisadas a partir da análise de conteúdo, a fim de responder as questões de pesquisa e
    os objetivos propostos. Participaram da pesquisa 9 homens com idades entre 20 e 37 anos. A partir
    da análise de conteúdo surgiram três categorias, tais quais: “É mais fácil falar sobre ser gordo do
    que sobre ser homem” onde discuto acerca dos processos de subjetivação dos homens gordos a
    partir do corpo, dos esportes e da heterossexualidade compulsória; “É basicamente igual roupa,
    pode não ser a que você gosta, mas você tem que levar”, em que trato a respeito do preterimento
    amoroso e da fetichização que homens gordos vivenciam devido à gordofobia e “É o meu corpo, é
    o que eu tenho!” em que disserto sobre as formas de sofrimento e enfrentamento vivenciadas por
    homens gordos. Por fim, esta pesquisa se propõe a suscitar em homens gordos a necessidade de
    unir-se às discussões e ao movimento antigordofobia, ademais, também elucida a necessidade de
    pesquisas futuras com homens gordos heterossexuais, visto que somente um dos participantes se
    identifica dessa forma, assim algumas questões não puderam ser alcançadas sobre essa
    especificidade, mas salientaram possíveis idiossincrasias.

  • MICHELLE RIBEIRO CORRÊA
  • PRÁTICAS CURRICULARES DA ESCOLA JUDICIAL DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ E PRODUÇÃO DA SUBJETIVIDADE.

  • Orientador : FLAVIA CRISTINA SILVEIRA LEMOS
  • Data: 28/03/2024
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  • Esta tese afirma a produção da diferença nas práticas da Escola Judicial do Poder Judiciário do Estado do Pará, de 2016 a 2023, operando resistências aos preconceitos, estigmas, discriminações negativas e rotulações no cotidiano da formação efetuada pela mesma. O objeto é o currículo que articula um diagrama de forças múltiplas que visam interferir nos modos de materializar o trabalho de operadores do Direito, magistrados(as) e equipes multidisciplinares no Poder Judiciário. Pergunta-se em que medida a formação materializa saberes, poderes e produzem subjetividades que rompem com cristalizações históricas de dominações, opressões e governamentalidades das condutas jurídicas moralistas, higienistas, sexistas, classistas, etaristas, racistas e de violência de gênero? A metodologia é histórica, documental e genealógica na relação de Michel Foucault com a História Nova, analisando o currículo dos cursos oferecidos pela Escola Judicial do Poder Judiciário do Estado do Pará. Desde a criação da Escola e do Conselho Nacional de Justiça, há tentativas de transformar o contexto jurídico, que teve uma história marcada pela relação ordem e lei fortemente sustentada em valores liberais, morais, hierarquizantes e enviesados por preconceitos e discriminações negativas, inclusive, com seletividade penal, patologizações, judicializações, criminalizações intensivas e medicalizações regulares. Todavia, há paradoxos, pois, ao mesmo tempo em que a EJPA traz práticas mais democráticas, interseccionais e descolonizadoras no currículo, simultaneamente, amplia processos de judicialização e medicalização da formação e a oferta de cursos depende das articulações com o período de gestões mais ou menos garantistas bem como está associada às portarias e normativas do CNJ e da ENFAM.

  • LARISSA SATO FARIAS
  • Memórias de uma mulher nipo-brasileira no campo da Educação e da Ciência da Computação: história de uma profissional-docente-pesquisadora e suas (re)existências.

  • Orientador : FLAVIA CRISTINA SILVEIRA LEMOS
  • Data: 26/03/2024
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  • Esta tese, integrada à Linha de Pesquisa "Psicologia, Sociedade e Saúde" do Programa de Pós-graduação de Psicologia da Universidade Federal do Pará, traz a minha jornada como pesquisadora e docente e profissional nos campos da Educação e Ciência da Computação. Adotando a História Cultural, a Genealogia de Foucault, a escrita de si, a micro-história, a Histórial Oral e a interseccionalidade que modula e performa da a carreira docente em Ciência da Computação e me produz como subjetividade pesquisadora-educadora e profissional. Por meio de uma tecnologia de si, investigo os desafios enfrentados e resistências inventadas com um olhar particular sobre a subjetividade nipo-brasileira paraense e sua zonas de co-vizinhanças na educação
    em Computação. Questiono: quais marcadores de interseccionalidade atravessam e constituem a carreira docente em Ciência da Computação? Que práticas de saber, de poder e subjetivação se materializam nas práticas da escolha docente e de seu exercício na Ciência da Computação? Esta pesquisa visa contribuir significativamente para discussões sobre políticas públicas e práticas educacionais, destacando a importância de uma abordagem femininista de fronteira dos trabalhos de Glória Anzaldúa; dos estudos feministas da Teoria da bolsa de ficção de Ursula K. Le Guin; dos saberes locais de Donna Haraway, ao traçar a cama de gato como dispositivo para seguir a trilha de ficar com o problema e os operadores dos estudos da interseccionalidade a partir de Patrícia Hill Collins. Postula-se que as comunidades científicas operam uma trama que sobrecodifica a política da verdade e a hierarquiza, ao produzir também colonialidades de gênero, corpos, poderes e subjetivações na área tecnológica, especialmente na região amazônica. Destaco que as práticas de sociais na relação com o currículo enquanto um território em disputa e a pesquisa-docência formam um campo de tensão permanente em que os exercícios de poder, subjetivação e produção de saberes operam no fio da navalha para as mulheres na ciência, sobretudo, no caso de uma paraense nipo-brasileira professora de Educação em Ciência da Computação, em uma universidade federal. Afirma-se que há uma construção ativa de subjetividades docentes e a atribuição de uma atitude crítica às práticas de pesquisa na sociedade que precisam ser pensadas em uma constante problematização da formação marcada por assimetrias de gênero e étnico-raciais historicamente. Os resultados evidenciam marcadores de interseccionalidade, além da presença de práticas de saber e poder especificamente ligadas ao sexismo e racismo em relação às mulheres na Ciência da Computação.

  • GABRIELLE DE KASSIA CARRERA DE OLIVEIRA
  • PORQUE ESCREVER PARECE COM NÃO MORRER: uma leitura psicanalítica do romance Um Sopro de Vida de Clarice Lispector
  • Data: 12/03/2024
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    Este trabalho traz reflexões acerca da escrita como contorno à morte a partir da leitura do romance Um Sopro de Vida, escrito por Clarice Lispector em seus últimos anos de vida e publicado postumamente, no ano de 1978, por sua amiga Olga Borelli. Sendo assim, no foco deste estudo está a relação que os dois personagens centrais da narrativa, Autor e Ângela Pralini, estabelecem com a escrita. Para tanto, em primeiro lugar, buscou-se abordar as especificidades das narrativas clariceanas, partindo da noção de estilo para a psicanálise. Em seguida, atentou- se às considerações freudianas sobre a criação literária, desde as suas primeiras publicações que correspondem ao período do primeiro dualismo, até a descoberta de um além do princípio do prazer e, consequentemente, da mudança do primeiro para o segundo dualismo pulsional. Posteriormente, realizou-se um percurso pelos textos freudianos a fim de colher suas pontuações sobre a morte e sua relação com o psiquismo. Diante disso, a partir da leitura do romance, pôde-se identificar que o impulso que deu origem à construção da narrativa, no caso do personagem Autor que cria a personagem Ângela Pralini, parte da necessidade de fazer algo diante da desestruturação trazida pela proximidade do próprio fim biológico, o que aponta para o que há de mais irrepresentável na vida psíquica do sujeito: a própria morte. Porém, a empreitada do personagem Autor não se encerra na tentativa de utilizar a escrita para contornar a iminência de seu fim biológico, pois o que mais lhe interessa no momento não é o destino de seu corpo, mas de seu espírito. Por esse motivo, interessou também pensar a noção de entre-duas-mortes, discutida por Jacques Lacan. A partir disso, viu-se que a morte não se restringe apenas ao fim biológico, mas abrange também o esquecimento e o desaparecimento do sujeito na dimensão simbólica, o que caracterizaria a segunda morte. Conclui-se então que, na narrativa de Lispector, a afirmação da escrita como sinônimo de vida figura como um recurso para evitar a segunda morte inscrevendo o sujeito nesse espaço entre duas mortes.

      

  • ERIKA DOS SANTOS PAIVA
  • A SUBJETIVIDADE DA CRIANÇA COMO CHAVE DE LEITURA PARA OS ENTRAVES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: a importância do laço educadora-criança no processo de inclusão.

  • Orientador : IZABELLA PAIVA MONTEIRO DE BARROS
  • Data: 01/03/2024
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  • Sendo a educação preceito primordial e necessário para o sujeito em desenvolvimento, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), preconiza que toda a criança e adolescente possui o direito de ser alfabetizado. Dessa forma, compreende-se dois conceitos importantes nesse contexto: a alfabetização, definida pelo ensino de códigos e letras a qual compõe o sistema padronizado de ensino, e o letramento representado por comportamentos e técnicas que vão além do domínio e a construção dos sistemas alfabéticos e ortográficos, ou seja abrange a capacidade de interpretar e contextualizar. Embora o decreto 7.611/11 disponha sobre a importância do atendimento educacional especializado para crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, assegurar a entrada de crianças com entraves na alfabetização ou na constituição psíquica no ambiente escolar constitui um verdadeiro dilema para maior parte dos docentes do ensino regular, pois surgem inúmeros questionamentos sobre como efetivar essa inclusão. Sendo assim, a escolarização de crianças com dificuldades na aprendizagem requer uma participação ativa das professoras, da escola e, sobretudo, da criança como protagonista de um lugar de fala diante da sua história de vida. O laço particularizado professora criança nos casos com entraves na alfabetização possibilita que a educadora possua um novo olhar sobre a subjetividade do sujeito, dando lugar ao reconhecimento do sujeito de desejo. Este laço transferencial, segundo a psicanálise, é um meio facilitador e necessário na relação do par. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo discutir, a partir de um estudo de caso, a importância de a professora considerar, além das competências cognitivas, a subjetividade da criança no processo de inclusão. Para tanto, como método de pesquisa, utilizou-se à articulação de estudo exploratório de abordagem qualitativa, com o auxílio do método clínico qualitativo que lança mão de conhecimentos psicanalíticos, tais como a transferência e o inconsciente. A amostra do estudo foi composta por uma acompanhante terapêutica/ professora e uma criança, que foi convidada a participar da pesquisa por ser usuária do serviço de saúde do Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (Casmuc) e por cursar o Ensino Fundamental, critérios de inclusão. O instrumento utilizado para coleta de dados foi o APEGI (Acompanhamento Psicanalítico de Crianças em Escolas, Grupos e Instituições), composto por roteiro de entrevista semi-dirigida e alguns indicadores que dão notícias da qualidade do laço da criança com seus outros. Os dados foram trabalhados quantiqualitativamente e foram a base para a construção do caso clínico. Foram respeitadas e seguidas todas as recomendações éticas desejáveis para a pesquisa com seres humanos. O caso de Lucas Explorador, aponta que o laço acompanhante terapêutica- criança, constituído por meio do olhar cuidadoso da profissional o qual sustentou uma aposta no que Lucas sabia e não no que não sabia, ajudou a sustentar o vir-a-ser do aluno sujeito de desejo, permitindolhe falar e ter voz ativa na sociedade. Assim, pode ser deixado para trás o lugar que ocupava anteriormente: o de uma criança reduzida a um rótulo a partir de um diagnóstico.

  • RENATA CHRISTINE DA SILVA MELO
  • Missão principal: mulheres desenvolvedoras de jogos eletrônicos e o combate à violência de gênero.

  • Data: 29/02/2024
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  • Se as mulheres fossem personagens de um jogo chamado vida, arrisca-se dizer que a missão
    principal nesse jogo seria derrotar o patriarcado. Este trabalho objetivou explorar o perfil de
    mulheres brasileiras cuja profissão envolve o desenvolvimento de jogos eletrônicos, as
    experiências hostis vivenciadas no trabalho e as estratégias de enfrentamento utilizadas por
    elas para lidar com a violência de gênero nesse meio. A metodologia baseia-se na abordagem
    qualitativa de pesquisa, do tipo exploratória, com levantamento por meio de entrevista online
    individual com 10 participantes e a análise se deu a partir das propostas das práticas
    discursivas e produção de sentidos de Spink (2010). Os resultados apontaram que as mulheres
    gamedevs desse estudo seguem um perfil conforme o panorama da indústria, elas são
    majoritariamente brancas, habitam principalmente a região sudeste do Brasil e a maioria delas
    são dos setores de produção ou artes. Todas elas experienciaram violência de gênero de
    alguma forma – discriminação, assédios, microagressões – durante a carreira, proveniente de
    chefes ou colegas de trabalho. Para enfrentar e se ajustar a esse cenário adverso, elas utilizam
    estratégias de sobrevivência ligadas ao esforço de normalizar violências ou proteção
    (silenciar, recusar e evitar, adaptar o trabalho, rede de apoio...), e outras estratégias estão mais
    relacionadas com resistência e mudanças (falar e se impor, terapia, rede de apoio entre
    mulheres, gerenciamento consciente...). Elas também enfatizaram a necessidade de ações
    modificadoras individuais (pessoas, homens) e coletivas (instituições de ensino, empresas,
    mídias/redes sociais) que devem ser tomadas pela indústria com foco no incentivo,
    acolhimento e permanência de meninas e mulheres nas tecnologias e desenvolvimento, bem
    como no aumento da participação delas em posições de tomada de decisão (CEO) e na
    educação de homens e comunidade dev para conscientização de privilégios e preconceitos.
    Por fim, espera-se que esse estudo contribua para ampliar a nossa compreensão sobre gênero,
    trabalho, desenvolvimento de jogos e estratégias de enfrentamento, mas principalmente, para
    incentivar futuras pesquisas, projetos e ações que foquem em soluções para que esse cenário
    adverso se torne mais inclusivo e adequado para grupos sub-representados.

  • LUAN SAMPAIO SILVA
  • Relação líquida cuidador-bebê e a fragilidade dos laços humanos: uma leitura winnicottiana

  • Orientador : JANARI DA SILVA PEDROSO
  • Data: 28/02/2024
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  • Na contemporaneidade, vive-se um momento no qual as relações humanas estão cada vez mais
    fragilizadas e inconsistentes. O ser humano, desprovido de empatia, não adquire a capacidade de se
    preocupar, de forma genuína, com as relações sociais e amorosas que estabelece. Tal fenômeno é
    apontado por Bauman como “modernidade líquida”. Apesar de descrever o fenômeno social, ele não
    oferece uma resposta, do ponto de vista psíquico, acerca dos motivos que levam as pessoas a não se
    implicarem afetivamente em seus relacionamentos. O objetivo desta tese foianalisar, de modo
    interpretativo, a relação entre o cuidador-bebê e a fragilidade dos laços humanos pela ótica da teoria do
    amadurecimento pessoal, desenvolvida por Winnicott. O psicanalista discute a relação cuidador-bebê e
    as implicações dessa relação diádica na formação da personalidade de cada indivíduo ao propor um
    conhecimento próprio denominado “Teoria do Amadurecimento”, na qual é descrita o percurso
    desenvolvimentista do bebê em relação com seu ambiente de cuidados. As proposições em torno dessa
    teoria servirão de base para as investigações e discussões nesta tese, em articulação com estudos de
    outros autores psicanalíticos. Em relação à metodologia da pesquisa, é composta de duas etapas: a
    primeira compreende a revisão bibliográfica de algumas das principais obras clássicas escritas por
    Bauman, Winnicott, entre outros teóricos da psicanálise, que abordaram a construção e as fragilidades
    dos laços sociais na interação cuidador-bebê. Na segunda etapa, adotar-se-á o método psicanalítico-
    interpretativo por meio da análise do filme (dirigido por Lynne Ramsay) e fragmentos do livro (de
    Lionel Shriver) de mesmo nome: “Precisamos falar sobre o Kevin” (2011), com destaque para o
    personagem Kevin e seu ambiente/rede de cuidados. A tese é a de que a modernidade líquida e a
    fragilidade dos laços sociais são um fenômeno macrossocial, composto por vários fenômenos
    microssociais que apontam para “falhas ambientais” em diversas esferas, mas que, de forma micro, têm
    suas origens na qualidade da relação entre o ambiente-cuidador e o bebê, em um período primitivo específico do desenvolvimento emocional – estágio de concern –, o qual compromete a aquisição da capacidade de se preocupar com o outro. A isso denominamos “relação líquida cuidador-bebê”.

  • ARNIN ROMMEL PINHEIRO BRAGA
  • FINITUDE E MORTE: O “SER-PARA-A-MORTE” DE HEIDEGGER COMO PARADIGMA PARA SE REPENSAR O SER HUMANO.

  • Orientador : CEZAR LUIS SEIBT
  • Data: 27/02/2024
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  • Essa pesquisa gira em torno à questão de uma compreensão mais vivencial da existência humana a partir da finitude. Partindo do pressuposto de que toda compreensão humana a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo ao nosso redor se dá não somente – e exclusivamente – pela razão, mas também – e fundamentalmente – a partir de todos os seus aspectos vitais, históricos e culturais que compõem a existência humana finita e seu mundo de relações, esta pesquisa se debruçará sobre a análise daquela realidade humana que se mostra como o índice mais patente da finitude: a morte. Para isso, nos utilizaremos da fenomenologia-hermenêutica do filósofo alemão Martin Heidegger (1889- 1976). Onde o autor busca “voltas às coisas mesmas”, isto é, não pretende definir o fenômeno em categorias prévias que já são tomadas como evidentes, mas antes de tudo procura se aproximar do fenômeno a partir do nível mais vivencial e originário como ele se mostra e é percebido por nós. Nesse sentido, por meio da fenomenologia-hermenêutica, Heidegger aponta que a existência humana se mostra primordialmente como Dasein, “ser-aí”. Uma vez existindo, o Dasein já se mostra como um “ser-para-a-morte”. Sua existência já acontece dentro dos limites da temporalidade e da mortalidade. A morte, por sua vez, não é uma realidade externa à existência do Dasein, como se a mesma viesse de fora e o visitasse em um determinado momento de sua vida. Mas a morte, enquanto realidade intrínseca à existência do Dasein, é a possibilidade mais certa, irremissível e insuperável. Sendo assim, a morte se mostra como uma realidade única de cada Dasein e, por meio dela, a existência se mostra ao mesmo sempre como uma realidade cada vez mais minha. Desse modo, esta pesquisa defende a hipótese de que a morte – entendida dentro da compreensão de “ser-para-a-morte” – desoculta e libera uma compreensão mais própria da existência humana que não a generaliza ou a define a partir de conceitos prévios, mas que tem como ponto de partida a própria existência humana em seu nível mais pessoal e vivencial. O “ser-para-a-morte” revela que a existência humana nunca pode ser fechada em um quadrado conceitual prévio, mas sempre se mostra como realidade possível, aberta, única e, principalmente, como uma realidade cada vez mais minha. A partir disso, acreditamos que ao resgatarmos o solo finito da existência humana através da compreensão de “ser-para-a-morte”, poderemos trazer novamente as psicologias disponíveis – e o atuar do psicólogo na clínica – para aquele modo de ser da existência humana que lhe é mais próprio: o estar aberto a possibilidades e o caráter do ser humano de não se fechar em determinismos que podem lhe causar sofrimentos. Acreditamos que, resgatando esse solo finito muitas vezes ocultado pela concepção de um “sujeito pensante” autossuficiente, a existência humana pode ser vivenciada por nós de uma maneira mais dinâmica, histórica, aberta e responsável. Pensar na morte e na finitude resgata no ser humano sua atitude de responsabilidade diante da vida, uma vida que é abertura e sempre possível, construindo-se e desconstruindo-se, onde o ser humano é sempre impelido a “ganhar-se ou perder-se”.

  • DORIVALDO PANTOJA BORGES JUNIOR
  • A TRANSFERÊNCIA NA HOSPITALIZAÇÃO POR HIV/AIDS: possíveis implicações na sua manifestação e no seu manejo

  • Data: 26/02/2024
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  • A transferência é um dos quatro conceitos fundamentais da psicanálise, presente desde os textos pré-psicanalíticos freudianos. Em escritos posteriores, entre os textos da técnica psicanalítica, a transferência é apresentada como a repetição de clichês infantis que são o motor da análise e a via pela qual as resistências emergem em oposição ao tratamento analítico. No ensino lacaniano, o conceito de transferência passou por desdobramentos teóricos, principalmente no que diz respeito à sua relação com o suposto saber e com desejo do analista como operador clínico de seu manejo. O objetivo, então, deste trabalho foi investigar possíveis implicações na manifestação e no manejo da transferência no contexto de hospitalização por HIV/aids. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa teórico-clínica em psicanálise, fruto um levantamento teórico e de atendimentos psicanalíticos realizados na enfermaria de Doenças Infecto Parasitárias, do Hospital Universitário João de Barros Barreto (DIP/HUJBB), em Belém do Pará. A partir disso, foram escolhidos casos clínicos para ilustrar a temática e discuti-la. Entre as possíveis implicações, destacaram-se seis pontos apresentados no decorrer da dissertação: 1. A transferência é o que possibilita o trabalho do psicanalista em instituições de saúde, a partir de vertentes clínica e institucional; 2. O trabalho em questão, na vertente clínica, é circunscrito na realização das entrevistas preliminares, todavia, alguns aspectos de sua concepção clássica precisam ser ampliados; 3. A instituição tem especificidades em sua dinâmica e também ocupa um lugar no psiquismo do sujeito; 4. O contexto de saúde pública possui particularidades que o analista precisa levar em conta; 5. A história do HIV/aids é marcada por estigmas que são agentes de sofrimento psíquico aos sujeitos hospitalizados e, também, produtores de resistência ao tratamento psicanalítico. No tocante ao manejo da transferência, o psicanalista opera para viabilizar a abertura do inconsciente, levando o sujeito hospitalizado a seguir associando, além disso, o manejo da transferência contempla o paciente, a equipe e a família do sujeito hospitalizado. Isso pode promover a abertura à produção de algum saber sobre o caso, mesmo que em um contexto diferente da análise clássica propriamente dita, já que esse momento de trabalho psíquico corresponde a um período anterior à entrada em análise, se tratando das entrevistas preliminares em psicanálise. Como desdobramento, aborda-se, também, a espeito da função do psicanalista na saúde pública, sustentando a importância de escutar o singular de cada caso, o que diz da ética da psicanálise.

  • NATALIA SERAFIM DA SILVA
  • As Relações entre Saúde Mental e Evasão de Estudantes de Graduação em uma Universidade Pública no Brasil

  • Orientador : PEDRO PAULO FREIRE PIANI
  • Data: 23/02/2024
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  • O fenômeno da evasão universitária apresenta-se como de grande relevância para os estudos de educação no Brasil, uma vez que os níveis de desistência em cursos de graduação são muito altos no país. Muitos são os possíveis fatores que têm relação com a evasão universitária. Dentre eles, pode-se elencar o sofrimento mental dos estudantes, que tem despertado cada vez mais o interesse de pesquisadores. Esta tese tem como temática principal a análise da relação entre saúde mental e evasão em estudantes de graduação presencial do campus Aterrado da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Volta Redonda/RJ. A análise do fenômeno da evasão não pode ser feita a partir de uma concepção individualizante dos estudantes, uma vez que se deve ter como pano de fundo diversos fatores sociais, organizacionais e políticos. Este trabalho buscou investigar os motivos que poderiam levar os estudantes à evasão e os fatores promotores da permanência estudantil, relacionando-a com os fatores de saúde mental que podem ter impacto na decisão de abandonar o curso. Para tanto, 196 estudantes preencheram um formulário com questões sociodemográficas, perguntas do Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) (MARI; WILLIAMS, 1986) e da Escala de Motivos para a Evasão no Ensino Superior. (AMBIEL, 2015) A hipótese desta pesquisa foi de que os fatores de saúde mental dos estudantes impactam consideravelmente a vida acadêmica, levando os estudantes com maior sofrimento mental a maiores dificuldades de se manterem em seus cursos e na instituição, aumentando, com isso, os riscos de evasão. A hipótese foi confirmada, uma vez que os estudantes com maior sofrimento mental, que apresentaram resultado positivo para sintomas de morbidade psíquica, apresentaram também elevado risco de evasão em comparação com os demais estudantes, sem presença de sintomas morbidade psíquica. Para os primeiros, o risco de evasão alto ou muito alto foi de 23,97%, enquanto para os segundos o risco foi de 5,1%, ou seja, os estudantes em sofrimento apresentaram um risco quase cinco vezes maior de evasão do que os demais.

  • LETICIA MARLENE DOS SANTOS FIGUEIREDO
  • GRÁVIDA, NÃO PODE MAIS JOGAR? Vivências da Maternidade em Atletas de Futebol.

  • Data: 20/02/2024
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  • A maternidade é um fenômeno que pode se dar pelo gestar ou pela adoção. A gravidez, por
    sua vez, é uma vivência na qual se apresentam diversas transformações na vida da gestante, as
    quais podem ser de ordem social, física, psicológica; e na vida familiar, em qualquer forma de
    arranjo. De modo amplo, o futebol praticado por mulheres requer estudos sistemáticos, cerne
    desta pesquisa qualitativa desenvolvida no Mestrado em Psicologia do Instituto de Filosofia e
    Ciências Humanas na Universidade Federal do Pará. O tema do estudo foi a vivência da
    maternidade por mulheres que jogam futebol em Belém, Pará, Norte do Brasil. Considerando
    que a relação de trabalho entre mulheres e os clubes de futebol se constitui desde seus
    primórdios de forma precária e limitada, contendo censuras, evidenciando críticas e ausência
    de uma política de apoio a maternidade, esta pesquisa objetiva compreender as vivências de
    mulheres jogadoras de futebol no contexto da maternidade. Trata-se de uma investigação de
    enfoque fenomenológico hermenêutico voltado para a focalização das percepções, narrativas,
    discursos e ideologias, na qual a análise dos dados se deu a partir da proposta metodológica
    para análise do texto/discurso baseada na hermenêutica de Paul Ricoeur proposta por
    Pimentel (2013) e atualizada por Diniz e Pimentel (2022). Os resultados e discussões desta
    investigação estão dispostos em quatro momentos, como em uma partida de futebol:
    escalação, 1o tempo, 2o tempo e prorrogação. A escalação descreveu os dados
    sociodemográficos e econômicos das interlocutoras, constituindo o seu perfil. O primeiro
    tempo discorre as vivências da gestação e da maternidade em interface com o exercício da
    profissão enquanto jogadora de futebol. O segundo tempo, apresenta aspectos relacionados à
    saúde mental das atletas mães e suas estratégias de enfrentamento. A prorrogação descreve os
    desafios enfrentados pelas jogadoras para conseguir conciliar a maternidade e a prática do
    esporte. Destacamos nos discursos textuais que as percepções apontam as mudanças
    corporais, o puerpério e a amamentação como vivências que intensificam os obstáculos
    encontrados no retorno aos gramados. Quanto às questões psicológicas, as jogadoras se
    perceberam transversas por ansiedade, sentimentos ambivalentes, exaustão, angústia, sem
    recorrerem a um profissional especializado. Recorrer a sua rede de apoio foi esta a principal
    estratégia de cuidado com a saúde mental destacada por elas. Concluímos que a realidade das
    jogadoras é precária quanto a questões de direitos trabalhistas, visto que nenhuma delas
    relatou possuir um contrato formal, mesmo disputando competições profissionais. No
    percurso da pesquisa percebemos que, para as colaboradoras entrevistadas, a maternidade não
    encerra as possibilidades de conciliação com prática esportiva profissional de maneira
    definitiva, contudo, como na criação histórica do futebol de mulheres, prosseguir com a
    carreira após a maternidade é permeado por muitos desafios e tensões. Uma ideologia
    identificada nos discursos textuais é que o futebol prossegue permeado pelo universo
    patriarcal. Por fim, destacamos a importância de escutar e favorecer a emissão das vozes de
    mulheres que são mães e profissionais, no contexto de suas vivências que, por vezes, são
    silenciadas.

  • PAULA SILVA MOREIRA
  • Luto e atividade sexual após a lesão medular: uma revisão de escopo.

  • Orientador : VICTOR AUGUSTO CAVALEIRO CORREA
  • Data: 08/02/2024
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  • Objetivo: Mapear estudos que abordam o luto associado à atividade sexual de pessoas após lesão medular. Método: Trata-se de uma revisão de escopo que será conduzida conforme recomendações do Instituto Joanna Briggs, descrita de acordo com as indicações da última versão do check list do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR) e registrado no Open Science Framework (OSF). A questão de pesquisa foi elaborada a partir do acrônimo PCC: População (estudos publicados na literatura), Conceito (luto associado à atividade sexual) e Contexto (lesão medular). Foram utilizadas cinco bases de dados científicos: APA-PsycInfo, Web of Science, Scopus, Cochrane Library e Portal BVS. Foram incluídos estudos em qualquer idioma que abordaram o luto e a atividade sexual de pessoas após lesão medular, não limitando o ano de publicação. A coleta de dados foi cega, feita por dois revisores independentes utilizando os softwares Google planilhas® e Rayyan®, atendendo aos critérios de elegibilidade. Foi feita análise qualitativa descritiva dos dados e os resultados foram apresentados em figuras, tabelas, fluxogramas e redação discursiva. Resultados: Foram incluídos 6 estudos qualitativos, os quais apresentavam relatos das vivências após a lesão medular. Os dados demonstram que uma das principais questões que relacionam o luto à atividade sexual é a imagem corporal e as mudanças corporais e perda/alterações nas sensações genitais afetam significativamente a experiência sexual de pessoas com lesão medular, e esse fator esteve associado a sentimentos de perda da aparência sexualmente atraente, sobretudo para as mulheres e impactou a autoestima e identidade, tanto feminina, quanto masculina. Discussão: Demonstrou-se que a atividade sexual constitui uma grande preocupação para pessoas que sofrem uma lesão medular e seu impacto pode refletir na vivência do luto como um dos desencadeadores seja ele percebido ou não pelos enlutados. No entanto, são necessárias novas pesquisas para identificar e classificar o luto associado à atividade sexual, possibilitando melhor enfrentamento. Considerações finais: Existem poucos estudos que abordem a atividade sexual de pessoas com lesão medular e demonstre associação com a vivência do luto, e apesar de terem sido identificados estudos que apontam essa relação nenhum estudo aprofundou ou manteve foco principal nas associações entre o luto e a atividade sexual, tornando a discussão superficial e com baixa confiabilidade.

  • LUIS MARCELO CHIESA FRANCO
  • SENTIDOS ATRIBUÍDOS À EDUCAÇÃO FINANCEIRA POR PROFESSORAS/ES DOS ANOS INICIAIS E FINAIS DE ESCOLAS PÚBLICAS. INTERLOCUCÕES DA PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA.


     
  • Data: 06/02/2024
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  • A presente dissertação refere-se a uma pesquisa fundamentada nos pressupostos da Psicologia Escolar e da Educação Financeira escolar, ambas a partir de suas perspectivas críticas acerca da relação sujeito, sociedade e experiência escolar. A escola pública segue sendo para a população das classes populares, em situação de vulnerabilidade, a única possibilidade de acesso ao conhecimento historicamente produzido pela sociedade, e o faz por meio das disciplinas produzidas e oportunizadas pelo currículo escolar. Assim, as ações curriculares podem se produzir a favor de todos ou estar a serviço de uma camada específica da população, como tem se organizado ao longo de sua história atendendo a interesses das elites sociais. No que diz respeito à Educação Financeira, enquanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) ignoram a Educação Financeira, garantindo apenas a presença da Matemática Financeira, ainda com viés empreendedorista, neoliberal e elitista, a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) amplia o espaço da primeira no currículo, propõe um trabalho centrado na realidade do estudante e na comunidade escolar, tratando de problemas sociais e ambientais, estimulando o emprego de tecnologias digitais, o desenvolvimento do pensamento crítico e, por conseguinte, emergem possibilidades de desenvolver ações pedagógicas de transformação social e emancipação. Objetivou-se investigar os sentidos atribuídos à Educação Financeira, como dispositivo político-curricular transformador em escolas em situação de vulnerabilidade social, por professoras/es da rede pública de ensino. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa a qual contou com a participação de 21 professoras/es do Ensino Fundamental da rede pública de ensino do estado do Piauí, com vínculo profissional ativo em escolas de localidades em vulnerabilidade social. Os dados foram coletados de forma virtual e individual, por meio de dois instrumentos que se complementam: i) questionário sociodemográfico e de caracterização profissional; ii) roteiros de entrevistas semiestruturadas, versando sobre os eixos temáticos relacionados à Educação Financeira, vulnerabilidade social e papel da escola. Os dados do questionário sociodemográfico foram submetidos a estatísticas descritivas por meio do software IBM SPSS 25.0 enquanto os dados das entrevistas foram analisados por meio do software IRaMuTeQ versão 0.7 alpha 2, e posteriormente interpretados a partir dos pressupostos da Psicologia Escolar Crítica. Para tanto, construiu-se dois estudos a partir dos dados analisados. O primeiro, o qual realizou-se a análise de Nuvem de Palavras e o segundo em que se utilizou da análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), ambas com suporte do programa IRaMuTeQ. 

  • ANDRESSA REGINA SANDRES GUIMARÃES DE BARROS
  • Eu não sou agente, eu sou policia: representação social do policial penal.

  • Data: 19/01/2024
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  • Esta dissertação tem como objetivo analisar as representações sociais de policiais
    penais que trabalham em uma das unidades prisionais do Complexo Penitenciário de
    Santa Izabel do Pará, localizado na Região Metropolitana de Belém. Fundamentandose
    na Teoria das Representações Sociais - TRS -, parte-se de indagações sobre as
    representações da identidade e do trabalho de policiais penais após a Emenda
    Constitucional nº 104, de 04/12/2019 (EC nº 104/2019). Na pesquisa foi realizada a
    abordagem qualitativa, com revisão bibliográfica e aplicação de entrevistas
    semiestruturadas in loco. Após a EC nº 104/2019, as mudanças jurídicas repercutem
    em vários fatores, como na identidade do policial penal, gerando sensações
    paradoxais, como o empoderamento devido ao uso de arma de fogo e, ao mesmo
    tempo, a sensação de insegurança fora do contexto penitenciário. Além disso, refletem
    na relação com o trabalho mediante a manutenção de percepções relacionadas aos
    agentes penitenciários, como trabalho exaustivo e cansativo. Assim, conclui-se que
    os sentidos construídos sobre a identidade são outros, embora o sentido do trabalho
    seja o mesmo.

2023
Descrição
  • ELIANY NAZARE RODRIGUES RODRIGUES
  • MULHERES DA BAIXADA: Vulnerabilidades no Território, Violência Doméstica e Emancipação

  • Data: 19/12/2023
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  • A presente dissertação de mestrado em psicologia se origina a partir do cotidiano do trabalho no Setor Psicossocial do Juizado de Violência Doméstica na cidade de Santana/AP, discorre especialmente sobre as mulheres da Baixada do Ambrósio, bairro periférico com altos índices de violência e baixo acesso das suas moradoras ao Juizado. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, estruturada na modalidade de pesquisa-ação, mas que esteve disponível a acolher o que o campo oferecesse. Partindo das evidências das múltiplas violências dirigidas às mulheres em nossa sociedade patriarcal, apoia-se na psicanálise para analisar as vulnerabilidades no território, barreiras de acesso à rede de atendimento, condições que são resultantes do lugar das mulheres como objetos e/ou abjetos, que as conduzem a um processo de mortificação simbólica e que, em muitos casos, pode chegar ao feminicídio. Buscou identificar e analisar ainda as possíveis estratégias de enfrentamento e emancipação dessas mulheres. Quanto aos resultados, foi possível identificar e analisar as abjetificações dos corpos das mulheres e da comunidade, produtos das violências sociais e de estado, que surgem do modelo econômico-político vigente, do processo histórico que produz opressões, de suas histórias de vida, da sociedade patriarcal que enreda a todos. A rede de atendimento, se mostrou tanto reprodutora da violência estatal quanto ponto de apoio. As barreiras de acesso são compostas de um emaranhado de condições advindas do processo de construção histórica, que desemboca na dinâmica da comunidade e mantém as mulheres assentadas num ciclo social violento. As possíveis estratégias de enfrentamento e emancipação, comunitárias e/ou governamentais, que visassem o enfrentamento da violência e que em seu desenvolvimento pudessem produzir o vislumbre de algum processo emancipatório coletivo, se mostraram ausentes. Contudo, foi possível identificar os modos de viabilizá-los e possibilitar a construção de ações coletivas que possam ser gestadas no interior da comunidade, surgidas de seus moradores e que sejam vividas no território.

  • LORENA MARIA DA CUNHA BEZERRA LUZ
  • "Agressividade em (cena): a cena política brasileira e a cena do inconsciente a partir do documentário "Democracia em Vertigem"

  • Orientador : ROSEANE FREITAS NICOLAU
  • Data: 13/12/2023
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  • A agressividade enquanto expressão humana perpassa a história da humanidade. Contudo, ela pode tomar distintas vicissitudes de acordo com a subjetividade do contexto sócio-histórico e da cultura. A atual cena política brasileira, especialmente no período compreendido entre os anos de 2018 a 2022, demonstrou-se permeada de circunstancias envolvendo situações da ordem da agressividade a repercutirem nas relações familiares, sociais e institucionais. O presente trabalho versa sobre o fenômeno da agressividade relacionado a atual cena política brasileira. À guisa de ilustração, utilizou-se o documentário “Democracia em vertigem” de autoria de Petra Costa. Como objetivo principal foi proposto elucidar de que forma a agressividade explicitou-se na referida película. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa teórica, além de análise fílmica. Na perspectiva da relevância das ferramentas conceituais da Psicanálise, visou-se empreender uma análise de determinados fatos políticos cotejados no filme a partir de conceitos psicanalíticos como agressividade, identificação, laço social, teoria dos discursos e discurso do mestre. Tal linha de investigação conduz à conclusão de que a dominância do discurso do mestre ao legitimar expressões agressivas traduzem-se em eventos como os verificados na atual cena política brasileira.
  • RONILDA BORDO DE FREITAS
  • Mulheres negras quilombolas: direitos humanos e as políticas públicas afirmativas na educação na Universidade Federal do Pará.

  • Data: 08/12/2023
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  • O presente trabalho trouxe importantes contribuições e reflexões sobre as mulheres negras quilombolas, direitos humanos e políticas públicas afirmativas no âmbito da educação no Ensino Superior na Universidade Federal do Pará. Para tanto, realizou-se uma breve história do contexto das mulheres negras quilombolas que foram excluídas de uma sociedade marcada por ausência de uma democracia etnocêntrica que não valoriza a população negra. Diante dessa realidade, foi importante destacar que essa temática me constituiu como autora deste trabalho e me fez desejar aprofundar o estudo sobre o cotidiano de formação das mulheres negras nos processos de ingresso, permanência e realização do Ensino Superior, especialmente, das mulheres negras quilombolas. Buscou-se estabelecer uma analítica da interface da formação como garantia da universidade na perspectiva inclusiva dos direitos humanos, sobretudo, a partir da ênfase no direito à Educação no Ensino Superior por meio das políticas públicas de ações afirmativas. Desse modo, essa pesquisa teve como objetivo geral: analisar as escrevivências de uma mulher negra quilombola na Universidade Pública na Amazônia Paraense, acessando o Ensino Superior por cotas na Universidade Federal do Pará. Como objetivos específicos foram estabelecidos os seguintes: a) historicizar as memórias de uma mulher negra Quilombola, suas vivências e seus atravessamentos na Universidade Federal do Pará; b) analisar por meio da escrevivência as resistências e tensões vividas por mim como mulher negra quilombola amazônida durante a graduação; c) descrever o impacto psicossocial das políticas de ações afirmativas nas mulheres negras quilombolas, analisando como elas são subjetivadas e criam relações de pertencimento na experiência acadêmica. Para alcançar os objetivos propostos, a metodologia desta pesquisa teve uma abordagem qualitativa, buscando na genealogia de Michel Foucault e na escrevivência de Conceição Evaristo construir uma autobiografia, na Nova História Cultural do presente por meio da Micro-história e da História Oral com a análise documental das memórias orais. Diante disso, trabalhamos com alguns conceitos da genealogia em Michel Foucault, como forma de pensar a positividade do poder como insurreição dos saberes sujeitos e ativação dos saberes locais. Por fim, justifica-se este estudo, problematizando o acontecimento de que as mulheres negras na Amazônia Paraense, assim como, as mulheres quilombolas, indígenas entre outras venham ser protagonistas nos espaços ainda não ocupados por elas. Como resultados, é possível afirmar que há ganhos significativos na UFPA na garantia de direitos de ingresso e permanência de mulheres negras quilombolas na universidade, mesmo enfrentando dilemas e tensões na implantação das políticas públicas afirmativas pelo fato de que há conflitos na comunidade acadêmica e na sociedade quanto às cotas em função da defesa de privilégios de branquitude presentes em diversos espaços e relações sociais, o que implica em sofrimento no âmbito da saúde mental e coletiva de mulheres negras quilombolas atrelado às desigualdades sociais e raciais, materializadas pelo preconceito, racismo, etnocentrismo, sexismo, questões sócio-econômicas e pela  discriminação negativa que estão presentes na vida delas em um país que acredita na parcialidade de uma democracia universalizante.

  • JESSICA COSTA VEIGA
  • SOB O OLHAR DA ESPREITA: interdições e usos na praça da república na Belém da belle époque paraense.

  • Data: 08/12/2023
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  • A cidade de Belém carrega em sua arquitetura urbana fortes traços do período denominado por belle époque. Devido ao grande investimento público em construir uma cidade inspirada nos modos de viver europeus, reverberou no imaginário coletivo como uma época de grandes riquezas, estabelecendo-se como um cenário em disputa de narrativas da branquitude. A Praça da República foi um dos lugares que sofreu esse processo de revitalização para atender aos moldes desse modo de viver, tendo suas características modificadas a partir de um ideário social, subjetivo e cultural branco/ eurocêntrico, passando a ser um território de uso político, como forma de marco de uma gestão. Tratava-se de um período que historicamente se preocupou com a assepsia do espaço, por meio de práticas de gentrificação, caracterizadas pela prática da revitalização do espaço dito obsoleto, para atender usos neoliberais, reforçando o higienismo e a eugenia. Nesse sentido, falar de espaço urbano é interligar diretamente aos processos de subjetivação e relações raciais, tendo em vista que todos irão de alguma forma ser subjetivados e objetivados pelo racismo estrutural. Destarte, a arquitetura e urbanismo opera a biopolítica ao intervir no espaço urbano, maquiado pelo discurso perigoso de revitalização, olha sob a perspectiva do fenômeno da gentrificação, remanejando pessoas pobres e não brancas para localidades de desinteresse econômico, com uma urbanização incompleta, sem perspectiva de melhoria na estrutura física da região, onde são deixados para morrer. Assim, fazendo viver, o modo de vida da branquitude a partir de acordos tácitos, segue se beneficiando secularmente da estrutura racista que ela criou, sendo omissa em relação a esta realidade em termos de que a mesma marginaliza outras vidas, em sua grande maioria, não brancas. Portanto, essa pesquisa tem como objetivo geral problematizar os processos de subjetivação e gentrificação na belle époque paraense na Praça da República, em Belém do Pará. A metodologia utilizada para esta pesquisa consiste na genealogia de Michel Foucault, no sentido de fazer emergir os saberes locais a partir da investigação documental que possibilite a formação de séries discursivas. Bem como a Interseccionalidade, teoria crítica de raça cunhada por Kimberlé Crenshaw, devido ao método possibilitar enxergar a colisão das relações de poder, contemplando raça, gênero e classe. Para, por fim, problematizar de que forma o espaço é produzido e como opera a biopolítica e a necropolítica, sendo dois conceitos que instrumentalizam a morte de sujeitos negros pela branquitude. A política de morte foi racializada e se encontra materializada na dimensão territorial, desde o acesso à escola, lazer, trabalho, moradia digna, segurança, matando objetiva e subjetivamente corpos pretos, pobres e classes empobrecidas.

  • NATASHA CABRAL FERRAZ DE LIMA
  • COMPREENSÃO DAS VIVÊNCIAS DE PSICÓLOGAS SOBRE O TRABALHO NO HOSPITAL DURANTE A COVID-19

  • Orientador : ADELMA DO SOCORRO GONCALVES PIMENTEL
  • Data: 07/12/2023
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  • A pesquisa focaliza a compreensão das vivências de Psicólogas que trabalharam em um hospital em Belém/Pará, capital situada na Região Norte, durante a pandemia de Covid-19 que, de forma específica, apresentou repercussões significativas na vida dos que a experimentaram. Como em todos os setores sociais, a atuação psicológica no período pandêmico viu-se necessitada em ajustar a sua prática aos desafios emergentes dispostos pela Covid-19. Com o objetivo de realizar um estudo sobre as percepções de profissionais de psicologia que atuaram na área hospitalar durante a pandemia de Covid-19, esta dissertação é um estudo qualitativo fundamentado na teoria fenomenológica existencial. O método de análise dados parte da perspectiva de Amedeo Giorgi. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética da UFPA. O perfil das participantes da pesquisa delimitou-se a cinco psicólogas, maiores de 18 anos, residentes da grande Belém/PA, que atenderam pessoas infectadas e hospitalizadas por Covid-19 entre março de 2019 e março de 2022. A partir da análise da estrutura da experiência identificamos sentidos comuns em todas as entrevistas: 1. A Volatilidade das informações, velocidade das mudanças cotidianas, características intrínsecas à emergência de saúde; 2. Problemática dos EPI 's afetando o atendimento e o contato físico e humanizado; 3. Do paciente à equipe de saúde, a pandemia afetou a saúde mental de todos, em diferentes formas e graus de sofrimento; 4. Na pandemia, as Tecnologias de Informação e Comunicação se tornaram imprescindíveis aos atendimentos; 5. A Psicologia clínica foi considerada um serviço essencial; 6. Os profissionais de saúde expressaram a necessidade de autocuidado. Também a partir da contextualização dos aspectos singulares da subjetividade entre as entrevistas, desvelamos os aspectos variantes: 1. Capacidade de ajustamento criativo pessoal baseado na autopercepção e autoconhecimento; 2. Pandemia e questões de gênero; 3. Fragilização da saúde pós-pandemia. Considera- se relevante a pesquisa devido o desvelamento de achados subjetivos e intersubjetivos da vivência das Psicólogas na pandemia. Concluímos que o estudo apontou indicadores para novas pesquisas em saúde mental e estratégias de cuidado, bem como o aprofundamento das modalidades de realizar atendimentos psicológicos, por meio das TIC 's.

  • ALEXANDRE THEO DE ALMEIDA CRUZ
  • A PSICANÁLISE NA INSTITUIÇÃO JURÍDICA: da escuta do sujeito à produção de documentos

  • Data: 27/11/2023
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  • Esta tese resulta de uma pesquisa desenvolvida no Ministério Público do Estado do Pará, cujos dados são provenientes da escuta de adolescentes em conflito com a lei, por ocasião da apuração do ato infracional. O levantamento das histórias e condições sociais demonstram que são jovens em sua maioria, oriundos de um sistema social marcado pela exclusão, pelo racismo e pela necropolítica, condição que os coloca em uma posição passiva frente ao discurso institucional que determina um trabalho de normalização e orientação que desconsidera a singularidade do caso a caso. O objetivo da tese é articular, a partir da psicanálise, como a escuta do sujeito em uma instituição jurídica pode incidir na produção de documentos, de modo que esses possam fundamentar decisões jurídicas que considerem as particularidades de cada caso. O discurso jurídico, com suas práticas voltadas aos adolescentes em conflito com a lei, pode ser identificado ao discurso do mestre, pois supõe que detém a verdade por se basear em relatórios e pareceres técnicos. Esses, entretanto, não remetem à verdade do sujeito, pois não levam em conta sua singularidade. Propõe-se ainda ressaltar a importância do discurso do analista frente ao discurso do mestre para promover algo de novo, no sentido de reconhecer o outro como sujeito que produz significantes e é capaz de falar de sua própria história e dar sentido ao seu ato. A presença da psicanálise nas instituições jurídicas favorece que a dimensão daquilo que é dito pelos sujeitos possa ser incluído na elaboração e produção de documentos, levando em conta, portanto, a escuta desses sujeitos, escapando, assim, da lógica do tecnicismo e da exclusão. A teoria dos discursos de Jacques Lacan (1959-60/1992) fundamenta a discussão sobre a abertura à possibilidade de fazer giro nos discursos institucionais, intervindo, em algum ponto, no discurso do analista, que não se limita apenas à prática da escuta dos sujeitos em uma instituição, na medida em que pode ter desdobramentos, tais como a incidência na produção de documentação e, consequentemente, sobre os aspectos de avaliação. Serão apresentados fragmentos de quatro relatórios de adolescentes que cumpriram internação em Unidades no Estado do Pará. Ficou demonstrado como a força do discurso do mestre institucional age no sentido de disciplinar o adolescente mediante a sua condição de passividade, escutando apenas os atores institucionais que emitem as respostas documentadas.

  • GESSE DUQUE FERREIRA DE OLIVEIRA
  • O CORPO E O DISCURSO DO CAPITALISMO: ENLAÇAMENTOS POSSÍVEIS A PARTIR DO FILME HER

     
  • Orientador : ROSEANE FREITAS NICOLAU
  • Data: 27/10/2023
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  • A forma de estabelecer laços está sofrendo mudanças importantes. Até há algum tempo, para encontrar alguém era necessário circular por festas, pelo trabalho, pela universidade com um corpo físico. A tecnologia mudou essa cartografia, hoje se pode ficar em casa e passear pela internet com um perfil e uma foto para se conectar a outros sujeitos numa relação mediada por telas como também é possível construir relacionamentos com inteligências artificiais como mostra o filme her (JONZE, 2013), no qual um escritor de cartas se apaixona por uma voz de um sistema operacional. É nesse contexto que essa tese se situa, tem-se o objetivo de investigar o destino que o corpo tem no laço que se estabelece entre um sujeito e um gadget como parceria amorosa, numa referência ao que Lacan denominou como discurso do capitalismo, um tipo de discurso específico que exclui o laço, a castração e o amor. Foram construímos três eixos para abordar essa problemática. Primeiramente, se articulou as novas formas de se enlaçar na contemporaneidade, desde as relações offline, passando pelas online até as relações com os gadgets; em seguida, se abordou as modalidades de discurso e sua ameaça de dissolução pelo Mercado; e, por fim, a concepção que o corpo tem na psicanálise freudo-lacaniana. Utilizou-se o filme her (JONZE, 2013) como um caso paradigmático das novas tentativas de laços sociais e problematizou-se algumas cenas para se pensar a relação entre sujeito, tecnologia, discurso e corpo, buscando recolher nessa obra cinematográfica questões pertinentes a esse debate. O olhar nessa tese não se direciona às ferramentas tecnológicas, em sua defesa ou ataque, mas aos laços que os sujeitos podem estabelecer por meio da tecnologia e com a tecnologia. Pensou-se que esses eixos pudessem confirmar a hipótese de que o discurso do capitalismo força a retirada do corpo do outro ou trata o outro como uma mercadoria privilegiando um gozo solitário. Nesse discurso, o corpo deve ser rechaçado, negado e retirado do laço, abolindo o sujeito, reduzindo-o ao orgânico, numa tentativa de também transformá-lo em um eu autônomo, numa máquina, denegando a experiência do inconsciente.

  • JOHN LENNON LIMA E SILVA
  • A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA E O MOVIMENTO ESCOLA SEM PARTIDO: NEOCONSERVADORISMO E SUBJETIVAÇÃO NA BNCC

  • Data: 06/10/2023
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  • O objeto deste trabalho é o movimento Escola sem Partido no Brasil e as ações do mesmo no
    currículo em termos de atravessamentos reacionários na produção da subjetividade brasileira.
    As inflexões abordadas neste texto buscam interrogar o papel reformista envolvido na
    tentativa de disseminar, na educação, uma cultura dominante, por meio de mecanismos de
    controle e de subjetivação curriculares, tal qual se direcionou o movimento Escola sem
    Partido nos últimos anos. Usando as reformas curriculares como ponto de análise,
    referenciamos o uso da legislação escolar como dispositivo que seleciona saberes,
    comportamentos e estabelece, com base na educação utilitarista, modelos de sujeito que
    exaltam valores morais e nacionalistas, promovendo condutas disciplinares de acordo com o
    projeto político de poder de viés conservador. Diante disso, cartografamos dois momentos
    distintos da história educacional brasileira com pretensões reformistas: a promulgação da Lei
    878/69, que estabeleceu a obrigatoriedade da disciplina Educação Moral e Cívica durante a
    Ditadura Civil-Militar, e a criação do projeto de Lei N.º 2974/2014, que apresentava as
    diretrizes do “Escola Sem Partido”. Esses dois períodos remetem a um processo histórico, no
    qual se inseriu um discurso conservador/tecnicista, e ambos apresentam semelhanças
    determinadas principalmente por ações que silenciam o carater critico-politico das disciplinas
    de ciências humanas, acusadas de doutrinação em sala de aula. Deste modo, faremos uma
    análise documental das referidas legislações, buscando problematizar seus discursos, disputas
    e objetivos, usando as teorias de Michel Foucault e seus estudos sobre genealogia e poder.
    Busca-se também na História Cultural e na pesquisa documental subsídios analíticos como
    metodologia dessa pesquisa. Com isso, investigaremos as mudanças na base comum
    curricular e sua tentativa de estimular condutas, valores e comportamentos na organização
    escolar, discutindo sobre o processo biopolítico e disciplinar no qual está inserido este debate
    político e os desdobramentos do movimento Escola sem Partido. Perceber esses embates
    pelas hegemonias de um currículo que como base a lógica fundamentalista atrelada à ordem
    militar nos permite identificar, dentro da perspectiva curricular e nos discursos reformistas,
    características que, além de ressaltarem o caráter anticientífico e revisionista, motivam a
    reprodução de e que reprodução de conceitos que desvalorizam a ciências humanas como
    fonte de conhecimento e o avanço e supervalorização de uma moral de viés religioso, que
    auxilia na desconstrução do debate sobre direitos humanos e igualdade. Diante do
    crescimento do neoconservadorismo como base educacional e política, se faz necessária a
    compreensão desses dispositivos de poder e sua manifestação como reguladores da verdade e
    do saber que discriminam, subjetivam, valoram, objetivam e modulam as práticas cotidianas
    educacionais em defesa de um modelo de civilidade hegemônica fundamentalista e
    reacionária.

  • CYNTIA SANTOS ROLIM
  • ENTRE O SILÊNCIO DAS ÁGUAS: PROBLEMATIZAÇÕES ACERCA DA VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL NO CONTEXTO AMAZÔNICO MARAJOARA

  • Data: 06/10/2023
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  • A violência sexual que assola a realidade brasileira de inúmeras crianças e adolescentes tem chamado, cada vez mais, a atenção da sociedade e do poder público, sobretudo nas últimas duas décadas, considerando-a enquanto um fenômeno multicausal, multifatorial e multidimensional e de uma grave problemática de violação dos direitos e dignidade humana. Diante da alta incidência de manifestação desse tipo de violência no contexto amazônico, propôs-se traçar uma pesquisa a partir da realidade do território norte do Brasil, em especial, na região do Marajó do estado do Pará. Assim, objetivou-se enquanto centralidade problematizar as práticas de enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil no contexto amazônico do Marajó/PA, a partir do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI da Pedofilia no estado; assim como analisar como se dão as práticas intersetoriais diante do enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil no Pará; interrogar o funcionamento da rede socioassistencial de garantia de direitos no enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil; e refletir sobre o compromisso ético, social e político da Psicologia no enfrentamento à exploração sexual infanto-juvenil no contexto amazônico. Dessa forma, utilizou-se de arcabouço teórico-metodológico da arquegenealogia, que nos propõe refletir sobre as estruturas, práticas e conceitos importantes acerca da produção subjetividades, dos saberes e poderes, assim apropriando-se da análise de documentos específicos para a construção de um percurso investigativo a partir da análise documental, considerando tais documentos como acontecimentos a serem analisados, optando-se pelo Relatório da CPI da Pedofilia no Estado do Pará, ocorrida entre os anos de 2008 a 2010, que apuraram as denúncias acerca dos crimes sexuais praticados contra esse público no estado em tela. Nesse sentido, a presente pesquisa fora dividida em três eixos de análises que se complementam. No primeiro, aponta-se a construção histórica e dos marcos legais das crianças e adolescentes no Brasil, remontando a lógica garantista e atravessada pelo compromisso de diversas entidades que formam o Sistema de Garantia de Direitos – SGD; no segundo eixo analítico, explana-se acerca da exploração sexual diante da região Amazônica, apresentando os recortes problematizados a partir do Relatório da CPI; e, posteriormente, encerra-se apresentando a cultura do estupro enquanto aspecto estrutural da sociedade vigente que privilegia atos perversos, a partir da objetificação e subalternização da mulher na sociedade, apresentando o saber psicológico como fundamental diante desse enfrentamento. Considera-se que tal pesquisa não encerra esta temática, mas possibilita a abertura dos diálogos para um enfrentamento real a partir de ações articuladas e que possam atingir planos estratégicos não a nível de pessoas já marcadas pela exploração sexual, mas diante de uma perspectiva preventiva, garantindo acessos diversos, sobretudo à dignidade humana e territorial, desde tenra idade.

  • RITA DE CASSIA SANTA FE BORGES DUARTE
  • Crianças vivendo com HIV/AIDS: análise da oferta assistencial em um hospital público de alta complexidade.

  • Data: 29/09/2023
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  • Esta pesquisa pretende investigar a oferta assistencial hospitalar, sob a perspectiva da psicologia social em saúde, de crianças vivendo com HIV/AIDS em uma instituição de média e alta complexidade no município de Belém/PA. O ambiente hospitalar é constituído de atores e práticas oficiais bem como arranjos do cotidiano. Os atores sociais implicados nessa proposta de pesquisa enquanto sujeito de direito são as crianças, numa perspectiva pouco investigada no âmbito acadêmico como delineamento de pesquisa. Inicialmente, nos primeiros capítulos, é realizado uma contextualização histórica da infância, demonstrando como essas são percebidas nas sociedades ocidentais, especificamente no Brasil, além da mudança em perceber tais momentos específicos desse segmento social, para demonstrar as necessidades psicossociais implicadas nessa fase do ciclo vital. Uma das categorias fundamentais nesta pesquisa será a infância, assim como cultura infantil, que serão tratados a partir de uma literatura especializada. Em seguida são apresentadas as políticas públicas direcionadas as crianças de maneira geral e específica, direcionadas as crianças vivendo com HIV/AIDS. Contextualizar a epidemia do HIV/AIDS e as políticas direcionadas de maneira direta e indireta as crianças. Assim nasce o problema de pesquisa: quais as condições assistenciais disponibilizadas às crianças hospitalizadas no hospital de média e alta complexidade e referência em doenças infecto parasitárias? Elas atendem e contemplam as exigências estabelecidas no arcabouço legal vigente no Brasil atualmente? O método de pesquisa qualitativo e bibliográfico, ou seja, por meio da Análise de Conteúdo, onde será realizado análise em documentos de domínio público enquanto recurso metodológico. O objetivo geral é o de analisar dimensões e práticas em um serviço de atendimento a crianças e adolescentes em um hospital na área metropolitana de Belém/Pará a partir de documentos de domínio público. Como resultados: os documentos analisados e cotejados com o serviço hospitalar de atendimento às crianças com AIDS indicaram a existência de várias estruturas, presença e ausência de protocolos, práticas institucionais exigidas por lei como Classe Hospitalar e Brinquedoteca, equipes multiprofissionais e interdisciplinares. Uma evidência é um serviço assistencial é um processo de trabalho cotidiano com implantações, descontinuidades, avanços e paralizações de natureza diversas, intra e extra serviços, ficando uma espécie de lição que o trabalho é contínuo pois as crianças não podem esperar, pois suas vidas e a qualidade de suas vidas estão a depender dos adultos, nesse caso.

  • CARLA REGINA GUERRA MOREIRA LOBO TEIXEIRA
  • PRODUÇÃO DA SAÚDE MENTAL E COLETIVA NO ENSINO SUPERIOR PRIVADO NA GRANDE BELÉM-PA: MEMÓRIAS DE UMA PROFESSORA-PESQUISADORA DE PSICOLOGIA

  • Data: 26/09/2023
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  • A saúde mental docente, em geral, tem sido estudada pela via da precarização do trabalho, pelo sofrimento psíquico de um trabalho que é pouco valorizado no Brasil, ou ainda pelas práticas de gestão e educação em saúde mental e coletiva. Também é comum visualizar pesquisas a respeito da qualidade de vida na docência e a percepção de docentes sobre a própria saúde e riscos da profissão. Todavia, este trabalho de Mestrado em Psicologia tem como objeto a produção da saúde mental docente por meio das narrativas memoriais de uma professora do Ensino Superior Privado, na Grande Belém-PA e pesquisadora de Psicologia, a partir dos processos singulares que esta desenvolve como micropolítica do cuidado integral à saúde, considerada enquanto modo de andar a vida. Em termos de problema de pesquisa, observa-se que entre o trabalho prescrito e o realizado, é possível uma sobrevivência mortificada e reprodutiva despersonalizante em alguns momentos, porém, paradoxalmente, também é possível efetuar o trabalho vivo como criação, no cuidado de si e da cidade. Pergunta-se: quais tecnologias de si e práticas de cuidado em integralidade da saúde mental e coletiva são produzidas pela docente e pesquisadora de Psicologia que é a autora deste estudo de mestrado e decidiu fazer uma pesquisa autobiográfica a respeito das análises de suas memórias que são arquivos pessoais enquanto professora no Ensino Superior Privado, na Grande Belém-PA? Diante da precarização e desvalorização das práticas docentes e das violências de gênero sofridas por mulheres no cotidiano do trabalho, quais ações de resistências na produção da saúde mental e coletiva são possíveis de serem construídas a partir das narrativas autobiográficas da professora do Ensino Superior Privado que realiza este estudo? Justifica-se esta atividade de pesquisar a produção da saúde mental da docente de forma autobiográfica porque pouco se tem ouvido as vozes de mulheres no seu lugar de fala, além do que, a História Oral, em trabalhos de estudo de caso com autobiografias e biografias podem trazer contribuições relevantes para a Psicologia, a sociedade e a saúde na esfera de análises documentais e com diários de campo que são memórias políticas, culturais e afetivas do exercício de cuidado de si e da cidade como dispositivo de equidade, integralidade, intersetorialidade e cogestão da educação em saúde experimentada pela própria docente pesquisadora como trabalho vivo, em uma pesquisa-intervenção. Como metodologia, escolhi a História Oral, a autobiografia, a produção do diário de campo, a pesquisa documental e algumas ferramentas da Cartografia e dos estudos da Clínica do Trabalho na Análise Institucional a partir do cuidado de si e da cidade, no eixo metodológico da categoria de integralidade como prática de produção da saúde mental e coletiva em uma ética da existência da micropolítica do trabalho vivo. Pude vivenciar resistências e inventar novos modos de existência por meio da atividade docente, de pesquisadora e como psicóloga. Apesar das pressões experimentadas na precarização do meu trabalho, fui adquirindo maneiras de lidar com elas para que não me tomassem a ponto de me impedir de criar e acredita em mundos possíveis.

  • ALBA CAROLINE TAVARES DOS SANTOS
  • Envelhecer no capitalismo: um estudo psicanalítico sobre o mal-estar e a reificação da velhice no Brasil contemporâneo
  • Data: 22/09/2023
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  • O objetivo da presente dissertação de mestrado em psicologia é analisar os efeitos do capitalismo sobre os corpos considerados velhos. Trata-se de pensar como o capitalismo contemporâneo contribui para as maneiras de se relacionar com a velhice e possibilidades de produção de mal-estar, logo, sofrimento psíquico. A pesquisa nasce tanto do um encontro teórico, quanto do encontro com a experiência encarnada do envelhecer no capitalismo que ensinou a pensar, esmiuçar a problemática, a trilhar os caminhos de escuta psicanalítica sobre a velhice e assim os desdobramentos teóricos. Assim, a narrativa de Margarida é fio condutor e problematizador da discussão, uma ficção possível fruto desses encontros. Consequência da transferência, é antes de tudo a narrativa que brota dos efeitos na autora. No entanto, ao se direcionar pelo saber sobre a vida, o manuscrito não se encerra com considerações finais, mais considerações passageiras ao apontar a continuidade de saberes e sua transmissão pela palavra e os encontros.

  • ANDERSON REIS DE OLIVEIRA
  • ESCREVIVÊNCIAS DE UM ARTISTA NEGRO AMAZÔNICO – INSURREIÇÕES CONTRA OS RACISMOS – ÉTICA, ESTÉTICAS E POLÍTICAS CONTRACOLONIAIS

  • Data: 21/09/2023
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  • O objeto deste trabalho são as práticas artísticas e de escrita de si pelas escrevivências negras amazônicas como forma de resistências aos racismos como movimento ético, estético e político. Pergunta-se: quais memórias e histórias se entrecruzam nos percursos de pessoas negras na escolarização e na universidade como política afirmativa que traz tensões diversas, porém, abre campos de direitos e subjetivações que criam passagens inventivas de novos mundos? Que dramáticas foram experienciadas por estudantes negros na (des)formação dos sistemas de ensino e as práticas artísticas deram possibilidades de devir diante dos racismos vividos no cotidiano das reações sócio-afetivas e institucionais se tornam escrivências negras como dispositivo de produção da diferença e estilo de existência da vida como obra de arte? Esta pesquisa justica-se pela ausência de trabalhos a respeito das táticas de resistências de estudantes negros(as) pela arte na Amazônia como modo de criar para si corpo sem órgãos e fazer da própria existência uma vida afirmativa de lutas e inventividades enquanto prática contracolonial. Este trabalho tem impacto no enfrentamento aos racismos na educação e no cotidiano bem como nas políticas públicas e em um conjunto de áreas do conhecimento. A metodologia é um percurso e trajetória que se inscreve por meio do caminhar da cartografia da escrita de si pelo diário de campo, pela escuta das memórias e a transformação das mesmas em escrivências em lentes em perspectiva da microhistória com os usos de algumas estratégias da genealogia, tais como: insurgência dos saberes sujeitados e ativação dos saberes locais. Entre os resultados iniciais, é possível delinear que a produção artística de uma pessoa que vivencia o tornar-se negro ao se deparar com racismos faz coletivos como a formação de um bando e uma potência de multidão nas encruzilhadas que fazem aberturas onde parecia não existir possibilidade de transformação das práticas cotidianas extremamente cristalizadas pelo racismo institucional e estrutural.

  • FELIPE SAMPAIO DE FREITAS
  • A VIDA POR UM CLICK: governamentalidade algorítmica e produção de subjetividade na internet

  • Data: 19/09/2023
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  • Esta tese tem como proposta central o debate sobre a constituição de subjetividade na relação
    entre o sujeito contemporâneo e o neoliberalismo em suas facetas biopolíticas. Instituindo como
    principal ponto de partida a inerência da internet (e de sua quase infinita gama de artifícios
    tecno-virtuais-digitais) em relação à subjetividade contemporânea e seus modos de vida, neste
    percurso, com o aporte teórico da filosofia de Michel Foucault, bem como, de outros autores,
    analisaremos alguns traços desta relação no que chamaremos de “atualíssima
    contemporaneidade”, isto é, o momento datado no registro das duas primeiras décadas do século
    XXI, que consta transversalizado por novas formas subjetivantes, a partir das quais os sujeitos
    tem suas vidas submergidas no âmbito da internet e do mundo informacional. Elencaremos
    alguns âmbitos a serem abordados, os quais entendemo-los como de suma importância ao
    diagnóstico do que seriam os sujeitos constituídos no tempo da internet: 1 – a constituição de
    subjetividade intrínseca ao capitalismo neoliberal, o qual promove um modelo de subjetividade
    onde o que se estabelece como princípio seria a produtividade, a eficácia e o autoempresariamento;
    2 – a manifestação ininterrupta dos novos métodos de vigilância, os quais
    outrora atuavam somente pela via física-analógica (de instituições como hospitais; fábricas;
    prisões etc.), mas que, no século XXI, também se arvoram pelo viés do mundo virtual-modulado
    (internet; redes sociais; câmeras de vigilância); 3 – o aparecimento dos dispositivos de
    precarização-rarefação da vida/subjetividades (a exemplo, mencionem-se os diversos
    aplicativos/apps que pretendem “dinamizar” o mundo do trabalho contemporâneo) pelo registro
    tecno-informacional; 4 – finalmente, a intersecção entre a vida, a constituição de subjetividade
    e os panoramas biopolíticos, operacionalizados a partir das chamadas governamentalidades
    digitais, ou governamentalidades 2.0, contemporâneas. É desta forma que tais sujeitos
    contemporâneos têm suas subjetividades sempre constituídas e enviesadas por meio da internet:
    a partir de clicks, likes ou dislikes. Foucault diagnostica, em Nascimento da Biopolítica (1979),
    que um dos principais traços de constituição de subjetividade contemporânea seria o do homo
    oeconomicus, isto é, do sujeito que segue o balizamento neoliberal/biopolítico de
    produção/produtividade intensa da e na vida. O neoliberalismo, enquanto arte de governar e
    conduzir subjetividades, elevou seus panoramas biopolíticos, bem como, suas agendas de
    produtividade, com tais avanços tecno-virtuais-digitais. Nossa tese é de que o homo
    oeconomicus agregou nova face sob os arredores das circunstâncias tecnoinformacionais atuais,
    sendo dinamizado e potencializado no tempo da internet.

  • KAREN PRISCILA LIMA DOS ANJOS
  • ATIVISMO LGBT EM TEMPOS DE CÓLERA: ENGAJAMENTO POLÍTICO DE NOVOS ATIVISTAS ENTRE 2018 E 2022

  • Orientador : MARIA LUCIA CHAVES LIMA
  • Data: 18/09/2023
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  • O ativismo LGBT brasileiro possui um histórico que remonta ao período de redemocratização do país, passando por diferentes fases, crises e modelos de atuação até chegar aos dias atuais face ao fortalecimento de discursos de extrema-direita em âmbito nacional. Contudo, a literatura aponta que os fatores de mobilização para o engajamento político ou militância de pessoas LGBT não pode ser encarado como um processo automático vinculado a orientação sexual e identidade de gênero, pois a decisão de tornar-se ativista perpassa por uma diversidade de fatores, especialmente ao se considerar o descrédito a modelos tradicionais de reivindicação social por jovens na atualidade. A partir da análise deste contexto macropolítico recente, o presente projeto de pesquisa tem como objetivo compreender quais são os fatores que levam as pessoas de Belém (PA) a ingressarem em grupos e coletivos de ativismo LGBT a partir do ano de 2018. O desenho metodológico proposto parte de reflexões da psicologia social crítica e contempla o mapeamento dos grupos e coletivos LGBT atuantes na cidade de Belém e entrevistas com seus integrantes que ingressaram a partir do ano de 2018, este que foi marcado pelo período eleitoral que elegeu o atual governo federal do país em meio ao avanço de discursos de ódio e da violência LGBTfóbica.

  • FLAVIA DANIELLE DA SILVA CAMARA
  • POLÍTICAS DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA: necropolítica, tensionamentos e caminhos para equidade racial em Belém

  • Data: 15/09/2023
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  • A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) está em vigor desde 2009 pelo Ministério da Saúde e é uma política do SUS. Contudo, ainda são poucos os municípios brasileiros que a implementaram em seus territórios o que ratifica a pertinência do racismo institucional e estrutural no país. Nesse contexto, a necropolítica enquanto projeto político de Estado e categoria filosófico-analítica, auxiliou na compreensão de como uma saúde-diretriz foi estruturante do Estado-nação brasileiro e a técnica da eugenia estiveram à serviço da gestão da morte. Mediante as práticas coloniais, o estado de exceção e o inimigo racializado, criou-se as condições para administrar e fazer viver em mundos de mortes, atualizando as noções de humanidade, cidadania e instituindo modos de ser. Esta pesquisa objetivou analisar a maneira como a necropolítica estruturou os tensionamentos em torno da implementação da Política Municipal de Saúde da População Negra em Belém. Partiu-se da Epistemologia do Pensamento Feminista Negro e a interseccionalidade foi a metodologia utilizada para organizar o Método Misto (MM) de pesquisa qualitativa e quantitativa na qual se realizou análise dos documentos; Plano Municipal de Saúde (2002-2025) e o Plano Plurianual (2022-2025), análise das informações presentes no MUNIC/IBGE e realizou-se levantamento estatístico (cadastro individual e-SUS/AB, IBGE, DataSUS, Painel de Monitoramento SIM/SINASC) em diálogo com referenciais teóricos no campo de saúde da população negra. Assim, demonstrou-se a partir dos cadastros do e-SUS/AB (2022) do município que 475.113 indivíduos eram negros (pretos + pardos), 73.509 brancos, 12.691 amarelos e 659 indígenas, sendo a população negra a que mais afirmou ter hipertensão e diabetes (doenças prevalentes na raça), tem o maior índice de mortalidade materna e infantil por causas evitáveis e, ainda assim, Belém não implementou a Política Municipal de Saúde da População Negra. Concluiu-se que, mesmo os negros constarem como a maioria entre os cidadãos ativos no sistema de saúde municipal, a técnica da eugenia forjou o embranquecimento como saída de emergência à mestiçagem brasileira e, em Belém ganhou ares de “morenidade”. Esse processo sedimentou o caminho para a existência do mito da democracia racial que se utiliza da negação do racismo na sociedade e lança mão da igualdade dos indivíduos quando se mobilizam as diferenças no sentido da pluralidade, respeito e potência presente, por exemplo, nas denúncias e reivindicações dos movimentos negros e de mulheres negras por políticas afirmativas como é o caso da PNSIPN. A cidade de Belém vivenciou avanço com a instalação do Grupo de Trabalho Intersetorial da Saúde da População Negra em 2022, porém é preciso situar as ações no âmbito das políticas públicas de Estado no sentido da promoção à equidade racial em saúde, reafirmando a negritude na Amazônia belenense.

  • LISTHIANE PEREIRA RIBEIRO
  • O DESAFIO CONTEMPORÂNEO DO DIÁLOGO: Um encontro entre Hans-Georg Gadamer e Marshall Rosenberg

  • Data: 15/09/2023
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  • Poderíamos supor que o desenvolvimento humano, social e tecnológico que alcançamos ao longo do tempo tivesse ampliado e aprofundado a nossa capacidade de diálogo. No entanto, temos constantes apelos e desafios que surgem cotidianamente que parecem atestar, no mínimo, algumas dificuldades nesse campo e, consequentemente, no relacionamento humano. Essa tese se constitui a partir do desafio de se colocar em um diálogo que valoriza a intimidade e supera os estranhamentos, visualizando os impasses e tensões que podem estar aí contidos. Para tanto, vamos nos aproximar dessa questão através da conversa com dois autores que se ocuparam com esse problema e que entendemos como dois interlocutores em potencial: o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (1900-2002) e o psicólogo norte-americano Marshall Bertram Rosenberg (1934-2015). A presente tese é uma pesquisa teórica, de abordagem qualitativa, fenomenológica e hermenêutica. O objetivo da pesquisa é compreender se e como a Comunicação Não Violenta responde à constatação gadameriana de que somos cada vez mais incapazes ao diálogo. Trata-se de uma “fusão de horizontes”, um “intercâmbio de pareceres”, que visa a promover reflexões sobre o que o diálogo implica, aqui entendido como comunicação de interpelação, que pressupõe “boa vontade” para ouvir “o que está vivo”, e solidariedade para participar deste jogo cooperativo em que, ao final, constrói-se algo novo. Ao final da tese, concluímos que Rosenberg consegue se colocar como interlocutor diante a provocativa gadameriana e oferecer respostas. Para tanto, apresenta um arcabouço teórico e prático que facilita a conexão empática, propondo a tradução de julgamentos e a substituição da linguagem cotidiana por uma linguagem não violenta, que “serve à vida”.

  • ANTONIO SOARES JUNIOR
  • (DES)MEDICALIZAÇÃO DAS IDENTIDADES E SEXUALIDADES DISSIDENTES: RESISTÊNCIAS DOS SISTEMAS
    CONSELHOS DE PSICOLOGIA FRENTE ÀS TENTATIVAS DE EXTERMÍNIO DAS SUBJETIVIDADES LGBTQIAP+

  • Data: 12/09/2023
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  • A excessiva medicalização e patologização de modos devida tem acarretado uma série de problemas para a nossa sociedade atual, sendo alvo de preocupação em diversos estudos e intervenções realizadas por várias instituições. Quando nos concentramos nas esferas das orientações sexuais e identidades de gênero, podemos observar um cenário profundamente perturbador e a psicologia não pode estar aquém desta discussão. Ao longo dos anos, a Psicologia deixou de ser meramente uma ferramenta legitimadora da heteronormatividade e cisgeneridade, tornando-se uma fonte de resistência das diversidades sexuais e de gênero. Como objeto, buscou-se pensar as práticas na sociedade brasileira impulsionadas pelo avanço dos movimentos LGBTQIA+ e o protagonismo da Psicologia brasileira, por meio do Sistema Conselhos de Psicologia. Perguntou-se quais práticas vêm sendo construídas pelo Conselho Federal de Psicologia e pelos Conselhos Regionais de Psicologia quanto os preconceitos, discriminações e violências vividas pela população LGBTQIAP+? Quais efeitos de saber, de poder e subjetivação foram produzidas nestas práticas em termos desmedicalização e despatologização da população LGBTQIA+? Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar as práticas de resistências do Sistema Conselhos de Psicologia diante da medicalização e da patologização das orientações sexuais e identidades de gênero que divergiram da heterocisnormatividade. Os objetivos específicos foram: problematizar as resistências realizadas pelo Sistema Conselhos de Psicologia em relação à tentativa de aniquilamento da população LGBTQIA+; interrogar os processos de despatologização que apareceram como pauta na agenda do Sistema Conselhos de Psicologia em relação à Psicologia no atendimento à população LGBTQIA+. O procedimento metodológico utilizado neste trabalho foi de uma pesquisa qualitativa bibliográfica e alguns aspectos conceituais e metodológicos da arqueogenealogia de Foucault, que nos permitiram pensar a contemporaneidade, questionando práticas biopolíticas e necropolíticas voltadas à população LGBTQIA+.

  • JÉSSICA PINGARILHO BATISTA
  • NA SALA DE ESPERA: RESSONÂNCIAS DO DIAGNÓSTICO DE AUTISMO NA RELAÇÃO MÃE-CRIANÇA E IMPORTÂNCIA DA ESCUTA PSICANALÍTICA NO AMBIENTE AMBULATORIAL

  • Data: 05/09/2023
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  • Esta dissertação buscou investigar a ressonância do diagnóstico de autismo na relação mãe-criança, destacando-se a possibilidade de que esta nomeação não se cole como uma marca identificatória para o sujeito, configurando impasses ao olhar direcionado a esta, bem como o giro discursivo que pode ocasionar; tendo como objetivos específicos: situar o conceito de autismo desde o discurso médico - em seu entendimento dentro um espectro - em contrapartida ao posicionamento teórico e ético psicanalítico; discorrer acerca do discurso materno sobre a criança, considerando a primordialidade deste laço para a constituição de sujeito; e apontar as possíveis ressonâncias no enlace destes discursos na criança, a partir dos atendimentos realizados no Centro de Atenção à Saúde da Mulher e da Criança (CASMUC), no projeto O lugar da mulher na função materna: torções entre o feminino e o materno no cuidado à criança. Metodologicamente, caracteriza-se como uma pesquisa teórico-clínica, em que os conceitos investigados têm origem na teoria psicanalítica, desenvolvidos por Sigmund Freud (1895-1939) e continuados em seus avanços com Jacques Lacan (1953-1980), assim como autores contemporâneos. Aliados à proposta da escuta clínica realizada na universidade, são entrelaçados fragmentos de quatro casos atendidos no CASMUC através do projeto, em busca de proporcionar às mulheres a oportunidade de transformação por meio de sua própria fala, não prometendo suprimir o insuportável, mas bordejar algum suporte singular, diante do não-saber e do sintoma – como tantas falas, que giraram em torno do diagnóstico das crianças -, algo pode ser contornado de outras maneiras, distintas das repetitivas e promotoras de sofrimento psíquico. Compreendemos que é na relação individualizada, na escuta e na prática de cada mulher em sua relação com o filho(a), no exercício diário e intermitente dos cuidados atravessados por um ou mais diagnósticos, que foi possível trabalhar como um espaço de promoção da saúde psíquica, criando também uma rede de apoio. Sem oferecer uma visão romantizada da maternidade, nem prometer uma escuta que exclua o desconforto inerente à relação entre o sujeito e o Outro.

  • ALBERTO GOMES DE FREITAS FILHO
  • Salvando o mundo (dos jogos): Uma investigação psicanalítica da relação entre videogames e grupos gamer

  • Data: 30/08/2023
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  • Segundo a Pesquisa Game Brasil 2022, 74,5% dos brasileiros tem o hábito de jogar videogames. Dados globais apontam para 3 bilhões de pessoas, tornando os games responsáveis por mais da metade do valor da indústria de entretenimento mundial, alcançando uma soma de US$ 163,1 bilhões em 2021. Tais indicadores demonstram que esta tecnologia alcançou um patamar de destaque dentro da cultura, a ponto de se tornar um objeto capaz de mediar identidades e formar grupos. Neste caso, estamos falando dos gamers. Ao longo das décadas, os grupos gamer demonstraram com certa frequência uma atitude de intolerância frente à alteridade, sendo o Gamergate o exemplo mais famoso desta postura de hostilidade a minorias sociais e a debates políticos progressistas. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi o de investigar a formação dos grupos gamer, tentando entender de que maneiras esses jogadores se relacionam com o videogame, enquanto sujeitos e enquanto grupo, e como isto media sua relação com a sociedade mais ampla. Para isto, utilizamos três frentes teóricas: primeiramente examinamos algumas teorias dos game studies para compreender que elementos compõem um jogo e o que o torna uma atividade prazerosa. Em seguida, a teoria psicanalítica nos ajuda a observar de que maneiras o sujeito que joga sente prazer e o que isto pode nos dizer sobre a relação entre sujeito e jogo, bem como também nos demonstra de que forma se dá o processo de identificação dos sujeitos com a categoria gamer e sua consequente afiliação a tais grupos. A terceira base teórica está alinhada à escola frankfurtiana, mais especificamente no que diz respeito às críticas feitas por Horkheimer e Adorno a uma sociedade que se relaciona de maneira patógena com a racionalidade técnica. Com os resultados obtidos, argumentamos que o jogo se estrutura de tal forma a ocupar uma função psíquica importante para alguns sujeitos na medida em que os torna capaz de, ao menos nesse mundo virtual, se aproximar de determinadas fantasias de supremacia e de um Ideal de Eu fortemente calcado em aspectos de ordem, controle e dominação que, por sua vez, são adquiridos a partir da própria dinâmica social da maneira como ela se dá em uma sociedade excessivamente afinada à razão e à técnica.

  • MICHELE DE NAZARE PALMEIRA MOURA
  • PRODUÇÃO DE SENTIDOS DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO SOBRE A NOTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE

  • Data: 30/08/2023
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  • A violência é caracterizada como um fenômeno multifacetado que está vinculado a inúmeros contextos. Para a Organização Mundial da Saúde, é um grave problema de saúde pública e os indivíduos mais afetados por este fenômeno são as crianças e os adolescentes na faixa etária de 10 a 19 anos. Para Minayo (2007), a violência contra crianças e adolescentes é todo ato ou omissão cometido pelos pais, parentes, outras pessoas e instituições capazes de causar danos severos à vítima. Neste sentido, este estudo visa analisar a produção de sentido dos profissionais de educação sobre a violência contra crianças e adolescentes e o processo de notificação dos casos em uma região de Belém-Pará. É uma pesquisa qualitativa, com metodologia de análise das práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano, fundamentando-se no referencial teórico do Construcionismo Social. Os participantes deste estudo são profissionais da educação básica, sendo a maioria mulheres (78%), na faixa etária de 40 a 49 anos (61%), com uma trajetória de mais de 10 anos (85%) na educação básica, casadas (43%) e autodeclaradas pardas (50%). A análise revela que as profissionais compreendem o caráter multicausal da violência, entendem a importância de enfrentar a situação, no entanto desconhecem o processo de notificação da violência e as práticas de atuação enquanto profissionais da educação. Existe formação continuada promovida pelas instituições, mas não contemplam essa temática, ocasionando medo, desconhecimento e insegurança no ato de notificar, além de desencadear consequências que dificultam a efetivação das políticas públicas, bem como a falta de qualificação profissional para lidar com os casos de violência contra criança e adolescente. Neste sentido, estudar a produção de sentido dos profissionais da educação diante da violência e o processo de notificação são fundamentais na política de proteção à infância e a adolescência. Para tanto, esperamos que esse estudo propicie a ampliação de discussões e reflexões que visam fortalecer a rede de proteção a criança e o adolescente, assim como fomentar a formação continuada sobre o assunto e ações mais efetivas de cuidado a esse público.

  • JESSICA SAMANTHA LIRA DA COSTA
  • Violência demasiadamente humana: uma leitura psicanalítica da Trilogia da Frieza, de Michael Haneke


  • Data: 28/08/2023
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  • O presente estudo enfocou a noção de violência na obra freudiana, aqui pensada em uma possível articulação com o cinema de Michael Haneke - mais especificamente, com a chamada Trilogia da Frieza do diretor, composta pelos filmes O Sétimo Continente (1989), O Vídeo de Benny (1992) e 71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso (1994). Nesse sentido, evitando a pretensão da realização de interpretações de cunho reducionista e/ou meramente patologizante, seus objetivos podem ser divididos em quatro partes centrais: 1) abordar a construção, o desenvolvimento e as nuances da noção de violência no pensamento de Freud; 2) realizar um resgate teórico-conceitual acerca das relações entre a psicanálise e a arte cinematográfica; 3) esmiuçar a especificidade do cinema hanekiano e da filmografia aqui analisada; 4) realizar uma leitura psicanalítica da Trilogia da Frieza de Haneke. Para tanto, a metodologia aqui adotada consistiu na revisão bibliográfica, sendo privilegiado, conforme sugerido acima, o referencial teórico freudiano, e na análise fílmica, privilegiando, conforme relatado, o rigor metodológico da racionalidade científica, fazendo com que pudéssemos contemplar as obras hanekiana, a partir da decomposição de seus elementos. No que tange aos resultados, chegamos ao entendimento de que a maior das violências representadas pelo cinema de Haneke é a violência da apatia humana. Tendo em vista que após as incursões realizadas, notamos que a manifestação da pulsão de morte, em formato de apatia, contribui para uma espécie de implosão psíquica e que, por consequência, leva ao aniquilamento da atividade psíquica humana. Concluiu-se que há um tipo peculiar de violências simbólica e silenciosa transmitida por intermédio do cinema de Michael Haneke, violência tão avassaladora que impulsionam o homem ao abismo radical, ou seja, a violência demasiadamente apática que trabalhamos na tese. Com efeito, se há esperança para combatermos esse mal implacável, tal combate pode e deve ser empregado também por meio da palavra e da escuta, donde a psicanálise é convocada.

  • LARISSA MARIA DE SOUZA CRUZ
  • IDOSOS (AS) SOBREVIVENTES DE UM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: SUAS OCUPAÇÕES, PERDAS E LUTOS

  • Orientador : VICTOR AUGUSTO CAVALEIRO CORREA
  • Data: 11/08/2023
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  • Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva do tipo estudos de casos múltiplos. O objetivo principal foi compreender como se apresentam as ocupações de pessoas idosas após o Acidente Vascular Encefálico (AVE) e avaliar a realização de valores. Os estudos de casos múltiplos foram realizados com pessoas idosas que sobreviveram a um AVE. Participaram da pesquisa 3 (três) pessoas idosas atendidas no Ginásio Adulto da Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (FFTO) da Universidade Federal do Pará (UFPA). Para a coleta de dados, foram utilizadas a entrevista semiestruturada, uma atividade livre expressiva e a realização de uma ocupação. As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas e, todas as demais etapas registradas em imagem e em diário de campo. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo Temática de Bardin que permitiu a identificação de núcleos temáticos a partir dos relatos. Identificou-se que as ocupações desses idosos tiveram grande impacto após o AVE, principalmente, pelas sequelas remanescentes, gerando grandes mudanças no dia a dia, sendo evidenciadas perdas significativas e luto. Destaca- se que as ocupações remanescentes foram compreendidas como momentos de realização de sentido, e que apesar de todas as perdas, essas pessoas podem encontrar sentido na vida, mesmo diante do sofrimento inevitável.

  • HELOA PONTES MAUES
  • COMPREENSÃO DA VIVÊNCIA DE IDOSAS BELENENSES SOBRE A COVID-19: UMA REFLEXÃO GESTÁLTICA

  • Orientador : ADELMA DO SOCORRO GONCALVES PIMENTEL
  • Data: 12/07/2023
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  • O aumento da população idosa no Brasil demanda urgente discussão sobre a velhice, com intuito de promover a visibilidade das idosas, bem-estar e respeito. No Brasil o machismo e o etarismo propiciam desvantagens para a constituição da subjetividade feminina e do tornar-se mulher idosa. Somado a esta conjuntura, em 2020 ocorreu a pandemia da COVID-19, acrescentando medo, incertezas, perdas, solidão, ansiedade e sentimentos negativos à experiência de ser idosa. Partindo de experiências pessoais como recurso para lidar com as ocorrências no mundo da vida, questionei o fenômeno do envelhecimento, direcionando olhares para a potência da mulher. Os fundamentos da Gestalt-terapia contribuem para a compreensão dos ajustamentos criativos como recursos potenciais para que a mulher idosa possa se autorregular e mudar a sua realidade a partir do que seu campo vital. Assim, esta dissertação é um estudo qualitativo fenomenológico hermenêutico, com revisão narrativa sobre o envelhecimento de mulheres e análise do processo de tornar-se idosa, a partir das obras de Simone de Beauvoir: “A velhice – a realidade incômoda” e “O segundo sexo – a experiência vivida”. Objetivei compreender a vivência das mulheres idosas, de classe socioeconômica B, residentes em Belém-PA, a partir de suas potencialidades, utilizadas cotidianamente ou descobertas na pandemia da COVID-19. Especificamente, identificar as potencialidades das idosas em ajustar-se criativamente durante a pandemia da COVID-19; apresentar o significado da experiência das idosas, quanto a vivência relacional no período pandêmico; sistematizar os sentidos das vivências das mulheres idosas. Participaram 5 idosas entre 65 e 77 anos, que responderam a entrevista semiestruturada, realizada presencialmente. Para as análises e compreensão usei os estudos hermenêuticos da linguagem, do discurso e do texto de Paul Ricoeur. Dentre os resultados temos: a vivência pandêmica das idosas, em que cada uma atribui significados às suas experiências, de acordo com a sua realidade; o medo generalizado a partir da classificação das pessoas idosas como grupo de risco; o não reconhecimento das participantes como “ser idosa” enquanto conflitos entre a realidade e subjetividade, na tentativa de distanciamento dos estereótipos criados e perpetuados socialmente; os ajustamentos criativos como potência do ser idosa e seus desdobramentos para sobreviverem à pandemia; descobertas e potenciais como caminhos possíveis para a vivência da liberdade existencial e reconhecimento. Concluímos que, embora cercadas de limitações, as entrevistadas prosseguem batalhando pelos direitos, reconhecimento e visibilidade na condição de idosas, por meio do autoconhecimento e de olhares para suas potencialidades; o relato de suas experiências contribuiu para o rompimento da conspiração do silêncio que cerca a velhice em nossa sociedade. Por fim, é necessário produzir mais diálogos entre sociedade e as mulheres idosas, instigando futuras pesquisas, fundamentadas na Gestalt-terapia, principalmente ao que se refere a análise das potencialidades apontadas no estudo, no período pós-covid.

  • ANNA CAROLINA FONSECA DE MELO
  • Desamordaçando Anastácia: Um estudo sobre a produção psicanalítica relativa ao racismo no Brasil

  • Data: 30/06/2023
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  • Este trabalho tem por objetivo analisar a produção psicanalítica acerca dos atravessamentos do racismo aos negros no Brasil no período entre 1980 e 2020. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica e a pesquisa em psicanálise, utilizando os descritores “racismo” e “psicanálise” junto aos principais repositórios de produção científica no país. Nesse contexto, observamos que o racismo no país tem marcadores diferentes daqueles identificados em outros países que também receberam o povo retirado do continente africano para serem escravizados, pois, no Brasil, passados os 338 anos de escravidão legal, não tivemos leis explicitamente segregadoras. Por outro lado, existiram, e existem até hoje, várias leis, condutas sociais e diversas manifestações ainda apoiadas no racismo que estrutura nossa sociedade e nossas relações, nas quais operam a denegação e diversas formas de silenciamentos imaginários, simbólicos e reais, que têm uma função importante na estruturação do racismo à brasileira. A psicanálise, ao chegar nesse território, também se encontra atravessada por essas questões que são anteriores à sua existência. Sobre os psicanalistas pretos e sobre a produção psicanalítica acerca do racismo também se produziu denegação e silenciamentos. Observa-se também que a maioria dos trabalhos se concentra nos últimos anos do recorte temporal da pesquisa, fruto dos movimentos decoloniais e da luta antirracista dentro e fora do meio psicanalítico, que, aludindo à icônica imagem da escravizada Anastácia, tem produzido um contínuo crescente de desamordaçamento.

  • KARLA MARIA SIQUEIRA COELHO AITA
  • SEM TI… SAUDADES: UMA COMPREENSÃO SOBRE REALIZAÇÃO DE VALORES NO LUTO PARENTAL QUE DESVENDA A PROPOSTA DE CUIDADO

  • Data: 27/06/2023
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  • Estudos apontam que a morte de um(a) filho(a) amado(a) tende a causar sofrimento
    intenso, expresso por meio de valores e crenças, assumindo múltiplas
    configurações. Além disso, o significado da perda poderá ser mediado através da
    cultura, sociedade, religião, espiritualidade. Esta pesquisa propõe compreender a
    autotranscendência, o encontro autêntico e a realização de valores no luto parental
    por aqueles que cumprem com sua orientação ontológica para o sentido (Frankl,
    2014, 2016). Nesta perspectiva, objetiva-se apresentar e defender uma proposta de
    cuidado aos pais e mães enlutados, tecida enquanto atividades grupais que possam
    estimular as manifestações do pesar, a entreajuda entre seus membros, assim
    como a realização de valores criativos, vivenciais e atitudinais, os quais possibilitam,
    segundo Viktor Frankl, o encontro de sentidos. Na busca por bases teóricas que
    ancorem o pensar sobre a clínica do luto parental, são apresentados os recortes dos
    diálogos da pesquisadora com a obra do professor Viktor Emil Frankl (1978, 1987,
    1989, 1990, 2005, 2007, 2010, 2014, 2016, 2019a, 2019b, 2021, 2022) e com seus
    interlocutores Elizabeth Lukas (1989a; 1989b); Ivo Studart Pereira (2008, 2013,
    2015, 2017, 2021), dentre outros. Também foram considerados os resultados dos
    estudos que se ocuparam em compreender a experiência do processo de luto dos
    pais conforme proposto por Parkes (1998, 2009); Bromberg (2000); Franco (2002,
    2010, 2021); Shear et al. (2011); King (2015); Delalibera et al. (2017); Coughlin e
    Sethares (2017); Freitas (2018); Casellato (2020); Frankl (1989, 2014, 2016, 2005,
    1978, 1990, 2003, 2007, 2008, 2010), os fundamentos teóricos referentes à Teoria
    do Apego desenvolvida por John Bowlby (1997, 1998, 2002) e as Tarefas do luto
    propostas por Worden (2013). No desenvolvimento do estudo, as reflexões
    avançam em direção à visão de homem proposta por Frankl, compreensão da
    vontade de sentido e apreensão da relação dialógica entre liberdade de vontade e
    vontade de sentido frente à travessia do luto, na qual o sentido no seu aspecto
    autoral desafia a liberdade humana em direção ao dever-ser. Por fim, defende-se um
    proposta de cuidado aos pais, na modalidade grupal, para deslindar interações entre
    percursos individuais, processos coletivos e o luto parental, nas quais os recursos a
    serem produzidos/partilhados, entre esses, objetos, símbolos, artefatos, palavras,
    escritas, sons, afetos etc., constituem o corpus da referida proposta. Destacam-se
    intervenções voltadas a estimular a realização de valores, a construção do “Mural
    da esperança”, a amplitude do cuidado no luto parental, assim como as
    possibilidades de significar as perdas e desvelar sentidos. A partir do pensamento
    frankliano, pode-se compreender que a presença da morte no ciclo vital assinala a
    premência em responder aos desafios e indagações colocados pela vida, em fluxo
    contínuo e assegurar no ser-passado (destino realizado), a existência da
    parentalidade frente à saudade.

  • GIANE SILVA SANTOS SOUZA
  • ANÁLISE DA CULTURA DO ESTUPRO NOS JORNAIS IMPRESSOS NO BRASIL: FOLHA DE SÃO PAULO E O LIBERAL

  • Data: 26/06/2023
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  • Esta tese tem como objeto a (des)construção da cultura do estupro de mulheres na
    mídia, especialmente, em dois jornais: Folha de São Paulo (circulação nacional) e O Liberal
    (circulação regional). O trabalho busca como problemática interrogar como os referidos jornais
    abordam a violência sexual contra mulheres, sobretudo, no que tange à cultura do estupro,
    bastante difundida na realidade brasileira. Como metodologia, foi utilizada a História Cultural,
    Arqueogenealogia e o trabalho com documentos. Foram analisadas edições de 2013 a 2017 de
    ambos os jornais, a partir da abordagem do tema violência sexual contra mulheres no Brasil. O
    objetivo geral foi analisar as práticas de saber, de poder e de subjetivação nas (des)construção
    das manifestações do estupro nos jornais impressos Folha de São Paulo e O Liberal. Os
    objetivos específicos foram: identificar elementos do discurso midiático que definem a cultura
    do estupro nos jornais impressos Folha de São Paulo e O Liberal e as resistências efetuadas
    por estes jornais; problematizar a presença de discursos sobre a mulher vítima de estupro nos
    jornais impressos Folha de São Paulo e O Liberal. Uma das justificativas da pesquisa é a
    ausência de estudos comparativos entre jornais no país, sobretudo, quando se trata de temas
    referentes às mulheres. Busca-se nas obras de Judith Butler e de Michel Foucault bem como no
    campo de estudos feministas interseccionais e na criminologia crítica aportes para sustentação
    do trabalho. Inicialmente, nas análises prévias é possível afirmar como tese que as formas de
    abordagem do acontecimento não é a mesma pelos jornais estudados e, que apesar de ambos
    fazerem críticas à violência sexual contra mulheres, ainda trazem vestígios da cultura do estupro
    nos modos de produzir as notícias. Os modos do O Liberal trabalhar a temática é mais voltado
    ao olhar policial e punitivo-judicial, já, a Folha de São Paulo tenta ampliar o foco para a
    complexidade do tema, contudo, o faz de modo superficial. Por fim, é possível afirmar que
    ambos os jornais operam por paradoxos quanto à cultura do estupro, pois geram ações de
    desconstrução e, também atos que podem referendar e sustentar a difusão da cultura do estupro.

  • KARLA DALMASO SOUSA
  • PRÁTICAS QUE CONSTITUEM O PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL AO PACIENTE JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ ₋ O ACONTECIMENTO PRAÇAÍ

  • Data: 12/06/2023
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  • Esta pesquisa teve como objeto as práticas de saber, poder e subjetivação que produziram o Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário no Pará: O PRAÇAÍ, desde a sua emergência, no Pará. As perguntas norteadoras do problema de pesquisa foram: Quais são as práticas envolvidas nas relações de saber e poder exercidas para a criação do Programa PRACAÍ e que efeitos de subjetivação produziram? Quais resistências foram produzidas para impedir o programa de ser implementado? Em que medida, o PRAÇAÍ constituiu uma prática em consonância com os princípios de cuidado em liberdade da Reforma Psiquiátrica brasileira e do Movimento de Luta Antimanicomial, provocando insurgências relevantes no estado do Pará? O objetivo geral foi: Problematizar as práticas de saber-poder-subjetivação que produzem o Programa de Atenção ao Paciente Judiciário no Estado do Para/PA, desde a emergência e alguns de seus efeitos. Os objetivos específicos foram: Descrever e interrogar os mecanismos de poder que fazem emergir o Programa PRAÇAÍ; - Descrever e problematizar as práticas do saber-poder-subjetivação materializadas na implementação e execução do programa PRAÇAÍ; - Descrever e analisar as práticas de resistência à implantação e execução do PRAÇAÍ; - Descrever e pensar quais práticas de insurreição são realizadas e os gargalos que tentam sufocá-las. Utilizou como metodologia a genealogia a partir de Michel Foucault e a pesquisa documental com contribuições da História Cultural com análise de documentos de criação do Programa PRAÇAÍ, o uso do diário de campo, a História Oral e a Escrita de si de uma trabalhadora do referido Programa. A tese afirmada é a de que, apesar de inúmeros obstáculos, o PRAÇAÍ foi constituído como uma importante iniciativa de desinstitucionalização e tem fabricado rupturas nas práticas manicomiais e punitivas que acoplaram à internação penal o objeto periculosidade. Saberes forenses e médicos de perícias legais, articuladamente à lógica de poder punitivo-penal produziu a subjetividade louco-criminoso e a associou à periculosidade. Como resultados, conclui-se que o PRAÇAÍ possibilitou a desinternação e desinstitucionalização da maior parte das pessoas internadas-presas no Hospital de Custódia do Pará e continua a operar essa prática, mesmo com tensões e inúmeras dificuldades institucionais. As memórias de quem atuou na criação e articulação da execução do Programa trazem elementos relevantes da análise de saberes, poderes e subjetividades constituídas e materializadas na desinstitucionalização de pessoas internadas-presas no Hospital de Custódia do Pará e também, a desconstrução da categoria periculosidade e de louco-infrator.

  • MARIA IZABEL DA CUNHA ARAUJO
  • UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA DAS NARRATIVAS DE PSICÓLOGAS (OS) SOBRE O TRABALHO NO SISTEMA PRISIONAL

  • Data: 01/06/2023
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  • Na dissertação apresentamos as narrativas de quatro psicólogas (os) no contexto de atuação no sistema prisional paraense, descrevendo inicialmente, a complexa construção do cárcere, caracterizada por um conjunto de expressão de tensões, violência e desafios para aqueles que o compõem: os profissionais, nos vários modos de atuação; os custodiados; as formas de inserção; e os familiares. Considerando que as percepções dos psicólogos foram os elementos empíricos, situamos que a psicologia no âmbito jurídico é uma das bases teóricas, a partir da legalização da profissão e criação da Lei de Execução Penal; somada a reflexão da fenomenologia de Edmund Husserl sobre os conceitos de epoché, redução e atitude fenomenológica, bem como mundo da vida; a elementos do pensamento de Martin Heidegger no sentido, de interpretar e compreender as estruturas existenciais das narrativas das Psicólogas, considerando nas análises de suas práticas as condições da temporalidade, historicidade, responsabilidade e cuidado implicadas no trabalho nas unidades prisionais. Esta fundamentação permite o entendimento das ações das profissionais entrevistadas no cenário psicossocial carcerário, em que são confrontadas duas grandes demandas dos custodiados: saúde e reintegração social. Os objetivos da pesquisa foram: compreender os significados que as (os) psicólogas (os) atribuem às suas práticas cotidianas; sistematizar as narrativas sobre as atividades e os suportes institucionais que têm e que gostariam de ter; identificar se nas práticas psicológicas há atos de cuidado fundamentados na garantia de direitos. Colaboraram com a pesquisa quatro psicólogas (os) preenchendo formulário eletrônico no Google Forms; em seguida responderam a entrevista semiestruturada por videoconferência no Google Meet, sendo o processo realizado em um mês, aproximadamente. Incluímos na pesquisa psicólogas (os) com registro ativo no CRP10, vínculo institucional via concurso público, maiores de 18 anos, e com mais de cinco anos de experiência profissional. Para as análises e compreensões das narrativas, utilizamos o modelo de Amedeo Giorgi em que foi possível construir eixos temáticos. Dentre os resultados temos: prática do diálogo entre a psicologia e o horizonte técnico na orientação do cuidado à pessoa privada de liberdade; práticas que asseguram, ainda que, limitadamente a dignidade e humanização do público atendido; ressonâncias no espaço laborativo quanto a precarização do vínculo institucional, tanto nos limites do estado, quanto nas relações imediatas com agentes
    da segurança, sendo demarcadas pela lógica da disciplina e poder; o lugar de escuta e compreensão clínica situado na fronteira entre saúde, principalmente no seu aspecto biomédico, e reintegração, compreendida pelo retorno ao convívio com a sociedade após cumprimento de sentença, mediada por decisões jurídicas. Concluímos que a pesquisa reafirma a relevância do trabalho de psicólogas pautado no cuidado, o que contribui para enfrentar os preconceitos associados a população carcerária; que é possível a Psicologia contribuir para críticas e atualização do movimento automático e restritivo presentes na lógica do encarceramento. Por fim, ponderamos sobre a necessidade de configurar mais diálogo entre sociedade, estado e profissionais da saúde que atuam nas unidades carcerárias baseada em um projeto político-social, articulado com abordagens psicossociais e orientação ética para pensar e criar circunstâncias de possibilidade de uma prática criativa nas instituições dentro e fora do ambiente carcerário.

  • ANA PAULA CHAGAS MONTEIRO LEITE
  • DANÇA DO VENTRE, AUTOPERCEPÇÃO CORPORAL E CONHECIMENTO DE SI: uma leitura fenomenológica pela Gestalt-terapia

  • Data: 29/05/2023
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  • O presente estudo traça correlações teórico-metodológicas de fundamentação existencialfenomenológica pelo olhar da Gestalt-terapia a respeito da vivência da dança do ventre por mulheres adultas. A pesquisa é qualitativa fenomenológica de campo pela perspectiva da pesquisadora e também bailarina, visando compreender os significados dados pelas participantes sobre a própria experiência de viver a dança do ventre. A tese defendida é: a dança do ventre contribui na autopercepção corporal e no conhecimento de si principalmente pela possibilidade de fluidez na relação organismo/ambiente. Este autoconhecimento ocorre no entendimento de cada mulher sobre suas necessidades individuais, seus objetivos e forma de ser-no-mundo pela awareness vivida na experiência de dançar. Assim, traz o reconhecimento de possibilidades e limitações, assimilação de experiências, integração de partes anteriormente alienadas de si e se evidencia pelo movimento e ação engajada no meio. Para coleta de dados entrevistei seis mulheres adultas, todas com mais de um ano de experiência, algumas professoras profissionais da dança. Como método fenomenológico de análise dos dados utilizei os passos de Amedeo Giorgi e Daniel Sousa (2010) e discuti os dados a partir das principais teorias de fundamentação e a forma de compreensão de ser humano e mundo da Gestalt-terapia, dialogando com a literatura dos fundadores da abordagem e seus principais estudiosos que ainda hoje aprofundam as premissas básicas em aperfeiçoamento teórico. Dessa forma, nas narrativas das participantes encontrei elementos que estabelecem parâmetros com as hipóteses levantadas a partir da literatura disponível acerca da temática e das minhas observações enquanto pesquisadora com experiência clínica e que, como bailarina, também reconheço na minha própria vivência as informações partilhadas nas entrevistas. Os resultados da pesquisa demonstram que a dança do ventre para mulheres é um viés de resgate do poder sobre si, viabilizado a partir de processo de ampliação da consciência de si e das relações interpessoais e intrapessoais, com fortalecimento do self-suporte, possibilitando, assim, ajustes mais saudáveis no campo organismo/ambiente, favorecendo a emergência fluida de figura-fundo no contato. Compondo Práticas Integrativas e Complementares (PICs), a dança tem sido usada como importante área em pesquisas e como oficinas regulamentadas pelo Ministério da Saúde via Sistema Único de Saúde viabilizando o cuidado em saúde integral. Como proposição para intervenção clínica, proponho que a dança do ventre possa ser integrada ao rol de PICs já ofertadas pela rede de saúde pública.

  • CARMEN HANNUD CARBALLEDA ADSUARA
  • EM BUSCA DO SOM DO MARACÁ: a etnopolítica do cuidado na caminhada conjunta entre uma psicóloga comunitária e uma guerreira do povo Ãwa na luta por terra, educação e dignidade

  • Data: 23/05/2023
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  • A presente tese trata-se de uma tentativa de descrever e analisar as aprendizagens sensíveis provenientes da caminhada conjunta entre uma psicóloga comunitária e a liderança indígena Kamutaja, do povo Ãwa (Avá-Canoeiro do Araguaia), durante o período que compreende os anos de 2016 a 2023 no contexto da luta pela Terra Indígena Taego Ãwa e pela Escola Tutawa Ãwa, no Tocantins, norte do Brasil. Tomo como ponto de partida as memórias dessa luta conjunta, utilizando como fontes os documentos da associação indígena do povo Ãwa, os registros de meu diário de campo, fotografias e a história oral de Kamutaja, bem como literaturas diversas da psicologia social, ciências sociais e educação. Tais elementos foram bricolados a partir das narrativas que emergiram no trabalho de campo, no contexto de relação entre psicóloga e guerreira Ãwa, realizado a partir de uma perspectiva metodológica participante, em que o conhecimento produzido se encontra engendrado à práxis de transformação da realidade a partir da psicologia comunitária. Como pano-de-fundo, a tese encontra-se inspirada também em toda a minha trajetória acadêmica e profissional junto a diferentes movimentos sociais, organizações e entidades, principalmente no trânsito entre o Sudeste e o Norte do País, em realidades urbanas e rurais, conforme descrito em meu Memorial. Durante a análise das aprendizagens retratadas, pontuo marcos de um projeto ético-político de psicologia junto aos povos indígenas - o que estou chamado de etnopolítica do cuidado, preocupada em sensibilizar para uma psicologia que reconheça, valorize e lute junto aos povos indígenas. Com isso, de forma específica, pretendi visibilizar histórias individuais e coletivas do povo Ãwa; demonstrar na práxis a inserção da psicologia junto a luta por território a partir do lugar que foi fornecido a mim no ethos comunitário; evidenciar a importância do trabalho junto a figuras de liderança; incentivar caminhos que possam potencializar a produção de conhecimento, novos saberes e práticas; produzir uma memória das trocas afetivas do trabalho de uma psicóloga indigenista a partir da construção de um projeto coletivo; e demonstrar que o trabalho com os Ãwa conFiguraura um processo de aprendizagem sensível para o fortalecimento de uma psicologia ética, política, popular.

  • DANIELA PONCIANO OLIVEIRA
  • A EXPERIÊNCIA DO LUTO EM UMA CRIANÇA ÓRFÃ PELA PANDEMIA DA COVID-19

  • Data: 03/05/2023
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  • No contexto atual da Covid-19, falar sobre luto e morte adquire repercussões ainda maiores, no que concerne aos intensos efeitos psicológicos, do que comumente já se costuma ter. Com o advento da pandemia e o quantitativo assustador de mortes, principalmente em adultos e idosos, revelou-se a urgência de se pensar em luto coletivo. Esse contexto se torna ainda mais crítico no campo da saúde mental das crianças, que têm experimentado perdas repentinas em várias áreas da vida quando são seus pais os acometidos e mortos pelo novo coronavírus. Em virtude disso, os tempos pós pandêmicos escancaram a situação de orfandade, já que milhares de crianças e adolescentes perderam mães, pais, responsáveis legais e/ou outros parentes, e muitas delas passaram a viver em situação de grande vulnerabilidade, uma situação que deve ser considerada como uma questão de emergência de saúde pública. A morte de familiares de maneira abrupta, como pode ocorrer devido à Covid-19, por seu caráter potencialmente traumático, pode gerar inúmeros desafios para as crianças. Partindo de tal pressuposto, o objetivo deste estudo é conhecer a expressão do luto em seus estatutos biopsicossociais em crianças órfãs pela pandemiada Covid-19 por meio da realização de entrevistas, do uso do Teste das Fábulas, do Procedimento de Desenho Estória com Tema e um desenho livre. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória, caracterizada como estudo de caso clínico, com enfoque psicanalítico. O estudo atende a todos os requisitos éticos estabelecidos nas resoluções que regulamentam a pesquisa que envolve seres humanos e com o parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Participaram deste estudo uma criança de 09 anos, que passou por situação envolvendo a morte da mãe em decorrência da Covid -19, e uma irmã mais velha que assumiu seus cuidados. Com a criança foram realizados 4 encontros, um para cada procedimento de coleta. Para análise dos dados resultantes da aplicação das técnicas projetivas foram utilizadas as recomendações do próprio procedimento de Desenho Estória com Tema e do manual do Teste das Fábulas. Para integração dos dados e construção do caso clínico, a teoria psicanalítica, especialmente as contribuições winnicottianas, sustentou as articulações. Como resultado, compreende-se que os sintomas que uma criança pode experimentar logo ou muito depois da perda de quem exerce a função materna, podem repercutir em todas os campos do seu desenvolvimento. Deste modo, o estudo traz achados sobre a expressão biopsicossocial da criança enlutada, a vivência do luto familiar e localiza como um complicador as perdas secundárias. Assim, no processo do luto é necessário que a criança vivencie os sentimentos e possa entrar em contato com as fantasias que decorrem da perda. A partir desses dados articulados com a teoria psicanalítica, foi possível pensar que o trabalho de luto pode se beneficiar da capacidade da criança de criar um espaço de transição onde haja a possibilidade de reconstruir a realidade por meio de um impulso criativo e espontâneo, mesmo em condições difíceis como o luto pela morte da mãe. Por fim destaca-se a necessidade de um olhar interdisciplinar no cuidado com a criança enlutada.

  • HELDER CORREA LUZ
  • O cuidado de si e dos outros no processo de subjetivação de um  docente do ensino publico em Belém-Pa: um ensaio sobre a vida como obra de arte

  • Data: 03/05/2023
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  • Esta pesquisa visou cartografar os processos e os modos de subjetivação de um trabalhador docente da rede pública estadual da educação básica do município de Belém, a partir das práticas de gestão precarizantes presentes no contexto neoliberal que aí atuam. Dessa forma, é importante pensar algumas questões, quais sejam: Como o Capitalismo Mundial Integrado (CMI), sob a insígnia da globalização e do neoliberalismo, opera na “captura”, na “negação” e/ou na “despotencialização” dos processos de subjetivação dos docentes? Como se dão as relações de saber-poder no âmbito da escola? E, como se operam as estratégias de resistência utilizadas pelos professores, no sentido de tentar criar novos modos de existências ante às forças que os subjetivam? Dessa forma, esta tese é relevante porque permite problematizar as nuances dos processos de subjetivação de docentes, visando contribuir e intervir no cuidado integral quanto à saúde e ao bem-estar de professores e professoras. A partir dessa premissa, esta pesquisa lança luz sobre os paradoxos e as controvérsias de um ambiente permeado por lutas e resistências, que questionam como o trabalho precarizado vem se consumando como forma hegemônica na vida em sociedade. Com efeito, optamos por analisar os campos de tensão permanentes entre prazer e sofrimento no trabalho, sem perder o foco dos processos capitalísticos que tentam precarizar e minha vida, liberdade e a resistência como trabalhador da educação pública, na micro-história de
    caráter autobiográfico. Esta pesquisa está ancorada nas pistas cartográficas e arqueogenealógicas presentes em conversações com Gilles Deleuze, Félix Guattari e Michel Foucault, onde busca-se acompanhar histórica e criticamente os agenciamentos políticos, os atravessamentos dos discursos institucionais, os processos diagramáticos e analisar os paradoxos, bem como seguir as redes de controvérsias de modo documental e etnográfico, lançando mão, inclusive, dos hipomnémata, ou seja, a técnica de escrita de si como arte de viver. Desse modo, defendemos a tese de que a precarização imposta pelo CMI é um mecanismo capaz de “sequestrar” a subjetividade do trabalhador docente, de forma que este se molde e se submeta às forças
    constituídas que dominam os modos de organização do trabalho, onde há utilização de tecnologias, formas de controle e jogos de poder, que geram a intensificação desta precarização, o assujeitamento e a modelização do processo de produção de subjetividade, porém, há enfrentamentos e resistências na docência face às tentativas de precarização realizadas. Ao final desta pesquisa, pretendeu-se responder aos seguintes questionamentos: É possível produzir novas tecnologias, técnicas e práticas de “cuidado de si” no mundo atual? É possível produzir uma vida livre em termos de agonística? Como resultado, é possível afirmar que há uma luta permanente entre a vida como obra de arte, uma vida digna, potente, criativa, numa época em tudo tende à homogeneização e à autofagia de todas as formas de existência, ao aprisionamento do ser, ao assujeitamento a um modelo de viver empreendedor e assujeitado, apesar das inúmeras realidades de dor e sofrimento experimentadas no processo de precarização do trabalho docente na rede pública de ensino, na atualidade. Desse modo, conclui-se, assinalando que é possível reinventar-se.

  • VERA LUCIA FONSECA DE SOUZA
  • A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO MUNICÍPIO DE BELÉM: INTERFACES E DESAFIOS NA INTERSETORIALIDADE DA SUA CONSTRUÇÃO.

  • Data: 17/04/2023
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  • Esta pesquisa tem o objetivo de historicizar a trajetória da política de saúde mental desde a criação da Secretaria Municipal de Saúde do Município de Belém, através da Lei Ordinária N.º 7341 de 18/03/1986, até a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), descrevendo os desafios, características e singularidades, as quais, resultaram na homologação pelo Conselho Municipal de Saúde do Protocolo Municipal de Saúde Mental na Atenção Primária neste município, em agosto de 2020. Frente ao cenário de conflitos, que ora pareciam de ordem político-partidária, ora pareciam da ordem da falta de compreensão de competências das políticas públicas, uma questão persistia nessa trajetória de construção de uma política específica: quais estratégias e ações poderiam ser tomadas para efetivar a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas na Rede de Atenção Psicossocial do Município de Belém? Diante dessa pergunta, pareceu pertinente visitar essa trajetória, através da aplicação de investigação e levantamento histórico, baseada em método de natureza qualitativa, integrada às bases teórico-metodológicas de autores/as que estão inscritos/as na vertente crítica, discursiva, tomando como norteadores autores como Mary Jane Spink e Peter Spink. Realizou-se revisão da literatura, aliada à pesquisa documental e aos marcos legais no âmbito da saúde mental nacional, estadual e municipal. Nessa abordagem, evidenciou-se os desafios na intersetorialidade e suas interfaces nas políticas públicas na proposta de descrever as diretrizes municipais para implantação da Rede de Atenção Psicossocial. Por fim, este trabalho almeja descrever possibilidades de críticas construtivas, para o avanço de ações em prol da saúde mental do município de Belém, a partir da sistematização desta construção visando identificar estratégias, intersetorialidade e dificuldades nesse percurso histórico, em vista da continuidade da Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas na rede municipal.

  • AIDE ESMERALDA LÓPEZ OLIVARES
  • A DANÇA ENQUANTO VIA DE AUTOCONHECIMENTO: ABORDAGENS, DESAFIOS E PROPOSTAS DE IMPLEMENTAÇÃO 

  • Data: 05/04/2023
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  • O presente trabalho propõe compreender o conhecimento de si mesmo que pode prover da
    experiência de dançar. Conforme o filósofo da hermenêutica filosófica Hans-Georg Gadamer
    (2010), há um conhecimento impulsionado pela experiência da arte, que se caracteriza pelo
    autoconhecimento. A partir de tal colocação, a pesquisa focou-se, especificamente, na dança,
    postulando a tese de que a dança pode abrir caminho enquanto via de autoconhecimento, pois
    não é simplesmente uma expressão física, além da técnica ou estilo, mas é uma experiência
    humana que promove conexão com o si mesmo e, por sua vez, uma ampliação do
    conhecimento do si. A fundamentação teórica do trabalho desenvolve-se a partir da
    perspectiva do pensar fenomenológico, gerando diálogos entre os estudos da filosofia
    hermenêutica de Gadamer, a perspectiva do psicoterapeuta James I. Kepner, especialista em
    psicoterapia Gestalt do corpo, e as investigações realizadas pela pesquisadora em dança
    Shirley Rodrigues. Para a fundamentação da tese, realizou-se uma revisão de literatura
    integrativa, captando as produções científicas publicadas nos últimos 15 anos (entre 2008 e
    2022). A busca foi realizada on-line e, para a análise dos dados, utilizou-se a análise
    interpretativa. Acerca dos resultados, constatou-se que a concepção de dança é maiormente
    referenciada como uma expressividade livre; que a área da saúde sobressai por ter mais
    escritos publicados, porém, a implementação da dança dá-se mais como ferramenta
    pedagógica em formações acadêmicas. As produções promovem a compreensão do ser
    humano como um todo e o autoconhecimento posiciona-se como um elemento que acontece
    enquanto se realiza a experiência de dançar, isto é, no aqui e agora. No que tange aos desafios,
    aponta-se a amplitude da concepção de autoconhecimento quanto à diversidade de sentidos
    e à necessidade de continuar abrindo diálogos sobre a dança, o corpo e o autoconhecimento,
    a partir de uma perspectiva de cuidado e desenvolvimento humano.

     
  • IGOR DO CARMO SANTOS
  • “FOUCAULT E A PROBLEMÁTICA DO GOVERNO NAS PSICOLOGIAS: USOS E EFEITOS NO BRASIL”

  • Data: 02/03/2023
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  • Esta pesquisa realizou uma investigação sobre alguns usos nas Psicologias da temática do “governo” presente na obra de Michel Foucault, sobretudo como esse tema aparece em sua obra a partir do ano de 1978, no seu curso intitulado: Segurança, Território, População e que apresenta novas possibilidades de análise sobre a questão do “poder” já presente em trabalhos anteriores. O uso dessas análises em diversos campos das ciências humanas e sociais intensifica-se a partir da publicação dos seus cursos em formatos de livros e, no Brasil, isso passa o ocorrer principalmente a partir dos anos 2000. Com efeito, este trabalho teve como principal objetivo historicizar e mapear os modos com os quais as práticas de escrita e pesquisa na Psicologia tem feito uso desse operador conceitual “governo” presente na obra de Michel Foucault nas produções acadêmicas da Pós-Graduação em Psicologia no Brasil. Para realizar esse empreendimento, utilizou-se da metodologia histórico-documental a partir das ferramentas da arqueologia e da genealogia de Michel Foucault na investigação dos usos de artefatos e documentos. Os documentos selecionados como fonte primária foram Teses desenvolvidas em Programas de Pós-Graduação em Psicologia entre os anos de 2008 a 2020 e que traziam uma discussão dessa temática. Como resultado das análises, temos que a produção em Psicologia que têm feito uso da analítica foucaultiana para pensar os modos de governo de si e dos outros na atualidade, vêm permitindo uma leitura crítica das diferentes racionalidades e tecnologias que atravessam a governamentalização do estado brasileiro, pensando sobretudo as políticas públicas e a gestão de determinadas populações, tendo o saber psicológico como uma estratégia seja de controle e/ou de produção de liberdades. Esses trabalhos apontam também as possibilidades de resistências aos modos dominantes de governo que têm se efetivado no cenário nacional. Defendemos a tese de que as práticas de governo das condutas presentes na Psicologia brasileira estão circunscritas aos paradoxos que permeiam a complexidade do jogo biopolítico entre o exercício de formas de controle da população e dos sujeitos pela segurança e/ou pela liberdade e que uma analítica dos modos de governo de si e dos outros no contemporâneo tem contribuído com uma posição crítica da Psicologia em uma ontologia histórica dos nossos modos de ser nesse tempo.

  • ARTUR NASCIMENTO BARBEDO COUTO
  • O SISTEMA CONSELHOS DE PSICOLOGIA COMO DISPOSITIVO DE (RE)EXISTÊNCIAS AOS RETROCESSOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS (2016 A 2022): memórias das trincheiras de lutas

  • Data: 01/03/2023
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  • Entre os anos de 2016 e 2022, a Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e
    outras Drogas foi objeto de ataques sistemáticos pelo Governo Federal. Nomeações,
    resoluções, portarias e legislações foram modificadas em um movimento conhecido
    como contrarreforma psiquiátrica no Brasil. O problema de pesquisa se baseou nas
    perguntas: Quais práticas o Sistema Conselhos de Psicologia construiu diante das
    tenttivas de desmonte das Políticas Públicas de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas
    durante os anos de 2016 a 2022? Quais paradoxos enfrentou e que articulações realizou
    com outras entidades, associações e movimentos sociais? A tese justifica-se porque não
    há pesquisas a respeito desta atuação do Sistema Conselhos de Psicologia no Brasil e
    pela relevância da temática estudada. Este trabalho teve por objetivo geral: analisar a
    atuação de resistências do Sistema Conselhos de Psicologia frente aos retrocessos nas
    políticas de atenção e cuidado em saúde mental, álcool e outras drogas. Como objetivos
    específicos: analisar saberes, problematizar poderes, descrever resistências e memórias
    políticas das práticas do Sistema Conselhos de Psicologia diante do objeto proposto.
    Para tanto, partimos da análise documental de notícias do portal do Conselho Federal de
    Psicologia (CFP), na internet, bem como: cartas, notas públicas, moções de repúdio,
    fiscalizações e diversas outras estratégias visando a garantia dos direitos humanos, o
    fortalecimento de políticas públicas de saúde mental e de outras políticas intersetoriais
    orientadas pela perspectiva da Reforma Psiquiátrica Brasileira, da Luta Antimanicomial
    e da promoção da cidadania da pessoa com transtorno mental e/ou usuária de álcool e
    outras drogas. Visando alcançar tais objetivos, dispomos da analítica das relações de
    poder como esboçadas por Michel Foucault e outros. Destacamos como resultados que o
    Sistema Conselhos de Psicologia apresentou práticas discursivas e não-discursivas
    orientadas pelo cuidado humanizado em saúde mental, a dignidade da pessoa humana
    usuária de álcool e outras drogas, o cuidado territorializado, a defesa da Rede de
    Atenção Psicossocial (RAPS), a crítica às Comunidades Terapêuticas, a defesa da
    política da redução de danos e a produção de subjetividades vinculadas à pessoa com
    transtorno mental e usuária de álcool e outras drogas como sujeito de direitos. Por fim,
    destacamos a necessidade de multiplicar as ferramentas discursivas para resistir aos
    retrocessos das políticas em contexto de recrudescimento penal, criminalização da
    população e transversalidade de questões como gênero, racismo e classe social.

  • MARCIO BRUNO BARRA VALENTE
  • TESTEMUNHOS DA PERDA DE MÃES OU DE PAIS POR COVID-19: a relação entre luto e política na pandemia no Brasil

  • Data: 28/02/2023
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  • Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou como pandemia a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), a Covid-19. Nos seus dois primeiros anos, a pandemia impactou os modos de viver e de morrer que obrigaram as sociedades e as existências singulares a se desconstruir. Isso implicou perdas diferentes e de intensidades distintas nas dimensões sociais, políticas, econômicas, científicas, profissionais e tantas mais.  No Brasil, foram mais de 695 mil pessoas mortas que deixaram aproximadamente entre quatro e seis milhões de brasileiros, vivenciando seus lutos em condições precárias dadas os impactos causados pelo vírus quanto pela gestão do governo federal da crise sanitária. O objetivo desta pesquisa consiste em compreender como filhos vivenciaram suas experiências com o luto pela morte por covid de seus pais ou suas mães durante a pandemia no país. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, na modalidade on-line, a partir de uma pergunta disparadora: “compartilha comigo como tens vivido o luto desde a perda do teu pai (ou da tua mãe)?”. Participaram da pesquisa quatro pessoas: duas mulheres que perderam seus pais em 2020; um homem e uma mulher que perderam suas mães em 2021; as idades variaram entre 26 e 45 anos; todas possuem ensino superior completo; profissionalmente um trabalha como autônomo e as demais como funcionárias públicas, sendo todas financeiramente independentes de seus genitores. A mãe de apenas uma participante morreu tendo recebido a primeira dose da vacina contra a covid; a mãe de um outro participante descobriu a infecção às vésperas de receber sua dose e os pais das demais quando ainda nem existia vacina. A entrevista foi inspirada pelo pensamento fenomenológico hermenêutico heideggeriano, que ensina que precisa existir uma rigorosa correspondência entre o fenômeno investigado e a forma de acessá-lo. Por isso, em todas as entrevistas se buscou acompanhar os enlutados em seus pesares, dúvidas e afetações, permanecendo junto deles como um ouvinte que consegue ouvir a narração insuportável e promete que essa será levada adiante enquanto recorte singular de uma catástrofe mundial. Por fim, cabe destacar que a pesquisa com os enlutados foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde da UFPA (Nº do Parecer: 5.452.525). Cada encontro foi surpreso e intenso. Ao mesmo tempo, no decorrer da investigação, assuntos foram se repetindo, bem como percepções acerca do fenômeno, sugerindo que se havia atingido um ponto de saturação, pelo menos considerando os perfis dos entrevistados, o momento histórico e o as condições emocionais em cada encontro. Após a transcrição das entrevistas, de leituras balizadas na produção científica disponível e da compreensão do pesquisador, emergiram possíveis sentidos sobre a experiência com o luto por covid-19 dos entrevistados. Esses foram dispostos em três perspectivas distintas e complementares: (1) o morrer de um familiar por covid-19; (2) o luto durante a pandemia; e (3) o luto e a gestão do governo federal no combate à pandemia. Os sentidos apontados em cada perspectiva, por sua vez, foram organizados em três eixos de análise: sentidos mais comuns (compartilhados por todas as participantes); sentidos menos comuns (por três ou dois participantes) e sentidos pouco comuns (por apenas uma pessoa). Na primeira perspectiva, a experiência com o morrer de um familiar por covid-19, oito sentidos se mostraram, respectivamente: “o que está acontecendo?” e “rápido, muito rápido, abrupto”; “transmissão, contágio e culpa”, “saco preto”, “não queria largar, tive que deixar” e “negação e fake news”; “múltiplas mortes” e “não estava lá”. Na segunda, a experiência com o luto por covid-19 na pandemia no Brasil, três sentidos se mostraram: “sem flores, sem nada”; “ritualização da morte para acolher a perda”; e “ritos online”. Na terceira e última perspectiva, a experiência com o luto e a gestão do governo federal no enfrentamento à pandemia, quatro sentidos se manifestaram: “se a vacina tivesse chegado antes” e “isso me dá uma raiva e uma revolta”; “debochando das pessoas sem ar”; e “somos um pouco de cobaias”. Os resultados da pesquisa mostram uma transformação na experiência e vivência do luto a partir do novo coronavírus durante a pandemia: as perdas que aconteceram em um cenário caótico, súbitas, traumáticas e longe dos familiares dado o isolamento físico; o sepultamento ou a cremação não deveria ultrapassar 24h, o não visualização do corpo do falecido e a supressão dos rituais de despedida dada as escolhas políticas da União, impuseram a milhares de brasileiros e brasileiras um luto em condições precárias de expressão, validação e recebimento de suporte social; a presença de sentimentos de raiva e injustiça pelo fato de que as medidas preventivas poderiam ter minimizado o número de mortes, assim como pela morosidade na compra da vacina e no estabelecimento do plano nacional de vacinação do Ministério da Saúde e ainda pela postura do então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, que adotou uma postura efusiva de negação do vírus e da pandemia, promovendo dúvida entre a população quanto gravidade da situação e descumprimento das medidas de segurança; das fantasias ligadas a chegada da vacina, há tempo de salvar o ente amado; a culpa pela contaminação tanto do enlutado para com o falecido quanto do enlutado para consigo e seus pares; a presença de sensações e sentimentos de luto não reconhecido em razão da falta de empatia dada as polemicas em torno da morte por covid-19, promovida pelas fake news e pela postura de deboche para com os mortos e de minimização das perdas dos enlutados; e tanto outras mais peculiaridades que circunscrevem o luto da pandemia no Brasil. Mesmo que não tenhamos condições adequadas para um recolhimento meditativo dado nosso cotidiano ainda marcado pela crise sanitária nem de um distanciamento histórico necessário para conhecer e compreender o que aconteceu a fim de tirarmos conclusões mais estáveis e definitivas, certamente, podemos apontar o luto por covid-19 como uma nova manifestação do luto em virtude de suas peculiaridades que o precarizou, rompendo com o percursos esperados do enlutamento e exigem novas compreensões e práticas de intervenções profissionais e político-governamentais. Argumentamos ainda que o luto da pandemia no Brasil não pode ser apenas ou simplesmente compreendido como uma vivência privada e, nesse sentido, deslocada do coletivo e despolitizada. Haja vista que desde janeiro 2021, através do trabalho de pesquisadoras brasileiras, descobrimos que a postura negacionista do Presidente Bolsonaro não era uma ação isolada de um fanfarrão nem a morosidade do Ministério da Saúde era fruto de negligência ou incompetência, mas evidências de que existia uma estratégia institucional de propagação do vírus, pois a imunização da população deveria ser atingida sem a necessidade de vacinação através da contaminação em massa, independentemente do número mortes evitáveis, quadros graves ou de sequelas que atingissem os brasileiros e as brasileiras. Concluímos que o fenômeno investigado requer que sua compreensão se circunscreva através do entrelaçamento entre o privado, o coletivo e o político, em um só tempo. A partir disso, acreditamos que uma clínica do luto por covid-19 precisa se desenvolver. Além disso, precisamos encontrar formas de validar o luto das perdas na pandemia brasileira, não ignorando ou silenciando suas experiências e considerando os enlutados como testemunhas de uma catástrofe sanitária, histórica, humanitária e política, seja através de estudos, seja dos serviços de saúde mental públicos e privados, seja pelo reconhecimento do estado quanto aos crimes praticados pela gestão do governo federal, sob a liderança do Presidente Bolsonaro, e pela promoção de ações restaurativas junto aos enlutados.

  • VALBER LUIZ FARIAS SAMPAIO
  • O PROCESSO DE JUDICIALIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL: UMA ANÁLISE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO

  • Data: 28/02/2023
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  • O processo de judicialização é um acontecimento contemporâneo,
    compreendido como um processo pelo qual o poder Judiciário tem ganhado relevância
    frente aos poderes Legislativos e Executivos, o que denota acerca de decisões em
    diversos níveis, sendo solicitado por diversos atores sociais para interceder no cotidiano.
    Nesse sentido, esse processo intervém diante das gestões dos diversos modos de vida,
    transformando relações por meio de figuras/operadores jurídicos. Esse acontecimento
    deságua diante das políticas públicas a partir da produção de sujeitos de direitos com a
    Constituição Federal de 1988. No entanto, esta tese de doutorado afirma que a
    participação expandida do Poder Judiciário incide intensamente, sobretudo, quando está
    em pauta a proteção de crianças e adolescentes. Esta pesquisa propôs-se analisar as
    práticas que emergem diante de um processo de judicialização no Sistema Único de
    Assistência Social (SUAS), realizadas especificamente no Centro de Referência
    Especializado de Assistência Social (CREAS) no Serviço de Proteção Social a
    Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa (MSE) de Liberdade
    Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC). Sabe-se que as MSE’s
    em meio aberto propõem executar atenção aos/às adolescentes, e suas respectivas
    famílias, no cumprimento de determinações judiciais por algum ato infracional
    perpetrado. Nesse sentido, foi proposto um estudo histórico-genealógico. Tem-se
    documentos como fontes primordiais na problematização e historicização da Assistência
    Social, tal como das MSE em meio aberto que por meio desta é executada. Estes
    documentos são entendidos aqui como acontecimentos que produzem práticas diversas.
    Posteriormente, utilizou-se a escrivivência como fluxo analítico de memórias
    documentais. Foram analisados também os cadernos de propostas do controle social do
    município de Belém (Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS), assim como
    documentos da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e do Sistema Conselhos
    de Psicologia. Portanto, questiona-se: como se dão as práticas de judicialização no
    Serviço de Proteção Social a Adolescentes em cumprimento de MSE em meio aberto?
    Objetivou-se analisar como se operam as práticas de judicialização no Serviço de
    Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de MSE, do CREAS; assim como,
    problematizar como se dão as práticas da Psicologia no Serviço de Proteção Social a
    Adolescentes em Cumprimento de MSE em meio aberto no CREAS; analisar como se
    dá a relação entre a Assistência Social e o âmbito do Poder Judiciário, a partir da
    proposta de acompanhamento de adolescentes em cumprimento de MSE em meio
    aberto; interrogar a produção de saber, poder e subjetivação por meio dos discursos e os
    efeitos de verdades nos documentos do controle social desta política pública. Dessa
    forma, como resultados, encontramos: a construção da PNAS e a maneira como se
    estruturam suas práticas, sobretudo, no que tange às MSE em meio aberto construíram 

    uma forte relação de judicialização – enquanto governo das condutas - em meio às
    práticas da Psicologia no CREAS. Concluímos que as práticas do saber psicológico que
    operariam enquanto medida protetiva acabaram, muitas vezes, ganhando um sentido de
    julgamento, vigilância e/ou punição, em que proteção e judicialização se tornaram um
    paradoxo em constante tensão no âmbito das MSEs em meio aberto, apensar do Sistema
    Conselhos de Psicologia tentar resistir a esta lógica.

  • ARTHUR ELIAS SILVA SANTOS
  • “FÉLIX GUATTARI NO BRASIL: CARTOGRAFIAS DE UM INSURGENTE”

  • Data: 27/02/2023
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  • Esta pesquisa se localizou na fronteira entre as vindas de Félix Guattari para o
    Brasil e as ressonâncias de seu pensamento na Psicologia brasileira. A justificativa está
    relacionada à originalidade da tese, à importância do legado no país de Félix Guattari e
    as contribuições que pode trazer para diversas áreas e políticas públicas. Em termos de
    pergunta de pesquisa, perguntou-se: Quais impactos e usos foram produzidos pelas
    vindas de Félix Guattari ao Brasil? O trabalho teve por objetivo cartografar as passagens
    do pensador e escritor Félix Guattari pelo Brasil. Sendo assim, a pesquisa apresentou
    três objetivos específicos: a) dar visibilidade para documentos que marcaram as diversas
    vindas de Félix Guattari ao país (entrevistas, jornais, fotos, etc.), em um recorte
    histórico que vai de 1978 a 1985; b) cartografar, a partir dos documentos apresentados,
    as passagens de Guattari pelo Brasil nas ressonâncias éticas, estéticas e políticas c)
    analisar as produções acadêmicas de alguns intelectuais da Psicologia brasileira que
    foram orientadas pelo pensamento de Guattari. Deste modo, a tese empreendeu a
    construção de uma narrativa sobre Guattari no Brasil de forma a pensar as condições de
    possibilidades de suas vindas e os usos e apropriações de seu pensamento no país. Do
    ponto de vista metodológico, foram utilizadas as ferramentas conceituais da
    Arqueogenealogia de Michel Foucault, da História Cultural e da Cartografia de Gilles
    Deleuze e Félix Guattari para construir a memória diagramática e descontínua de um
    pensador de múltiplas contribuições. Como tese, afirmou-se que Félix Guattari gerou
    efeitos importantes neste território, mas que tem sido pouco lembrado e/ou parcialmente
    ignorado pela Psicologia que aqui tem se constituído, afirmação esta que é, por fim, a
    tese deste trabalho. Entre os resultados analisados, foram delineadas as seguintes linhas
    do diagrama: Guattari e suas marcas em movimentos sociais no Brasil articulados à
    Psicologia; Guattari e as ressonâncias na problematização ética das lutas na Saúde
    mental, Psicologia, educação e justiça; Guattari e os deslocamentos estéticos na cultura
    em interface com a singularização da subjetividade. Apesar do grande legado, Guattari
    tem sido pouco lido, citado, pesquisado e ensinado na Psicologia brasileira.

  • ABIGAIL ALEXSANDRA RIBEIRO FARIAS
  • “Ocupações, liberdade e a realização de valores para pessoas em uma unidade de terapia intensiva coronariana”

  • Data: 27/02/2023
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  • O processo de adoecimento é um estado indesejável. De acordo com a doença e com a gravidade do
    caso é necessário hospitalização em UTI. A UTI é um ambiente de rotina rígida, de procedimentos
    invasivos, com diversas restrições, o que pode acarretar repercussões físicas, emocionais, sociais,
    ocupacionais e espirituais. Destaca-se que em paralelo a esse ambiente, encontram-se pessoas
    internadas, dotada de subjetividades e singularidades que são mobilizadas pelas possíveis perdas e
    adversidades desse processo e da vida e merecem ser cuidadas em todas as suas dimensões. Sendo
    assim, este estudo objetivou compreender como se apresentam o viver, as ocupações e os valores de
    pessoas que se encontram internadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Coronariana, ancorada
    na Logoterapia e Análise Existencial de Viktor Emil Frankl. Refere-se a uma pesquisa qualitativa,
    exploratória, descritiva do tipo estudo de caso, na qual participaram 2 (duas) pessoas internadas em
    uma Unidade Coronariana em Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca. Para a coleta de dados, foram
    utilizadas uma entrevista semi-estruturada, uma atividade de expressão livre, bem como diário de
    campo e observação participante. Os participantes relataram impactos da rotina intensa da UTI sobre
    suas ocupações (sono, alimentação, banho), assim como a ocorrência de perdas da autonomia e da
    independência, a manifestação de sentimentos de medo, ansiedade, isolamento social e outros.
    Apesar de perdas e das adversidades da internação, por meio da liberdade última do ser humano que
    caracteriza a dimensão noética manifestada pela autotranscedência e autodistanciamento, os
    colaboradores posicionaram-se mediante as dificuldades realizando valores criativos, vivenciais e
    atitudinais. Nesse sentido, destaca-se a importância de compreender a pessoa internada em todas as
    suas dimensões, promovendo um cuidado integral que favoreça as ocupações e os valores
    existenciais.

  • JEICE SOBRINHO CARDOSO
  • SOBRE AS PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA E SUAS OCUPAÇÕES: um estudo qualitativo

  • Data: 24/02/2023
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  • A Esclerose Múltipla é uma doença autoimune que atinge o Sistema Nervoso Central. Trata-se de uma doença que afeta com frequência estruturas neurológicas como cérebro, o tronco cerebral, os nervos ópticos e a medula espinhal. Pessoas com Esclerose Múltipla podem apresentar dificuldades em ocupações devido às interferências do quadro clínico em sua saúde física, emocional, social e cognitiva. Compreendendo a complexidade desse processo de adoecimento no cotidiano dessas pessoas, o objetivo do presente estudo é compreender como se apresentam as ocupações e a realização de valores de pessoas com esclerose múltipla. Como fundamentação teórica para esta pesquisa, será utilizado a Ciência Ocupacional a qual exerce um papel fundamental na estruturação de conhecimentos acerca da ocupação e a Logoterapia de Viktor Frankl a qual possui como mensagem central, dizer sim à vida mesmo diante de situações difíceis e que causem sofrimento, além disso, concede um arcabouço teórico sensível para buscar compreender situações particulares e subjetivas. Como estrutura metodológica para o alcance dos objetivos, delimitou-se como um estudo de abordagem qualitativa de caráter exploratória com delineamento de estudo de casos múltiplos. O estudo contou com a participação de 3 pessoas. Para coletar os dados, foi utilizado um questionário semiestruturado e para análise dos dados foi utilizado a Análise de Conteúdo proposta por Bardin. O estudo seguiu todas as normas éticas de pesquisa com seres humanos. Como resultados, o trabalho apresenta o estudo de 3 casos de pessoas com Esclerose Múltipla produzindo reflexões no campo das ocupações e dos valores em Logoterapia. Por meio do estudo dos casos, foi possível compreender que pessoas com Esclerose Múltipla perpassam por dificuldades na realização de suas ocupações devido às perdas funcionais e sintomatologia da doença, como é o caso da fadiga que limita o envolvimento e o desenvolvimento de ocupações significativas. Além disso, o estudo caminha pela compreensão de que, apesar de estarem diante de uma situação limitante e imutável, pessoas com esclerose múltipla realizam valores por meio de ocupações que desenvolvem. Por fim, foi possível identificar que os processos de luto transversam a vida das pessoas que portam o diagnóstico de esclerose múltipla.

  • PAMELLA AUGUSTA PASSOS VENTURA
  • VIVÊNCIAS DE MÃES DE CRIANÇAS EM TRATAMENTO ONCOLÓGICO: UM RECORTE DO ESTADO DO PARÁ

  • Data: 24/02/2023
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  • O objeto desta pesquisa é o processo de vulneralibilidade vivenciado por mães de
    crianças com câncer que estão sendo atendidas em internação hospitalar, no Pará, no
    século XXI. O problema de pesquisa consistiu em apresentar as seguintes questões: o
    conhecimento prévio de que em casos de adoecimentos que exijam ao paciente cuidados
    hospitalares em âmbito de internação, sobretudo com câncer no caso de crianças e a
    família seja diretamente afetada, especialmente, as mães envolvidas em todos os
    aspectos. Como psicóloga em enfermarias de oncologia, aprendi na prática que se
    tratando de um adoecimento do público infanto, o impacto familiar pode ser devastador,
    principalmente em casos de doenças graves e ou ameaçadoras de vida, tais como: o
    câncer infantil. Assim, levantei as seguintes perguntas de pesquisa: 1) De que modo as
    famílias se organizam para cuidar das crianças com diagnóstico oncológico? 2) Quais
    fatores podem facilitar o enfrentamento do câncer de crianças por suas famílias,
    especialmente, pelas mães? 3) Quais são as dificuldades que as mães enfrentam durante
    o tratamento de câncer das crianças e adolescentes em Belém? A justificativa desta
    dissertação foi: Realizando o acompanhamento psicológico destes pacientes e seus
    cuidadores durante as internações, sendo a primeira hospitalização ou a de número
    talvez nem mais contabilizado, após anos de tratamento, observei em seus discursos a
    presença constante da vulnerabilidade em que havia sido submetidas após o
    adoecimento e testemunhava diariamente as diferentes formas de reorganização à qual
    cada família possuía para conseguir lidar com as novas necessidades impostas pela
    doença oncológica e o tratamento. Como metodologia, foram adotadas as modalidades
    de uma pesquisa qualitativa de campo, com estudo de caso, de caráter bibliográfico e
    exploratória com realização de entrevistas e produção do diário de campo. O objetivo
    geral foi: Analisar e descrever quais mudanças psicossociais ocorreram nas famílias,
    especificamente das mães de crianças durante tratamento de câncer pela rede pública de
    saúde em um Hospital Oncológico Infantil da rede pública de saúde, localizado na
    cidade de Belém do Pará. Os objetivos específicos foram: Analisar se as dificuldades
    enfrentadas pelas mães em termos psicossociais de crianças em tratamento de câncer na
    cidade de Belém do Pará; Compreender como as famílias se reorganizam para oferecer
    os cuidados necessários à criança após o diagnóstico oncológico; Identificar os fatores
    que facilitam o enfrentamento das famílias de crianças com câncer durante o tratamento.
    Entre os resultados, foram encontradas situações dolorosas vividas pelas mães de 

    criança com câncer, que impactam a saúde mental e coletiva das mesmas; violências de
    gênero experienciadas pelo cônjuge que não compreendia o afastamento da
    companheira durante o período de tratamento dos filhos com câncer, em Belém;
    também constatou-se a existência de sofrimentos psicossociais diante da realidade dos
    filhos em tratamento e dos filhos que ficaram em casa, em outras cidades com
    familiares. Concluindo, o trabalho trouxe contribuições para a área e áreas afins bem
    como para as políticas públicas de saúde da criança e das mulheres mães. Vale salientar
    que as mães das crianças receberam suportes de redes de apoio em Belém, tais como da
    Casa de Apoio e dos profissionais de saúde dos Hospitais e ainda vale destacar que estas
    mães apresentaram resistências e potências face às realidades descritas.

  • PRISCILA DOS SANTOS PEREIRA CARDOSO
  • A PAIXÃO SEGUNDO G. H. E O INFAMILIAR: UMA EXPERIÊNCIA DE VERTIGEM

  • Data: 16/02/2023
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  • Com destaque às reverberações da interlocução entre literatura e psicanálise e suas possíveis transmissões, este trabalho objetivou analisar o fenômeno do infamiliar a partir de Freud e Lacan pela via do percurso da voz narrativa da protagonista no romance A paixão segundo G. H., de Clarice Lispector. Nessa direção, será apresentado o percurso de investigação e análise dos autores psicanalíticos acerca do fenômeno estudado, evidenciando as especificidades da literatura lispectoriana para tal investigação. Este estudo se deu a partir de uma pesquisa teórica em psicanálise, de cunho bibliográfico, seguindo a linha de orientação do método investigativo e interpretativo psicanalítico. De certo, o fenômeno do infamiliar aponta para algo vultoso à experiência psicanalítica. Assim, considerando o campo estético, apreender pela via do discurso narrativo na escrita literária o que se apresenta nele como efeito de uma manifestação psíquica e o que transcende tal ponto amplia o leque de possibilidade de investigação. Portanto, o ensaio apresentado como resultado trouxe importante material para a comunidade acadêmica, psicólogos e psicanalistas por tratar-se de dois campos
    discursivos em que tal dialética contribui para o avanço no que concerne a importância da literatura para a psicanálise e sua metapsicologia, destacando as construções de Freud e os avanços teóricos acerca da temática apontados por Lacan a partir de sua releitura do autor. Dessa forma, com a leitura-escuta da narrativa da personagem G. H., consideramos que o fenômeno do infamiliar aparece em diversos fragmentos, apontando a presença do retorno do recalcado com Freud e o encontro com o Real a partir de Lacan, com destaque à barata como objeto central para a emergência de tais acontecimentos.

  • WINTHNEY PAULA SOUZA OLIVEIRA
  • HABILIDADES SOCIAIS NA ESCOLA-VIDA: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES  

  • Data: 15/02/2023
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  • Considera-se a escola,para além do pedagógico,um território privilegiado para o desenvolvimento de novas possiblidades e práticas. Nesta pesquisa, as habilidades sociais são compreendidas como criação de novas subjetividades que acontecem no cruzamento das linhas das histórias de vida a partir do contexto escolar.Apresentam-se aspectos da infância e juventude, sua relação com a família, com a escola e com a comunidade. Contextualiza-se sobre os processos de ensino, as implicações do trabalho docente no repertório social dos estudantes e estratégias de potencialização do repertório de habilidades sociais das crianças e adolescentes.O objetivo geral delineado foi compreender o contexto escolar brasileiro contemporâneo para a promoção das habilidades sociais das crianças e adolescentes.Trata-se de uma pesquisa bibliográfica qualitativa, do tipo pesquisa-intervenção, sustentada nas ideias de Félix Guattari, Gilles Deleuze e Fernando González-Rey, para tessitura dos pressupostos fundamentais epistemológicos e metodológicos.O presente estudo conta ainda com a apresentação de uma proposta, pesquisa-intervenção, “Sou habilidoso para produzir minha inserção no mundo”, que consiste em um caminho com possibilidades de invenções e reinvenções entre os participantes, a partir de cada encontro da proposta.Nesse contexto, esta dissertação faz viagens, conexões a vários destinos, em que cada participante tem um mapa, que, juntos, formam um grande atlas, que permite produzir mudanças no próprio contexto ou criar novos territórios a serem explorados e habitados. É um convite, uma abertura para o “outrar-se”. 

  • ADRIANA HELENA MORAES E MORAES
  • SER MULHER, NEGRA E DOCENTE UNIVERSITÁRIA: escrevivências possíveis

  • Data: 14/02/2023
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  • Este trabalho pretende analisar as escrivivências por meio da autobiografia e história oral,
    microhistória e genealogia, com a recepção de Conceição Evaristo com os estudos sobre
    negritude. O objeto foi a autobiografia e a escrivivência de uma mulher, professora negra,
    na Amazônia paraense, na sua formação, currículo, inserção em associações e movimentos
    sociais e no exercício docente. Trata-se de trabalhar com a escrivivência a partir da
    singularidade e da visibilidade da memória afetiva, cultural e política da constituição de
    uma mulher negra como docente na formação, na atuação profissional docente, na
    articulação em movimentos sociais, em grupos de trabalho sobre relações étnico-raciais e
    nas associações científicas. O trabalho da construção de uma escrita de si é forjado nas
    anotações no diário de campo da pesquisadora e na análise do mesmo, a partir dos
    objetivos da pesquisa que foram os seguintes: Como objetivo geral: Investigar e analisar a
    minha trajetória profissional de docente negra, tomando um estudo de caso da minha
    experiência, a partir da autobiografia e das minhas escrivivências no ensino superior, na
    Amazônia paraense. Como objetivos específicos: Identificar os percursos que eu realizei
    ao longo do processo de formação educacional e profissional no que tange a minha
    carreira, currículo e atuação na docência superior, analisando os vieses racistas na minha
    formação e atuação profissional; Analisar os desafios que eu enfrentei, minhas
    participações em associações e em movimentos sociais ligados à negritude e às relações
    étnico-raciais na educação e na atuação docente, delimitando as nuances racistas vividas.
    Entre os resultados, é possível afirmar que uma mulher negra se autoriza, escreve em nome
    próprio como docente e pesquisadora com suporte de políticas afirmativas, apoio da
    família com a força da ancestralidade, sustentação espiritual e alianças com movimentos
    sociais. Sem estas redes de apoio não haveria como enfrentar a violência do racismo
    estrutural.

  • ANACLAN PEREIRA LOPES DA SILVA
  • Quando Amor e Dor Irrompem na Alma: trabalho, prazer e sofrimento entre trabalhadoras e trabalhadores do ensino superior em uma universidade da Amazônia

  • Data: 07/02/2023
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  • A presente tese visa analisar, a partir da Teoria da Psicodinâmica do Trabalho e diante
    do cenário de transformações no mundo do trabalho que afetam o serviço público
    brasileiro, como os fatores da organização do trabalho em uma universidade pública na
    Amazônia, reverberam em prazer e sofrimento na categoria de trabalhadoras e
    trabalhadores técnico-administrativos que possuem o vínculo de concursadas/os ou de
    temporárias/os na instituição. Trata-se de uma pesquisa calcada na teoria da
    Psicodinâmica do Trabalho, de caráter qualitativo, em que foram realizadas sete
    entrevistas semiestruturadas com servidoras e servidores da Universidade do Estado do
    Pará (UEPA), sendo quatro mulheres e três homens, dos diferentes tipos de vínculo
    citados. Tal interesse de pesquisa se originou do trabalho da pesquisadora na
    universidade alvo da pesquisa como psicóloga, tendo sido responsável pela constituição
    de um serviço de atendimento psicossocial para as/os servidoras/es da IES. Foram
    analisadas nas entrevistas as categorias fundamentais da teoria da Psicodinâmica do
    Trabalho, tais como: organização do trabalho, prazer e sofrimento no trabalho,
    estratégias de defesa individuais e coletivas, mobilização subjetiva e reconhecimento no
    trabalho. Notamos que a organização do trabalho está intimamente relacionada ao setor
    no qual a/o servidora/or trabalha, assim como com seu tipo de vínculo, variando a
    divisão do trabalho e das pessoas que exercem as atividades laborais, de acordo com
    esses fatores. As estratégias de defesa são utilizadas para tornar o sofrimento no
    trabalho mais ameno e no contexto pesquisado o brincar e o debochar são as estratégias
    de defesa mais comuns. O prazer e o sofrimento no trabalho compareceram e tiveram
    leituras singulares para cada servidora/or, no entanto percebemos que as servidoras
    expuseram mais nitidamente seus dissabores no trabalho, ao contrário dos servidores,
    que procuraram relativizar os elementos negativos de suas atividades laborais, expondo
    assim uma diferenciação de gênero. A mobilização subjetiva para o trabalho variou em
    termos da formação acadêmica das/dos entrevistadas/os com relação ao cargo que
    exercem - alta formação acadêmica versus baixos requisitos do cargo redundou em
    baixa mobilização subjetiva, assim como quando da ocorrência de desvalorização no
    desempenho de suas atividades laborais. A alta mobilização subjetiva esteve atrelada à
    um alto reconhecimento no trabalho. O reconhecimento no trabalho foi um fator de
    divisão de opiniões. Enquanto algumas servidoras e alguns servidores sentiam-se

    reconhecidas/os no trabalho, outras/os sentiam-se desvalorizadas/os, seja pela baixa
    remuneração, como pelo desmerecimento de suas opiniões. Servidores temporários
    tenderam a sentirem-se mais reconhecidos e satisfeitos com seu trabalho. O tema da
    precarização do trabalho no serviço público foi o pano de fundo das opiniões expostas
    nas entrevistas e no caso das/dos trabalhadoras/es com vínculos precários (temporários),
    o fato de estar empregada/o e ter uma remuneração, já é um benefício para elas e eles.
    Em resumo, o trabalho no serviço público brasileiro vem sofrendo ataques e
    precarizações, porém os trabalhadores encontram nele caminhos de sobrevivência,
    prazeres e dissabores que precisam ser discutidos, em busca da construção de um espaço
    mais igualitário e propiciador de saúde mental. O presente trabalho se propõe a ser uma
    contribuição neste sentido.

  • LORENA SCHALKEN DE ANDRADE
  • CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS DE SAÚDE E DE CIÊNCIA NA POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE

  • Data: 31/01/2023
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  • A Política Nacional Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPICS) é uma produção que reúne o atendimento das diretrizes e recomendações realizadas em várias Conferências Nacionais de Saúde. A tese que busquei durante o percurso de estudos doutorais foi: Os princípios descritos na política pública das PICS promovem rupturas com as premissas científicas positivistas de saúde, por estabelecer uma compreensão de pessoa integral, sem reduzi-la aos sintomas de uma doença, e por preconizar o uso de recursos terapêuticos não hegemônicos. Sua composição foi associada ao problema de pesquisa: Quais as bases epistemológicas da concepção de saúde e de ciência presentes na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e nos textos gestálticos? Objetivou-se identificar a concepção de ideologias e de saúde presentes no discurso oficial da PNPIC, juntamente com os textos gestálticos. Como objetivos específicos: analisar as concepções de saúde identificadas nos documentos sob a ótica do pensamento gestáltico de Laura Perls; compor uma reflexão crítica acerca dos princípios que fundamentam o pensamento oficial e o gestáltico, destacando os avanços e os limites nas concepções de (sujeito) ciência e de saúde. Utilizou-se para isto a Análise documental de fontes científicas e oficiais, públicas e disponíveis online, com o propósito de obter informações para compreender o fenômeno estudado. O ponto de partida das análises foram os documentos e manuais da política pública das PICS para discutir as concepções epistemológicas de saúde e de ciência, contextualizando à realidade brasileira, a complexidade da organização das terapias que constam nos documentos, juntamente com a perspectiva de integralidade preconizada pelo sistema de saúde, perspectiva holística de saúde em Gestalt-terapia e os subsídios decolonias. Foram identificados os seguintes elementos de sustentação da Política: Racionalidades Médicas, Práticas Complementares, o Diagnóstico Situacional e as Diretrizes de Implantação.
    Pondero que a tese foi a confirmação de que a diversidade de saberes é caminho de potência para saúde e pode contribuir para o avanço nas terapêuticas, desde que alinhadas com as necessidades de quem busca atendimentos, no entanto, destaco que esta diversidade é seletiva e por isso, a tese se conclui parcialmente. Concluo que as PICS podem ser importantes recursos para os cuidados em saúde, no entanto ressalto a urgência das reflexões acerca das epistemologias do Sul global e a inclusão do conhecimento tradicional indígena nas discussões em saúde no contexto brasileiro.

2022
Descrição
  • LETICIA LAGES ASSUNÇÃO
  • A MEDICALIZAÇÃO NO GOVERNO DAS CONDUTAS A PARTIR DA ANALÍTICA DE MICHEL FOUCAULT EM A HISTÓRIA DA LOUCURA

  • Data: 21/12/2022
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  • Essa dissertação consistiu em analisar a construção da história da
    medicalização da loucura a partir das práticas de saber, poder e subjetivação que
    produziram/produzem a figura do louco na sociedade, por meio de práticas discursivas e
    não discursivas, para então colocar em xeque a expansão dos processos de
    medicalização e de patologização dos corpos desviantes/subversivos. É a partir da obra
    e dos cursos de Michel Foucault enquanto fonte e cerne dessa pesquisa que um enfoque
    maior foi dado à década de 70. Assim, esta reflexão é corroborada nos cursos O poder
    psiquiátrico (1974) e Os anormais (1975), em um cotejamento histórico genealógico
    com a obra História da Loucura: na idade clássica (1961), para problematizar as
    descontinuidades históricas nas tentativas de adestramento da loucura (no sentido de
    captura e enquadramento dos corpos mediante um governo das condutas) até às práticas
    autoritárias de medicalização da loucura (enraizadas e socialmente aceitas por
    intermédio dos domínios de saber-poder), em nome da normalização das existências e
    da racionalização em um sujeito soberano como suposta relação entre sujeito e verdade.
    É no intuito de acompanhar as descontinuidades que este estudo foi traçado pela
    arqueogenealogia, cujo a fundamentação e análise dessas transições foram trabalhadas
    por meio de uma pesquisa bibliográfica que perpassou tanto a Filosofia quanto a
    Psicologia. Desse modo, o objetivo foi o de investigar percurso histórico de
    “adestramento/objetivação da loucura”, como resultado de processos construídos
    historicamente, por meio de uma esfera da visibilidade pautada em discursos científicos
    privilegiados, padrões de normalidade e de um saber-poder médico que situou o louco e
    a loucura em jogos de verdade e de poder. Contudo, a política da loucura tomou para si
    um poder de definição, tornando a “medicalização da loucura” uma prescrição de várias
    faces estigmatizadas e etiquetadas dos corpos que, ao fortalecer uma indústria da
    normalidade e uma cultura medicalizante da vida, pautada em diversos mecanismos de
    clausuras. Portanto, concluiu-se que a medicalização e patologização da loucura operou
    por deslocamentos e atualizações do poder psiquiátrico e dos mecanismos médico-
    psicológicos no governo das condutas, da sociedade.

  • ELENSON GLEISON DE SOUZA MEDEIROS
  • "A PRODUÇÃO DA SUBJETIVIDADE SINGULARIZADA NA REDUÇÃO DA POBREZA EM PRÁTICAS DOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA NA ASSISTÊNCIA SOCIAL (GOVERNOS – FHC, LULA E DILMA) E ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO ‘‘SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL”.

  • Data: 20/12/2022
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  • O objeto desta dissertação foram as práticas do Sistema Único de
    Assistência Social (SUAS) de redução da pobreza na produção da subjetividade
    singularizada, no período dos governos da Presidência de Fernando Henrique
    Cardoso (FHC), Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) e da Presidenta Dilma Rousseff (1995-
    2016), pois neste contexto há a implementação de diversos programas de
    transferência de renda e, em 2005, a criação do SUAS e, progressivamente, a
    ampliação das ações no que se refere aos programas e projetos em todo território
    nacional. No bojo deste processo, foram efetivados diversos princípios preconizados
    na Política Nacional de Assistência Social (PNAS). O problema de pesquisa desta
    dissertação está materializado nas seguintes perguntas: Quais as práticas são
    propostas nos programas de redução da pobreza no SUAS? De que modo o SUAS
    relaciona os programas de redução da pobreza com a produção de famílias e
    subjetividades singularizadas? Quais relações de poder, de saber e de subjetivação
    entram em jogo nesta trama? O objetivo geral desta pesquisa foi: problematizar as
    práticas de redução da pobreza em processos de produção de subjetividades
    singularizadas da família e dos usuários das políticas de assistência social. Os
    objetivos específicos foram: analisar como se dão as práticas dos serviços dos
    programas de transferência de renda das famílias beneficiárias dos programas e
    interrogar a produção dos discursos e os efeitos de verdades em torno do
    acompanhamento de famílias beneficiárias dos programas de transferência através do
    CRAS. A metodologia utilizada foi a pesquisa histórica, documental e genealógica com
    os trabalhos de Michel Foucault e a História Nova. Como justificativa, foi abordado que
    os trabalhos a respeito do SUAS ainda são restritos a algumas áreas do conhecimento
    e regiões do país, sendo que as políticas investigadas estão circunscritas mais à
    descrição do Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) e Centro de
    Referência Especializado da Assistência Social (CREAS) na Psicologia e na atuação 

    da área nestas políticas de modo mais amplo ou ainda por recortes de grupos da
    população em que se dirigem, especialmente: crianças, adolescentes e mulheres.
    Neste trabalho de dissertação, a proposta foi analisar a relação de programas de
    redução da pobreza como engrenagem para a produção das famílias e subjetividades
    singularizadas, durante os governos FHC, Lula e Dilma; portanto, trata-se de uma
    temática pouco estudada e também importante diante dos efeitos das práticas
    efetuadas nas políticas sociais brasileiras. Entre os resultados encontrados, é possível
    afirmar que os programas de transferência de renda estão sustentados em uma
    perspectiva psicossocial de redução da pobreza e pouco de enfrentamento à mesma.
    Também vale ressaltar que a criação do SUAS permitiu a expansão da atuação e
    presença da Psicologia nos interiores do Brasil, E, por fim, é relevante problematizar o
    quanto as práticas de subjetivação pelo SUAS estão focadas em uma gestão de riscos
    e concepções funcionalistas de pobreza, em alguns aspectos.

  • ADRIELE CARDOSO SUSSUARANA
  • Memórias inscritas em Ritmo: Arte, Psicanálise e Emancipação em Contextos Improváveis

  • Data: 13/12/2022
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  • Esta dissertação de mestrado em psicologia analisa a experiência do encontro entre a produção artística circunscrita na dança, teatro e performance, com populações em exclusão social, a partir da mediação de uma práxis psicanalítica. Trata-se assim de uma investigação sobre memória e emancipação, articulando principalmente os conceitos de corpolinguagem e pulsão invocante. Tal análise partiu da narrativa das experiências que ocorreram entre 2014-2018 com pessoas, em sua maioria homens, vinculados a contextos institucionais, tanto de cuidado em saúde mental quanto de privação de liberdade e atravessados pelo uso de álcool e crack na cidade de Macapá-AP. O horizonte do possível de um homem acocado silenciar o instante exato em que tocou a loucura em uma cela; uma mulher, ao movimentar os braços, embalar a memória do momento em que viveu a separação do seu bebê; corpos mediados pela música se movimentaram à exaustão até que cada um pudesse desdobrar uma dança singular codificada a partir de um ritmo próprio. Dessa forma, discute-se como tais caminhos da criação artística encontraram um retorno às memórias desses atores, bem como sobre a possibilidade de aproximar tais memórias, imprecisas em sua origem, daquilo que o sujeito tem de mais externo, a superfície da pele, corpolinguagem e o ouvido, enquanto zona erógena que não se fecha, objeto voz. Corpos reificados na colonização de suas histórias, tanto pelos diagnósticos biomédicos quanto pelos estigmas do louco, do drogado, do vagabundo, do infrator. Corpos que se reinventam como artistas e podem transformar a memória da opressão em gesto artístico e como ponto de apoio para a emancipação.

  • ELECARLA SILVA DE SOUZA
  • “FAZER MUITO COM MUITO POUCO”: UMA ANÁLISE PSICODINÂMICA DO TRABALHO DE PSICÓLOGAS(OS) ORGANIZACIONAIS EM EMPRESAS PRIVADAS DE BELÉM DO PARÁ

  • Data: 09/12/2022
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  • O trabalho certamente é uma das facetas mais desafiadoras da trajetória humana, desempenhar uma tarefa, exercer um papel profissional, assumir desafios, responder por resultados e ser remunerado por isso é algo em que se pensa desde muito jovens, seja pela cobrança das pessoas do círculo familiar e social em geral, pelo mercado ou por nós mesmos (as). Aos psicólogos atuantes na área de Recursos Humanos além dos inúmeros desafios impostos pela profissão e área de atuação, como estar em dia com ferramentas e tecnologias novas, há a responsabilidade de atuar como balizadores e conciliadores entre as decisões da diretoria da empresa e os funcionários, equilibrar alta produtividade e qualidade com satisfação e bom clima de trabalho. Pode-se observar dilemas éticos, contradições, tristezas, estratégias adotadas pelos profissionais para se defender e enfrentar o sofrimento. No entanto, após consultas e buscas sobre pesquisas com temas semelhantes, evidenciou-se a necessidade de pesquisas e estudos sobre as condições e a organização do trabalho de psicólogos atuantes em RH, essa função tão indispensável para o pleno funcionamento das organizações. A teoria Psicodinâmica do Trabalho (PdT), não foca o trabalho em si, em suas questões concretas ou operacionais, mas o trabalhar, ou seja, a relação estabelecida entre subjetividade e trabalho e os impactos desta relação na saúde mental do sujeito trabalhador. O objetivo dessa pesquisa foi analisar o trabalhar de psicólogos (as) organizacionais de empresas privadas da cidade de Belém do Pará, com base na Psicodinâmica do Trabalho, ao desdobrar esse objetivo geral, pretende-se buscar a compreensão da dinâmica prazer-sofrimento contida no trabalhar desses psicólogos (as). Este trabalho foi conduzido através do método qualitativo pela coerência com o referencial teórico-metodológico aqui adotado, a Psicodinâmica do Trabalho. A teoria de Dejours localiza-se no âmbito da pesquisa qualitativa e busca compreender os aspectos psíquicos e subjetivos que são mobilizados a partir do confronto do sujeito com a organização do trabalho, estudando os aspectos menos visíveis que são vivenciados pelos/as trabalhadores/as, como: mecanismos de cooperação, reconhecimento, sofrimento, estratégias defensivas. Utilizei roteiro de entrevista semiestruturado, entrevistando 3 psicólogas atuantes em RH há pelo menos 5 anos. Os resultados obtidos evidenciaram a vivência de dilemas éticos e ocorrências de assédio moral nas relações entre os trabalhadores e a organização do trabalho, como também, a carência de ferramentas e condições adequadas de trabalho. Observou-se, a importância do reconhecimento experimentado pelas psicólogas pelo trabalho executado, mesmo que esse se distancie muito do trabalho prescrito, ainda mais quando se superam para entregar um resultado. Na dinâmica prazer e sofrimento podemos identificar estratégias de defesa utilizadas, como manter grupos de trabalho, espaços de fala e escuta e a vivência da espiritualidade.

  • LUCÍOLA SANTANA PASTANA SILVA
  • GENEALOGIA DE ALGUNS ESTUDOS DECOLONIAIS NA PRODUÇÃO DE SABERES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA DE 2018 A 2020

  • Data: 25/11/2022
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  • Esta pesquisa teve como principal objeto a genealogia do acontecimento decolonial na produção de saberes da Psicologia brasileira a partir de dissertações e teses. O percurso metodológico realizado se estabeleceu por meio de uma genealogia e cartografia histórico-documental de cinco produções de dissertações e teses da Psicologia, encontradas no repositório da CAPES, localizado na Plataforma Sucupira, no período de 2018 a 2020. Utilizou-se como lente de análise o feminismo decolonial, sendo que foram pensados os conceitos de Colonialidade, nos usos que deles são feitos pela Psicologia brasileira nas suas relações com os efeitos nas produções de saberes e de corpos das mulheres latinoamericanas. Buscou-se problematizar como o Feminismo decolonial emergiu como uma proposta de resistir à colonialidade no campo acadêmico da Psicologia enquanto ciência, instituído em dissertações e teses. Ainda visou interrogar como foi o processo de resistências por meio do Feminismo decolonial para a crítica na Psicologia, tecida como crítica às afirmações de colonialidades e práticas de descolonização. Sendo assim, utilizou-se as tensões mobilizadas pelas críticas ao feminismo hegemônico e à problematização dos saberes por meio das relações que operavam as demarcações de raça, gênero, classe, território e poder. Por fim, pensou-se como a Psicologia brasileira problematizou, interrogou e forjou resistências, ao transversalizar e coletivizar as práticas produtoras de colonialidades.

  • GABRIELA RODRIGUES LOPES PEREIRA
  • OS DILEMAS DAS MÃOS QUE EMBALAM: um estudo psicanalítico sobre a angústia entre cuidadores de um serviço de acolhimento infantil

  • Data: 24/11/2022
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  • Impulsionada por uma experiência de trabalho como psicóloga em um serviço de acolhimento infantil, a problemática desta pesquisa surgiu a partir de demandas direcionadas ao setor de psicologia acerca das inquietações vivenciadas pelos cuidadores (técnicos de enfermagem e educadores), diante das práticas de cuidado com as crianças e adolescentes com deficiência acolhidos no Abrigo Especial Calabriano. Assim, o fio condutor deste trabalho foi embasado na seguinte pergunta norteadora: de que forma os aspectos subjetivos, em especial a angústia, se presentifica no discurso dos cuidadores de um serviço de acolhimento? O eixo metodológico escolhido para o desenvolvimento deste estudo foi a pesquisa clínica em psicanálise e a Análise de Discurso (AD) com o enlace de pilares teóricos da psicanálise, tais como o infamiliar (Das Unheimliche), para a discussão dos dilemas do cuidar em um serviço de acolhimento. O instrumento utilizado como dispositivo disparador da fala e, portanto, como possibilidade de abertura e acesso ao conteúdo inconsciente dos participantes foi um roteiro de entrevista semiestrututrada. Assim, foram entrevistados quatro cuidadores de ambos os sexos atuantes na instituição. No campo institucional, corre-se o risco de apreender a questão da angústia de maneira superficial atribuindo-a à cada profissional em suas práticas laborais, o presente trabalho, por outro lado, analisa a complexidade da temática na interrelação do subjetivo com o contexto institucional, bem como, o lugar da psicanálise nesse cenário.

  • RAQUEL CUNHA DA COSTA
  • A Canção do Mar em Lamentação: um estudo psicanalítico sobre a noção judaica de povo eleito e o antissemitismo em o homem Moisés e a religião monoteísta, de Sigmund Freud

  • Data: 18/11/2022
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  • O judaísmo é uma tradição religiosa monoteísta que resiste há milhares de anos. Sua fundação é justificada pela ideia de que o próprio Deus único os tinha escolhido como povo para ser abençoado. Por causa disso, passaram a enxergar outros grupos como indignos da misericórdia divina e humana. Seu comportamento era justificado a partir da exclusividade reclamada para si. No entanto, o povo abençoado padeceu por quase mil anos, em seu exílio, como uma nação amaldiçoada e abandonada. Sua história de séculos fora manchada de sangue em decorrência de um sentimento de ódio a eles direcionado, conceituado como antissemitismo durante o século XIX. Como justificativa para sua conduta, estava o sentimento de que os judeus eram indignos de direitos básicos e que, mesmo sendo julgados como inferiores, sentiam-se exclusivos. Considerando a problemática da relação truculenta dos antissemitas em relação a judeus, Sigmund Freud propõe este debate no livro O Homem Moisés e a Religião Monoteísta a fim de entender o motivo dos judeus atraírem tanto ódio. É quando a noção de povo eleito aparece como pilar de sustentação dos mecanismos metapsicológicos que caracterizam a psicologia de massa da religião judaica. Por isso, esta pesquisa se propõe a investigar a relação entre o conceito de povo escolhido e sua relação com o ódio antissemita a partir da leitura do livro freudiano O homem Moisés supracitado. Utilizar-se-á a atual historiografia e a literatura psicanalítica para o amplo entendimento dos conceitos a partir de um método de revisão bibliográfica.

  • ANA CAROLINA SECCO DE ANDRADE MÉLOU
  • “A GENTE AINDA SOFRE O PESO DE SER MÃE”: NARRATIVAS DE DISCENTES-MÃES NA PÓS-GRADUAÇÃO

  • Data: 27/10/2022
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  • Este estudo consiste em uma pesquisa qualitativa com o objetivo de investigar como discentes-
    mães de Programas de Pós-graduação da Universidade Federal do Pará vivenciam a relação

    entre pesquisa e maternidade. O Feminismo Negro e Feminismo Decolonial são as
    epistemologias que norteiam as discussões. Foram entrevistadas sete mulheres de seis
    diferentes programas de pós-graduação da UFPa, utilizando-se roteiro de entrevista
    semiestruturada. As entrevistas foram analisadas com base na técnica de análise de narrativa,
    resultando na estruturação de três seções de discussão: 1) “É uma grande correria”: sobre a
    rotina das discentes-mães; 2) “É horrível até de lembrar”: a pandemia foi pior para elas; 3) “A
    gente ainda sofre o peso de ser mãe”: mulher e carreira científica. As discentes-mães vivenciam
    uma rotina exaustiva aliando o trabalho materno, o emprego, os afazeres domésticos e os
    estudos relativos à pós-graduação. A rede de apoio dessas discentes é habitualmente composta
    por outras mulheres, como suas mães, sogras ou trabalhadora doméstica contratada. As
    discentes trabalhadoras no serviço público possuem menos dificuldade na manutenção da renda
    familiar e flexibilidade de tempo para se dedicar à pós-graduação. Por todas o valor da bolsa de
    pesquisa é visto como insuficiente para suprir as necessidades de uma mulher-mãe. Para todas

    a pandemia tornou a rotina ainda mais cansativa. Em relação aos seus programas de pós-
    graduação há descontentamento com o acolhimento institucional ofertado às discentes-mães,

    relatos de misoginia por parte de professores, sentimento de serem julgadas por colegas da
    turma. Mostrou-se importante ser orientada por uma professora que também é mãe. As questões
    raciais também são relevantes no acolhimento vivenciado pelas discentes. As discentes-mães

    reconhecem a importância do apoio entre as mulheres para o ingresso e permanência na pós-
    graduação. Conclui-se que as interseccionalidades que caracterizam as discentes-mães

    precisam ser consideradas pelos referidos programas de pós-graduação da UFPa e que urgem
    ações de enfrentamento de um fazer científico que contém elementos que coadunam com um
    modelo racista e sexista, a fim de tornar a academia mais acolhedora ao ingresso e permanência
    das discentes-mães.

  • DARLIN TARGINO PANTOJA DE SOUSA
  • Empreender de si mesmo e desamparo: um estudo psicanalítico sobre a subjetividade neoliberal

  • Data: 26/10/2022
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  • Nesta pesquisa teórica utilizamos o método psicanalítico para investigar a relação entre a
    construção de uma subjetividade específica produzida pelo sistema neoliberal, denominada
    “empreendedor de si” ou “empresário de si”, e a condição de desamparo que o mesmo sistema
    promove e que se configura num dos aspectos que sustentam a forma de vida neoliberalizada.
    Uma das características do sistema neoliberal é a promoção de cenários de crises– sejam estas
    políticas, econômicas, ambientais, epidêmicas ou depressivas. Ao promover tais cenários,
    principalmente através do aprofundamento das desigualdades sociais que o Estado austero
    provoca, o neoliberalismo se vale de nossa condição ontológica de desamparo, tal qual
    formulada por Sigmund Freud, de maneira a forjar a identidade do empreendedor de si, que se
    conduz tal qual uma empresa, definido pela concorrência e referido sempre à incerteza, à falta
    de garantias e à exigência permanente de um a mais de desempenho. Manter o sujeito em
    permanente condição de desamparo é um dos dispositivos que o neoliberalismo se utiliza para
    produzir subjetividades despolitizadas que acabam por consentir com práticas que vão contra
    seus próprios interesses. Neste sentido, o sistema neoliberal produz e rege as condições de
    sofrimento contemporâneas, nas quais se destacam os quadros depressivos e melancólicos. No
    entanto, para a psicanálise, desamparo é afeto político por excelência, que produz uma
    corporeidade social cujo destino político, de alienação e servidão ou emancipação e
    transformação, depende de nossa posição de recusa ou afirmação dialética à condição
    ontológica do desamparo. Por isso, a aposta de emancipação das amarras neoliberais passa
    pela construção de um Comum, enquanto espaço coletivo que acolha diferentes práticas
    políticas passíveis de promover na sociedade algo diferente do isolamento a que o
    neoliberalismo relega o sujeito.

  • WANDERSON ALEXANDRE DA SILVA QUINTO
  • "CONFLITO GERACIONAL POR USO DE TECNOLOGIA: uma fenomenologia das relações entre idosos e jovens digitais em Belém do Pará"

  • Data: 19/10/2022
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  • Esta tese de doutorado discute alguns modos que idosos e jovens se valem para articular o uso, as comunicações e as relações sociais nos meios virtuais no contexto da contemporaneidade, em que a internet e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) integram os processos de subjetivação coletivos e se fazem imperativos para estar e manter-se visíveis, cotidianamente, no mundo da vida. Considera-se que tal cenário afeta as formas das relações sociais, entre os sujeitos focalizados em uma pesquisa de abordagem qualitativa, de base fenomenológica hermenêutica, implicando resultar em conflitos interpessoais. A questão de estudo foi: De que modo a concepção, o entendimento e o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação por idosos e jovens digitais fragilizam ou fortalecem os vínculos? E a tese proposta foi que: os conflitos geracionais por uso de tecnologia estão associados a dois fatores: (1) ao entendimento que cada geração faz de tecnologia e (2) ao fato de que idosos digitais tentam dominar a tecnologia, enquanto os jovens digitais se acoplam a elas geracionalmente. O objetivo principal consistiu em identificar e refletir a pertinência da proposição de tese, bem como verificar o impacto do uso da internet e dispositivos digitais no estreitamento ou no distanciamento do vínculo entre idosos e jovens digitais. Metodologicamente, realizou-se grupos focais e entrevistas dirigidas com 6 idosos e 6 jovens com vínculo consanguíneo de avós e netos. Destaca-se que os dados analisados para o grupo de idosos evidenciaram que: (1) existe uma dificuldade na compreensão da funcionalidade dos aplicativos e da real necessidade de uso; (2) somente 1 dos 6 idosos não teve o contato inicial com as TICs por meio de jovens – sendo eles netos e/ou familiares; (3) o interesse dos idosos pelas TICs parece ser com o caráter de estender ou estabelecer novas relações sociais, pois entendem que aprender a utilizá-las representa manter-se inseridos socialmente; 4) as dificuldades frente ao uso das ferramentas tecnológicas estão relacionadas à complexidade e rapidez com que esses recursos evoluem. Por sua vez, os jovens entrevistados revelaram que: (1) o contexto digital não tem uma única função, nem uma única valorização, mas uma multiplicidade e flexibilidade de usos; (2) muitos deles ensinaram os avós a lidar com as tecnologias e sentem prazer em estarem se relacionando virtualmente; (3) a interação e o convívio por meios dos serviços digitais proporcionaram a reflexão e, possivelmente, retificação da imagem distorcida que podem ter dos idosos. Conclui-se que, ao se perceber o processo fenomenológico da relação humano-tecnologia, é desvelada uma hermenêutica do enraizamento tecnológico-sócio-cultural dos colaboradores da pesquisa; observa-se também uma relação de mútua benevolência em que os jovens auxiliam ou até iniciam os adultos na lida com o digital; ressalta-se que para os idosos estarem próximos aos mais jovens significa contato com o moderno, aprender a linguagem tecnológica. Quanto ao conflito, nota-se que a relação de troca entre jovens e idosos, por meio da utilização de artefatos e serviços tecnológicos, empodera os jovens que conduzem tais trocas de acordo com seus micros interesses, por isso, ainda que haja cooperação, o conflito se estabelece devido ao aumento das demandas dos idosos sobre conhecimento tecnológico e nem sempre os jovens possuem paciência para ensinar. Por fim, espera-se com a tese contribuir para que a sociedade ampla, a universidade e o Estado lancem políticas em saúde mental, bem como capacitação digital para o enfrentamento das constantes exigências atuais de performance que os idosos digitais sofrem para adquirir competências tecnológicas.

  • LORENA CARDOSO DE SANTANNA
  • A EXPRESSÃO DAS OFICINAS TERAPÊUTICAS NO MUNDO DA VIDA E TRATAMENTO: A PERCEPÇÃO DE USUÁRIOS DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ADULTO

  • Data: 06/10/2022
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  •  Oficinas terapêuticas são práticas de assistência em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial, realizadas em grupo, com diversas finalidades, entre elas a de integrar e incluir o usuário do serviço em seu território, favorecendo o fortalecimento da rede social de apoio e suporte, ou seja, de alcançar positivamente o cotidiano das pessoas, qual seja o mundo da vida, sob o enfoque fenomenológico. O objetivo deste estudo é conhecer as percepções de pessoas que participam ou participaram de oficinas terapêuticas realizadas nestes centros sobre a expressão desta estratégia no seu tratamento e mundo da vida. A pesquisa foi desenvolvida em duas etapas, teórica e empírica. Sendo a teórica um estudo da literatura e em documentos governamentais; e a empírica, em ambiente virtual em dois momentos, o primeiro por meio de formulário no Google forms sobre dados sóciodemográficos e caracterização da participação nas oficinas de 08 colaboradores; e a segunda, com 05 participantes da primeira etapa, em uma entrevista semiestruturada com questões abertas sobre suas percepções de engajamento nas oficinas terapêuticas e repercussões no tratamento e mundo da vida. Os dados teóricos foram tratados pelo conteúdo temático e de frequência numérica simples; e os empíricos pela análise do discurso hermenêutico de Paul Ricoeur; com resultados discutidos de forma triangulada. As oficinas terapêuticas foram apresentadas como importantes na efetivação das políticas governamentais quanto a sua concretização, bem como dos princípios do modelo de reabilitação psicossocial em Centros de Atenção Psicossocial, expressados pelos colaboradores de diversas maneiras, como melhora no humor, minimização do isolamento, interações sociais e expressão de sentimentos e vivências, que repercutem a curto e longo prazo em seu mundo da vida com aprendizado e fortalecimento de habilidades emocionais e práticas sentidas na relação consigo mesmo, que ecoam em vivência de reconhecimento de si e empatia ao outro. Neste sentido, considerou-se  que a expressão das oficinas no mundo da vida  está relacionado a fatores externos, como por exemplo, o interesse do usuário pela atividade proposta, mas também relacionado aos profissionais, ou seja, como de acordo com as formas de reconhecimento  na relação do cuidado.

  • RAPHAEL SANTOS DAS MERCES
  • A PSICANÁLISE HISTORICIZADA: UM ESTUDO TEÓRICO A PARTIR DA NOÇÃO DE TABU EM THEODOR ADORNO

  • Data: 03/10/2022
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  • Trata-se aqui de uma pesquisa teórica, de tom ensaístico, acerca da apropriação que Adorno faz da psicanálise, em especial da teoria freudiana, e como esta apropriação reverbera sobre o campo psicanalítico, sobretudo quanto ao fato de que a sua justificação enquanto saber e prática inevitavelmente faz referência a uma teoria da cultura. Para tanto, selecionamos a transcrição de duas conferências proferidas por Adorno na década de 1960: Tabus acerca do magistério e Tabus sexuais e direito hoje e as submetemos, de um lado, à leitura estrutural e, de outro, a uma circunscrição histórica. Enfatizamos nesse recorte o manuseio da categoria do tabu e a sua permanência nas sociedades modernas, comparando a abordagem adorniana às abordagens freudianas clássicas acerca deste conceito. Vimos, por meio deste recorte, como a categoria selecionada suscita consigo várias outras noções e problemáticas que remetem à psicanálise, e que a apropriação crítica de Adorno implica ricas contribuições não apenas ao campo da teoria social, mas também à teoria psicanalítica. Sob a ótica do frankfurtiano, a psicanálise precisa ser conjugada com uma outra teoria social, no caso, marxista-hegeliana, e extrai grande parte da sua potência crítica e compreensiva da função que exerce enquanto uma espécie de antropologia da cultura subjetiva. Ela pode ser tomada simultaneamente como instrumento de análise e como objeto cultural a ser criticado segundo a objetividade do tempo que reflete em si. Ademais, chamamos a atenção para o papel assumido pela psicanálise em termos de instrumento de intervenção na obra falada de Adorno, onde se delineiam mais nitidamente alguns elementos da sua proposta de emancipação pautada em uma educação revolucionária, que precisa ir, porém, além do esclarecimento meramente intelectual, possibilitando também uma transformação no nível das sensibilidades. De modo que, nesse contexto, a noção de pulsões parciais adquire certo destaque enquanto figura de subversão.

  • IANCA MAUES DE QUEIROZ
  • COMPULSÃO À REPETIÇÃO NA CLÍNICA PSICANALÍTICA COM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS EM CONDIÇÃO DE HOSPITALIZAÇÃO

  • Data: 23/09/2022
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  • Essa dissertação tematiza a clínica do HIV/Aids a partir da compulsão à repetição na clínica psicanalítica, tendo como objetivo investigar a manifestação clínica da compulsão à repetição e sua incidência no processo de adoecimento e hospitalização de pessoas vivendo com HIV/Aids. O conceito freudiano de compulsão à repetição foi inaugurado em “Além do princípio do prazer” (1920), no qual Freud apresentou reformulações teóricas fundamentais para a clínica psicanalítica. Ele articulou a pulsão e o trauma, demonstrando a compulsão à repetição como manifestação clínica da pulsão de morte. Ademais, foi a partir do trabalho enquanto Psicóloga Residente em uma clínica de doenças infecto-parasitárias que surgiram questionamentos e inquietações. Nos discursos clínicos foram notados casos de pacientes com um movimento autodestrutivo durante repetidas internações, nos quais também foi possível observar um sofrimento psíquico pelo modo como conduziam o seu tratamento. Seria um movimento advindo somente após o diagnóstico ou esses sujeitos já apresentavam um comportamento autodestrutivo anteriormente? Poderia o diagnóstico de HIV/Aids adentrar no circuito de repetição desses sujeitos? Dessa forma, questiona-se: Como determinadas pessoas vivendo com HIV/Aids repetem movimentos autodestrutivos que se desembocam em desvinculação do tratamento e consequentes reinternações? Pode-se pensar e afirmar, logo de início, que quanto à experiência referente ao viver com HIV e a decisão de vincular-se ao tratamento estão relacionados à posição subjetiva de cada sujeito. Mas quais processos psíquicos estão envolvidos nessa tomada de decisão? Sustentou-se a hipótese de que a experiência de repetidos movimentos autodestrutivos e consequentes reinternações hospitalares poderia ser uma manifestação clínica da compulsão à repetição, considerando que, na vivência do HIV/Aids, a incidência do fenômeno repetitivo estaria relacionada com o excesso de impulsos em estado bruto, não ligados, podendo estar associado ao diagnóstico, entendido como traumático. Contudo, evidenciou-se na pesquisa, que a compulsão à repetição estava presente de modo anterior ao adoecimento desses sujeitos, mas ainda assim, foi possível observar que o diagnóstico de HIV/Aids pode adentrar no circuito da repetição. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi de natureza clínica-qualitativa, considerando a pesquisa em psicanálise e fazendo uso de fragmentos de casos clínicos. A pesquisa de campo foi resultado de um projeto guarda-chuva, que fez parte do projeto de pesquisa intitulado como “A Angústia e seu Manejo em Pacientes Internados com Aids no Hospital Universitário João Barros Barreto”, submetido e aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa da UFPA. Propõe-se, sobretudo, ao invés do modelo reducionista, a complexidade, compreendendo que os pacientes atendidos nos serviços de saúde não buscam apenas um acompanhamento clínico de sua patologia, mas profissionais que possam acolher para além do processo de adoecimento, como sujeitos em suas singularidades e subjetividades. Portanto, não se trata de legislar sobre o comportamento da pessoa vivendo com HIV/aids em nome do “bem estar” e da “justiça”. Mas trata-se de considerar a história do sujeito atravessado por esse diagnóstico.

  • BRUNA DE ALMEIDA CRUZ
  • LUGARES DO CUIDADO: UMA CARTOGRAFIA DA SAÚDE MENTAL NO IFPA

  • Data: 21/09/2022
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  • A presença de profissionais de psicologia nos institutos federais suscita desafios quanto à direção do nosso fazer e aos compromissos assumidos nessa atuação. Os institutos federais nascem como política pública que inaugura uma nova institucionalidade na educação profissional e tecnológica, mirando uma educação pública capaz de gerar transformações na sociedade. Assim, o cuidado em saúde mental adentra o espaço educacional em meio a um campo disputa histórica no sentido da consolidação desse projeto educacional. Esta pesquisa teve como objetivo cartografar as práticas agenciadas por profissionais de psicologia no IFPA, que é meu campo de trabalho, no que se refere à saúde mental, a partir de uma pesquisa que lança mão de operadores da análise institucional, tais como análise de implicação, análise de demanda e encomenda, bem como faz uso de discussões sobre composição técnica do trabalho em saúde e ethos de ocupação da psicologia. A entrada em campo parte da minha atuação como psicóloga do IFPA Campus Belém e também como membro do Programa de Educação Socioemocional (PES), grupo de trabalho em atividade no IFPA desde 2020 composto por psicólogos/as da instituição, com colaboração multicampi. Nas análises, discuto os processos estudados a partir de três segmentos: conversações entre políticas públicas de saúde e de educação; produção da demanda e fluxos de trabalho em saúde mental no IFPA; ethos e projetos de produção “psi” no contexto da EPT. Pelas análises, afirmo que a entrada da psicologia no instituto federal é um fator intensivo de articulação entre a saúde e a educação, operando nele malhas de controle, tanto quanto promovendo potências de vida, ambas vocações dessa política pública no contexto da biopolítica, em que há poder sobre a vida, e da biopotência, pois há potência da vida resistindo aos fascismos e controles, procurando brecha para existir. Proponho que os lugares do cuidado no contexto educacional sejam pensados em sua contradição e potência de síncope, uma vez que operamos em meio a um campo de forças e as posições que ocupamos, ainda que sejam amarradas às malhas hegemônicas normalizadoras, podem produzir fissuras, deslocamentos, passagens para a manifestação dessa potência de vida pulsante na concretude da escola pública.

  • ALANA FELIX MUNHOZ KRAS BORGES
  • A MULHER INFAMILIAR: um estudo psicanalítico do filme “Cidade dos Sonhos”, de David Lynch

  • Data: 19/09/2022
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  • O cinema, representante de um tipo de arte muito em voga na contemporaneidade e que contribui para processos de subjetivação, é um grandioso campo de estudo de questões relativas ao sujeito, questões essas que possuem muito valor para a psicanálise. David Lynch, diretor norte-americano representante de um estilo cinematográfico denominado “cinema da mulher em apuros”, neste trabalho se tornou foco de estudo particularmente no que tange ao seu filme Cidade dos Sonhos. Visou-se fazer uma análise que abarcasse seu cinema e conceitos psicanalíticos como a mulher e o infamiliar, a alteridade, a repetição e a pulsão de morte, a fim de responder a questionamentos sobre a forma como a mulher é retratada em seus filmes, principalmente se é exposta como representante do estranho, do infamiliar. Partindo da pesquisa teórica foi possível destacar a relação entre os mencionados conceitos psicanalíticos e o filme em questão, principalmente após a realização da parte prática da pesquisa, que consistiu na realização de uma análise técnica de uma sequência de cenas do filme. Destaca-se como resultados a possibilidade de entrelaçamento dos conceitos referidos com a análise fílmica, o que possibilitou gerar uma discussão acerca de como a mulher é retratada no cinema, principalmente como figura do infamiliar. Em conclusão, foi apresentado o desfecho, que trouxe a articulação entre os conceitos trabalhados e o que a análise fílmica trouxe no que diz respeito à forma de projeção da mulher em tela.

  • LAIZE MARINA DE OLIVEIRA TEIXEIRA
  • Condições de saúde no processo de envelhecimento e políticas de seguridade social: revisão de literatura

  • Data: 14/09/2022
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  • As condições de saúde são circunstâncias que se apresentam ao longo da vida que podem interferir na capacidade laboral dos indivíduos; conduzindo-os a demandar o sistema de seguridade social. Esta pesquisa objetiva compreender teoricamente e sistematizar estudos relacionados às condições de saúde no processo de envelhecimento com as políticas de seguridade social. Trata-se de uma revisão de literatura dividida em duas partes: a primeira corresponde a um estudo teórico sobre políticas de seguridade social, saúde e aposentadoria e a segunda a uma revisão sistemática com metaetnografia. A revisão sistemática foi realizada com base nas diretrizes PRISMA bem como registrada e aprovada na base de Registros Internacionais de Protocolos de Revisões Sistemáticas – PROSPERO – sob o número CRD42021225820. Foram utilizadas as bases de dados Embase, Web of Science, Scopus, Pubmed, CINAHL, ASSIA (Proquest) e APA PsycNet com os descritores [social security] e [aging]; considerou-se os estudos publicados no período entre 1979 e 2022. Os resultados encontrados sugerem que a saúde pode funcionar como meio de promoção da vida ativa laboral dos idosos e como indicador para as reformas das políticas de seguridade social, que o planejamento de aposentadoria é um elemento estratégico aos enfrentamentos da vida pós-aposentadoria, e que há uma relação das políticas de seguridade social frente aos sintomas psicopatológicos.

  • LUIZA MARTINHO TRINDADE
  • OS ATRAVESSAMENTOS DO CÂNCER DE PRÓSTATA NA CONJUGALIDADE

  • Data: 09/09/2022
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  • Um parente com diagnóstico de câncer pode afetar os outros membros devidos as mudanças na dinâmica familiar. Desse modo, em uma relação conjugal, o par sofrerá os impactos do adoecimento e tratamento. O câncer de próstata ocasiona diversas mudanças na vida do paciente, causando sintomas como incontinência urinária e disfunção erétil, consequentemente, podendo ser um dos tipos de neoplasia que mais atravessa a conjugalidade por estar relacionado diretamente com a alteração na sexualidade, reinvidicando novos arranjos conjugais e de vivenciar a prática sexual, entendendo o relacionamento como um construto singular e subjetivo, dependendo das especificidades e características de cada cônjuge. A presente pesquisa objetiva analisar os sentidos produzidos de um casal heterossexual sobre a vida conjugal após o tratamento para câncer de próstata. Trata-se de um estudo com uma abordagem metodológica qualitativa realizada com um casal em que o homem teve diagnóstico de câncer de próstata e foi submetido ao tratamento oncológico. O casal relatou diversas transformações ocorridas desde o diagnóstico, principalmente referente a sexualidade. Por outro lado, o casal manifestou a importância do apoio mútuo e novas possibilidades de lidar com os deslocamentos conjugais encontrados, considerando também as afetações particulares sofridas em cada um a partir da doença. A parceira demonstrou como recurso de enfrentamento o discurso religioso e a manutenção da função de cuidadora, enquanto o participante apresentou maior desconforto pelas modificações nas atividades laborais e no que tange ao aspecto financeiro. Conclui-se a importância dos estudos sobre sexualidade, gênero e as construções sociais constituídas na conjugalidade, considerando um elemento fundamental também para o casal recorrer como recurso de enfrentamento, a forma como poderá reinventar a relação, intimidade e modos subjetivos frente a um adoecimento.

  • CRISTINA SIMONE DE SOUSA REIS
  • RESISTÊNCIAS DE SUBJETIVIDADES INSURGENTES À HOMOFOBIA NO CONTEXTO ESCOLAR,

  • Data: 08/09/2022
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  • Esta pesquisa teve como objeto-problema a resistência à homofobia no contexto escolar. Partiu
    da análise do cotidiano experimentado por situações de preconceito e discriminação onde
    repercutem processos de opressão, dominação, violência e operam na mediação histórico-
    cultural na formação da subjetividade de alunos que se auto declaram homossexuais. Esta
    realidade ganha especial contorno com a explicitação dos processos de exclusão, inclusão-
    excludente e sofrimento de adolescentes em uma escola pública estadual do município de
    Capanema, Nordeste do estado do Pará. Foi proposto nesse trabalho de Mestrado em Psicologia
    analisar os modos de subjetivação e resistência frente às condutas homofóbicas no território
    escolar; analisar os sofrimentos decorrentes e os modos de resistências realizados como política
    de garantia, promoção e defesa de direitos pela escola e gestão da educação; por fim, delineou-
    se um mapeamento de como a escola vem trabalhando as questões concernentes à homofobia e
    o enfrentamento à mesma na realidade específica de Capanema-PA. A metodologia utilizada foi
    a pesquisa de campo de cunho qualitativo com o uso de algumas contribuições da
    genealogia.Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e o diário de campo com a
    participação da pesquisadora como articuladora política de resistências à homofobia. Adotou-se
    como marco teórico-metodológico os escritos de Foucault (2001; 2015), Louro (1997; 2000;
    2006; 2009), Junqueira (2007; 2009), Gonzalez (2015), Minayo (2012) e os estudos sobre
    interseccionalidade. A análise das práticas por meio da genealogia de Michel Foucault trouxe
    eixos de problematização por meio das ferramentas metodológicasdo saber, poder e
    subjetivação. As práticas de discriminação, preconceito e resistências foram abordadas para
    descolonizar ações que eram repetitivas e traziam intendo sofrimento no que tange à construção
    de insurgências políticas. Questionamos as colonialidades de gênero, de sexualidade. A
    pesquisa teve relevância social e acadêmica por proporcionar a reflexão do papel social da
    escola como mecanismo que pode romper a hegemonia heterossexual e conservadora
    manifestada nas sociedades ocidentais.

  • NICOLÁS ESTEBAN CASTRO HEUFEMANN
  • ACESSO DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA À REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: em busca de novas modelagens em saúde na Regional do Baixo Amazonas

  • Data: 12/08/2022
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  • Esta tese objetivou entender o acesso das populações ribeirinhas do município amazônico de Boa Vista do Ramos à Rede de Urgência e Emergência. Toda a rede de saúde do município fez parte da pesquisa, com ênfase no Hospital Geral e a Atenção Básica, urbana e rural. Para tanto, foram entrevistados usuários, profissionais de saúde e gestores. Trata-se de um estudo de caso único de cunho transversal, exploratório e descritivo. Para entender as situações de sofrimento agudo foram utilizados como analisadores centrais a Rede de Urgência e Emergência, destacando: a) horário de funcionamento das unidades de saúde; b) existência de material; c) existência de medicamentos; d) acolhimento aos usuários; e) o telefone como meio de comunicação; f) presença de sala de observação; g) se a equipe da unidade de saúde está (in) completa; h) se há oferta de formação direcionada para a urgência e emergência; i) o uso da classificação de risco no cotidiano; j) o tempo de espera para iniciar o deslocamento de pacientes; k) a oferta de sinal de internet; l) transporte sanitário; m) combustível para as remoções; n) presença de motorista fluvial. O contexto também fez parte das análises: a) tempo de deslocamento; b) proximidade das residências dos pontos de atenção à saúde; e c) vazante e cheia dos cursos d’água. Lançou-se mão de diversos métodos e técnicas para apreender a realidade local e de “caminhada ribeirinha” pela rede de urgência e emergência pela fala do usuário/trabalhador e gestor da saúde, avaliação do acesso, dados de remoção hospitalar, informações de documentos de gestão colegiada, georreferenciamento e pela própria observação do pesquisador. A triangulação de métodos permitiu produzir não somente os resultados, mas compor a análise final. Seus principais achados foram: a) a educação permanente no amadurecimento e condução da pesquisa, o que consolidou um estudo compartilhado e significativo para as demandas locais; b) a avaliação em saúde, com a construção do modelo teórico – lógico e a matriz de julgamento, que demonstrou o grau de implantação intermediário no acesso da população ribeirinha à rede de urgência e emergência, fortemente impulsionado pelas equipes de saúde que representam essa população e estão lotadas em área urbana; c) o fluxo dos usuários em sofrimento agudo, que demonstrou a fragilidade dos modelos assistenciais para estas situações de urgência e emergência, bem como o protagonismo que os usuários e agentes comunitários de saúde têm que assumir em situações de risco de morte; d) a (ini) equidade e o (des) cuidado persistem como desafios locais que tensionam o cotidiano de vida e dos serviços de saúde; e) o cenário de vida ribeirinho, além de desafiador, demonstrou que a construção de alternativas críveis para o contexto local, requer acima de tudo uma “escuta ribeirinha” e modelos distintos de cuidado para com estas populações; e f) triangular métodos no decorrer da tese se mostrou potência de apreensão da realidade estudada.

  • THIAGO VERISSIMO DE PAIVA COSTA
  • Mal-estar docente vivenciado no ensino superior: considerações sobre pandemia e o ensino remoto.

  • Data: 08/08/2022
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  • O mal-estar docente tem sido compreendido como um processo longo de deterioração do fazer docente, que implica em muitas dificuldades no ambiente educacional, esse processo é resultado de mudanças históricas, políticas, sociais, econômicas e da própria vivência docente que tem repercutido de forma negativa em seu fazer, comprometendo inclusive sua saúde, motivação e engajamento na profissão. Partindo da compreensão do mal-estar docente, questionamo-nos sobre os possíveis efeitos da pandemia e do ensino remoto sobre esse processo, dessa maneira nosso objetivo com esse trabalho foi identificar e analisar o mal-estar vivenciado por professores universitários no ensino remoto emergencial, agravado pela Pandemia Covid 19. Trata-se de uma pesquisa em saúde de abordagem qualitativa, para a qual utilizamos os seguintes instrumentos de coleta de dados: questionário e entrevista semiestruturada. A análise de dados foi realizada por meio da análise de conteúdo. Nossos resultados apontaram tanto para um maior desgaste da profissão, como para adoecimento docente decorrente tanto da pandemia, como do ensino remoto Emergencial. Expressado desde uma intensificação do cansaço profissional até prejuízos mais profundos à saúde, como estresse, ansiedade, problemas na vista e coluna entre outros. Por fim, apresentamos uma proposta de intervenção para promover o bem-estar docente.

  • ELINE FREIRE MONTEIRO
  • Narrativas da invisibilidade: Um estudo psicanalítico sobre as reatualizações contemporâneas do sofrimento psíquico feminino

  • Data: 29/07/2022
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  • Este trabalho busca trazer reflexões acerca dos caminhos abertos singularmente para a
    construção da feminilidade, articulados ao teor de profunda invisibilidade presente nos
    processos contemporâneos de violência de gênero, e para tanto utilizando-se do aporte teórico
    da psicanálise em diálogo com as teorias de gênero, como alternativa para que se destaque a
    positividade da diferença entre estes campos do saber. Apresenta-se uma breve introdução ao
    estatuto da feminilidade para a psicanálise e algumas perspectivas contemporâneas sobre esta
    temática, alcançando o embate entre a psicanálise e as teorias de gênero, nomeadamente a
    teoria da filósofa americana Judith Butler, para se pensar nas interlocuções possíveis entre as
    duas linguagens. A abordagem desta problematização foi realizada a partir de uma
    composição metodológica composta pela apresentação da narrativa do atendimento clínico de
    uma jovem mulher nomeada como Cléo, ocorrido no âmbito institucional da atenção básica
    em saúde aos moldes da escuta psicanalítica, narrativa esta conduzida por meio da ferramenta
    do usuário-guia como bússola para a reflexão. Aliado a este elemento de análise, apresenta-se
    a trajetória da personagem título do romance “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, da
    escritora brasileira Martha Batalha, como ponto de ancoragem para as considerações traçadas
    sobre o sofrimento psíquico feminino como consequência da violência de gênero e de sua
    invisibilidade. Diante dos elementos analisados, com vistas à construção singular da
    feminilidade enquanto possibilidade subjetiva própria ao sujeito, encontra-se saídas pela via
    de uma narrativa da diferença.

  • MÁRCIA ROBERTA DE OLIVEIRA CARDOSO
  • E AÍ COMEÇOU TODA A MINHA ANDANÇA: itinerários terapêuticos em saúde mental a partir da perspectiva de usuários-guias do percurso por cuidados no mix público-privado no Pará

  • Data: 24/06/2022
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  • Este estudo buscou identificar e analisar os itinerários terapêuticos percorridos pelos
    usuários que necessitam de cuidados em saúde mental que utilizam serviços de saúde
    públicos e privados em um município do estado do Pará. Além disso, procurou ainda:
    investigar os múltiplos arranjos que se estabelecem no cotidiano assistencial quando os
    usuários buscam cuidados em saúde mental utilizando os serviços de saúde públicos e
    privados; identificar e analisar as ofertas de serviços e tecnologias de cuidado em saúde
    mental ofertados aos usuários que são atendidos pelos serviços de saúde públicos e
    privados; identificar e analisar as interfaces entre os componentes público e privado do
    sistema de saúde na atenção em saúde mental, bem como avaliar as configurações
    tecnológicas do trabalho que são ofertadas no cuidado em saúde mental no Pará. A
    construção metodológica desta pesquisa, portanto, visou privilegiar o aspecto qualitativo
    e cartográfico, com destaque para o acompanhamento dos itinerários terapêuticos
    percorridos pelos usuários que necessitaram de cuidados em saúde mental e que
    utilizaram serviços de saúde públicos e privados numa perspectiva que foi compartilhada
    com os mesmos, partindo de pontos de vista que estruturaram sua experiência de cuidado,
    mais do que as linhas traçadas nas políticas e protocolos de cuidado. Neste caso, este
    estudo nos convida a um caminhar cartográfico, a partir dos usuários-guias, buscando
    uma perspectiva mais ampla do itinerário que os usuários fizeram nas redes de atenção à
    saúde (pública e privada) e também fora dela, com seus modos de existência e também
    na perspectiva da implicação dos trabalhadores neste caminhar. Além dos usuários-guias,
    outros sujeitos que operaram na produção do cuidado junto aos mesmos, sejam nas
    unidades de saúde ou em outros espaços, também poderiam participar como sujeitos da
    pesquisa, apresentando suas narrativas sobre os usuários-guias. Desde o início, esta tese
    foi pensada e planejada a partir de um projeto que pudesse contemplar a participação de
    vários protagonistas com o objetivo de construírem junto comigo o fazer da pesquisa.
    Nesse sentido, além da participação dos usuários-guias, havia também o desejo da
    pesquisadora em agregar outros atores, como os profissionais da saúde mental, em
    especial aqueles vinculados à Rede de Atenção Psicossocial. Os encontros com os
    usuários-guias e com os profissionais que compuseram a equipe de “pesquisadores
    apoiadores locais” se deram prioritariamente na estação de cuidado – CAPS Renascer.
    Entretanto, os encontros também se deram em outros espaços indicados pelos
    participantes, de acordo com seus itinerários terapêuticos (no caso dos usuários-guias) e
    de acordo com suas práticas de cuidado (no caso dos profissionais). O número de
    encontros variou conforme necessidade identificada pela pesquisadora em conjunto com
    os participantes, considerando os objetivos da pesquisa. A partir da transcrição das
    entrevistas e dos diálogos ocorridos entre pesquisadora e participantes durante os
    encontros e acontecimentos, foram confeccionados para a análise dos discursos os mapas
    dialógicos. Participaram desta pesquisa dois usuários-guias. Foi possível observar que na
    trajetória dos dois casos traçadores, alguns caminhos foram trilhados em comum e outros
    caminhos foram trilhados de forma singular. Compartilharam as principais estratégias
    utilizadas em seus itinerários terapêuticos para que o cuidado em saúde mental fosse
    assegurado. Para isso, utilizaram os serviços prestados pela rede formal de saúde, seja ela
    pública ou privada. Além disso, apresentaram vários recursos que utilizam para lidar com
    os desafios advindos do processo de adoecimento e principalmente nos momentos de
    intenso sofrimento psíquico desencadeando as chamadas “crises”. Os usuários-guias
    utilizaram diferentes recursos para lidar com o início de seu processo de adoecimento.
    Ambos procuraram primeiramente atendimento na rede formal de saúde acessando os
    serviços disponibilizados em seus respectivos planos de saúde. Posteriormente foi que

    tiveram conhecimento de uma rede de atenção psicossocial pertencente à esfera pública.
    Embora utilizassem concomitantemente serviços de saúde públicos e privados na busca
    por cuidados em saúde mental, foi no CAPS, um serviço público, que encontraram maior
    possibilidade de produção de cuidado. Na saúde suplementar, a perspectiva de que o
    cuidado fosse operado a partir de uma clínica reduzida era dada como certa. Pode-se dizer
    que o cuidado ofertado tanto nos serviços públicos quanto nos serviços privados é um
    “cuidado esquizofrênico” e pendular, pois aqui quem recebe o diagnóstico, ou melhor
    dizendo, um CID, é o cuidado ofertado e não o sujeito tratado. O cuidado é
    “esquizofrênico” porque não se observa: um cuidado articulado em linha ou em rede; não
    se observa um cuidado compartilhado entre a equipe que se caracteriza por ser
    multiprofissional, mas que em sua prática, na maioria das vezes, age de forma não
    integrada; não se observa um cuidado baseado em uma clínica ampliada e por fim não se
    observa um cuidado que atenda às necessidades dos usuários e respeite sua singularidade.
    Vale ressaltar que, apesar do cuidado ofertado pelos serviços públicos de saúde,
    principalmente o CAPS, ser notoriamente mais eficaz, resolutivo e humanizado, ainda
    persistem a coexistência de práticas manicomiais em meio a um discurso reformista e
    antimanicomial. O acúmulo teórico e empírico no subsistema público de saúde parece
    constituir cultura e imaginário acerca do modo como devem ser ofertados os cuidados à
    saúde mental. Neste caso, o setor privado deveria ocupar-se das diretrizes previstas no
    setor público. Agora o que é mais preocupante na atual conjuntura é o desmonte da
    política de saúde mental no Brasil. O que antes poderia ser seguido pela esfera privada
    como um modelo ideal de cuidado, a exemplo dos serviços prestados pela rede de atenção
    psicossocial (antes da desfiguração), agora passa a ser uma grande ameaça a partir da
    concretização, ascensão e legitimação do retorno do modelo manicomial. Mais do que em
    outros tempos, é necessário constituirmos uma força de resistência e luta para garantir
    que os serviços públicos em saúde mental continuem organizados de forma a trabalhar
    em rede e linha de cuidado, assegurando um percurso assistencial seguro ao usuário e sua
    família. Quando foi abordado outros aspectos apontados pelos usuários-guias como
    recursos utilizados no cuidado em saúde mental para além da rede formal de saúde, ambos
    deixaram claro que contam com o apoio de amigos e familiares, contam com o apoio de
    outras instituições, como instituições religiosas e, contam ainda com potentes relações
    comunitárias. É inegável que os dois usuário possuíam uma potencialidade incrível para
    lidar com os desafios trazidos pelo processo de adoecimento no âmbito da saúde mental.
    Ambos construíram projetos chamados aqui de projetos de produção de vida, cujo
    objetivo, além de outras coisas, foi estabelecer novos "modos de andar a vida" que dessem
    vazão ao intenso sofrimento psíquico no sentido de ressignificação das experiências
    negativas do padecimento quanto tornar mais suportável e por que não dizer mais alegre
    a própria vida. O mix público e privado referente ao cuidado prestado pelos serviços de
    saúde estava impresso e atravessado nos itinerários terapêuticos dos usuários-guias.
    Ainda é observada no âmbito desses serviços, a coexistência de práticas de cuidado que
    corroboram para os ideais da Reforma Psiquiátrica e outras que ainda reproduzem a lógica
    manicomial, por isso chamei também de “cuidado pendular” fazendo uma relação com o
    movimento de um pêndulo caracterizando a coexistência de práticas ambivalentes.

  • PAULA AFFONSO DE OLIVEIRA
  • "DA IDENTIDADE À INDETERMINAÇÃO: IMPASSES, RUPTURAS E SUBVERSÕES ENTRE FEMINISMO E PSICANÁLISE"

  • Data: 20/06/2022
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  • Psicanálise e feminismo traçam um debate que atravessou o século XX e continua atual, desde Freud e as teses sobre a feminilidade até Lacan e a querela do falo. É nesse campo de interlocução que a presente tese se situa, abordando uma vertente feminista que ganhou força nas últimas décadas: o feminismo identitário. Política identitária foi um termo cunhado na década de 1970 para referir-se aos movimentos sociais que cada vez mais adotavam a identidade como elemento central de organização e reivindicação política. O feminismo identitário, por sua vez, derivou-se dessa política na tentativa de descolonizar suas produções, apontando meandros específicos das minorias que, amiúde, estavam subsumidas nas reivindicações majoritárias do feminismo. Contudo, uma política que surgiu a partir de movimentos contra-hegemônicos foi sendo, paulatinamente, incorporada pelo discurso neoliberal, ao passo que lutas legítimas foram cooptadas e homogeneizadas para atender aos apelos normativos da lógica do capital, perdendo seu caráter de contestação social. Diante desse cenário, indaga-se: como a Psicanálise pode fazer furo em uma política feminista identitária? Para responder a essa questão, propomos duas vias conceituais: as modalidades de laço social e as fórmulas da sexuação. O discurso do capitalista, ao prometer uma completude nunca realmente realizada, ancorada em uma lógica do consumo que, pretensamente, pode tamponar a falta e individualizar o sujeito, surge como aquele que possibilita compreender o fortalecimento de uma política feminista identitária. Enquanto a leitura da sexuação, a partir da lógica da não-relação e do não-todo, permite questionar o princípio de não-contradição que funda a identidade. O feminino emerge, portanto, como ponto de ruptura em uma lógica fálica bem estabelecida, que, ao operar com o furo e o Real, desvela um campo de indeterminação que não permitiria o fechamento identitário do sujeito.

  • DANIELA AREDE COELHO
  • LUTO PERINATAL: IMPLICAÇÕES SUBJETIVAS DIANTE DE UMA NOVA GESTAÇÃO

  • Data: 18/04/2022
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  • Este projeto visa investigar o luto e os efeitos subjetivos em mulheres que perderam seus bebês e se encontraram em uma nova gestação, interrogando os desdobramentos e os efeitos da perda anterior no laço com o feto na gravidez atual, quando a mulher teme vivenciar outra perda. A questão que se coloca, a princípio: Como é estabelecido este laço quando a gestação vem atravessada por um luto fetal anterior? Para responder tal questão, impõe-se pensar no lugar que o filho tem para essa mulher. Para Freud, o desejo de ter um filho está ligado ao complexo de castração, colocando um filho como um objeto capaz de reparar a falta fálica. Lacan também liga à maternidade a castração, afirmando que a criança para a mãe, longe der ser apenas a criança, é também o falo. Ao tomar este valor de falo, ela se identifica com o significante do desejo materno. Nesse sentido, a perda fetal ganha outra dimensão na experiência subjetiva da mulher no que concerne ao feminino. Em psicanálise, a lógica se dá no Um a Um, vale ressaltar que partimos da premissa que há algo de específico no singular de cada mulher durante a vivência de outra gestação. O método que norteou essa pesquisa teve como fundamento o método psicanalítico, que se sustenta no diálogo constante entre a teoria e a prática analítica. Nesse sentido, a problematização do referido estudo partiu de fragmentos de falas de pacientes atendidas numa instituição de atendimento pré-natal a gravidez de alto risco. Considerando a particularidade dos sujeitos em questão. As participantes da pesquisa foram pacientes que vivenciaram perda fetal em gestação anterior. Diante do exposto, este estudo teve como intuito contribuir com articulações teóricas sobre o luto no campo psicanalítico através da teoria e práxis. Para pensar a clínica psicanalítica na perinatalidade, é relevante destacar que há poucas pesquisas no que se refere aos efeitos na subjetividade de mulheres que foram atravessadas por uma perda gestacional diante de outra gestação.

  • SAMANTHA HANNA SEABRA CASTILHO SIMOES
  • PERCEPÇÕES DE REPRESENTANTES RELIGIOSOS SOBRE SOFRIMENTO MENTAL E O CUIDADO NA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

  • Data: 12/04/2022
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  • Sistemas religiosos podem constituir-se como importantes aliados no estabelecimento de redes
    de apoio e vínculos significativos, elementos relevantes para a reabilitação psicossocial de
    pessoas em sofrimento mental. Em contrapartida, a vivência religiosa dos usuários da Rede de
    Atenção Psicossocial também pode interferir na adesão às estratégias de cuidado oferecidas.
    Alguns estudos apontam para a dificuldade de articulação entre os dispositivos da Rede de
    Atenção Psicossocial e da rede intersetorial com as instituições e sistemas religiosos, lacuna
    estruturada a partir de diversas dimensões, como a possível disparidade entre o interesse dos
    sistemas religiosos pela dimensão do cuidado com as pessoas em sofrimento mental e o
    interesse acadêmico pela espiritualidade/ religiosidade/ religiões. Diante disto, este estudo
    objetivou compreender a percepção de representantes religiosos sobre Sofrimento Mental e o
    cuidado na Rede de Atenção Psicossocial com o intuito de contribuir para a ampliação da
    comunicação intersetorial e instauração de modos de cuidado que considerem as pessoas em
    sofrimento mental de modo integral. Utilizou-se como método a pesquisa qualitativa, de
    orientação fenomenológica e análise hermenêutica. Os participantes da pesquisa foram cinco
    representantes religiosos, sendo um de cada sistema religioso: Católico apostólico romano;
    Evangélico de origem pentecostal – Assembleia de Deus; Espírita; Testemunha de Jeová; e
    Umbanda e Candomblé. Foram realizadas entrevistas semi estruturadas, transcritas literalmente
    e analisadas segundo Amedeo Giorgi, a partir de unidades de significação, dando origem a
    quatro eixos – Denominações religiosas e trajetórias de vida na construção do papel de
    representante; Concepções, compreensões e modus operandi no acolhimento da pessoa em
    sofrimento mental; Vivências pessoais e suas repercussões na abordagem em Saúde Mental; e
    Encontros e desencontros com a Rede de Atenção Psicossocial. A partir das articulações
    teóricas entre Fenomenologia da Religião, o fenômeno religioso em Psicologia e Saúde Mental,
    os resultados apontam a necessidade de ampliação da compreensão de representantes religiosos
    sobre Saúde Mental e os dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial, bem como evidencia
    seus interesses pela temática. Este estudo propiciou a aproximação da esfera da Saúde Mental
    com o campo da Religiosidade/ Espiritualidade, podendo favorecer a comunicação intersetorial
    e o cuidado integral para a desconstrução de estigmas sociais e o acesso da comunidade à
    informação, devido potencial multiplicador dos sistemas religiosos.

  • INGRID MESQUITA RODRIGUES
  • NEM TODA MULHER PRECISA SER MÃE! A VIVÊNCIA DE MULHERES QUE OPTARAM POR NÃO TER FILHOS

  • Data: 06/04/2022
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  • A sociedade contemporânea é palco de diversas transformações no que diz respeito à mulher. Antes circunscrita aos espaços privados, onde cumpria com os “seus deveres” de esposa e mãe, a mulher foi, gradativamente, ganhando espaço na esfera pública, descobrindo novas possibilidades que a permitiram ser para além da maternidade. Um exemplo disso é a mulher que hoje pode optar por não ter filhos. Essa opção vem crescendo significativamente e, com isso, ganham importância as pesquisas que abordam essa temática. Desse modo, a presente pesquisa objetiva discutir sobre a vivência de mulheres que optam por não ter filhos. Partindo de uma pesquisa qualitativa, foram entrevistadas sete mulheres cis-heterossexuais, a partir dos 18 anos de idade, que optaram por não ter filhos e que possuem um perfil na rede social Instagram sobre a não maternidade. As participantes foram contatadas a partir das redes sociais. As entrevistas seguiram o modelo semiestruturado e foram realizadas através de um software nomeado como Skype. Para a análise das informações, este estudo utilizou a análise de conteúdo de Bardin (2016). Os resultados apontam que a maternidade é percebida pelas mulheres entrevistadas como uma decisão que deve ser racional e pautada em uma visão realista. Elas questionam a divisão desigual dos cuidados maternos, a maternidade compulsória e a falta de discussões a respeito da decisão por não ter filhos. A opção pela não maternidade se mostrou um processo heterógeno. Pode ser tomada na infância ou na vida adulta, podendo ter ou não motivações. Essa opção carrega um peso social que se inclina mais significativamente para a falta de aceitação do que para o apoio. Dessa forma, concluiu-se que a decisão por não ter filhos é complexa e multifacetada e que pode ser socialmente difícil.

  • ROBERT DAMASCENO MONTEIRO RODRIGUES
  • QUANDO FALAM OS RIOS DA AMAZÔNIA: um estudo na Psicologia Social Crítica sobre a produção de atingidos por grandes projetos em Barcarena, Pará.

  • Data: 31/03/2022
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  • Este trabalho tem como objetivo analisar como são produzidos os atingidos por grandes projetos no município de Barcarena, no Pará. Para tanto, realizei pesquisa de campo, lançando mão da observação participante e de entrevistas semiestruturadas com quatro atingidos e atingidas moradores de diferentes comunidades barcarenenses; juntamente, fiz uso do diário de campo, da revisão bibliográfica e da análise documental, integrando a metodologia da pesquisa que foi, por sua vez, orientada pelos pressupostos teórico-metodológico-políticos do materialismo histórico-dialético. No desenvolvimento da investigação, vali-me de categorias eminentemente marxianas, como determinação e sobredeterminação, mercadoria, ideologia (ou superestrutura) e base econômica para, no diálogo com a vertente marxista da psicologia social crítica, fundamentar o uso analítico de categorias como subjetividade e objetividade, individualidade e coletividade, modos de vida e meios de vida para a análise da produção dos atingidos. Deste modo, no nível da exposição, fiz o movimento de partir dos atingidos reais, que participaram como interlocutores da pesquisa, apresentando-os a partir de suas histórias, trabalhos, experiências e aprendizados para, na sequência, apresentar a análise de como forças materiais mais gerais do capitalismo, tais como a produção de mercadorias, determinam a estruturação dos grandes projetos na Amazônia, em Barcarena e, em última instância, a produção de atingidos. Em seguida, expus as transformações nos modos de vida dos habitantes locais de Barcarena desencadeadas pelos grandes projetos, considerando estes desde seu anúncio e chegada, passando pelos seus diversos crimes cometidos no
    município até os novos grandes projetos que vêm chegando na região; por fim, apresentei as análises de como as transformações nos modos de vida dos atingidos pelos grandes projetos ocorrem no nível subjetivo e objetivo, individual e coletivo, articulando a base material e a superestrutura ideológica, a partir de dimensões como o trabalho, a saúde, a violência, a cultura e a resistência. Concluo afirmando que esta pesquisa, apesar de suas lacunas que suscitam aprofundamentos posteriores, pode contribuir para a práxis transformadora da realidade, por parte da psicologia, ao suscitar acúmulos para uma conceituação de atingido verdadeiramente ampla e voltada à garantia dos direitos das populações atingidas por grandes projetos.

  • BÁRBARA ARAÚJO SORDI
  • GRUPOS DE ESTUDOS FEMINISTAS EM ESPAÇOS UNIVERSITÁRIOS E AS INSURGENTES TESSITURAS NA DESCOLONIZAÇÃO DA PSICOLOGIA

  • Data: 25/03/2022
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  • Esta tese teve como objetivo a pesquisa acerca da experiência de grupo de estudos feministas no ambiente acadêmico como um dispositivo para promoção de Psicologia Feminista Contracolonial. Para tal, buscou-se verificar a percepção das participantes do grupo sobre os efeitos dos encontros em relação a imagem de si e nas relações sociais, assim como a percepção destas quanto ao curso de Psicologia e sobre seu impacto no âmbito profissional. Assumindo a problematização contracolonial em relação colonialidade de poder-ser-saber e colonialidade de gênero frente a Psicologia, e amparando-se em reflexões de autoras feministas negras, latinas, indígenas e decoloniais, a metodologia da pesquisa foi a cartografia, por considerar a subjetividade da pesquisadora e integrantes, e a inseparabilidade da pesquisa e ação, produzindo as informações em diários de campo e entrevista com cinco integrantes. Como resultados, verificou-se que o grupo se apresentou como um dispositivo para descolonização do corpo e de afetos, posto que as integrantes passaram a descolonizar o espelho hegemônico branco ao se reconhecerem como corpos políticos, negros e brancos, evidenciando, desse modo, o racismo e branquitude; assim como passaram a descolonizar a matriz colonial de gênero, ao identificar e ressignificar processos relacionais assimétricos e de violência, silenciamentos, inseguranças quanto ao padrão estético, performance feminina – passando por aspectos de cuidado como alimentação e prazer sexual – e dispositivo amoroso, constatando mudanças quanto emocionalidades, posições sociais e relação consigo e entorno, assim como encontraram a possibilidade de descortinar violências sexuais encontrando no espaço um ambiente seguro e de caráter testemunhal. Quanto à psicologia, verificou-se a descolonização de conceitos universalizantes, maior comprometimento político e compreensão crítica quanto a colonialidade de gênero e subjetividade, com tensionamentos quanto compreensões diagnósticas, sintomas, transtornos, condução terapêuticas, compreensões teóricas e produção científica. Dessa forma, verifica-se a importância da implicação e assunção da psicologia enquanto dispositivo político e espaço de poder, sendo necessária reformulações quanto ao ser, fazer que levem em consideração compreensões acerca da colonialidade de gênero e assuma descolonização de práticas tradicionais importadas, a fim de propiciar novas configurações, sendo os grupos de estudos feministas e de gênero dispositivos que possibilitam ressignificações para Psicologia, enquanto ciência e profissão, mas também afetam e transformam, de forma singular e por meio do coletivo, a vida de integrantes, permitindo um novo reflorestamento de afetos, mais próximo do bem-viver. Ressalta-se, portanto, a importância de disciplinas e/ou grupos que assumam tais proposições nas formações de Psicologia por constatar a efetividade dos efeitos de tais práticas em suas participantes.

  • ANA CAROLINA MONTEIRO DOS SANTOS DE ALCÂNTARA
  • A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA CONTRA POVOS TRADICIONAISDETERREIROS

     
  • Data: 22/03/2022
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  • A intolerância religiosa é um fenômeno presente no cenário mundial, marcadopor umconjunto complexo de significados atribuídos as experiências discriminatórias. NoBrasil ospovos tradicionais de terreiros recebem com maior incidência o impacto de seus efeitos, oquecontribui para o crescimento de casos denunciados, por violações, predominantemente, denatureza psicológica. O objetivo desta pesquisa foi o de estudar a intolerância religiosacontrapovos tradicionais de terreiros. Para isso, foi realizada uma análise exploratória de abordagemqualitativa fenomenológica, tendo como estratégia de pesquisa o estudo da literaturaemartigos científicos e, o estudo documental em documentos públicos governamentais enãogovernamentais. Para tratamento dos dados, se utilizou o método e as técnicas de análisedeconteúdo de Laurence Bardin (2011), sendo os documentos os instrumentos escolhidoscomofonte e armazenamento de informações, a análise categorial a técnica utilizada para análisedeconteúdo e, a triangulação dos resultados obtidos que considerou regras de homogeneidade,heterogeneidade e singularidades, revelando um universo considerável de significadosediscussões acerca do fenômeno estudado. Concluiu-se que a intolerância religiosaéumfenômeno multifatorial, multidimensional e complexo, com um conjunto de significadosrelacionado a processos de reconhecimento dos povos tradicionais de terreiros, nosquaisnoções ambivalentes sobre tolerância e intolerância religiosa se tornaramocernedeconcepções, modelos de conduta e normas de convívio social. Além disso, identificou-setipose níveis de comportamentos discriminatórios de cunho religioso na dimensão do pensar, sentire agir associados a tensões históricas em vários aspectos da vida humana, como: político,jurídico, social, ideológico, cultural, psicológico e etc, que contribuírampara acentuardificuldades de convivência e aceitação da diversidade religiosa e cultural, entre os diversosgrupos religiosos e minorias etnicas e raciais, com impactos na saúde mental e nocampoeducacional das sociedades, setores imprescindíveis para o enfrentamento da intolerânciareligiosa e do racismo religioso

  • LUANA SOUZA DE DEUS NETO ALMEIDA
  • As possíveis reverberações no primeiro ano de vida do laço mãe-bebê após vivência de situações potencialmente traumáticas no período gravídico-puerperal

  • Data: 16/03/2022
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  • A maternidade é atravessada por aspectos fisiológicos, afetivos e sociais. Está marcada por uma cultura e é construída a partir de diferentes modelos identificatórios. No momento do nascimento da criança, é importante observar que há também uma mãe recém-nascida, às voltas com inúmeros questionamentos e dilemas imputados pelo exercício da maternidade, que poderão ter efeitos na relação com o bebê e na operacionalização da função materna. Sendo assim, diante desse alto grau de complexidade inerente à vivência da maternidade, a travessia de situações que promovem grande mobilização afetiva durante a gestação pode impactar na vida psíquica da mulher, interferindo na construção da relação materno-filial. Diante desta problemática, o objetivo deste trabalho foi analisar as possíveis reverberações no laço mãe-bebê em casos em que tenha havido vivência de situações potencialmente traumáticas durante a gestação, a saber, a pandemia de Covid-19, a perda gestacional anterior e perdas de entes queridos durante a gestação e/ou puerpério. Como objetivos específicos, pretendeu-se analisar se o processo de elaboração da vivência traumática está ocorrendo; identificar os processos psíquicos maternos, mais ou menos inconscientes, que se refiram à posição da mãe na/em relação ao bebê; analisar as possíveis repercussões psíquicas e/ou no desenvolvimento no primeiro ano de vida do bebê. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi do tipo clínicoqualitativa, que tem como ponto de partida os sentidos e significados dos fenômenos. No que se refere ao período de sequenciamento, esta pesquisa foi do tipo longitudinal, tendo sido utilizados como instrumento de coleta três Roteiros de Entrevista Semiestruturada, Roteiro de Observação do Par Mãe-Bebê e o instrumento de leitura do laço – Indicadores Clínicos de Referência para o Desenvolvimento Infantil (IRDI) –, considerando as especificidades das faixas etárias entre 0 e 4 meses, 4 e 8 meses e entre 8 e 12 meses de idade, respectivamente. A amostra foi composta por 4 pares de mães com seus bebês, sendo as mães com idade superior a 18 anos e que vivenciaram uma ou mais situações consideradas nesta pesquisa como potencialmente traumáticas. Posteriormente, a partir do referencial psicanalítico, empreendeuse a leitura sistemática do material coletado o qual foi analisado por meio da análise de conteúdo, gerando a construção de sete categorias temáticas. São elas: 1) Conhecendo as participantes - mães; 2) Histórias dos laços mãe-bebê; 3) Conhecendo os participantes - bebês em seus laços; 4) Reatualização do infantil da mãe; 5) Preocupação excessiva e/ou exclusiva com os cuidados corporais; 6) Especificidades do suporte familiar; 7) Ideal de filho e de maternidade. Esta pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. A partir da análise dos dados, as reverberações no laço, ou seja, no que afeta ambos, foram contornadas a partir dos recursos psíquicos das mães e dos bebês entrevistados e da mínima rede de suporte que estas mulheres poderiam contar. Embora tivesse uma hipótese inicial de que fatores externos e objetivos, potencialmente traumáticos, pudessem provocar um impacto na relação mãe-bebê, foram identificadas prioritariamente questões inerentes a realidade psíquica e ao infantil das mães repercutindo no laço. Esta pesquisa visou contribuir com a ampliação da reflexão acerca da complexidade da vivência da maternidade em contextos adversos, colaborando para fins de planejamento de ações nos níveis terciário, secundário e primário do campo da Saúde com vistas a melhorar a qualidade de vida, reduzir o sofrimento psíquico e ampliar possibilidades de políticas de Saúde Coletiva voltadas às famílias.

  • JOAO PAULO NOGUEIRA DA SILVA
  • Fatores Legais do Trabalho e Estresse Ocupacional dos Profissionais da Saúde Forense: metassíntese

  • Data: 07/03/2022
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  • A pesquisa investigou os fatores legais do trabalho no estresse ocupacional de profissionais de saúde forense. O objetivo foi descrever como os fatores legais do trabalho se relacionam com o estresse ocupacional dos profissionais de saúde forense. Secundariamente, buscou-se identificar os principais fatores do trabalho que constituem estressores ocupacionais dos profissionais de saúde forense. Foi realizada revisão sistemática da literatura com metassíntese de abordagem narrativa dos dados, baseada nos parâmetros do método Cochrane e PRISMA-P, com onze artigos recuperados nas bases de dados APA PsycNet, Web of Science, Scopus, PubMed, Oxford Journals e ScienceDirect, entre o período de 1987 a 2020 a partir dos descritores saúde mental, psiquiatria forense, pessoal de saúde, estresse psicológico. Como resultado, os estressores ocupacionais que afetam os profissionais de saúde forense podem ser divididos em categorias psicológicas, organizacionais e legais. A concepção teórica dos estressores ocupacionais é multifacetada como a organizacional, psicológica e legal, pois avalia, analisa e enfatiza um desses aspectos dos estressores ocupacionais, a depender da teoria. Concluiu-se que as evidências demonstram que os estressores ocupacionais legais do trabalho influenciam diretamente o processo de saúde-doença dos profissionais da saúde forense em relação a sua saúde mental.


  • HADASSA MILENE COELHO DE ALMEIDA
  • TRAJETÓRIAS DE VIDA E VÍNCULOS AFETIVOS: O PAPEL DA REDE DE APOIO SOCIAL NA GRADUAÇÃO

  • Data: 14/02/2022
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  • A presente pesquisa buscou refletir e compreender como as redes de apoio social e vínculos
    afetivos auxiliam na trajetória durante a graduação do discente em um campus da UFRA no
    interior e que decidem fazer o curso superior longe de suas famílias e da sua cidade de
    origem. O objetivo geral foi analisar qual o papel da rede de apoio e vínculos afetivos durante
    a trajetória na graduação na UFRA, Campus de Capitão Poço. E os objetivos específicos
    foram: descrever quais são as potencialidades e vulnerabilidades de se graduar em outra
    cidade e longe da família; identificar quais as redes de suporte social contribuem para a
    permanência do discente na graduação; apresentar qual a importância do setor de assistência
    estudantil, na visão do discente que se encontra longe da família. A pesquisa teve como
    método a história de vida, um tipo de pesquisa biográfica, que consiste em uma investigação
    que prioriza a informação do entrevistado e que haja um vínculo entre pesquisador e
    pesquisado estabelecendo uma relação de confiança. Para a análise dos usados foi usado a
    análise de conteúdo da Bardin. Para fundamentar a pesquisa foram usadas as referências que
    abordam a teoria do apego de John Bolwby, relações líquidas de Bauman, Marilena Chauí que
    apresenta o ser humano como um ser social, e Coob que apresenta o conceito de rede de apoio
    social. Os dados foram organizados em seis categorias a partir das narrativas das
    participantes: 1) trajetória escolar antes da Graduação e o que levou a buscar o Ensino
    Superior; 2) Saída de casa, as expectativas e as dificuldades de estudar em um Campus do
    interior; 3) a importância da assistência estudantil e o que pode melhorar; 4) graduação em
    tempo de pandemia; 5) momentos de superação no decorrer da graduação; e 6) o que o
    discente encontrou na rede de apoio social para fortalecer durante a graduação e quais
    vínculos afetivos contribuiu para a trajetória na universidade. Falar sobre rede de apoio social
    e vínculos afetivos na graduação foi um desafio difícil, pois ainda há poucas pesquisas que
    abordam esse tema. E é um assunto que precisa ser olhado com mais seriedade, pois se muitos
    alunos estão adoecendo durante o período da faculdade, é porque sua rede de suporte e seus
    vínculos afetivos podem estar fragilizados. Os resultados apontam para a necessidade de
    compreensão dos fatores de adoecimento mental dos discentes e para a importância das redes
    de suporte que os mesmos têm buscado e quais vínculos afetivos despontam nessa jornada.
    Da mesma forma, a pesquisa ressalta o papel da Assistência Estudantil no contexto do ensino
    superior, tanto como rede de apoio acadêmico e sócio-afetiva desde o ingresso até a
    manutenção de graduandos no ensino superior, sobretudo num contexto pandêmico o qual
    este estudo foi realizado.

2021
Descrição
  • LUCAS MACIEL CORDEIRO
  • A ARTICULAÇÃO ENTRE A ANGÚSTIA E A CONSTITUIÇÃO DO EGO NO PENSAMENTO DE JEAN-PAUL SARTRE

  • Data: 13/12/2021
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  • A presente dissertação tem o objetivo de discutir a articulação da angústia com a constituição do Ego no pensamento de Jean-Paul Sartre, principalmente o que encontramos nas obras O Ser e o Nada, A Transcendência do Ego e A Náusea. Buscamos demonstrar a importância da angústia no pensamento sartriano, evidenciando sua característica denunciante da injustificabilidade da existência e reversibilidade do projeto. Para tanto, empreendemos uma pesquisa bibliográfica abrangendo os textos sartrianos que discutem a ontologia da angústia e suas articulações com a constituição – sempre inacabada – da subjetividade. Com essa pesquisa bibliográfica, percebemos que a angústia está sempre presente como sinalizadora do fundo de nada constituinte do ser do existente. Compreendemos que, a todo momento, quando o existente trilha seu projeto em determinado caminho, está sob o risco de não o trilhar mais. Segundo o caminho que construímos nesta pesquisa, o romance A Náusea nos apresenta uma estrutura narrativa em que é possível experimentar – em algum nível – os momentos em que a vida se torna angustiante e o Ego ameaça ruir, para mais tarde, abrir-se diante de novas possibilidades de ser. Nesse sentido, uma psicologia fenomenológica não pode deter-se nas teorias e concepções prévias acerca do que se investiga; se o objeto da psicologia é a subjetividade, é necessária uma atitude implicada em deixar-se guiar pelo próprio objeto investigado. A psicologia fenomenológica tem em mãos o desafio de sustentar um pensar que leve em conta a experimentação mais originária e angustiante da vida. Isto considerando o desvelamento daquilo que pode ser captado de mais fundamental na experiência da angústia e acompanhando os desdobramentos de uma subjetividade mais tardia, que está em função da mobilidade nadificadora do existente.

  • CRISTAL REBOUÇAS CARVALHO BRAGA
  • QUANDO OS TROPEÇOS NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM FALAM: a importância da escuta do sintoma na prática fonoaudiológica.

  • Data: 10/12/2021
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  • Em consonância com a literatura recente, a clínica com pequenas crianças tem demonstrado que o fonoaudiólogo muitas vezes é o primeiro profissional a ser consultado quando os pais observam um sinal bastante evidente: a não emergência da fala. Desse modo, o presente estudo pretende refletir sobre a clínica fonoaudiológica com crianças a partir de uma prática atravessada pelos pressupostos teóricos da Psicanálise. É apresentado um breve panorama da Fonoaudiologia enquanto ciência que, entre muitas possibilidades de diálogos teóricos, encontra campo fértil na interface entre Linguística e Psicanálise, a exemplo da produção teórica do Interacionismo Brasileiro conforme proposto por Cláudia de Lemos. A partir de tal referencial teórico, três vinhetas clínicas são descritas com base nos registros do acompanhamento fonoaudiológico de crianças atendidas em consultório particular, que apresentavam as seguintes hipóteses diagnósticas: atraso de aquisição de linguagem, transtorno de linguagem e dificuldades de interação social. Desse modo, a pesquisa documental dos prontuários e da produção clínica dos referidos pacientes subsidiou a análise de uma amostra da clínica fonoaudiológica, articulada aos indicadores que compõem o instrumento de Acompanhamento Psicanalítico de crianças em Escolas, Grupos e Instituições - APEGI. A seguir, foi realizada uma discussão a partir das marcações APEGI e das noções de posições da criança na Linguagem, formuladas por Lemos (2002): especularidade, complementaridade e reciprocidade. Ao final dessa dissertação pode-se concluir que a não emergência da fala pode estar associada a entraves psíquicos, e que uma escuta que leva em conta a subjetividade, somada ao uso do instrumento APEGI pelo fonoaudiólogo quando percebe que "algo não vai bem" na constituição psíquica da pequena criança, pode auxiliá-lo a recolher material clínico que facilite a comunicação entre os profissionais envolvidos no caso, o que por sua vez potencializa os resultados dos trabalhos de todos. Nesse sentido, ressalta-se que a articulação entre Fonoaudiologia e Psicanálise em uma via de diálogo interdisciplinar na sua interseção - a palavra - , amplifica os recursos que a criança já tem, em vez de supervalorizar suas dificuldades, patologizando-as.

  • JOSÉ DE ARIMATÉIA RODRIGUES REIS
  • Estratégias de sobrevivência e movimentos de vida: práticas de redução de danos e autocuidado no discurso de pessoas que usam drogas em situação de rua em Belém/PA.

     

     

     

     

     


  • Data: 30/11/2021
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  • Nesta pesquisa, buscou-se analisar os discursos de pessoas que usavam drogas em situação de rua na cidade de Belém/PA, nas suas práticas cotidianas de sobrevivência realizadas nos espaços urbanos por onde circulavam, em relação à utilização das estratégias de redução de danos e autocuidado nas ruas, e em possíveis interfaces com as políticas públicas na procura por ações governamentais, ou ainda buscando novas possibilidades de vida na complexidade da cidade, verificando quais formas particulares de produção de movimentos de vida são possíveis no uso de drogas a partir dos contextos da situação de rua. Para tal, fez-se antes uma discussão de algumas das relações entre o modelo de sociedade contemporânea e possíveis influências associadas à ocorrência dos fenômenos do consumo de substâncias psicoativas e das situações de rua, frequentemente aproximados entre si na literatura especializada, e creditados à vulnerabilidade social, à marginalização ou a estigmas sociais diversos, aliados ainda a práticas proibicionistas e diferentes formas de governamentalidade. Discutiu-se também sobre quais práticas de resistência seriam possíveis às estratégias de dominação e controle das produções de subjetividade e da sobrevivência nos cenário urbanos, aos potentes e poderosos discursos vigentes, aos muitos estigmas existentes e às políticas geradoras de desigualdades largamente adotadas. Travou-se, por outro lado, o debate sobre as políticas públicas vigentes, incluindo as políticas de drogas e da população em situação de rua, bem como acerca da estratégia de redução de danos em suas características e sobre o seu surgimento entre nós e em outros países, além das possibilidades de autocuidado nas ruas pelas pessoas que utilizam substâncias, através dos seus modos de circulação na cidade, nas modalidades próprias de sobrevivência engendradas e/ou nas formas particulares de produzir movimentos de vida. A pesquisa se fundamentou no método de análise das práticas discursivas, e na escolha do campo- tema pessoas que usam drogas em situação de rua, em que se pretendeu contribuir para ampliar o escopo da psicologia social acerca do estudo de temas atuais relevantes, procurando situar as complexas e contraditórias relações entre o uso de drogas, a redução de danos, a política de drogas brasileira, e as políticas públicas de cidadania e garantia de direitos, tais como de pessoas em situação de rua. Constatou-se no estudo que as pessoas que faziam uso de drogas e viviam nas ruas de Belém/PA possuíam estratégias peculiares de sobrevivência e de relação com os espaços urbanos e os cenários de uso da cidade, às vezes mostrando expressiva capacidade de autocuidado consigo mesmas, até chegando a praticar estratégias de redução de danos de forma espontânea ou intuitiva nas ruas. Apareceram, ainda, certas interfaces com as políticas públicas, principalmente de saúde e assistência social, na procura e/ou no encontro eventual com algumas modalidades de tratamento de doenças, assim como do cuidado pela redução de danos ao uso de substâncias, mesmo durante o uso problemático, e em circunstâncias sociais muito adversas, quando em meio às narrativas de extrema privação de direitos nas ruas da cidade, mas também de enfrentamento das vulnerabilidades, como possíveis resultados de opções de vida ou escolhas próprias, surgiram nos relatos dos participantes circunstâncias relacionadas a uma espécie de exaustão atingida nas diferentes trajetórias pessoais que os levaram ao uso de drogas nas ruas, a desejos frequentes de sair da condição na qual se encontravam, culminando em movimentos de mudanças de vida por parte de alguma das pessoas entrevistadas, comumente após longos anos fazendo uso de substâncias, e permanência significativa em situação de rua.

  • PATRICIA DO SOCORRO DAIBES OLIVEIRA
  • Suicídio de Mulheres e Autópsia Psicológica: Revisão de Literatura

  • Data: 29/11/2021
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  • A autópsia psicológica configura-se como um método essencial para o alcance de elementos psicológicos associados ao suicídio. Esta pesquisa objetiva compreender teoricamente e sistematizar estudos acerca de autópsias psicológicas realizadas para casos de suicídios de mulheres, visto estas serem o grupo mais propenso ao ato de tirar a própria vida. Trata-se de uma revisão de literatura dividida em duas partes: a primeira corresponde a um estudo teórico sobre a autópsia psicológica e seu uso quanto ao fenômeno do suicídio, e a segunda a uma revisão sistemática com metanálise a fim de identificar os métodos mais comumente utilizados e analisar as principais características psicossociais encontradas em mulheres suicidas. A revisão foi conduzida nas bases de dado APA PsycINFO, Scopus, Cochrane, PubMed Central e Embase com os descritores [autopsy], [suicide], [woman], [girl] e [female]; foram considerados os estudos publicados no período entre 2016 a 2021. Os resultados encontrados na metanálise sugerem alta heterogeneidade entre os estudos. Os da metassíntese, por sua vez, apontam uma variedade de fatores de risco associados ao suicídio de pessoas do sexo feminino.

  • MARCIA FERNANDA DE MELLO MENDES
  • Castellers e mandalas na saúde mental: cartografia da participação em primeira pessoa nas politicas de cuidado.

  • Data: 04/11/2021
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  • Ao longo dos séculos, tanto no Brasil quanto na Espanha, diferentes modos de tratar a doença mental foram conhecidos. A transformação do modelo de atenção em saúde mental de um formato asilar- institucional para estratégias preventivas e comunitárias, visando a promoção da saúde mental individual e coletiva, mostrou-se como um desafio, tendo a participação cidadã como um aspecto fundamental para a criação de novas políticas e busca de mudanças de paradigmas na saúde mental. Nesse contexto, realizo uma análise da participação em primeira pessoa na saúde mental, trançando aproximações e distanciamentos entre as políticas de saúde mental do Brasil e da Catalunha, além dos modos de participar nos dois países. Utilizo a metáfora do casteller e da mandala como representação da participação e organização cidadã entre os dois países. Para isso, realizei uma etnografia na Federació Catalana de Entitats de Salud Mental en 1ª Persona (Veus), um conjunto de entidades criadas e dirigidas por pessoas com diagnóstico de saúde mental que têm unido forças para promover e fortalecer o movimento associativo na primeira pessoa, garantindo seus direitos e que a sua voz influencie nas políticas públicas. A investigação tem a perspectiva cartográfica, fazendo uso dos seus pressupostos para se relacionar como campo de pesquisa e a compreensão do que emerge desse território. Uma das principais características da perspectiva cartográfica é que, ao buscar entender os processos que ocorrem nesse campo de estudo, não há intenção de produzir uma análise representacional da participação em primeira pessoa na saúde
    mental, pois se analisam as linhas de força que compõem o campo da pesquisa e como traçar um plano
    comum entre pesquisador e pesquisados. O termo em primeira pessoa, que identifica a Federação, é comumente utilizado na Espanha e se refere aos indivíduos que vivem uma problemática grave em saúde mental, os quais ultrapassam o papel de paciente para o papel de agente da sua existência, participando das decisões da sua própria vida e das políticas públicas. Primeira pessoa é uma condição, ao mesmo tempo, individual e coletiva. É o reconhecimento de um saber que vem da experiência e se soma a outros saberes, mas que não se reduz à abstração estigmatizante do diagnóstico biomédico. Nesse sentido, em primeira pessoa ocupa um papel muito semelhante ao conceito usuário (do SUS) como é usado no Brasil, também cunhado como reação ao papel do “paciente” do saber/poder biomédico. Eles são dispositivos para provocar outros olhares, tanto nas situações cotidianas, quando exibem com orgulho que ter um diagnóstico não determina quem eles são, ou ao ocuparem outros espaços políticos, em busca de produzir outros conhecimentos e disputar discursos sobre a doença mental nos saberes vigentes. Na Catalunha, o movimento associativo tem um papel relevante como forma de participação da sociedade civil. A partir da necessidade de agrupar forças, coordenar ações e melhorar o intercâmbio de informações, criam-se federações que aglutinam e representam associações com objetivos afins. Entretanto, o modelo de subvenção, que permite às entidades em primeira pessoa terem autonomia e proporem soluções para os problemas que percebem, também produz uma engrenagem administrativa de dependência. Se possibilita a participação direta, mas se delegam ações de cuidado a entidades da sociedade civil. Por outro lado, este ciclo também limita o escopo de reivindicação das entidades em primeira pessoa, que precisam responder às demandas para fazer jus às subvenções. Nesse ciclo, algumas entidades parecem mais com umas “caçadoras” de subvenção, perdendo a potência da incidência política que assegura a expressão das condições de diversidade das pessoas com problemas de saúde mental. Muitas vezes, adotam diretrizes e princípios de desempenho que as aproximam de um funcionamento empresarial e não sociopolítico. O que é um paradoxo, porque a lógica capitalista é um dos dispositivos de exclusão na saúde mental, pela dificuldade de adequarem-se ao mercado de trabalho, com horários rígidos, sobrecarga laboral, índices de desempenho etc. Mesmo com essas ambivalências, ao fazerem parte de uma associação ou se tornarem ativistas da saúde mental, pessoas que foram estigmatizadas encontram um outro papel social, a partir do qual podem mostrar quem são, sem esconder sintomas, diagnósticos, medos, sonhos e desejos. Além disso, as atividades oferecidas lhes permitem descobrir gostos e habilidades que vão compondo essa nova identidade, que por mais que se relacione à doença mental, não está colada e limitada na enfermidade. Contar suas histórias, fazer testemunho, dar aulas para profissionais da saúde, faz com que elas possam revisitar suas trajetórias e terem orgulho do caminho que estão trilhando na adversidade imposta por uma sociedade manicomial. Na metáfora inicial, o movimento entre castellers, representado por uma política pública consolidada num estágio avançado de experimentação do estado de bem-estar social, e o das mandalas, representado por uma dinâmica de conquistas cotidianas para as políticas e para a inclusão, representa também um ciclo de renovação, que pode ampliar ou reduzir o espaço do protagonismo das pessoas sob cuidado e dos discursos que os assujeitam ao saber especializado. Assim, pode-se dizer que esse movimento se põe em curso com iniciativas de participação e abertura à descoberta, ao que a análise das duas experiências contribui com o estranhamento recíproco.

  • JESSICA MODINNE DE SOUZA E SILVA
  • RESISTÊNCIA BORDADA: AS ARPILLERAS DAS MULHERES ATINGIDAS POR BARRAGENS

  • Data: 06/10/2021
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  • Falar sobre as mulheres que não residem em áreas urbanas parece se equiparar a um
    pedido de silêncio em alguns espaços. O apagamento trazido por esta práticas
    homogeneizantes coaduna com o não dito, com o que deve ser calado. Em vista dessas
    problematizações, questiona-se: os saberes das mulheres, que não são parte de lutas
    feministas de características urbanas, não possuem valor para as lutas feministas que se
    constituem na Amazônia e para além dela? É possível pensar em um feminismo à
    brasileira? E em um feminismo amazônico que privilegie o nosso território como centro
    dos debates? Para quais corpos esses feminismos se dobram nas dinâmicas de
    reconhecimento da heterogeneidade? Para pensar nestas questões, proponho como foco
    as atividades artesanais das mulheres atingidas por barragens devido ao teor
    profundamente territorial e comunitário de seus trabalhos com as arpilleras. Esta
    pesquisa buscará construir uma analítica sobre a(s) violência(s) contra a mulher(es)
    narrada(s) pelas integrantes do Movimento de Atingidos por Barragens através dos
    bordados que compõem a exposição “Arpilleras – Bordando a Resistência”. Para tanto,
    aponto como objetivos específicos: 1) esquadrinhar a história da construção do
    Movimento de Atingidas(os) por Barragens – MAB, sobretudo em sua ala formada por
    mulheres; 2) esquadrinhar a história que compreende a confecção de Arpilleras na
    América Latina; 3) problematizar a relação entre a colonialidade, corpo-território e a
    produção de violência narrada pelas mulheres do MAB. Para subsidiar tais objetivos,
    farei uso das perspectivas metodológicas da Arqueogenealogia foucaultiana e da
    Cartografia de Gilles Deleuze e Félix Guattari, mirando, paralelamente, na História
    Cultural e na sua relação com pesquisa documental. O Brasil é o país da América Latina
    com maior extensão e também com uma das maiores pretensões de se achar em
    condições de aplicar estratégias econômicas de outros contextos sócio-históricos. As
    vivências que atravessam as narrativas das arpilleras se constrói no bem-viver e na
    militância política. As violências que sofrem são frutos de políticas neoliberais e de
    colonialidade de seus corpos-territórios, portanto, de relações capitalistas que
    fragmentam e enquadram suas vidas em uma série de precariedades.

  • FERNANDA NAZARÉ DA LUZ ALMEIDA
  • PERCEPÇÕES DE SI: estudo sobre saúde mental dos agentes prisionais na cidade de Belém/PA

  • Data: 05/10/2021
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  • Esta pesquisa teve como objetivos analisar a relação entre o trabalho realizado no sistema
    prisional e a saúde mental do agente prisional em Belém/PA, identificar o sofrimento
    psíquico advindo do cotidiano da atividade profissional e descrever as diversas doenças
    existentes no grupo dos agentes prisionais e suas correlações com as atividades do
    cotidiano profissional. A metodologia escolhida constitui-se em uma abordagem
    qualitativa, que permitiu à pesquisadora adentrar a realidade individual da pessoa e
    acessar o modo como ela significa a sua experiência. A investigação qualitativa foi
    através das entrevistas semiestruturadas com 5 servidores da Secretaria de Estado de
    Administração Penitenciária – SEAP, ocupantes do cargo/função de agentes prisionais,
    sendo que realizadas de maneira remota/virtual. Também foi utilizada para coleta de
    dados, investigação em documentação do Ministério da Justiça, DEPEN (Departamento
    Nacional Penitenciário) e em Lei estadual e Federal. A pesquisa documental proporciona
    ao pesquisador dados relacionados à instituição, geralmente material elaborado por ela
    mesma, ou consultorias, em oportunidades passadas. O método de análise utilizado foi a
    análise de conteúdo da Bardin. A interpretação dos dados coletados foi através da
    transcrição das falas dos sujeitos. Após a transcrição das entrevistas, o passo seguinte foi
    a ordenação dos conteúdos no intuito de destacar os pontos mais importantes e mais
    significativos que facilitou a classificação das falas, ou seja, o discurso dos sujeitos,
    possibilitando ao final a categorização dos dados. Foram estabelecidas em 5 (cinco)
    categorias: Forma de ingresso, percepção e avaliação do trabalho prisional; Olhares sobre
    a conjuntura laboral e as experiências vividas; Reflexões sobre a saúde física e mental;
    Violência e estresse no cotidiano de trabalho e Autocuidado e estratégias defensivas. Os
    resultados encontrados revelam que os agentes prisionais passaram por alguns tipos de
    seleção antes do ingresso na função/cargo, com entrevista, análise de currículo e provas
    técnicas, psicológicas, e que ainda formação/capacitação/curso para ingressarem na
    profissão, “Para além disso, um dos motivos relevantes a se pontuar é que o interesse na
    vaga para a função/cargo de agentes prisionais foi devido à falta de emprego, pois estavam
    desempregados. Sobre a valorização e reconhecimento profissional, os agentes prisionais
    disseram que é desprestigiada pelo Estado e que a sociedade reconhece, o agente
    prisional, como a pessoa que trabalha com o “lixo da sociedade”, foi observado que há
    entre os familiares dos agentes prisionais uma negação do sujeito sobre este trabalho, em
    não falar ou não adentrar em aspectos do trabalho no meio familiar. Outro ponto de
    destaque nos resultados da pesquisa, é a má qualidade dos alojamentos, baixa
    remuneração e carga horária excessiva de trabalho. Identificou-se dificuldades nos
    relacionamentos entre os colegas, chefias e pessoas presas, inclusive com relatos de
    assédio moral, e diferenças de gênero na divisão das atividades de trabalho. Sobre as
    condições de saúde física e mental foi observado relato das principais patologias:
    hipertensão, diabetes, problema renal, colesterol e triglicerídeos alto, no âmbito mental,
    observou-se transtorno do pânico e ansiedade generalizada. No cotidiano de trabalho
    houve relato de estresse, violência e insegurança na realização do trabalho. Por fim,
    apesar do contexto intra e extramuros ser de muita vulnerabilidade para os agentes
    prisionais, as estratégias defensivas e de autocuidado são uma forma de equilíbrio, já que
    a religião, lazer, esporte, família e filhos são os pontos de apoio e sustentação para manter
    a vida em bem-estar.

  • VANIA CRISTINA CAMPELO BARROSO CARNEIRO
  • POLÍTICAS DE SAÚDE NO ESTADO DO PARÁ: IMPASSES E PERSPECTIVAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA.

  • Data: 30/09/2021
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  • O presente estudo teve como objetivo a avaliação de um inédito conjunto de informação que permitiu demonstrar a efetividade da Estratégia de Saúde da Família, após sua considerável expansão nos municípios paraenses, buscando identificar obstáculos e potencialidades relacionadas à consolidação da atenção primária no Estado do Pará. Utilizou metodologia mista que contemplou aspectos qualitativos e quantitativos, de forma a aprofundar o diagnóstico situacional e se aproximar do fenômeno pesquisado. Foram utilizados dados de domínio público, provenientes do Ministério da Saúde e do IBGE, para construção de um painel que descreveu os principais impactos dos indicadores de saúde na população estudada. Para análise dos dados qualitativos, coletados a partir de um questionário validado no Brasil, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo na criação de categorias temáticas. Os resultados demonstraram a importância da assistência médica e de medidas preventivas prestadas na atenção primária como forma de garantir o direito à saúde e a promoção à cidadania, bem como a necessidade de melhorar a qualidade dos serviços para consolidar as ações da ESF no Estado do Pará.

  • ANNACAROLINA BOULHOSA CUNHA PINHEIRO
  • SAÚDE MENTAL E TRABALHO: um estudo psicodinâmico do trabalho de Agentes Comunitários/as de Saúde e Agentes de Combate às Endemias de Belém/PA.

  • Data: 16/09/2021
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  • Nas últimas décadas, observamos o desenho de um novo rearranjo do mundo laboral, marcado por fenômenos que modificaram as relações de trabalho, deixando-as mais instáveis, inseguras e precárias, refletindo-se diretamente nas formas de manipulação e exploração dos/as trabalhadores/as, acarretando sofrimentos e adoecimentos mentais para os indivíduos. Diante desse contexto e partindo do aporte teórico da Psicodinâmica do Trabalho (PDT), realizei esta pesquisa com o objetivo de compreender como o trabalho pode se refletir na saúde mental dos/as profissionais Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) que atuam no município de Belém. Tal demanda partiu da minha experiência profissional e implicação com a temática, visto que atuo no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador Regional Belém (CEREST/Belém) e essa aproximação acabou favorecendo o contato com essas demandas relacionadas à saúde dos/as trabalhadores/as. Participaram deste estudo, de caráter tanto quantitativo como qualitativo, trabalhadores/as ACS e ACE que foram atendidos/as no CEREST/Belém entre os anos de 2016 a 2020 e que apresentaram alguma queixa referente ao campo da saúde mental, que tenham sido desencadeadas ou agravadas pelas suas vivências no trabalho. A pesquisa foi dividida em dois momentos: na primeira etapa, realizei uma análise documental nos bancos de dados e em prontuários dos/as usuários/as deste serviço, a fim de criar um perfil dos/as trabalhadores/as da saúde e fazer um recorte dos dados referentes apenas aos/às profissionais ACS e ACE, atendendo aos critérios acima descritos. Na segunda etapa, procedi com a coleta de dados por meio de entrevistas semi-estruturadas com 5 (cinco) participantes que compuseram o perfil criado na primeira etapa e utilizei a Análise de Núcleo de Sentidos (ANS) para analisar os dados qualitativos. Vários temas foram aprofundados neste estudo com vistas a perceber os reflexos do trabalho para a saúde mental, tais como a organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações interpessoais no trabalho, as estratégias defensivas utilizadas pelos/as trabalhadores/as, a dinâmica de reconhecimento, a cooperação, entre outros. Concluí com este estudo que as categorias estudadas apresentaram fragilidades desde a criação das profissões, fragilidades que repercutem até os dias atuais. Foi observado também que o prazer no trabalho foi associado à efetividade das atividades oferecidas à população e ao reconhecimento dos/as usuários/as; já o sofrimento no trabalho foi vinculado a várias situações: às condições de trabalho precarizadas, à falta de reconhecimento pela gestão e pela chefia, bem como à dificuldade de relacionamento interpessoal com estes e entre os pares, entre outras.

  • SILVIA TAVARES DE AMORIM
  • "CURTE, COMENTA, SALVA E COMPARTILHA: UMA ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE UMA REDE SOCIAL ACERCA DA SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA"

  • Data: 02/09/2021
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  • A colonização no Brasil deixou múltiplas marcas em nossas relações; na distribuição de renda; acesso à educação e tecnologias; ocupação das cidades; acesso aos serviços de saúde; nas mídias sociais quanto a como se tratam as temáticas negras nos espaços virtuais. A partir do cenário mundial de crise na saúde produzida pela pandemia da COVID-19, este trabalho teve por objetivo geral analisar os enunciados de perfis na rede social Instagram acerca da Saúde da População Negra. A produção de informações desta pesquisa se fundamentou nos princípios da pesquisa qualitativa em psicologia e do método da etnografia em meio virtual/netnografia. Foram apresentados resultados da análise de dois perfis de Instagram, onde foi possível analisar conteúdos digitais que objetivavam (in)formar e propor estratégias de resistência da população negra antes e durante a pandemia, fossem através da adoção de medidas práticas diárias a temáticas de manejo e manutenção da saúde mental. Neste trabalho foi abordada a questão da saúde da população negra e como esta é tratada em uma rede social. Tal qual em espaços reais, alguns fatores foram preponderantes para esta análise, sendo eles: a representatividade e ou a consciência racial de quem trata sobre temas relacionados a saúde da população negra; o contexto social e político que isto ocorre; as redes de apoio e compartilhamento para adoção de mecanismos de mudança social. 

  • LAUANY CÂMARA CHERMONT PINHEIRO
  • PSICOLOGIA E RELAÇÕES RACIAIS: UM ESTUDO SOBRE OS USOS DO DISPOSITIVO DE BRANQUITUDE NA PSICOLOGIA POLÍTICA E SOCIAL BRASILEIRA

  • Data: 01/09/2021
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  • Tratar sobre os usos da branquitude na psicologia brasileira, é primeiramente problematizar e reconhecer o lugar que a pessoa branca ocupou na história e as reverberações desta ocupação até os dias atuais. Não há como desatrelar os estudos sobre relações raciais do processo diaspórico pelo qual pessoas negras foram escravizadas. A escravidão durou mais de 300 anos no Brasil, deixando mesmo após a Lei Áurea de 1888, muitas conotações negativas, e cruéis capturas subjetivas referente a existência da pessoa negra. No entanto, é comumente silenciado e não problematizado sobre o lugar de quem efetivou, legitimou e legitima muitas vezes esses processos, reforça racismos e é positivado em sua existência: o sujeito branco. A história da escravidão no Brasil é ampla e complexa, mas é importante destacar que toda a lógica é alicerçada no projeto de exploração baseado no mercantilismo que se atualizou no que hoje conhecemos como capitalismo. O colonialismo, patriarcalismo, sexismo e mercantilismo se relacionam diretamente com o racismo, enquanto lógicas que o construíram e ainda o mantém atualizado sob lógicas sofisticadas. Como objetivo geral, esta pesquisa busca problematizar os usos do dispositivo de branquitude em artigos, dissertações e teses na Psicologia brasileira. Como objetivos específicos: analisar sobre os usos do dispositivo de branquitude e a relação com a discussão racial da psicologia enquanto saber no Brasil; problematizar os usos do dispositivo de branquitude nos arquivos selecionados; analisar os contextos políticos em que se materializam os usos deste conceito. Para o alcance dos objetivos, será utilizado como metodologia a genealogia de Michel Foucault que possibilitará a formação e análise de séries discursivas a partir dos arquivos selecionados. Referente à seleção dos documentos a serem analisados, fora utilizado como descritor a palavra branquitude. A busca foi realizada nas seguintes plataformas, periódico Portal de periódicos eletrônicos de Psicologia (PEPSIC), nas revistas: Psicologia Ciência e profissão, Revista Psicologia Política, Revista Psicologia & Sociedade, e no Catálogo de dissertações e teses da CAPES totalizando 22 arquivos, dentre estes 17 foram encontrados completos e 1 destes, apenas o resumo. Destarte, será realizada a análise dos documentos encontrados, ou seja, a análise dos 18 documentos. Quanto ao período escolhido para a realização da pesquisa, não houve uma demarcação temporal. Contudo, frente aos arquivos coletados, observou-se que o período em que foram produzidos vão do ano de 2000 ao ano de 2019, sendo a maioria das produções publicadas nos anos de 2012, 2017, 2018 e 2019. Sugiro a compreensão da branquitude como um dispositivo, “Dispositivo de branquitude”, tendo em vista esta ser transpassada por elementos históricos, institucionais, políticos, econômicos, sociais, alicerçados pelo colonialismo e pela colonialidade e fundante de um racismo estrutural. Problematizar a branquitude enquanto dispositivo, possibilitou complexificar a discussão sobre raça, bem como analisar o exercício da branquitude nas relações de poder a partir de uma hierarquia racial, que silencia sua raça e atribui raça ao outro. Outrossim, perceber e analisar o apontamento das lacunas e dos silêncios da branquitude nos arquivos acerca da pouca produção sobre o sujeito branco enquanto objeto de estudo na psicologia, estando os estudos sobre racismo em sua maioria localizados nas violências sofridas por pessoas negras a partir de uma perspectiva não racializada.

  • DIEGO MORAES BATISTA
  • NOODINÂMICA, SENTIDO DA VIDA E SAÚDE: UMA COMPREENSÃO À LUZ DA LOGOTERAPIA

  • Data: 31/08/2021
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  • Nesta pesquisa buscamos compreender sobre os significados da tensão entre o ser e o
    dever-ser, a partir da ontologia dimensional proposta pelo psiquiatra austríaco Viktor
    Emil Frankl, o qual compreende a pessoa humana para além das dimensões
    biopsicossociais referindo também a dimensão noética. Para tanto, foi realizada uma
    pesquisa bibliográfica qualitativa, incluindo como fonte de dados para a pesquisa os
    conteúdos da obra de Viktor Frankl traduzida ao português Em busca de sentido: um
    psicólogo no campo de concentração (2008), assim como, de outras obras do referido
    autor e de outros (as) que ocuparam-se do tema, para elucidar questões referentes a
    tensão entre o ser e o dever-ser. Para análise dos dados recorremos a Análise de
    Conteúdo segundo Bardin (1977), sendo apresentadas três categorias de análise:
    Noodinâmica, Sentido da Vida e Saúde. Para Frankl a tensão é inerente ao humano,
    representando o hiato entre o ser e dever ser. A consciência intencional intui o sentido
    único e tensiona para a busca por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida
    livremente. Tensão se dá em vista do sentido e dos valores, compreendida como o
    movimento entre existência e essência, ser e sentido, a qual desvela-se necessária
    quando problematizada questões referente a saúde mental. Esses achados corroboram
    com os resultados apresentados por outros autores que também discutiram a tensão
    entre o ser e o dever-ser. Para acolher e compreender esta tensão faz-se necessário a
    categoria sentido da vida e dimensão espiritual. Sem elas esta tensão torna-se um
    subproduto humano, sujeita a projetá-la apenas no plano psicológico. Vale ainda
    considerar que é elevando o homem à categoria espiritual e o mundo, como mundo de
    sentido, que a relação entre tensão e saúde mental é compreendida.

  • AMANDA BRASIL DE ARAÚJO
  • De uma suspeita diagnóstica à aposta no sujeito: o trabalho do analista na clínica do autismo

  • Data: 31/08/2021
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  • Esta pesquisa surgiu a partir de questionamentos advindos da prática clínica com
    crianças diagnosticadas como autistas e apresenta como objetivo, investigar as
    condições e ferramentas que a psicanálise dispõe para o tratamento analítico com essas
    crianças, assim como, buscamos evidenciar os impasses que esses sujeitos apresentam
    frente a sua entrada na linguagem. Para sustentar esta discussão, construímos este
    trabalho a partir da metodologia de relato de caso clínico, no qual subsidiamos as
    articulações teóricas a partir do referencial freudo-lacaniano. Nessa perspectiva,
    dividimos o trabalho em três momentos. No primeiro, apresentamos e discutimos o
    crescimento progressivo de diagnósticos de autismo que se apresentaram no decorrer
    dos anos. Com isso, questionamos a que se deve esse aumento, se consiste no fato de
    que os critérios de avaliação se tornaram mais eficazes ou precocemente realizados. Em
    detrimento disso, apontamos as modificações que o espectro do autismo sofreu
    conforme o tempo nos manuais psiquiátricos e quais reverberações se apresentaram em
    nossa sociedade. Em um segundo momento, priorizamos a comentar sobre a
    constituição do sujeito, sua relação com o Outro, desde as experiências de satisfação até
    a unarização do traço. Nessa via, expomos o impasse encontrado nas crianças autistas,
    que consistiria na não unarização do traço, tendo em vista que nesses sujeitos, não
    haveria a cessão do objeto voz e olhar. No entanto, isto não os impede de construir uma
    marca simbólica e é por meio desta que teremos como traçar propostas de intervenções 

    clínicas. No terceiro momento, apresentamos casos clínicos encontrados na literatura,
    assim como, um relato clínico de uma criança atendida pelo projeto de pesquisa-
    intervenção, no qual essa pesquisa está inserida. Frente a esses fragmentos, esboçamos a
    importância de apostarmos nas manifestações apresentadas por esses sujeitos, tais
    como, estereotipias, ecolalias, fixações a objetos, interesses específicos, dentre outros.
    Abordamos que essas manifestações podem subsidiar uma aproximação entre a criança
    e o analista, especialmente porque a partir delas, temos como construir, em consonância
    com a criança, uma vivência menos angustiante e ameaçadora no universo simbólico.
    Por fim, pensamos que este trabalho contribui para a psicanálise e para clínica do
    autismo, na medida em que atualmente presenciamos uma forte tendência à prescrição
    de tratamentos pela via comportamental e medicamentosa, que acaba por excluir
    qualquer manifestação apresentada por esses sujeitos, pois são percebidas como
    “disfuncionais”. No entanto, apostamos a partir da psicanálise que, apesar da
    “disfuncionalidade” observada, tais comportamentos podem servir de ponte para um
    novo enlaçamento.

  • RAFAELE HABIB SOUZA AQUIME
  • A MEDICALIZAÇÃO NO CREAS: PRÁTICAS DE GOVERNO PSICOLOGIZANTES EM ANÁLISE

  • Data: 31/08/2021
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  • Esta tese discute as práticas medicalizantes e psicologizantes no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), especialmente no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Trata-se de um estudo histórico-genealógico, de cunho documental e bibliográfico cujas fontes são: documentos produzidos por trabalhadores (as) do CREAS localizado no município de Tomé-Açu, Pará, entrevista com a psicóloga desse estabelecimento assistencial, bem como os programas e serviços propostos pela referida política pública, elencados nos seguintes documentos oficiais: Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Orientações Técnicas: Centro de Referência Especializado de Assistência Social e a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS). Interrogou-se como problema de pesquisa: Quais as práticas de saber, poder e subjetivação que a Psicologia opera no CREAS? De que modo? E quais são os efeitos? Deste modo, investigou-se os enquadramentos do sujeito psi pela análise genealógica da Psicologia como ciência do indivíduo, que privilegia a subjetividade normalizada e interiorizada, além das suas aproximações com o saber médico. Discutiu-se ainda as intercessões do processo de medicalização com a psicologização; o processo de institucionalização da Assistência Social no Brasil e os aspectos instituintes, instituídos, transversais, de autogestão e de restituição que compõem as intervenções no CREAS. Também debateu-se sobre os atravessamentos e reprodução de práticas confessionais à Psicologia sob o regime de verdade e o foco familista na responsabilização das demandas assistidas relacionadas as diferentes violações de direitos. Elencou-se como Analisadores: Matricialidade Sociofamiliar, Sujeito e Público Atendido, Gestão do Trabalho, Vigilância Socioassistencial, Território, Risco e Vulnerabilidade social e analisou-se as estratégias de governamentalidade no CREAS e as articulações com os dispositivos de segurança e de controle. Outra questão problematizada foram os saberes psi como produtores de modos de subjetivação baseado no empreendedorismo de si a partir da arte de governar neoliberal, bem como o debate a respeito das colonialidades de poder, ser, gênero, com destaque para a participação política da mulher no SUAS. E ainda foram mapeadas as contribuições do feminismo descolonial com as interseccionalidades de gênero, raça/etnia, e classe para descolonizar a Psicologia e romper com as encomendas de um saber “expert”. Por fim, apostou-se nas articulações micro e macropolíticas no CREAS e os encontros como potências criadoras, desmedicalizantes e despsicologizantes.

  • ALANNA JULIE LEAO FERREIRA GOMES
  • SOBRE AS MUDANÇAS OCUPACIONAIS DE PESSOAS EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE E A POSSIBILIDADE DE
    REALIZAR VALORES E ENCONTRAR SENTIDO.

  • Data: 23/08/2021
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  • A hemodiálise é um tipo de tratamento para a insuficiência renal que consiste em filtrar
    o sangue. Com o início do tratamento hemodialítico podem ocorrer muitas modificações
    na vida, como seguir as indicações médicas, adotar uma dieta restritiva, ter uma
    ingestão de líquidos limitada, além das modificações em ocupações do dia a dia como
    afastamento do trabalho, dificuldades para longas viagens, estudar, entre outras. Logo,
    como é viver frente uma doença crônica? Como se apresentam as ocupações nestes
    casos? De acordo com a Logoterapia, no ser humano existem as dimensões somática,
    psíquica e noética (espiritual), na qual, nessa última, a pessoa é capaz de decidir qual
    postura tomar diante do sofrimento inevitável e, assim, realizar valores criativos,
    vivenciais e/ou atitudinais e encontrar um sentido para a vida. Nesse sentido, o objetivo
    desta pesquisa foi compreender como se apresentavam as ocupações das pessoas que
    realizam tratamento hemodialítico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo
    de caso. Foi realizada com pessoas em tratamento hemodialítico na Fundação Pública
    Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Viana (FHCGV), onde foi aplicada uma entrevista
    semiestruturada e uma oficina de atividade. Os dados coletados foram interpretados
    através da Análise de Conteúdo de Bardin. Participaram da pesquisa três pessoas, sendo
    duas mulheres e um homem. Os colaboradores da pesquisa expressaram a as mudanças
    que ocorreram após o início do tratamento. Destaca-se também que cuidar da saúde
    passou a ser um novo ocupar-se incluído na rotina. Além disso, verificou-se que,
    mesmo com o prolongado tempo de tratamento, os colaboradores relataram atitudes em
    que se voltavam a ajudar outras pessoas, um modo de agir capaz de realizar valores,
    autotranscender, encontrar sentido e uma razão para viver. Para os participantes desta
    pesquisa, as ocupações podem ser um recurso para enfrentar sofrimentos inevitáveis
    através da realização de valores e autotranscedência. Destaca-se ainda que ocupar-se
    para um sentido e em direção ao futuro pode ajudar as pessoas em hemodiálise a
    enfrentar o tratamento e escolher pela vida ao realizá-lo dia após dia. Através desta
    pesquisa, foi possível refletir sobre os cuidados ofertados ao aspecto integral do ser
    humano compreendendo a pessoa com adoecimento crônico em seus aspectos biológico,
    psicológico, social, ocupacional e espiritual, bem como, ponderar a importância da
    realização de valores e autotranscedência na vida.

  • CARLA ADRIANA VIEIRA DO NASCIMENTO
  • AS MODIFICAÇÕES, AS POSSIBILIDADES E A LIBERDADE DE ESCOLHA DAS OCUPAÇÕES DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA FÍSICA QUE ESTÃO NO ENSINO SUPERIOR

  • Data: 23/08/2021
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  • A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, a Lei Brasileira
    de Inclusão e a Lei de Cotas têm contribuído para o ingresso de Pessoas com Deficiência no
    Ensino Superior. Conforme os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
    Anísio Teixeira, das 38.272 matrículas de estudantes com deficiência no Ensino Superior em
    2017, 14.449 foram de Pessoas com Deficiências Físicas, identificadas como o grupo maioritário
    de Pessoas com Deficiência no Ensino Superior. A literatura realiza apontamentos sobre a
    presença e as implicações de um contexto acadêmico desfavorável aos estudantes universitários
    com deficiência física, devido barreiras, como as arquitetônicas e atitudinais, que podem
    contribuir para a retenção dos estudantes com deficiência, ocasionar um atraso na integralização
    dos componentes curriculares, prolongar a permanência no curso de graduação por um período
    maior do que o previsto pelo currículo da instituição, o aumento da evasão e desistência destes
    alunos (as) nas instituições de ensino, podendo implicar na ocupações do dia a dia. Esta pesquisa
    objetivou compreender as ocupações de Pessoas com Deficiência Física que estão no Ensino
    Superior. Assim, tratou-se de uma pesquisa exploratória descritiva de abordagem qualitativa do
    tipo estudo de casos múltiplos. Participaram da pesquisa 02 estudantes universitárias de cursos de
    graduação com deficiência física de uma Universidade Pública Federal brasileira. Os dados do
    estudo foram coletados através da aplicação de um formulário do Google Forms, da realização de
    uma entrevista semiestruturada por vídeo chamada com cada participante e de registros em diário
    de campo. As informações obtidas foram analisadas tendo como base a análise de conteúdo cujas
    categorias analíticas foram: forma ocupacional, propósitos ocupacionais e significados
    ocupacionais. As estudantes universitárias revelaram modificações na forma ocupacional de se
    engajar em atividades acadêmicas. As modificações ocorreram a medida em que houve uma
    decisão de ser mais ativa e ter maior envolvimento em experiências ocupacionais do curso, e
    também, devido as influências interpessoais e novas realidades do contexto universitário.
    Verificou-se modificações no repertório ocupacional após o ingresso na universidade, pois
    identificou-se uma certa priorização de ocupações relacionadas a faculdade. Além disso, em
    reposta as exigências da vida acadêmica, identificou-se formas de adaptação ocupacional. Ambas
    as estudantes universitárias atribuíram múltiplos propósitos às suas ocupações para além da
    inserção futura no mercado de trabalho que podem se relacionar a um ocupar-se para ofertar algo
    de si ao mundo e a um ocupar-se para algo ou alguém diferente de si. As ocupações relacionadas
    ao ensino superior desvelam significados ocupacionais que se voltam a utilidade e produtividade
    atribuído ao ocupar-se na universidade, e também, aprendizado e construção contínua,
    autoconhecimento mediados por uma força divina. Os achados desvelam também que o contexto
    universitário pode configurar-se como um espaço de tensão existencial para busca e encontros de
    sentido (s) que pode se manifestar por meio de ações e decisões mediante as barreiras
    arquitetônicas e atitudinais vivenciadas na universidade, e assim, pode expressar um “ocupar-se
    para” o exercício da liberdade para fazer escolhas. Este estudo, ao desvelar as ocupações de
    estudantes universitárias com deficiência física possibilitou um espaço para que essas estudantes
    pudessem narrar as suas percepções sobre o seu ocupar-se no ensino superior cujos conteúdos
    contribuíram para a compreensão de algumas das nuances que envolve a forma, os propósitos e
    os significados do seu ocupa-se e o poder de resistência do espírito envolvido para sustentar a
    escolha de permanecer no curso de graduação. Nesse sentido, esta pesquisa pode colaborar com
    as discussões sobre a inclusão e permanência de universitários (as) com deficiência física ao
    lançar um olhar não sobre o porquê muitos evadiram, mas “para que” ou “pelo que” permanecem
    mesmo com a possibilidade de encontrar barreiras na universidade, visto que o ocupar-se de ser
    universitário (a) pode apresentar uma combinação de oportunidades, desafios e exigências
    pessoais latente nas escolhas ocupacionais e nas experiências vividas na universidade por cada
    estudante com deficiência física participante da pesquisa.

  • MONICA EWANS MUNIZ DA COSTA
  • O CANTO DAS MULHERES: SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS AO TRATAMENTO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA E A TÉCNICA DE RECRIAÇÃO MUSICAL

  • Data: 06/08/2021
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  • A infertilidade é definida como a ausência da gravidez após o período de 12 (doze)
    meses de relações sexuais sem a utilização de método contraceptivo. Sabe-se que as
    respostas às situações que não correspondem às expectativas, como por exemplo, a
    infertilidade nas condições em que se deseja engravidar, variam de pessoa a pessoa, de
    casal a casal e podem repercutir em vários aspectos da vida, como na sexual, afetiva,
    social e laboral, ocasionando um decréscimo na qualidade de vida e podendo mobilizar
    estresse, ansiedade e até mesmo depressão. Compreende-se que conceber, gestar e parir,
    não são obrigações de nenhum casal, o qual poderá escolher entre ter ou não filhos (as).
    Contudo, quando surge o desejo e de sua impossibilidade frente à infertilidade, alguns
    casais recorrem à reprodução assistida nos centros especializados em reprodução
    humana. Este estudo tem como objetivo compreender quais os significados as mulheres
    diagnosticadas com infertilidade atribuem ao tratamento de reprodução assistida e a
    técnica de recriação musical. A estratégia metodológica está fundamentada na
    abordagem qualitativa do tipo estudo de caso, portanto, trata-se de uma pesquisa
    exploratória, descritiva de casos múltiplos na qual se compreende a necessidade do
    aprofundamento do estudo, a fim de apreendermos as singularidades dos casos. A
    pesquisa foi realizada em uma Clinica Especializada no Tratamento de Reprodução
    Assistida, localizada em uma cidade da região norte do Brasil. Participaram da pesquisa
    4 (quatro) mulheres diagnosticadas com infertilidade e que estavam iniciando o
    tratamento de fertilização. A coleta de dados foi realizada em dois momentos, sendo no
    primeiro aplicada a entrevista que abordou sobre o processo de escolha em buscar
    assistência na clinica, e sobre os significados atribuídos ao tratamento de Reprodução
    Assistida. Posteriormente foi realizada e avaliada a técnica da Recriação Musical,
    possibilitando que as participantes relatassem sobre suas histórias de vida, angústias,
    medos, planos futuros, entre outras, o que favoreceu o acolhimento das dores e
    sofrimentos e a compreensão sobre o processo da infertilidade e pela escolha do
    tratamento de fertilidade. Destacam-se também a consulta ao prontuário e a utilização
    dos instrumentos: gravador de voz, reprodutor musical, instrumentos musicais e o uso
    do diário de campo. Como resultados foram identificados três temas centrais:
    expectativas e sentimentos de mulheres em situação de reprodução assistida; re-criação
    musical: quando a fala se torna canção; a musicoterapia no tratamento de fertilização.
    Esses temas apresentam-se como fatores que interferem na descoberta da infertilidade e
    como uma possibilidade de escuta e cuidado diante do tratamento de reprodução
    assistida.

  • MYLENA NAHUM SOUSA CARDOSO
  • "(Sobre) vivências na universidade: percepção de alunos de mestrado sobre suas experiências vividas na pós-graduação"

  • Data: 30/07/2021
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  • Contemporaneamente o debate acerca da saúde mental de pesquisadores ligados ao contexto da pós-graduação vem ganhando cada vez mais destaque no meio científico, empiricamente sabemos que as experiências na pós-graduação são atravessadas por condições que podem promover bem-estar e/ou sofrimento na vivência acadêmica. Diante disso, o objetivo desta pesquisa é compreender o significado da experiência vivida por alunos de mestrado no contexto da pós-graduação. Trata-se de um estudo qualitativo de inspiração fenomenológica na qual foram entrevistados seis orientandos de mestrado, vinculados à Programas de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade Federal do Pará, selecionados a partir do método bola de neve. Optou-se pela entrevista fenomenológica norteada pela pergunta disparadora “Peço-lhe que me conte como está sendo a sua experiência na pós-graduação?”, onde essas entrevistas foram gravadas (áudio e vídeo) e posteriormente transcritas na íntegra. Como resultados, emergiram quatro categorias: Modos de Ser/Estar mestrando: articulando expectativas e experiências; Facticidade na Pesquisa: Entre desafios e possibilidades; Processo de orientação acadêmica na formação e O mundano na universidade: vivências de saúde e adoecimento. Elegeu-se o Método Fenomenológico proposto por Amedeo Giorgi para a análise das experiências vividas descritas pelos colaboradores da pesquisa, utilizando como aporte teórico a Fenomenologia Mundana de Maurice Merleau-Ponty, aliada à contribuição de outros autores contemporâneos. Os resultados apontam as vivências destes alunos na pós-graduação, envolvidas por desafios e possibilidades presentes nesse contexto, sendo atravessadas por condições pessoais, relacionais e institucionais que facilitam e/ou dificultam essas vivências. Entre os resultados, destacamos a cobrança por desempenho, escrita acadêmica, prazos, produtivismo acadêmico e relação com orientador como condições que dificultam essas vivências. A relação com os pares, os vínculos afetivos, a escuta e o acolhimento são percebidos como condições facilitadoras nesse contexto. A partir dos resultados do presente estudo, espera-se contribuir para a reflexão e o debate sobre uma temática diretamente ligada com as práticas acadêmicas, sendo um elemento a mais para a construção de estratégias de enfrentamento individuais e coletivas, assim como práticas estudantis mais efetivas no espaço da universidade, à medida que ações voltadas para promoção de saúde incluem conhecer as experiências e de que forma estão sendo vivenciadas.

  • WÂNIA SUELY SANTOS DA SILVA
  • A Supervisão de estágio como possibilidade de transmissão da psicanálise em uma clínica-escola.

  • Data: 16/07/2021
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  • Este estudo tem como objetivo investigar de que modo a supervisão de estágio em clínica da universidade pode operar como uma forma de transmissão da Psicanálise. Erguemos a hipótese de que é possível algum efeito de transmissão dependendo da posição do supervisor no manejo da relação transferencial estabelecida com o supervisionando. Na direção escolhida, entendemos que a supervisão de estágio na universidade deve ser considerada uma prática extensiva da Psicanálise, estando em causa o desejo do supervisor/analista Percorremos os fundamentos da clínica psicanalítica a partir de Freud e Lacan, alicerçando os operadores da prática intensiva a fim de poder estendê-los a uma prática extensiva. A definição de Psicanálise em intensão e extensão são propostas lacanianas que objetivam pensar a ampliação da prática analítica para as instituições e o mundo. A supervisão será o centro do nosso interesse no tocante ao seu lugar na formação de psicólogos, ressaltando os impasses e questões implicadas concernente à clínica psicanalítica no espaço da universidade. Isto posto, optamos como recurso metodológico por trazer recortes de um caso clínico em supervisão, em que fica demonstrado o modo de operar do supervisor e as incidências desse trabalho sobre a estagiária. Realizamos uma discussão regida pelos fundamentos da Psicanálise e recorremos às balizas oferecidas pelos quatro discursos formalizados por Lacan: O Discurso do Mestre, da Histérica, do Analista e do Universitário. Tentamos com isso, identificar o que pôde ser mantido enquanto axial à prática analítica naquele espaço, além de interrogar as regências discursivas. Por fim, consideramos que podemos ter efeitos pontuais de transmissão da Psicanálise na universidade, demostrando com nossa prática, o argumento que erguemos.

  • MARCIA ELENA BOTELHO SOARES
  • PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE NA ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS DE BELÉM

  • Data: 13/07/2021
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  • O objetivo desta tese foi compreender a forma como as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estão inseridas na organização do trabalho docente e assistencial de professores/as de medicina das universidades públicas da cidade de Belém. Pude participar das PICS como paciente, num quadro grave de Acidente Vascular Cerebral (AVC), por isso parto de uma experiência pessoal para indagar o modelo de saúde vigente e as práticas que desempenhamos na micropolítica do cuidado. A pesquisa nunca é neutra e a implicação está dada em qualquer pesquisa, mesmo que seja negada e se esconda nos métodos e técnicas. Procurei gerir a implicação, colocando minhas sensações em contato com o campo empírico e falseando, no sentido de interrogar com intensidade, os dados apresentados. Ainda que as PICS tenham sido institucionalizadas como política, existe um modelo biomédico que ainda é hegemônico e, de forma geral, a sociedade apela a este modelo quando pensa em cuidado. Neste trabalho, apresento uma visão crítica a este modelo e suas limitações. Como aporte teórico, utilizo autores como Canguilhem (1990), Madel Luz (1992, 1997, 2011, 2012, 2013, 2014, 2019), Merhy (2002, 2009, 2013) e Menéndez (1984, 2005, 2009, 2015), para me acompanhar na reflexão desta perspectiva. Esta tese utilizou a metodologia de análise documental.Os materiais empíricos analisados foram: publicações nas 3 plataformas nacionais de saúde com 32 artigos científicos de Medicina, 28 de Psicologia e 296 de outros profissionais, 343 currículos Lattes dos docentes de medicina na Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Estadual do Pará (UEPA), grades curriculares do curso de medicina em ambas universidades e os resultados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) no quesito específico das PICS. A Psicologia, enquanto área de investigação, entra de forma pontual, pois percebe-se o afastamento do curso de psicologia da temática das PICS. Averiguou-se, nas quatro estratégias de aproximação empírica, que a produção relacionada às PICS, tanto no que se refere à formação, publicação, exercício das práticas na Atenção Básica, ainda é pouco expressiva, perto do potencial terapêutico que possui. Em que pesem as dificuldades apresentadas neste trabalho para introdução das PICS, elas estão crescendo no interior dos serviços e pesquisas nacionais e internacionais apontam para o potencial terapêutico das PICS na saúde da população. A tese reflete, portanto, o compromisso ético e estético com a atenção, traduzido numa política de cuidado que reivindica, da clínica em saúde, um agenciamento com os corpos, com os saberes que existem na cena em que se expressa e com a vida que pede passagem no encontro entre usuários e trabalhadores da saúde.

  • ANA ILKI MEIRELES OLIVEIRA
  • "O conceito psicanalítico de trauma e a releitura do estresse pós-traumático."

  • Data: 05/07/2021
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  • Fundamentada na clínica e nos problemas que ela coloca aos analistas, a
    dissertação aborda o conceito psicanalítico de trauma, propondo, a partir deste, uma
    releitura do diagnóstico psiquiátrico de estresse pós-traumático. Busca-se investigar se o
    tratamento de crises decorrentes de acontecimentos traumáticos baseado no diagnóstico
    de Tept, não reduziria a possibilidade de se perguntar pela posição do sujeito diante de
    seu sintoma. A pesquisa teórico-clínica que deu origem ao trabalho utilizou como
    recurso metodológico dois casos clínicos descritos na literatura psicanalítica, visando
    questionar o diagnóstico de Tept e fazer um contraponto entre o conceito de trauma para
    a psicanálise e para a psiquiatria. Esta associa o trauma de forma direta à exposição de
    situações inesperadas que colocam o sujeito frente a perdas importantes e que acabam
    por fim desencadear sintomas. O tema do trauma comparece atualmente em diversas
    discussões acadêmicas sobre violência, cada vez mais frequente na sociedade. Há uma
    generalização do uso do conceito de trauma na contemporaneidade, o que leva a refletir
    sobre sua generalização no diagnóstico médico. É como se o sujeito, tomado por essa
    categoria do trauma, fosse relegado ao papel de coadjuvante de sua própria história.
    Dessa feita, questões em torno do lugar ocupado por um acontecimento considerado
    traumático na vida do sujeito constituíram-se como o principal ponto de interesse da
    pesquisa. Dividida em três eixos, essa dissertação faz inicialmente um contraponto entre
    os campos psicanalítico e psiquiátrico em torno do trauma, aprofundando em seguida a

    discussão teórica desse conceito na psicanálise, particularmente a freudiana. Por último,
    toma o conceito de trauma e o relaciona aos casos clínicos, para considerar que o
    analista, ao receber sujeitos tomados por forte angústia, que buscam análise movidos
    por um “evento traumático” ou um diagnóstico de Tept, deve interrogar a posição do
    sujeito frente ao acontecimento. A conclusão do trabalho é de que, diante de um saber
    médico dominante, o analista deve sustentar a escuta do sujeito e não o seu diagnóstico.

  • BRUNO JAY MERCES DE LIMA
  • Medicalização na atenção primária à saúde: uma análise genealógica sobre a Política Nacional de Atenção Básica

  • Data: 28/06/2021
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  • Esta tese é resultado da pesquisa que objetivou problematizar, utilizando o método histórico-genealógico de Foucault, as práticas de medicalização presentes na portaria 2436/2017, conhecida como a nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Problematizei a medicalização na atenção básica enquanto acontecimento histórico, destacando os fatores que contribuíram para sua emergência e proveniência, suas práticas discursivas e ressonâncias sobre a vida das pessoas a partir da análise genealógica da legislação citada, que versa sobre o funcionamento dos serviços em atenção primária à saúde (APS). A escolha deste tema se deu pela grande relevância, no cenário de saúde atual, deste acontecimento medicalização na AB, que apresenta repercussões sobre a organização, oferta, modalidade e qualidade dos serviços ofertados por este nível de atenção em todo o território nacional. A pesquisa desenvolvida é qualitativa, uma análise documental sobre a legislação a respeito da AB. Para tanto, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: evidenciar as práticas discursivas (produção de saberes) presentes na legislação a ser analisada; e analisar as possíveis ressonâncias das práticas de medicalização da vida a partir da implementação da legislação analisada. A pergunta de pesquisa desenvolvida foi baseada na metodologia e conceitos de saber, poder, governamentalidade e biopolítica. À luz do método utilizado, percebemos o desenvolvimento e consolidação da medicalização na AB em consonância com o modelo produtivo do capitalismo neoliberal e com a biopolítica. Além disso, a legislação evidencia uma racionalidade gerencial que afeta os processos de gestão, assim como fortalece e facilita práticas medicalizantes e racistas nos serviços de atenção primária. Entretanto, evidenciamos que a referida portaria também possibilita práticas desmedicalizantes e antirracistas, o que se configuram como resistências aos processos de medicalização. Concluímos, portanto, que a medicalização na AB causa dificuldades no processo de cuidado em saúde, centralizando-o ainda no modelo biomédico, retirando a autonomia do usuário, o que consideramos está em dissonância com o ideário da Reforma Sanitária Brasileira.

  • JULIA DE SOUSA MARINHO
  • "MÃE RECÉM-NASCIDA: NARRATIVAS DE MULHERES SOBRE A VIVÊNCIA DO PUERPÉRIO EM TEMPOS PANDÊMICOS"

  • Data: 28/06/2021
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  • Considerando o puerpério como um momento de muitas nuances para as novas mães, o objetivo principal desta investigação foi analisar as narrativas de mães que estavam em pleno processo de pós-parto, trazendo à tona a sua relação com este período em meio à vivência da pandemia do novo coronavírus. Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, consistiu em um estudo das narrativas. Para isto, foram escutadas seis mulheres integrantes de um grupo de puérperas usuárias de uma Unidade Básica de Saúde da periferia do município de Belém-PA. Por meio da amostra por conveniência, as seis mães colaboraram com suas narrativas em encontros presenciais, seguindo todos os protocolos de biossegurança exigidos. Os relatos foram gravados e posteriormente transcritos. Por sua vez, organizamos as narrativas transcritas conforme a proposta de Bardin (2016) para análise de conteúdo, em três categorias: puerpério e pandemia, (des)idealização da maternidade e rede de apoio. Na primeira categoria observou-se diante dos discursos que o fator isolamento e distanciamento social interferiu de maneira negativa para as puérperas, ocasionando a sobrecarga de atividades domésticas e estresse. Na categoria (des)idealização da maternidade, as narrativas trouxeram a sinalização de sofrimentos puerperais, a ambivalência materna e um ideal de maternidade romântica que geraram diversos graus de sofrimentos, chegando até a ideação suicida, interferindo de maneira negativa nos processos de adaptação com os recém-nascidos. Na categoria rede de apoio, as mães evidenciaram fragilidade nesta área e indicaram que a inserção no grupo de puérperas foi um importante espaço de suporte emocional. Concluiu-se que o fator pandêmico representado pelas exigências de distanciamento e isolamento social correspondeu a um importante incremento de dificuldade neste momento. Por fim, as narrativas destacaram a importância da escuta e acolhimento psicológico a ser ofertado neste período, que por ser marcado pela ambivalência afetiva, pelo assombro de um ideal de maternidade romântica e pela manutenção no discurso social da naturalização do amor materno como instintivo, universal e inquestionável, potencializa os riscos de sofrimentos.

  • AMÉLIA BELISA MOUTINHO DA PONTE
  • Sentidos da Maternagem para mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista - TEA
  • Data: 25/06/2021
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  • Enquanto a maternidade é tradicionalmente
    relacionada à gestação do filho e a consanguinidade entre mãe e filho, a maternagem está
    referida ao vínculo afetivo e aos cuidados voltados a esse filho. Diante dos desafios do
    cuidado com uma criança Autista, as mães se deparam com uma realidade diferente da
    idealizada e são, muitas vezes, reduzidas à condição materna, como se a lida com os filhos
    fosse sua maior responsabilidade, um dever vinculado a uma suposta “habilidade inata”
    para o exercício da maternagem. O estudo objetivou compreender os sentidos da
    maternagem para mães de crianças autistas e identificar como se constitui a vivência da
    maternagem para essas mães. A pesquisa foi realizada em um centro de tratamento para
    crianças com TEA, em Belém/Pa. Participaram 12 mães de crianças com TEA sem
    comorbidades associadas. A obtenção dos dados deu-se pela realização de um grupo focal
    cuja dinâmica baseou-se nos princípios da Terapia Comunitária Integrativa-TCI.
    Posteriormente, foram realizadas entrevistas semidirigidas individualizadas com 6
    participantes do grupo. Os dados obtidos foram gravados em áudio, transcritos e
    analisados segundo a hermenêutica de Ricoeur. Os resultados apontam que o grupo focal
    atendeu aos propósitos que norteiam a TCI, permitindo a instauração de um sentimento
    de pertença que permeou o grupo. Os temas evidentes destacaram, dentre outras coisas, a
    experiência do descobrir e do adaptar-se à rotina do cuidado de um filho neuroatípico, o
    modo peculiar como essas mães expressam suas vivências e as dificuldades encontradas
    para o exercício de múltiplos papeis, como o de mulher, mãe, esposa, profissional etc. Os
    enlaces entre a conjugalidade e o preconceito figuram entre as principais demandas que
    demarcam existências limitadas pela maternagem de crianças com TEA.

  • RENATA RAIOL MAGALHAES
  • FENOMENOLOGIA DA EXPERIÊNCIA E OCUPAÇÕES RELIGIOSAS DE USUÁRIOS DE UM CAPS DE BELÉM

  • Data: 25/06/2021
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  • O tema da presente pesquisa gira em torno da experiência religiosa e sua
    interface com a saúde mental. Possíveis relações entre estes dois campos têm sido
    recorrentemente debatidas por inúmeras áreas de conhecimento. A
    espiritualidade/religiosidade pode figurar como demanda dos usuários no cotidiano dos
    serviços de saúde, suscitando a reflexão e manejo dos profissionais envolvidos.
    Objetivou-se compreender como a experiência espiritual/religiosa de usuários de um
    CAPS interage com os modos de cuidado em saúde mental e analisar os sentidos da
    experiência espiritual/religiosa para essas pessoas. O estudo qualitativo de cunho
    fenomenológico e hermenêutico ocorreu em um CAPS III de Belém-PA e teve como
    principal fonte para obtenção de dados a realização de entrevistas semidirigidas.
    Participaram oito usuários que realizam o acompanhamento em saúde mental no local de
    pesquisa. As entrevistas tiveram os áudios gravados, sendo posteriormente transcritas e
    submetidas à análise do discurso, de acordo com a hermenêutica de Ricoeur. As
    informações obtidas foram organizadas em categorias a partir das unidades de sentido:
    experiência religiosa e a pandemia de COVID-19; Itinerários da experiência religiosa e a
    família; Experiência religiosa de usuários de um CAPS e a última, denominada
    Experiência religiosa e os modos de cuidado em saúde mental. O estudo permitiu
    vislumbrar a complexidade envolvida na interação entre a Espiritualidade/Religiosidade e a saúde mental. A perspectiva dos colaboradores sobre a experiência religiosa mostrou-se como territórios com fronteiras fluidas que se entrelaçam continuamente na experiência da vida, ora interagindo de maneira a criar um ambiente que inspira segurança e harmonia, ora contribuindo para as limitações e preconceitos que aprisionam a expansãode suas possibilidades de contato.

  • EVELYN TARCILDA ALMEIDA FERREIRA
  • GOVERNAMENTALIDADE DAS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA UNIDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIALIZADA PROFª YOLANDA MARTINS E SILVA

  • Data: 22/06/2021
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  • Esta tese teve como objetivo problematizar a governamentalidade das práticas em contextos pedagógicos, em uma escola pública de Belém, denominada Unidade de Educação Especializada Professora Yolanda Martins e Silva, notabilizada no atendimento de crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual.  O objeto da pesquisa foram práticas pedagógicas para uma educação inclusiva em seus paradoxos de medicalização e resistências às capturas biomédicas, sendo que se tornou relevante examinar como operam as tecnologias de poder-saber que amparam as práticas realizadas em uma escola inclusiva específica enquanto forma de pensar os modos de existências que nela acontecem. Buscou-se discorrer como se deu o governo das condutas, por quais dispositivos se tutelam as subjetividades, como forjam-se práticas de cuidado de si realizadas enquanto (re)existência desmedicalizante a uma possível patologização da vida; e, por fim, descreveu-se como comparecem as contribuições da psicologia escolar e educacional a esse contexto pedagógico em correlação de forças. Como aporte metodológico, a pesquisa manejou com ferramentas da arqueogenealogia de Michel Foucault, adotando como uma ferramenta para a produção de dados em arquivos, entrevistas no formato de roda de conversa com perguntas semi-estruturadas com os coordenadores pedagógicos, professores, pais, mães e responsáveis da comunidade escolar e, ainda, analisou-se alguns documentos do estabelecimento em que a pesquisa se deu. A fundamentação teórica apropriou-se dos conceitos como biopoder, biopolítica, disciplina, relações de poder-saber, governamentalidade, análise de implicação, capacitismo, educação especial inclusiva, etc. Examinaram-se que as práticas de saber, de poder e de subjetivação operam em contextos psicopedagógicos voltados para pessoas classificadas com deficiência intelectual. A tese proposta nesse estudo é que o governo das condutas de estudantes considerados deficientes intelectuais operam por um Complexo Tutelar articulando caridade, filantropia, assistencialismo, medicalização higienista patologizantes, porém, há resistências desmedicalizadoras no plano do cotidiano da escola pública de Belém, notabilizada no atendimento de crianças, jovens e adultos simultaneamente como artes de governamentalidade.

  • FERNANDA TEIXEIRA DE BARROS NETA
  • Mulheres brasileiras performadas como mães medicalizadas e medicalizantes pelo UNICEF.

  • Data: 22/06/2021
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  • Esta pesquisa problematiza as práticas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que
    performam mulheres brasileiras como mães medicalizadas e medicalizantes de crianças e adolescentes.
    As práticas desta agência multilateral têm sistematicamente sido constituídas por dispositivos de
    colonialidades dos corpos e subjetividades das mulheres mães nos documentos produzidos, desde a sua
    emergência, em 1945, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O UNICEF é criado com o
    objetivo de cuidar do que denomina de saúde materno-infantil, após a II Guerra Mundial. Depois, amplia
    as suas ações de proteção para a promoção, garantia e defesa das crianças e adolescentes de modo geral, a
    partir da década de sessenta, no século XX. Esta tese traz como problema: O UNICEF realiza quais
    práticas de colonialidade das mulheres mães e, em que medida, as mesmas operam por processos que as
    subjetivam como medicalizadas e medicalizantes? A metodologia utilizada é forjada pela apropriação e
    usos de alguns operadores conceituais da Arqueogenealogia e da História Cultural bem como das
    Psicologias Feministas e Decoloniais. Foi analisado o documento KIT FAMÍLIA BRASILEIRA
    FORTALECIDA (2019) disponível em sua página na internet, em português, com acesso livre. Afirma-se
    a tese de que o UNICEF performa os corpos e as subjetividades de mulheres mães como medicalizadas e
    medicalizantes, as higienizando e tentando colonizar suas existências por meio de práticas
    normalizadoras, no Brasil. Notou-se, ao longo de todo o documento-fonte, a centralidade da maternidade
    na vida da mulher e a preocupação com a saúde psicológica e emocional desta somente no pós-parto,
    dentro de uma perspectiva medicalizante ao catalogar sintomas possíveis de depressão pós-parto. Bem
    como, reforçou-se, a construção social que atrela a capacidade de procriação com a maternagem da
    mulher. Ressalta-se que nos relatórios do UNICEF a maternidade e a mulher-mãe são vistas de forma
    universal não sendo transversalizadas pelas interseccionalidades de raça, classe, regionalidade. A tese é
    original e relevante na medida em que esta agência tem ampla atuação no país e na formação de
    trabalhadores(as) sociais.

  • DAVI MIRANDA
  • PERCURSO E RECONHECIMENTO DA IDENTIDADE PSICOLÓGICA NA EXPERIÊNCIA TRANSMASCULINA.”

  • Data: 02/06/2021
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  • Considerando-se que: a) no contexto das experiências transmasculinas a construção de masculinidade se dá de maneira distinta da masculinidade cisgênera pela socialização recebida, que é incongruente à própria percepção de gênero; b) a Identidade psíquica e a identificação com o gênero se envolvem na vivencia da transexualidade, um fenômeno que afeta as fronteiras do sexo; c) pela experiência de reconhecimento para si, o sujeito passa a identificar em sua trajetória pessoal pistas que se adequam a nova compreensão da sua identidade masculina realizou-se uma pesquisa qualitativa, baseada em uma abordagem fenomenológica e hermenêutica. A relevância da mesma implica em contribuir social e cientificamente para essclarecer aspectos do reconhecimento de si e do reconhecimento social de transexuais masculinos, a partir da questão: Quais as percepções de homens trans acerca das masculinidades? Objetivos foram: Identificar as formas de auto reconhecimento da masculinidade; Verificar quais significados de masculinidade são subjetivamente apropriados pelos homens trans entrevistados? Quanto a fundamentação teórica e analítica me vali das proposições de Paul Ricoeur, na obra O Percurso do Reconhecimento, compreendido como o momento, em que o sujeito busca atestação de suas percepções de gênero em construtos socialmente validados de masculinidade, dentre os quais, destacamos as modificações corporais, por meio da hormonioterapia, da utilização de faixas de compressão do corpo e da adoção de comportamentos e vestuário socialmente lidos como masculinos. Na metodologia recorri ao delineamento definido por Amedeo Giorgi, cujo método permite obter a compreensão dos sujeitos acerca dos significados de suas experiências subjetivas da identidade transmasculina. Para a coleta de dados realizou-se entrevistas semiestruturadas com três participantes atendendo os protocolos éticos e sanitários ligados a pandemia da Covid-19. Os critérios de inclusão foram: a) auto identificarse como homem trans;b) faixa etária de 18 a 40 anos; c) que tenham iniciado a transição de gênero e estejam submetidos à terapia hormonal; d) residir na cidade de Belém-Pa. Os critérios de exclusão foram: a) pessoas trans de identidade não binária; b) homens trans que não tenham iniciado a transição hormonal; c) homens trans que ainda não tenham reconhecimento social no gênero masculino. Entre os resultados observou-se: os participantes perceberam dissonâncias entre sexo e gênero desde a infância, reconhecendo a si mesmos como homens; não enquadramento psicossocial nas expectativas de gênero. Concluo, que o reconhecimento da identidade transmasculina ocorreu, por meio de uma experiencia de desconhecimento, de uma não identificação com a identidade feminina e simultaneamente, por identificação psicológica, a partir de uma identidade masculina. Espera-se que a pesquisa contribuía para a compreensão de algumas dinâmicas psicológicas que ocorrem nos processos de subjetivação de homens trans, bem como fornecer subsídios para a configuração de políticas públicas na área da saúde mental.

  • LETICIA MARTINS BITAR DE MORAES
  • Alienação Parental à Pessoa Idosa: Análise de Processos Judiciais”

  • Data: 20/05/2021
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  • Trata-se de uma pesquisa qualitativa, documental, de caráter exploratória, na qual se utilizou a Metodologia de Análise de Decisões. Tem como objetivo geral a análise da alienação parental, configurada em processos de Interdição e Curatela, que transitam nas varas de família, da comarca da Belém, cujo objeto da lide são os conflitos familiares nos quais os interesses pessoais dos idosos estão no centro da contenda. Especificamente, objetiva analisar a possibilidade de extensão do conceito de alienação parental à pessoa idosa, vulnerável, envolvida nesses conflitos familiares, com base na teoria do Envelhecimento Saudável, articulada ao princípio da Dignidade da Pessoa Humana; e a produção de referenciais de natureza interdisciplinar, capazes de compreender as decisões judiciais relativas à aplicação da Alienação Parental ao idoso vulnerável. Na execução da pesquisa adotou-se os seguintes procedimentos: a seleção de documentos, processos de Interdição e Curatela, físicos e eletrônicos, sentenciados no período de 2017 e 2018, em 03 varas cíveis da Comarca de Belém. Destes, foram identificados 996 processos sentenciados, cujo o tratamento das evidências foi realizado a partir da leitura flutuante, que permitiu compreender a dinâmica dos conflitos judicializados, os argumentos, e elementos contidos nos textos que integram as decisões judiciais. Após, foram identificados os conteúdos manifestos (explícitos) e latentes (implícitos) contidos nessas decisões, o que possibilitou as inferências sobre esses conteúdos para construção de 04 categorias ou classes temáticas, interligadas para explicar o objeto de estudo, quais sejam, Indícios de discernimento para os atos da vida civil, Manifestação do juízo diante do fato concreto, A busca do juízo pelas evidencias de lucidez e Evidências de conflitos familiares para alienação parental. O estudo conclui-se que a pessoa idosa pode ser vítima de alienação parental no contexto familiar, gerado por conflitos emocionais não resolvidos, necessitando da interferência judicial e psicológica para a amenização do sofrimento.

  • CHRISTIANE PANTOJA DE SOUZA
  • PERCEPÇÕES E SIGNIFICADOS DO ENVELHECIMENTO PARA MULHERES DA ILHA DE COTIJUBA

  • Data: 29/04/2021
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  • Esta pesquisa de orientação fenomenológica e hermenêutica investigou as percepções e significados do envelhecimento para 8 mulheres com idades entre 30 e 56 anos, residentes na Ilha de Cotijuba, vinculada a região metropolitana de Belém, Pará, Norte do Brasil, objetivando identificar seus entendimentos acerca da exigência por manterem-se dentro de padrões estéticos associados à juventude permanente. Teoricamente recorremos aos conceitos Husserlianos de “Mundo da Vida” e “Corpo Próprio”, e a noção Ricoeriana de “Narrativa”, dialogando também com a compreensão de “ser da presença” e “Cura” em Heidegger. A compreensão teórica do fenômeno envolveu também entendimentos encontrados na literatura sobre Corporeidade e Envelhecimento das Mulheres, ressaltando-se o autor Le Breton. A escolha da faixa etária considerou que em termos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais esse intervalo de tempo parece estar mais associado ao início de mudanças na vida que predispõem a reflexão sobre a passagem do tempo e sua expressão no corpo, embora o envelhecimento seja um fluxo de existência que ocorre durante toda a vida. No entanto, a não linearidade da vivência do processo de envelhecimento, que inclui modos de perceber, nos levou à propor a tese de que nem todas as mulheres se preocupam excessivamente com padrões estéticos, podendo relacionar-se com a passagem do tempo como qualidade da existência finita, desvelando o reconhecimento dos limites do corpo no processo de envelhecimento, o que sugere a vivência de um outro modo de preocupação que não é o padrão comercial para postergar o envelhecimento, mas o de aceitá-lo como parte do viver. Deste modo, o mundo da vida das colaboradoras da pesquisa foi considerado em relação ao processo massivo do que tem sido denominado de culto ao corpo e que vêm ocorrendo principalmente a partir dos séculos XX e XXI. Metodologicamente nos valemos de uma proposição de análise baseada na compreensão de Paul Ricoeur sobre a narrativa presente no discurso para apreender sentidos das vivências do envelhecimento das colaboradoras da pesquisa. Entre os procedimentos utilizou-se da dialética entre fala e escrita e de um fluxograma analítico. A estratégia permitiu identificar a aceitação da passagem do tempo como movimento da existência finita a partir da ligação com o sagrado, compreendido como vontade divina e manifesto implicitamente na congruência com o movimento da natureza geográfica, o cosmo, a terra. Neste contexto, o descontentamento com mudanças no corpo que envelhece foi expresso a partir do ponto de vista da necessidade de aceitação dos fatos da vida. Desta forma, mais do que a perda da aparência de juventude, a passagem do tempo foi percebida na forma positiva de amadurecimento emocional, aprendizado, responsabilidade, saber o que se quer, orgulho e gratidão pelas conquistas no viver, com base no trabalho em comunidade e no afeto. Conclui-se que as narrativas das mulheres da Ilha de Cotijuba desvelam sentidos valoração para as mulheres que não estão sustentadas na aparência física, mas no todo de suas vivências, entendimento que ao ser debatido publicamente pode ajudar outras mulheres na desconstrução dos modos opressores de subjetivação impostos pela “indústria da beleza”. 

  • RUDRISSA DO COUTO ABREU PAMPLONA
  • A INCIDÊNCIA DA PALAVRA: ARTICULAÇÕES ENTRE CORPO E LINGUAGEM NA CLÍNICA DO AUTISMO

  • Data: 27/04/2021
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  • Partindo de um contexto clínico de atendimento de crianças diagnosticadas ou com suspeita de autismo, a pesquisa articula os conceitos de corpo e linguagem, pelos quais toma a psicanálise, com a constituição psíquica. Buscou-se traçar o caminho teórico-clínico pelo qual o significante se articula ao corpo. Mais especificamente, discutiu-se o que a clínica do autismo pode ensinar sobre as dificuldades nessa articulação, e quais os possíveis efeitos do ponto de vista do sujeito. Os caminhos metodológicos que adotamos para responder nossas interrogações sobre os entrelaçamentos entre corpo, linguagem e autismo seguem a orientação da pesquisa em psicanálise. Em um primeiro momento tratamos sobre o estatuto do corpo para a psicanálise, desenvolvendo o conceito de pulsão para fundamentar a noção de corpo. Na sequência, tratamos sobre o encontro do bebê com a linguagem, discutindo a formulação desse encontro a partir daquele que encarna o Outro para o bebê. Dimensionando a complexidade imposta pela linguagem, que inclui, necessariamente, as faltas significantes, discorremos sobre as marcas colocadas por essas primeiras experiências com o agente materno e sobre como a partir disso o encontro entre real, simbólico e imaginário vai se enodando, culminando com a discussão a respeito do estádio do espelho e a alienação do infans à linguagem. Seguindo, aprofundamos as operações de constituição do sujeito, alienação e separação, base para discutirmos, na sequência, sobre a perda imposta por ocasião dessas operações, e que culmina na formulação do objeto a. Tais operações recortam o corpo. Debatemos a respeito dos efeitos no sujeito de possíveis falhas nessas operações, que produzem os fenômenos linguageiros presentes no autismo. Constatou-se o fato de que o corpo se constitui na relação com o Outro, e por isso necessita da intervenção do Outro para que “funcione”. Diante disso, argumentamos que as manifestações sintomáticas presentes no autismo decorrem de falhas na constituição do corpo, ou seja, no recorte do corpo pela linguagem. Por fim, produzimos articulações conceituais e clínicas necessárias ao trabalho da psicanálise com crianças cuja relação com a linguagem encontra-se comprometida, concluindo que se a dificuldade do autista consiste em uma recusa à perda imposta pela linguagem, a orientação do trabalho analítico aponta, portanto, para um trabalho com o real não furado pelo simbólico.

  • LAIS DE ATAIDE CAMPOS
  • MULHERES E MERCADO DE TRABALHO PELAS LENTES DE PROFISSIONAIS DE GESTÃO DE PESSOAS

  • Data: 26/04/2021
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  • A presente pesquisa discute a divisão sexual do trabalho a partir das lentes dos profissionais de
    Gestão de Pessoas, orientada pela análise de práticas discursivas em processos de Recrutamento e
    Seleção de pessoal. A escolha por profissionais de RH como sujeitos da pesquisa se deu pelo fato
    de que são eles que intermedeiam o contato entre as organizações e aqueles que estão em busca
    de emprego. O texto discute, inicialmente, quais os motivos que motivaram a escolha dessa linha
    de discussão, falando brevemente sobre experiências pessoais da autora como mulher que viveu a
    maternidade estando em um ambiente organizacional.O percurso teórico mostra, brevemente,
    como foi a entrada da mulher no mercado de trabalho, trazendo, ato contínuo, um levantamento
    bibliográfico, a fim de se estabelecer um panorama acerca do que se tem publicado quanto aos
    referidos temas de pesquisa. No percurso metodológico, é apresentada uma breve explanação a
    respeito da metodologia usada, comentando sobre o construcionismo – uma vertente da
    psicologia social – e sobre o discurso dos profissionais de RH obtidos a partir de entrevistas.
    Além disso, são analisadas as práticas discursivas para buscar entender qual o ideário que esses
    profissionais têm a respeito da mulher e o quanto isso traz resultados práticos para a perpetuação
    de determinados estereótipos.

  • VICTORIA DOS REIS GONCALVES DA COSTA
  • EU USO ANDIROBA PRA TUDO: PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE DE HOMENS EM BELÉM-PA

  • Data: 25/02/2021
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  • Esta pesquisa analisou os discursos de homens sobre o cuidado em saúde no município
    de Belém, assim como identificou as práticas de cuidado realizadas por homens de
    diferentes contextos e especificidades. Este trabalho é parte de uma pesquisa nacional
    que está sendo realizada em cinco capitais do país cujo objetivo é analisar a
    implementação da política nacional de atenção integral à saúde do homem. Trata-se de
    uma pesquisa de campo de orientação construcionista que teve como suporte teórico os
    estudos sobre masculinidades dentro de uma perspectiva relacional de gênero. Buscando
    responder ao objetivo deste trabalho entrevistamos 15 homens em condições diversas e
    singulares com o auxílio de um roteiro semiestruturado. Podemos perceber pelas nossas
    análises que a maioria dos entrevistados relata não cuidar bem da própria saúde, pois o
    cuidado é comumente associado à ida a um serviço de saúde e à procura por um
    especialista. Eles atribuem essa falta de cuidado a um comportamento próprio da cultura
    masculina. Importante destacar que existe uma busca por cuidado presente no discurso
    dos participantes que não necessariamente está vinculado a um serviço de saúde como
    mediador. Dentre as práticas mencionadas podemos citar a busca por atividades físicas,
    um cuidado com a alimentação, a estética corporal e a saúde mental. As mulheres
    aparecem recorrentemente no discurso dos participantes como mediadoras do cuidado,
    pois elas promovem saúde e os auxiliam na busca por um serviço de saúde. Conclui-se
    que existe uma preocupação com o cuidado e a máxima generalizadora que coloca os
    homens como avessos a saúde pode não corresponder ao cotidiano e a prática de muitos
    deles.

  • FABIO ALEXIS RINCON URIBE
  • EL ROL DEL OPTIMISMO EN LA SALUD MENTAL DE LOS ADOLESCENTES: METASÍNTESIS

  • Data: 23/02/2021
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  • Otimismo é um conceito central no campo da psicologia positiva que se concentra nas
    expectativas que as pessoas têm sobre os resultados de seus eventos futuros. Esta revisão
    apresenta uma síntese das evidências de estudos primários, cujos achados refletem o papel do
    otimismo na saúde mental do adolescente. Esta revisão sistemática utilizou uma abordagem
    narrativa para os dados, baseada nos parâmetros do método Cochrane e PRISMA. Um protocolo
    foi registrado no PROSPERO (número de registro: CRD42019142616). Um total de 31 artigos,
    em uma coorte de 46.262 adolescentes entre 13 e 17 anos, apresentou desfechos primários
    significativos que evidenciaram o papel do otimismo como preditor, mediador e protetor da
    saúde mental na adolescência. Essa evidência sugere que o otimismo contribui
    significativamente na saúde mental dos adolescentes, funcionando como um preditor de boa
    saúde mental, um amortecedor contra o impacto do estresse e um protetor contra sintomas
    patológicos e comportamentos de risco.

  • AMANDA CERES VASCONCELOS WERNECK
  • CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES E O PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO DE USUÁRIOS ONCOLÓGICOS

  • Orientador : CEZAR LUIS SEIBT
  • Data: 19/02/2021
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  • pendente

  • ANA CLAUDIA DE OLIVEIRA BENTES
  • RELACIONAMENTO ENTRE PAIS IDOSOS E FILHOS ADULTOS: UM ESTUDO SOBRE SUPORTE FAMILIAR, FAMILISMO
    E CUIDADO INTERGERACIONAL

  • Data: 10/02/2021
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  • Este estudo objetiva compreender a relação de cuidados entre pais idosos e filhos adultos, refletindo sobre as crenças acerca da velhice, os papéis exercidos por eles, bem como a relação entre a percepção de suporte familiar e o familismo, como preditores do bem-estar dos idosos. Os dados principais do estudo de campo relacionado à investigação quantitativa foram construídos a partir do Inventário de percepção do suporte familiar, escalas do familismo, depressão e satisfação com a vida, respondido por 138 idosos. Destes, 118 eram do sexo feminino e 20 do sexo masculino. Após a aplicação, este material foi examinado estatisticamente e descritivamente por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), do SPPS Amos, versão 26.0 e pelo programa Excel. Para a abordagem qualitativa, realizou-se uma entrevista com roteiro semiestruturado, sistematizada pela análise de conteúdo, proposta por Bardin (1977/2009). Foram estudados 10 pais idosos (7 do sexo feminino e 3 do sexo masculino) do total de 138 idosos já interligados a pesquisa quantitativa. Complementarmente a este contingente de pais, foram entrevistados 10 filhos desses idosos, destes, 7 do sexo feminino e 3 do sexo masculino. Os principais resultados indicaram que: 1) os idosos apresentam autonomia, são funcionalmente ativos, em sua maioria, e sinalizam a velhice como uma fase favorável a um bem-estar subjetivo; 2) a maioria dos idosos é do sexo feminino e atua como provedora da família e, provavelmente, as idosas são entendidas e respeitadas pelo restante do grupo familiar como principal membro da família.; 3) os filhos adultos cuidam com atenção de seus idosos, contrariando um contexto frequentemente
    apontado pela sociedade e a mídia, que mostram altos níveis de violência intrafamiliar contra os mais velhos; 4) os idosos apresentam percepção positiva quanto ao suporte familiar, associado de forma significativamente ao familismo e ao bem-estar. Consequentemente, apresenta maior satisfação com a vida e menores índices de sintomas depressivos. Conclui-se que os papéis encenados por idosos na dinâmica das relações intergeracionais, ao longo da vida, são caracteristicamente complexos e interdependentes. Neste contexto, a velhice pode se apresentar como uma etapa do desenvolvimento desafiada constantemente por crenças e rótulos, como a inutilidade de pessoas mais velhas, contudo, paralelamente apresenta valores apreendidos na família, como a lealdade e o respeito à pessoa idosa.

  • GESSICA LIMA DOS SANTOS
  • NAMORAR E SEUS “PARA QUÊ”: PROPÓSITOS E PRÁTICASDESVELADOS EM ESTUDOS NACIONAIS

  • Data: 04/02/2021
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  • O presente trabalho busca compreender as práticas e seus “para que” do tipo de
    relação amorosa denominada de namoro. Trata-se de uma revisão integrativa da
    literatura nas bases de dados: Scielo (www.scielo.br), Pepsic (pepsic.bvsalud.org),
    Lilacs (https://lilacs.bvsalud.org/), BVS Brasil (Brasil.bsv.br), Portal de Periódicos
    da Capes (www.periodicos.capes.gov.br) BDTD (bdtd.ibicit.br) e Google
    Acadêmico (scholar.google.com.br). Foram utilizados os descritores: “Namoro”,
    “Namorar” e “História”, onde não foi delimitado um período de tempo com o
    objetivo de encontrar uma maior variabilidade de materiais. Como critério de
    inclusão, destaca-se: estudos que tratassem de modo direto (em seu objetivo
    principal) ou indireto (em seu desenvolvimento) sobre as práticas do namoro ao
    longo da história no Brasil, sendo considerados como válidos artigos, dissertações,

    monografias, teses e trabalhos apresentados em eventos. Como critério de exclusão,

    não foram considerados estudos que não relatavam as práticas de namoro, tendo
    como enfoque outros objetivos que não o namorar (casamento, concubinato, família,
    etc). Ao todo, foram selecionados 15 materiais que foram catalogados por seus
    dados de identificação, realizada a leitura, análise e discussão dos achados, com os
    quais foi realizado o diálogo com a teoria de escolha para este estudo, a Logoterapia
    (escola de Viena fundada por Viktor Frankl). Os resultados apontam que o namoro
    enquanto tipo de relação não existia de maneira reconhecida e autorizada pela
    sociedade até meados do século XIX, o qual foi tomando diversas configurações e
    modos de ser vivido ao longo do tempo. As normas sociais, enquanto
    condicionantes, podiam ser priorizadas no campo das escolhas, mas dada a
    liberdade humana os “para que” são sempre possibilidades na busca de sentidos,
    quando compreendida a pessoa para além das dimensões biopsicossociais, sendo
    considerada a dimensão noética ( facultativa). Foram identificados pontos em
    comum e divergentes nas formas de vivenciar o namoro, mas sobretudo destaca-se a
    importância de se preservar o espaço para a individualidade e autonomia dos que
    vivenciam esse tipo de relação.

  • JOSE MARIO BARBOSA DE BRITO
  • “ORGANIZAÇÃO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SOFRIMENTO PSÍQUICO DE BOMBEIROS MILITARES: MAPEAMENTO DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS”.

  • Data: 04/02/2021
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  • Esta pesquisa centrou-se na análise dos processos intrapsíquicos e intersubjetivos que dizem respeito ao trabalho de bombeiros militares. Teve como objetivo central analisar o sofrimento psíquico de bombeiros militares a partir do mapeamento dos riscos psicossociais relacionados à organização e às condições de trabalho em quartéis do estado do Pará e que são potenciais fatores de riscos psicossociais e deletérios à saúde destes trabalhadores. Tomamos como campo de pesquisa uma realidade prática e empírica, da qual buscou-se fazer desvelar os processos subjetivos engendrados no trabalho de bombeiros militares. Participaram da pesquisa 593 (quinhentos e noventa e três) bombeiros militares, dos postos de praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes), de um total de 2.667 (dois mil, seiscentos e sessenta e sete trabalhadores); do sexo masculino; lotados em quartéis da Capital, região metropolitana e de alguns municípios do interior do estado do Pará; no pleno exercício da atividade-fim, pelo menos, um ano no efetivo serviço ativo na corporação. O tempo de serviço dos trabalhadores pesquisados está entre 05 e 28 anos de serviço no CBMPA; com idades que variam entre 26 e 55 anos. O percurso metodológico para o desenvolvimento desta tese foi o quanti-qualitativo de tipo exploratório e descritivo. Tem como referencial teórico os pressupostos da Psicodinâmica do Trabalho que estão intimamente ligados aos da Clínica do Trabalho em que a palavra do trabalhador, individual ou coletivamente, é fundamentalmente central, para fazer desvelar as mediações ocorridas entre os sujeitos, o trabalho prescrito e o real do trabalho. Como instrumentos de pesquisa, partiu-se da aplicação do Protocolo de Avaliação dos Riscos Psicossociais no Trabalho (PROART), cujo objetivo e finalidade como instrumento de pesquisa estão diretamente coadunados com os objetivos definidos na pesquisa. Para tanto, o instrumento é dividido em quatro escalas: Organização Prescrita do Trabalho (EOT), Estilos de Gestão (EEG), Sofrimento Patogênico no Trabalho (ESPT) e Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT), das quais, os itens compreendidos na primeira dimensão nao apresentaram significância representativa para este público em especial, questão que não inviabiliza a validade e relevância do instrumento na pesquisa, sobretudo por se tratar de uma Escala que é preditora das demais. Nas outras três escalas, apenas 15 itens, dos 92 que formam o protocolo, se mostram sensíveis. Os itens com maiores índices de significância foram agrupados e organizados em seis categorias (que contemplam os 15 itens), a fim de melhor explorá-los, quando analisados em conjunto. Não se trata de alterações no protocolo, trata-se, apenas, de uma escolha metodológica para apresentação e discussão dos resultados. Utilizouse o Diário de Campo, para registro das falas e das manifestações, consideradas pertinentes, que ocorreram nos encontros com os coletivos de trabalhadores e encontros, durante a pesquisa de campo. As questões subjetivas que compõem o PROART, juntamente com os registros do Diário de Campo, foram analisados qualitativamente a partir da análise de conteúdo. Os resultados mostram tratar-se de uma instituição onde a hierarquia entre as relações é valorizada, com forte predomínio de exigências disciplinares, no que refere às interações humanas no âmbito da organização. Os laços afetivos são fracos entre os trabalhadores, consequência de práticas organizacionais que estimulam a competitividade, o individualismo e concorrência entre as pessoas; existe rigoroso planejamento das ações, com rigor de normas, protocolos e prescrições, com pouca margem para a criatividade e adaptações frente à realidade do trabalho, onde a inovação é pouco valorizada; as chefias seguem o modo de gerenciamento verticalizado, com o poder de decisão centrado no oficial superior e nos postos de comando, tratando o trabalho dos subordinados com indiferença, desqualificação, pouca margem para o dialogar e com ausência de práticas de reconhecimento; presença de queixas de amargura e sensação de vazio, assim como das instalações inadequadas no ambiente, da carga horária excessiva e acúmulo de funções, da falta de sentido e de significância no trabalho que realizam. Do mesmo modo, há queixas de cansaço, das longas distâncias percorridas entre o local de trabalho e suas residências, sensação de improdutividade, da falta de material de trabalho adequada e suficiente, como a falta de EPI e de algumas ferramentas, como por exemplo, o desgaste físico e emocional, atribuídos ao teor da atividade, à diminuição do efetivo de trabalhadores , aumento da carga de trabalho e das demandas. Aponta para a presença de sintomas físicos, como dores no corpo, braços, pernas e costas. Em suma, uma instituição na qual a organização e as condições de trabalho estão diretamente relacionadas à gênese do sofrimento, dos riscos psicossociais e outros processos deletérios à saúde, apesar das estratégias defensivas e de enfrentamentos, criadas e utilizadas pelos trabalhadores, coletiva ou individualmente.

2020
Descrição
  • DAIANE APARECIDA CALAZANS
  •  EXPERIÊNCIAS DE TRABALHO E SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DE UM CAPS III NO ESTADO DO PARÁ

  • Data: 28/12/2020
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  • Esta pesquisa tem como objetivo investigar as vivências de prazer e/ou sofrimento de profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) no estado do Pará, tendo como foco o processo saúde-doença no trabalho; verificar as estratégias utilizadas pelos profissionais para enfrentar os problemas que afetam sua saúde; descrever a organização de trabalho dos profissionais do CAPS III.  A metodologia elegida constitui-se em uma abordagem qualitativa, que permite a pesquisadora adentrar no campo da subjetividade e acessar o sentido que os trabalhadores dão a essa experiência. O instrumento será a entrevista semiestruturada com trabalhadores do CAPS III no estado do Pará. A abordagem teórica será a Psicodinâmica do Trabalho. A análise dos dados coletados ocorrerá a partir da Análise de Conteúdo, a qual se propõe a encontrar e interpretar os sentidos presentes no discurso do entrevistado. A realização desta pesquisa possibilitará o conhecimento da realidade vivida pelos trabalhadores do CAPS na região norte.

  • ANA CAROLINA GALVAO DA FONSECA
  • INTEGRALIDADE DO CUIDADO EM UMA UNIDADE PALIATIVA ONCOLÓGICA: Sentidos atribuídos por profissionais e cuidadores

  • Data: 18/12/2020
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  • Este estudo objetiva analisar os sentidos atribuídos ao cuidado integral em saúde, a
    partir do olhar de profissionais atuantes em uma unidade paliativa oncológica, bem
    como de cuidadores principais que vivenciam o processo de acompanhar pacientes
    hospitalizados na mesma unidade citada. O percurso teórico traçado perpassa questões
    sobre a Integralidade e às tecnologias de cuidado como orientadoras dos processos de
    trabalho em serviço de saúde. O elemento decisivo e norteador para esse caminhar é o
    conceito de tecnologias leves que realiza uma ponte entre as mesmas e a integralidade.
    O câncer constitui-se como significativo problema de saúde pública no Brasil ao se
    considerar a magnitude social manifesta pelos coeficientes de morbidade e mortalidade,
    em que invariavelmente é necessário ofertar cuidados em saúde ativos e integrais em
    situações que a doença ameaça a continuidade da vida. Sobre a integralidade em saúde,
    além de um princípio do Sistema Único de Saúde e a despeito da polissemia intrínseca
    ao termo, aqui busca compreendê-la enquanto ação reorientadora de práticas
    hegemônicas em saúde que objetiva legitimar a alteridade através do encontro com o
    outro, adoecido, com vontades, expectativas e histórias de vida diversas, o que implica
    em recusa ao reducionismo e objetivação dos sujeitos, propondo novos arranjos
    institucionais e políticos. Nas próximas etapas dessa pesquisa, pretende-se submetê-la
    ao Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, em atendimento à Resolução CNA
    196/1996. Adotará a abordagem qualitativa e utilizará o método clínico-qualitativo de
    investigação, selecionando intencionalmente seus colaboradores que serão convidados a
    participar de entrevista semidirigida. Será utilizada a Análise Qualitativa de conteúdo
    para análise dos dados coletados através das entrevistas.

  • MICHELE TORRES DOS SANTOS DE MELO
  • “DIAS DE LUTA, DIAS DE GLÓRIA”: TRABALHADORAS/ES DE SAÚDE EM HIV/AIDS SOB O OLHAR DA PSICODINÂMICA DO TRABALHO, EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA, NO PARÁ.

  • Data: 18/12/2020
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  • O surgimento da epidemia de HIV/Aids, no Brasil, foi marcado por grande mobilização social nos grandes centros urbanos do país, desde o primeiro caso da doença em 1982. Os profissionais da saúde precisaram concentrar esforços para seu enfrentamento. Afetados pelo drama dos pacientes, recebiam apoio psicológico vindo do Hospital Emílio Ribas, primeiro hospital com um Centro de AIDS, tornando-se referência na área de infectologia, até os dias atuais (MENDONÇA; ALVES; CAMPOS, 2010). Assim, esta pesquisa teve por objetivos analisar a organização do trabalho de trabalhadoras/es de saúde na atenção a pacientes de HIV/Aids, em um hospital de referência, no Pará; identificar as possíveis vivências de prazer e sofrimento psíquico neste trabalho; investigar os mecanismos de defesa individuais e estratégias defensivas coletivas adotadas, no enfrentamento à realidade existente. A metodologia adotada foi de cunho exploratório e pesquisa qualitativa, utilizando-se o referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho. Os instrumentos de análise foram de entrevista semiestruturada, com a técnica de entrevistas individuais. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, vinculado do Programa de Pós-graduação em Psicologia, da Universidade Federal do Pará, assim como pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário João de Barros Barreto, atendendo à Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde – Ministério da Saúde. Para a análise dos dados, utilizou-se a técnica de Análise dos Núcleos de Sentido (ANS), adaptada da técnica de conteúdo categorial desenvolvida por Bardin (1977). A análise das informações e relatos permitem aferir que a organização do trabalho caracteriza-se por aspectos que envolvem diferentes vínculos trabalho, por uma jornada de trabalho intensa e exaustiva, mediante às demandas diárias na atenção com pacientes de HIV/Aids que chegam no hospital muito debilitados. As condições de trabalho apresentam-se deficitárias quanto à estrutura física, iluminação, temperatura, limpeza, estado dos equipamentos e escassez de recursos, como medicamentos. Para enfrentamento à realidade, as/os trabalhadoras/es utilizam-se do mecanismo individual de defesa de negação e estratégicas coletivas de defesa de racionalização e de negação, com modos de pensar, agir e sentir compensatórios. O prazer se dá através do sentido dado à contribuição social, na recuperação e gratidão dos pacientes e familiares, no constante aprendizado e no apoio entre a equipe de trabalho. O reconhecimento é evidenciado pelos pares, quando elogiam, ajudam e valorizam o trabalho uns dos outros. Não foi mencionada a existência de grupos de discussão coletiva, onde as/os trabalhadoras/es possam falar de seus sentimentos, angústias e anseios no fazer laboral. Esta pesquisa possibilita a ampliação de saberes e reflexões atuais em saúde pública, no que concerne à saúde mental das/os trabalhadoras/es na atenção em HIV/Aids, assim como permite pensar ações voltadas à promoção de melhorias nas redes de serviços voltadas às PVHA, no país e, mais especificamente, no estado do Pará.
     
  • MATEUS ABREU PEREIRA
  • Freud, Adorno e a Psicologia Social: um diálogo sobre as massas

  • Data: 03/12/2020
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  • Já em 1921, Freud inaugurou uma abordagem que considera a psicologia das
    massas como extensão das experiências individuais, célebre pela afirmação de que toda
    psicologia é, em última análise, social. Tal perspectiva seria reapropriada por Adorno,
    que desdobrou a posição freudiana ao situar as massas como um agente decisivo a partir
    do estágio industrial do capitalismo. Diante do valor deste diálogo, este trabalho, de
    natureza teórica, tem por objetivo compreender como a noção freudiana de “psicologia
    das massas” e sua reapropriação crítica feita por Theodor W. Adorno contribuem para
    o estudo acerca dos potenciais autoritários latentes nos arrxz anjos coletivos do
    capitalismo tardio por uma psicologia social analiticamente orientada. Após um breve
    histórico do conceito de massa, realizou-se um estudo pormenorizado de “Psicologia
    das Massas e Análise do Eu”, de Sigmund Freud, mediante o qual foi possível
    compreender o papel de conceitos tais como os de narcisismo, melancolia e horda
    primitiva na adesão das massas aos desígnios de um Líder. A partir disso, o
    estudo passa a enfatiza a reapropriação promovida por Adorno das teses freudianas
    acerca das massas. Nesse sentido, as análises dos discursos de agitadores fascistas dos
    EUA feitas por Adorno constituem um exemplo privilegiado no presente estudo, de
    maneira que a propaganda fascista revela uma psicologia das massas desdobrada em
    elementos sociais e históricos. Em termos conclusivos, o estudo apontou que as
    condições que levam o indivíduo a “ser” massa são relativas à objetividade social que
    promove a regressão dos afetos e ações políticas a um nível inconsciente, em um arranjo
    social onde a retração narcísica e o enrijecimento do indivíduo são gratificados pelos
    ganhos de pertencer a uma massa, mesmo que isso signifique o endosso à agendas
    políticas que visam aniquilar as diferenças.

  • CIRO CESAR DA SILVA LOPES
  • EU SOU “É DO PARÁ”: PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DE UM PROGRAMA TELEVISIVO

  • Data: 01/10/2020
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  • As narrativas dos meios de comunicação são, muitas vezes, apresentadas como a
    única realidade daquilo que está sendo noticiado, o que costuma contribuir bastante
    para formar a percepção da audiência acerca de um determinado assunto. É
    levando isso em conta que o presente trabalho objetiva analisar como tal processo
    apresenta-se em uma produção local cujo tema gira em torno do Pará e/ou de um
    projeto identitário pautado na ideia de um “ser paraense”, visando compreender os
    mecanismos que operam na correspondência entre mídia e audiência, ou melhor, de
    como os conteúdos midiáticos tocam a dimensão inconsciente dos espectadores.
    Para tanto, adotou como objeto privilegiado de estudo, o programa regional intitulado
    É do Pará, apresentado pela TV Liberal, filiada à Rede Globo de Televisão. Em
    termos metodológicos, a pesquisa dividiu-se em dois momentos complementares:
    uma etapa empírica e outra voltada a estudos de natureza teórica. No caso da
    primeira, esta se deu a partir de um acompanhamento regular do programa, bem
    como da posterior seleção de episódios que estavam disponíveis no site G1 Pará.
    Assim, ao considerar os limites da presente pesquisa, foram separados somente os
    15 episódios do segundo semestre de 2019 que traziam o programa na íntegra.
    Estes foram sistematicamente apreciados e descritos, isto é, transformados em
    texto. Em seguida, foi realizada a análise dos dados segundo o que preconiza o
    método psicanalítico freudiano. Destarte, escuta e transferência foram os
    instrumentos principais para o tratamento das descrições, que resultou na
    elaboração do texto metapsicológico do terceiro capítulo. Esse procedimento teve o
    suporte da fundamentação dos estudos teóricos à luz de elementos da
    psicossociologia freudiana apresentada no livro Psicologia das massas e análise do
    Eu, movimento esse voltado para uma tentativa de compreensão de como as
    matérias atingem as massas engendradas pelo programa. Essa segunda etapa foi
    complementada por uma revisão bibliográfica em outros trabalhos de Freud, tais
    como: Introdução ao narcisismo, Luto e melancolia e O Eu e o Id, dos quais foram
    retiradas ferramentas teóricas como as noções de “narcisismo”, “identificação” e
    “ideal do Eu”. Sendo assim, ressalta-se que a audiência do É do Pará é mobilizada
    por um “tecnonarcisismo”, pois procura no programa um ideal de si, o qual foi
    constituído pela relação com as figuras parentais. Com isso, as idealizações do
    programa ocupam o papel paternal de “líder” das massas que engendram. Nesse
    sentido, questiona-se o interesse econômico e político no exclusivismo de uma
    identidade midiática ideológica, de um “Eu sou” imaginário, que estabelece um
    padrão do que seria ou não “ser paraense” para os componentes de suas massas.
    Em termos conclusivos, o “interditar a si” definido por tal padrão parece produzir um
    mal-estar que sempre retorna na autocobrança de estar ou não enquadrado no
    checklist midiático. Ou ainda na inquietação do conviver com esse outro “estranho
    familiar”, o desejante “não paraense”. A despeito de qualquer exclusivismo, nem
    todos os paraenses fazem parte das massas do É do Pará, pois nem mesmo são
    seus telespectadores e não têm suas vidas assentadas em sua ideologia.

  • FABIOLA DE SOUZA ABRAHAO
  • Significados e vivências de “amar e ser amada” na voz das mulheres participantes de um programa de envelhecimento ativo

  • Data: 31/08/2020
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  • Esta pesquisa teve como objetivo compreender os significados e vivências de amar e
    ser amado na vida de idosos (as) participantes de um programa de envelhecimento
    ativo em Belém do Pará. Para tanto, optou-se por realizar uma pesquisa qualitativa
    de orientação fenomenológica; foram realizadas entrevistas com cinco idosas na
    faixa etária entre 67 a 77 anos, as quais informaram já terem vivido ou viverem uma
    relação amorosa significativa. Tais participantes são matriculadas em um programa
    de envelhecimento ativo de uma instituição privada que atende ao SUS e aceitaram
    participar da pesquisa, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
    Esclarecido (TCLE). Como instrumento de pesquisa, utilizou-se a entrevista aberta
    de orientação fenomenológica, norteada por questões temáticas disparadoras: Para
    você o que significa amar?; O que é vivenciar o amor em uma relação amorosa?;
    Você vivencia ou vivenciou o amor na relação? Como isso acontece ou aconteceu?;

    Algo a mais a dizer sobre o amor?. Os dados coletados foram analisados a partir da
    proposta de análise fenomenológica de Amedeo Giorgi. Quanto aos resultados, as
    temáticas comuns que emergiram foram descritas em três constituintes essenciais,
    são elas: vivência do amor como um ato de cuidar; intensificação dos cuidados
    dirigidos ao outro; os significados atribuídos à liberdade. As participantes atribuem
    os significados e as vivencias de amar e ser amado a atos presentes no cotidiano, ou
    seja, o amor se desvela em atos. As atitudes dos companheiros pautadas no respeito,
    sinceridade, cuidados e preocupação são consideradas positivas e certificam o amor
    do parceiro dedicado a essas, bem como o compartilhamento de tarefas domésticas,
    os cuidados com os membros da família e a iniciativa de gestão do domicílio, são
    compreendidas como expressões do amor para com o outro. As participantes
    destacam, sobretudo, nesta etapa da vida, ou seja, na velhice, a atenção voltada ao
    estado de saúde e o apoio a manutenção como expressões desse amor, enfatizando
    que amar significa compreender e respeitar os desejos do outro, incentivar em seus
    projetos, sonhos e vontades, além de, sentir-se responsável por ajudar o parceiro na
    concretização de seus objetivos e metas. Na voz dessas mulheres “amar e ser
    amada” é um genuíno encontro que desvela a autotrancendência dos (as) parceiros
    (as) .

  • KELVINN MODESTO CARVALHO BARBOSA
  • O IMAGINÁRIO INDÍGENA E A SEXUALIDADE BELENENSE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

  • Data: 28/08/2020
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  • O referido estudo trata-se de uma pesquisa em psicanálise, que se apropria de um acervo de
    textos, reivindicando-se de autores que desenvolvem suas pesquisas a partir de um referencial
    teórico comprometido com o resgate da geopolítica da mestiçagem e das representações da
    sexualidade presente em um mito dos povos indígenas da região norte brasileira. Por
    conseguinte, a proposta metodológica dessa dissertação é discutir, a partir de pesquisas
    teóricas sustentadas pelo referencial psicanalítico, e da análise das falas dos entrevistados, as
    consequências e conflitos provenientes da miscigenação das sexualidades entre os povos
    autóctones, e as trazida pelos portugueses e africanos quando chegaram na Terra Brasilis. Se
    tivéssemos a oportunidade de realizar uma viagem ao período pré-colonial brasileiro, não
    escaparia ao observador a presença dos mitos e do imaginário indígena que, posteriormente,
    participariam na formação da sociedade belenense, consolidada a partir da referência religiosa
    Judaico-Cristã, a moralidade portuguesa exercerá grande influência em território nacional.
    Portanto, o objetivo geral desse estudo pretende investigar como as leituras indígenas e não
    indígenas, atravessam o imaginário amazônico, a partir da leitura da sexualidade apresentada
    em um conto erótico indígena. Destaca-se também a relevância social desta pesquisa que
    consiste em produzir uma reflexão sobre a geopolítica da mestiçagem a partir das relações
    entre índios, portugueses e negros.

  • ALAIANA MENEZES DA SILVA
  • GESTAÇÃO, PARTO E VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: NARRATIVAS DE MULHERES SOBRE AS PRÁTICAS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE NA CIDADE DE BRAGANÇA (PA)

  • Data: 03/08/2020
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  • O termo Violência Obstétrica é empregado para designar diferentes formas de
    violência durante os cuidados no período gravídico-puerperal, que compreende maus tratos
    físicos, psicológicos e verbais, assim como procedimentos desnecessários e danosos ao corpo
    da mulher. A literatura indica que a violência obstétrica atinge uma em cada quatro gestantes
    atendidas nos serviços de saúde brasileiro. Nesse cenário a presente pesquisa teve por
    objetivo estudar as percepções de mulheres, no período de até 40 dias após o último parto,
    sobre as práticas de violência obstétricas. Fundamentada pela perspectiva construcionista e os
    referenciais teórico- metodológicos das práticas discursivas as ferramentas utilizadas na
    pesquisa forma entrevistas semidirigidas e observação participante. Foram entrevistadas seis
    mulheres residentes na cidade de Bragança, localizada na região Noroeste do Estado do Pará.
    As observações foram sistematicamente registradas no diário de campo; as entrevistas foram
    gravadas e depois transcritas integralmente. Para análise das entrevistas produziu-se mapas
    dialógicos para cada uma das entrevistas. Em seguida as categorias temáticas identificados nos
    mapas permitiram realizar a discussão e análise dos seguintes temas: a) planejamento
    reprodutivo: o desejo pela gravidez; b) o pré-natal e o diálogo dos riscos; c) parto: o discurso
    médico-soberano; d) a (in)visibilidade da violência obstétrica. Dessa forma observamos que
    apesar de nem todas as mulheres que participaram da pesquisa identificarem a violência
    obstétrica, nas ações desenvolvidas nos serviços de saúde, ela está muito presente nas
    diferentes ações dirigidas a saúde reprodutiva da mulher. Assim identificamos situações
    violência no planejamento reprodutivo; no pré-natal quando os desejos das mulheres são
    silenciados pelas vozes dos profissionais que ditam o que é melhor para elas, sem ou menos
    ouvi-las; no parto tanto nos vaginais quanto nos cirúrgicos; e no pós-parto, quando elas não
    recebem nenhuma informação sobre o que ocorreu em seus corpos. Além disso ficou evidente
    que as discussões sobre a violência obstétrica permanecem invisíveis nas ações de educação
    em saúde no pré-natal, o que favorece a práticas de procedimentos desnecessários e a
    soberania do discurso medico sobre seus corpos. Portanto é fundamental que os estudos sobre a violência obstétrica sejam ampliados e que esforços sejam realizados para incluir o combate a esse tipo de violência nas políticas públicas de saúde.

  • LARISSA SALES PEREIRA
  • TER OU NÃO TER?: O PARADOXO DO ABORTO ENTRE ADOLESCENTES EM UMA PERIFERIA DE BELÉM DO PARÁ

  • Data: 30/06/2020
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  • O objetivo desta pesquisa consiste em identificar as práticas discursivas produzidas por
    adolescentes acerca do aborto. As participantes foram adolescentes na faixa etária entre
    13 e 17 anos, residentes em uma periferia de Belém do Pará. Ao considerar a linguagem
    como prática que provoca efeitos nas construções das realidades, este estudo visou
    identificar em que condições os discursos sobre o aborto estão sendo produzidos no
    contexto desta comunidade. Como metodologia de pesquisa, foram realizadas oficinas
    com as adolescentes sobre direitos sexuais e reprodutivos, sexualidade, violência de
    gênero, dentre outros temas demandados pelas jovens. Dentre as dez adolescentes
    participantes, uma relatou já ter praticado aborto. Uma adolescente não participante do
    grupo tomou conhecimento da pesquisa e buscou a pesquisadora para conversar sobre o
    aborto que já havia feito, o que se tornou ponto de análise desta pesquisa. A partir
    dessas trocas, constatou-se que as adolescentes, de modo geral, repudiam o aborto. As
    duas que abortaram o fizeram em virtude de suas limitações (econômica, social,
    psicológica) e influenciadas pela família e/ou namorado. Percebe-se o aborto como um
    dispositivo de controle sobre os corpos das mulheres. Os retrocessos políticos na saúde
    pública vivenciados no Brasil, assim como a defesa exacerbada da criminalização do
    aborto, são fatores preocupantes para a saúde física e psicológica das adolescentes, o
    que demanda novos e continuados esforços coletivos para a transformação desse cenário
    social.

  • ZULY KATHERINE GARNICA TORRES
  • APEGO ENTRE PADRE Y BEBE PREMATURO EN EL MÉTODO CANGURO

  • Data: 28/02/2020
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  • O método canguru salva a vida de milhares de bebês prematuros nascidos todos os anos, tem como
    objetivo preservar o vínculo entre os pais e o recém-nascido a partir do contato pele a pele; desde
    o início do programa é focado na mãe. Os papéis de homens e mulheres evoluíram, de modo que é
    necessário promover o apego do pai e do bebê em benefício não apenas da díade, mas também da
    família. O objetivo desta tese foi analisar o vínculo entre o pai e o bebê prematuro no método
    canguru. A pesquisa consiste em três estudos, estudo 1: Sentimentos e emoções de pais cangurus
    de bebês prematuros na UTI, protocolo de revisão sistemática, estudo 2: Anexo do pai-bebê no
    método canguru e estudo 3: Sentimentos do pai durante a hospitalização do seu bebê prematuro em
    uma unidade canguru. O desenho da pesquisa é misto, transversal, experimental. O local do estudo
    foi a unidade neonatal de um hospital público de Belém. Participaram 32 pais que realizaram o
    método canguru. A coleta da amostra foi por conveniência, por meio da escala pós-natal paterna e
    entrevista semiestruturada. Uma análise fatorial e a técnica de análise de conteúdo de Bardin foram
    realizadas. Os resultados da escala do estudo mostraram dois três fatores, diferentes componentes
    sociodemográficos mostraram efeitos nos três fatores do teste. No estudo 3, eles obtiveram cinco
    categorias. Conclui-se que os pais precisam de apoio constante da equipe de saúde para enfrentar
    ser pai canguru; os pais expressaram a necessidade de uma licença estendida para estar com o bebê;
    a posição canguru promoveu o vínculo entre os pais e os bebês.

  • ALINE DA CRUZ CAVALCANTE DE PINHO
  • Vivências do cuidador familiar do paciente sob cuidados paliativos, autotranscendência e logocuidado

  • Data: 17/02/2020
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  • O estudo apresenta uma revisão sistemática sobre as vivências do cuidador principal de pacientes sob cuidados paliativos na perspectiva da Logoterapia. Portanto, o percurso metodológico fundamentado em uma revisão sistemática da literatura  teve como questão norteadora responder como os estudos têm abordado a questão.  Foram definidos descritores de acordo com os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) e a terminologia em psicologia (DeCS-psi) e consultado as seguintes bases: Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), (Biblioteca Regional de Medicina – Centro Latino Americano e do Caribe em Informação em Ciências à Saúde (BIREME), assim como, as produções disponíveis em um periódico nacional  da área, com combinações que resultaram da interseção entre os descritores com o recurso aos operadores booleanos. Foram identificados 345 estudos, sendo que 74 encontravam-se repetidos. Após a leitura na íntegra e aplicação dos critérios inclusão e exclusão foram eliminados 267 estudos, e por fim, 4 estudos compuseram a amostra. Os resultados apresentam   três categorias de análise que respondem sobre as vivências dos cuidadores de pessoas sob cuidados paliativos: - O cuidar: um encontro com sentido; - Autotranscendência: da teoria à prática; e – O amor como realização de valores. Conclui-se que cuidar abre a possibilidade de realizar valores e encontrar sentidos, sendo que o encontro de sentidos no cuidar favorece realizar essa ocupação  com desvelo, entrega,  amorosidade, desvelando a autotranscendência.

  • CRISSIA ROBERTA PONTES CRUZ
  • Assistência à saúde das mulheres que sofreram violência sexual: debates em um serviço de profilaxia e abortamento previsto em lei

  • Data: 14/02/2020
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  • Em um cenário de altos índices de violência contra a mulher, esta pesquisa tem como foco a violência sexual, com ênfase na assistência oferecida na área da saúde às mulheres agredidas. Por meio de uma cartografia feminista como pesquisa-intervenção, este estudo teve como objetivo debater a assistência à saúde das mulheres que sofreram violência sexual em um serviço de referência no estado do Pará. A partir de uma parceria com a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), foram realizadas 8 rodas de conversa entre outubro de 2018 e junho de 2019 para se debater a assistência à mulher que sofreu violência sexual com servidores, residentes, estagiários que atuam no serviço de profilaxia após violência sexual e abortamento previsto em lei, bem como outros agentes dessa rede de atenção. O debate travado nesses espaços evidenciou problemas especialmente em relação ao abortamento previsto em lei nos casos de gravidez resultante de violência sexual, bem como dificuldades no diálogo e fluxo da Rede de Atenção à Mulher em situação de violência doméstica e sexual. Ao mesmo tempo eram levantadas propostas, ações para o enfretamento dessas dificuldades. Ao se avaliar o percurso dessa pesquisa, com seu período de imersão e ações no hospital, ressalta-se o desafio de trabalhar com a temática da violência contra a mulher e do aborto, e a complexidade de atuar e sustentar os serviços que atendem essas mulheres. Diante da potência dos encontros possibilitados pelas rodas de conversa, bem como pela temática e afetações provocadas pelo estudo, reitera-se o convite para o olhar constante ao serviço de profilaxia após violência sexual e abortamento previsto em lei, a fim de assegurar sua existência na direção de garantia de direitos.

  • LUCAS FADUL DE AGUIAR

  • ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS COM INTENÇÃO DE EVADIR: INVESTIGAÇÃO À PARTIR DA ADAPTABILIDADE DE CARREIRA

  • Data: 14/02/2020
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  • Esta pesquisa teve como objetivo investigar a relação entre adaptabilidade de carreira e intenção de evadir do ensino superior. Para tanto, utilizou-se de uma estratégia de pesquisa mista concomitante, dividida em três estudos: dois de cunho quantitativo e um qualitativo. Os dois primeiros valeram-se de uma amostra não-paramétrica de 239 participantes e foram testados modelos de mediação com as variáveis comprometimento e entrincheiramento de carreira, respectivamente; valeram-se estatísticas descritivas, correlações de Pearson e da regressão linear. Observou-se que o comprometimento mediou totalmente a relação entre adaptabilidade e intenção de evadir, enquanto o entrincheiramento apresentou correlação com o terceiro constructo, mas não com o segundo. O fator identidade do comprometimento apareceu como prevalente para explicar o resultado da mediação total; no que tange ao processo adaptativo, levanta-se a hipótese que se sentir entrincheirado parece ocorrer de forma independente a quem está mais ou menos adaptado, com ou sem cogitação pelo abandono. Os dados qualitativos foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e analisados a partir do software IRAMUTEQ, com 20 participantes. As informações obtidas permitiram lançar pistas sobre a relação que cada recurso de adaptabilidade tem sobre o outro, com alunos universitários; especialmente o controle e a preocupação pareceram determinar parcialmente a curiosidade e a confiança desses estudantes, quando indagados sobre suas intenções pela evasão. A triangulação dos três estudos lança algumas hipóteses futuras sobre o peso do comprometimento na discussão das dimensões de adaptabilidade. Conclui-se com discussões acerca e pesquisas futuras focarem em comportamentos específicos que possam influenciar a evasão, a dificuldade de operacionalizar o entrincheiramento e mais pesquisas de carreiras que envolvam o público LGBT.

2019
Descrição
  • JAYLLISE GASPAR PIRES DE MEDEIROS
  • “O Supremo Tribunal Federal e a Execução Provisória do Direito de Punir da Sociedade do Espetáculo”, 

  • Data: 20/12/2019
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  • O trabalho se propôs a compreender a mudança de entendimento relativa a execução provisória do direito de punir do Estado, com o objetivo de analisar a legitimação do exercício do direito de punir antes da sentença condenatória com trânsito em julgado, face o princípio da Presunção de Inocência. Para tanto, verificou-se os argumentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) proferidos nos votos do Habeas Corpus 126.292/2016, a partir da análise de conteúdo, com vistas a extrair os implícitos e explícitos das falas dos ministros do STF, para formular a compreensão da mudança de entendimento constitucional. O referido Habeas Corpus foi escolhido como material de estudo em razão de ter sido a medida judicial que trouxe novamente o debate sobre a constitucionalidade da prisão antes do trânsito em julgado e por ter modificado o entendimento que vigorava anteriormente, qual seja, da impossibilidade da prisão antes do trânsito em julgado, pois feria diretamente o disposto no art. 5º, LVII, da Constituição Federal. Ademais, para a discussão, foi importante o conceito de campo de poder, para fins de identificar o campo estruturado de forças que o STF está inserido, pois esteou a mudança de entendimento para servir ao espetáculo, mascarado pelo argumento da pressão social e restauração dos valores morais e éticos da justiça brasileira, e em detrimento do princípio constitucional de presunção da inocência. Dessa forma, o caminho metodológico percorrido para a análise dos dados obtidos, articulou os conceitos de sociedade do espetáculo, campo, habitus e capital social. Conclui-se que o STF está inserido no campo estruturado de forças e foi influenciado pelo espetáculo. Ainda que a mudança de entendimento tenha sido em detrimento de um preceito constitucional, não se fez suficiente para ser obedecido. O espetáculo criou a ideia de que era papel do STF, ante o contexto político de 2016, restaurar os valores morais da sociedade e a credibilidade do Poder Judiciário, sem se importar com as reais consequências dessa decisão.

  • FRANCO FARIAS DA CRUZ
  • Autismo, Medicalização e Psicanálise

  • Data: 12/12/2019
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  • Medicalização a partir de Michel Foucault corresponde a um conjunto de saberes e práticas baseadas em constructos de ordem médico/biológicos que de maneira gradativa, ao longo dos últimos séculos, se articulam e funcionam como organização técnico-administrativa na produção de subjetividade em nossa cultura. Utilizando-se dessa noção como analisador estratégico o trabalho enfrenta a questão do autismo, a partir das produções da linha psicanalítica. A noção de autismo se encontra em pleno campo de batalha de produções discursivas sendo majoritariamente agenciado pela lógica do biologicismo positivista clássico, contudo encontra na psicanálise uma alternativa de rearranjo de saber poder que incide sobre a produção do autismo de maneira particular. Neste sentido, o objetivo deste trabalho é analisar como a medicalização reverbera na produção do autismo e seus efeitos na constituição subjetiva a partir de práticas e de saberes psicanalíticos. Para isso realizou-se uma revisão de literatura nas bases de dados SciELO e BVS-Psi.; foram utilizadas as palavras-chaves “autismo”, “psicologia” e “psicanálise” localizadas no corpo do texto e como tema geral; o modelo de documento são artigos científicos; com o recorte temporal que correspondeu de 2012 a 2017; os autores desses artigos deveriam obrigatoriamente ser psicólogos ou psicanalistas; levantamento este que chegou a um total de 31 artigos. A partir das análises se observou a existência de uma heterogeneidade fundamental na produção psicanalítica sobre o autismo explicitada na forma em que a medicalização se apresenta dentro de cada trabalho. A diferenciação desdobra-se tanto entre distintas linhas psicanalíticas, como as de base em Lacan e Winnicott, como também no interior das próprias linhas teóricas, distinguindo-se basicamente pelo manuseio particular realizado por cada autor dos artigos com a teoria e a prática correspondentes. Dentre este mosaico, identificaram-se artigos com direcionamento de uma lógica medicalizante no caminho das estratégias positivistas, entretanto também foi possível encontrar trabalhos ainda que com atravessamentos de medicalização, quanto à padronização e naturalização de elementos referentes à constituição subjetiva, mas que oferecem abertura de possibilidades para suscitar elementos próprios de cada acontecimento e com isso uma potencia criativa de afirmação de novas composições subjetivas. Tal movimento se efetivou de maneira privilegiada em trabalhos que exploraram um nível de deslocamento para outras ordens de contato, ou mesmo outras dimensões expressivas como em práticas envolvendo música e escrita. 

  • BRENA LUIZA FIGUEIREDO COELHO
  • Tristeza atípica: a percepção materna sobre o sofrimento dos filhos com autismo.

  • Data: 27/11/2019
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  • Este trabalho investiga o reconhecimento da expressão de tristeza em crianças autistas a partir dos relatos de suas mães. Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva dos dados. Participaram dezenove mães de crianças entre 04 e 06 anos de idade, de ambos os sexos, diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que frequentavam o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. A análise de conteúdo embasou a criação das categorias e sistematização das informações realizadas a partir do software IRaMuTeQ com a utilização da classificação hierárquica descendente, que gerou três diferentes corpus, cujos resultados foram nomeados como eixos temáticos: Estressores e tristeza - causadores e alívio, Expressando sentimentos - agressão, choro e carinho, Sentir-se triste - acalante-se meu filho. Foram encontrados nos relatos referência de comportamentos autolesivos e de isolamento, como a maneira encontrada pela criança para findar situações estressoras. Além disso, observou-se que as mães possuem uma falha na capacidade de discernir os estados emocionais de seus filhos relatando como tristeza episódios de raiva ou irritação, que pode indicar um prejuízo na sintonia afetiva mãe-filho. Ambos os achados apontam que há uma imaturidade e um atraso no desenvolvimento emocional das crianças autistas, manifesta a partir das dificuldades de discernimento, expressão e regulação do sentimento de tristeza.

  • TATIANA DE MELO CASTELO BRANCO SAUMA DUARTE
  • “Enquanto minha mãe chora”: estudo da relação mãe-feto no período gestacional

  • Data: 06/11/2019
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  • A gestação é uma experiência repleta de vulnerabilidade emocional, com sentimentos
    intensos e ambivalentes, o que poderá desencadear uma comorbidade depressiva. O
    diagnóstico de depressão na gestação é complexo pela dificuldade de diferenciar os
    sintomas desta patologia daqueles próprios da gravidez. A pesquisa teve como
    objetivos: verificar a relação da mãe depressiva com seu feto, no período gestacional;
    verificar a compreensão da gestante frente ao diagnóstico de depressão; os sentimentos
    relacionados à gravidez e ao feto; as perspectivas de futuro, após o nascimento do bebê,
    bem como a idealização da mãe sobre o seu filho. A pesquisa utilizou-se das abordagens
    quantitativa e qualitativa e dividiu-se em três estudos. Os resultados revelaram que os
    aspectos sociodemográficos não possuem influência significativa no estabelecimento do
    vínculo mãe-feto, todavia, este sofre influência do estado mental das gestantes, sendo
    menor naquelas com sintomas de depressão; evidenciou, ainda, que as gestantes
    possuíam a compreensão da depressão e que, posteriormente, ao nascimento do bebê
    retornariam ao tratamento para não sentirem novamente os sintomas depressivos. Em
    relação a perspectiva de futuro, as gestantes, possuíam projetos de retornar aos estudos e
    ao trabalho e ainda que a idealização das gestantes em relação ao bebê era baseada em
    características físicas, biológicas e comportamentais e algumas não conseguiam
    idealizar seus filhos, o que demonstrou a falta de investimento afetivo das mães. No que
    diz respeito aos sentimentos em relação à gravidez e ao feto, as gestantes apresentaram
    emoções variadas e ambivalentes, o que corrobora com a vulnerabilidade emocional em
    grávidas depressivas.

  • MARINA LIMA DE OLIVEIRA
  • "Parir é encontrar-se consigo e com o que vem depois": maternagem e modos de enfrentamento da Violência obstétrica na prisão.
  • Data: 11/10/2019
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  • Essa pesquisa teve o intuito de identificar o perfil das custodiadas entrevistadas, discutir como as práticas de cuidado e assistência à mulher grávida encarcerada são experienciadas por elas, com enfoque sobre a Violência Obstétrica (VO) e apontar quais os seus modos de enfrentamento diante dessa realidade e utilizou-se como instrumentos de coleta de dados o diário de campo e entrevista semiestruturada. Constatou-se que a história de vida das custodiadas foram marcadas por inúmeros tipos de violências e mesmo compreendendo que tiveram um parto traumático, por vezes não se reconheceram como vítimas de violência obstétrica. Conclui-se que o direito ao aleitamento materno e à vinculação com seu filho está inter-relacionado com o modo de enfrentamento das diversas restrições e particularidades da experiência de gestar e cuidar no cárcere, pois as internas desenvolveram habilidades e competências subjetivas para lidar com as especificidades da maternagem intracárcere. 

  • ARLENE MARA DE SOUZA DIAS
  • "FALSA ACUSAÇÃO DE ABUSO SEXUAL NA ALIENAÇÃO PARENTAL FRENTE À RUPTURA CONJUGAL: LUTO OU MELANCOLIA?"

  • Data: 30/09/2019
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  • A presente tese é pautada na interface entre psicanálise e direito, tendo como objeto a falsa acusação da mulher contra o ex-companheiro perante a autoridade competente de haver cometido abuso sexual contra o (a) filho (a) de tenra idade, o que pode comprometer os vínculos parentais entre pai e filho (a). Ao denunciar o ex-parceiro e sem materialidade da existência de abuso, o juiz não tem como saber se a acusação procede ou não, pelo que deve, inicialmente, determinar a visitação monitorada entre o pai e o filho, prejudicando a qualidade do vínculo parental. O foco do presente trabalho é a mãe, embora a criança também ocupe um lugar de destaque, haja vista sofrer grande prejuízo. A literatura existente sobre alienação parental a correlaciona, em regra, ao luto mal elaborado por parte do alienante, sem cogitar a presença, em alguns casos, da melancolia – ou de traços melancólicos. Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi analisar, sob a ótica da psicanálise, a correlação entre luto e melancolia na falsa acusação de abuso sexual levantada pela mãe contra o ex-companheiro no contexto da alienação parental, visando a seguinte problemática: como a psicanálise pode contribuir para uma compreensão da correlação entre luto e melancolia na falsa acusação de abuso sexual levantada pela mãe contra o ex-companheiro no contexto da alienação parental? Outras questões se apresentam: a alienação parental decorre da ruptura conjugal? Como explicar a eclosão de conflitos entre o ex-par no momento do rompimento conjugal? A criança pode apresentar “falsas” memórias de abuso sexual após a falsa acusação levantada pela mãe? Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa teórica em psicanálise, pautada nos ensinamentos de Freud no que diz respeito, sobretudo, ao luto e melancolia; Laplanche, também voltado ao luto e melancolia, bem como no que diz respeito à Teoria da Sedução Generalizada, especificamente à situação antropológica fundamental, vivenciada pela criança e reeditada pelo ex-casal durante a ruptura da relação conjugal e; autores contemporâneos que enfrentam questões referentes à alienação parental, em especial, àquelas voltadas à falsa acusação de abuso sexual. Como resultado foi possível concluir que há a possibilidade de reedição da situação antropológica fundamental, vivenciada pelo ex-casal em tempos primitivos, culminando em conflitos. E que em meio aos conflitos, no contexto da falsa acusação levantada pela mulher contra o ex-parceiro perante a autoridade competente de haver cometido abuso sexual contra o (a) filho (a) de tenra idade é possível identificar, dependendo das peculiaridades de cada caso, o luto ou traços melancólicos – trata-se de um estado que não corresponde ao luto, mas também não corresponde à melancolia propriamente dita, com todas as suas peculiaridades. É possível, ainda, a criança apresentar “falsas” memórias de abuso em decorrência das mensagens inconscientes lançadas pela alienante no contexto da falsa acusação, consistindo em uma sedução generalizada pelo caráter inconsciente das mensagens, daí a própria alienante não saber que está seduzindo.

  • KARINA NUNES LEAO
  • “Psicanálise, Humor e Cinema: reflexões sobre o Witz e a sublimação na obra de Woody Allen

  • Orientador : MAURICIO RODRIGUES DE SOUZA
  • Data: 20/09/2019
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  • A relação entre o cinema e a psicanálise sempre foi marcada pela proximidade, seja pela simultaneidade no surgimento dos dois, seja pelas semelhanças e influencias da teoria psicanalítica no desenvolvimento da arte cinematográfica e vice-versa. Apesar de Freud não haver conferido tanta atenção ao cinema, a teoria psicanalítica influenciou muitos artistas, como foi o caso de Woody Allen. Destacando-se não somente pela sua ligação com a psicanálise, Allen também se tornou responsável pela transformação que a representação do humor sofreu no cinema. Fazendo parte tanto da escrita como da temática freudiana, o processo humorístico é analisado por Freud a partir da construção teórica do Witz, sendo o humor caracterizado como um dom raro e elevado, que, a partir da contribuição do Supereu, é capaz de extrair prazer mesmo em situações de afetos dolorosos. Assim, o humor acaba se aproximando ainda mais do cinema, tanto pelo escapismo quanto pela aproximação com o processo sublimatório. Neste sentido, para compreender a relação entre psicanálise e cinema a partir da noção de Witz, o objetivo deste trabalho foi analisar de que forma o humor se apresenta nos filmes de Woody Allen e a sua relação com o processo sublimatório. Para tal, foram analisados dois de seus filmes mais proeminentes e nos quais o papel da arte é explícito e fundamental para a narrativa: “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” e “A Rosa Púrpura do Cairo”. No primeiro filme, observa-se o uso que Allen faz dos recursos cinematográficos para auxiliar no processo humorístico, inclusive desafiando e inovando através de técnicas como salto temporal e narração direta, provocando humor a partir de aspectos particulares, como sua judeidade e com a própria psicanálise. Já em “A Rosa Púrpura do Cairo” temos um trabalho mais linear e sem ferramentas tão distintas para a narrativa, embora Allen utilize o jogo de imagens e o caráter fantasioso do cinema como técnicas para imprimir seu humor. Em termos conclusivos, no que diz respeito ao processo sublimatório é possível visualizar em ambas as obras o auxílio que a construção narrativa de Allen implica para o seu humor. Por meio da criação de seus personagens e enredos fictícios, o público consegue compartilhar os afetos do processo humorístico, seja para compreender um humor judaico nova-yorkino, seja para rir a partir de histórias também melancólicas e sem necessariamente um final feliz.

  • CAMILA MARIA FIGUEIREDO MALCHER PANTOJA
  • “PARA INGLÊS VER’’: sobre o casamento infantil em Belém do Pará

  • Data: 06/09/2019
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  • Esta dissertação faz uma análise psicológica sobre o casamento infantil em Belém a partir das práticas discursivas de meninas entre 13 e 17 anos, seguindo as pistas deixadas pelo relatório do Promundo (2015), que destaca o Pará como o primeiro Estado brasileiro com maior ocorrência destas relações. O presente trabalho se atém substancialmente à matéria primordial da Psicologia: a subjetividade. A partir da episteme do construcionismo social, a investigação ousou em apostar na crítica decolonial e sua proposta de giro epistêmico como guia teórico-metodológico insurgente do sentir-pensar na e a América Latina fazendo aproximações destes saberes pela ênfase do uso da linguagem, sua temporalidade e do contexto em que ela é empregada, enlaçando-as. Para isto, foram realizadas oficinas impulsionadoras de rodas de conversas nas quais participaram no total de nove meninas, não necessariamente casadas, moradoras de uma periferia no bairro central de Belém, discorrendo sobre sexualidade, vivencias familiares, afetividades, educação, violência, drogas etc. A análise das práticas discursivas foram baseadas em conceitos decoloniais para se pensar as subjetividades e suas implicações na prática do casamento infantil, sendo possível compreender o entendimento que as meninas possuem em relação à infância, casamento em suas idades, assim como, os desafios e (in)alcances de políticas públicas que, como em um jogo de interesse/desinteresse governamental, percebe-se estar em campo diretamente implicado na ocorrência dessas relações a seguinte premissa: o Estado dá com uma mão o que já retirou com a outra. Para inglês ver, há ações que impedem o casamento infantil, ao mesmo tempo que, alicia através de colonialidades elementos que produzem corpos periféricos para manter a premissa da matriz colonial-imperial de poder, para todo centro: periferia.

  • GABRIELA DI PAULA DIAS RIBEIRO
  • A RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE: sentidos atribuídos por psicólogas egressas

  • Data: 27/06/2019
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  • Esta pesquisa teve como objetivos: analisar os sentidos atribuídos por psicólogas egressas acerca de suas experiências em programas de residência multiprofissional em saúde na cidade de Belém do Pará; investigar de que forma a inserção da psicóloga (o) em um programa de residência multiprofissional em saúde a qualifica para atuar na assistência aos usuários do Sistema Único de Saúde; analisar de que modo ocorreu a relação da psicóloga (o) residente com uma equipe multiprofissional em saúde e como essa experiência pode relacionar-se com a sua formação e atuação na saúde. A metodologia escolhida constituiu-se a partir de uma abordagem qualitativa, que permitiu a pesquisadora adentrar a realidade individual da pessoa e acessar o modo como ela significa a sua vivência e analisar os sentidos dados à residência multiprofissional em saúde. Para atingir os objetivos deste estudo o método foi o clínico-qualitativo. O instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada com psicólogas (os) egressas (os) concluintes de residências multiprofissionais em Saúde, situadas na cidade de Belém-PA. A análise dos dados coletados ocorreu a partir da Análise de Conteúdo proposta por Bardin, a qual se propõe a encontrar e interpretar os sentidos presentes no discurso do entrevistado. Os resultados encontrados discorrem acerca do significado de ser residente multiprofissional e o papel que este exerce nos serviços de saúde; outro ponto relevante apresentado é a respeito da contribuição de um programa de residência multiprofissional para a atuação da psicóloga, considerando que esta vivência traz impactos e transformações para as intervenções psicológicas, assim como amplia o seu campo de atuação e a clínica da profissional de psicologia. Ademais, a residência multiprofissional é vivenciada como um fomento para práticas multiprofissionais, interprofissionais e, muitas vezes, transdisciplinares, a despeito dos desafios encontrados pelas psicólogas. A escuta e o conhecimento dos atos vividos e não somente das diretrizes que regem os programas de residência multiprofissional tornam possível aprimorar as práticas de cuidado, de gestão e de ensino, as quais um programa de residência propõe-se, bem como a reflexão crítica acerca da contribuição da psicóloga (o) no campo da saúde.

  • AMANDA PANTOJA FREITAS
  • SER BELA CANSA E DÓI: UMA REVISÃO INTEGRATIVA SOBRE O CORPO DE MULHERES ANORÉXICAS NA CONTEMPORANEIDADE.

  • Data: 30/05/2019
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  • O corpo na contemporaneidade apresenta-se como um projeto inacabado que pode ser modificável e remodelável de acordo com o desejo e padrões de beleza vigentes. Diante disso, principalmente as mulheres estão sendo impactadas por esses padrões, a partir da mídia, com a valorização do corpo magro, fator importante que contribui para o desenvolvimento da Anorexia Nervosa.Utilizamos o referido transtorno alimentar para realizar um recorte de uma discussão a respeito de corpo feminino. Assim faz-se um breve histórico sobre o corpo para compreender quais os fatores que apoiam a visão que temos sobre corpo feminino na contemporaneidade. Salientamos aspectos relacionados a beleza, questões socioculturais referentes ao corpo anoréxico feminino. Nesta dissertação de mestrado foi feita uma revisão integrativa com o objetivo conhecer o panorama dos conteúdos que estão sendo produzidos a respeito das vivências do corpo de mulheres anoréxicas na contemporaneidade. As bases de dados escolhidas foram Scielo, Google Acadêmico e Lilacs, no período de 2013 a 2018, os critérios de inclusão foram trabalhos científicos nacionais e internacionais realizados com mulheres anoréxicas a partir de 18 anos. Utilizando os descritores “mulheres anoréxicas”; “corpo feminino anoréxico”; “anorexia na contemporaneidade”, foram encontrados 29 artigos. Após leitura integral das publicações, 16 (dezesseis) foram selecionados para análise. A Anorexia Nervosa foi abordada enquanto uma psicopatologia com aspectos psíquicos e sociais que contribuem para sua ocorrência. O corpo feminino foi discutido sobre a perspectiva de adoecimento e sofrimento devido a busca obsessiva pela magreza e as conclusões das publicações salientavam aspectos sociais, psicológicos e/ou familiares como determinantes para o desenvolvimento do transtorno, além de ressaltarem a importância do tratamento multidisciplinar. Exercitando a postura fenomenológica tal como compreendida por Martin Heidegger discutimos o corpo anoréxico feminino enquanto um recorte para problematizarmos o modo como nós temos vivenciado nossos corpos na contemporaneidade.

  • DEBORA MELO DA SILVA BRITO
  • Itinerários de prevenção e de tratamento do câncer do colo do útero de mulheres da ilha de Cotijuba.

  • Data: 27/05/2019
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  • O câncer do colo do útero é o tipo de câncer com maior incidência nas mulheres no estado do Pará. Configurando um problema de saúde pública que demanda pesquisas e estudos que ampliem a compreensão das múltiplas dimensões que o compõem. Diante disso, nesse estudo, objetivamos identificar os itinerários terapêuticos de prevenção e de tratamento do câncer do colo do útero de mulheres que utilizam o serviço de saúde da Ilha de Cotijuba, no município de Belém. Partindo de uma perspectiva construcionista e tendo como base teórica-metodológica as noções de campo-tema e das práticas discursivas, realizamos a pesquisa com dois grupos de mulheres:  entrevistamos três mulheres que estavam em rastreio realizando o exame preventivo de câncer de colo do útero e uma mulher que estava em tratamento de lesão precursora de tal câncer. A partir da proposta de pesquisa no cotidiano iniciada na Unidade Municipal de Saúde de Cotijuba, utilizamos várias ferramentas de pesquisa, observações do cotidiano da unidade de saúde, acompanhamento nos trajetos em busca de tratamento, registros no diário da pesquisadora, entrevistas gravadas e transcritas com as mulheres. O diário da pesquisadora nos possibilitou uma leitura ampliada dos contexto da pesquisa e utilizamos a análise de discurso para aprofundar o debate sobre as práticas discursivas produzidas nas entrevistas, através da elaboração de mapas dialógicos. Os mapas do grupo de mulheres que estavam realizando prevenção e rastreio foram organizados em dez temas centrais:  história de vida; prevenção e exames de rastreio; sistema oficial de saúde; prática e saberes não-oficiais; itinerâncias geográficas; a relação com o corpo; papéis sociais e as rotinas diárias; relação com o câncer e outras doenças; rede de suporte; emoções e sentimentos. Nos mapas do discurso da colaboradora que estava realizando o tratamento, seis temas orientaram os mapas: história de vida; itinerários de tratamento no sistema oficial de saúde; sentidos atribuídos ao diagnóstico; deslocamentos em busca do tratamento; família e amigos: posições acerca do diagnóstico e tratamento; itinerários de tratamentos orientados pela cultura popular e pela espiritualidade. Observamos que tanto os itinerários de prevenção e rastreio quanto os de tratamento são permeados por aspectos culturais e práticas e saberes complementares em saúde, que atravessam os sentidos construídos pelas mulheres colaboradoras de pesquisa. Desse modo, é fundamental que as/os gestores que elaboram as políticas públicas e as/os profissionais que atuam nos serviços de saúde conheçam essas realidades e possam incorporá-las nas diretrizes das políticas e programas destinados a essa população, bem como no acolhimento dessas mulheres nos cotidianos dos serviços de saúde e na organização dos fluxos de tratamento entre os diversos serviços da rede que essas mulheres tem que percorrer.

  • JANAINA LOUREIRO DA COSTA
  • REFLEXÕES SOBRE A INTOLERÂNCIA POLÍTICA NAS POSTAGENS DA COMUNIDADE CANAL PÚRPURA

  • Data: 22/05/2019
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  • Os discursos intolerantes feitos nas redes sociais têm tomado dimensões extensas e é socializado de diversas maneiras que possibilitam a construção de diversas formas de diálogo. O compartilhamento dessas informações configura uma forma de discurso midiático assim como a utilização das ferramentas de interação existentes no Facebook, dentre elas, o curtir e o comentar. O uso da rede social Facebook, no cotidiano dos humanos, teria como proposta principal a integração entre os usuários com a união em solidariedade de causas coletivas e que promovessem o bem-estar global, porém, os discursos desrespeitosos também são verificados nesse meio virtual. Esta pesquisa envolveu a abordagem a respeito das reflexões sobre a intolerância política nas postagens da Comunidade Canal Púrpura. Uma rede social pertencente ao ciberespaço que propõe atividades interativas sobre diversos temas atuais e recorrentes, onde detectamos discussões e debates com a manifestação de atitudes intolerantes. O fenômeno dos discursos intolerantes foi abordado com base no diálogo e na expressão da Alteridade, Ética e Sociedade do Espetáculo. A busca no ciberespaço ocorreu por meio da Análise das Redes Sociais (ARS), uma ferramenta que possibilita a localização de interações publicadas por haters na Comunidade Canal Púrpura, cuja palavra-chave para a busca das métricas intolerantes foi #discursodeódio, onde sistematizamos as análises por meio de uma perspectiva conduzida pela abordagem fenomenológica da intolerância, isto é, captando as intencionalidades e os significados, presentes nas postagens, o que configura o escopo da abordagem fenomenológica da intolerância. É possível que os discursos intolerantes cruzem o limite entre o direito e liberdade de expressão e o discurso de ódio com a falsa cortina da invisibilidade, assegurada pela virtualização. Em vista disso, mesmo que as atitudes sejam consideradas inaceitáveis por não proporcionarem um diálogo contemplado com o ato de escutar das duas partes, uma vez que o outro ainda se sente afetado por determinadas postagens divergentes ao seu pensamento e atribui um discurso diferente da sua prática. A pesquisa proporcionou a constatação da ética individualista, onde o humano é voltado a um pensamento dentro de si mesmo, cujo valor da ética a ser seguida depende do contexto e que possa trazer retornos positivos, assim como a transparência de quem agride. Com a verificação das postagens, realizadas na comunidade do Canal Púrpura, foi possível constatar que as interações no álbum “ataques de ódio” continha o registro de diálogos fora da ética, da identificação com a alteridade e da reciprocidade nas relações interpessoais, mediante a expressão de ódio na web, com distorções de fatos e ideologismos sem fundamentação ou radicais, desqualificação pessoal, sendo que as fake news também tiveram grande colaboração para que esse cenário, por meio do compartilhamento de mensagens – como gatilhos –, expusesse o conflito, o preconceito, o ódio e a intolerância.

  • LUIZ ANTONIO SANTOS DE SOUSA
  • DO CONFLITO AO SENTIDO: DIÁLOGOS ENTRE A LOGOTERAPIA E A TEORIA E PRÁTICA DA MEDIAÇÃO

  • Data: 20/05/2019
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  • O objetivo do trabalho é compreender o diálogo entre a Mediação a partir do aporte teórico da Logoterapia. O trabalho se caracteriza por uma metodologia de abordagem fenomenológica, descritiva, exploratória a partir da análise de obras basilares da Mediação, assim como, da Logoterapia, desenvolvida por Viktor Frankl e que  compreende a pessoa humana como uma totalidade ontológica em que a dimensão noética revela a unicidade e totalidade,  abarcando tanto a dimensão psicológica quanto a dimensão física, desvelando assim  a dimensão humana, incondicional sede da liberdade e responsabilidade. Destacam-se a relevância da boa capacitação, sistematização, profissionalização do Mediador à sua atuação, a possibilidade do diálogo entre a Logoterapia e a Mediação. Ambas visam autodistanciar, autotranscender e deslocar o foco do sintoma, da dor, sofrimento ou aspectos negativos para o encontro com os aspectos saudáveis, positivos e humanos: a dimensão noética, possibilitando assim, a busca do sentido (“solução” ou “resolução de conflito”), desenvolvendo deste modo a voluntariedade, a responsabilidade e autonomia (protagonismo) das pessoas envolvidas. É sugerido também a relevância da produção de mais pesquisas para tratar a Psicologia Jurídica (especialmente da Mediação) a partir do aporte teórico e prático da Logoterapia, tendo em vista a carência de material na literatura científica e a relevância destes saberes.

  • RICARDO DOS SANTOS SOUTO
  • DIGNIDADE NO FIM DA VIDA E LOGOTERAPIA: CONTRIBUIÇÕES À CLÍNICA DE CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLOGICOS

  • Data: 16/05/2019
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  • A morte certifica o fim da existência humana e impulsiona questionamentos a respeito da qualidade do viver antes que esta venha ocorrer, em uma   etapa do ciclo da vida que  podemos referir como a da finitude do viver. Em se tratando de processos oncológicos com o agravamento da doença, os esforços das equipes de saúde são direcionados às medidas de conforto e segurança que possibilitem o bem-estar físico, psíquico e espiritual. São necessários esforços contínuos, no sentido de  favorecer o alcance desses objetivos por partes das equipes de saúde. Esse estudo busca contribuir à elucidação do que significa dignidade no fim da vida de pacientes oncológicos, na clínica de cuidados paliativos. Para tanto, são abordadas a questão da dignidade humana enquanto um valor absoluto, à luz da declaração universal dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito;    a Logoterapia e seus pressupostos,  desenvolvida  por  Viktor Frankl, psiquiatria vienense que  abordou  o sentido da vida;  o câncer é tratado como um problema de saúde pública, sendo   ressaltado  o estigma que gira em torno da doença, assim como,  os cuidados paliativos disponibilizados aos pacientes oncológicos. No mais, a dignidade humana é discutida como fundamento da humanização dos cuidados paliativos. Conclui-se que  esse valor, assim como a ontologia dimensional de Viktor Frankl corroboram para as ações voltadas à dignidade no processo de finitude. A dignidade na finitude do viver dos pacientes  na clínica de cuidados paliativos oncológicos, assim como, o conceito de ortotanásia, são concordantes com os pressupostos da Logoterapia. 

  • AMANDA GABRIELLA BORGES MAGALHAES
  • RECEPÇÃO DE FOUCAULT NA PSICOLOGIA SOCIAL BRASILEIRA A PARTIR DA REVISTA PSICOLOGIA & SOCIEDADE (1986-2017)

  • Data: 15/05/2019
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  • A produção do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) vem tendo especial impacto na produção da Psicologia Social no Brasil desde a década de 1980. A partir de uma pesquisa histórica-documental, investigamos a recepção de Foucault neste campo de saber, analisando os usos do autor nas publicações da Revista “Psicologia e Sociedade” (1986-2017). O corpo documental foi composto de 90 artigos que citaram nominalmente o autor. Tivemos como objetivos caracterizar a produção levantada (ano de publicação, distribuição geográfica, vinculações institucionais das autorias, temas e delineamentos dos estudos) e investigar os usos de Foucault realizados (obras citadas, operadores conceituais acionados, temáticas trabalhadas a partir deles, e a associação realizada entre Foucault e outros autores). Foram encontradas citações do filósofo durante todo o recorte temporal estabelecido, sendo a primeira em 1986, e o ano com maior frequência, 2012. Os trabalhos se ligam majoritariamente a Instituições de Ensino Superior Públicas brasileiras, especialmente das regiões Sudeste e Sul (74,4%). Somando-se com as parcerias interinstitucionais com Norte e Nordeste do país (principalmente a partir de 2009), esse número sobe para 85,4%. Dos 90 estudos, 54 foram teóricos, e 36, empíricos. Versaram sobre Reflexões conceituais e epistemológicas, Políticas públicas, Reflexões sobre a psicologia, Subjetivação, Gênero/sexualidade/feminismo, Infância/adolescência/juventude, Arte-Política, e outros. Os tipos de usos de Foucault foram divididos em duas fases. A primeira, de 1986 a 2001, caracteriza-se por uma utilização mais esporádica a partir de um uso exclusivamente teórico, acionando principalmente as noções de poder, arqueologia ou sexualidade, no diálogo com o marxismo, psicanálise ou Análise Institucional, e, sobretudo, para realizar reflexões conceituais, epistemológicas ou sobre a psicologia. Na segunda fase predominam os estudos sobre as políticas públicas, e iniciam-se os usos dos conceitos de biopoder, governamentalidade e genealogia. Surgem constantes utilizações teórico-metodológicas a partir de ensaios e pesquisas documentais com perspectiva genealógica. . Os livros mais citados em ambas as fases são: Microfísica do Poder, História da Sexualidade I e Vigiar e Punir. Destaca-se o aumento considerável da frequência dos usos de Foucault como autor principal e a popularização de trabalhos que acionam conceitos de toda a sua obra. 

  • ADRIANA ELISA DE ALENCAR MACEDO
  • A COLONIA CORRECCIONAL DE MENORES ABANDONADOS E DELINQUENTES NA AMAZÔNIA PARAENSE NO INÍCIO DO SÉCULO XX.

  • Data: 29/04/2019
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  • A Colonia Correccional de Menores Abandonados e Delinquentes, posteriormente chamada de Educandário Nogueira de Faria, foi construída na ilha de Cotijuba distrito pertencente a Belém do Pará, no início do século XX para ser o local onde receberia menores considerados vadios, abandonados e delinquentes. Escolher a ilha de Cotijuba localizada a 45 minutos de viagem de barco de Belém não foi uma escolha neutra. Longe da capital paraense, escondia e calava a infância desvalida. Como instituição foi criada como consequência da alta criminalidade infanto-juvenil, resultado do declínio da borracha e das políticas para a infância desvalida da época. Este discurso convencia a população de que a construção da colônia seria a melhor solução para estes menores. Dizer que a colônia foi construída para restringir o avanço da criminalidade infanto-juvenil, direciona a análise para um discurso de controle, ou seja, discurso de uma minoria economicamente favorecida, camuflando seus diversos atravessamentos, como por exemplo, o higienismo. O governador da época, Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, militar de profissão, juntamente com o desembargador Raimundo Nogueira de Faria, investiram na construção da Colônia na ilha de Cotijuba, trazendo um discurso político de “educação, cuidado e proteção”. O objetivo geral desta pesquisa é analisar historicamente como a Colonia Correccional de Menores Abandonados e Delinquentes, na Ilha de Cotijuba, no Pará, no início do século XX, se inseriu na assistência para a infância e, de forma específica, descrever e problematizar as práticas que envolviam os menores na Colônia, a trajetória dessas políticas na governabilidade dos menores no Pará. Metodologicamente, faremos uso da pesquisa documental e da história oral. Neste sentido, coletaram-se algumas histórias orais de um ex-educando e dois ex-funcionários da Colônia, bem como se pesquisou documentalmente nos jornais e nos processos judiciais da época nos quais se encontraram algumas pistas sobre a Colônia. Diante disto, consideramos que a Colonia se constituiu como um lugar com características asilares, em que o isolamento, a despersonalização, o higienismo e as práticas disciplinares foram realizadas em nome da defesa da sociedade e de uma suposta redenção dos menores ali confinados.

  • ANA CAROLINA PECK VASCONCELOS
  • A angústia de pacientes oncológicos no final da vida: desamparo, adoecimento e hospitalização

  • Data: 23/04/2019
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  • A psicanálise tem sido convocada, cada vez mais, a responder demandas institucionais de sujeitos em sofrimento. Desta maneira, o hospital aparece como campo importante de assistência e pesquisa sobre as implicações psíquicas do processo de adoecimento e possíveis repercussões deste na contemporaneidade. Neste contexto, este trabalho constitui-se em um estudo psicanalítico feito sob a perspectiva do complexo cenário da saúde e aborda o tema da oncologia e dos cuidados paliativos no hospital. Possuindo como objetivo geral investigar a manifestação da angústia em pacientes com câncer em estágio avançado que estejam hospitalizados e em cuidados paliativos. Neste sentido, foram realizadas análises a partir dos fragmentos de casos atendidos no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) nos meses de janeiro e fevereiro de 2019. Onde buscou-se uma articulação entre os dados coletados em campo e o referencial teórico proposto pela pesquisa, detendo-se, sobretudo, no referencial psicanalítico de origem freudiana e lacaniana, bem como, autores contemporâneos que abordam a temática privilegiada pela mesma. Todos os pacientes que participaram da pesquisa foram atendidos e acompanhados pela autora principal deste trabalho. Neste contexto, a análise conta com três casos clínicos, tendo como participantes dois pacientes do sexo masculino e uma paciente do sexo feminino, todos maiores de idade. Os atendimentos foram realizados na clínica cirúrgica do hospital, onde existem dois leitos masculinos destinados a pacientes em cuidados paliativos que não necessariamente serão submetidos a procedimentos cirúrgicos. Assim, pode-se dizer que esta pesquisa evidenciou a importância da escuta analítica na clínica oncológica de cuidados paliativos, uma vez que o psicanalista ao exercer o seu ofício, incita à palavra. Conduzindo o sujeito adoecido a buscar significantes a pelo menos uma parte do real que se abrigou em seu corpo. Proporcionando e validando, por meio de sua escuta, voz ao doente, ao adoecer e à sua dor. Neste sentido, a Psicanálise precisa manter-se atual para acompanhar as demandas de sua práxis que se fazem necessárias em outros ambientes que não o consultório da clínica tradicional, já que em campos inexplorados, a prática interroga ainda mais a teoria. E justamente em virtude disso, entende-se que essa pesquisa não esgota as possibilidades de estudos na área, pelo contrário, vem ressaltar a importância de que cada vez mais sejam desenvolvidas pesquisas neste âmbito.

  • RONILDO DEIVIDY COSTA DA SILVA
  • SUJEITO, DESEJO E ATO: PSICANÁLISE, LIBERDADE E DETERMINISMO.

  • Data: 01/04/2019
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  •  O presente trabalho trata de uma tentativa de reflexão sobre o problema da liberdade e do determinismo a partir do discurso psicanalítico. Tomando como eixos centrais do trabalho as categorias psicanalíticas de Sujeito, Desejo e Ato, o texto procura investigar não somente como o tensionamento entre liberdade e determinismo se dá atualmente, mas também quais foram as condições de possibilidades de tal tensionamento no interior do projeto de Modernidade ocidental. Nesse sentido, a parte I desse trabalho discute como foi constituído, a partir da noção de Aufklärung, o debate moderno acerca dos limites e das possibilidades teórico/práticas da autodeterminação do sujeito: no primeiro capítulo será abordado o aparecimento do Idealismo Transcendental de Kant e sua proposição de que liberdade é um factum da razão; no segundo capítulo será apresentado alguns elementos da Fenomenologia e da Lógicacom o objetivo de demonstrar que, para Hegel, o encaminhamento da questão da liberdade passa necessariamente por uma determinação ontológica do real;  e, no terceiro capítulo, examina-se como o pensamento de Freud inaugura um ponto de inflexão fundamental no debate acerca do fenômeno da servidão e, paradoxalmente, das condições de realização da liberdade humana. Na parte II, como resultado do impasse ontológico do sujeito moderno, serão abordadas as especificidade desse “Ser” na primeira metade do século XX na França, isto é, trata-se de avaliar, no “caso francês”, em que medida o encaminhamento dessa questão formulado por pensadores como Foucault e Lacan relaciona-se ao forte impacto do programa estruturalista da “morte do sujeito”: portanto, o capítulo quatro propõe uma retomada histórico/conceitual das linhas de força que compõem o referido projeto e, respectivamente, nos capítulos cinco e seis, tratar-se-á das elaborações foucaultianas e lacanianas a esse respeito para além do quadro estritamente estruturalista; por fim, o capítulo sete propõe examinar mais detidamente as consequências da reordenação conceitual operada por Lacan no estatuto do inconsciente em seu registro próprio, ou seja, a questão será avaliar como o primado do real articula-se com a dimensão do sujeito e com o objeto que o causa. Finalmente, na parte III deste trabalho será discutido, sobretudo a partir de Marx e Lacan, como o tensionamento entre liberdade e determinismo na sua forma atual encontra “soluções de compromisso” que reconduzem ao cerne da questão as categorias de sujeito, desejo e ato: no capítulo oito será discutido o fenômeno do consumo como estratégia de encapsulamento do sujeito na injunção entre desejo e mercadoria; no capítulo nove, será abordado em que medida essa injunção encontra a sua “verdade” material na circularidade e nas crises cíclicas do capital e, no capítulo dez, serão apresentados, a partir da formalização do ato analítico em Lacan, as propostas de Zizek e Badiou acerca da questão.

  • MICHELLE RIBEIRO CORRÊA
  • "PRÁTICAS DE JUDICIALIZAÇÃO, ASSISTÊNCIA SOCIAL, REALIZADAS PELO UNICEF, NO BRASIL DE 2000 A 2015

  • Data: 21/03/2019
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  • A presente dissertação de mestrado em Psicologia aborda o objeto Práticas de judicialização na política de assistência social, realizadas pelo UNICEF, no Brasil de 2000 a 2015. Trata-se de uma pesquisa documental, em uma bordagem histórica,sustentada pela perspectiva da História Nova e pela Genealogia, em Michel Foucalt. As fontes foram relatórios, publicados na página da internet do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no BRasil, Considerando o período de quinze anos, de 200 a 2015. Esta agência multilateral produz documentos, em formatos de relatórios sobre a situação da infância e adolescência brasileira, relatórios estes que ficam hospedados na página da internet e são de acesso público. Entre os critérios de seleção dos documentos foram: ser referente à realidade brasileira, trazer aspectos da política de assistência social e abordar práticas de judicialização. As fontes primárias e secundárias foram levantadas, lidas e organizadas criteriosamente, sob o enfoque da História Nova e dos operadores genealógicos da história política da verdade, problematizando as práticas de saber e de poder. Entre os resultados, é possível afirmar que o UNICEF forja uma agenda e uma pedagogia baseada na intensa judicialização, em especial, por meio da política nacional de assitência social. Estas práticas são paradoxais porque podem em nome da proteçãoàs crianças e adolescentes operarem processos de exclusão e segregação, de privação de liberdade, perdas de direitos e ampliação de um quadro de vulnerabilidade.

  • CAROLINA MESSEDER ZAHLUTH
  • SUPER-HEROÍNAS: UMA LEITURA DE GÊNERO A PARTIR DO (NÃO)PROTAGONISMO FEMININO NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

  • Data: 15/03/2019
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  • A mídia é considerada uma condutora e produtora de saberes, de formas de comunicação, e formadora de sujeitos em uma função pedagógica. As Histórias em Quadrinhos, como produto midiático, têm função difusora de sentidos e perpetuadora de papéis e relações de gênero e de poder. De acordo com a problemática do lugar da mulher nas HQs, a presente pesquisa norteia-se pela seguinte questão: Como se dá a construção das super-heroínas de histórias em quadrinhos? Com o objetivo geral de problematizar a construção de super-heroínas de histórias em quadrinhos norte-americanos dos anos 1940 até a atualidade, e os objetivos específicos de 1) delinear um histórico da entrada de mulheres super-heroínas em quadrinhos a partir das décadas de 1940 até os dias atuais; 2) analisar a construção e os modos de subjetivação de mulheres nas HQs a partir da epistemologia feminista; e 3) identificar características construídas como femininas que se fazem presentes ou não no discurso da mídia sobre mulheres no decorrer dos anos. Para atingir esses objetivos, a escolha teórico-metodológica para o presente trabalho é o construcionismo social, a partir da análise de práticas discursivas e de produção de sentidos. Para produção e análise de dados, analisou-se uma personagem feminina de destaque dos quadrinhos, seguindo as Eras dos quadrinhos delimitadas pela história das Histórias em Quadrinhos. Foram selecionadas as personagens Diana Prince/Mulher-Maravilha (Era de Ouro), Susan Storm/Mulher-Invisível (Era de Prata), Ororo Munroe/Tempestade (Era de Bronze), Selina Kyle/Mulher-Gato (Era Moderna) e Carol Danvers/Capitã Marvel (Dias atuais ou Era Contemporânea). Entende-se que todas as personagens carregam experiências diferenciadas, positivas e negativas, típicas do contexto histórico que vivem, perpassando temáticas construídas para mulheres na ordem patriarcal de gênero, como o amor romântico, a beleza, a passividade, a erotização do corpo negro, e a violência contra a mulher, e temáticas transgressoras, como a força da mulher no espaço público e a sororidade.

  • ERICA DE NAZARE MARÇAL ELMESCANY
  • Corpos-em-arte: o que podem os corpos no processo de viver o morrer?  

  • Data: 25/02/2019
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  • O corpo expressivo desta trama sobre a potência de corpos que vivenciam cuidados paliativos, em situação de câncer avançado, na qual me propus cartografar os rastros das experiencias e afetos pulsantes vividos nos encontros poéticos com mulheres em cuidados paliativos, perpassa pela leveza do mergulho em memórias corporificadas e afetos da minha história pessoal e profissional. Na experiência clínica testemunhei o modo como as pessoas vivenciavam e se relacionavam com o sofrimento e percebi nelas uma força de potência que vibrava em seus corpos e os impulsionava para viver. Passei a me perguntar: que força de existir é essa, nascida de uma experiência de colapso, que nos lança para um outro tempo e lugar? Como corpos frágeis, em guerra, podem tornar-se criativo, em estado de arte e potente? Movida por estas questões, interessei-me por acompanhar o processo de viver o morrer de duas mulheres assistidas no serviço domiciliar da Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) do Hospital Ophir Loyola, por meio de encontros que se fizeram como obra de arte, permeados por afetos e inventividades, num contato com forças e fragilidades. Os encontros aconteceram em suas casas, uma vez por semana, por um período de 1 ano e 3 meses e de 2 anos e 3 meses. Adotei a leveza como uma força investigativa para dar contorno a escrita convocada pela poesia. As sutilezas dos acontecimentos foram convocadas e adquiriram visualidade numa regência artesanal no mistério das imagens na paisagem do vivido e nas narrativas inventivas dos corpos da menina-esperança e da mulher-passarinho, nomes atribuídos às participantes da pesquisa. As memórias vivas dos encontros poéticos me suscitaram criar um território de inspirações para pensar sobre o tempo, o lugar e o encontro no viver em cuidados paliativos. Esta pesquisa produziu um saber de que o corpo é uma pequena flor, um corpo que não aguenta mais, indissociável de uma condição de fragilidade e que o corpo frágil que está no final da vida é dotado de uma estranha potência que pode favorecer a abertura de um corpo criativo, um corpo-em-arte. A produção também destacou que o cuidado artesanal instaura um novo corpo. Em cuidados paliativos, essa artesania envolve uma sutileza e uma qualidade de presença, que valoriza uma potência de agir dos corpos, inscreve lembranças afetivas no corpo e valoriza o acolhimento e a escuta sensível. Deste modo, costurar os fios desta cartografia foi um caminho para a elaboração da uma síntese deste percurso poético, que me permitiu tecer esta tese de que o corpo adota uma nova força de existir diante do sofrimento, onde a fragilidade passa a ser uma potência de resistência e o cuidado instaura uma abertura para a criação de um pulsar de vida.

  • LUAN SAMPAIO SILVA
  • Reflexões psicanalíticas sobre a histeria masculina

  • Data: 22/02/2019
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  • Nos primórdios da teoria psicanalítica e em alguns autores pós-freudianos, a histeria foi associada às mulheres. Freud, no início de sua disciplina, já lança um questionamento acerca dahisteria não ser uma manifestação psíquica exclusiva nas mulheres e se interessa pelo estudo da histeria ligada aos homens. Ele enfrenta dificuldades nesse início por parte da Sociedade de Medicina de Viena, que o questiona sobre a impossibilidade de haver histeria em homens e, por isso, é desafiado a apresentar um caso, o qual leva-o a elaborar e apresentar o caso de August P. A partir desse fato outras obras são dedicadas e relacionadas à esse tema, como, por exemplo, do pintor Christoph Haizmann. O objetivo dessa dissertação é compreender o funcionamento psíquico e as peculiaridades da histeria masculina, levando em consideração o contexto social e histórico no qual a teoria se desenvolveu. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica por meio de artigos, periódicos e livros, em especial à obra de Freud e de autores contemporâneos. Conclui-se que a dificuldade de falar sobre a histeria em homens aponta para um dificuldade maior: problematizar a sexualidade masculina e a questionar o modelo falocentrico.

  • BRENDA MOTTA COSTA
  • Sexualidades Dissidentes e rede de atendimento em Belém: alcances, ausências e possibilidades

  • Data: 18/02/2019
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  • A heteronormatividade é o saber hegemônico que essencializa as relações heterossexuais e dissemina discursos que naturalizam as performatividades de gênero, pautados na lógica biologizante, dicotomizada e divina do sexo, estabelecendo relações de poder nas quais a única inteligibilidade possível é aquela definida pela matriz heterossexual, atribuindo discursos depreciativos e higienizantes às pessoas que não se encaixam nessa lógica heterossexista e expressam suas dissidências sexuais subvertendo as pressões da heterossexualidade compulsória. Dessa maneira, as chamadas sexualidades dissidentes são, na maioria das sociedades, consideradas um desvio do dito “normal” e/ou padrão, sem possibilidade de se encaixar na inteligibilidade heteronormativa. Logo, é imprescindível que existam estratégias governamentais de enfrentamento à LGBTfobia e de garantias de direitos das pessoas LGBT; focadas nas atitudes de prevenção, atendimento, acolhimento, acompanhamento e encaminhamento necessários. Com isso, essa pesquisa objetivou mapear, através do método cartográfico, a rede de atenção a pessoas LGBT na cidade de Belém, de forma a verificar que equipamento se destaca como central nessa rede de atendimento e analisar as práticas discursivas dos profissionais que atuam nesse equipamento no que tange ao atendimento ofertado. A pesquisa envolveu duas ONG’s e quatro equipamentos públicos de atendimento. Pôde-se verificar o quanto a rede de atendimento a pessoa dissidentes sexuais em Belém é restrita e discutir os fatores associados a esses limites. Foi presente também a noção de instabilidade das políticas públicas haja vista o momento político de retrocesso de direitos e de propagação do conservadorismo.

  • CAETANO DA PROVIDENCIA SANTOS DINIZ
  • HOMENS QUE VIVENCIAM VIOLÊNCIA PERPETRADA POR SUAS PARCEIRAS ÍNTIMAS: uma abordagem fenomenológico-existencial

  • Data: 07/02/2019
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  • Esta tese objetivou investigar as experiências de homens que afirmam vivenciar ou ter vivenciado violência perpetrada por suas parceiras íntimas. A fenomenologia existencial de Martin Heidegger constituiu-se a base filosófica desta investigação, o que possibilitou ao pesquisador aproximar-se do mundo vivido dos colaboradores, desenvolvendo uma compreensão acerca dos sentidos possíveis de suas vivências. Tomou-se como base o enfoque relacional segundo o qual a dinâmica conflituosa que se estabelece na relação infringe ao parceiro danos que podem ser resultado tanto de recursos físicos quanto da habilidade para a argumentação, a humilhação, o apelo emocional, o ciúme, a manipulação e a chantagem, as quais podem ser praticadas por ambos os gêneros. A coleta de dados, baseada na metodologia qualitativa, consistiu na realização de um Grupo Reflexivo para Homens que Vivenciam Violência entre Parceiros Íntimos cujos depoimentos foram analisados com o auxílio do Fluxograma de Análise do Discurso inspirado na Fenomenologia Hermenêutica em Ricoeur, um instrumento elaborado pelo Núcleo de Pesquisas Fenomenológicas da Universidade Federal do Pará. Os resultados dos encontros grupais indicam que os temas mais abordados pelos membros do grupo foram as críticas à Lei Maria da Penha, a dominação exercida pela parceira e o relacionamento abusivo. As experiências relatadas pelos colaboradores indicam a necessidade da criação de políticas e serviços especializados no seu atendimento, além da produção de estudos que promovam sua visibilidade perante o poder público e a sociedade em geral.

  • LORENA SCHALKEN DE ANDRADE
  • Meu corpo, meu lugar: Uma compreensão gestáltica acerca da manifestação do sofrimento psíquico no corpo

  • Data: 05/02/2019
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  • A imposição socioeconômica para atender as demandas de consumo, a produção de subjetividades de massa são vetores que contribuem para o isolamento e alienação de si no mundo. Neste contexto, a exigência para superar limites, alcançar resultados e obter reconhecimento social se torna prioridade, o que têm contribuído para adoecimentos e aparecimento de sintomas vivenciados no corpo, porém nem sempre percebidos pelas pessoas. Conforme a organização mundial da saúde mais de 300 milhões de pessoas estão em sofrimento psíquico, com um aumento de 18% entre 2005 e 2015. Entre as patologias situam-se as depressões, caracterizadas por diagnósticos que se baseiam em manuais classificatórios, e em tratamentos e intervenções, que em geral, abrangem psicofármacos para o domínio dos efeitos dos desajustes do humor que as emoções promovem no cotidiano da pessoa. A Gestalt-terapia foi o modelo em psicoterapia que baseou as intervenções nesta pesquisa de orientação fenomenológica e hermenêutica. Metodologicamente realizamos uma intervenção clínica, em grupo com mulheres usando o desenho de si, entrevistas clínicas, relaxamento, experimentos clínicos e artísticos para facilitar as clientes recuperar a integração corporal e afetiva na manifestação dos sintomas corporificados da depressão. Entre os resultados destacamos; a) indícios de falta de ar; b) constantes dores de cabeça; c) dificuldades em expor sentimentos e opiniões; d) acumulo de ressentimentos com os familiares. Concluímos que: os sintomas corporais, durante os atendimentos estiveram ligados as manifestações discursivas expressas nas palavras: reconhecimento, relação, medo, rejeição e cuidado; o sentido da criação do sintoma e sua forma aponta a dificuldade da participante em se responsabilizar pelas suas questões; indica evitação do conflito; e por fim, os sintomas corporificados da depressão alteram a percepção de si provocando ajustamentos disfuncionais.

  • ROSEANE TORRES DE MADEIRO
  •  

    “O trabalho do psicanalista em uma instituição de acolhimento infantil e a noção de verdade para a psicanálise”

  • Data: 29/01/2019
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  • Esta tese se situa na interface entre a psicanálise e os âmbitos socioassistencial e jurídico, mais precisamente, no contexto de uma instituição de acolhimento para crianças vítimas de diversas violações de seus direitos, entre elas, a violência sexual. Em casos como esse, por se tratarem de crianças, há uma dificuldade de localizar em suas falas aquilo que tenha valor de verdade como um acontecimento. Como a verdade é tida no campo jurídico? E o que é a verdade para a psicanálise? Se tomarmos como referência o fazer de um psicanalista, que em seu trabalho conta com a suposição do inconsciente, encontraremos nesse campo uma problemática sobre o modo como a psicanálise pensa a questão da verdade, situada no campo do inconsciente, do desejo e da linguagem, e o modo como ela é posta para o campo jurídico, como factual e adequada aos objetos observáveis e comprovados: dois campos que atuam próximos, mas tomam a verdade a partir de critérios diferentes. Não podemos afirmar que uma verdade é mais verdadeira que a outra, mas precisamos reconhecer que estamos falando de noções diferentes e que isso afeta o trabalho do psicanalista e a condução jurídica de um processo. Esse impasse foi localizado na experiência de trabalho institucional, a partir de um caso que envolvia a suspeita de violação sexual. A escuta da criança envolvida em crimes sexuais é delicada, pois envolve a sua condição de estar em desenvolvimento, de não dispor de todos os recursos linguísticos para se expressar e, mais ainda, de ser afetada por sua sexualidade. Nesse contexto está em jogo também algumas demandas de um campo a outro, como por exemplo a expectativa do campo jurídico de que as áreas psicológicas poderão - através do uso de técnicas e instrumentos - desvendar a verdade dos indivíduos falantes. Lembremos que a fala dos envolvidos em um processo jurídico é tomada como prova testemunhal e que nem tudo o que é dito enquanto um testemunho se aproxima da verdade dos fatos. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi investigar a noção de verdade dentro do campo da psicanálise, visando discutir a seguinte questão: se a verdade é a do desejo inconsciente, como o analista pode realizar seu trabalho institucional? Que relevância a verdade do inconsciente poderia ter dentro de um processo jurídico envolvendo crianças em situação de acolhimento institucional? A que serve a suposição do campo do inconsciente para a condução do trabalho do psicanalista em um contexto socioassistencial e jurídico? Para desenvolver tais questões, o método utilizado nesta pesquisa foi o da psicanálise, onde foram utilizados como recursos metodológicos alguns recortes de um caso clínico, bem como fragmentos de práticas profissionais que são rotineiras na instituição, de onde foram extraídas algumas questões e articulações teóricas concernentes ao tema e objetivo da pesquisa. Como resultado foi possível apontar para o fato de que em casos de oitiva de crianças que envolvem crimes sexuais, o contexto jurídico precisa dar um lugar para a verdade do inconsciente localizada no campo da sexualidade e que o psicanalista, por sua vez, pode através de práticas discursivas promover uma mediação entre ambos os campos, tomando como causa o sujeito do inconsciente que habita a criança.

     

2018
Descrição
  • ERICA CATARINE ATAIDE MAIA
  •  

    PRÁTICAS DE CUIDADO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ASSISTÊNCIA DOMICILIAR TERAPÊUTICA EM HIV/AIDS

  • Data: 20/12/2018
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  • Apesar das reconhecidas estratégias brasileiras para prevenção, controle e tratamento do HIV/aids, a doença ainda representa um desafio social e político à assistência à saúde no país. Esta pesquisa teve como objetivo analisar as práticas de cuidado dos profissionais de saúde atuantes na Assistência Domiciliar Terapêutica (ADT) em HIV/aids do serviço de uma Unidade de Referência Especializada na Região Norte do Brasil. O estudou foi realizado através de uma metodologia qualitativa utilizando-se como instrumento para coleta dos dados entrevistas semiestruturadas individuais, com todos os onze profissionais em atuação na equipe da ADT – equipe de enfermagem (3), assistente social (1), fisioterapeutas (2), fonoaudióloga (1), nutricionista (1), psicóloga (1), terapeutas ocupacionais (2). Para a análise dos dados coletados, foi utilizada a Análise de Conteúdo proposta por Bardin, com finalidade de entender e interpretar os significados e sentidos observados nas falas dos profissionais diante da sua atuação no serviço da ADT. A análise dos dados foi realizada através de seis categorias: Assistência Multiprofissional à Saúde; Da Estruturação à Execução; Estabelecimento dos Vínculos; Entraves no Cuidado em Casa; Potencialidades e Dimensões da ADT; Humanização na Integralidade do Cuidado. Os resultados encontrados revelam que a ADT se apresenta como uma inovadora estratégia de assistência integral à pessoa vivendo com HIV/aids, com possibilidades de desenvolver práticas de cuidado na residência dos usuários. O serviço se estrutura a partir da assistência aos pacientes sem condições de mobilidade até Unidade de Referência, seja por questões orgânicas, psicológicas ou sociais, sendo assim a ADT promove resgate de pacientes que desistiram do tratamento, amplia a adesão aos medicamentos e proporciona cuidados paliativos quando necessário. As intervenções realizadas pela equipe multiprofissional proporcionam reabilitação, recuperação e promoção de saúde. A dimensão subjetiva das práticas de cuidado revela-se através dos relatos de maior motivação, esperança e fortalecimento emocional aos pacientes e familiares. Ainda que se reconheça a importância da ADT, a pesquisa apresenta em seus resultados alguns entraves para a maior eficiência do serviço, tais como: disposição de transporte, infraestrutura, materiais e recursos humanos. Ao conceber o cuidado no domicílio como um lugar potente às intervenções em saúde, preconiza-se a desinstitucionalização da assistência com novos rearranjos tecnológicos do cuidado, atendendo as necessidades singulares dos usuários com qualidade das relações de vínculo e promovendo a saúde pública humanizada.

  • THIAGO DA SILVA PINHEIRO
  •  

    ARBORIZAÇÕES E RIZOMAS NA AMAZÔNIA: CARTOGRAFIA PSICOSSOCIAL DAS PRÁTICAS DE CUIDADO DE UM DISPOSITIVO MÓVEL DA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE

  • Data: 04/12/2018
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  • Este estudo analisou e produziu uma cartografia psicossocial do plano de forças que germinam as práticas de cuidado criadas em um dispositivo móvel da Atenção Básica de Saúde de Belém, o Consultório na Rua (CnaR). Para tanto, como metodologia, houve produção de dados, em território, no período de março a agosto de 2018. Como ferramentas para a produção, a pesquisa proponente lançou mão de entrevistas, escuta, fotografias, diário de campo, referencial teórico, dados oficiais, pressupostos filosóficos, matérias jornalísticas e poesias. Os resultados deste estudo concluíram que a Amazônia mostra-se como um território complexo de saúde que possui seu grau de autonomia, mobilização e inovação associado à capacidade de vocalização de suas demandas e gestão pública dos serviços. E isso implica a valorização e o cuidado da saúde dos profissionais da atenção básica, bem como a organização das populações em vulnerabilidade, caracterizadas neste estudo através da população em situação de rua e indígenas. Deste modo, o estudo conclui sugerindo duas estratégias eficientes para a produção de cuidado em saúde no complexo território amazônida: o fortalecimento da Atenção Básica e a Organização Civil. Todos os atores envolvidos na produção de cuidado devem lutar pela sobrevivência de conquistas socais, à luz da Constituição Federal do Brasil.

  • DAIANE GASPARETTO DA SILVA
  • “Cartografia político-afetivas: práticas de resistência do povo em situação de rua em Belém no presente

  • Data: 03/12/2018
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  • A DEFINIR

  • LARA SOUZA PEREIRA
  • “Doutor, meu filho é Autista, e agora, o que é que eu faço?" um estudo psicanalítico sobre os efeitos do saber tecnocientífico nas funções parentais.

  • Data: 12/11/2018
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  • A DEFINIR

  • MARIA FRANCISCA BRANDAO DA SILVA
  • CARACTERIZAÇÃO DO ENVELHECIMENTO QUALITATIVO E DA “UNIVERSIDADE DA TERCEIRA IDADE” NA UFPA

  • Data: 08/11/2018
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  • Este trabalho trata-se de um estudo exploratório acerca do envelhecimento, que se traduz em uma revisão do que consta na literatura sobre os programas e ações da Universidade da Terceira Idade – UNITERCI, e as contribuições deste projeto para que as pessoas idosas vivenciem a qualidade de vida, tendo como foco a interpretação e análise de documentos. A pesquisa foi realizada por meio de levantamento bibliográfico/estudo qualitativo no período de 2016 a 2018 através de pesquisa documental. Os resultados da pesquisa, a partir dos documentos analisados, mostraram a prevalência da participação de mulheres em relação aos homens. Além disso, foi possível indentificar que o reconhecimento das vivências dos idosos e suas experiências favorecem o diálogo com a geração mais nova. Revelou-se também que as memórias contribuem para a preservação da cultura e o respeito ao envelhecimento das pessoas permite o enriquecer da relação intergeracional. Mostrou-se, por fim, que através das atividades (oficinas artesanais) os idosos podem tornar-se sujeitos numa nova etapa de suas vidas.

  • REBECCA BARATA MOREIRA
  • “VIVÊNCIAS DE MÃES EM LUTO E AS FOTOGRAFIAS DO FILHO FALECIDO: POSICIONAMENTO FRENTE À DOR E O PASSADO ETERNIZADO EM IMAGENS”

  • Data: 30/10/2018
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  • A DEFINIR

  • EDSON JÚNIOR SILVA DA CRUZ
  • Desenvolvimento e Temperamento de Bebês em Contextos Institucionais

  • Data: 17/10/2018
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  • A presente tese teve como objetivo investigar se a relação entre desenvolvimento e temperamento de bebês variou em razão das características ambientais de dois contextos institucionais (abrigo e cárcere). Participaram do estudo 70 bebês, sendo 35 do abrigo e 35 do cárcere, 35 mães do ambiente carcerário e 10 cuidadoras do espaço de acolhimento. Os instrumentos utilizados foram a escala Bayley III de desenvolvimento infantil que avaliou o desenvolvimento cognitivo, comunicação receptiva e expressiva e desenvolvimento motor fino e grosso, o questionário sobre o comportamento do bebê que avalia o temperamento, o formulário de caracterização sociodemográfica dos bebês e dos cuidadores e, a observação direta do ambiente. Os resultados apontaram que os bebês do abrigo em relação ao temperamento tiveram um índice mais elevado na categoria afeto negativo, já os bebês do cárcere apresentaram características positivas em extroversão e controle com esforço. Ao se avaliar o desenvolvimento, os bebês do cárcere apresentaram um desenvolvimento na média quando comparado com os bebês do abrigo em todas as áreas avaliada. Percebeu-se que as relações afetivas, os estímulos ambientais e o aspecto físico da instituição foram indicadores primordiais para o desempenho do desenvolvimento dos bebês do cárcere. Já no abrigo, a rotina institucional, a sobrecarga de trabalho das cuidadoras e pouca interação das mesmas com o bebê, o elevado número de bebês para poucas cuidadoras e o abandono afetivo por parte da família refletiu no desempenho baixo dos bebês no temperamento e no desenvolvimento. O estudo concluiu que o desenvolvimento e o temperamento dependem de múltiplas variáveis, entretanto, a questão do cuidado e do afeto positivo tende a influenciar de forma benéfica na vida desses bebês em diversos aspectos.

  • LYAH SANTOS CORREA
  • DISCURSIVIDADES SOBRE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NA MÍDIA PARAENSE

  • Data: 15/10/2018
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  • A recente abertura às questões relacionadas aos direitos humanos LGBTI no Brasil possibilitaram o
    aumento das midiati zações em torno deste tema e, consequentemente, houve produções de diversas
    narrativas sobre os lugares sociais destes segmentos, em especial à população de travestis e
    transexuais em que também se construiu discursos sobre a produção de seus corpos e de s uas
    identidades , o que revela os tensionamentos entre polos hegemônicos de saber poder e os campos
    da abjeção, da marginalidade, da exclusão. A partir disso, o objetivo geral da pesquisa foi
    problematizar as discursividades acerca dos fatos noticiados sobr e travestis e transexuais em uma
    mídia on line de grande circulação no Estado do Pará , em um período compreendido de 2011 a
    2018. Enquanto objetivos específicos, pretendeu se: 1) discutir sobre questões ligadas à construção
    identitária sobre as travestilid ades e transexualidades; 2) problematizar as universalidades e
    singularidades que demarcam aproximaç ões e afastamentos entre as categorias travesti e transexual
    e 3) identificar os discursos midiáticos mais presentes no que tange às identidades de gênero
    Enquanto trajeto metodológico, utilizou se a pesquisa documental dentro do contexto da
    metodologia qualitativa, a partir da ótica das práticas discursivas . Foram selecionadas notícias
    relativas às categorias travesti e transexual e a seguir, divididas em t rês séries discursivas, levando
    se em consideração os discursos mais presentes: “contextos sociais de violência e marginalidade da
    travestilidade”, “nome social e patologizações identitárias” e “lutas por garantias de direitos”.
    Diante disso, foi possível perceber que as interfaces entre mídia, Psicologia e experiências
    identitárias que fogem à matriz heterossexual põem em cheque as questões entre marginalização,
    patologização e medicalização dos corpos, além de se estabelecerem enquanto grandes campos de
    p ossibilidades de diálogos, seja no reconhecimento histórico da reprodução de discursos de
    ajustamento e normalidade, seja ao refletir e agir dentro de sua área de atuação nos seus limites e
    potencialidades em não reproduzir “verdades”, já tão difundidas no imaginário coletivo sobre
    sujeitos que apenas querem ter o direito de existir.

  • ROSANA RIBEIRO CARVALHO DE LIMA
  • Rede social de idosos em situação de violência familiar

     

  • Data: 01/10/2018
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  • O aumento exacerbado no número de idosos nos últimos anos torna o envelhecimento humano fenômeno mundial com questões sociais com altos riscos de vulnerabilidades aos idosos. A violência intrafamiliar, por exemplo, expõe a pessoa envelhecida a diferentes formas de agressões que comprometem o bem-estar e a mesma passa a necessitar de apoios que promovam o enfrentamento da violência e a recuperação da qualidade de vida. A presente dissertação objetivou analisar a atuação da rede de apoio social em suas dinâmicas relacionais com idosos em situação de violência intrafamiliar. Para tanto, participaram da pesquisa dez idosos entre 62 e 79 anos e utilizou-se como instrumentos de coleta ficha de dados sociodemográficos, roteiro de entrevista semiestruturada, lista de membros da rede social e mapa de rede, sob apreciação da técnica de análise de conteúdo com categorização temática. Os resultados apreendidos demonstraram que os idosos vivenciaram um ou mais tipos de violências e enfrentaram esta adversidade através de silêncio, confronto verbal e/ou físico, diálogo, espiritualidade, denúncia policial, e/ou quebra dos vínculos com o agressor. E encontraram na rede social, especialmente na família com os apoios afetivos, e na delegacia de proteção ao idoso com os apoios informacional e de atendimento, suportes suficientes para superar ou administrar melhor a situação de violência. Concluiu-se que a rede de apoio social atuou como fator de proteção contra a violência intrafamiliar.

  • JENNIFER FONSECA LOPES DE ANDRADE
  • PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE DE PACIENTES VÍTIMAS DE TRAUMA POR ACIDENTE DE TRÂNSITO: SUJEITO, SUBJETIVIDADE E AUTONOMIA

  • Data: 27/09/2018
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  • A DEFINIR

  • MICHEL FRANCA OEIRAS
  • Na marola da infância: políticas de drogas segundo o UNICEF

  • Data: 17/09/2018
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  • Esta pesquisa objetivou investigar de que forma as práticas de saber, poder e subjetivação
    atravessam a política voltada ao consumo de drogas no cenário brasileiro para crianças e
    adolescentes, segundo os relatórios do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
    Para tanto, foi utilizado como método a análise histórica documental, a partir das lentes do
    teórico francês Michel Foucault, que trabalha com a emergência da produção discursiva e seus
    atravessamentos com os jogos de verdade, saber e poder de uma determinada sociedade. Foram
    utilizados como fonte de pesquisa os relatórios produzidos pelo UNICEF, no período de 2000
    a 2015, que apresentavam apontamentos sobre o uso de drogas. O trabalho apresenta
    considerações a respeito do uso drogas, realizado ao longo da história da humanidade.
    Discussões sobre a construção do sentimento de infância, em especial a da infância brasileira.
    Descreve o histórico do UNICEF, assim como as suas implicações no Brasil. Os relatórios
    apontaram que o UNICEF, enquanto agência multilateral, articula vários setores da sociedade,
    na tentativa de garantir os direitos desse segmento social. Entre os resultados, podemos apontar
    que os relatórios do UNICEF elucidam várias situações que colocam as crianças e adolescentes
    em um lugar de vulnerabilidade, frente aos eventuais problemas ocasionados pela circulação de
    drogas nos mais diferentes contextos sociais, apontando diversas recomendações de como o
    Brasil deve encarar essa situação.

  • HENRIQUE CESAR CARDOSO DO COUTO
  • "Sintoma do impossível: uma leitura psicanalítica sobre a evasão no ensino superior"

  • Data: 11/09/2018
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  • A evasão no ensino superior é um dos diversos desafios com os quais se deparam as universidades brasileiras. Pesquisas na área educacional enfatizam que a evasão suscita uma série de prejuízos institucionais e aos próprios discentes. Levando isto em conta, o tema da evasão se constituiu na presente pesquisa por meio de uma experiência clínica guiada pelo referencial psicanalítico, sendo nosso objetivo principal aqui o de apresentar uma leitura freudiana acerca da evasão. Para tanto, este trabalho, de natureza ao mesmo tempo teórica e clínica e pautado na análise bibliográfico-comparativa em conjunção com o método do estudo de caso, busca discutir a presença do sujeito do inconsciente nos casos de evasão. Assim, apresentamos inicialmente os principais elementos sobre a evasão abordados por pesquisadores da área educacional, tais como: fatores institucionais, dificuldades socioeconômicas e questões vocacionais. Em seguida, acompanhamos as expectativas, impasses e desilusões de Freud a respeito da educação ao longo de sua obra, enfatizando o desenvolvimento teórico que o fez considerar o educar como um ofício impossível. Então, aproximando teoria e prática clínica, discutimos o caso de uma paciente atendida durante os anos de 2014 e 2015, cujo quadro envolvia sérias possibilidades de evasão, mas não se relacionava aos principais determinantes abordados pelas pesquisas em educação. Junto ao caso, analisamos dois textos freudianos: a saber, Inibição, Sintoma e Angústia (1926) e Mal-Estar na Cultura (1930). Em termos conclusivos, defendemos a hipótese de que a evasão pode ocupar uma posição ambígua e mesmo paradoxal, similar àquela do sintoma: fracasso por um lado – aspectos sociais, institucionais – mas sucesso por outro – por manifestar a verdade do sujeito, ainda que sob a forma do sintoma que o sustenta. Além disto, consideramos que a dimensão de impossibilidade atribuída por Freud à educação não faz desta um ofício prescindível: aponta, antes, para uma precariedade inerente à insolubilidade do conflito entre os registros da pulsão e da cultura.

  • VANESSA RAFAELLE BRASIL DE SOUZA
  • "Sentidos performados sobre o corpo no cotidiano escolar: práticas discursivas na adolescência"

  • Data: 30/08/2018
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  • A DEFINIR

  • DANIELE MOREIRA GOMES
  • “Vivências no socorro de emergência: os bombeiros diante da morte”

  • Data: 27/08/2018
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  • A DEFINIR

  • MARIANE BATISTA BITENCOURT
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    “A maternidade em situação de privação de liberdade no Estado Pará: problematizações a partir da unidade materno infantil”


     


  • Data: 27/08/2018
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  • A presente pesquisa objetivou problematizar o acontecimento Unidade Materno Infantil (UMI) e a produção de suas relações de saber-poder-subjetivação através da análise de documentos oficiais (Documentos estes compostos por legislações nacionais, internacionais, decretos, ementas e por fim documentos que fundaram e regem a UMI). A UMI é o centro de referência responsável por acolher crianças que tem suas mães presas por pelo menos 6 meses de idade e está condicionada ao Centro de Reeducação Feminino (CRF) de Belém do Pará. Esta dissertação foi estruturada em cinco capítulos. O “método” utilizado na pesquisa foi a genealogia proposta pelo filósofo Michel Foucault, apresentado no primeiro capítulo. No capítulo 2 tratamos dos temas do encarceramento em massa, a demanda por ordem, o dispositivo de aprisionamento como mecanismo para pensarmos o papel da prisão e a produção de seu público, bem como as contribuições teóricas da criminologia crítica. O terceiro capítulo buscou apresentar contribuições para a discussão da temática do gênero feminino, mulheres encarceradas, maternidade e prisão, bem como contribuições da “Criminologia Crítica” como ferramenta imprescindível para a compreensão dos atravessamentos de gênero no sistema de justiça criminal. No capítulo 4 dispõe à descrição minuciosa dos documentos selecionados na pesquisa. Todos os tópicos e pontos que compõem os documentos tiveram a mesma importância na descrição dos mesmos. O quinto capítulo apresenta as análises produzidas a partir do encontro das ferramentas com o objeto de pesquisa, logo, três eixos foram produzidos: “A Unidade Materno Infantil: o recorte de gênero, “a proteção à infância e família e “o disciplinamento cor-de-rosa”. A maternidade para presas, é tida como uma régua no cumprimento da pena, parece representar uma maneira “eficaz” de ressocialização. O deslocamento desta mulher para ambiente diferenciado se dá na justificativa da proteção da infância e da família. Essa analise nos levou a pensar que as mulheres na UMI vivenciam um disciplinamento ainda maior que as outras, por inúmeros mecanismos de controle e especialmente pela regulação no modo de maternar. 

  • MARILDA NAZARÉ NASCIMENTO BARBEDO COUTO
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    “Pulando muros”: cartografia do cuidado em saúde para usuários de álcool e outras drogas”

  • Data: 26/07/2018
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  • A dissertação trata da temática do cuidado às pessoas em sofrimento psíquico relacionado ao
    consumo de álcool e outras drogas na rede de atenção do Sistema Único de Saúde,
    considerando questões relacionadas às políticas e práticas, sobretudo à dimensão
    micropolítica do trabalho. Utilizou-se uma abordagem cartográfica, em particular o uso de
    narrativas e dispositivos conceituais de pensamento. Nesse contexto, “o menino que pulou o
    muro” foi, nesta dissertação, dispositivo para refletir sobre os saberes/poderes que ocupam os
    “serviços substitutivos” da política de saúde mental e para tornar visível uma vigência
    relevante do saber/poder biomédico, da psiquiatria inaugurada no interior da ciência moderna
    e da biomedicina, nos primeiros suspiros da modernidade. Mas o menino-dispositivo também
    permitiu acumular no corpo da militante-pesquisadora e nos registros cartográficos algumas
    pistas de tensões entre o cotidiano do cuidado e a ideia do cuidado integral. O menino, aqui,
    passa a ser não mais somente uma imagem de adolescente com consumo problemático de
    álcool e drogas em serviços de saúde, mas uma imagem da produção de conhecimentos da
    dissertação, atuando no cotidiano. Assim, esta dissertação foi uma narrativa sobre atenção
    integral à saúde de usuários de álcool e outras drogas na rede substitutiva do estado do Pará a
    partir de um personagem conceitual, que sintetiza memórias, vivências e experiências na
    gestão da política estadual no Pará e no cuidado ás pessoas em sofrimento psíquico
    relacionado ao consumo de drogas. Afinal, a cartografia que é pesquisa em ação, nesse caso
    também é registro de questões que permeiam o cuidado e compõem as cenas onde este se
    desenvolve, pedindo passagem para ampliar a qualidade do cuidado e da vida daqueles que as
    protagonizam.

  • FERNANDA CRISTINE DOS SANTOS BENGIO
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    “Subjetividade, Patrimônio e Cidade: apropriações turísticas e culturais no bairro da Campina”

  • Data: 25/06/2018
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  •  Este trabalho interrogou a produção de subjetividades pelo dispositivo da patrimonialização, a partir dos desdobramentos políticos, econômicos, sociais e culturais do tombamento do bairro da Campina, em Belém do Pará. O entendimento de que a patrimonialização compõe múltiplas relações permitiu explorar a hipótese de que essa ação, como elemento importante nas disputas pelos usos da cidade e na produção de subjetividades dos sujeitos que se relacionam com o bairro da Campina, tem funcionado enquanto dispositivo de resistência frente à intensificação da financeirização da cidade, em Belém do Pará, na atualidade. Para explorar essa hipótese, buscou-se problematizar a constituição contemporânea da patrimonialização junto aos sistemas de saberes da modernidade, a constituição de importantes elementos da cidade tombada por meio de Cartas Patrimoniais e entrevistas o debate sobre memória coletiva, turismo e direito à cidade. Assim, o Projeto Circular foi tomado como objeto que materializa algumas lutas, no bairro da Campina, como a constituição de relações agonísticas relacionadas às apropriações dos espaços. O percurso analítico contou com as contribuições teóricas e metodológicas de Michel Foucault problematizando as relações de saber e poder envolvidas na produção de subjetividade na trama patrimonial. Sobre o olhar lançado à memória coletiva, contou-se com o subsidio teórico de Michel Halbachs e Gilles Deleuze. Os materiais analisados foram construídos em entrevistas com representantes dos espaços participantes do projeto Circular e moradores do bairro da Campina e algumas Cartas Patrimoniais que apontam diretrizes locais e internacionais sobre a patrimonialização de bens materiais, em especial os de caráter urbano e arquitetônico. Os materiais de análise apontaram a constituição da monumentalidade na constituição das cidades tombadas, estando presente o viés higienista nas práticas de reorganização espacial na Campina, porém indicaram ainda que existe forte viés agonístico na apropriação proposta por projetos como o Circular ao se colocar em cena a ideia de direito à cidade como prática de cuidado fortemente amparada pelo turismo cultural/patrimonial.

  • JOELMA DO SOCORRO LIMA BEZERRA
  • “Mulheres vivendo com HIV/AIDS: discursos sobre vulnerabilidade e adesão à terapia antirretroviral”

  • Data: 19/06/2018
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  • A DEFINIR

  • LORENA CUNHA DE SOUZA
  • “Uma análise da atenção à saúde mental no Núcleo de Apoio à Saúde da Família do Estado do Pará”

  • Data: 04/06/2018
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  • A loucura, acontecimento histórico, foi transformada em doença mental no século XVIII, século das luzes, marcado pelo nascimento da ciência moderna e do homem, pela dicotomização entre razão e loucura, onde esta passaa ser objeto de investigaçãoda Psiquiatria, sendo assim transformada em doença e, sendo doença, busca-se pela cura. A partir do dispositivo disciplinar, que visa o controle dos corposbiopoder -e da populaçãobiopolítica-, inaugurou-se o modelo asilar de tratamento das doenças mentais,o modelo manicomial, a partirda medicalização da loucura pela Psiquiatria, tendo como instrumento o hospital psiquiátrico, onde foi possível a observação e registro de regularidades de comportamentos que remetiam a doença mental. Desta maneira, a doença mental também foi produzida pelo e no hospital. Hoje, o modelomanicomialsofreu modificações a partir das ações do movimento de resistência apoiadores da reforma psiquiátrica e Movimento de Luta Antimanicomial, o que permitiu outras formas de pensar esta política pública, como a territorialização da atenção nas Estratégias de Saúde da Família e, como apoio multidisciplinar, o NASF -Núcleo de Apoio à Saúde da Família, onde se insere profissionais da Psicologia, entre outros, garantindo a integralidade no cuidado. Neste sentido, convém alguns questionamentos: as práticas psi no NASF representam formas de medicalização das famílias? Elas operam gestão de riscos? Como? Assim, estadissertação tem como objetivo analisar as práticas em saúde mentalnoNASF,no estadodo Pará. Para tanto, foram analisados documentos como legislaçãodo NASF dos últimos quatro anos(2014 a 2017)e questionários do PMAQ (2014), relativos aavaliação do NASF em todo o estado do Pará. O trabalho será atravessado pelo referencial teórico de Michel Foucault, assimcomo também será utilizado sua ferramenta analítica, a genealogia. A importância deste trabalho dá-se pela visibilidade dos acontecimentos em saúde mental na atenção básica, além daproblematização das práticas em saúde mental (onde se insere a Psicologia), sobretudo no atual cenário, de retrocesso às conquistas em saúdepública e, em específico, saúdemental

  • ERIC CAMPOS ALVARENGA
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    “A CORDA BAMBA DO TRABALHAR DAS EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA DE BELÉM”

  • Data: 25/05/2018
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  • Esta tese analisou a organização e as condições do trabalho de equipes de saúde da família da cidade de Belém do Pará e verificou o desenvolvimento de sofrimento psíquico de seus profissionais. Por conseguinte, investigou as estratégias que as equipes utilizaram para trabalhar diante das adversidades e lidar com o sofrimento. Esta pesquisa utilizou metodologia qualitativa e quantitativa, alicerçada no campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho, mais especificamente da Saúde Mental e Trabalho. Empregou a Psicodinâmica do Trabalho como aporte teórico principal. Foram feitas entrevistas coletivas com quatro equipes de saúde da família de Belém, realizando dois encontros com cada uma: um para escuta e outro para devolutiva. A fim de verificar outras informações referentes ao trabalho destas equipes, foi feita uma análise estatística de dados do segundo ciclo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). Nesta, 776 equipes do estado do Pará e de 69 equipes de Belém foram analisadas. De maneira geral, foi possível verificar que as condições e a organização do trabalho demonstraram ter ampla relação com as vivências de sofrimento e de prazer destes profissionais. As condições de trabalho foram o ponto mais ressaltado pelos trabalhadores e trabalhadoras como o de maior penúria. Em todas as pesquisas analisadas no levantamento de literatura realizado, a falta de infraestrutura adequada foi um problema. Averiguou-se um número insuficiente de profissionais para dar conta da elevada demanda por atendimentos advindos da baixa cobertura populacional de equipes de saúde na família da cidade. Em uma mesma equipe, se viu profissionais com diferentes níveis de escolaridade e tempo de formação ganhando salários com uma disparidade grande entre si, principalmente entre profissionais da medicina e demais. Observou-se um padrão de contratação temporária que flexibiliza o trabalho, produzindo insegurança e docilização de trabalhadores e trabalhadoras. As vivências de prazer apareceram a partir do cuidado com a população e do relacionamento entre os colegas de equipe. Ao mesmo tempo, a relação com os usuários e com os pares foi marcada por sofrimentos que vinham da dificuldade de compreensão da população sobre o modelo da Estratégia de Saúde da Família e das limitações das condições de trabalho, assim como os conflitos entre a própria equipe em negociações diárias de mudanças na organização do trabalho. A relação com a gestão municipal trouxe muitas vivências de sofrimento e foi marcada por intensa vigilância, cobranças e ameaças. Como estratégias principais contra o sofrer, as equipes buscavam orientar os usuários sobre o seu trabalho, procuravam conforto na religião, tentavam seguir trabalhando sem pensar no que está acontecendo e evitavam se envolver emocionalmente de maneira exacerbada com usuários e membros da equipe. São necessários mais investimentos na melhoria das condições de trabalho, em contratos de trabalho melhor remunerados e que garantam estabilidade, no aumento da cobertura de equipes de saúde da família e na ampliação do diálogo entre gestão municipal e equipes.

  • GABRIELA MOREIRA DE FARIA
  • UMA CONCEPÇÃO DO VÍNCULO TERAPÊUTICO EM PSICOTERAPIA GESTÁLTICA BREVE VIRTUAL

  • Data: 18/05/2018
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  • No mundo, há o crescente uso das Tecnologias de Informática e Comunicação no que tange às atividades dos psicólogos. No Brasil, atualmente, é suscitado o engajamento das universidades, dos profissionais, dos conselhos de classe e da sociedade na reflexão crítica da formação e da legislação sobre formas e procedimentos para o atendimento psicológico em meios virtuais. Nesta pesquisa, o tema de estudo é a construção do vínculo terapêutico em psicoterapia breve gestáltica online, compreendido como base para a constituição de uma relação terapêutica nutritiva e facilitadora do processo de contato do cliente com suas questões existenciais. A pesquisa teve por objetivo descrever e compreender o vínculo terapêutico na psicoterapia online breve gestáltica; descrever as percepções do cliente e da psicoterapeuta sobre o vínculo terapêutico; identificar quais recursos utilizados pelo terapeuta facilitaram o estabelecimento do vínculo terapêutico. O percurso teórico metodológico fundamentou-se na fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur e na Gestalt-Terapia, com destaque para compreensão dos processos de subjetivação por meio dos discursos. Após aprovação no Comitê de Ética, foram realizados processos psicoterápicos com três mulheres, sendo dois processos com 25 sessões e um com 16, nas modalidades videoconferência e chat de texto. Os resultados mostram que atitudes de amorosidade, cuidado genuíno, compreensão, interesse, bem como a linguagem utilizada com o cliente e os experimentos são recursos que o terapeuta pode utilizar para estabelecer o vínculo. O processo de mudança e tomada de decisão das clientes foram indicadores da construção e consolidação da vinculação. Sobre os desdobramentos da psicoterapia gestáltica breve online, os resultados foram promissores, pois duas das três clientes conseguiram adaptar-se à nova modalidade, não perceberam grandes diferenças em relação ao atendimento presencial, todas relataram que seus objetivos iniciais para a psicoterapia foram total ou parcialmente alcançados e as intercorrências tecnológicas não comprometeram o estabelecimento do vínculo terapêutico.

  • ALINE DA COSTA JERONIMO
  • “Distúrbios alimentares no autismo e outros transtornos do desenvolvimento na infância: articulação entre corpo e linguagem”, 

  • Data: 10/05/2018
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  • O presente trabalho trata da relação entre os distúrbios alimentares e os transtornos do desenvolvimento na infância, particularmente o autismo. Tem como objetivo analisar como se processa nesses quadros as disfunções do ato alimentar em sua articulação com a constituição psíquica do sujeito. Questiono de que forma a alimentação, enquanto sistema de signos e significados, se apresenta ao autista e crianças cujos entraves no campo da linguagem dificultam seu enlace ao Outro. Em termos metodológicos, trata-se de uma pesquisa teórico-clínica que associa o estudo de caso à pesquisa bibliográfica. Destaca-se em um primeiro momento a história da alimentação em sua correspondência à transmissão da ordem simbólica. Posteriormente, são apresentadas as operações psíquicas necessárias à constituição do sujeito, bem como os impasses diagnósticos na clínica psicanalítica do autismo. Esse enfoque conduz à discussão sobre a direção do tratamento nos casos de autismo e outros distúrbios do desenvolvimento; bem como aos questionamentos em torno do diagnóstico a partir da discussão do caso clínico. Em seguida, as questões relacionadas ao corpo permitem adentrar o campo da linguagem e seus efeitos na economia de gozo. Por fim, em consonância com a ética psicanalítica, interessa localizar o sujeito em seu laço particular com o Outro. Nesse âmbito, a alimentação é um campo fecundo, pois em seu fundamento refere-se primordialmente ao dom do amor a despeito da satisfação da necessidade nutricional.

  • MARCIA CRISTINA SANTOS DE SOUZA
  • DIAGNÓSTICO DE AUTISMO: O efeito gangorra entre os discursos psiquiátrico e psicanalítico

  • Data: 30/04/2018
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  • Há atualmente um elevado número de crianças incluídas no “espectro autista”. O aumento de
    diagnósticos pode ser observado na prática clínica da saúde pública, assim como seu
    desdobramento para os pacientes. Observam-se duas posições distintas acerca da categoria
    nosológica do autismo. A primeira parte da averiguação dos critérios comportamentais
    descritos em manuais pautando sua prática no diagnóstico. A segunda, utiliza a escuta como
    dispositivo clínico a partir da orientação da psicanálise, mantendo em suspenso o diagnóstico
    de autismo em suas intervenções. Neste contexto, diferentes abordagens e concepções se
    misturam e divergem entre si dentro de um mesmo caso clínico, trazendo o questionamento:
    tais diferenças de posicionamento podem trazer controvérsias durante o acompanhamento dos
    casos de autismo? Desta forma, esta pesquisa tem por objetivo levantar e discutir as
    diferenças entre a classificação psiquiátrica e a compreensão psicanalítica acerca do autismo.
    Para tal foi realizado um levantamento da literatura, uma articulação com uma narrativa
    literária e um estudo de caso. Como resultado, foi encontrado que as mudanças de
    nomenclatura da história dos manuais psiquiátricos favorecem os equívocos e sua pouca
    especificidade leva a um aumento do número de casos diagnosticados. Uma dificuldade em
    relação as nomenclaturas e diferentes posições epistemológicas também é observada na
    psicanálise, mesmo atualmente. As instituições de saúde pública ilustram um efeito gangorra
    em que o lado superior se encontra ocupado por concepções generalizantes, enquanto do lado
    inferior estão as propostas que visam a singularidade. O conto do Patinho Feio, assim como o
    caso clínico de Charles, ilustra os efeitos de uma nomeação patologizante que prejudicam as
    relações inicias fundamentais para a constituição do psiquismo. O estudo de caso ainda
    revelou detalhes clínicos acerca da presença-ausência no brincar dentro do setting terapêutico
    e sua importância na direção do tratamento destes casos. Nesta linha, verificou-se que a
    música também pode ser um recurso clínico interessante na medida em que se vale da
    combinação de ritmos, pausas e sons. As melhoras observadas no caso foram atribuídas ao
    efeito destes recursos. Concluímos apontando que o contexto atual do autismo se configura
    como uma gangorra em que os extremos, objetividade e subjetividade, se fazem presentes de
    forma alternada. Contudo, a aposta nas intervenções do lado subjetivo parece fazer com os
    pacientes também alternem de um funcionamento mecânico e estereotipado para um
    funcionamento singular e apropriado, no movimento de suas próprias gangorras.

  • MANOELLA CANAAN CARVALHO CLEOPHAS CUNHA
  • Mulheres, Violência conjugal e/ou familiar e processos de subjetivação.

  • Data: 27/04/2018
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  • A presente pesquisa pretendeu compreender as mulheres no contexto da violência 

    conjugal e/ou familiar, que seriam as violências perpetradas pelo parceiro em uma relação í

    ntima de afeto e ainda envolvendo violências contra seus filhos. Para isso, a pesquisa discutiu 

    a temática dos papéis sociais, permeados pelas relações de poder, adentrando-se na construção 

    de gênero, tipos de violências, legislações vigentes no enfrentamento deste problema social e 

    as políticas públicas de auxílio jurídico-assistencial voltadas à mulher. Este estudo pretendeu 

    então problematizar os modos de subjetivação da mulher sob as variadas facetas das práticas 

    de violências conjugal e/ou familiar. Mais especificamente, pretendeu-se refletir percursos e 

    conquistas históricas de mulheres, analisar a violência envolvendo-as, fatores associados e 

    políticas públicas abarcados nesta temática, além de descrever o papel e a rotina do Núcleo de 

    Atendimento Especializado a Mulher vítima de Violência Doméstica (NAEM) vinculado à 

    Defensoria Pública do Estado do Pará e, por fim, refletir, por meio das narrativas, como as 

    mulheres subjetivam as vivências no contexto da violência conjugal e/ou familiar e suas 

    interfaces. A pesquisa caracterizou-se por ser de cunho qualitativo, de campo, utilizando-se

    para análise dos dados as práticas discursivas de Mary Jane Spink; como instrumento de 

    coleta de dados utilizamos a entrevista semi-estruturada, elaborada para este estudo. As 

    participantes da pesquisa foram cinco (5) mulheres adultas que vivenciaram a violência 

    conjugal e/ou familiar em uma relação heterossexual e que estavam em acompanhamento no 

    NAEM. A análise das entrevistas permitiu perceber a pluralidade dos aspectos que envolvem 

    esse tipo de violência; em destaque, os impactos nos filhos, sentidos inclusive, após a separaç

    ão do casal. Destaca-se ainda os modos de subjetivar e (re)significar as vivências da violência 

    pelas mulheres, através da busca por apoios social, religioso e profissional, a fim de 

    enfrentarem e superarem as marcas deixadas, denotando justamente a possibilidade de se 

    assumir posicionamentos identitários conforme o tempo e as experiências. 

  • NATHÁLIA NUNES POJO
  •  

    “OUVINDO SOBRE ASSÉDIO MORAL: COM A PALAVRA, AS PSICÓLOGAS ORGANIZACIONAIS”

  • Data: 25/04/2018
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  • Existe assédio moral desde que existe trabalho e o fato de que somente de uns tempos para cá esse fenômeno vem sendo conhecido em nossa sociedade, ou ainda, se tornado mais visível, tem sua justificativa: o aumento da incidência de casos abriu portas para que as pessoas tivessem mais clareza sobre seu direito de saberem que não são obrigadas a se submeter a este tipo de violência e buscar ajuda. Considerando a visibilidade do tema e o fato de que o psicólogo que atua nas organizações é o profissional capaz de contribuir de maneira significativa intervindo nos possíveis casos e atuando na prevenção a partir de seus conhecimentos, técnicas e análise das condições psicológicas e relações interpessoais no ambiente de trabalho, propus responder ao questionamento: qual a dinâmica dos psicólogos que atuam nas organizações frente ao desafio de lidar com o assédio moral no contexto de trabalho? Diante disso, este estudo pretendeu analisar o sentido dado por psicólogos que atuam no contexto organizacional aos elementos que compõem e/ou caracterizam vivências de assédio moral no trabalho relatadas a eles pelos trabalhadores. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada com sete psicólogas com experiência profissional de no mínimo um ano na área organizacional e que utilizou entrevistas semiestruturadas como técnica para captação de informações, as quais foram submetidas à análise do conteúdo e estruturadas a partir de seis categorias. O estudo revelou que apesar de apresentarem conhecimento teórico a partir de características ligadas ao que se entende por assédio moral, algumas psicólogas apresentaram dificuldades na identificação de possíveis ocorrências, vinculando o assédio moral a situações pontuais ou mesmo comuns no cotidiano das relações de trabalho. A depressão como consequência psicológica dessa violência esteve, na maioria dos relatos, associada a uma preocupação por parte das psicólogas com os prejuízos acarretados na produtividade dos trabalhadores. Na constatação do fenômeno propriamente dito, a atuação das psicólogas está voltada para a escuta e apoio emocional às vítimas. Sobre a prevenção, a maioria das participantes demonstrou reflexões e atitudes eficazes no combate à violência psicológica, como por exemplo, melhorias nos processos de comunicação das instituições de trabalho. Destaca-se a percepção de uma dualidade na atuação profissional das psicólogas: embasar suas ações a partir da natureza da psicologia enxergando o outro como um todo e/ou voltar sua atenção para estratégias corporativas de aumento do lucro e da produtividade.

  • CAROLINE MACIEL CAVALCANTE DE SOUZA
  • “Pessoas em situação de rua: sentidos sobre viver as veredas”

  • Data: 20/04/2018
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  • Pessoas em situação de rua são caracterizadas como um grupo heterogêneo que, passando por situação de desvinculação familiar, empregatícia ou de moradia, acabam por fazer dos logradouros seu lugar de morada. Seu modo de subjetivação mostra-se como particular uma vez que seus históricos de vida são bastantes diversos. Tentando conhecer tais modos de subjetivação e percurso de vida que os levaram até a rua, esta pesquisa teve como objetivo compreender práticas e sentidos atribuídos ao viver na rua por pessoas em situação de rua em Belém-PA, a partir da construção de narrativas utilizando entrevistas, oficinas e fotografias como dispositivos. Utilizou-se esses dispositivos como facilitadores para a produção de sentidos de viver na rua. Foram realizadas oficinas de experimentações imagéticas e entrevistas com duas pessoas atendidas no Centro Pop, ambos do sexo masculino, com 56 e 49 anos. As oficinas foram realizadas em duas etapas: 1) os participantes experimentaram a forma como a imagem é produzida através de câmara obscura; 2) produziram uma câmera fotográfica também com material reciclável, e fotografaram locais a sua escolha. Após as oficinas foram realizadas entrevistas semiestruturadas onde contaram sobre viver na rua. Observou-se que, embora os participantes estejam em situação de rua e compartilhem o desvinculo familiar, falta de emprego e situações de violência, possuem experiências diversas que os diferenciam, fazendo um considerar-se pessoa em situação de rua e outro não. Espera-se que outras pesquisas reverberem, que os modos de subjetivação destas pessoas possam ser conhecidos para quebrar estigmas e aumentar a visibilidade de suas necessidades bem como a elaboração de políticas, práticas e estratégias mais congruentes com a sua realidade.

  • JESSICA MODINNE DE SOUZA E SILVA
  •  

    “Antifeminismo no facebook: um estudo sobre violência contra mulher na internet”

  • Data: 13/04/2018
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  • EM ANEXO

  • ANNA BEATRIZ ALVES LOPES
  •  “A vivência do processo judicial para homens autores de violência doméstica e familiar contra mulheres”

  • Data: 10/04/2018
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  • De acordo com o Ministério da Saúde, a segunda principal causa da morte de mulheres no Brasil é a violência de gênero, segundo o Mapa da Violência de 2015 (WAISELFISZ, 2015), foram registrados 4.762 homicídios de mulheres por questões de gênero, e, ainda, que para as jovens e as adultas, de 18 a 59 anos de idade, o agressor principal é o parceiro. Assim, em vistas de buscar novas contribuições para a prevenção da violência contra mulheres ao evidenciar formas de subjetivação dos homens que cometem violências, esta pesquisa teve como objetivo compreender as vivências e identificar os sentidos e significados atribuídos ao processo judicial por autores de violência contra mulheres. Para tanto, utilizando metodologia qualitativa, foram realizadas entrevistas com cinco homens condenados judicialmente no âmbito da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) vinculados ao Núcleo Especializado de Atendimento ao Homem em Violência Doméstica e Familiar (NEAH) da Defensoria Pública do Estado do Pará. No âmbito dos procedimentos teórico-metodológicos, recorremos à análise fenomenológica do discurso, conforme o método fenomenológico empírico. A análise e a discussão dos dados focalizou o diálogo entre o referencial teórico e a perspectiva de descrição proposta no método, dando ênfase ao discurso enquanto produção do sujeito sobre si e sobre a realidade que percebe. Obteve-se como resultados oito constituintes das narrativas: acepção do processo; relato sobre a situação de violência que instituiu o processo; vivências no âmbito policial-jurídico; reações às medidas protetivas/ embates com a Lei Maria da Penha; sentidos e significados da condenação; impactos psicológicos do processo; relação com a mulher denunciante no processo judicial; experiências no cumprimento de pena no NEAH. Por fim foi possível identificar que o processo judicial causa diversos impactos nas subjetividades dos homens autores de violência contra mulheres, dessa forma, esta pesquisa pode contribuir para a atuação de instituições que trabalham com estes sujeitos.

  • ELIANA CÉLIA SILVA CARNEIRO
  • USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO POR IDOSOS: UMA REVISÃO INTERATIVA DE BASE FENOMENOLÓGICA

  • Data: 26/03/2018
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  • Esta dissertação de mestrado trata de uma revisão integrativa de literatura de base fenomenológica a respeito do uso das tecnologias de informação e comunicação -TICs por idosos. A revisão tem como critério de inclusão estudos e pesquisas empíricas realizadas no período de 2006 a 2016, que tiveram como participantes pessoas na faixa etária de 60 a 70 anos, publicadas em forma de artigos de periódicos em revistas científicas nacionais. O objetivo é conhecer o panorama dos conteúdos que estão sendo produzidos a acerca da inserção de idosos no universo das TICs na sociedade atual. O método de Revisão Integrativa de Literatura tem por finalidade sintetizar resultados obtidos em pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e abrangente, e por fornecer informações mais amplas sobre um assunto ou problema, constituindo assim, um corpo de conhecimento mais completo sobre um mesmo tema. A revisão teve como resultado o conhecimento de que o panorama geral dos estudos realizados a respeito da inserção de pessoas idosas no mundo das tecnologias de informática e comunicação trata as experiências vividas por essas pessoas de forma homogenia. Não se refere aos sentimentos e aos significados que cada pessoa atribui a essa experiência, de forma subjetiva e singular, ou seja, as teorias formuladas a partir dos estudos revisados não evidenciam as questões individuais, fenomenológicas dos participantes seus aspectos emocionais, psicológicos ao entrarem em um mundo que não lhe foi peculiar ao longo de sua existência.

  • MARIA EDILEUZA PAES DOS SANTOS
  • COMO SE DESVELA A RELAÇÃO DA PESSOA COM TRANSTORNO BIPOLAR E SEU FAMILIAR CUIDADOR? UM ESTUDO BASEADO NA FENOMENOLOGIA DA VIDA DE MICHEL HENRY

  • Data: 21/03/2018
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  • A pesquisa teve como objetivo compreender como se revela a fenomenalidade da relação entre a pessoa diagnosticada com transtorno bipolar e seu familiar cuidador. O Transtorno Bipolar (TB) é um transtorno mental crônico, que abrange aspectos neuroquímicos, cognitivos, psicológicos, funcionais e sócios afetivos, que resulta em intenso sofrimento emocional para o doente e seu familiar. Foram entrevistadas duas pessoas adultas com o referido diagnóstico e suas mães, frequentadoras de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Belém-PA. O método utilizado para compreender o objetivo do estudo foi de natureza qualitativa. As entrevistas foram analisadas através da fenomenologia da vida desenvolvida por Michel Henry. Os resultados mostraram que as relações têm um papel primordial na eclosão das crises e que a partir do cuidado dos familiares e dos profissionais do CAPS as pacientes e suas mães tiveram a oportunidade de transformar suas relações através do mútuo envolvimento nos cuidados, na atenção e na compreensão das experiências vividas. Concluímos que se é nas relações que muitas dificuldades da ordem das depressões e comportamentos impulsivos acontecem, é nas relações que encontraremos a recuperação, transformação e possibilidades de equilíbrio diante de fatores inerentes e imprevisíveis da vida. As crises decorrentes do Transtorno Bipolar afetam também o familiar cuidador e sua família. Assim as relações interpessoais entre os envolvidos se desvelam como importantes no início das crises típicas desse transtorno, bem como nas possibilidades de transformações nas relações entre os envolvidos.

  • MONICA SARAHI MILLAN MAGDALENO
  • “EL CAPITÃN DE BUKOWOKI, EL DESAMPARO Y LO INQUIETANTE”


  • Data: 15/02/2018
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  • O presente trabalho aborda os conceitos psicanalíticos de Desamparo e Das Unheimlich estudados por Freud, bem como as variantes de tradução de dito conceito: estrangeiro, estranho e o inquietante. Trabalhou-se com a relação entre Psicanálise e Literatura com o objetivo de fazer uma articulação de ditos conceitos e à obra do escritor Charles Bukowski, especificamente com o livro; O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio (1998). Posteriormente, foram analisadas certas características do escritor Charles Bukowski e sua obra, tomando-o como um ponto para refletir, como uma criação literária, "deixando que a obra fale", não com o objetivo de analisar o autor ou o discurso, e sim de entender onde e como os conceitos de Desamparo e O Inquietante para relacionar isso ao Mal-estar atual, servindo-nos de metáforas de diversas situações descritas no livro e que nos leva a perguntar-nos: O que pode ser feito para lidar com o desamparo? Sobre o intuito da pesquisa podemos concluir com a possibilidade de ver o desamparo como um desafio e não como uma fatalidade, apostando, como a clínica psicanalítica faz frequentemente em sua prática clínica, em encontrar maneiras de lidar com isso.

  • KAMILLY SOUZA DO VALE
  • Psicoterapia Gestáltica de grupo com casais em situação de violência conjugal.

  • Data: 30/01/2018
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  • Este estudo investiga a violência conjugal vivenciada por casais heterossexuais. Adota como método a psicoterapia gestáltica breve, em grupo, para realização de uma intervenção clínica para o enfrentamento de uma situação coletiva problemática, cuja incidência no Brasil tem sido combatida pela sociedade civil, sobretudo, após a publicação da Lei Maria da Penha. A tese defendida é:para que os casais construam formas de se relacionar que incluam atitudes de cuidado e reconhecimento ao outro e, assim, priorizem a comunicação dialógica, é necessário que a intervenção clínica seja fundamentada nos estudos dos processos de subjetivação de gênero.O estudo se configura como uma pesquisa-intervenção, pelo fato de a pesquisadora e os envolvidos na situação desempenharem um papel ativo na compreensão e busca de formas de superação do problema proposto. A base epistemológica fundamenta-se na hermenêutica do discurso, inspirada nas obras do filósofo Paul Ricouer, para quem a compreensão do fenômeno, da narrativa e da alteridade se dá pelo desvelamento do mundo subjetivo inscrito nos textos. Desse modo, procura-se captar os sentidos habituais e os possíveis, contidos na linguagem e na narrativa dos casais. A coleta de dados foi realizada no Núcleo Especializado de Atendimento ao Homem em Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Pará, com 3 casais, cujos homens foram sentenciados por violência doméstica. Nos procedimentos da pesquisa,vale-se do método clinico gestáltico para estruturar a psicoterapia de grupo, destacando o manejo da responsabilidade pessoal e do casal; o cuidado interpessoal, e a awarenesss dos vínculos conjugais, combinado a transcrição de trechos das sessões gravadas em áudio; a leitura e releitura do material e a criação das unidades de significado. A análise dos discursos apreendidos nos recortes dos textos evidencia a compreensão hermenêutica. Os resultados da pesquisa demonstram que, no cotidiano, os conflitos conjugais aconteciam diariamente; não havia espaço para o diálogo; os modos diferentes de existir dificultam a convivência entre ambos; as questões financeiras e formas de solucionar conflitos sempre terminavam em possibilidade de separação. A intervenção clínica contribuiu para a revisão, pelos casais, de seus processos de subjetivação; os casais perceberam a importância de incluir no seu cotidiano a criação de atos de solidariedade e apoio mútuo. Conclui-se que a psicoterapia no modelo breve em grupo é uma potente ferramenta para que os casais obtenham um melhor relacionamento interpessoal e uma comunicação dialógica.

  • ANA CAROLINA SECCO DE ANDRADE MÉLOU
  • EU ACHO GRAÇA PRA NÃO CHORAR”: uma análise da Psicodinâmica do Trabalho de operadoras de caixa de supermercado.

  • Data: 18/01/2018
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  • Esta dissertação faz uma análise baseada na Psicodinâmica do Trabalho sobre o cargo de operadora de caixa de supermercado, analisando a organização do trabalho e investigando a dinâmica prazer-sofrimento psíquico. A demanda desta pesquisa partiu da pesquisadora em função de sua trajetória profissional e implicação com o tema. Contudo, as operadoras foram convidadas a participar, sendo condição a voluntária aceitação destas. Fizeram parte desta pesquisa o total de quinze operadoras de caixa de quatro diferentes supermercados da cidade de Belém-PA. Nesta pesquisa foi feito uso da metodologia qualitativa, tendo a Psicodinâmica do Trabalho como aporte teórico central. Esta teoria foi cunhada pelo médico e psicanalista francês Christophe Dejours, e estuda a saúde psíquica no trabalho, com foco na inter-relação entre sofrimento psíquico e as estratégias de defesa mobilizadas pelos sujeitos para suportar o sofrimento, transformando o trabalho em fonte de prazer. O trabalho de campo consistiu na realização de entrevistas individuais, a quantidade de entrevistas foi definida segundo o critério de saturação, todas foram gravadas. Também foi usado um diário de campo pela pesquisadora. As entrevistas foram realizadas com base na técnica específica de pesquisa e intervenção da Psicodinâmica do Trabalho, por meio de um roteiro semiestruturado. Utilizou-se a técnica de Análise de Núcleo de Sentido (ANS) para examinar o material registrado. A análise do material possibilita afirmar que a organização do trabalho das operadoras de caixa de supermercado é rígida e oferece poucas possibilidades de transformação do sofrimento em vivências de prazer, sendo este essencialmente vivenciado na relação com os pares. Também há pouco espaço para que as trabalhadoras expressem as dificuldades vivenciadas no desempenho de suas atividades laborais. Tais dificuldades evidenciam-se, por exemplo, na insatisfação referente ao relacionamento com as chefias, pela falta de reconhecimento no trabalho, pela ocorrência de assédio sexual, pelos constrangimentos e agressões sofridas na relação com os clientes e pela precariedade nas condições de trabalho. As queixas de sintomas físicos foram predominantes, sobretudo os problemas musculoesqueléticos. Foi evidenciada a existência de sofrimento psíquico relacionado ao trabalho. Este sofrimento mobiliza a autoaceleração da operadora como mecanismo individual de defesa. Quanto às estratégias coletivas de defesa e resistência, o comportamento submisso, o apego à crença religiosa e o riso aparecem como formas para suportar as adversidades presentes no cotidiano de trabalho.

2017
Descrição
  • FUVIO ROBERTO FARIAS DA SILVA
  • “O autista e o OUTRO”

  • Orientador : ROSEANE FREITAS NICOLAU
  • Data: 14/12/2017
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  • A DEFINIR

  • MIRIAM DANTAS DE ALMEIDA
  • Práticas de cuidado com crianças Tenetehar-Tembé

  • Data: 05/12/2017
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  • O presente estudo foi realizado em uma aldeia indígena brasileira denominada Tenetehar - Tembé, localizada na Terra Indígena do Alto Rio Guamá (TIARG) na Amazônia com o objetivo de estudar o subsistema denominado de Contexto Físico e Social, ao observar as crenças indígenas que orientam o desenvolvimento humano. Procurou-se analisar ainda nesse universo a descrição das práticas de cuidado na relação mãe e criança Tembé. No que toca à metodologia, os dados coletados foram sistematizados em eixos temáticos para melhor compreensão e análise dos seguintes aspectos que compõem essa pesquisa: a aldeia como lugar de todos os indígenas; o espaço social da aldeia Sede; ambientes sagrados da aldeia; e o tempo na aldeia. Utilizou-se na investigação, um formulário sociodemográfico, a observação participante e o diário de campo, instrumentos que permitiram a descrição das práticas de cuidado da mãe com a criança Tembé, especialmente quanto aos rituais de proteção e às brincadeiras na aldeia, práticas que foram analisadas à luz da Teoria do Nicho Desenvolvimental. Tais categorias revelam o conceito que os indígenas têm sobre o que consideram ser adequado ou não para o pleno desenvolvimento e crescimento das crianças, o que materializou suas etnoteorias nas práticas cotidianas de cuidado.

  • JORGE MORAES COSTA
  • Governamentalidade do trabalho infanto-juvenil pelo UNICEF no Brasil e na Amazônia brasileira, de 1990 a 2015

  • Data: 04/12/2017
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  • Esta tese de doutorado visa analisar as práticas de governamentalidade do trabalho infanto-juvenil no Brasil e na Amazônia brasileira, de acordo com os relatórios do UNICEF de 1990 a 2015, problematizando seus saberes e poderes e tendo como referencial teórico o método histórico genealógico de Michel Foucault. O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal de 1988 constroem a infância e a adolescência enquanto sujeitos de direitos e, por conseguinte, delimitam direitos constitucionais, estabelecendo saberes e poderes quanto à saúde, educação, esporte, lazer, cultura, ao trabalho, à convivência familiar e comunitária, à proteção especial, à habitação, às políticas sociais. Dessa forma, esta pesquisa objetiva também analisar genealogicamente os dispositivos articulados com a participação do UNICEF que intervêm e legitimam as políticas públicas governamentais e não governamentais, sustentando táticas de governamentalidade do trabalho infanto-juvenil na Amazônia brasileira.

  • VALBER LUIZ FARIAS SAMPAIO
  • CARTOGRAFIA DA INTERNAÇÃO JUVENIL FEMININA: O USO DE DROGAS EM QUESTÃO

  • Data: 24/11/2017
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  • O presente estudo objetivou problematizar as práticas que constituem a execução das medidas socioeducativas de adolescentes do sexo feminino em privação de liberdade, sobretudo no que diz respeito aos cuidados relacionados às adolescentes que têm (ou já tiveram) algum tipo de relação com o uso de substâncias psicoativas. Desse modo, elegeu-se o Centro Socioeducativo Feminino – CESEF, situado em Ananindeua no estado do Pará, enquanto campo, traçando uma proposta cartográfica, ou seja, do acompanhamento dos constates acontecimentos, fazendo parte destes; adotou-se também entrevistas individuais, diário de campo e outras fontes de conhecimento, tais como teses, dissertações, livros, artigos, etc. Destarte, identifica-se que no Brasil as/os adolescentes carregam o histórico de institucionalização e, para isso, produzem-se verdades que sustentam esse processo subjetivo de criminalização desses sujeitos, encarcerando-os/as de modo precoce. Nao obstante, as adolescentes institucionalizadas no CESEF já tiveram algum tipo relação direta com substâncias psicoativas, o que possibilita o atrelamento do ato infracional ao uso de drogas. Considerando esse contexto institucional das adolescentes enquanto perverso, entendo que a produção subjetiva da periculosidade e do medo fazem parte de uma estratégia de governamentalidade que constitui a égide penal na atualidade, excluindo determinadas camadas na sociedade. Assim, elencou-se disparadores para estas problematizações, tais como: a relação da adolescência e encarceramento e drogas e institucionalização; em ambos, realiza-se breves diálogos com as práticas que constituem essas vidas no CESEF. Desse modo, defende-se a idéia de que precisamos fomentar mais espaços de circulação de informações através do diálogo de temas significativos (como a desigualdade social, as drogas, o encarceramento de adolescentes, etc), para então criar-se estratégias de resistência diante da perversidade que se constitui no âmbito de dispositivo como o da segurança tratando enquanto perspectiva (reducionista) jurídica o que permeia um amplo e complexo contexto de insurgências sociais.

  • FRANCISCO XAVIER MORENO SERRANO
  • “LA VERDAD COMO UNA CRÓNICA: EL RECORTE DEL YO COMO FUENTE DE PROYECCIÓN/ ANÁLISIS DE LA PELÍCULA “CRÓNICAS” DE SEBASTIÁN CORDERO”

  • Data: 23/11/2017
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  • El presente trabajo, el cual es un análisis de carácter psicológico de varios de los elementos de la película ecuatoriana “Crónicas”, tiene como una de sus principales finalidades generar cierta discusión que lleve al lector a cuestionarse sobre sí mismo al tratar justamente de cómo lo que llamaremos “el recorte de la realidad” parece aparecer como una de las posibles fuentes del mecanismo de defensa conocido como proyección. Se ha utilizado como principal herramienta para este trabajo a la teoría psicoanalítica así como también el análisis bibliográfico que, desde diversas vertientes, puede aportar con un mayor número de elementos para dar una mayor fuerza a las construcciones. Es un trabajo que pretende hacer una lectura comprensible de varios de los grandes aportes que el psicoanálisis ha brindado a la cultura y retomar ciertas tesis freudianas que parecerían ofrecer ciertos elementos para llegar a una comprensión profunda del psiquismo humano; se tomará a la película, “Crónicas”, a manera de un estudio de caso, para así revelar algunas de las particularidades que presenta la obra. Desde el análisis de ciertos aspectos relativos a la imagen, pasando por el análisis discursivo y hasta llegar a la interpretación psicoanalítica de los diferentes elementos de la película, este trabajo, con sus aciertos y falencias, ofrece una visión fresca sobre determinados elementos de la sociedad, y por ende del ser humano, llegando a terminar en una suerte de “conclusión sin concluir” al cuestionarse sobre la viabilidad (o no) de emitir un juicio concluyente.

  • HERBERT TADEU PEREIRA DE MATOS JUNIOR
  • SAÚDE MENTAL E COLETIVA: UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE TRABALHO EM EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA DE UM HOSPITAL PÚBLICO NA AMAZÔNIA.

  • Data: 07/11/2017
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  • Emergência Psiquiátrica em Hospital Geral (EPHG) são estabelecimentos de saúde criados com atribuições ligadas às situações de urgência ou crises nas psicoses, para atuar no auxílio de portadores de transtorno mental e de seus familiares, em situações de intenso sofrimento. O estudo, de caráter exploratório descritivo com abordagem qualitativa, objetivou analisar o processo de trabalho em um setor EPHG localizado na Cidade de Belém, para compreender, a partir da estrutura e funcionamento deste, como ocorre o cuidado em saúde local, nas características particulares deste setor, no contexto da Região Norte, Amazônia Brasileira. O estudo problematiza as dificuldades e potencialidades enfrentadas no cotidiano, bem como, os sentidos atribuídos por estes profissionais ao seus processos de trabalho no cuidado em saúde. Elegeu-se como categorias de análise: processo de trabalho e cuidado psicossocial. A pesquisa utiliza metodologia de observação participante, com instrumentos: revisão bibliográfica, anotações no caderno de campo e entrevistas individuais semi-estruturadas com membros da equipe multiprofissional assistente. Os profissionais demonstram compreender as funções de uma emergência psiquiátrica em relação ao trabalho da equipe multiprofissional no atendimento a crise das psicoses, falaram sobre necessidade de contato permanente com a rede de serviços de saúde e suas atribuições dentro da lógica de assistência psicossocial em saúde mental, bem como, sobre sentir que seus trabalhos são reconhecidos pelos usuários e familiares. Contudo, foi também possível compreender a necessidade de maior integração entre os membros da equipe e gestão em saúde local, para avaliar melhor e efetivar um processo de trabalho coletivo no cuidado psicossocial desenvolvido, ressaltando as dificuldades de acompanhamento dos casos na rede, diferenças de pensamento entre os membros das equipes, sobreposição hierárquica no setor, injustiças e sobrecarga no trabalho sentidas pelos profissionais, dificuldade em promover reuniões de equipe de forma regular, associada com uma ágil dinâmica na urgência, marcada pelo poder medicalizante das doenças na loucura. Estes foram alguns aspectos presentes no debate dos resultados, apresentados como forma de analisar o processo de trabalho em saúde mental de uma emergência psiquiátrica no SUS, com comentários dos pesquisadores e profissionais, associados em conjunto aos autores utilizados, como produção de conhecimento em subjetividade e saúde mental.

  • FLAVIA DANIELLE DA SILVA CAMARA
  • MULHERES NEGRAS AMAZÔNIDAS FRENTE À CIDADE MORENA: O LUGAR DA PSICOLOGIA, OS TERRITÓRIOS DE RESISTÊNCIAS.

  • Data: 05/10/2017
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  • Paira no imaginário social a ideia de que a Amazônia é terra de fauna, flora e “índio”. Ela
    ficou esquecida pela historiografia tradicional, que considerava irrisória a presença
    africana negra na configuração racial da região. Contudo, há tempos pesquisadores locais
    vêm recolocando em suas pesquisas a importância da região no panorama nacional,
    ressaltando a contribuição dos africanos negros traficados para o Grão-Pará. Assim,
    contrariando o imaginário étnicorracial, o último censo do IBGE (2010) apontou que
    76,7% dos paraenses declararam-se negros (69,5% pardos, 7,2% pretos), dados que
    demonstram uma racialidade fortemente marcada pela mestiçagem, em que o mito da
    democracia racial branqueadora dificulta a (auto) identificação de negritudes amazônidas,
    que ficam escondidas sob uma morenidade e pelo mito do indígena. Dessa maneira o
    racismo enquanto arma ideológica, preconceito e discriminação segue como um
    modulador das relações sociais e o modus operandis do estão-nação. Considerando que
    as análises devem ser feitas de modo articulado, faz-se necessário adotar a
    interseccionalidade como instrumento para compreensões situadas em corpos concretos:
    com raça, gênero, classe, território, história. Em que, no elo, mulheres negras são as
    principais atingidas pela invisibilidade histórica, a mestiçagem e os piores índices de
    desenvolvimentos humano, portanto possibilitam maior compreensão sobre a realidade
    racial brasileira. Nesse sentindo, adotou-se o Pensamento Feminista Negro enquanto
    epistemologia viável para se compreender como mulheres negras constroem suas
    negritudes na Amazônia, em particular, na Região Metropolitana de Belém. Foi adotado
    o conceito de campo-tema do construcionismo social, a partir do qual foram realizadas
    rodas de conversas, anotações no diário de campo, conversas no cotidiano e utilização de
    referenciais teóricos do Feminismo Negros e das relações raciais em uma tentativa de
    problematizar os discursos sobre o tema e o que a Psicologia tem produzido com suas
    práticas. Percebeu-se que as relações raciais são complexas e que na intersecção gêneroraça,
    mulheres negras seguem marginalizadas social e academicamente, uma vez que
    existem poucos estudos com/sobre as sujeitas políticas na Psicologia. As quais, pelo
    posicionamento outsider within, trazem outras contribuições, a exemplo dos processos de
    racialização na Amazônia. Embora estes ocorram no mesmo jogo de poder das relações
    raciais brasileira, a constituição própria da história na Amazônia, as redes culturais e
    materiais dos antepassados negros legaram construções de negritudes diferentes,
    portanto, a negritude ontológica é inexistente e as mulheres negras existem em uma
    diversidade. Logo, cabe à Psicologia o compromisso ético de contingenciar, assim como
    outros pesquisadores vêm fazendo, as histórias da Amazônia e do Brasil em seus próprios
    discursos, rompendo o pacto de silêncio sobre o racismo, qualificando suas práticas,
    acolhendo quem lhe procura com sofrimentos psíquicos gerados pelo racismo e
    combatendo ombro a ombro com os movimentos/feminismos negros o racismo em suas
    interseções.

  • LUANA MARIA DE SOUZA FERNANDES
  • Desenhos-Estórias de Crianças com câncer acolhidas na casa hospedaria: desvelando seus significados

  • Data: 04/10/2017
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  • Este estudo tem por objetivo desvelar se o tema da morte de si mesma ou de outras
    crianças com câncer são abordados por meio dos desenhos estórias produzidos pelas
    mesmas e compreender o que significa estar sobre o tratamento oncológico e morar na
    Casa Hospedaria. A associação entre o Câncer e a morte passa a ser conhecida pelas
    crianças, de alguma forma, desde o momento do diagnóstico, esse encontro é constante.
    Quando tentam conversar sobre a morte com os adultos, estes, normalmente, encontram
    dificuldades em falar, argumentando que elas nada sabem a respeito ou não conseguem
    ter a compreensão sobre o assunto. A estratégia metodológica foi fundamentada na
    abordagem qualitativa de base fenomenológica, objetivando acessar o sentido e a
    intencionalidade dos fenômenos humanos, considerando os significados atribuídos pelos
    indivíduos. A pesquisa foi desenvolvida na Associação Colorindo a Vida – Casa Ronald
    Belém que presta assistência psicossocial, hospedagem, alimentação e transporte às
    crianças e acompanhantes durante o tratamento oncológico. Colaboraram com a
    pesquisa, seis crianças que estavam em tratamento oncológico e hospedadas na casa,
    sendo quatro do sexo feminino e duas do sexo masculino. Como instrumento para coleta
    dos dados, foi utilizado entrevista semiestruturada com os responsáveis, objetivando
    identificar informações gerais a respeito da criança. Posteriormente, com as crianças foi
    realizado execução do procedimento de desenho estória, por meio de desenhos e
    associações verbais, introduzido por Walter Trinca, em 1972. Para análise e
    compreensão dos dados coletados, utilizou-se o modelo de Amedeo Giorgi.
    Posteriormente, foram construídos os eixos temáticos: as diversas perdas no adoecer; a
    morte de si e de seus companheiros de enfermaria; vivendo em uma casa longe de casa.
    Todas as crianças destacaram, em algum momento da construção do desenho ou na
    elaboração de suas estórias, as perdas e limitações que vivenciam ou que foram
    percebendo no decorrer do tratamento oncológico. Estas foram relacionadas a vários
    aspectos de suas vidas, tais como: atividades cotidianas, de lazer, mudança de hábito e o
    isolamento social. As perdas são vivenciadas de modo singular e subjetivo, têm relação
    com as maneiras pelas quais as crianças lidam com outras perdas no decorrer dos anos e
    fase do desenvolvimento psíquico em que se encontram. Essas vivências possibilitam
    enfrentar o sofrimento e frustração causados pela perda. A criança busca compreensão
    do que ocorre consigo e com ambiente em que se encontra, lida com incerteza em
    relação ao futuro, podendo sentir a proximidade da morte e expressar seus sentimentos e
    emoções. Observou-se que a maioria dos colaboradores elegeu o desenho para falar da
    morte e do morrer, não mostrando-se receptivas a construírem suas estórias, o que me
    faz refletir que estórias tem começo e fim, mas algumas dessas crianças ainda aguardam
    o desfecho do tratamento para saber se vencerão o câncer ou se o seus desfechos serão a
    vida ou a morte.

  • LIVIA DE OLIVEIRA CUNHA
  • OS DISCURSOS NOS DOCUMENTOS DE DOMÍNIO PÚBLICO SOBRE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

  • Data: 29/09/2017
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  • O presente trabalho tem por objetivo principal analisar o discurso sobre pessoas em situação de rua adotado em dois documentos de domínio público, destinados a esta população, especificamente a “Política Nacional Para Inclusão Social da População em situação de rua” (2008) e o documento “Saúde da População em situação de rua: um direito humano” (2014). A abordagem utilizada baseia-se nas práticas discursivas, na perspectiva da análise de documentos. Isso significa compreender a produção de sentidos presentes no cotidiano da vida nas suas diversas formas de se comunicar, seja através do diálogo entre pessoas ou, como no caso desta pesquisa, nos conteúdos expressos em documentos. Principais autores no estudo da lingüística e, por conseguinte das práticas discursivas foram fundamentais na escolha de ferramentas analíticas Os autores escolhidos para dialogar na fundamentação teórica são sociólogos e cientistas políticos europeus, bem como autores brasileiros que buscam historicizar alguns processos de exclusão. Assim, são trabalhados temas da desfiliação social, a estigmatização, os indivíduos redundantes e o refugo humano e o debate sobre a cidadania regulada. As análises empreendidas apontam para discursos semelhantes presentes nos dois documentos, com destaque na heterogeneidade da população em situação de rua, a afirmativa de que gênero, raça/cor, idade, deficiência física e mental são fatores determinante para chegada dessas pessoas nas ruas e a participação dos Movimentos Sociais tem crescido e colaborado na construção desses documentos. Os documentos são, em geral, Políticas Publicas executora da garantia de direitos humanos.

  • DIEGO HENRIQUE DA SILVA TRUJILLO
  • HISTÓRIA, ESPAÇO, DISCIPLINA: ARQUEOLOGIA, GENEALOGIA E PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO EM OBRAS DE MICHEL FOUCAULT SOBRE O PODER DISCIPLINAR

  • Data: 26/09/2017
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  • Na década de 70 Foucault entra num debate com geógrafos acerca da noção de poder, e
    através de suas reflexões arqueológicas e genealógicas, ressalta em suas pesquisas a
    importância da noção de espaço para se compreender o poder como relação e produtor de
    saber. No presente trabalho, a partir de suas obras da década de 70, especificamente das
    que tratam sobre o poder disciplinar, objetivou-se: 1) problematizar a história do espaço
    realizada por Foucault, utilizando conceitos da arqueologia e da genealogia, em suas
    pesquisas que tratam sobre o poder disciplinar; 2) compreender a relação que ele teceu
    entre espaço, poder disciplinar e subjetivação; Através destas questões percebeu-se que
    mecanismos disciplinares, que funcionavam na Idade Média em espaços religiosos e de
    ascese, perderam seu caráter de criticidade frente à soberania, e foram utilizados como
    regras gerais de dominação. Através do modelo do panóptico, o poder disciplinar tem a
    tendência, não só de melhorar as funções as quais se liga, mas também de levar seus
    mecanismos e efeitos em outros espaços, não só realizando determinadas conexões e
    redes de domínio, mas também em meio aberto. Por fim, nota-se a partir de tais obras,
    que desdobramentos em torno das práticas psiquiátricas e penais, não só se possibilitaram
    organizar outras instituições, outros saberes, outras disciplinas, mas como também
    fizeram a normalização como meio de controlar corpos nos mais variados espaços pela
    via da individualização.

  • BEATRIZ PORPINO DO ROSARIO CHACON
  • UNIDOS PELO CASAMENTO: DINÂMICA DE CASAIS IDOSOS.

  • Orientador : JANARI DA SILVA PEDROSO
  • Data: 14/09/2017
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  • Diante do envelhecimento populacional e da fluidez dos relacionamentos amorosos, este estudo qualitativo teve como objetivo compreender a dinâmica conjugal de casais idosos que estão juntos há mais de 20 anos. Reflexões acerca do envelhecimento, da formação da conjugalidade e das transformações do casamento foram feitas pelo viés psicodinâmico. Foram entrevistados cinco casais, com idade entre 60 e 83 anos, com tempo médio de casamento de 41,6 anos. Foi aplicado o Mini-exame do Estado Mental e o último instrumento utilizado foi um roteiro de entrevista semi-dirigido com dados identificatórios e cinco perguntas previamente elaboradas de acordo com o objetivo da pesquisa. O conteúdo das entrevistas foi analisado e divido em categorias temáticas. Os resultados revelaram que os casais percebem o casamento como uma união que exige compromisso e compartilhamento de projetos de vida. Quanto à família de origem, ficou evidente que por meio da intergeracionalidade existe uma herança psíquica indelével deixada à prole. Dessa forma, os modelos parentais influenciaram consciente e inconscientemente na escolha do (a) parceiro (a). Em relação à vivência da conjugalidade na velhice, os idosos relataram algumas mudanças, como o resgate da fidelidade dos maridos; o sentimento de solidão e a expressão da sexualidade. Por fim, os casais acreditam que a manutenção de seus casamentos se deve em suma, pelo amor. Mas outros fatores como companheirismo; espiritualidade; compromisso com a família nuclear e compreensão também foram citados como fatores que ajudam a sustentar a relação. Concluiu-se que mesmo inseridos na sociedade hedonista, os idosos mostraram que ainda não estão com pensamentos de individualidade, pois para eles o amor tem outra conotação e não significa soma de momentos prazerosos. Foi possível perceber que os valores morais e cristãos enraizados na mente dos participantes os ajudaram a passar pelas crises e adaptações conjugais. Ressalta-se a importância de estudos qualitativos que alcancem a subjetividade dos idosos que estão em um relacionamento duradouro. Afinal, envelhecimento e conjugalidade são dois temas que precisam de maior produção cientifica.

  • AUZY CLEYCE COSTA SOUSA
  • PRÁTICAS DE CUIDADO PARA MULHERES PARTURIENTES: DESAFIOS DA HUMANIZAÇÃO EM UM HOSPITAL NO PARÁ

  • Data: 14/09/2017
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  • No Brasil, as práticas de cuidados com a saúde da mulher na gestação, parto e puerpério vem sendo modificada em grande medida, motivada pela intensa pressão dos movimentos feministas e pela grande taxa de morbimortalidade materna, que mesmo com todas as políticas públicas existentes, ainda não se efetivaram suficientemente como cuidado que compreende às mulheres como protagonista. Nesta pesquisa foi analisado quais dispositivos de humanização são identificados como práticas de cuidado para puérperas em um hospital no interior do Pará, além disso, foi investigado de que forma as usuárias percebem esses dispositivos de humanização no cuidado hospitalar. Foi utilizada como caminho metodológico a pesquisa qualitativa, na qual há um diálogo mais profícuo com a produção de subjetividade e da intersubjetividade, que dialoga de forma frutífera com o objeto pesquisado. Turato (2004) nos diz que trabalhar qualitativamente implica em entender/interpretar os sentidos e as significações que uma pessoa dá aos fenômenos em foco, características importantes para esta pesquisa. O trabalho de campo foi realizado em um hospital conveniado ao SUS, em um município no nordeste paraense. Este hospital possui um total de 96 leitos, sendo 23 para obstetrícia. Foram utilizados como instrumentos de pesquisa a entrevista semi-estruturada e a observação do ambiente e das relações de trabalho que compuseram o diário de campo. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com dezesseis puérperas entre 18 e 39 anos internadas no hospital. A análise dos dados foi realizada a partir da organização em eixos temáticos construídos com base nos aspectos mais relevantes encontrados no trabalho de campo e no resultado das entrevistas. Com a análise das entrevistas e observações, pode-se verificar que muitos dos dispositivos da humanização eram percebidos pelas mulheres no cuidado hospitalar, porém em grande parte dos casos sem saberem ao certo que tinham direitos a essas práticas, ou mesmo que determinadas práticas de maus cuidados, historicamente realizados, não são recomendados pelas políticas públicas na atualidade. Percebeu-se que o hospital em estudo está em plena adequação às boas práticas.

  • JESSICA SAMANTHA LIRA DA COSTA
  • Feminilidade e desamparo: uma leitura psicanalítica da personagem Macabéa, do romance "A hora da Estrela".


  • Data: 31/08/2017
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  • O presente trabalho aborda as noções de feminilidade e de desamparo a partir da leitura do último romance da escritora Clarice Lispector, intitulado A Hora da Estrela. A metodologia adotada na presente pesquisa consiste em uma pesquisa bibliográfica, sendo privilegiado o referencial teórico freudiano. O intuito do trabalho pode ser divido em três aspectos centrais: o primeiro reside em abordar o romance e a própria peculiaridade da literatura lispectoriana, demonstrando como ambos são importantes e podem realizar articulações próprias e peculiares com a teoria psicanalítica; o segundo trata de abordar como ocorrera a construção da noção de feminilidade na teoria freudiana, possibilitando, com isso, que haja um entendimento maior do motivo de se utilizar de tal teoria para entender o funcionamento de uma personagem literária; e o terceiro consiste em realizar aproximações entre as noções de desamparo, arte poética e tragicidade na teoria psicanalítica e no texto clariciano aqui abordado. Conclui-se que a feminilidade e o desamparo são a expressão máxima da falta humana e que há maneiras de lidarmos com esta verdade tão avassaladora, inclusive por meio da arte poética. Ainda que as marcas deixadas por estas verdades, que são compostas de tragicidade e conflito, sejam demasiadamente rígidas, a psicanálise e a arte nos fornecem subsídios para enfrentá-las. 

  • DIANA DA SILVA NOBRE
  •  Plantão Psicológico na ONG - Casa do Autista: im(plantando) o serviço e desvelando os sentidos do encontro pais e plantonista

     

     

  • Data: 18/08/2017
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    em anexo

  • MILLA MARIA DE CARVALHO DIAS VIEIRA
  •  O IDEAL DE FEMINILIDADE EM ROUSSEAU E A INFECÇÃO DE MULHERES PELO HIV. 

  • Data: 14/07/2017
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  • Durante anos daepidemiado HIV∕aids, as questões queenvolviam mulheres infectadas emrelacionamentos estáveisforam silenciadas, pois existia aconcepção dequeapenas pessoasquefaziam partedos chamados “grupos derisco”estariam vulneráveis àinfecção pelo HIV,como prostitutas emulheres promíscuas sexualmente. Nesse contexto, as estratégias deprevenção estavam direcionadas apenas paraesses grupos, o quelevou aum grandeaumentodemulheresinfectadas,queeram casadas, namoradas, mães dedicadas àfamíliaeconsideradas de“bom comportamento”. Nestadissertação,buscamosanalisar umadasproblemáticas envolvendo mulheres infectadas em relacionamentos estáveis: anegociação dopreservativo. O sexo feminino ainda apresentadificuldadeem negociaro uso dacamisinha narelação sexual, pois muitas vezes quem decide sobreissoéo homem. As mulheres apenasaceitam passivamenteo desejo masculino. Isso ocorreporqueexistem ideais quenormatizam aconduta demulheres,mantendo-as submissas, dóceis epassivas ao desejo dos homens. Natentativadecompreender as origens desses ideais quefazem partedasubjetividadedemulheres em nossacultura, abordamos que,noséculo XVIII,emergiu um novo modelo defeminilidade, cujo principal responsável foi Jean Jacques Rousseau. Tal modeloconstituiu-seem um ideal queainda servecomo um referencial identificatório paramuitas mulheres. Nesseideal defeminilidade, asmulheresestariamdestinadasàmaternidadeeao espaço doméstico,deveriam serdóceis epassivas,em relação aosdesejos enecessidades dos homens,alémdisso, deveriamsuportarsofrimentos, injustiças eencontrar prazer nas obrigações quelheseram destinadas. A partir dessa perspectivadeRousseau, questionamos seaidentificação demulheres ao ideal defeminilidadeproposto por ele dificultariaanegociaçãodo uso dopreservativo narelaçãosexual com o parceiro estável. Paraabordarmos essa questão,analisamos, apartirdo aporteteóricopsicanalítico, o depoimentodetrês mulheresparticipantes do documentário “Positivas”, produzido em 2009: Cida, HelieRosário. Considerou-secomo resultado queasmulheres identificadas aesse ideal não conseguiriamnegociaro uso dopreservativo narelação sexual,pois não seposicionariam enquanto sujeito narelaçãocom o parceiro sexual estável, permanecendo em uma posição deobjeto e, dessaforma, semanteriam “caladas”diante do desejo do marido ou do namorado. Além disso,também seconcluiu queas mulheres identificadas aesse ideal estariamsubmetidas aummodelo desubjetividademasoquista, pois ficariam subjugadas acertas práticas sociais queexigiriam delas submissão ao homem esacrifício, ao abdicarem deseus desejos,com o intuitode serem mães e esposas dedicadas. 

  • ROBENILSON MOURA BARRETO
  • CONTRIBUIÇÕES PSICANALÍTICAS PARA COMPREENSÃO DO PRECONCEITO RACIAL: Um Estudo de Caso

  • Data: 13/07/2017
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  • BARRETO, R. M. Contribuições psicanalíticas para a compreensão do preconceito racial: Um estudo de caso. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Pará. 2017.

     

     

    Esta dissertação incide em um trabalho a respeito de um estudo de caso sobre a contribuição da psicanálise para a compreensão do preconceito racial em estudantes na Universidade Federal do Pará (UFPA). Um estudo que direciona as reflexões sobre questões acerca das relações raciais entre brancos e negros no Brasil, e seus desdobramentos psíquicos nas construções subjetivas de sujeitos negros. Este trabalho está ancorado a partir do referencial teórico psicanalítico dos processos identificatórios, o narcisismo das pequenas diferenças e sobre questões ligadas à construção discursiva sobre o preconceito racial que evidencia o racismo como fenômeno social. Trata-se de uma pesquisa realizada por meio de entrevistas semi-estruturadas, com dois estudantes da UFPA; uma estudante de nacionalidade brasileira e um estudante de nacionalidade guineense que foram vítimas de preconceito racial. Os resultados demonstraram existir uma diferença histórica e cultural das experiências vividas pela estudante brasileira e pelo estudante Guineense, ambos em Belém do Pará, Brasil. Constatamos que a construção discursiva da história sobre a cultura dos povos e nações configura-se como um elemento fundador da construção dos ideais no processo identificatório de cada sujeito. Pontualmente evidenciamos alguns processos vividos diante do preconceito racial. Entre esses processos, encontramos uma constituição de ideal de ego branco intensificado pela negação e inferiorização da história do sujeito negro no Brasil, um intenso sofrimento psíquico na medida em que, se rompe com os construtos sociais do ideal de brancura estabelecido pelos laços sociais. Além disso, o estudo demonstrou a importância do enfrentamento do preconceito racial nos diversos âmbitos sociais por meio do resgate e da manutenção da história do povo negro no Brasil e na diáspora. Desse modo, os processos identificatórios vividos pelos estudantes em diferentes territórios foram determinantes nas relações com esse Outro diferente em sua cor, ou nacionalidade. 

  • ALBERTO RIBEIRO NETO
  • Pornografia na cultura virtual: Considerações psicanalíticas sobre devaneios eróticos na rede mundial de dados digitais.

  • Data: 13/07/2017
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  • Neto, A. R. Pornografia na cultura virtual: Considerações psicanalíticas sobre devaneios eróticos na rede mundial de dados digitais. 2017. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Pará.

     

     

    Esse trabalho pretende investigar de forma teórico-bibliográfica as relações dos fenômenos da pornografia na internet à luz das teorias da psicanálise. Como avaliar as influências de uma rede mundial em que 35% de todos os downloads são de conteúdo pornográfico e de que maneira essa rede se relaciona com as construções discursivas sobre a sexualidade em nossa cultura? Não se tratam apenas de avanços tecnológicos, com a melhoria de imagens e sons, mas, sobretudo, de novas formas de criação. A rede permite interatividade fazendo de cada consumidor um potencial produtor pornográfico. Significativas parcelas da produção contemporânea deixaram de atender às expectativas mais tradicionais da heterossexualidade masculina, dando assim espaço à diversificação de nichos. Nesse sentido passaremos a uma investigação do que chamaremos de "discurso pornográfico". Para após, a partir dos textos da obra freudiana, principalmente os relativos à sexualidade e a cultura, e com a ajuda do autor Pós-Freudiano Robert Stoller, único psicanalista que publicou algo sobre o tema da pornografia. Procuraremos as contradições relativas a este fenômeno em nossa cultura e o caminho pulsional implícito no uso do material pornográfico. Após o contraste entre os discursos gerados historicamente sobre a pornografia e as interpretações psicanalíticas, sublinharemos que para a psicanálise a pornografia serve como uma "solução" de compromisso entre as demandas do polimorfismo da sexualidade humana e as exigências da moral cultural. Possibilitando que essas soluções tornem-se novas formas criativas de produções de verdades sobre o sexo.

  • RAFAEL PEREIRA NUNES
  • Mito e Sociedade: aspectos de "cordialidade" brasileira à luz da psicanálise.

  • Data: 23/06/2017
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  • Um fenômeno tão antigo quanto sua tentativa de conceituação, o mito é um dos temas mais debatidos ao longo da história do pensamento, mobilizando e impondo questões nada desprezíveis para variados campos do saber. Aqui, enfrentando o desafio de investigar acerca deste tema, recorremos às ferramentas conceituais oferecidas pela psicanálise, com o objetivo de estudar o mito em sua relação com a sociedade, mais especificamente, objetivamos analisar um mito nacional brasileiro. Em termos metodológicos, trata-se de um estudo de natureza conceitual e histórica que, pela via de um levantamento bibliográfico, destaca em um primeiro momento umabreve recapitulação acerca da posição do mito ao longo da história do pensamento, seguida da apreciação de sua posição ocupada na obra de Freud. Em seguida, apresentaremos o mito da horda primeva elaborado pelo próprio Freud em 1913, em Totem e Tabu. A apreciação do cenário mítico proposto por Freud em confluência com o cenário histórico brasileiro, nos conduza possibilidade de analisar a cordialidade brasileira como uma narrativa convergente entre o mítico e o histórico, nos possibilitando pôr em discussão temas implícitos também em Totem e Tabu, tais como o da modernidade e da fraternidade. Por fim, esperamos discutir acerca dos debates em torno da noçãode cordialidade e a sua atual pertinência para tratar dos temas a que se propunha, como a da dicotomia tradição-modernidade.

  • ELLEN KAROLINE SILVA DA SILVA
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    Compreensão das relações solidárias na vivência do grupo Missão Contra Fome em Belém

  • Data: 07/06/2017
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  • Este trabalho realiza estudo qualitativo exploratório acerca do tema solidariedade. A base teórica para o diálogo, assim como, o dado empírico agrega teorias de autores inseridos na tradição fenomenológica e autores que dialogam em diferentes áreas, o que configura ao texto um ponto de vista transdisciplinar.  Apresentamos a compreensão etimológica da solidariedade, a construção do seu significado; a concepção de solidariedade coligada as ideias de virtude, caridade, ética.  No caminho da pesquisa usamos entrevistas semiestruturadas para captar os sentidos por meio de cinco colaboradores sobre as práticas solidárias em um grupo situado na cidade de Belém do Pará. Nos resultados, descreve as percepções do fenômeno, e o modo que os entrevistados compreendem sua participação no grupo Missão contra Fome. Considera-se que, mediante a realidade vivenciada e as experiências adquiridas, as percepções da solidariedade foram construídas em base ao cotidiano, há presença de amor ao próximo, responsabilidade ética, e a disponibilidade em ajudar. Conclui-se que a ação solidaria é presença nas relações pessoais e em comunidade.

     

  • RACHEL DE SIQUEIRA DIAS

  • Diagnóstico de HIV após 35 anos do início da  epidemia: o olhar dos usuários


  • Data: 25/05/2017
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  • Em 35 anos de história, a propagação da infecção pelo vírus HIV no Brasil vem se
    revelando como uma epidemia de múltiplas dimensões e, ao longo do tempo, sofre
    muitas modificações em seu perfil. Sendo inseparáveis os aspectos médicos, dos
    aspectos sociais, mantendo-se ainda como um grave problema de saúde pública,
    apesar dos grandes avanços. Esta investigação teórica teve como conceitos âncoras
    a vulnerabilidade, visando verificar como as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA)
    vivenciam seu cotidiano após o diagnóstico, assim como compreender as
    necessidades específicas para um cuidado integral à saúde. A partir desse quadro,
    pergunta-se como é na atualidade para uma pessoa receber o diagnóstico reagente
    para HIV? O estudo se baseia na abordagem qualitativa, o locus da pesquisa foi o
    Centro de Testagem e Aconselhamento e o Serviço de Assistência Especializada
    em HIV/aids, de um município do interior do Pará. Utiliza-se o método da pesquisa
    participante, com 20 entrevistas em profundidade, coletadas de forma individual. O
    diário de campo, nesta pesquisa, possibilitou o aprofundamento das questões
    relacionadas as suas vivências. Os sujeitos da pesquisa foram pessoas vivendo com
    HIV/aids, que receberam seu diagnóstico no Centro de Testagem e
    aconselhamento, nos anos de 2015 e 2016, e que realizam tratamento no Serviço de
    Assistência Especializada, escolhidos aleatoriamente, de forma não probabilística,
    intencional e acidental, de ambos os sexos, acima de 18 anos, em uso de terapia
    antirretroviral. Os resultados apontam que as PVHA ainda hoje vivem em grande
    vulnerabilidade individual e social, por questões socioeconômicas , principalmente,
    por medo da descoberta de seu diagnóstico e da possibilidade de serem
    estigmatizadas e discriminadas. Observou-se que elas sentem-se cuidadas nos
    serviços de saúde especializados, sendo este um porto seguro, porém, demonstram
    receio de serem ligadas a estes locais. Sentem ainda medo dos serviços serem
    descentralizados ou até mesmo serem encerrados por conta de questões políticas.
    Há uma grande dificuldade das PVHA compreenderem-se como sujeitos e
    protagonistas de sua história, tal fato foi revelado nesta pesquisa como um fator que
    reflete na cidadania como um todo.

  • FRANKLIN DEYVYS GOMES DA SILVA
  • A dinâmica do aprender: Um trânsito do sujeito

  • Data: 06/05/2017
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  • A presente dissertação, situada na interface psicanálise-educação, apresenta os resultados de uma pesquisa teórica sobre o tema da aprendizagem, tomando como referência a obra freudiana e seus desdobramentos no pensamento de Lacan. Tal estudo se delimita em função de três objetivos: 1) Compreender como a dinâmica entre real, imaginário e simbólico enlaça e estrutura o campo das aprendizagens enquanto produto da articulação significante; 2) Compreender como a dinâmica do sujeito no trânsito entre imaginário e simbólico possibilita a aprendizagem enquanto produto desse movimento; e 3) Delimitar como a estrutura do ‘discurso sem palavras’ proposta por Lacan (1969-1970) ordena a transmissão e a produção de conteúdos na dialética: ensino – aprendizagem. Assim sendo, o percurso traçado pela pesquisa buscou, primeiramente, articular a importância da escolha do ponto da obra freudiana para a estruturação dos modos de incidência da psicanálise na educação. Para, em seguida, considerar o enunciado de Freud (1937) que coloca o psicanalisar, o educar e o governar enquanto profissões impossíveis, e daí articular como o estatuto deste impossível poderia possibilitar a emergência ou a exclusão do sujeito nos processos educacionais. Em função disso se evidenciou que a psicanálise, ao inserir-se nesse campo, não contribui com um saber instrumental, e o seu valor se coloca justamente por não fazer emergir um saber deste tipo, ao contrário, sua utilidade está no fato dela buscar efetuar uma espécie de ‘reintegração de posses ao sujeito’. À psicanálise restaria como modo de inserção possível no campo da educação, abrir mão de ir em direção a um ato normativo e optar, não por um saber aplicado, mas por um saber que, partindo do campo analítico, possa capturar algo do campo educativo.  Em seguida, o segundo capítulo busca desenvolver as implicações de nossa hipótese de que o trânsito do sujeito entre os registros do imaginário e do simbólico apresenta como um de seus produtos o fenômeno da aprendizagem. Para tanto, utilizamos como base de análise o Seminário de Lacan: Os escritos técnicos de Freud (1953-1954) de onde se retirou as implicações, para o campo das aprendizagens, do aparelho óptico que Lacan aí nos apresenta. Finalmente, no terceiro capítulo tratamos das particularidades estruturais da relação entre ensinante e ensinado. Neste capítulo evidenciamos o caráter linguageiro desta relação, assim como as implicações que as estruturas discursivas que Lacan (1969-1970) teoriza em seu seminário O avesso da psicanálise possibilitam para pensarmos o contexto educativo em função dos lugares ocupados por ensinante e ensinado.

  • FELICIANA UEYAMA

  • Análise do discurso medicalizante nos documentos publicados pelo MDSA.

     

  • Data: 05/04/2017
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  • Este estudo teve como objetivo principal investigar, por meio de algumas ferramentas da genealogia e da análise arqueológica dos documentos, quais práticas de medicalização são produzidas nas esferas das políticas públicas, em especial em dois, dentre vários documentos publicados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), a Política Nacional de Assistência Social e Orientações Técnicas para Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, bem como problematizar, pela analítica de poder foucaultiana, quais saberes, poderes e subjetividades são criados a partir dos atravessamentos medicalizantes das condutas e quais práticas discursivas suscitam com base nesses dois documentos e quais práticas medicalizantes estão inseridas sutilmente em cada fala. Metodologia que possibilitou uma análise diferenciada dessa política social e permitiu ver e vivenciar por outras lentes as práticas de uma sociedade neoliberal, exercendo ressonâncias disciplinares e medicalizantes no cotidiano dos indivíduos e efeitos biopolíticos na vida das famílias, atravessados pela higienização do tecido social através da gestão dos riscos, criminalizando e judicializando os que se encontram em território dito em vulnerabilidade social e risco social e pessoal e, por fim, aqueles que  numa governamentalidade neoliberal utilizam-se do empreendedorismo de si próprio. Como resultado, obteve-se um diagrama dos ranços filantrópicos, caritativos e tutelares dos moralismos, um processo de normalização, medicalização e judicialização nos direitos sociais, apesar de implantada uma democracia representativa e participativa para formulação dos direitos e cidadania dos grupos atendidos pela política social, ora referida. E que a ordem do discurso dos documentos contribui para uma sociedade disciplinar, normalizadora de comportamentos-desviados, utilitarista-descartável e empreendedora da vida e dos corpos, fundamentada na governamentalidade, cuja economia é o governo da família.

     

  • MICHELLY CRISTINA RODRIGUES DE OLIVEIRA
  • DIMENSÃO DO CUIDADO COM IDOSOS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR

  • Data: 23/03/2017
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  • O evidente crescimento da população idosa no Brasil, tem sido acompanhado de expressões pouco admiráveis no que tange o cuidado de idosos. O aumento da violência cometida contra a população idosa acompanha esse crescimento e se evidencia em contexto familiar, donde espera-se o cuidado de forma mais responsiva. Relações familiares baseadas em ações violentas e de cuidados chamam atenção pelo paralelismo antagônico e frequência que acometem os mais velhos. Vislumbrou-se identificar tipos de violência, motivação e os cuidados estabelecidos pelos membros do sistema familiar. Esta discussão está alicerçada com base nos resultados da pesquisa intitulada “Um estudo exploratório da violência contra o idoso na região metropolitana de Belém: tipologias e dinâmicas familiares”, que possui cunho quanti-qualitativo. Com intuito de desenhar o perfil desses idosos, foi feito o levantamento dos boletins de ocorrência expedidos na Delegacia de Proteção do Idoso, entre os anos de 2013 e 2015, dos quais foram entrevistados 10 idosos, vítimas de violências intrafamiliar. Para a compreensão da constituição da dinâmica familiar dos idosos e das relações de cuidado e violência contidas no âmbito doméstico, foram desenhados seus genogramas e avaliados até três gerações. As entrevistas foram avaliadas por meio de análise de conteúdo. Encontrou-se que o uso de entorpecentes e o interesse financeiro motivaram as agressões, em sua maioria psicológicas. O cuidado respondeu a necessidades subjetivas e objetivas e a violência foi um comportamento transgeracional. Verificou-se que tanto a violência quanto o cuidar são formas de comunicação que coexistem nestes sistemas familiares.

  • GESSE DUQUE FERREIRA DE OLIVEIRA
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    O INTERNAUTA E O FANTASIAR

  • Data: 08/03/2017
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  • OLIVEIRA, Gessé Duque Ferreira de. O internauta e o fantasiar. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Psicologia – Universidade Federal do  Pará, Belém, 2016, p. 110.

      Esse trabalho começou com pontuais inquietações acerca da concepção de alguns teóricos sobre a suposta dicotomia entre relações virtuais e relações socias. Alguns teóricos questionam a virtualidade, acreditando que a tecnologia veio para afastar os homens e tornar as relações rarefeitas e sem valor, as relações teriam se tornado narcísicas, sem o reconhecimento do outro. Neste contexto, procuramos discutir sobre o avanço da tecnologia nas mais diversas áreas, principalmente, na utilização da virtualidade associada à tecnologia para relacionamentos interpessoais. Primeiramente, recorremos ao histórico da computação e Internet, depois apresentamos alguns autores que tratam a tecnologia de forma positiva e outros, de forma negativa. Após isso, resgatamos o conceito de fantasia em Freud e Lacan para mostrarmos que a fantasia delimita a realidade de cada um, e que cada sujeito se utiliza de quaisquer ferramentas de acordo com seu desejo. No terceiro aspecto, resgatamos a noção da relação de objeto em Freud e Lacan, acabando com a ideia de uma relação dual, na qual houvesse um objeto que aplacasse o desejo, para assim mostrar que o que move a relação do sujeito com o mundo é justamente a falta de objeto. Por fim, utilizamos o filme Her (JONZE, 2013) para respondermos como, nesse caso, a fantasia foi capturada pela virtualidade.

  • ANTONIA CLÁUDIA SOARES LEÃO DOS SANTOS
  • RELAÇÃO MÃE-BEBÊ EM CONTEXTO DE CÁRCERE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

  • Data: 16/02/2017
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  • O presente trabalho teve por objetivo analisar o desenvolvimento emocional do bebê a partir do método Bick de observação da relação mãe-bebê em contexto de cárcere. Foram observadas três díades por um período de cinco meses, a dinâmica se constituiu em iniciar com duas e após três meses uma foi substituída devido ao fato de que uma das internas recebeu liberdade provisória. O método Bick recomenda que o tempo total de observação deva ser de dois anos, os bebês foram acompanhados desde o nascimento, contudo houve uma adaptação quanto ao tempo do método. As transcrições foram feitas logo após as observações e supervisionadas pelo orientador que é especialista em Método Bick. Os dados foram agrupados em três categorias, a saber: a mãe e o seu bebê, o colo e o carrinho do bebê e o tempo de brincar. A Psicanálise embasa o referencial teórico, mais especificamente autores clássicos do desenvolvimento humano como Winnicott, Mahler, Klein e Spitz. A relação mãe-bebê foi diferenciada em cada díade, entretanto, as três mães eram jovens, de baixa escolaridade, apesar de serem multíparas, estavam no cárcere pela primeira vez, com dedicação exclusiva para o recém-nascido e do ponto de vista penal as três envolveram-se com tráfico de drogas. Este estudo contribuiu no sentido de mostrar que o método Bick pode ser empregado no contexto de cárcere para desvelar a relação mãe-bebê. Outra contribuição é o fato deste trabalho somar com a literatura específica sobre mulheres encarceradas com seus bebês que ainda é escassa. 

  • JUREUDA DUARTE GUERRA
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    A EMERGÊNCIA DA COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE NO BRASIL

  • Data: 30/01/2017
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  • Esta pesquisa realizou um estudo sobre a emergência da Comissão Nacional da Verdade, no Brasil e os seus efeitos mais atuais, por meio da análise documental, na qual tivemos como fontes de pesquisa: 1) a Lei n°12.528/11, que cria a Comissão Nacional da Verdade; 2) o Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (2008); 3) a Lei Estadual 7.802/14, que cria a Comissão Estadual da Verdade; 4) o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (2014). O objetivo desta pesquisa foi problematizar a criação da Comissão Nacional da Verdade como um acontecimento, cujas condições de emergência histórica estão apoiadas em uma prática institucional ancorada na ideia de uma memória que necessita ser construída para que fatos ocorridos durante a Ditadura Civil-Militar no Brasil não fossem esquecidos. A Comissão Nacional da Verdade foi uma reivindicação e um acontecimento singular, agenciada por diversos setores da sociedade civil organizada, articulados por coragem da verdade, após décadas de existência na clandestinidade, de exílio, desaparecimento e tortura de pessoas, militantes de partidos e movimentos ou não, no período entre os anos de 1964 a 1985. Assim, realizamos uma análise descritiva e problematizadora, fundamentada no estudo de uma vertente da pesquisa social, pautada na perspectiva da psicologia social e ciência política, em que buscamos ferramentas para realizar uma interrogação dos documentos da verdade e de procedimentos políticos que deram sustentação para a criação da Comissão Nacional da Verdade, bem como alguns dos seus efeitos no surgimento da Comissão Estadual da Verdade no Pará. O estudo apontou que os mais diversos movimentos sociais e de luta por direitos humanos existentes no Brasil reagiram com práticas de insurreição aos saberes dominantes e relações de dominação estabelecidas, possibilitando a constituição das forças que fizeram emergir a Comissão Nacional da Verdade. Esta série de práticas ao questionar a produção de uma história e de uma memória oficial, deu visibilidade à história dos torturados, desaparecidos, mortos e perseguidos do regime, constituíram-se como práticas de resistência que conseguiram produzir brechas ao poder militar iniciadas a partir da restauração do regime democrático no país. Permitiram a institucionalização de leis que produziram uma alternativa à memória produzida pela ditadura.

2016
Descrição
  • ANTONINO ALVES DA SILVA
  • Quilombo Caeté: Japiins, Cafezinhos, Igarapés - Margeando Finos Feitiços

  • Data: 15/12/2016
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  • Este estudo está inscrito no campo da Psicologia Social e segue linhas rizomáticas inspiradas no pensamento filosófico de Deleuze e Guattari. A partir de um plano de imanência referenciado na comunidade quilombola do Caeté, situada no município de Abaetetuba (PA), seu território material, imaterial, sua geografia, seus habitantes humanos, não humanos, seus feitiços, seus fluxos de forças, acontecimentos constantes e suas multiplicidades de saberes, objetivo traçar uma proposta cartográfica que aponte saídas à questão do risco e vulnerabilidade social apresentada pela Política Nacional de Assistência Social como conceito estruturante e a meu ver estigmatizante. Por meio de entrevistas individuais, rodas de conversa e diário de campo como fontes primárias e outras referências (teses, dissertações, artigos, livros etc.), problematizo se o discurso que enquadra quilombos e quilombolas como “naturalmente” vulneráveis, não implicaria em uma forma de estigmatização. Outrossim, intenciono desconstruir esse discurso ao pautar as experiências vividas como um trânsito entre normatizações e experimentos de liberdade-invenção. Longe do desejo de contraposições cegas ou de polarizações de saberes, busco uma postura de abertura e criações de passagens a novas reflexões que dê visibilidade a outros processos de subjetivação e lançe contribuições para novos desenhos de políticas públicas na Amazônia paraense, para a Psicologia Social, bem como para áreas afins, propondo fundamentos para novas práticas.

  • CINTHIA DE CASTRO SANTOS
  • ENTRE ACORDOS E CONTROVÉRSIAS: análise da produção da Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira - Lei nº 10.2016/01

  • Data: 09/11/2016
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  • O trabalho buscou descrever a trajetória da Reforma Psiquiátrica brasileira, que culminou com a aprovação da Lei nº 10.216/01 e que, apesar de ter edificado uma novo marco por meio de orientações sobre a reestruturação na assistência de saúde mental e ter disposto os direitos e as medidas protetivas aos portadores de transtornos mentais ainda hoje é razão de discussões e controvérsias. Para isso, foi necessário conhecer na história alguns dos movimentos de resistência aos manicômios ocorridos e seu devir, e percorrer a leitura sobre os Estados Unidos da América, França, Itália e Brasil. Escolhemos como categoria a noção e a reconstrução do conceito de desinstitucionalização proposto pelas reflexões de Basaglia que é a grande expressão dentre os conceitos epistemológicos no estudo sobre a Reforma Psiquiátrica. Utilizando a Teoria Ator-Rede (TAR), de Bruno Latour na qual a noção de “rede” possibilita uma análise que eleva atores ou actantes como construtores da fatos, e assim, descrevemos e analisamos o que fez fazer a rede “Lei”. Para dar visibilidade ao que buscávamos como objetivo utilizamos documentos de domínio público que foram uma espécie de dispositivo de inscrição onde as associações estavam postas e coube a nós a função de acompanhá-las pelas redes documentais em que elas se conduziam. Descrevemos e analisamos os documentos produzidos e publicados entre o período da Nova República Brasileira e a promulgação da Lei nº 10.216/01 no intuito de compreender e ao passo que descrevemos fomos compreendendo que de fato a rede enquanto categoria conceitual funciona como um híbrido claramente resultado das vinculações entre humanos e documentos (não humanos) e é por esta razão, apontando detalhadamente cada um é que demonstramos ao analisar as descrições os acordos e as controvérsias que constituem e construíram a lei da reforma psiquiátrica. 

  • ANDRÉ ISAAC DA SILVA ASSUNÇÃO
  • Percepções de Educadores sobre Vínculos no Cuidado de Crianças em Acolhimento Institucional

  • Data: 06/09/2016
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  • O presente estudo buscou conhecer a percepção dos educadores de duas instituições de acolhimento da região metropolitana de Belém do Pará, com destaque para concepção sobre vínculos afetivos no cuidado de crianças na faixa etária de dois a seis anos nesse contexto específico. Participaram 10 educadores. Para a elaboração deste estudo, utilizou-se como instrumento de coleta de dados um roteiro de entrevista semiestruturada com 10 perguntas abertas sobre o tema: cuidado, apego, vínculos afetivos e desligamento da instituição. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo de Bardin. Foram criadas duas categorias molares: Acolhimento e experiências de cuidado e Vínculos, cuidado e sentimentos no acolhimento institucional. Para cada uma delas foram propostas três categorias moleculares, respectivamente: Acolhimento e medida protetiva, Cuidados formais e afeto e A referência familiar no cuidado; Vínculo afetivo e cuidado, Apego e cuidado e Sentimentos ligados ao desligamento da instituição. Os resultados encontrados apontaram que o acolhimento na percepção dos educadores é reconhecido como uma medida de proteção para as crianças, sendo esta uma alternativa favorável ao seu desenvolvimento. Os principais cuidados oferecidos às crianças estão pautados na higiene e cuidados físicos. A referência aos cuidados familiares na percepção dos educadores está diretamente ligada a educação fornecida aos seus filhos em casa, pois os mesmos buscam educar as crianças de acordo com os exemplos e experiências de suas casas. Segundo os educadores, os vínculos afetivos são fundamentais para uma boa condição de trabalho com as crianças, sendo impossível não criar esse tipo de ligação com elas. O apego no cuidado com as crianças foi observado pelos profissionais como algo importante e, ao mesmo tempo, prejudicial, pois, segundo os educadores, esse sentimento pode se tornar difícil de controlar. Esse controle está ancorado na ideia de que o apego e o vínculo podem promover o sofrimento no ato do desligamento das crianças da instituição. Os resultados reforçam a ideia de que a instituição de acolhimento é um espaço de constantes transformações, de promoção de desenvolvimento, tanto físico quanto emocional para as crianças, sendo que, nesse lugar, os educadores se tornam referência no cuidado e na relação afetiva com as crianças e contribuem com o seu desenvolvimento psicológico.

  • ELVIRA SILVESTRE CHAVES GAMA
  • O viver e o morrer para pacientes sob cuidados paliativos oncológicos: desvelando os sentidos da vida

  • Data: 17/06/2016
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  • O presente estudo teve como objetivo desvelar os sentidos da vida descritos por pacientes sob cuidados paliativos oncológicos a partir da experiência do viver e do morrer. Entende-se que o doente em cuidados paliativos, encontra-se com o destino inevitável, a finitude. O contato com a vulnerabilidade da existência é disparador de questionamentos sobre propósito e sentido da vida, possibilitando que a finitude e a morte se tornem plenas de sentido, à medida que evidencia o caráter de unicidade e irrepetibilidade da existência humana. O percurso metodológico desta pesquisa foi fundamentado no método de investigação fenomenológico, descrito por Amedeo Giorgi e Daniel Sousa (2010). O estudo teve como cenário a Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO), primeiro serviço estruturado de tratamento paliativo na Região Norte em funcionamento desde 2001 no Hospital Ophir Loyola (HOL), unidade de referência de alta complexidade no tratamento do câncer em Belém-PA. Colaboraram quatro doentes com câncer metastático sob cuidados paliativos, em regime de internação hospitalar; cada um foi entrevistado individualmente e convidados a responder a pergunta aberta: o que dá sentido a sua vida? A análise dos relatos coletados nas entrevistas demonstrou: a) diante da finitude, da impossibilidade de projetar, sonhar, desejar, a garantia da existência é encontrada no vivido, ou seja, no passado; b) é justamente o passado, a maneira como a pessoa construiu a sua história, o vivido que dá sentido à vida; c) para vivenciar a finitude não se precisa necessariamente falar claramente sobre ela, escolher não aprofundar-se sobre a vivência do morrer não quer dizer que o doente não perceba a aproximação da finitude; d) o ser humano é único e irrepetível e, assim, o sentido ou os sentidos atribuídos à vida vão depender da história de vida e da singularidade do doente. Este trabalho evidenciou a unicidade do viver e do morrer e a maneira pela qual se desvelam os sentidos da vida. As histórias do vivido, reconhecidas por Frankl (2003) como “romances”, precisam ser contatas e necessitam de ouvintes interessados e atentos, pois, ressalto, cuidar de pessoas que vivenciam a finitude exige uma capacidade amorosa e empática que permite o (com)partilhamento do viver e do morrer, permitindo que a morte dos que estão partindo, seja leve e calma e a vida dos que sobrevivem possa ser enriquecida e transformada pelos “romances” vividos deixados como legado da existência.

  • LUCIANA DO NASCIMENTO CASTELLO
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    Sobre Perdas, Lutos e 'Sufoco': desvelando histórias de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

  • Data: 15/06/2016
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  • Este estudo tem por objetivo compreender os significados atribuídos ao viver com doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC considerando que esta representa uma ameaça continua à vida dos seus portadores, visto ser uma doença crônica, de curso progressivo que vai de limitante à incapacitante para a realização de atividades de vida diária, potencialmente letal, devido o avanço e agravamento dos sintomas e do comprometimento pulmonar, ao longo do tempo, por isso com prognóstico reservado. A estratégia metodológica foi fundamentada na abordagem qualitativa, que corresponde a um método voltado as singularidades e particularidades de um objeto, sem a pretensão de generalizações ou de verdades absolutas quanto aos resultados encontrados. O método escolhido foi a História Oral Temática, que se considerou adequado para alcance dos objetivos, possibilitando que os colaboradores contassem suas histórias sobre ser portador de DPOC. A pesquisa foi desenvolvida no Ambulatório para pacientes com DPOC do Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB, vinculado à Universidade Federal do Pará, em Belém-Pa. Colaboraram com a pesquisa, 06 (seis) pacientes que estavam sob tratamento nesse ambulatório, sendo 03 (três) homens e 03 (três) mulheres. Como instrumento para coleta dos dados foi utilizado entrevista semiestruturada utilizando-se um roteiro composto de cinco questões que versavam sobre o viver com DPOC. Para análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo, por meio do qual foram identificados 03 (três) eixos temáticos: as limitações e perdas no adoecer; o luto pelo que morre a cada dia; o “sufoco” que há na dispneia: para além da insuficiência respiratória. Na análise compreensiva das histórias narradas foram destacados os trechos considerados mais representativos dos conteúdos trazidos pelos colaboradores. A análise revelou que há a vivência de muitas perdas, em vários aspectos da vida, tais como, econômico, social, familiar, sexual e o modo como percebem e enfrentam essas perdas têm relação com seus contextos de vida, com suas características pessoais, como se relacionam com o mundo e com os outros, além dos suportes social e familiar. As perdas são sentidas como pequenas mortes de si mesmo, o que ocasiona o pesar e demanda a vivência do processo de luto. Associa-se a isto a sensação subjetiva de dispneia, que é um sintoma da doença, mas é expressa de modo singular, revelando que é atravessada por estados emocionais como ansiedade, depressão e principalmente angústia de morte, que influenciam na apresentação, percepção individual, frequência e severidade do sintoma. Os achados sugerem que há relações entre as alterações psicológicas observadas, a vivência do processo de luto e os modos de expressão do viver com DPOC, como por exemplo, o sintoma de dispneia. Tendo como base esta compreensão foi destacada a necessidade de promover espaços de cuidados para expressão do luto, como, por exemplo, nos ambientes de sala de espera, o que pode oportunizar momentos terapêuticos para a elaboração das perdas, além da relevância para as equipes de saúde em considerar a rede de apoio familiar e social desses pacientes. Destacam-se ainda as variáveis religiosidades e sentimento de esperança, os quais são desvelados como suporte emocional ao processo de luto.

  • MARCELA MARIA DE PAIVA AZEVEDO
  • AUTISMO E PSICANÁLISE: UMA ODISSEIA SOBRE A ENTRADA NA LINGUAGEM

  • Data: 03/06/2016
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  • Esta pesquisa surgiu de questionamentos advindos do trabalho com crianças diagnosticadas com autismo e tem por objetivo fazer reflexões sobre a constituição do sujeito na perspectiva da psicanálise lacaniana. A referida síndrome, de acordo com o referencial teórico utilizado, é reflexo de uma possível falha na estruturação do sujeito como efeito da linguagem, e, dessa forma, nossa questão visa buscar subsídios para pensar como se dá o processo pelo qual o sujeito é invocado e capturado a adentrar no universo simbólico. Para tanto, fizemos um percurso dividido em quatro momentos: 1) o primeiro é uma revisão bibliográfica de autores que estudam o autismo numa abordagem lacaniana, o que possibilitou que nos aproximássemos da importância da relação sujeito-Outro e da inscrição significante para o processo constitutivo, que foram posteriormente esmiuçadas nos seguintes capítulos; 2) logo, no segundo momento, priorizamos a relação primordial com o Outro, bem como a desnaturalização do organismo em prol de um corpo regido pela pulsão, articulada à linguagem, e todo o movimento que decorre desse processo: o funcionamento da economia de desejo, a alienação e separação ao Outro, a erogenização das bordas e os circuitos pulsionais, que versam sobre a assunção de um lugar de fazer-se em relação ao Outro; 3) no terceiro momento refletimos sobre a estruturação do inconsciente como linguagem, a partir da inscrição do traço unário e do recobrimento do real pelo simbólico, que nos aproximou da ideia de um furo constitutivo originário da Austossug-Bejahung; 4) no quarto capítulo nos dedicamos ao estudo da pulsão invocante (ouvir, ser ouvido, se fazer ouvir), que julgamos ter um papel privilegiado na captura do sujeito a adentrar na linguagem, bem como o processo de erogenização promovido pela escuta de lalíngua, que participa da estruturação dos litorais do sujeito e de uma escrita do corpo numa borda entre o real e o simbólico, onde também situamos a inscrição da letra. Nessa perspectiva, nos apoiamos na possível transmissão que a literatura traz à psicanálise com o Canto das sereias da Odisseia e a Pequena sereia para refletir sobre o lugar de borda em que as pessoas diagnosticadas com autismo estariam situadas. Por fim, pensamos que este percurso contribui para psicanálise e a clínica do autismo na medida em que aponta para a possibilidade de um enlaçamento do real pelo simbólico, num trabalho de criação e invenção próximo ao do músico ou do poeta, que circundam o real constitutivo num movimento de constante reinvenção. 

  • ARTHUR ELIAS SILVA SANTOS
  • Círio de Nazaré, fotografia e modos de Subjetivação: Uma análise Cartográfica em Belém do Pará.

  • Data: 30/05/2016
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  • Esta dissertação teve por objetivo analisar a forma como o Círio de Nazaré foi produzido, organizado e ministrado no Laboratório de Criação em Narrativas Visuais (Lab. Círio) a partir da prática fotográfica (atividade principal do laboratório), organizado pela Associação Fotoativa nos meses de setembro e outubro de 2014. O Círio de Nazaré é uma manifestação popular que acontece anualmente na cidade de Belém do Pará, constituído de vários eventos que ocorrem ao longo do mês de outubro. O Círio não é uma produção única, mas é constituído em diversos espaços e práticas, assim como na prática fotográfica (o fotografar). Desta forma empreendemos uma análise cartográfica dos processos de produção da verdade do acontecimento Círio pela história arqueogenealógica, montando um dispositivo arquivo de produção de si e dos outros, no presente. A festividade do Círio foi analisada como uma experiência ética, estética e política, na cidade de Belém. Foram usadas a pesquisa documental, a autobiografia, o diário de campo e a roda de conversa na empiria variação inventiva, no Lab Círio. Deleuze, Foucault e Guattari foram intercessores desse trabalho, juntamente com a história cultural francesa. A produção de si e dos outros é efeito da composição múltipla de acontecimentos do Círio, em perspectiva. A história é contada e tecida na malha heterogênea e singular dos agenciamentos micropolíticos do presente enquanto experiência constituída.

     

     

     

  • TANIA MARA DE MELO QUARESMA SOUTO
  • FENOMENOLOGIA DESCRITIVA DA DISLEXIA: UMA REVISÃO DA LITERATURA 

  • Data: 24/05/2016
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  • Este trabalho teve por objetivo investigar, sob um ponto de visto fenomenológico, a produção bibliográfica nacional sobre as abordagens utilizadas nas escolas brasileiras de ensino fundamental durante o período de 2004 a 2014, para promover a inclusão do aluno disléxico em sala de aula, identificando os principais métodos e técnicas utilizados pelos professores no auxilio aos alunos portadores de dislexia no ambiente escolar. Foi realizado um estudo bibliográfico, exploratório e descritivo com consulta nos principais bancos de dados de artigos acadêmicos sobre o tema, utilizando as palavras chave: dislexia, escola, psicologia, fenomenologia, educação e inclusão. Após a identificação, compilação e fichamento das fontes localizadas, foram encontradas 15 referências na literatura, distribuídos em três categorias de estudos: 1) Avaliações diagnósticas, técnicas e procedimentos de pesquisa; 2) Concepções teóricas, classificações e revisões de literatura; e 3) Efeitos da dislexia no ambiente social, escolar e afetivo da criança. Esses resultados mostraram que, apesar da dislexia ser um problema de aprendizagem que se caracteriza, principalmente, pela grande dificuldade de leitura e, consequentemente escrita, interferindo no processo de aprendizagem, pouco se tem produzido no Brasil pesquisas que descrevam e discutam as estratégias e técnicas utilizadas pelos professores nas escolas de ensino fundamental para promover a inclusão escolar desses alunos, sendo a maior parte dos artigos publicados referentes a aspectos diagnósticos e classificatórios da dislexia.

  • KAREN PRISCILA LIMA DOS ANJOS
  • Cartografando lesbianidades: performatividade de gênero e produção de subjetividade na experiência de mulheres em Belém - PA

  • Data: 23/05/2016
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  • A presente pesquisa se insere no bojo daquelas que buscam questionar noções como sexo, gênero, identidade e sujeito enquanto naturais e estáveis, admitindo que estas noções sofrem interseções e variam de acordo com contextos históricos, econômicos, políticos e culturais. A partir desta perspectiva, também existe um forte questionamento de binarismos que marcam a forma majoritária de produção de conhecimento no contexto acadêmico como, por exemplo, os binarismos sujeito/objeto ou subjetividade/objetividade em pesquisa. De acordo com tais pressupostos assumidos, o presente trabalho elegeu como objetivo cartografar as nuances do jogo performativo de gênero, no qual mulheres com múltiplas experiências de lesbianidade, simultaneamente, fazem uso e também são afetadas por construções discursivas de gênero e sexualidade em seus processos de subjetivação, buscando identificar elementos e fragmentos que constituíssem possíveis resistências, ressignificações ou desesquematizações em relação aos padrões heteronormativos de gênero e sexualidade.O método da cartografia foi utilizado por se apresentar como aquele que mais se adéqua ao objetivo de analisar processos de subjetivação em curso, pois possui como uma de suas principais características a construção de conhecimento a partir da lógica da processualidade. Deste modo, o trabalho de pesquisa se tornou flexível em relação às peculiaridades que ocorreram ao longo do percurso e em decorrência das reavaliações constantes dos efeitos produzidos, fator que constitui a principal característica da análise em uma pesquisa cartográfica. Esta orientação se fez presente na fase de pesquisa empreendida em alguns espaços de sociabilidade GLS do município de Belém, na utilização do diário de pesquisa enos encontros intersubjetivos realizados por meio de entrevistas com mulheres que possuem seus processos de subjetivação atravessados por diferentes experiências de lesbianidade e performances de gênero. Com igual nível de relevância, este ethos analítico cartográfico esteve presente no momento da escrita do texto final da dissertação, pois este buscou colocar em prática um questionamento sobre a política de narratividade vigente no meio acadêmico. Deste modo, ao final da produção dos dados foi possível traçar um plano relativo à experiência comum(de comunhão ou comunicação) construída. Neste, admite-se que no jogo performativo de gênero efetuado por mulheres, cujos processos de subjetivação são atravessados por experiências de lesbianidade, o plano comum é a desestabilização da matriz heterossexual a partir de formas singulares. Neste plano, tornou-se visível que as performances de gênero nas experiências de lesbianidade compõem, mesmo em suas estilizações corporais que aparentam fronteiras mais rígidas, um potencial subversivo parodístico que não diz respeito, necessária ou exclusivamente, a ação de vontade das mulheres que atuam tais performances. Nesta pesquisa, experimentou-se fazer rizoma, experimentou-se inventar rizos. 

  • ANA PAULA CHAGAS MONTEIRO LEITE
  • REVISÃO INTEGRATIVA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA GESTÁLTICA NO BRASIL ENTRE 2004 E 2014

  • Data: 09/05/2016
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  • Nesta dissertação, investigamos a produção científica nacional sobre o fazer clínico em Gestalt-terapia, analisando artigos científicos produzidos no Brasil na década compreendida entre 2004 a 2014 em busca das tendências metodológicas, formas de manejo psicoterapêutico e se as pesquisas seguem ou criam modelos teóricos na atuação dos gestalt-terapeutas. Nas bases de dados CAPES e BVS, Pepsic, Lilacs, Scielo e Bireme, com a palavra-chave “Gestalt-terapia”, identificamos 52 produções, dentre as quais foram integralmente analisadas 45, com destaque para a tendência metodológica da fenomenologia, sendo o exercício clínico compreendido pela noção de clínica ampliada e baseado na compreensão de campo, quando o gestalt-terapeuta é o próprio instrumento para intervenções, podendo ocorrer uso de recursos (experimentos, ludicidade, arteterapia) e/ou o apoio da rede de relações interpessoais do cliente. Observamos o acolhimento e o respeito no manejo clínico como parte do encontro genuíno profissional-cliente, sendo necessários na atuação do gestalt-terapeuta, assim como a aplicação da teoria de campo e organísmica e a compreensão de psicopatologia na ótica gestáltica. Destacamos dos artigos a importância da relação dialógica e o objetivo do processo psicoterápico pela ampliação da consciência e constituímos as linhas de pesquisa sobre metodologia qualitativa fenomenológico-existencial, sobre teoria da Gestalt-terapia e sobre contexto clínico, todavia sendo necessários mais estudos para abrangência de outras modalidades de produções científicas não contempladas neste recorte teórico. 

  • BRUNA DE ALMEIDA CRUZ
  •  "A PRODUÇÃO DO  DIAGNÓTICO DE TDAH:  NAS PRÁTICAS DE UM  SERVIÇO UNIVERSITÁRIO DE SAÚDE EM BELÉM-PA".

  • Data: 29/04/2016
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  • Este estudo objetivou investigar as práticas correntes em um serviço universitário de saúde de Belém-PA, de modo a traçar algumas linhas da produção do diagnóstico de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Tal categoria nosológica ganhou popularidade na literatura médica especializada, implicando um crescente número de casos diagnosticados no Brasil e em outros países. Também é notável a expansão de mercados direcionados ao seu diagnóstico e tratamento, como efeito de sucessivas revisões de manuais diagnósticos, cada vez mais abrangentes, e de um aparelhamento dos serviços de saúde e de educação, aliados em sua identificação e tratamento. Propôs-se, portanto, uma análise problematizadora da produção desses supostos transtornos, tecendo-se diálogos com auxílio da literatura crítica dos processos de medicalização da vida em suas facetas normalizadora e individualizante. A construção do referido diagnóstico é investigada, nesta pesquisa, na materialidade com que ocorre em um serviço público de saúde infanto-juvenil, vinculado a um dos hospitais universitários da Universidade Federal do Pará. A partir de uma perspectiva genealógica de orientação cartográfica, buscou-se dar visibilidade às linhas de força que operam na construção do diagnóstico, utilizando-se estratégias múltiplas na busca/produção de materiais de análise, incluindo: levantamento de documentos do serviço, entre eles, prontuários dos/as usuários/as com a hipótese diagnóstica ou o diagnóstico em questão; diários de campo referentes às visitas realizadas ao serviço; bem como entrevistas coletivas junto às profissionais que participam da elaboração do diagnóstico. A análise do corpo documental produzido na pesquisa se desdobrou nas seguintes séries de práticas: “TDAH como fato científico”, “práticas e instrumentos de diagnóstico”, “aglutinações de categorias nosológicas”, “busca pela integralidade no serviço de diagnóstico”, “vigilância e tutela do desenvolvimento infantil”, “relação do TDAH com a queixa escolar”, “efeito redentor e de cidadania do laudo”, “produção de mercados para o consumo de terapias” e “resistências frente à prescrição de drogas”. As análises sugerem que o TDAH nitidamente não é uma mera categoria nosológica, estando implicado com emaranhadas linhas de controle e subjetivação da população, de modo que o diagnóstico opera a manutenção dessas linhas e a normalização do desviante, bode expiatório deste processo.

  • PAULA AFFONSO DE OLIVEIRA
  • "Entre a mulher e o feminino: uma leitura psicanalítica da feminilidade".

  • Data: 29/04/2016
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  • A partir do século XVIII, uma série de discursos colocaram o feminino em cena, contribuindo para a irrupção da histeria como mal do século XIX e, consequentemente, para o surgimento da psicanálise como um dispositivo clínico destinado a escutar essas mulheres. A especificidade do feminino inaugura a psicanálise, permeia sua relação com outros campos de saber, em especial com o Movimento Feminista e os estudos de gênero, e torna-se um novo horizonte para pensar a diferença. Termo polissêmico, o feminino remete tanto ao tornar-se mulher, quanto às origens da sexualidade e aos papéis de gênero, portanto, para traçar uma leitura do mesmo na teoria psicanalítica, partimos das teses freudianas sobre a sexualidade feminina, marcadas inicialmente pela masculinidade originária, até a análise de um período originário para além do primado do falo. É o território da feminilidade originária, do excesso pulsional, trauma e fragmentação, sendo tanto a sexualidade feminina quanto a masculina, organizações defensivas frente a essa. O percurso traçado do feminino à feminilidade permitiu empreender uma leitura do fragmento de caso de Amanda, uma mulher diagnosticada com HIV, cuja história é marcada pela violência perpetrada pelo próprio marido, que culminou em sua infecção.  A hipótese lançada é de que o diagnóstico traumático atualizou o trauma originário, colocando-a frente ao território da feminilidade, lançando-a em um movimento de ressignificação do feminino.

     

  • FELIPE BARATA AMARAL
  • MITO, FICÇÃO E PSICANÁLISE: FREUD E O PARRICÍDIO

  • Data: 15/04/2016
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  • A presente dissertação tem o objetivo de discutir a influência literária de Dostoievski sobre
    Freud e, consequentemente, sobre a psicanálise. Buscamos demonstrar o quão importante –
    ética e esteticamente – é o autor russo para o pensamento freudiano no tocante a arte e à
    construção de um dos pontos mais importantes da teoria psicanalítica, como é o caso do mito
    parricida descrito em “Totem e Tabu”. Para tanto empreenderemos uma pesquisa
    bibliográfica que abrange os textos freudianos que discutam aspectos epistemológicos do
    recurso psicanalítico à arte, a literatura específica sobre Dostoievski e os romances deste. O
    método utilizado para a análise do texto literário é o método interpretativo desenvolvido por
    Freud no qual o analista se atem ao texto, lendo-o e escutando-o, sem fazer nenhuma leitura
    das entrelinhas ou impor palavras para além daquelas já escritas. Com essa pesquisa
    bibliográfica percebemos que o recurso psicanalítico à arte se produz, majoritariamente, por
    uma via de mão única: a arte presta seus serviços para a construção do edifício psicanalítico
    Segundo nossa hipótese, o romance “Os Irmãos Karamazov” empresta uma estrutura narrativa
    para o mito totêmico na medida que carrega uma enormidade de características e elementos
    que abordam o funcionamento psíquico humano sem a pretensão de formulá-lo como tal.

  • BRUNO JAY MERCES DE LIMA
  • Uma análise das práticas de implantação da EBSERH nos hospitais universitários, a partir de 2010


  • Data: 08/04/2016
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  • LIMA, Bruno Jáy Mercês de. Uma análise das práticas de implantação da ebserh nos hospitais universitários e de seus efeitos, a partir de 2010. 2016. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, 2016.

    Esta dissertação é resultado da pesquisa que objetivou problematizar, utilizando o método histórico-genealógico de Michel Foucault, as práticas da inserção da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), a partir de 2010, como modalidade de gestão dos Hospitais Universitários (HU’s) ligados às Universidades Federais. A escolha deste tema se deu pela grande relevância, no cenário político-educacional atual, desta modalidade de gestão em saúde, a EBSERH, e suas repercussões sobre a organização dos serviços ofertados pelos HU’s, por todo o território nacional. A pesquisa desenvolvida é qualitativa, uma análise documental sobre as legislações a respeito da EBSERH: medida provisória nº 520/2010 e lei 12550/2011. Para tanto, foram elaborados os seguintes objetivos específicos: descrever o processo de emergência histórica da EBSERH como modalidade de gestão em saúde; e problematizar as contradições da implantação da EBSERH, a partir de 2010, levando em consideração a legislação do Sistema Único de Saúde (SUS). A pergunta de pesquisa desenvolvida foi baseada na metodologia e conceitos de saber, poder, governamentalidade e biopolítica. À luz do método utilizado, percebemos a consonância do modelo de gestão adotado pela EBSERH com o neoliberalismo, através do seguimento do documento Consenso de Washington, importante instrumento para modificações de políticas econômico-sociais para implantação deste modelo econômico. A EBSERH, assim, produz efeitos, ressonâncias, sobre a forma de administração dos HU’s, mas também sobre o controle social no SUS e modalidades de contratação de profissionais de saúde, contrariando os princípios defendidos pela Reforma Sanitária e as legislações em saúde. Concluímos, então, que esta forma de empresariamento da saúde, ao adotar formas de gestão do setor privado, causa danos ao serviço público de saúde, além de retirar direitos conquistados durante esse percurso histórico.

     

  • FERNANDA TEIXEIRA DE BARROS NETA
  • "Os profissionais da norma: problematizando as práticas da Psicologia na Vara da Infância e da Juventude em Belém-PA".

     

  • Data: 07/04/2016
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  • O presente trabalho visou problematizar as práticas da psicologia nos relatórios da Vara da Infância e Juventude de 2007 a 2014. Na Vara da Infância e da Juventude de Belém estão os processos referentes aos adolescentes em situação de conflito com a lei e se subdivide em Segunda e Terceira Vara - apuração do ato infracional e execução de medidas, respectivamente. Esta é composta por equipes técnicas formadas por psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. É sabido que a prática da perícia na justiça tem sido o mote da psicologia e esta constitui uma verdade sob o sujeito. As práticas dos psicólogos atuantes na área infracional juvenil são peças importantes na composição da máquina de punir os pobres. Por isso a necessidade de questionar os efeitos desse saber sobre os corpos juvenis insurgentes. Para tanto, utilizou-se como metodologia de pesquisa a genealogia de Michel Foucault para analisar os documentos, o uso de diário de campo, e lançou-se mão da ferramenta análise de implicação da Análise Institucional. A partir das análises dos relatórios foram criadas as séries discursivas “teorias psicológicas e noções de família”, “patologização e medicalização do jovem autor de ato infracional”, “álcool e outras drogas”, e “testes psicológicos e a mensuração de falhas psicológicas”. A psicologia, enquanto um saber erigido sob o cânone da disciplina da norma seguiu, nesta pesquisa, identificando, rotulando, proferindo os desadaptados da nova ordem social, bem como, a fragmentação do fenômeno da violência juvenil articulada com os dispositivos de segurança. Neste sentido, o caráter político da profissão, ou ainda dos discursos das ciências humanas, esvai-se.

  • THAIS DE SOUZA NOGUEIRA
  • Os direitos ao esporte, à cultura e ao lazer de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação no Centro Socioeducativo Feminino - CESEF/PARÁ, de 2006 a 2014.

  • Data: 07/04/2016
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  • Esta pesquisa de Mestrado, financiada pela CAPES, teve como objetivo problematizar a relação entre os direitos ao esporte, à cultura e ao lazer e a medida de internação no Centro Socioeducativo Feminino – CESEF/PARÁ, de 2006 a 2014, pois, em uma produção de periculosidades, os direitos ao esporte, cultura e lazer são largamente, a partir da literatura pesquisada e de pesquisas anteriores, associados às medidas de prevenção ou negociados como benefícios ao “bom comportamento”, além de haver, na atualidade, um clamor por maior encarceramento dos adolescentes em conflito com a lei, endurecimento das medidas socioeducativas e redução da maioridade penal enquanto gestão das vidas consideradas infames. Pretendeu-se, portanto, analisar, os direitos ao esporte, à cultura e ao lazer como dispositivos de desinstitucionalização e abertura de possibilidades de vida afirmativas, analisar o dispositivo governamentalidades a partir da arquitetura, dos equipamentos de esporte, cultura e lazer, dos quartos, das oficinas propostas, do ECA, do SINASE  e do Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo e analisar as relações de saber/poder em jogo e quais modos de subjetivação são produzidos nesses embates de forças. Foram utilizadas as contribuições da genealogia histórica de Michel Foucault para uma problematização das práticas e linhas de força, produzindo um pensar estabelecido no estranhamento dessas práticas que constroem modos de ser, pensar, sentir e agir, em uma imanência de saber/poder e produção de subjetividade. As análises discutiram o uso do esporte, da cultura e do lazer como meios de prevenção e de “recuperação”, não sendo estes garantidos apenas por serem direitos, mas sim dentro dessa lógica do capital em que tudo deve ser inserido nas estatísticas de lucro, visando ocupar, controlar e inserir os desvios dos corpos e das populações em uma lógica neoliberal. Estas perspectivas demonstram a importância ética e política de operar essas problematizações, principalmente no que diz respeito aos atravessamentos da lógica penal no sistema socioeducativo e nas demais esferas sociais.

  • IGOR DO CARMO SANTOS
  • A Constituição do Sujeito  “ Defensor de Direitos Humanos” a partir da Análise de Documentos Produzidos pelo Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Estado do Pará.

     

     

  • Data: 06/04/2016
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  • Essa dissertação teve como objetivo principal analisar como é constituída a figura do “Defensor de Direitos Humanos” a partir dos documentos que foram produzidos pelo Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PEPDDH) no Estado do Pará, no período de 2008 a 2012. A constituição desse sujeito tem como uma de suas principais emergências uma Resolução da Organização das nações Unidas (ONU) de 1998, que aprovou a “Declaração dos Direitos e Responsabilidades dos Indivíduos, Grupos e Órgãos da Sociedade para Promover e Proteger os Direitos Humanos e Liberdades Individuais Universalmente Reconhecidos” que trazia a figura dos Defensores de Direitos Humanos como aqueles indivíduos, grupos e órgãos que atuam na promoção e defesa dos direitos humanos, o que inclui não apenas direitos civis e políticos, mas também os direitos econômicos, sociais e culturais. Para as análises teóricas e metodológicas buscamos auxílio nas críticas empreendidas dentro da “disciplina” da História sobre a noção e o trabalho com documentos a partir, principalmente, do “Movimento” dos Annales. Utilizamos também as diversas ferramentas produzidas pelo trabalho de Michel Foucault na sua relação com a história e na produção de verdadeiras armas de combate, como a arqueologia e a genealogia. Dessa forma, buscamos traçar uma breve genealogia dos direitos humanos, de forma a apontar como se deu a emergência dessa prática, cujos efeitos discursivos e não discursivos vão ser inúmeros na sociedade moderna. Além dessa visão geral, traçamos como essas práticas de direitos humanos tomam forma no Brasil, relacionando principalmente com a noção de cidadania. Por fim, na análise dos documentos, trazemos como ocorre a constituição desse sujeito “defensor de direitos humanos” através do acontecimento da “internacionalização dos direitos humanos”, e como esse sujeito aparece no contexto das lutas e embates do Estado do Pará e da Amazônia, se subjetivando em uma relação direta com a parrhesia e a coragem da verdade.

     

2015
Descrição
  • CRISTIANE FREITAS DA SILVA DAVIDS
  • SAÚDE, PRAZER E SOFRIMENTO PSÍQUICO: Uma Análise do Trabalho dos Técnicos de um Centro de Referência de Assistência Social no Pará

  • Data: 03/11/2015
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  • A presente Dissertação de Mestrado teve como principal objetivo analisar o processo de trabalho dos técnicos que atuam em um CRAS do Estado do Pará, técnicos estes com nível e formação profissional diversificada, verificando quais elementos vinculados ao seu trabalho contribuíam como fonte de saúde, prazer e/ou sofrimento psíquico.  O referencial teórico que norteou a pesquisa foi feito com base em teóricos da Análise Institucional, Clínicas do Trabalho e, especialmente, da Psicodinâmica do Trabalho, buscando narrar de que forma os trabalhadores enfrentam situações que podem estar relacionadas ao seu sofrimento e de seus pares. De acordo com a Psicodinâmica do Trabalho, ouvir o trabalhador, reconhecendo o seu sofrimento, pode-se configurar como um primeiro passo no sentido de mudanças no âmbito do trabalho, capazes de incentivar a busca pela saúde. O presente trabalho se propõe a contribuir com a construção desse caminho. A metodologia adotada foi qualitativa, pois o enfoque é compreender os aspectos subjetivos do trabalho. Os instrumentos utilizados foram: roteiro semi-estruturado, que foi a base das entrevistas, além do diário de campo e observação. Treze trabalhadores fizeram parte deste estudo. A análise dos dados foi feita a partir de eixos temáticos que buscaram consubstanciar os fatores que estavam gerando sofrimento psíquico, a forma como os trabalhadores buscavam enfrentá-los e as pistas para a reorganização do seu processo de trabalho. Com base nos resultados, é possível afirmar que os trabalhadores entrevistados, são em sua maioria jovens, unanimemente insatisfeitos com o salário recebido, com o desejo de possuir outro vínculo empregatício, que consideram haver uma desvalorização para com os mesmos, além disso, são profissionais predominantemente instáveis por conta dos contratos temporários. Essas condições contribuem diretamente para o processo de precarização e precariedade das condições de trabalho, acarretando em desgastes físicos e mentais dos profissionais, sofrimento e desprazer.

  • LARISSA AZEVEDO MENDES
  • Prática de cuidado do psicólogo (a), o dispositivo clínico e suas implicações no campo da saúde suplementar.

  • Data: 30/09/2015
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  • A Saúde Suplementar é uma das grandes áreas de atuação da iniciativa privada, portanto, reconhecida como um subsistema de saúde do país, regulamentado pelas Leis Federais nº 9656/98 e nº 9.961/00, que tem a Agência Nacional da Saúde (ANS) como responsável pela fiscalização, normatização e controle das atividades operadas e prestadas pelas operadoras de saúde, no Brasil. Considerando esse subsistema de saúde, o serviço de Psicologia marcou sua inserção nesse espaço, podendo ser constatado nas Resoluções Normativas - NR 82(2004) e NR 94(2005), da ANS. Diante dessa possibilidade de atuação, torna-se crescente o credenciamento dos profissionais de psicologia clínica nos planos e seguros privados. Uma nova perspectiva de atuação surge para o psicólogo, facilitando também o acesso ao serviço para a população. Nessa perspectiva, o presente trabalho visou a problematizar a prática do psicólogo clínico na saúde suplementar, considerando sua inserção com base na integralidade do cuidado. O estudo buscou compreender quais as estratégias utilizadas pelos profissionais de psicologia clínica para garantir a integralidade do cuidado aos pacientes que procuram o serviço, frente às condições de trabalho oferecidas pelas operadoras de saúde. A metodologia se constituiu em uma abordagem qualitativa. Foram usados na investigação levantamento bibliográfico, documental da área e entrevistas individuais, com perguntas semiestruturadas, tendo como sujeitos psicólogos clínicos credenciados em um plano de saúde, em Belém/PA, descrevendo e analisando as práticas de cuidado efetuadas por esses profissionais e seus efeitos na atenção disponibilizada à saúde dos usuários. 

  • LUCIANA NORAT COELHO
  • FREUD: VIOLÊNCIA E CULTURA.

     

  • Data: 14/08/2015
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  • Sem se configurar como um fenômeno novo, a violência é um dos temas mais discutidos e preocupantes nos dias atuais, trazendo desafios nada desprezíveis para diversos campos do saber. Nestes termos, ao considerar as ferramentas conceituais oferecidas pela psicanálise como particularmente relevantes para um debate sobre o assunto, o presente trabalho detém como principal objetivo pesquisar os modos como a violência é abordada no pensamento de Freud, mais especificamente nas suas articulações com a cultura. Em termos metodológicos, trata-se de um estudo de natureza conceitual e histórica que, pela via de um levantamento bibliográfico, destaca em um primeiro momento o contexto teórico referente ao artigo Considerações Atuais Sobre a Guerra e a Morte. Em seguida, são apresentadas e debatidas importantes mudanças realizadas no discurso freudiano referente às inter-relações entre violência e cultura, especialmente entre 1915 e 1932, culminando com uma leitura pormenorizada do texto Por que a Guerra. Tal linha de investigação conduz à conclusão de que a psicanálise, pontuando o caráter violento do estabelecimento da cultura e sustentado que a violência está na origem do poder, contrapõe-se a grande parte dos discursos que abordam a temática que apontam para uma lógica que aparta bárbaros de civilizados, violentos de pacíficos. Deste modo, a pesquisa defende que a psicanálise tem algo de singular a dizer sobre a questão da violência e, assim, sublinha o que o discurso psicanalítico pode oferecer como alternativa aos discursos dominantes sobre a violência.       

  • JOSÉ ARAÚJO DE BRITO NETO
  • Comunidades Terapêuticas em Percurso: Uma análise Genealógica a partir do Plano  do Crack e suas Ressonâncias no Estado do Pará.

     

     

  • Data: 02/06/2015
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  • Este trabalho visa a problematizar as condições de possibilidades que resultaram na emergência e
    crescimento das Comunidades Terapêuticas, com base no Plano Integrado de Enfrentamento ao
    Crack. É importante ressaltar que o proibicionismo do consumo de drogas, fortalecido no século
    XX pelas normas jurídicas, a exemplo da própria Lei n. 11.343/06, propiciou um ambiente fértil
    para a emergência da criminalização e da patologização do usuário de drogas. Nesse contexto,
    através do Decreto Presidencial n. 7.179, de 20 de maio de 2010, assinado pelo presidente Luiz
    Inácio Lula da Silva, foi instituído o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas.
    O Plano Crack também desencadeou a política de incremento às Comunidades Terapêuticas, no
    Brasil, pois foi a partir dele que houve também a adoção de uma postura de apoio financeiro a
    algumas entidades sob a “tutela” do governo federal, o que fez refletir nas demais esferas, como
    nos Estados, nos Municípios, além do Distrito Federal. Por conseguinte, desde 2011, surgiu
    concomitante a implementação da Política Nacional sobre Drogas e, em nível estadual, a Política
    sobre Drogas do Estado do Pará, um campo de forças contra essa política de expansão das
    comunidades terapêuticas. Para indagar esse contexto e analisar documentos sobre o tema,
    utilizaram-se como ferramenta de base as pistas metodológicas desenvolvidas por Michel
    Foucault, isto é, a adoção da metodologia histórico-genealógica através da análise documental.
    Observou-se que o advento das forças morais, também representadas pela emergência de uma
    bancada parlamentar fundamentalista e a valorização do serviço desenvolvido por essas
    entidades, em detrimento de maiores investimentos no modelo CAPS, poderá desencadear
    grandes “fissuras democráticas”, na construção normativa jurídica que caminhe na contramão dos
    direitos humanos e à revelia das bases democráticas preconizadas pela Constituição Federal de
    1988.

  • BÁRBARA ARAÚJO SORDI
  •  SEXUALIDADE FEMININA   e a  feminização da AIDS.

  • Data: 21/05/2015
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  • Apesar dos avanços medicamentosos, a aids ainda é um grave problema de saúde pública que afronta a ciência e a sociedade pela alta incidência de transmissão e de número de óbitos, uma doença mortífera, mas também carregada de estigmas presentes no imaginário social. Considerada inicialmente como doença exclusiva de determinados grupos de risco, a aids alastrou-se silenciosamente entre mulheres que, de maneira ilusória, acreditaram estar imunes e protegidas do HIV, o que se nomeia como feminização da epidemia e data, no Brasil, da década de 1990. Esta dissertação é parte de um projeto maior, que investigou durantes dois anos cerca de cem mulheres atendidas no mesmo contexto que este caso, onde se verificou que há indícios morosidade no reconhecimento das mulheres como vulneráveis à infecção do vírus HIV pela ciência médica, pelas políticas públicas brasileiras e a população em geral, incluindo ausência de campanhas preventivas para esta população e, pouca visibilidade de debates sobre feminização. Neste cenário constatou-se o crescente número de mulheres infectadas na região norte do país ao longo de toda a história da epidemia e o alarmante resultado em que Belém se encontra como a cidade em que se morre três vezes mais de aids que a população brasileira. Tendo como objetivo analisar o impacto da aids na sexualidade feminina estudou-se um caso de mulher vivendo com aids, internada no Hospital Universitário João de Barros Barreto, atendida em um dispositivo clínico psicanalítico, que aceitou participar da pesquisa. Para análise do caso utilizou-se o referencial teórico da psicanálise, revisão bibliográfica interdisciplinar sobre a epidemia de HIV/aids, as relações de gênero, a psicopatologia fundamental e os estudos sobre paradigmas ocidentais da sexualidade. Como resultado considerou-se que o falocentrismo pode ser uma defesa nesta cultura ocidental para feminilidade originária e o desamparo primordial comum aos humanos e constatou-se que o paradigma das diferenças sexuais, além de contribuir para uma moral médica e para a incidência da feminização da epidemia da aids, impõe um padrão de feminilidade que marca a subjetividade nesta cultura e que se contrapõe a uma nova imagem identitária ocasionada pelo HIV, a de “mulher aidética”.A análise do caso clínico apontou que o adoecimento por aids em Zumira foi traumático e que a negativa foi um recurso psíquico utilizado para manter seus ideais identificatórios. Contudo, a perda do objeto de amor e dos ideais de mulher, de esposa e de mãe, com os quais se identificava, levaram Zumira a se deparar com sua feminilidade originária, da qual tanto se defendia inconscientemente, o que contribuiu para o surgimento de sintomas melancólicos, rompimento de laços sociais e sua desistência de viver. Concluiu-se que a psicanálise foi um importante dispositivo clínico para reduzir o sofrimento psíquico da paciente, possibilitando alguma elaboração do trauma do diagnóstico e sua implicação no tratamento medicamentoso. Por fim, considerou-se que é no campo da psicopatologia fundamental construída por cada mulher, em um processo único e exclusivo de psicanálise pessoal, que é possível encontrar os sentidos possíveis do sofrimento diante do conflito psíquico ocasionado pela vida pulsional e a cultura marcada pelo falocentrismo.

  • CAROLINA DE SOUSA MALCHER
  • FORMAÇÃO MÉDICA E MODOS DE SUBJETIVAÇÃO: UM ESTUDO COM RESIDENTES EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO 

  • Data: 12/05/2015
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  • Esta dissertação tem como objetivo compreender como o processo de formação dos médicos residentes de um programa de residência médica em infectologia, do Hospital Universitário João de Barros Barreto, da Universidade Federal do Pará, repercute na subjetividade do médico a partir das suas práticas discursivas e de sua relação com a instituição. Para tal, uma pesquisa no cotidiano da instituição foi realizada, para que fosse possível entender quais as práticas discursivas atuantes na formação médica e como estas estão implicadas na construção de modos de subjetivação de três residentes e de uma preceptora/formadora. A descrição de documentos formais da residência e as contribuições do campo da psicologia social e da saúde coletiva foram recursos utilizados para refletir e demonstrar a circulação das práticas discursivas e a institucionalização desta modalidade de formação. A partir deste encontro, em que os entrevistados puderam compartilhar com a pesquisadora seus repertórios sobre a experiência da formação, houve aproximações, construções e desconstruções a partir dos posicionamentos. Foi possível o reconhecimento da importância da dimensão subjetiva na prática do cuidado, e a construção de uma ética e estética de si como um modo de invenção de diferentes formas de relação consigo e com o mundo. Os atores reconheceram a necessidade de uma revisão contínua para a melhoria da formação médica e as discussões feitas, a partir das construções dos residentes e da formadora, não puderam, por si só, esgotar as questões levantadas.       

  • ROGÉRIO TAVARES DA CRUZ
  •  ABORDAGEM GESTÁLTICA DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA DE MULHERES NEGRAS NA ATENÇÃO BÁSICA.

     

  • Data: 12/05/2015
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  • Cruz, R. T. da: A Abordagem Gestáltica e Hermenêutica da Saúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Negras na Atenção Básica. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal do Pará, Belém / PA.

    Este estudo, fruto de um projeto de pesquisa Mãe financiado pelo CNPq,  investigou a compreensão sobre Saúde Sexual e Reprodutiva de mulheres negras em idade reprodutiva atendidas nos serviços da Unidade Básica de Saúde do Marco. Os aportes teóricos examinados na revisão de literatura foram Gênero, Sexualidade, Racismo e modos de subjetivação, interseccionalidades e Marcadores sociais na Saúde, Clinica ampliada e Abordagem Gestaltica. A pesquisa foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa, de enfoque fenomenológico- hermenêutico gestáltico ancorando-se na análise do discurso de Paul Ricoeur (1988) e tendo como suporte o Fluxograma elaborado po Pimentel (2011b), que priorizou abranger a experiência relacional sobre saúde sexual e reprodutiva, relações de gênero, a questão racial, assim como aspectos sobre reprodução e sexualidades. As informantes foram 04 mulheres negras (pelo critério da auto afirmação), atendidos no setor de Pré natal e Planejamento familiar. Foram realizadas entrevistas semidirigidas e gravadas em áudio que, após transcrição, foram transformadas em textos e analisadas, A partir do referencial teórico citado anteriormente que foram figuras para a análise e tendo como fundo a perspectiva gestáltica. Os resultados mostraram que os discursos das usuárias entrevistadas estão marcadas por relatos sobre violência de gênero, especialmente a violência psicológica. Em relação dos processos de subjetivação sobre a questão racial, algumas vivenciaram diversas formas de racismos, assim como presentificam-se a ausência de conceitos positivos sobre a auto imagem da mulher negra ou do pertencimento racial, A saúde sexual e reprodutiva ainda é permeada pela lógica biomédica e pelo ciclo gravídico puerperal, e as práticas de cuidado ainda permeadas pelo sexismo e o patriarcado influenciando o exercicio e a autonomia do autocuidado; a presença de racismo institucional implicíto que desconhece o marcador social cor / raça enquanto fator para o atendimento em saúde também é visível nos dados quantitativos que dão suporte a nossa análise. Este trabalho ressalta a importância de mudanças sobre a nova lógica do paradigma da saúde integral, da equidade, da relação entre saúde e direitos humanos sobre a perspectiva da clinica ampliada.   

  • ANA ELIZABETH ARAUJO LUNA

  • O CRIME NA LOUCURA:

    A escuta psicanalítica na instituição judicial como possibilidade para o laço social


  • Data: 11/05/2015
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  • Esta dissertação traz como objeto de estudo o psicótico que cumpre medida de segurança em situação de internação compulsória. Assim, considerando os discursos do âmbito jurídico e do campo da Saúde Mental, objetiva-se verificar as possibilidades de laço social permitidas a este sujeito durante o tratamento na instituição. Nos orientando pela psicanálise freudo-lacaniana, tomamos a teoria dos quatro discursos de Lacan, para identificar os discursos que circulam na instituição jurídica e que sustentam as leis, as políticas de saúde mental, a fim de analisar as possíveis articulações entre estes discursos, e o discurso analítico. Para tanto, recorremos a fragmentos clínicos extraídos de casos atendidos no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Pará (HCTP). A partir de noções psicanalíticas como gozo, passagem ao ato, assentimento subjetivo, delírio e sinthoma, concluímos que, para promover um tratamento efetivo ao sujeito em conflito com a lei, é imprescindível superar o paradigma do exame criminológico, assim como da presunção da periculosidade, e realizar um trabalho a partir da clínica. Nessa nova trilha do tratamento junto ao psicótico em medida de segurança deve-se considerar o dilema de sofrimento que o acomete e o impulsiona à passagem ao ato, bem como estar atento às possibilidades de cada um, em sua singularidade, advir como sujeito responsável e apresentar um assentimento subjetivo frente ao ato cometido. Além disso, considerou-se como fundamental levar em conta as nuances da clínica da psicose que, na direção do tratamento, acolhe o delírio como uma tentativa de cura, secretariando o sujeito em seus modos de laço social. Aceitar a loucura de cada um é o tratamento mais humano que se pode oferecer. 

  • RAFAELE HABIB SOUZA AQUIME
  • Pro Paz nos bairros: tensões entre a doutrina da situação irregular e a proteção integral na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes”

  • Data: 29/04/2015
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  • Este trabalho analisa os objetivos e atuações da política pública Pro Paz nos Bairros. Por meio do diálogo com documentos disponibilizados pelo Programa, os quais apresentam as ações, a equipe, o público atendido e todo o fluxograma, partimos de investigações acerca da continuidade e rupturas com práticas envolvendo a doutrina da situação irregular presente no Código de Menores de 1979, bem como a doutrina de proteção integral, no Estatuto da Criança e do Adolescente. Ou seja, pautamo-nos na hipótese de uma hibridez nas práticas discursivas, sustentada por tais doutrinas na execução dessa política pública, endereçada, conforme se encontra nos escritos, às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e risco. O referido programa social propicia atividades relacionadas à arte, esporte e lazer como forma de prevenir a violência, reduzir as desigualdades sociais e promover uma cultura de paz. As noções de vulnerabilidade social, risco, prevenção à violência e cultura de paz foram problematizadas e questionadas em um campo crítico, uma vez que as crianças e adolescentes inseridos estão, em sua maioria, em situação e pobreza e são residentes em bairros da periferia. Esses conceitos foram analisados pelo parâmetro da política do medo, visando à segurança social. Há, portanto, justificatvas preventivas, demarcando ilegalidades na situação de pobreza. Tomando como base a linguagem enquanto interação social, buscamos realizar uma pesquisa no cotidiano, no contato com os documentos e toda a polifonia no fluxo discursivo, potencializando inquietudes, estranhamentos e reflexões. Consideramos interessante um estudo sobre o Pro Paz nos Bairros, pois traz em seu bojo peculiaridades regionais, e o modo como opera o distingue de outras políticas, apesar de reverberar ecos discursivos em uma dimensão do tempo longo, isto é, de ecoar saberes produzidos em outros cenários políticos, sociais e históricos, como a noção de situação irregular no modo de vida dos pobres.. Finalizamos, destacando uma iniciativa importante do Pro Paz nos Bairros ao propor garantir tais direitos, mas também sinalizamos igualmente um discurso pautado pelo prisma da irregularidade e da menoridade. Aliás, pontuamos lacunas no próprio ECA, legislação na qual o Programa se ancora, quanto à continuidade de práticas com essa doutrina da situação irregular, pela noção de negligência e governo da vida dos pobres. Contudo, afirmamos o ECA quanto aos seus inegáveis avanços e luta política pela igualdade e equidade de direitos.

  • JORGE MORAES COSTA
  • "Práticas da UNICEF frente ao trabalho infanto-juvenil de 1986 a 1996: uma análise genealógica".

  • Data: 24/04/2015
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  • Esta dissertação estuda as práticas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) frente ao trabalho infanto-juvenil no período de 1986 a 1996, problematizando seus saberes e poderes tendo como referencial teórico o método histórico e genealógico proposto por Michel Foucault. O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Constituição Federal de 1988 garantem que a infância e a adolescência são tem direito à saúde, à educação, ao esporte, ao lazer e à cultura, à formação para o trabalho, à convivência familiar e comunitária, à proteção especial, assim como as políticas públicas, com a adoção de estratégias inovadoras a tornaram capazes de dar visibilidade à crianças e adolescentes como atores de sua própria história. Desta forma analisa-se criticamente os dispositivos institucionais do UNICEF que intervêm e legitimam políticas governamentais e não governamentais sobre as formas da governamentalidade do trabalho infanto-juvenil em nossa sociedade.

  • ARTUR NASCIMENTO BARBEDO COUTO
  • UMA ANÁLISE GENEALÓGICA DOS PROJETOS DE LEI A RESPEITO DA INTERNAÇÃO FORÇADA DE USUÁRIOS DE DROGAS NO BRASIL ATUAL

  • Data: 24/04/2015
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  • Novos arranjos nas políticas sobre drogas em algumas das maiores capitais do Brasil dispararam discussões em âmbito nacional sobre estratégias de controle, repressão, tratamento e reinserção social dos usuários e dependentes de drogas. A medida de internação forçada, instituída legalmente na Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216/2001), que deveria ser utilizada como uma medida excepcional, vêm sendo amplamente aplicada aos moradores e transeuntes de espaços públicos denominados de “cracolândias”, a partir de 2011. Paralelo a isso, vemos emergir propostas de alteração do ordenamento jurídico brasileiro, trazendo a medida de internação forçada tanto como uma estratégia de cuidado aos usuários e dependentes de drogas quanto uma penalidade a ser aplicada para o crime de portar drogas ilegais. Selecionamos, assim, alguns destes Projetos de Lei para problematizar relações de poder-saber no diagrama de forças que operam no campo da Política sobre Drogas. Para tal, dispomos de ferramentas analíticas-conceituais propostas pelo filósofo frânces Michel Foucault, visando produzir uma análise histórico-genealógica destes documentos-monumentos. No primeiro capítulo, discutimos sobre o fazer genealógico, as ferramentas analíticas utilizadas e a maneira como operamos através dos documentos. No segundo capítulo, historicizamos o “proibicionismo”, governo das condutas relacionadas ao uso e comércio de substâncias psicoativas no Brasil. No terceiro capítulo, disparamos problematizações sobre a legislação atual sobre drogas no Brasil, a Lei nº 11.343/2006. No quarto capítulo, apresentamos ao leitor as discussões suscitadas pela tramitação das matérias na Câmara dos Deputados. No quinto e último capítulo, apresentamos nossas análises dispostas em três eixos: Drogas e saúde; Drogas e crimes e; Drogas e educação.

  • NATHÁLIA DOURADO FRAZÃO COSTA
  • EDUCAR A INFÂNCIA? PROBLEMATIZANDO PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL EM RELATÓRIOS DO UNICEF, DE 1990 A 2014

  • Data: 26/03/2015
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  • O cenário dos últimos 25 anos é marcado pela proeminência da discussão sobre educação infantil, perceptível pelo aumento da quantidade de publicações sobre o tema e discussão de políticas educacionais para a chamada primeira infância (0 a 6 anos). Seus atravessamentos marcados pela economia neoliberal, organismos internacionais e movimentos de luta pelo direito à educação também tornam-se notórios. Esta pesquisa interrogou práticas de educação infantil presentes em oito relatórios do UNICEF, de 1990 a 2014, questionando condições possíveis de sua emergência e problematizando a categoria infância e sua escolarização. Foi realizado um percurso sobre a invenção da infância e seu encontro com a educação, especialmente com a escolarizada, e quais efeitos derivam deste encontro com organizações multilaterais. O que se entende por educação da infância? A escola tornou-se um dos equipamentos centrais no governo da infância, apoiada em saberes que colocam-na junto com a família, como proprietárias destas crianças, sob os moldes das arregimentações governamentais do Estado neoliberal hoje. Os oito relatórios desta agência sobre a infância brasileira foram analisados em consonância às teorias e ferramentas metodológicas demarcadas por Michel Foucault. Foi analisado como atuam relações de saber-poder nestes relatórios e recortadas séries das unidades discursivas presentes nos documentos. As políticas educacionais atuam de acordo com o que as estatísticas nos contam, para diminuir as chances da criança tornar-se “criminosa” e sair da pobreza; aumentar o consumo e produtividade da criança quando adulto; possibilitar um “bom começo de vida”, ancorada em saberes de substrato biologizante do desenvolvimento. Estas regularidades encontradas nos relatórios são tensionadas em mecanismos reguladores do biopoder, que utilizam-nas para governar por meio de indicadores estatísticos. Ao interrogar estas práticas, outros questionamentos são possibilitados, sempre tensionando o campo de regimes de verdades nos quais estamos imersos.

  • EVELYN TARCILDA ALMEIDA FERREIRA
  • Uma análise do Fórum sobre a Medicalização da Educação e da  Sociedade: práticas, política e Psicologia.

     

     

     

  • Data: 26/03/2015
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  • Este trabalho traz como argumento pesquisar a constituição do Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade, analisar quais acontecimentos engendram sua organização e interrogar, por meio de suas práticas, as contribuições que entrega e articula para o campo temático em que está inserido. Utiliza como metodologia a pesquisa historiográfica para investigar documentos públicos pertencentes ao Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade, pautando-se em uma análise crítica dos acontecimentos sociais, operando com ferramentas conceituais de Michel Foucault, como bipoder, biopolítica, dispositivos, disciplina, relações de poder saber, governamentalidade etc. Através do objeto Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade, foi possível oferecer análises sobre grupos no formato de movimentos sociais, que, através de práticas em rede, operam a participação política, formação de profissionais e controle social. De posse desses instrumentos conceituais, refletiu-se acerca do dispositivo da medicalização se exercendo em diversas perspectivas da vida, ao fabricar disciplinas em que se entrecruzam a educação, a aprendizagem, a saúde, aos direitos humanos etc., com vistas a uma governamentalidade biopolítica. Como resultados da pesquisa, obteve-se a explanação detalhada das práticas do Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade, suas articulações e inserções em campo político, acadêmico e social, sua colaboração para a construção de saberes que alicercem fazeres críticos em Psicologia e em outras profissões as quais se interessem por uma atuação que se contraponha à racionalidade medicalizante. O trabalho se revela como um panorama da discussão sobre a medicalização da educação e da sociedade, na atualidade, destacando as práticas de resistência como um não silenciamento de profissionais, instituições e cidadãos contrários à perspectiva medicalizante.

2014
Descrição
  • DAIANE GASPARETTO DA SILVA
  • CORPOS EM SITUAÇÃO DE RUA EM BELÉM DO PARÁ: OS TESTEMUNHOS DA DESFILIAÇÃO SOCIAL

  • Data: 04/12/2014
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  • As trajetórias de vida de pessoas em situação de rua são constituídas por singularidades que deixam seus registros nos corpos daqueles que fazem do espaço público lugar de trânsito e permanência. As violações de direitos, o distanciamento da esfera do trabalho formal, a perda de vínculos familiares e de amizade são algumas das forças que atravessam tais sujeitos, produzindo modos de existência que se erguem pela via da desfiliação social. No intuito de acompanhar as linhas que tecem essas vidas marginais, este estudo de psicologia social, traçado por meio da genealogia foucaultiana e da cartografia proposta por Deleuze e Guattari, buscou se aproximar dos testemunhos daqueles que são subjetivados e objetivados pela lógica da marginalização, abrigando em seus corpos as marcas da desigualdade social e da resistência frente à gestão da vida que, muitas vezes, opera pela lógica racista. A partir das entrevistas, realizadas com 10 pessoas em situação de rua de dois bairros de Belém (Cidade Velha e Campina), do diário de campo e das fontes secundárias (teses, dissertações, artigos, livros, revistas etc.), foi possível problematizar as relações de saber-poder, os engendramentos éticos, estéticos e políticos que compõem o existir na esfera pública, o que aparece em debate em três séries discursivas: 1) perdas e seus efeitos; 2) sociabilidades e rupturas e 3) corpo e cidade em heterotopias. A fragilização do lugar de cidadania desse segmento, bem como as suas estratégias adaptativas e a criação de passagens para o protagonismo armam, nesse sentido, o arquivo público da rua, nos quais estão os corpos-documentos dos que sobrevivem para além do estigma infâmia.

     

  • EDSON JÚNIOR SILVA DA CRUZ
  • DINÂMICAS FAMILIARES E REDE DE APOIO SOCIAL DE ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL E DE SUAS FAMÍLIAS

  • Data: 07/11/2014
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  • Este estudo de natureza qualitativa aborda as percepções de familiares e adolescentes em acolhimento institucional acerca da rede de apoio social e das dinâmicas familiares. Fundamenta-se teoricamente em uma perspectiva sistêmica estudada a partir de uma revisão de narrativa da literatura que incluiu livros e artigos que abordavam as dinâmicas familiares, rede de apoio social e institucionalização. Utilizou-se o método de estudo de casos múltiplos. Primeiramente, objetivou-se conhecer as estruturas e dinâmicas familiares dos adolescentes. Para alcançar este propósito foi aplicado o genograma com quatro familiares, diário de campo e dados biodemográficos coletados em um formulário. Os resultados demonstraram que essas famílias são disfuncionais, pois se identificou diversas formas de violência na relação entre os seus membros e que não há clareza e definição dos papeis e fronteiras. Posteriormente, avaliou-se as percepções de cinco adolescentes (sendo uma dupla de irmãos gêmeos) e de quatro familiares a respeito das redes de apoio social. Foram utilizadas a entrevistas semiestruturadas, o mapa dos cinco campos e o diário de campo. Os resultados apontaram que os familiares são mais satisfeitos com as relações estabelecidas com o espaço de acolhimento do que seus filhos, entretanto houve um grau elevado de insatisfação com o campo escola, família e amigos e parentes, o que configurou uma rede de apoio frágil na vida desses familiares. Já os adolescentes apontaram com mais relevante as figuras adultas, principalmente a mãe, como principal apoio emocional; a escola e o espaço de acolhimento foram os locais com maiores graus de satisfação; o campo família teve o maior número de pessoas citadas, mas os adolescentes apresentaram concepções confusas sobre a família real e ideal, pois os mesmos relataram grandes conflitos nessa área, além do mais pode-se avaliar de uma forma geral que a rede de apoio desses adolescentes é pouca atuante e influente no desenvolvimento desses indivíduos. Portanto, é importante uma intervenção clínica e social para que essas pessoas adotem a prática da resiliência em suas vidas, com o intuito de diminuir ou amenizar os eventos estressores vivenciados.

  • MARIA DO ROSÁRIO DE CASTRO TRAVASSOS
  • Mitos de origem e processos identificatórios na Amazônia: uma visão psicanálitica.

  • Data: 04/07/2014
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  • Esta Dissertação de Mestrado objetiva refletir sobre o choque entre mitos de origem e suas repercussões nas (des)organizações psíquicas. Apoia-se no referencial teórico da psicanálise sobre as questões psíquicas relacionadas à cultura, uma vez que, para Freud, a psicologia individual é também social. Trata-se de uma pesquisa em psicanálise em interface com as ciências sociais, como história e antropologia, realizada por meio de levantamento bibliográfico e entrevistas semiestruturadas com duas mulheres indígenas, uma da etnia Tembé-Tenetehara e outra da Kaxuyana, residentes na região metropolitana de Belém. As duas etnias têm história de contato diferente entre si e são oriundas do estado do Pará. A região amazônica se constituiu pelo confronto de códigos simbólicos diferentes entre o europeu, as nações autóctones e as africanas, multiculturalidade étnica essa que deu origem à população “cabocla”, habitante da região. Atualmente, o deslocamento de indígenas para a cidade tem intensificado suas relações com a população não indígena, colocando em confronto suas tradições e culturas. Temos por hipótese que o choque cultural, resultado do encontro entre os diferentes imaginários desses povos, pode desencadear um confronto mitológico para alguns sujeitos, ao abalar crenças, valores e ideais que os constitui, tendo como consequência uma desorganização em suas referências identificatórias. O resultado da pesquisa reafirma a presença do mito social no mito individual, interligando acontecimentos arcaicos da história da construção social com a história da origem pessoal dos sujeitos.

  • DANIELLA FRANCO COUTINHO
  • O Processo de luto do idoso pela Morte do Cônjuge: Memórias, Emoções e Vidas que Seguem.


  • Data: 26/06/2014
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  • Esta pesquisa teve como objetivo compreender a vivência do idoso no processo de luto diante da morte de seu cônjuge, a fim de desvelar os sentimentos, alterações biopsicossociais e ocupacionais associadas a este evento e os significados atribuídos à perda. A metodologia foi fundamentada nas concepções teóricas da abordagem qualitativa e técnicas do método de estudo de casos múltiplos, tratando-se de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, na qual buscou-se a compreensão do objeto do estudo em profundidade e a singularidade de um grupo em particular. A pesquisa foi realizada na Unidade Municipal de Saúde do bairro da Marambaia, na cidade de Belém-PA, mais especificamente, no Programa do Idoso, no qual é disponibilizada assistência em caráter de urgência e emergência, ambulatorial nas diversas especialidades médicas e multiprofissionais direcionadas à saúde do idoso. Os participantes do estudo foram 4 (quatro) idosos, na faixa etária igual ou acima de sessenta anos, quando da perda por morte do cônjuge, com tempo de viuvez de no mínimo 12 meses, sendo 2 (dois) do gênero feminino e 2 (dois) do gênero masculino. Para coleta dos dados foi utilizado como instrumento, a entrevista individual semiestruturada; realizada uma oficina de atividade expressiva e o utilizado o diário de campo. Para tal, foram desenvolvidos dois encontros. Diante dos relatos dos viúvos e viúvas colaboradores deste estudo, compreendemos que o processo de luto é singular e esteve associado a fatores como o tempo e qualidade da convivência conjugal, o adoecer do cônjuge falecido e suas repercussões, a espiritualidade, as concepções sobre a morte e o morrer, a condição de ser idoso quando diante da perda e as diferenças entre os gêneros. O estudo obteve dados que poderão auxiliar outras pesquisas, na compreensão do processo de luto do idoso diante da morte de seu cônjuge na velhice, contribuindo para o estabelecimento de possíveis meios de prevenção e intervenção na atenção à saúde do idoso enlutado.

     

  • CHRISTIANE PANTOJA DE SOUZA
  • Desastres de barco na Amazônia divulgados em jornais (2002-2013): um estudo a luz da Psicologia das Emergências e Desastres e do Luto.

  • Data: 26/06/2014
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  • Este estudo objetivou identificar as ocorrências e os conteúdos das mensagens a respeito dos desastres de barco na Amazônia disponíveis em formato de mídia impressa, buscando discutir esses eventos e suas implicações sob o enfoque da Psicologia das Emergências e Desastres e dos estudos sobre luto. Para tanto, foi realizada uma pesquisa documental, sendo o corpus composto por 143 publicações no período de 2002 a 2013, de três jornais regionais impressos, catalogados no setor de Jornais da Biblioteca Pública “Arthur Vianna”. A análise dos dados foi realizada por meio da Análise de Conteúdo segundo Bardin (1977), considerando-se: título das publicações, data, hora, local e supostas causas dos desastres, número de sobreviventes, mortos, feridos e desaparecidos, socorro e resgate das vítimas. Os títulos de 103 das publicações identificavam os desastres, descreviam o cenário, contabilizavam vítimas; 22 tratavam do início das investigações; 18 tratavam da insegurança e precariedade do transporte fluvial na Amazônia. Foram identificados 130 desastres de barco, em sua maioria naufrágios, e um total de 2.479 vítimas, entre mortos, sobreviventes, feridos e desaparecidos, observando-se a morte de muitas crianças. Os resultados apontaram a não identificação de corpos como fator favorecedor para luto ambíguo e mortes repentinas e prematuras como fatores de risco para luto complicado. Desvelou-se um cenário cujo número de vítimas transcende estatísticas, mobilizando familiares, amigos das vítimas e a sociedade como um todo, sugerindo a necessidade de políticas públicas preventivas que considerem a assistência psicológica e as condições de luto.

  • RENATA SABRINA MACIEL LOBATO LOUZADA
  • EU TENHO MEDO É DOS VIVOS”: análise Psicodinâmica do Trabalho entre profissionais da Medicina Legal

     

     

     

     

     

  • Data: 11/06/2014
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  • Esta dissertação teve como objetivo analisar as vivências de prazer e sofrimento presentes nas relações de trabalho dos servidores do quadro de um Instituto Médico Legal da Amazônia de uma cidade da região norte do Brasil e suas possíveis repercussões para a saúde mental deste trabalhador. Na busca por uma melhor compreensão do tema, este estudo procurou pautar sua fundamentação teórica na Psicodinâmica do Trabalho. O caminho metodológico está inserido na pesquisa qualitativa, com a utilização de entrevistas individuais, semi-estruturadas. Participaram desta pesquisa sete servidores públicos da referida instituição com o recorte específico de delimitar aqueles que realizam suas atividades, direta ou indiretamente, relacionadas à necropsia. Na coleta de dados, ocorrida no próprio IML, foram utilizados os seguintes instrumentos: observação da atividade, levantamento bibliográfico e documental de material especializado sobre o assunto, uma vez que ainda há pouca literatura sobre o tema estudado, e entrevistas, as quais foram gravadas e posteriormente transcritas. Além destas, também foram incluídas na dissertação trechos de conversas informais obtidas com alguns trabalhadores durante a entrada no campo de pesquisa. A análise do material obtido foi consubstanciada a partir da escuta e interpretação da fala dos trabalhadores. O resultado da discussão foi dividido em dois eixos: O primeiro aborda a questão da organização e das condições de trabalho e o segundo diz respeito ao sofrimento, mecanismos de defesa e prazer. Através dos relatos, foi possível observar a percepção dos profissionais em relação a questões que trazem sofrimento como: a precariedade das instalações, o lidar cotidianamente com a violência, os riscos de contaminação, os danos físicos e psicológicos para quem se expõe a essa rotina de trabalho e as relações hierárquicas, marcadas por conflitos entre as categorias funcionais. Esta dinâmica é reiterada pela divisão do trabalho, caracterizada de maneira a dividir e isolar, o que dificulta a formação de coletivos e enfraquece uma possível luta dos trabalhadores por melhorias. Nesse contexto, o reconhecimento e o prazer no trabalho surgem na forma da gratidão dos usuários e na percepção da atividade enquanto “missão”, a qual traria, no seu bojo, a compensação de contribuir para a realização da justiça dentro da sociedade.

     

  • CAMILE PANTOJA MOTA
  • DESENLACE DE PACIENTES HOSPITALIZADOS EM CUIDADOS PALIATIVOS ONCOLÓGICOS NO PROCESSO DE MORRER.

     


  • Data: 02/06/2014
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  • Este estudo tem como objetivo compreender como os pacientes hospitalizados em cuidados paliativos oncológicos vivenciam o processo de morrer, a fim de apreender o processo de desenlace do viver, desvelando os significados atribuídos à vida e a morte a partir do diagnóstico de uma doença grave, avançada e fora de possibilidades terapêuticas de cura. A estratégia metodológica está fundamentada na abordagem qualitativa do tipo estudo de caso, portanto, trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva de casos múltiplos na qual se compreende a necessidade do aprofundamento do estudo, a fim de apreendermos as singularidades dos casos. A pesquisa foi realizada no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) uma instituição de assistência, ensino e pesquisa vinculada a Universidade Federal do Pará (UFPA), que desde agosto de 2012 implantou a oncologia como referência com a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), disponibilizando aos pacientes com câncer os serviços de Quimioterapia, Radioterapia, Cirurgia Oncológica, Urgência 24 horas e serviços de Cuidados Paliativos em nível ambulatorial e hospitalar. Participaram da pesquisa 6 (seis) pacientes internados com diagnóstico de câncer avançado que haviam sido informados sobre o prognóstico de cuidados paliativos e iniciado acompanhamento com a equipe do serviço de cuidados paliativos oncológicos (SCPO), sendo 3 (três) homens e 3 (três) mulheres: 1(uma) jovem adulta e 5 (cinco) idosos. A entrevista psicológica foi o instrumento, possibilitando que os colaboradores relatassem sobre suas histórias de vida, angustias, medos, planos futuros, entre outras, o que favoreceu o acolhimento das dores e sofrimentos e a compreensão sobre o processo de morrer, sendo que os encontros ocorreram três (3) vezes por semana em média. Destacam-se também a consulta ao prontuário, as informações coletadas através de outros profissionais de saúde e o uso do diário de campo. Para análise dos dados foi realizada a análise de conteúdo temática segundo Bardin (2009). Possibilitar a escuta a pessoa com câncer avançado favorece a qualidade de morte, por permitir acolher os diversos sentimentos que emergem e, mesmo que o desejo de cura seja presente, há uma retomada da consciência da finitude da vida, trazendo questões sobre o caminho percorrido até a aceitação da morte. Mesmo diante do sofrimento frente ao cessar da vida, das tarefas, sonhos e projetos, ao falar da experiência de estar com uma doença incurável, construíram a vivência sobre o viver e o morrer. Foram identificados 3 (três) temas centrais: as atitudes diante da morte, expressas pelos estágios conforme descreve Kubler-Ross; a ocorrência do planejamento para o futuro diante da iminência de morte, como um retorno para casa, um ambiente familiar próximo às pessoas significativas; e a difícil tarefa de romper vínculos, como se separar daqueles que amam. Esses temas apresentam-se como fatores que inferem no processo de morrer, destacando-se a escuta e o cuidado como fundamentais para a “boa morte”. O processo de morrer compreendido enquanto desenlace, vem ampliar o conceito de morte para além do declínio das funções vitais, ou seja, biológicas, passando a englobar os anseios, necessidades e vivências, dos que estão morrendo, assim como a conscientização e aceitação de que a morte é destino certo e próximo.

  • GISELY GABRIELI AVELAR CASTRO
  • Idosos Hospitalizados e em Cuidados Paliativos Oncológicos: fazer, ser e tornar-se na finitude.

  • Data: 14/05/2014
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  • Compreender os significados da morte e do morrer e a relação com as ocupações na finitude do viver de idosos, hospitalizados e em cuidados paliativos oncológicos, foram os objetivos deste estudo. Ocupações correspondem aos fazeres inseridos em um determinado contexto e que possuem forma, função e significado, reveladores de uma existência imbricada de subjetividade. Nessa perspectiva, elegeu-se os seguintes problemas de pesquisa: quais os significados atribuídos pelo idoso, hospitalizado e em cuidados paliativos oncológicos, às ocupações? Como essas ocupações são relacionadas ao processo de morte e morrer? Há um ocupar-se para morte? Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa realizada por meio do estudo de casos múltiplos, que contou com a participação de duas idosas, maiores de sessenta anos, internadas na clínica médica do Hospital Universitário João de Barros Barreto e que receberam o diagnóstico e prognóstico de câncer sem possibilidades terapêuticas de cura. Para a coleta de dados, os instrumentos utilizados foram: entrevista aberta; atividade de colagem, atividade livre e questionário. A observação participante, o registro em diário de campo e a consulta ao prontuário também foram realizadas. A coleta se deu com a média de três encontros que se estabeleceram de acordo com a necessidade e possibilidades das participantes. A análise dos dados ocorreu a partir de sua triangulação com posterior leitura flutuante. As idosas colaboradoras revelaram diferentes modos de compreender o processo de morrer, com significados e atitudes distintas. As ocupações durante a hospitalização podem ser realizadas de modo a manter a vida, negando e camuflando a realidade de iminente morte, ou para despedir-se da existência e de todas as coisas que compõe a vida, em uma postura de elaboração contínua da morte real e próxima. Nesse sentido, os achados desse estudo desvelam os significados das ocupações no processo de morrer: ocupações investidas no viver com busca de novas possibilidades, ocupações que se revelam como possibilidades de processar o morrer por meio de fazeres para o fim da vida e também apontam a necessidade e relevância do “recolhimento” da pessoa em iminência de morte, em que ocorre o afastamento do investimento em ocupações e das relações e, dessa forma, compreende-se este processo como uma forma íntima e natural de organizar-se na finitude. Logo, as ocupações como expressão da totalidade da existência humana são formas genuínas, singulares, subjetivas e construídas também no processo de finitude que revelam o fazer, o ser e tornar-se.

     

  • HEDIANY DE ANDRADE MELO
  • Melancolia, Narcisismo e  Mal-Estar na Cultura: algumas reflexões sobre psicanálise e contemporaneidade. 


  • Data: 30/04/2014
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  • A presente dissertação se constitui como uma pesquisa de cunho teórico que, privilegiando o referencial freudiano, visa compreender de que maneira o modelo clínico da melancolia pode se revelar útil para uma análise de elementos do tipo de mal-estar que se faz presente na sociedade contemporânea, marcada, dentre outras coisas, por evidentes traços narcísicos. Como se pode deduzir, para alcançar tal objetivo são privilegiados aqui três conceitos específicos e oriundos da obra de Freud: melancolia, narcisismo e mal-estar na cultura. Buscamos debater tanto algumas das suas particularidades quanto, de maneira complementar, possíveis inter-relações entre si. Com efeito, na leitura sobre o Mal-estar na Cultura procuramos demonstrar de que maneira as nuances de tal obra continuam a se reatualizar nos acontecimentos sociais e subjetivos da contemporaneidade. Pensando o narcisismo, discorremos sobre este conceito segundo o ponto de vista psicanalítico, o qual nos revela a sua passagem como uma etapa necessária e indispensável ao desenvolvimento subjetivo e, ainda, as ressonâncias do narcisismo na cultura, as quais podem culminar em situações como: a desconstrução dos ideais coletivos, o enfraquecimento das relações humanas e dos laços sociais. Por fim, na análise que fizemos da melancolia procuramos fundamentar a metapsicologia deste conceito na passagem da primeira a segunda tópica, finalizando com as digressões tomadas pela melancolia no campo na atualidade. Em termos conclusivos, apontamos como, a despeito da melancolia na atualidade haver perdido espaço para as depressões, não é possível desconsiderar a sua validade ainda hoje. Neste sentido, buscamos demonstrar a importância conferida a este diagnóstico no que se refere à leitura e investigação das atuais formas de sofrimento psíquico que compõem e ampliam o quadro do mal-estar narcísico contemporâneo.             

     

  • WILLIVANE FERREIRA DE MELO
  • Só sei por cima só: as comunidades quilombolas do município de Santarém-Pará e a Vulnerabilidade ao HIV/AIDS.
  • Data: 30/04/2014
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  • Os parcos estudos sobre a temática do HIV/Aids e as comunidades quilombolas apontam para uma vulnerabilidade à infecção pelo vírus, principalmente no nível programático, ou seja, de politicas e serviços públicos. O objetivo deste estudo foi identificar as condições de acesso e utilização do serviço público de saúde de HIV/Aids das comunidades quilombolas no município de Santarém, estado do Pará, identificando ações de prevenção e de cuidado em relação a este agravo, sob a perspectiva dos quilombolas. O estudo é do tipo qualitativo, realizado com 04 comunidades intituladas Tiningú, Murumurutuba, Saracura e Pérola do Maicá, por meio de 20 entrevistas semiestruturadas (04 lideranças, 03 agentes de saúde, 13 moradores), conversas informais e observação participante. Os resultados demonstraram que os entrevistados tinham alguma informação a respeito do HIV/Aids e, em geral, a fonte de informação foi a instituição de ensino superior (IES), por meio da realização de projetos de pesquisa e extensão; a via de transmissão do vírus mais referida foi a sexual; a informação mais citada sobre as formas de prevenção foi o uso do preservativo masculino, embora a abstinência sexual e ter parceiro fixo tenham sido citados como métodos preventivos; as ações de prevenção do serviço público de saúde têm o foco nas mulheres gestantes, por meio do programa de pré-natal (prevenção secundária), com dificuldades de acesso aos insumos para ações mais amplas de educação para a saúde; finalmente, há disparidades na dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde, sendo a área de várzea a mais atingida. O estudo demonstrou a existência de um contexto de vulnerabilidade programática com baixo acesso ao Sistema Único de Saúde, o que foi considerado uma forma de racismo institucional. As relações estabelecidas entre o movimento quilombola local e a IES têm contribuído para dar visibilidade à discussão sobre HIV/Aids nessas comunidades. Há necessidade de intensificar a educação para a saúde, inserindo as ações de prevenção, em que a diversidade racial e cultural seja um dos elementos a ser considerado no planejamento, visando à garantia de construção de políticas públicas de saúde que respeitem esses territórios, ou seja, que os incluam nos direitos legítimos da cidadania.
  • KLÉZIO KLEBER TEIXEIRA DOS REIS
  • UMA HERMENÊUTICA DA TENTATIVA DE SUICÍDIO MASCULINA.

  • Data: 28/04/2014
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  • A pesquisa teve por objetivo identificar as possíveis causas que induzem homens adultos a atentarem contra suas próprias vidas. Trata-se de um estudo que compõe uma revisão analítica conceitual da literatura científica na área da Psicologia e da Psiquiatria acerca do suicídio. Foram selecionados estudos em bases de consultas, livros, relatórios e manuais governamentais pertinentes ao tema, publicados entre os anos de 2000 a 2013, sendo utilizadas palavras-chave específicas para a busca. Do material selecionado, foi realizada leitura crítica e interpretativa, na qual foram relacionadas informações e ideias dos autores acerca da temática. Os resultados mostram que: a) o pensamento fenomenológico mostra-se como uma forma de compreender e ressignificar a vivência de sujeitos que atentaram contra si próprios; b) o suicídio consumado e a sua tentativa advêm como conseqüência da inter-relação de elementos de cunho biológico, psicológico, psiquiátrico, social e cultural; c) os homens desempenham mais comportamentos autodestrutivos que predispõem ao suicídio do que as mulheres; d) os motivos que levam um homem a violência auto-infligida são idiossincráticos; e) a depressão, baixa auto-estima, sentimento de fracasso, impulsividade e transtorno psiquiátrico são fatores psicológicos que podem levar a tentativa de suicídio; f) experiências traumáticas ao longo da vida, consumo de álcool e drogas, desemprego são alguns dos fatores sociais que exercem influencia na mentalidade dos indivíduos; g) existem poucas políticas públicas voltadas a saúde dos homens. Conclui-se que o suicídio deve ser considerado uma questão de saúde pública e sugere-se o desenvolvimento de políticas de promoção de qualidade de vida, de proteção e de recuperação da saúde; bem como, artifícios para educar a população acerca do suicídio; criação de espaços onde os homens possam expor seus sentimentos; apoio aos familiares dos sujeitos que tentaram suicídio

  • DOROTEA ALBUQUERQUE DE CRISTO
  • Experiências de homens em busca de cuidado  Na  Unidade Básica de Saúde da Pedreira em Belém/Pará.

  • Data: 28/04/2014
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    Cristo, D.A. (2014). Experiências de homens em busca de cuidado na Unidade Básica de Saúde da Pedreira em Belém/Pará. f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Belém.

    Este estudo investigou as percepções de homens, de 19 a 59 anos, acerca de sua saúde, a partir da reflexão sobre os cuidados recebidos na Unidade Básica de Saúde da Pedreira. Através de abordagem qualitativa, de enfoque fenomenológico- hermenêutico, o trabalho priorizou compreender a experiência relacional sobre saúde e atendimentos. Os sujeitos foram10 homens, atendidos no setor da clínica médica. Foram realizadas entrevistas semidirigidas e gravadas em áudio que, após transcrição, foram transformadas em textos e analisadas, considerando atos e funções de linguagem. Os resultados mostraram que entre os motivos da procura de atendimentos clínicos na UBS estão: os agravos; a recomendação de atendimento por esposa. Quanto à percepção do serviço, a UBS Pedreira é apreendida como eficaz por atender suas demandas médicas. Também foram apontados determinados fatores de entrave para a saúde: 1) referente ao atendimento: demora nos procedimentos da Unidade; 2) alusivos às práticas pessoais: o descuido com a própria saúde antes da instalação dos sintomas, o desgaste com o trabalho e a responsabilidade com os filhos. Concluímos que tais resultados corroboram, em parte, o que apontam as pesquisas do Ministério da Saúde para nortear a elaboração da Política de Atenção Integral à Saúde do Homem, ou seja, que a ausência dos homens na Atenção Primária se deve à cultura que ainda impera na sociedade brasileira, e alude que os homens se sintam invulneráveis, sem necessitarem de cuidados. A discordância dos achados da pesquisa se dá no desvelamento que os informantes demonstraram ao expressarem receio de ter contato com sua vulnerabilidade, que chega a reconhecer, porém evitam abordá-la até o limite da fronteira de contato com a saúde.

  • GIANE SILVA SANTOS SOUZA
  • ANÁLISE NA PERSPECTIVA GENEALÓGICA DO INQUÉRITO POLICIAL SOBRE ESTUPRO, NOS ARQUIVOS DA DELEGACIA ESPECIALIZADA NO ATENDIMENTO À MULHER, EM BELÉM/PA
  • Data: 04/04/2014
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  • O presente trabalho analisou a construção histórica da verdade a partir das práticas institucionais e vizinhas contidas nos Inquéritos Policiais sobre estupro da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), no município de Belém do Pará, no período de 2005 a 2012. A escolha por mulheres adultas se fez pela escassez de produções neste seguimento, haja vista que a maioria das pesquisas se concentra nos casos de violência sexual de crianças e adolescentes. As perguntas formuladas nesta dissertação foram baseadas nos pressupostos filosóficos de Michel Foucault, tais como: dispositivo da sexualidade, biopolítica, saber, poder, e subjetividade. Para tanto utilizamos o conceito de violência de gênero como uma ferramenta analítica sobre o tema. Desta forma, o objetivo principal foi desenvolver uma pesquisa que problematize as práticas de saber poder produzidas pelos inquéritos policiais na DEAM, nos crimes de estupro, através de um estudo de caso realizado com quatro inquéritos que ocorreram entre os anos de 2010 e 2011. Nossos objetivos específicos foram problematizar a produção da verdade que estão presentes nos inquéritos policiais, assim como, analisar as racionalidades sobre a mulher e a violência sexual que atravessaram os documentos em questão, descrevendo e analisando as práticas de saber e poder que foram acionadas sobre os corpos das mulheres por meio da DEAM.
  • JOSÉ RIBAMAR LIMA CARNEIRO
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    NARCISSUS IN MUSICA. Considerações Psicanalíticas e filosóficas sobre a Sonata Op. 1 de Alban Ber.                             

     

     

  • Data: 04/04/2014
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    A sonata de Alban Berg desafia qualquer apreensão tradicional de seu conteúdo – seu lugar enquanto uma das grandes obras da modernidade também advém de seu posicionamento que, em vez de confirmar, desafia e provoca o conhecimento por meio de uma forma musical que visa a própria aniquilação. Este trabalho pretende empreender um esboço de sua interpretação, mas em seus próprios termos. Conjugando conhecimentos psicanalíticos (especialmente aqueles de índole lacaniana) e a filosofia dialética de Theodor Adorno, faz-se uma análise da estrutura formal e interna da obra, análise essa que é cotejada com diversos trabalhos de teóricos da análise musical, como Antony Pople e Douglas Jarman. Ao seu fim, este trabalho analisa não somente a música, mas as próprias possibilidades de apreensão de uma obra de arte através da psicanálise e qual o papel crítico que tal leitura pode possuir.

     

  • ADRIANA ELISA DE ALENCAR MACEDO
  • Uma análise das práticas do CESEF/PA  no atendimento às adolescentes – alguns aspectos genealógicos.

     

  • Data: 04/04/2014
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  • Esta dissertação analisou as práticas no atendimento às adolescentes que se encontram no Centro Socioeducativo Feminino (CESEF), em Belém do Pará. Escolhemos pesquisar sobre adolescentes do sexo feminino, por serem poucas as pesquisas relacionadas às adolescentes e mulheres que são autoras de atos infracionais. O objetivo principal é desenvolver uma pesquisa que permita problematizar as práticas as quais são realizadas nesse centro, por meio de uma análise genealógica dos documentos utilizados durante o ano 2012, tendo como objetivos específicos: descrever que sujeito é produzido nessas práticas de atendimento, nesse espaço; analisar quais são os profissionais que atuam nesse centro, através do edital de 2004, e, por último, problematizar como são feitas as distribuições dos setores, pela análise da planta baixa juntamente com as fotos tiradas do Centro, com a finalidade de contribuir com o exame dos aspectos físicos do local, em termos do panoptismo. As perguntas propostas nesta pesquisa teórico-empírico são metodologicamente baseadas na genealogia de Michel Foucault,              atreladas                 aos    conceitos               de                      saber,         poder,                    subjetivação,         disciplina, governamentalidade e biopolítica. Os documentos analisados foram os formulários do atendimento socioeducativo, o edital de 2004 para o concurso público para preenchimentos de vagas na Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (FASEPA), a planta baixa do prédio e as fotos, pois são documentos que consideramos importantes para alcançar os objetivos propostos. Pelas análises feitas nos documentos, concluímos que as práticas que ali são organizadas funcionam como dispositivos disciplinares e controladores, esquadrinhando o corpo de cada adolescente, produzindo uma verdade e forjando subjetividades.

     

  • FERNANDA CRISTINE DOS SANTOS BENGIO
  • Uma analítica dos modos de produção de subjetividades frente o caso da patrimonialização do carimbó no estado do Pará.

     

  • Data: 03/04/2014
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  • O registro do patrimônio imaterial emerge atualmente como importante foco na agenda de luta de grupos envolvidos com a temática da cultura popular, diversidade e identidade cultural. São grupos historicamente obliterados, que se tornaram alvo de uma política arquivística, que tem no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional um de seus principais agentes de promoção e produção, em nosso país. Nosso interesse nesse campo está situado junto às práticas de governo da vida, atravessado pela racionalidade neoliberal. Procuramos dar visibilidade a essa trama, por meio dos pressupostos teóricos e metodológicos delineados por Michel Foucault, a partir da problematização de práticas discursivas e não discursivas e das análises das relações de poder-saber e seus efeitos, nas produções de subjetividades decorrentes dessa trama, através da problematização de documentos que dizem sobre a política patrimonial vigente em nosso país, como é o caso do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC). O caso do registro do carimbó como patrimônio cultural compõe importante elemento de análise dessa pesquisa, ao permitir um olhar mais detalhado sobre pontos de tensão da trama patrimonial, os quais foram destacados ao longo desta pesquisa, e os modos de subjetivação dela provenientes, como é o caso das subjetividades empresariais que são forjadas na racionalidade neoliberal. Os labirintos desta investigação apontam algumas composições que ajudam na empreitada de traçar linhas as quais conformem tramas mais conectadas com modos de vida não orgânicos, indicando a necessidade de um uso do saber histórico que faça a potência irruptora dos saberes borrar as linhas duras que atravessam a vida.

  • ANA CLAUDIA DE OLIVEIRA BENTES
  • O IDOSO NAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA: ESTUDO DE CASO MÚLTIPLOS
  • Data: 21/03/2014
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  • O estudo objetiva analisar as percepções dos idosos não dependentes residentes em uma instituição de longa permanência pública. A pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa do tipo Estudo de Casos Múltiplos, a produção de dados foi realizada por meio das fontes de evidência: diário de campo, roteiro para coleta de informações do prontuário dos idosos e entrevista semiestruturada com técnica analise de conteúdo de Bardim. Foram estudados 04 casos da Unidade de Apoio às Pessoas Idosas Lar da Providência, em Belém do Pará. Dois do sexo feminino e dois do sexo masculino, com critério de seleção de maior tempo de permanência e não dependência. Os principais resultados indicam: 1- Os idosos pensionistas no tocante ao motivo procuraram a instituição como residência, estavam com os vínculos familiares fragilizados e manifestavam insegurança em morarem sozinhos; 2- Um dos idosos tutelados não tinham vínculo familiar e foi encaminhado a instituição por estar em situação de risco; 3- As percepções dos idosos sobre a instituição é de segurança, com relação ao processo de acolhimento é visto como fator de proteção. Aborda-se um ressignificar da instituição na vidas destes longevos, que passa a ser desmistificada de uma caricactura tecida na finitude do idoso.
  • JOSÉ DE ARIMATÉIA RODRIGUES REIS
  • Discursos de Usuários do SUS a partir de um hospital público:implicações com a rede de saúde e a integralidade no cuidado.
  • Data: 27/01/2014
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  • Neste estudo foram analisados discursos de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) atendidos num hospital público em Belém-Pará, focalizando o sentido atribuído por estes ao cuidado integral em rede. O hospital foi o local de referência para esta pesquisa, mas o enfoque incluiu também as práticas discursivas dos usuários sobre experiências e percursos dentro da rede de saúde, considerando que acessaram vários outros locais ou serviços de saúde, antes e depois de sua passagem pela unidade hospitalar. A abordagem metodológica utilizada foi a do construcionismo social, no qual são buscados os sentidos dos discursos dos usuários dentro de uma relação dialógica e compartilhada, com posicionamentos tanto do usuário-participante quanto do pesquisador, resultando em uma interação na produção dos sentidos discursivos. Já a concepção teórica das práticas em saúde foi pautada na intersecção entre a psicologia social e a saúde coletiva, a partir da adoção de noções como práticas discursivas e integralidade do cuidado em rede. A pesquisa foi realizada em um hospital público onde o pesquisador atua como psicólogo, e contou com a participação de cinco usuários, em algum momento atendidos nesse hospital, mas que também haviam acessado outros serviços da rede de saúde. A coleta de dados se deu através de entrevistas semiestruturadas gravadas, transcritas e analisadas com referência em três categorias identificadas na produção discursiva dos sujeitos. 1) Sofrimento e crise do usuário. 2) Acesso e trajetória na rede de saúde. 3) Posicionamentos sobre as práticas de cuidado integral. Os sentidos dados pelos participantes à integralidade do cuidado obtido na rede de saúde sinalizaram aspectos facilitadores e dificultadores convivendo lado a lado nas práticas em saúde. Viu-se por um lado usuários vinculados aos serviços do SUS, enaltecendo as equipes e os profissionais de saúde por quem foram atendidos, com sentimentos de gratidão, reconhecimento, afetividade, amizade e solidariedade. De outro modo, surgiram vários relatos de deficiências do sistema de saúde, no acolhimento, no vínculo, no referenciamento a outras unidades, no acesso difícil, na descontinuidade dos tratamentos, na demora por exames e consultas, na ausência do diagnóstico de doenças gerando baixa resolutividade da assistência, no não atendimento às demandas dos usuários potencializando dor, sofrimento, medo, revolta, indignação e exclusão. Ao analisar a diversidade de sentidos e relações que emergiram da perspectiva dos usuários, chegou-se necessariamente à reflexão quanto às questões institucionais, políticas e governamentais envolvidas por detrás dos processos de trabalho e das práticas em saúde, marcando aqui um lugar social, político, histórico e epistêmico de reflexão crítica e contribuição teórica para a mudança dos modelos vigentes na saúde pública e no SUS. Concluiu-se então que as questões de saúde-doença seguem permeando a vida através do campo da saúde, produzindo sujeitos e subjetividades pautadas ainda no paradigma biomédico, no qual frequentemente o sujeito de direitos sequer consegue ter reconhecido os seus problemas e suas opções, para poder exercer o seu direito de escolha.
  • ELLEN AGUIAR DA SILVA
  • A NOÇÃO DE AUTONOMIA NA INFÂNCIA NOS DOCUMENTOS DA ONU (1989) E UNICEF
  • Data: 27/01/2014
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  • SILVA, Ellen Aguiar. A noção de autonomia na infância nos documentos da ONU (1989) e UNICEF. A presente pesquisa objetivou analisar a noção de autonomia nos documentos de domínio público dos organismo multilaterais, a ONU e a UNICEF, produzidos para a infância no período de 1989 a 2009. Os documentos analisados foram a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989), o Kit de Desenvolvimento da Primeira Infância: Uma Caixa Tesouro de Atividades (DPI) e o Relatório sobre a Situação Mundial da Infância. Celebrando os 20 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança. Edição Especial (2009). Para tanto, adotei a noção de documentos de domínio público concebidas como práticas discursivas a partir de Peter Spink. Os documentos analisados permitiram verificar que apesar da palavra autonomia não está diretamente expressa com frequência, a sua discussão vêm entrelaçada pelos termos proteção, direitos e participação. Mas, não entende-se aqui, a autonomia como autossuficiência, mas sim a ideia de construção social apoiada na Sociologia da Infância. Contudo, os dispositivos normativos subvertem a criança a lei. Pouco espaço é destinado literalmente para prover a autonomia na infância, em função do forte teor protecionista que atravessa os documentos, que ora transfiguram a criança em sujeito de direitos e de escolha, liberdade de expressão de pensamentos, ora primam pelo complexo tutelar sobre a criança. Conclui-se com isso que a questão da autonomia ainda é tema complexo e precisa cada vez mais ser problematizada enquanto produção de subjetividade aplicável a todas as infâncias e suas reflexões variam entre um discurso postergado a uma retórica universal dos organismos multilaterais que se dissipa a realidade concreta dos países industrializados e países em desenvolvimento.
  • OZILÉA SOUZA COSTA
  • EFEITO TRAUMÁTICO DO ABUSO SEXUAL: Contribuições da psicanálise  para intervenção no  âmbito jurídico.

     

  • Data: 16/01/2014
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  • Esta dissertação problematiza o trauma atribuído aos casos de abuso sexual, a partir de uma interlocução entre a Psicanálise e o âmbito jurídico. Para tanto, tomamos como referência o recorte clínico de um atendimento neste âmbito institucional, cuja escuta psicanalítica suscitou questionamentos quanto à conotação traumática atribuída ao caso. Considerando que neste âmbito o trauma se define por uma relação direta com o acontecimento, como o abuso sexual, resultando em sintomas psicopatológicos, e que a psicanálise define o trauma a partir da história sexual e singular de cada sujeito, questiona-se: o abuso sexual realmente perpetrado contra uma criança ou adolescente é sempre da ordem do trauma patológico, ou existiria outra saída para a elaboração do acontecimento? O que estaria implicado nos casos onde não encontramos as perturbações psíquicas, que muitos estudos apontam? Para responder a essas questões, estabelecemos discussões teóricas em torno da historicidade relacionada à noção de infância e de abuso sexual e trabalhamos a noção de trauma na psicanálise, a partir dos conceitos de fantasia, realidade psíquica, Real e sexualidade infantil, concluindo que a criança pode dar outro sentido para o abuso sexual além daquele que define o traumático no âmbito jurídico. Nosso estudo também discute possibilidades de articulação entre o direito e a psicanálise nos casos de abuso sexual, a partir de termos comuns às disciplinas, como lei e sujeito. Assim, propomos uma intervenção que articule o saber jurídico, de caráter universal, e a singularidade proposta pela Psicanálise, refletindo a respeito dos conceitos e práticas existentes na atualidade para o enfrentamento do abuso sexual, os quais, muitas vezes, acabam por excluir o sujeito na sua história e subjetividade.

     

2013
Descrição
  • MARCELO MORAES MOREIRA
  • UMA ANÁLISE DAS PRÁTICAS REALIZADAS NO PROGRAMA DE PROTEÇÃO ÀS TESTEMUNHAS AMEAÇADAS DO PARÁ - PROVITA /PA
  • Data: 12/12/2013
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  • A presente pesquisa analisa as práticas realizadas no Programa de Proteção às Testemunhas Ameaçadas do estado do Pará – PROVITA/PARÁ. A ideia central é problematizar a história desta Política no Brasil e no Pará, enfatizando os desdobramentos subjetivos, sociais, políticos, culturais e econômicos produzidos na sua execução. As análises partem de documento produzido em 2005 por analistas externos ao Sistema Nacional de Proteção e dos relatórios anuais de atividades da equipe técnica do PROVITA/PA, no período entre 2009 e 2012. Esses documentos fornecem material fértil às análises propostas. As teorias norteadoras dessa pesquisa são a violência, os efeitos poder-saber, os direitos humanos e a saúde. O pensamento Foucaultiano subsidiou a análise, a partir do método genealógico, já que nos pareceu pertinente problematizar o funcionamento desta politica de proteção, buscando desvelar e discutir os jogos de saber-poder imbricados nas relações estabelecidas com os usuários. Os mecanismos disciplinares e as biopolíticas presentes na operacionalização do PROVITA, principalmente pela atuação dos entes componentes do Sistema de Proteção parecem traduzir uma estratégia de poder, denominada Racismo de Estado, sendo esta muito usada por gestões governamentais caracterizadas por práticas neoliberais. A teoria sobre linhas de cuidado, utilizada na problematização da saúde coletiva, reforça a discussão sobre as práticas no atendimento dos usuários do PROVITA, a partir do privilégio de tecnologias duras e no trabalho-morto, distantes de uma atuação mais aproximada dos usuários e, portanto, de suas reais necessidades. Ainda, buscou-se problematizar a parceria entre o Estado e a Sociedade Civil organizada, considerando que o PROVITA/PARÁ é de competência direta de uma ONG, sendo esta uma característica peculiar e diferencial do Programa de Proteção brasileiro dos demais existentes no mundo atualmente, em que pese a tensão bastante presente nesta parceria, bem como evidentes contradições entre as práticas e o investimento estatal com as premissas dos Direitos Humanos, sobre as quais se ancora esta política.
  • LEILA CRISTINA DA CONCEIÇÃO SANTOS ALMEIDA
  • O Aluno Saudável:Análise das Práticas de Governamentalidade em Políticas de Saúde na Escola Pública no Brasil DE 2003 à 2012.
  • Data: 12/12/2013
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  • Nesta pesquisa trago à discussão os mecanismos de poder em Foucault que analisam os dispositivos disciplinares e biopolíticos como delimitadores da problemática da produção de práticas de docilidade e de utilidade sobre a vida do aluno. Das análises dos documentos do Programa Saúde na Escola (PSE) do Governo Federal, emergem séries discursivas como formas de constituição do sujeito induzidas por práticas que engendram domínios de saber, fazendo aparecer novos conceitos e novas técnicas para maior funcionalidade do corpo. Da aliança entre os interesses políticos do Estado com os saberes médicos e pedagógicos, diversos aspectos da vida são colocados em evidência e o sentimento e a vontade são atravessados por categorias produtivistas que organizam as histórias individuais pelo ritmo das necessidades econômicas globais e pelo ritmo das tramas micropolíticas. O corpo do aluno se insere num conjunto de necessidades, de rigor e de prescrições, seja por esquadrinhamentos de sua subjetivação atual seja pela criação de possibilidades de investimentos em seu futuro. Por meio da análise documental e bibliográfica, apoiada pela problemática foucaultiana dos dispositivos do biopoder e das práticas de governamentalidade, busquei tensionar a produção do “aluno saudável” enquanto objeto dos investimentos públicos atuais como forma de organizar a vida de determinados grupos sociais. Grupos estes que escapam a certas formas de gestão sobre a vida da população para, assim, produzir séries regulares de integração aos pressupostos sociais desejáveis. Para tal, problematizei a realidade política e econômica atual do capitalismo, na qual há orientações e atualizações de “necessidades” produtivas e de investimento na vida social que materializam modulações de poder menos regimentar e mais flexível sobre o corpo. E ainda, trago à discussão a interface saúde e escola como estratégia econômica e política do governo que se apoia no saber científico-biomédico como efeito de verdade. Nessa interface a produção da saúde é pensada no link com outros discursos oficiais, como: a diminuição da pobreza e o aumento do índice de escolarização básica da população. Por fim, as estratégias de cuidado com a saúde, além de filiadas a um conjunto de graus de normalidades biomédicas e mercadológicas, estão inscritas como práticas de gestão do risco social.
  • VANUSA BALIEIRO DO REGO BARRA
  • O DISCURSO DO ANALISTA NO HOSPITAL: POSSIBILIDADE DE LAÇO PELA VIA DO AMOR TRANSFERENCIAL.
  • Data: 18/10/2013
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  • A partir da experiência clínica vivenciada do Hospital Ophir Loyola (HOL) em Belém do Pará, esta dissertação analisa as condições de possibilidades do Discurso do Analista (DA) se articular aos outros discursos, em especial ao Discurso do Mestre (DM) representado pela ciência médica, pela via do amor transferencial, ou seja, constituindo um laço que sustente além da dimensão biológica, também a dimensão subjetiva do paciente institucionalizado. Considerando que o DA é o único discurso que não tenta obstruir com saber a verdade subjetiva que porta o desejo, já que no lugar do agente está o a, funcionando como objeto causa de desejo, como manejar esse laço, no sentido de que tal experiência se transmita à equipe? Tomando a experiência como norte, apresentamos articulações clínico-institucionais a partir de fragmentos do caso André, atendido no hospital. Este tratamento decorreu por aproximadamente dois anos, com atendimentos nos diversos dispositivos do hospital (enfermaria, emergência, sala de espera, brinquedoteca e ambulatório). Após a introdução, reconstruímos os fragmentos do caso clínico-institucional – do qual fazem parte além do paciente e seus familiares, toda a equipe multiprofissional. Neste caso, a transferência se estruturou como um articulador dos laços de trabalho da analista com o paciente e com a equipe, efeito do trabalho de oferta de escuta. Suegiram demandas da equipe endereçadas à analista concernentes ao sujeito escutado, no sentido de demanda de saber sobre o inconsciente. Discutimos pelo método teórico-clínico psicanalítico a experiência vivenciada, tomando como principais articuladores os conceitos de Transferência e a Teoria dos Discursos. Para isso, nos apoiamos na opção epistêmica da psicanálise que referencia Freud e Lacan, bem como analistas do campo lacaniano que atuam nas instituições hospitalares e produzem saber a partir de suas experiências institucionais, que, quando realizadas dentro do rigor ético da psicanálise, consideram o campo do real e do gozo implicado no sintoma. Por fim, apresentamos uma formalização sobre a práxis psicanalítica no hospital, sustentada no DA que, na posição de objeto a, realiza sua função específica que é tratar o real pelo simbólico.
  • ALCIONE ALVES HUMMEL MONTEIRO
  • Considerações psicanalíticas sobre A Mulher: do Continente negro Freudiano ao A mulher não existe Lacaniano.

  • Orientador : ROSEANE FREITAS NICOLAU
  • Data: 15/10/2013
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  • Essa dissertação objetiva explicitar algumas das considerações psicanalíticas sobre a posição subjetiva da mulher. Para tanto a pesquisa orienta-se a partir dos textos clássicos de Freud e dos escritos e seminários de Lacan, em conjunto com alguns de seus comentadores. Para Freud, a mulher sempre foi descrita como um enigma que pedia decifração, tendo  sido num momento inaugural da psicanálise que ele escutou o sofrimento histérico. Essa escuta o conduziu a outras investigações de importante relevância para a construção da psicanálise; foi por essa via que, nela, a mulher fez sua. Fazendo-se presente e vários outros momentos da obra freudiana, é possível verificar que, num primeiro momento, ela revelava-se como esse enigma que pede a decifração do artista, enquanto que, num segundo, apareceu como um contingente negro. Lacan, por sua vez, partiu das elaborações freudianas para pensar a subjetividade feminina, e isso o permitiu percorrer outros caminhos na tentativa de esclarecer alguns pontos que continuavam obscuros. Freud, após pesquisar os sintomas histéricos, investigou os efeitos do Édipo na menina, concluindo que, nela, o processo seria mais longo, complexo e com possibilidade de outros desdobramentos. As investigações lacanianas avançaram, permitindo elaborações como: a mulher está entre o simbólico e o real ou seja, está imersa na lógica do todo e não-todo. Isto equivale dizer que ela está submetida à castração, mas também situa-se fora dela – o que, por conseguinte, a aproxima do real. Devido tal aproximação, a modalidade de gozo também é outra. Com isso, a mulher sofre os efeitos do que está para além da castração, do simbólico – ou seja, real.

  • AMANDA CRISTINA SERRÃO PINHEIRO
  • A Pesquisa em Psicanálise no Hospital: Corpos Marcados pelo HIV/AIDS.
  • Data: 12/09/2013
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  • A aids é uma enfermidade que teve grande impacto na humanidade em decorrência de suas consequências devastadoras. O vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) é o agente etiológico da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS – acquired immunodeficiency syndrome). A infecção pelo HIV é, atualmente, delineada pela contagem do número de células CD4+, pela quantidade de partículas virais no sangue (carga viral) e pelos sintomas clínicos. A aids, assim como outros fenômenos, fere a norma de uma sociedade narcisista, que valoriza apenas aquilo que é “saudável”. As pessoas que pertencem a estes grupos são, com freqüência, percebidas como relapsas por não terem tomado os devidos cuidados, ou por se comportarem à margem da norma em vigor. Com isso, ferem os olhares de quem idealiza uma sociedade formada por corpos belos, saudáveis e incólumes à morte, ao fracasso ou ao “desajuste”. Uma doença incurável que surgiu ligada ao comportamento humano, carrega estigmas sociais e seus portadores sofrem duplamente: com os efeitos no corpo e em seu narcisismo. No caso da soropositividade, observa-se um narcisismo ferido. Diante disto, faz-se necessário explicar que, no psiquismo, o eu é equivalente ao corpo, ou seja: alterações no corpo são vivenciadas como alterações no eu. Para analisar a questão, utiliza-se aqui a pesquisa em psicanálise, que pode ser realizada de diferentes formas, e que tem entre seus tipos possíveis a pesquisa com o método psicanalítico, além da pesquisa teórica. A pesquisa realizada a partir de situações clínicas tem por objetivo analisar as questões corporais que afetam as pessoas com aids, iniciando pelas marcas físicas e culminando com as marcas psíquicas. A vulnerabilidade, o inquietante, o mal-estar e o narcisismo são conceitos debatidos a partir de sintomas no corpo da pessoa com aids, em uma pesquisa que teve duração de dois anos. Foram realizados atendimentos aos portadores do vírus HIV em situação de ambulatório ou hospitalização, cujas situações clínicas – apresentadas como flashes de atendimentos – serviram para fazer a ponte entre a teoria e a prática, confirmando a teoria freudiana de que as fontes de angústia do homem estão entre a caducidade do corpo, a certeza da morte e o contato com o mundo externo. O psicanalista em sua escuta no contexto hospitalar pode contribuir para o tratamento da pessoa com aids, realizando assim o desejo de Freud de que a psicanálise se estendesse a uma grande parte da população. Deste modo, a experiência obtida a partir desta pesquisa revela a grande necessidade de escutar e tratar a pessoa com aids para que o impacto da doença não impeça que a vida continue apesar dos dissabores trazidos pela doença.
  • OCILENE FERNANDES BARRETO
  • Constituição do Eu e a Transmissão vertical do HIV: um estudo psicanalítico com adolescentes soropositivos.
  • Data: 30/08/2013
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  • em anexo
  • DARLEN NEVES SILVA DIAS
  • A HUMANIZAÇÃO COMO DISPOSITIVO TECNOLÓGICO NO CUIDADO EM SAÚDE: UM OLHAR SOBRE A UNIDADE MISTA DE SAÚDE DE BARCARENA.
  • Data: 29/08/2013
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  • RESUMO Este trabalho se propõe a conhecer como têm se efetivado as práticas do cuidado em saúde, de uma população no município de Barcarena, na Amazônia Brasileira. O município de Barcarena sofre a influência de um grande projeto de mineração explorado por uma empresa internacional, recebendo como ônus, diversos problemas ambientais em saúde, que deságuam, em sua maioria, na população carente do município. Nos últimos anos, a questão da saúde em nosso País, vem se constituindo em tema para grande debate e discussão com a sociedade civil, o que proporciona a reflexão e a busca constante por melhorias no Sistema Único de Saúde-(SUS). Entre os temas mais importantes estão: o do cuidado e o da atenção integral. As pesquisas do Instituto de Pesquisas Aplicadas-(IPEA)-2011 e Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios-(PNAD/IBGE)- 2008 demonstraram que os que têm acesso à atenção à saúde avaliam, em sua maioria, o atendimento como razoável ou bom. Por outro lado, há forte tensão no que se refere ao acesso desigual e às desigualdades regionais, visto que, afetam diretamente o que é preconizado pela Constituição quanto ao cuidado e a atenção integral para a população: o cuidado integral, hierarquizado e regionalizado. Diante deste panorama, esta Dissertação se propõe a analisar a Humanização, como um dispositivo tecnológico no cuidado em saúde utilizando como meio, a problematização das práticas de atenção, aqui exercidas pelos atores (gestores, trabalhadores e usuários), que realizam o cuidado na Unidade Mista de Saúde de Barcarena. A metodologia se constituiu em um estudo de caso, com abordagem qualitativa. Foi utilizado como método, o estudo de caso, baseado em entrevistas individuais, com perguntas abertas e semi-estruturadas buscando entender de que forma os atores envolvidos com o cuidado se expressam quanto à saúde e quanto à doença, questionando como se dá a prática do cuidado em saúde na UMSB e de que forma essas práticas contribuem para uma assistência humanizada. Foram entrevistados os usuários internados nas enfermarias masculina, feminina e pediátrica, os trabalhadores (alfabetizados) e o gestor da Unidade Mista de Saúde de Barcarena. A análise dos dados foi feita consubstanciada em eixos temáticos construídos a partir dos aspectos mais relevantes encontrados no trabalho de campo e no resultado das entrevistas. Com base nos resultados, observei que, a compreensão dos participantes, em relação ao sentido de saúde e doença se mostra mais ampla, quando comparada com a visão médico-centrada, o que favorece um cuidado mais acolhedor. No entanto, pude observar também, que na conduta profissional dos participantes há a existência da dupla face, entre frestas de acolhimento e o trabalho centrado no médico, ou seja, a divisão entre os que acolhem e os que utilizam os procedimentos baseados nas tecnologias duras sem reflexão. Além disso, é possível afirmar que o quantitativo dos profissionais em saúde é escasso em relação à demanda de usuários, o que acaba por prejudicar a assistência humanizada em saúde. Outra observação realizada foi à questão do cuidado de si, que na realidade da assistência à saúde do município estudado é pouco enfatizado, em função da cultura da medicalização centrada na prática médica.
  • MÁRCIA ROBERTA DE OLIVEIRA CARDOSO
  • COM A VOZ, OS USUÁRIOS: discursos sobre as práticas de cuidado em saúde mental em um CAPS do Estado do Pará
  • Data: 29/08/2013
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  • Nesta dissertação analisei como as práticas de cuidado em saúde mental são percebidas pelos usuários de um CAPS do Estado do Pará, procurando conhecer seus itinerários terapêuticos. Além disso, busquei verificar se o discurso dos usuários é incorporado no processo de organização das práticas no cotidiano dos serviços do CAPS estudado. Nesse sentido, procurei escutar a voz dos usuários, por entender que todo o debate em relação à política e às práticas de cuidado em saúde mental deve levar em consideração o protagonismo do usuário como centro de suas ações, em consonância com os princípios da Reforma Psiquiátrica. O caminho metodológico escolhido está inserido no campo das abordagens qualitativas, de acordo com as proposições realizadas por Minayo (2007) e Turato (2005) no campo da saúde. A pesquisa de campo foi realiza em um CAPS sob gestão da SESPA. Participaram deste estudo catorze usuários do CAPS, que estavam oficialmente cadastrados no mínimo há mais de três meses e utilizando regularmente os serviços. Na coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: observação participante, pesquisa documental e bibliográfica, além de entrevistas semiestruturadas que foram gravadas e transcritas. As entrevistas foram analisadas de acordo com quatro eixos temáticos estabelecidos, quais sejam: Processo Saúde e Doença, Itinerário Terapêutico, Práticas de Cuidado em Saúde Mental e Usuário e Autonomia. Com base nos repertórios linguísticos dos usuários, é possível afirmar que o sentido dado ao processo saúde e doença foi explicitado por meio dos sintomas orgânicos, dos sintomas psíquicos, e por meio das crises, vivenciados no processo de adoecimento. A forma de sentir e de lidar com esse sofrimento, fez com que cada sujeito procurasse os recursos que estivessem ao seu alcance, para amenizar os efeitos relacionados ao processo de adoecimento, caracterizando o que foi chamado de Itinerário Terapêutico. Quanto às práticas de cuidado produzidas no cotidiano dos serviços, foram avaliados pelos usuários aspectos relacionados ao acolhimento, ao diagnóstico, ao tratamento, ao atendimento dos profissionais de forma geral e em relação às atividades desenvolvidas no cotidiano do CAPS. De fato, ficou claro nos discursos que o CAPS estudado foi o local em que se sentiram mais satisfeitos no que se refere ao cuidado, principalmente quando comparado ao tratamento recebido em outros serviços de saúde da rede pública e privada. Entretanto, ainda é observada no âmbito desses serviços, a coexistência de práticas de cuidado que corroboram para os ideais da Reforma Psiquiátrica e outras que ainda reproduzem a lógica manicomial. Na tentativa de identificar mecanismos e estratégias utilizadas no âmbito do CAPS que desse “voz” aos seus usuários, pude observar que já há um movimento no sentido de dar maior autonomia a esse usuário, principalmente quando o CAPS possibilita a constituição de espaços participativos, fazendo com que o usuário possa cada vez mais, ser o protagonista, capaz de criar caminhos para si e, com isso, alcançar os propósitos da Reforma Psiquiátrica. Entretanto, o conflito de forças presentes no interior dos serviços acabam por restringir a atuação desses espaços no sentido de desenvolver movimentos de resistência e criação.
  • ARLENE MARA DE SOUZA DIAS
  • TRAUMA E SEDUÇÃO DIANTE DAS “FALSAS” MEMÓRIAS DE ABUSO SEXUAL NA ALIENAÇÃO PARENTAL: uma possível interlocução entre a psicanálise e o direito a partir do pensamento de Freud e Laplanche
  • Data: 16/08/2013
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  • Esta pesquisa objetiva compreender de que maneira a noção de trauma e sedução em psicanálise, a partir do pensamento de Freud e Laplanche, pode lançar luz sobre o problema jurídico das “falsas” memórias de abuso sexual no contexto da alienação parental-AP. Especificamente, busca demonstrar de que forma a alienação parental pode deixar traumas e sequelas e; analisar se naquele contexto o psicanalista pode atuar como perito judicial levando em consideração a “verdade” para a psicanálise e para o direito. No contexto, a hipótese é de que a mãe assume a condição de genitora alienante em grande parte dos casos. E, a partir de conflitos não elaborados acusa o ex-parceiro de praticar abuso sexual contra o (a) filho (a) de tenra idade – 03 a 07 anos, vindo este a confirmá-lo, caracterizando “falsas” memórias de abuso sexual. Metodologicamente, caracteriza-se por uma pesquisa teórica em psicanálise, cujo principal referencial teórico é o pensamento de Freud e Laplanche, os quais desenvolveram a temática da sedução de forma peculiar, estreitamente ligada ao conceito de trauma. Aponta entre os resultados que a alienação parental pode evoluir para a implantação da síndrome da alienação parental - SAP, momento no qual a criança passa a apresentar uma série de sintomas decorrentes da situação traumática. Aponta, ainda, que é possível a atuação do psicanalista no âmbito jurídico, o que não importa um abandono de suas concepções. Em relação às mensagens inconscientes lançadas no contexto das “falsas” memórias de abuso sexual na alienação parental pelo alienador, a sedução é generalizada porque não parte da consciência, vez que o próprio sedutor não sabe que está seduzindo. Enfim, este trabalho chega à conclusão que para além da questão do caráter inconsciente das mensagens transmitidas pelo adulto sedutor, é imprescindível reconhecer que a criança embora não tenha a capacidade de compreendê-las, é capaz de seduzir, vez que é dotada de sexualidade, porém, não como um adulto.
  • JUCELIA PEREIRA FLEXA
  • A sexualidade de Mulheres vivendo com AIDS:contribuição da psicanálise.
  • Data: 12/07/2013
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  • As conseqüências do diagnóstico na sexualidade de mulheres vivendo com o HIV/AIDS:contribuições da psicanálise.
  • DANIELLE CARVALHO RAMOS
  • NA FRONTEIRA DO GOZO COM A ANGÚSTIA - Sobre o aleitamento materno exclusivo, um estudo psicanalítico.
  • Data: 12/07/2013
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  • O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo teórico psicanalítico acerca do aleitamento materno exclusivo e suas implicações sobre o exercício da maternidade, sobre a relação mãe-bebê, tomando como eixo teórico principal os conceitos de gozo e angústia. Foi desde a escuta de mães inseridas em um programa de aleitamento materno exclusivo em um hospital-maternidade em Belém-PA que se acendeu a fagulha desta pesquisa, uma vez que ali saltou aos olhos o quão ambivalente pode ser o funcionamento materno no que concerne à amamentação, especialmente quando as mães estão submetidas a esse discurso da exclusividade do aleitamento – o qual preconiza que a mãe deve amamentar seu bebê unicamente através do seio-leite materno pelo menos até o sexto mês. Em suas falas apareceram diversos impasses e questões, mães divididas entre o saber médico, que traz um forte tom moralizante sobre a amamentação, e as dúvidas, inquietações e contrastes da experiência que vivenciam. Esse discurso que incentiva à amamentação, pautando-se em um ideal de maternidade – uma vez que estabelece, nas entrelinhas de suas diretrizes, que a boa mãe é aquela que amamenta –, ignora que a maternidade, a despeito de implicar prazer, é ainda atravessada por mal-estar, que a relação mãe-bebê é incisivamente marcada pela ambivalência. Essas dissonâncias subjetivas invariavelmente também ocupam seu lugar na experiência de amamentação, uma vez que o amamentar possui um gozo que lhe é próprio. Em um deixar-se absorver pelo abnegado ato de amamentar que anui ao ideal da boa mãe, há o favorecimento de uma excessiva e voraz relação entre mãe e filho, cuja síntese aparece no sintoma materno. É nesse ponto que o conceito de objeto a erige-se e ganha toda relevância na discussão, uma vez que, a partir dele, há a possibilidade de abordar os conceitos de gozo e angústia em uma mais estreita aproximação, especialmente no que concerne ao laço mãe-bebê diante da problemática do aleitamento materno.
  • ROBERTA KARYNE BRASIL BANDEIRA
  • A paternidade após o rompimento conjugal.
  • Data: 28/06/2013
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  • Para o pai, na maioria das vezes a principal repercussão na separação conjugal de casais com filhos é o distanciamento físico e emocional da prole. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo compreender a paternidade na perspectiva do pai após o rompimento conjugal. A pesquisa foi realizada através de uma abordagem qualitativa e a coleta de dados foi obtida a partir de entrevistas semi-estruturadas. Foram entrevistados oito homens separados que tinham pelo menos um filho de até 6 anos de idade oriundo desse relacionamento no momento do rompimento. O critério de exclusão dos colaboradores foi o recasamento. Utilizou-se no tratamento dos dados a análise de conteúdo, com ênfase nas categorias: Transformações Familiares e Transformações da Paternidade. A categoria Transformações Familiares aponta para a compreensão da formação da família, do rompimento conjugal, da guarda dos filhos, da relação com a ex cônjuge e da percepção do cuidado materno. Na categoria Transformações da Paternidade entendeu-se a partir dos cuidados paternos, dos cuidados de meninos e meninas, do relacionamento com os filhos, do nome dos filhos, da ajuda da família e ser pai separado. Pode-se depreender a partir dos resultados que os pais se relacionam com os filhos ainda muito influenciados pelo modelo tradicional de papéis familiares, em que a função paterna primordial é o provimento econômico, mas também são influenciados pela reorganização dos papéis sociais na contemporaneidade, preocupando-se com os cuidados parentais e o envolvimento emocional com os filhos. Constata-se que não há prevalência de um único modelo de paternidade estabelecido pelos pais, assim, a forma com que eles exercem e compreendem seu papel está relacionado aos diversos contextos encontrados após o divórcio. E esse contexto está diretamente associado ao relacionamento parental estabelecido após o rompimento conjugal, haja vista que a possibilidade de exercer os cuidados paternos e manter um envolvimento emocional com os filhos só é possível a partir do convívio com os mesmo, portanto dependem da capacidade dos ex-cônjuges de diferenciar o relacionamento parental e o relacionamento conjugal.
  • JONASO JOSÉ DOS PASSOS DIAS
  • AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO MÉDIO
  • Data: 21/06/2013
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  • O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo avaliar a compreensão leitora nas séries finais do ensino médio em escolas públicas. Teve como problema eixo a falta de compreensão leitora identificada nacionalmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP, por meio do sistema de avaliação da educação básica – SAEB. Para a realização desta pesquisa, procedeu-se em um estudo de natureza quantitativa por meio da qual se utilizou o teste de Cloze como instrumento avaliativo e de natureza qualitativa na qual se empregou a entrevista como instrumento coletor de dados. Os dados do teste foram analisados por meio da tabela de níveis de compreensão propostos por Bormuth e os da entrevista por meio da análise de conteúdo. Enquanto resultado foi possível constatar que estudantes das séries finais do ensino médio de escolas públicas não conseguem efetivar uma leitura com compreensão textual, logo se encontram no nível de frustração proposto por Bormuth. Constatou-se também que, segundo a visão dos estudantes, ocorrem problemas no momento de se repassar atividades com textos em sala de aula. Portanto, tanto a verificação por meio do teste quanto a constatação por meio das entrevistas pontuam problemas de interatividade no processo de ensino e aprendizagem em sala de aula no que concerne às atividades de leitura para compreensão textual.
  • JULIANA DE CASTRO NOGUEIRA
  • A OBJETIVAÇÃO DA VIOLÊNCIA A PARTIR DA NOÇÃO DE CICLO DE VIDA: INTERROGANDO AS PRÁTICAS DE SABER/PODER DO UNICEF.
  • Data: 13/06/2013
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  • Esta dissertação teve por objetivo analisar a objetivação da violência para o UNICEF a partir da problematização da noção de ciclo de vida, estratégia adotada por esta agência para o enfrentamento da violência. Realizamos uma pesquisa histórica-documental do livro “Análise da violência contra a criança e o adolescente, segundo o ciclo de vida no Brasil - conceitos, dados e proposições” publicado em 2005. As análises pautaram-se na metodologia arqueogenealógico propostas por Michel Foucault. Observamos que a produção da violência nesse documento levou em conta sua abrangência e especificidade de manifestação em cada fase de vida. Com isso o UNICEF buscou operar a gestão biopolítica dos corpos de crianças e adolescentes pobres do Brasil em uma perspectiva calculista neoliberal. Concluímos que as práticas de saber/poder propaladas por esta agência busca o controle dos riscos através da individualização da problemática da violência, o que em nossa análise contribuiu para a estigmatização das famílias pobres tomadas como as principais responsáveis pela reprodução da violência.
  • ANDRÉ BENASSULY ARRUDA
  • Medida socioeducativa de privação de liberdade em unidade de internação em Belém/PA
  • Data: 11/06/2013
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  • Esta pesquisa objetivou identificar e compreender as representações imaginárias sociais sobre relacionamento extraconjugal feminino, presentes no discurso de mulheres casadas que mantêm relacionamentos extraconjugais. A teoria de Cornelius Castoriadis deu suporte para a realização deste estudo. Foi utilizada a metodologia qualitativa e foram realizadas entrevistas semidirigidas para obtenção das informações junto as participantes. Foram entrevistadas 09 mulheres casadas, com idade entre 30 e 48 anos, da classe média urbana de Belém-PA, que disseram ter pelo menos uma relação extraconjugal. Os dados foram analisados por meio do Método de Explicitação do Discurso Subjacente (MEDS). A análise dos resultados demonstraram que as mulheres justificam suas traições devido à traição do marido, como uma vingança, ou pelo fato dos cônjuges não as satisfazerem afetiva e/ou sexualmente. Exploraram-se: os diversos significados que as entrevistadas atribuíram à infidelidade; o modo como essas mulheres vivenciam o sentimento de culpa gerado pelo conflito existente entre as regras sociais introjetadas e o desejo de viver uma relação extraconjugal. Dessa forma, a infidelidade conjugal remete a momentos de felicidade, vivências que fogem à rotina diária, propiciada pelos momentos de lazer. Conclui-se que a dimensão imaginária direciona a ação humana, assumindo um papel fundamental na materialização da infidelidade no que diz respeito ao desejo dessas mulheres de manter uma outra relação fora do casamento. Dessa forma, ressalto que somente o conhecimento das regras instituídas socialmente não são suficientes, apesar de imprescindíveis, para gerar ações e modos de pensar compatíveis com as normas e valores sociais
  • ROSEANE TORRES DE MADEIRO
  • O ATO INFRACIONAL ENTRE O GOZO E A LEI: um enlaçe possível
  • Data: 06/06/2013
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  • Esta dissertação apresenta uma discussão acerca do ato infracional, a partir das noções psicanalíticas de gozo e de lei, com o objetivo de investigar se há uma possível relação entre o ato infracional e a internalização da lei paterna. Considerando que, em psicanálise, a lei ordena o campo do gozo, poderia o ato infracional, analisado pela ótica do gozo, ser compreendido como um apelo à lei paterna? A partir da experiência de trabalho em uma instituição jurídica, o Centro de Internação do Adolescente Masculino – CIAM - foi possível realizar algumas articulações no que tange a inserção da psicanálise nesta instituição. A discussão teórica se deu em torno dos conceitos de gozo e de lei e foi norteada a partir de fragmentos de dois casos, são eles, João – O usurpador de mulheres, e Pablo – O menino a espera de uma lei. O método teórico-clínico psicanalítico foi utilizado visando previlegiar o texto singular de cada sujeito. A partir da análise destes fragmentos, concluiu-se que o ato infracional pode se constituir como meio de gozo, bem como um pedido de interdição. Tal paradoxo entre gozo e lei nos remete a uma instância psíquica teórica desenvolvida na teoria psicanalítica, a saber, o superego. Esta instância também é marcada por uma ambivalência: é a responsável por impelir um sujeito ao gozo, e ao mesmo tempo, conduzí-lo a um desejo por um castigo, por uma punição. Há, portanto uma relação ambivalente entre gozo e lei, a qual nos alerta para a atuação diante do trabalho em uma instituição jurídica: é preciso escutar a transgressão dos sujeitos adolescentes, visto que esta pode ser a via para a internalização de uma lei que nos termos da psicanálise se dá a partir da função paterna. Logo, cabe ao analista apostar que o inconsciente pode estar se insinuando ali através do ato infracional.
  • ERIC CAMPOS ALVARENGA
  • A CORAGEM DE SER MÚSICO DE ORQUESTRA SINFÔNICA: UMA ANÁLISE BASEADA NA PSICODINÂMICA DO TRABALHO
  • Data: 17/05/2013
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  • Esta dissertação analisa o que músicos da Orquestra Sinfônica da Amazônia de uma cidade da região norte do Brasil dizem em relação ao seu trabalho, verificando possíveis aspectos produtores de prazer e sofrimento psíquico. Além disso, procura investigar como se dá a organização do trabalho, as condições de trabalho, bem como as estratégias coletivas e o reconhecimento. A Psicodinâmica do Trabalho é o aporte teórico central. Ela estuda a saúde psíquica no trabalho, dando prioridade para a inter-relação entre sofrimento psíquico e as estratégias de mediação mobilizadas pelos trabalhadores para suportar o sofrimento e transformar, quando possível, o trabalho em fonte de prazer. Aqui foi utilizada uma análise metodológica qualitativa, fazendo uso de entrevistas individuais e coletivas como método de acesso à subjetividade dos trabalhadores. Nove músicos fizeram parte desse estudo. A demanda da pesquisa partiu do pesquisador, dada a sua implicação como músico, porém todos entrevistados mostraram interesse em participar voluntariamente. As entrevistas foram feitas com base na técnica específica de pesquisa e intervenção da Psicodinâmica do Trabalho, por meio de um roteiro semiestruturado. Utilizou-se a técnica de Análise de Núcleo de Sentido para examinar o material registrado. Com base nos resultados, é possível afirmar que a organização do trabalho destes músicos segue uma tradição secular e rígida, onde há pouco espaço para autonomia. Como há raro espaço para adequar as normas da organização do trabalho a seus desejos e necessidades, os músicos vivenciam sofrimento. Diante deste sofrer, “ser humilde” e assim, abrir mão de seus modos de interpretar as obras, é uma das estratégias coletivas para lidar com o dia-a-dia do trabalho. Eles têm no grande poder sublimatório de sua atividade artística o seu maior aliado para transformar o sofrimento em prazer.
  • FELIPE FIGUEIREDO DE CAMPOS RIBEIRO
  • Genealogia dos homens perigosos: o dispositivo psiquiátrico criminal na contemporaneidade
  • Data: 03/05/2013
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  • A presente dissertação objetiva fazer uma genealogia do dispositivo psiquiátrico criminal na contemporaneidade: analisei Acórdãos Judiciais produzidos no Brasil entre os anos de 2011 e 2012. Não sem antes, contudo, de empreender um estudo bibliográfico que apreendeu os centrais momentos históricos deste dispositivo; a saber: o seu nascimento e os principais processos de reordenações que o conduziu aos seus novos modos de ação na contemporaneidade. Um segundo objetivo mais específico - porém, não desarticulado do primeiro – se erigiu: abordar teoricamente o campo da criminologia psicanalítica (mais precisamente: o que esta discursividade enuncia – diversamente à discursividade psiquiátrica - acerca das relações do sujeito com o crime e da ética que norteia suas práticas neste campo). A metodologia adotada para alcançar o objetivo central da pesquisa foi a análise genealógica dos Acórdãos Judiciais; esta consistindo na demonstração dos efeitos mais concretos do discurso sobre o que há de mais material nos sujeitos: seus corpos. Coletei cinco (05) Acórdãos no site jusbrasil.com.br, todos relativos a casos de Agravos de Execuções Penais nos quais foi realizado Exame Criminológico por peritos em psiquiatria. Pôde-se constatar que, no campo criminal, as respostas psiquiátricas à interrogação “quem é este individuo?” têm sido, na contemporaneidade brasileira, ainda mais largamente circunscritas pelos registros da anormalidade e da periculosidade do que à época do nascimento do dispositivo psiquiátrico. Uma gama ainda maior de enquadramentos de morbidades subjetivas – alguns anteriormente inexistentes – vem sendo associada à potencialidade para o crime. Algo, porém, anterior a isto foi constatado: antes da aferição clara de qualquer enquadre diagnóstico, qualificadores (palavras) – exemplos: “instabilidade emocional”, “impulsividade”, “intolerância”, “baixo controle dos impulsos”, "baixo limiar a frustrações” - oriundos de um vocabulário dito técnico são empregados como descritores de constâncias subjetivas dos indivíduos e utilizados como argumento válido à aferição da periculosidade destes. Ao lado disso, com inserção da problemática do Mal posta na cena do crime pelo discurso psicanalítico, percebeu-se uma perspectiva possível de compreensão do homem que desvanece a oposição entre os registros da normalidade e anormalidade das condutas – portanto, da oposição entre os que seriam responsáveis sobre si e os que não o seriam – erigidos pelo discurso psiquiátrico; sendo, deste modo, a responsabilização do criminoso a saída ética do dispositivo psicanalítico.
  • ALAN SOUZA LIMA
  • Além do Princípio do Talião: estupro, prisão e supereu
  • Data: 26/04/2013
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  • O presente trabalho trata da relação existente entre a pena de talião infligida ao estuprador na cadeia e o conceito de supereu tal como proposto pela psicanálise a partir de Freud e a partir das contribuições de Lacan. Apresenta como objetivo explorar a hipótese acerca de uma relação de pertencimento entre a prática do talião e a ação da instância do supereu, de maneira que, após tais considerações de ordem teórica, possam ser formuladas algumas questões de ordem ética. O percurso metodológico adotado consistiu em uma pesquisa exploratória de caráter bibliográfico, a qual teve início com a abordagem da constituição histórica da prisão moderna a partir do pensamento de Michel Foucault. Ressalta-se aqui a produção da delinqüência e o fracasso da instituição prisão enquanto elementos de grande importância para o tema na medida em que tais realidades são tomadas enquanto importantes condicionantes do fenômeno em causa. Considerando a instituição prisão como um possível “ponto de estofo” entre a civilização e a barbárie, apela em seguida à psicanálise enquanto discurso de base para tal dialética entre o civilizado e o bárbaro, que parece se manifestar de maneira paradigmática na prisão. Por conseguinte, aborda o conceito de supereu em Freud a partir de algumas obras determinadas previamente, escolhidas em função de sua proximidade ao conceito em questão. Destaca o aspecto paradoxal do supereu, que se caracteriza por ser uma instância psíquica que se instaura a partir da lei, mas se volta contra ela. Tal paradoxo é um dos saldos mais relevantes das formulações de Freud sobre o supereu. Retoma em seguida parte das contribuições de Lacan sobre o supereu e o gozo a partir de algumas obras determinadas previamente. A abordagem das contribuições de Lacan é de fundamental importância para o conjunto de nossa hipótese. Ressalta o aspecto imperativo da lei do supereu, frente a qual o sujeito pode se empenhar para cumprir tal lei, mesmo à custa de si mesmo. Tal imperativo conjuga o formalismo de Kant com a imposição do gozo de Sade, facultando o desvanecimento do sujeito diante da lei. Finaliza concluindo a ascendência da instância do supereu sobre a pena de talião, identificando em ambas a mesma forma: a lei e sua dissolução. Convida a um posicionamento de ordem ética quanto ao fenômeno e, por extensão, a todas as práticas de crueldade que se fundamentam em uma falsa forma de se fazer justiça.
  • SIMONE DOS SANTOS ABRAAO PAMPOLHA
  • CRIANÇA NÃO DEVERIA MORRER”: significados atribuídos por profissionais de saúde ao paliar crianças em iminência de morte
  • Data: 15/04/2013
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  • Este estudo tem por objetivo compreender os significados atribuídos por profissionais que atuam em enfermaria pediátrica sobre o cuidar da criança com doença sem possibilidade de cura, hospitalizada e em processo de morte. A estratégia metodológica foi fundamentada na abordagem qualitativa, que corresponde a um método preocupado com as singularidades e particularidades de um objeto, sem a pretensão de generalizações ou de verdades absolutas quanto aos resultados encontrados. A pesquisa foi desenvolvida na Clínica Assistencial Pediátrica do Hospital Universitário João de Barros Barreto, vinculado à Universidade Federal do Pará, em Belém-Pa. Colaboraram com a pesquisa doze (12) profissionais, sendo 3 Médicos, 1 Psicólogo, 1 Terapeuta Ocupacional, 2 Enfermeiros, 1 Fisioterapeuta, 1 Assistente Social e 3 Técnicos em Enfermagem que lidam diariamente com o processo de morrer de crianças internadas nesta instituição. Como instrumento para coleta dos dados foi utilizado a entrevista semi-dirigida, sendo realizada a análise de conteúdo temática, por meio da qual foram identificados três temas centrais: A Negação e Interdição da Morte; Apegos e a Experiência do Luto e Formação para Paliar. Para os colaboradores paliar é uma árdua tarefa envolvendo todo cuidado direcionado à criança sem possibilidades terapêuticas curativas. Contudo, na impossibilidade de evitar a morte da criança os profissionais podem vivenciar intenso sofrimento, o que favorece as ações obstinadas para manutenção da vida, a negação e interdição da morte. Tal como pais apegados e cuidadosos para com seus filhos, na iminência de morte ou óbito da criança, os profissionais vivenciam sentimentos característicos do luto. Em relação à formação do profissional de saúde destaca-se a ausência de disciplinas abordando o tema da morte e do morrer durante os anos da graduação, chamando atenção para a necessidade da inclusão dessas nos currículos da graduação. Os achados sugerem o estranhamento frente à morte da criança e a vivência do luto não autorizado, corroborando em favor das ações de educação para vida e para morte.
  • ELIANE CRISTINA DECKMANN FLECK
  • OBESIDADE MÓRBIDA: ESTUDO DE CASO DO SOFRIMENTO PSÍQUICO NA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA
  • Data: 05/04/2013
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  • Esta pesquisa foi realizada com pacientes do Sistema Público de Saúde e do consultório, com diagnóstico médico de obesidade mórbida que passaram por cirurgia bariátrica (Bypass Gástrico em Y de Roux) e voltaram a engordar. Ela é considerada, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma doença epidêmica e um problema de saúde pública devido às comorbidades, sendo sua origem multifatorial. Foi realizado o estudo de caso de um paciente do sexo feminino, maior de idade, sem etnia e escolaridade pré-definida, com pelo menos três anos de operada, com o objetivo de analisar o sintoma adicção como portador de um sentido a ser apropriado pelo sujeito, cuja ingestão compulsiva do objeto comida corresponderia à tentativa ilusória de suprir a falha básica e a impossibilidade de introjetar o objeto primário. O engordar e o emagrecer, portanto, estariam relacionados a perdas de objetos, sendo uma defesa contra o desamparo, o que permite pensar o modo de subjetivação adictivo como hipótese para a obesidade. É pela via da transferência como dispositivo clínico que permite ao sujeito tomar seu corpo na dimensão pulsional, diferenciando o corpo orgânico tratado pela Medicina, do corpo erógeno concebido pela Psicanálise, na tentativa de enfrentar o sofrimento psíquico e possibilitar novos destinos pulsionais.
  • WARLINGTON LUZ LOBO
  • PSICOTERAPIA BREVE GESTALTICA PARA HOMENS COM HIV/AIDS EM CONTEXTO DE CLINICA AMPLIADA
  • Data: 22/02/2013
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  • O presente trabalho visou investigar qual a importância da Psicoterapia em homens doentes de aids marcados pela proximidade com a morte ou a finitude existencial internados em uma enfermaria hospitalar. A intervenção psicológica, na área da saúde e da clínica psicológica, foi procedimento interventivo que permitiu efetivar a escuta socialmente engajada visando superar a premissa acerca da doença enquanto centro do tratamento, transmitida ao longo da história e veiculando a concepção de um sujeito patológico. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho foi incentivar os participantes da pesquisa a vivenciar a atenção à própria saúde reconhecendo-a enquanto um direito de cidadania básico a todos os homens. Sobre os procedimentos a psicoterapia breve gestáltica e os cuidados paliativos foram as estratégias utilizadas nos atendimentos realizados no Hospital Universitário João de Barros Barreto em Belém do Pará-Brasil. Os participantes da pesquisa foram quatro homens adultos, com faixa etária entre 18 e 49 anos de idade. A seleção iniciou com a pesquisa documental dos relatórios e documentos elaborados pelos profissionais que atendem na enfermaria da clinica infecto-parasitária (DIP) como fichas de identificação, prontuários de identificação dos casos, onde estava descrita o diagnóstico, o histórico de saúde. Tratou-se de uma pesquisa clínico-qualitativa, que utilizou o método fenomenológico e concepções existencialistas, e referencial teórico da Gestalt-terapia. Para a análise do discurso dos informantes se valeu da Hermenêutica da linguagem proposta em Paul Ricouer, que propõe a compreensão da dimensão linguística (sentido) e dimensão extralinguística (referência), partindo da análise gramatical da frase do locutor, perpassando pela análise semântica da fala, com atenção às funções e atos da linguagem. Nas analises nos atentamos unicamente à assimilação da função Expressiva ou Emotiva, em que o sujeito que se destacou foi o EU, e aos atos do discurso: locucionários (ato de dizer; expressão verbal), ilocucionários (aquilo que fazemos ao dizer; recursos não verbais que acompanham a fala) e atos perlocucionários (reflexo da linguagem no outro). Os resultados mostraram que os homens são responsáveis por suas próprias habilidades, e que podem ampliar as possibilidades em suas vidas, mesmo em situação de fragilidade e sem possibilidade de cura, identificando os meios a sua disposição, que permitiram lidar com uma situação de dificuldade. Quanto à psicoterapia ela foi um facilitador, e proporcionou a possibilidade de se compreender alguns modos de vinculação, subjetivação e relação dos homens atendidos no hospital.
  • ROBERTA BENTES FLORES BAYMA
  • Compreensão gestáltica do discurso de adolescentes masculinos em cumprimento de liberdade assistida no município de barcarena-pa
  • Data: 21/02/2013
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  • Esta dissertação contempla pesquisa qualitativa realizada com adolescentes do gênero masculino em cumprimento de Liberdade Assistida (LA), na cidade de Barcarena-PA, buscando desvelar alguns elementos que integram os processos de subjetivação dos informantes, identificados em seus discursos. Além disso, objetivou analisar as referências familiares que oportunizam configuração de suportes emocionais e verificar os significados subjetivos do cumprimento da medida socioeducativa. As referências teóricas examinadas foram textos científicos produzidos pela Psicologia sobre o signo “adolescência”, nas perspectivas gestáltica e histórico-crítica, atentando, igualmente, para os estudos de gênero masculino e das políticas sociais brasileiras sobre a medida de LA. A coleta de dados ocorreu em um Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), utilizando como procedimentos teórico-metodológicos a análise hermenêutica fenomenológica do discurso, conforme o ponto de vista de Paul Ricoeur (1988), a partir da transcrição de entrevistas individuais com 03 (três) adolescentes. Os resultados do estudo conferem compreensões gestálticas da linguagem e dos discursos dos informantes, apresentados através de fluxos da compreensão, segundo o modelo de Pimentel (2011b). A perspectiva gestáltica pressupõe o entendimento do campo onde foi produzido o discurso e a significação, conferindo temporalidade e embasamento relacional, que orientou as interpretações e análises, sobretudo a caracterização plural das adolescências. Algumas das principais conclusões ventilam: a necessidade de fortalecimento da rede de atendimento destinada à atenção em saúde, especificamente sobre o consumo de álcool e outras drogas, como forma de prevenir violações de direitos; ampliação e articulação das políticas públicas de qualificação profissional de adolescentes, lazer e cultura como possível contribuição para redução dos atos infracionais e fundamentais ao sucesso e eficácia do acompanhamento das medidas socioeducativas em meio aberto; e a percepção da “impunidade” na relação com policiais, como principal motivo apontado para reiteração em condutas ilegais.
  • ANDREZA MOURÃO LOPES
  • Avaliação e intervenção de bebês em instituição de acolhimento infantil
  • Data: 18/01/2013
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  • : O presente estudo aborda a avaliação e intervenção com bebês em uma instituição de acolhimento infantil na cidade de Belém-Pa, através da aplicação da Escala de Desenvolvimento do Comportamento da Criança – EDCC e de um programa de atividades elaborado pela pesquisadora para a estimulação precoce/essencial das habilidades motoras, cognitivas, linguagem e afetivas. Dados referentes à história pregressa de todas as crianças envolvidas no estudo também foram considerados e obtidos por meio de relatos informais da equipe da instituição de acolhimento e através de documentos (prontuários) junto à direção. Participaram do estudo quatro bebês, com idade entre seis a onze meses, que não apresentavam disfunções neurológicas e com o maior tempo de permanência na instituição. A abordagem metodológica utilizada foi qualitativa, com característica descritiva e interventiva de pesquisa. A avaliação com a utilização da EDCC no período pré-intervenção demonstrou que todos os bebês participantes da pesquisa obtiveram a pontuação “4” referente a classificação “bom” da escala, sendo que inicialmente apresentaram dificuldades na realização de comportamentos que envolvem a linguagem e a interação social. Na reavaliação, a maioria dos bebês participantes manteve a pontuação “4” com apenas um evoluindo para “5” (excelente), visto que obtiveram melhora significativa nos comportamentos que exigiam a interação com outra pessoa. Assim como através do programa de estimulação, as crianças evoluíram na aquisição das habilidades motoras e afetivo-sociais. Os bebês passaram a demonstrar comportamentos como olhar nos olhos, sorrisos, reconhecimento do rosto do adulto, vocalizações, entre outros. Isto evidenciou que o contexto de acolhimento pode ser um fator de proteção para a infância que encontra-se em situação de vulnerabilidade. Por fim, propõe-se que estudos futuros possam reconhecer a importância da avaliação do desenvolvimento infantil em contextos institucionais e de propostas de estimulação que possam ser incorporadas no cotidiano desses ambientes.
  • SHEYLA PEREIRA ROCHA
  • PRÁTICAS DE CUIDADO NA ASSISTÊNCIA NEONATAL: UM ESTUDO ACERCA DA INTEGRALIDADE EM SAÚDE EM UM HOSPITAL PÚBLICO
  • Data: 03/01/2013
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  • A integralidade do cuidado representa hoje um desejo e uma demanda constante, inerente aos nossos espaços públicos de saúde, aqui compreendida não apenas como uma diretriz do SUS definida constitucionalmente, mas como um conjunto de ações e práticas de atenção à saúde que, aliados a tecnologias possa constituir-se como uma prática social e política, compreendendo os indivíduos e coletividades em suas singularidades. O presente estudo trouxe uma abordagem acerca de quais aspectos contidos nas práticas de cuidado na assistência neonatal são favorecedores da produção da integralidade, para isso é feita uma análise sob dois olhares: o do profissional de saúde e o (olhar) do usuário, que é o bebê, porém representado pelos seus pais. A análise da forma como ocorre a integralidade nas práticas de cuidado prestadas pelos profissionais da UTI neonatal e como os usuários, pai e mãe, avaliam o cuidado neste lugar, constituíram-se como os objetivos deste trabalho. A pesquisa em questão partiu de uma abordagem qualitativa, entendendo que a integralidade é permeada por aspectos subjetivos nas relações entre profissionais e usuários dos serviços. Foi realizada no espaço de uma UTI neonatal da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, a qual comporta 20 leitos para o atendimento de bebês prematuros graves. Foram utilizadas como instrumentos de pesquisa a observação participante e a entrevista semi-estruturada com uma amostra da equipe multiprofissional composta de médicos, enfermeiros, psicólogos, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e assistentes sociais, além dos pais (cuidadores) dos bebês internados. Foi observado que a integralidade do cuidado na assistência neonatal no hospital estudado ainda se constitui como uma perspectiva futura, apontada tanto na avaliação dos profissionais quanto na dos cuidadores, sendo atravessada e fortemente influenciada por um processo de trabalho fragmentado, com sobrecarga de trabalho, sofrimento psíquico, dificuldades na gestão da saúde,aspectos estes que se refletem nas práticas de cuidado e tecnologias adotadas pela equipe, tecnologias que são permeadas ainda pelas práticas médicas e pelo olhar para a doença e não para o sujeito. Os usuários e os profissionais de saúde avaliaram o cuidado como muito bom, na UTI neonatal e apontaram a necessidade urgente de integralidade e humanização no cuidado ao recém-nascido, tecendo como dispositivos favoráveis o Método Canguru e a qualificação do processo de gestão e cuidado em saúde. A pesquisa demonstrou ainda que a implementação do método Canguru na unidade neonatal como um todo, aponta para um caminho promissor e revelador à prática da integralidade, uma vez que é neste método que encontramos todas as dimensões necessárias para a completude do cuidado ao neonato.
2012
Descrição
  • NANCY LIMEIRA DE ALMEIDA
  • O LUTO PELA PERDA DA SAÚDE: Vivências de ser mãe de uma criança com Fibrose Cística
  • Data: 14/12/2012
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  • Este estudo tem por objetivo compreender como as mães da criança com Fibrose Cística (FC) vivenciam o luto pela perda da saúde do seu filho, considerando que esta ocorrência representa uma ameaça de morte continua à vida da criança, quando da ausência da adesão do tratamento. A Fibrose Cística é uma doença crônica, genética, sem cura e potencialmente letal, com prognóstico reservado, que demanda tratamento de alto impacto e intenso cuidado. A estratégia metodológica fundamentou-se na abordagem clínico qualitativa, com ênfase na análise de conteúdo. Participaram deste estudo onze mães com filho diagnosticado com FC e que se encontrava em acompanhamento ambulatorial no Programa de Assistência de FC, do Hospital Universitário João de Barros Barreto. A coleta de dados foi realizada a partir de um encontro com a mãe para uma entrevista semiestruturada e a realização de dois desenhos com objetivo de compreender o luto destas mães em relação à doença FC de seu filho, suas perdas e significados em relação ao adoecimento da criança. Os resultados mostram que as mães vivenciam o luto pela perda da saúde da criança, desvelando os significados atribuídos a morte e o morrer, confirmado pela hipótese de que a mãe da criança com FC sabe sobre a doença, tem consciência da ameaça de morte e compreende que o tratamento pode proporcionar ao seu filho melhor qualidade de vida. Para elas a proximidade da existência de uma morte iminente traz uma reorganização e mudanças internas e externas, pessoais e familiares que favorecem a ressignificação suas vidas a partir do enfrentamento da doença.
  • LESLY GUIMARÃES VICENZI DE OLIVEIRA
  • CIRCULAÇÃO DE CRIANÇAS: O OLHAR DO CUIDADOR SOBRE O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
  • Data: 07/12/2012
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  • O presente estudo teve como objetivo compreender a forma como cuidadores, pais e/ou responsáveis, compreendem o desenvolvimento emocional no contexto de circulação de crianças. Para tanto, embasou-se na teoria psicodinâmica sobre o desenvolvimento emocional, cuidador (es) e circulação de crianças.Utilizou-se o método qualitativo, no intuito de capturar dados e informações sobre o fenômeno estudado em sua singularidade (MINAYO, 2010). A dimensão interdisciplinar do presente estudo, calcado na união de conceitos antropológicos e psicológicos, levantou a necessidade de utilizar mais de uma estratégia metodológica, para responder o problema da pesquisa e alcançar o seu objetivo. Desta forma, utilizou-se para coleta dos dados a entrevista semiestruturada com uma dupla de pais e/ou responsáveis por cinco crianças regularmente matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental, além do professor responsável pela referida classe. Fez-se o grupo focal com pais e/ou responsáveis, além da observação de um dia inteiro de cada criança. A análise de conteúdo foi utilizada para avaliar qualitativamente as respostas das entrevistas, ou seja, analisar o material verbal (FRANCO, 2007). Utilizou-se, ainda, do ecomapa e de um viés da perspectiva proposta por Mauss (2001), os quais auxiliaram a montagem da rede social (BOTT, 1976) e a observação participante com registro em diário de campo e posterior análise, ao permitir identificar e interpretar os fenômenos em estudo. Conclui-se que o desenvolvimento emocional na atualidade está ancorado em uma circulação de crianças vigiada, com redes de malha estreita, com poucas relações possíveis sem a escolha dos responsáveis. O ser em cuidado então se sente sufocado, por conseguinte os cuidadores passam a exigir cuidados redobrados de si que os tornam carentes e necessitados de escuta, pois a interdição e o medo gera angústia, ansiedade e futura agressividade. Assim, deve-se ampliar e investir em pesquisas que apreendam a circulação de crianças como forma de investigar como ela está se desenvolvendo emocionalmente na atualidade, para diminuir transtornos psiquiátricos futuros e auxiliar os cuidadores de crianças.
  • GREICYANI BRARYMI DIAS
  • Avaliação do desenvolvimento de crianças em acolhimento institucional.
  • Data: 10/10/2012
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  • O presente estudo aborda o desenvolvimento de crianças em instituição de acolhimento infantil (abrigo) a partir da utilização de escalas avaliativas. Destaca-se compreender o desenvolvimento, sob o enfoque de aspectos relacionados à comunicação, coordenação motora fina e grossa, resolução de problemas e comportamento pessoal-social. Participaram da pesquisa seis crianças com idades compreendidas entre 4 e 9 meses e as educadoras de referência dos dormitórios das crianças envolvidas no estudo. Para tanto, utilizou-se dados coletados da avaliação de crianças a partir da aplicação das escalas Ages and Stages Questionnaires third edition (ASQ- 3) e Bayley Scales of Infant Development second edition. As crianças selecionadas para o estudo também foram observadas através de um Roteiro de Observação Sistematizada, estruturado previamente com inspiração em três escalas de desenvolvimento para crianças de 1 a 12 meses. Dados referentes à história pregressa de todas as crianças envolvidas no estudo, também foram considerados e obtidos por meio de relatos informais da equipe da instituição de acolhimento e através de documentos (prontuários) junto à direção. A avaliação demonstrou que cinco das seis crianças avaliadas pela ASQ-3, tiveram seus resultados ratificados pelas escala Bayley II e destas, quatro estão em risco para o desenvolvimento e necessitariam de avaliação mais aprofundada nas áreas de coordenação motora ampla e resolução de problema. O estudo realizado, além de contribuir para a compreensão do desenvolvimento das crianças nessas instituições, principalmente, no sentido de prevenir os danos oriundos da ausência de atenção precoce, demonstra, ainda, que as educadoras presentes nesses locais podem ser capazes de avaliar alterações que possam surgir no curso do desenvolvimento das crianças sob sua responsabilidade, pois os resultados do instrumento de triagem utilizado pelas educadoras foram ratificados pela avaliação realizada por um profissional a partir da escala Bayley. Propõe-se que estudos futuros possam reconhecer a importância das educadoras neste processo.
  • PATRICIA DO SOCORRO NUNES PEREIRA LIMA
  • DOR E ANGÚSTIA: UMA DISCUSSÃO PSICANALÍTICA
  • Data: 10/10/2012
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  • O objetivo deste trabalho é investigar o fenômeno da dor física que não possui alteração orgânica que a explique. A medicina, ao não encontrar uma explicação que justifique sua existência, classifica-a como uma dor psicossomática, considerando-a como de etiologia psíquica. No entanto, procuramos demonstrar que a concepção de fenômeno psicossomático da psicanálise em muito se difere da concepção da medicina psicossomática. Nessa discussão, além do construto teórico da psicanálise, recorremos aos fragmentos de um caso clínico atendido inicialmente no CRAS, de uma paciente que chegou à instituição demandando escuta analítica. A escuta dessa paciente nos provocou inquietações em relação às afecções circunscritas no corpo e a inserção do discurso psicanalítico na instituição social. Nossa investigação baseia-se na hipótese de que as dores sentidas no corpo da paciente estejam relacionadas ao efeito da angústia, que ao não ser representada simbolicamente pela paciente se manifestam como uma solução arcaica do psiquismo para remediar sua dor psíquica. A noção psicanalítica de corpo com sua dimensão erógena e pulsional possibilitou-nos falar da dor como resultado do rompimento da camada protetora contra estímulos por uma excitação externa de determinada área, ocasionando desprazer. As excitações vindas dessa área fluem continuamente para o aparelho psíquico, tal como ocorre com as excitações vindas do interior do aparelho. O aparelho psíquico, inundado pelo excesso de excitação, não consegue mediar tais afluxos de energia, deixando um excedente de energia não simbolizada, a qual surge como um afeto intenso e sem mediação simbólica. Assim, a dor física proveniente do afeto intenso e sem intermediação psíquica reflete a dor de um sujeito desamparado psiquicamente, emergindo como solução para o conflito neurótico, pois ao incidir no corpo, o sujeito passa a viver sem o lastro de seu sofrimento propriamente neurótico. A angústia sem representação vivida no corpo, por sua vez, significa justamente uma fuga da neurose, encontrando na “doença” uma possível saída para esta.
  • ELAINNE LOBO GONÇALVES DE OLIVEIRA
  • Os Servidores do Sistema Penitenciário e a Luta pela Saúde no Contexto das Instituições Prisionais no Pará
  • Data: 03/10/2012
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  • A Saúde do trabalhador pode ser entendida como uma condição concreta e dinâmica da qual o trabalhador dispõe para traçar e perseguir seus objetivos em direção ao bem-estar físico, psíquico e social, sendo influenciada pelas condições e organização do trabalho no contexto ao qual está inserido. Este estudo teve como objetivo verificar e analisar o processo de trabalho no sistema Prisional e de que forma podem estar influenciando nos modos de subjetivação dos trabalhadores prisionais do Pará, possibilitando a ocorrência de sofrimento psíquico. Constitui-se em um estudo de caso com abordagem qualitativa que teve como instrumento de pesquisa a observação participante ou direta com entrevistas semi-estruturadas com os servidores prisionais selecionados. A análise do processo de trabalho e as formas que podem influenciar nos modos de subjetivação do servidor prisional para que este se mantenha saudável ou doente, foram baseados na interpretação dos resultados, que foram consubstanciados nos dados coletados na entrevista e na observação participante, na escuta e na interpretação das falas dos trabalhadores do Centro de Recuperação de Castanhal de acordo com a abordagem da Psicodinâmica do Trabalho, por ser uma clínica que busca desenvolver o campo da saúde mental e trabalho. Os principais resultados foram: (I) que o estabelecimento penal apresentou condições de infra-estrutura inadequadas e precárias, necessitando de reformas constantes, falta de equipamentos para desenvolver o trabalho, o número insuficiente de recursos humanos e a convivência com a superlotação prisional, que não difere do restante das prisões brasileiras. (II) o processo de trabalho observado é exaustivo, pelo número insuficiente de recursos humanos, carga horária exaustiva e cobrança para desenvolver um bom trabalho mesmo diante das condições encontradas. (III) servidores penitenciários vulneráveis e expostos ao sofrimento psíquico pela condição do trabalho; pelo tipo de vínculo trabalhista temporário que a grande maioria se encontra; pelo estigma e desvalorização neste tipo de trabalho. Onde estes para manterem-se saudáveis diante das ameaças do meio utilizam-se de estratégias defensivas, como o afastamento subjetivo, em que o servidor deixa de pensar e falar sobre o trabalho. (IV) Diante do exposto sobre a condição e dinâmica do trabalho vejo um otimismo por parte dos servidores, quanto à possibilidade de construir-se um processo de saúde do trabalhador no sistema carcerário brasileiro, acreditando na implementação de políticas públicas viáveis, para o sistema penitenciário, proporcionando ao trabalhador melhores condições de saúde.
  • DIANA COELI PAES DE MORAES
  • AS OUVIDORIAS DE SAÚDE PÚBLICA NO ESTADO DO PARÁ: Uma Relação Dialógica entre Governo, Medicina e Sociedade?
  • Data: 02/10/2012
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  • Esta Dissertação tematiza sobre as ouvidorias de saúde pública como um espaço de participação cidadã na gestão administrativa, indagando se acontece uma relação dialógica entre governo, medicina e sociedade, na perspectiva de aproximação da gestão e serviços prestados pela saúde pública, de acordo com a Política de Humanização do SUS. A hipótese norteadora do estudo é de que com a participação popular, através das ouvidorias, são produzidas transformações nas práticas desempenhadas pelos diferentes atores na configuração das práticas no cuidado em saúde, em aproximação com os princípios e estratégias de Humanização do Sistema Único de Saúde, com capacidade de tensionar os papéis constituídos no contexto biomédico que se constituiu como predominante, a partir dos fins do século XVII. Objetiva identificar as contribuições efetivas da atuação das ouvidorias de saúde pública, na construção e execução de novas práticas da saúde, de acordo com a PNH. Será desenvolvida em quatro capítulos, que tratam da participação social e da história das ouvidorias de saúde pública, no Brasil, do SUS e da Política de Humanização na Saúde,da pesquisa propriamente dita e as considerações finais. A investigação, com desenho qualitativo e exploratório, visa a conhecer, descrever e compreender a realidade da política de humanização nas instituições de saúde pública no estado do Pará, por intermédio das demandas das ouvidorias em um processo de ampliação de mecanismos democráticos de controle social das políticas públicas de saúde. As ouvidorias estudadas são as ouvidorias das seguintes instituições: Fundação Hospital da Clinicas Gaspar Viana – FHCGV, Hospital Ophir Loyola – HOL, Fundação Santa Casa de Misericórdia – FSCM , Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará – SESPA , Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará –Fundação HEMOPA , Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza – HUBFS e Hospital Universitário João de Barros Barreto – HUJBB) Entre os resultados alcançados nesta pesquisa, cita-se que as Ouvidorias de Saúde Pública têm o claro compromisso de se tornarem instituições de excelência e cumprirem o seu papel na promoção do diálogo entre o estado, a medicina e a sociedade. Quanto esse processo colaborar na construção de novas práticas em saúde, não se identificam grandes efetividades, porém, serve como valor simbólico de representatividade de acessibilidade de comunicação e diálogo sem burocracia entre sociedade e gestão pública é significativa. Observa-se a necessidade da gestão da saúde pública, no sentido de se organizar em suas várias instâncias
  • FRANCO FARIAS DA CRUZ
  • CULTURA DE PAZ E UNESCO: uma analítica documental da gestão de corpos no Brasil
  • Data: 02/10/2012
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  • Este estudo objetivou realizar uma analítica do poder no documento “Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz”, documento este legitimado, em 1999, por uma Assembleia Geral das Nações Unidas, fixando-se assim como norte prioritário das práticas da agência intitulada Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Foram utilizados como instrumentos de análise norteadores metodológicos vinculados a muitos operadores retirados do aporte teórico-metodológico produzido por Michel Foucault. Caminhou-se na direção de pensar, problematizar e produzir saber a partir deste movimento de desmontagem de documentos monumentos, tendo como eixo principal o conceito de “Cultura de Paz”. Este mote de cultura de paz possui sua existência atrelada à história das Nações Unidas e às suas agências, sendo produzido e sistematizado a partir de um conjunto de crenças, práticas e associações, que lhe possibilitaram ganhar visibilidade e poder, popularizando-o e tornando-o uma das produções discursivas mais significativas da contemporaneidade. Percorrendo necessariamente por diagonais entre as temáticas UNESCO, governamentalidade e produção de subjetividade, finalizamos esta dissertação com a apresentação do debate a respeito das práticas denominadas cultura de paz e seus efeitos no cotidiano em termos de saber e poder.
  • DANIELLE SANTOS DE MIRANDA
  • UMA ANÁLISE GENEALÓGICA DA OBJETIVAÇÃO MULHER EM DOCUMENTOS DO UNICEF
  • Data: 01/10/2012
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  • Agências internacionais, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), objetivam ser guardiães das crianças e dos jovens, visando garantir e defender o cumprimento e a promoção dos direitos desses segmentos. Tais práticas estão constituídas por saberes heterogêneos ancorados em eixos programáticos enquadrados sob o modo de preocupações, como a observância da objetivação gênero na política de proteção às crianças e adolescentes brasileiras. Desta maneira, após leituras dos documentos do UNICEF, pode-se verificar a presença de um processo de objetivação das relações de gênero e, em especial, da objetivação mulher como um vetor delineador das políticas públicas propostas por este organismo para a defesa dos direitos de crianças e jovens. Desse modo, com a proposta de estudar esta problemática, construiu-se esta dissertação de mestrado em Psicologia, utilizando pistas da genealogia em Michel Foucault para interrogar as práticas de objetivação do objeto mulher em relatórios do UNICEF, no Brasil, dos anos de 2007 a 2009.
  • ANDREA CRISTINA LOVATTO RIBEIRO
  • ATENÇÃO À SAÚDE E MODOS DE ANDAR A VIDA: a produção de conhecimentos em psicologia e os subsídios para um cuidado que pretenda produzir saúde para crianças e famílias nos contextos de pobreza
  • Data: 18/09/2012
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  • Um cuidado em saúde que vise a integralidade em suas ações e propostas deve levar em consideração os contextos singulares de vida da população e de cada pessoa em particular, se observadas as considerações da bibliografia especializada. Sabe-se que o Brasil é um país que apresenta um grave quadro de desigualdade social e o conhecimento da diversidade cultural existente entre os grupos sociais que co-existem em nosso país é fundamental para a realização de um cuidado em saúde integral com a população. O objetivo deste estudo foi compreender se e de que forma os elementos considerados importantes para a produção de saúde no contexto de vulnerabilidade social no Brasil estão sendo levados em conta na produção acadêmica da área da psicologia. Para isso, foram analisados textos presentes na Biblioteca Virtual em Saúde, a partir da relação psicologia e SUS, totalizando 37 estudos. A importância de uma prática contextualizada foi evidenciada, porém não houve em nenhum dos textos a descrição das especificidades dos contextos familiares em situação de pobreza, sinalizando que este conhecimento não está disponível na área e que saberes de áreas distintas da saúde são fundamentais para um cuidado integral em saúde. A integralidade, o trabalho em equipe e a prevenção e promoção à saúde são elementos significativos nas produções, porém podemos perceber que estas diretrizes encontram-se ainda no plano da reflexão e verbalização, de um modo geral não traduzindo-se em práticas profissionais. Os desafios que distanciam a prática dos profissionais da psicologia e as diretrizes do SUS resumem-se em uma formação voltada para o atendimento clínico individual e a consequente prática descontextualizada, voltada para a psicoterapia. Outros desafios assinalados foram formas de organização do próprio SUS e a desconsideração deste profissional como generalista nas políticas de saúde. O conceito de resiliência de um modo geral não está presente nos estudos, mas a presença de elementos importantes para promover a autonomia dos indivíduos demonstra que formas de fortalecer os indivíduos foram considerados importantes. Foram analisadas também as estratégias de educação: formação acadêmica e Educação Permanente em Saúde (EPS). Observou-se que a discussão sobre a formação está presente na maioria dos textos e que mudanças tímidas já foram constatadas buscando aproximar a área da realidade do SUS. A EPS não é um fator significativo nos estudos, e seu potencial ainda não foi explorado no que concerne a psicologia.
  • ANA CAROLINA FARIAS FRANCO
  • Cartografias do Diário do Pará: um estudo genealógico do acontecimento homicídio contra jovens em um jornal impresso
  • Data: 14/09/2012
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  • Esta dissertação teve como objetivo analisar a forma como é abordado o acontecimento homicídio contra jovens no caderno “Polícia” do Diário do Pará, jornal impresso de grande circulação no estado. O Diário do Pará como um veículo de comunicação de massa, produz saberes, faz circular certos valores, institui regimes de verdade e forja subjetividades, que coadunam com o projeto político e econômico do (neo)liberalismo. Desta forma, empreendemos uma breve análise cartográfica das forças políticas e econômicas contemporâneas que regulamentam as parcelas juvenis e outros segmentos populacionais que, em nossa análise, fundamentam as racionalidades do Diário do Pará na produção de notícias sobre o homicídio juvenil. À luz do método arquegenealógico, damos visibilidade a rede de enunciados e práticas não-discursivas deste jornal, que projetam o lugar da juventude, especialmente a pobre e não-escolarizada, aos territórios da violência e da criminalidade. Notamos que, nas matérias jornalísticas analisadas, a morte dos jovens é produzida como um acontecimento, ao mesmo tempo, impactante, em virtude dos recursos sensacionalistas utilizados na construção da notícia, e justificável por ser objetivada como resultado de uma trajetória juvenil que insistiu em desviar do modelo do bom cidadão (dócil e produtivo), ao enveredar pelos caminhos da criminalidade e dos vícios. As práticas jornalísticas lançam um feixe de luz sobre a vida dos jovens infames, ao buscar informações minuciosas sobre o que denominam de “vida pregressa” da vítima e acionam o “dispositivo de periculosidade”, que associa pobreza a violência. Concluímos, ainda, que as práticas deste jornal conectam-se a obsessão securitária que tem investido todo o corpo social e o tem organizado a partir da demanda por lei e ordem.
  • ALESSANDRO MELO BACCHINI
  • SER PORTADORA DE HIV/AIDS: REFLEXÕES SOBRE SEXUALIDADE FEMININA E IDEAIS DE EU
  • Data: 27/08/2012
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  • Na década de 1980, o Brasil passou a enfrentar o HIV/Aids como um problema de saúde pública e em seu desenvolvimento, chegando aos dias atuais, presencia-se um crescimento constante de mulheres infectadas especialmente na região norte do país. Com esse crescente número sobe também a parcela de mulheres vivendo com a enfermidade, o que torna necessário uma maior atenção voltada a essa população que sofre por uma doença não somente mortífera, mas carregada de enigmas e estigmas que a tornam um fardo ainda maior. Para tanto, recorre-se à psicanálise como teoria fundamental e como possibilidade para o sujeito em reunir recursos de enfrentamento. Dentro desta, deve-se realizar um percurso que possibilite pensar no fragmento de caso clínico estudado a partir do atendimento de Helena, pois ela fornece inúmeros questionamentos acerca da mulher, do feminino e dos ideais de Eu presentes na cultura ocidental e que são fundamentais ao entendimento do que ela carrega como sofrimento. No entanto, antes de se chegar a este ponto, deve-se levar em consideração os limites e possibilidades relacionados à escuta ao paciente internado. Este trabalho de dissertação foi realizado com o método de estudo de caso, desenvolvido a partir da experiência como pesquisador no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) nos anos de 2008 a 2010. Foram realizados atendimentos individuais e com familiares especificamente na enfermaria de DIP (Doenças Infecto-Contagiosas e Parasitárias) que realiza atendimento voltado fundamentalmente para pacientes usuários do SUS, internados por enfermidades como: tuberculose, pneumonia, etc., que, em geral, representam as chamadas “doenças oportunistas” para o vírus do HIV/Aids. A partir desse quadro, chega-se à construção do problema de pesquisa: Qual a relação entre os Ideais-de-Eu e o sofrimento psíquico em Helena, uma mulher infectada pelo HIV/Aids? Como considerações finais, discutiu-se a relação entre os ideais de Eu fornecidos em nossa cultura para as mulheres, uma vez que estes são formadores do Supereu, e o grande sofrimento relatado por Helena, pois ela parecia não adotar os padrões relacionados à mulher ocidental, e portanto, carregava uma culpa que somente um movimento regressivo em direção aos cuidados maternos da tenra infância, voltados a uma vida de abstinência aos prazeres e de zelo pelos ditames religiosos poderiam fornecer acalanto para suas angústias e redenção para seus pecados.
  • SUSETTE MATOS DA SILVA
  • A CLÍNICA DA HISTERIA NO CAPS: ESCUTAR O SUJEITO ENTRE OUTROS
  • Data: 24/08/2012
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  • O movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira foi responsável por muitas mudanças no campo da saúde mental, e com a Lei Federal 10.216 o poder público passa a assumir a tarefa de reorganização dos serviços e da assistência em saúde mental como um todo. Mas as práticas contemporâneas de assistência nos serviços substitutivos têm nos mostrado a necessidade imperante de se pensar a direção de tratamento no campo da saúde mental, especialmente quando constatamos o lugar de destaque ocupado pelo discurso médico nestes dispositivos de atenção. Partindo da questão sobre o tratamento possível à histeria no campo da saúde mental, esta dissertação teve como objetivo investigar a clínica desenvolvida nos serviços substitutivos a partir do estudo de caso de uma paciente em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Conclui-se que, para além de um saber dominante, sustentar a escuta do sujeito e a circulação de um discurso acerca da subjetividade nas instituições é o que vai propiciar uma troca entre os profissionais e a possibilidade de abertura para o saber da histérica, tão cara à psicanálise.
  • CRISTINA FREITAS HERINGER
  • Grupos Centrados na Tarefa de Dialogar sobre a Morte e o Morrer: sobre seus Significados
  • Data: 16/08/2012
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  • Esta pesquisa resultou do interesse pela investigação da vivência de profissionais de saúde enquanto participantes dos Grupos Centrados na Tarefa de Dialogar sobre a Morte e o Morrer, experiência pioneira de educação em saúde realizada no Hospital Universitário João de Barros Barreto/UFPA. A partir da hipótese norteadora de que os grupos favoreciam o desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes foram avaliados os sentidos e significados atribuídos à vivência de participar dos grupos. Consiste em pesquisa exploratória, do tipo clínico-qualitativa, com entrevistas individuais, com análises fundamentadas em tanatologia, educação para a morte, psicologia da morte, psicologia grupal e educação em saúde em hospitais foram compostas as bases de investigação dos sentidos e significados de participar dos grupos. As entrevistas estruturadas foram realizadas com dez participantes, todos profissionais de saúde, voluntários na participação do estudo, que haviam frequentado mais de cinco reuniões grupais. Para análise dos dados foi realizada a análise do conteúdo temática, considerando as seguintes categorias: Quem são as pessoas que chegam para falar da morte e do morrer; e, o grupo como espaço de aprendizagem e desenvolvimento pessoal e abordando os grupos enquanto educação para morte. Os profissionais de saúde buscam os grupos e se mantém neles de forma espontânea. São profissionais de enfermagem, medicina, psicólogos e terapeutas ocupacionais, sendo que a maioria realizava residência profissional naquela unidade hospitalar. Desses, oito haviam participado em mais de treze grupos e o restante em torno de cinco a sete. A cada encontro emergem as demandas do grupo e, nesta dialética do nascer-morrer permanece o sentido de transitoriedade, de impermanência que é a própria vida. Dentre os principais significados em relação à participação nestes grupos são desveladas a busca de desenvolvimento pessoal e profissional. Os grupos foram identificados como espaços terapêuticos, de compartilhamento, reflexão e aprendizagem, no qual dialogar sobre a morte e o morrer contribuem à formação e desenvolvimento desses profissionais, constituindo-se como estratégia de educação para a vida e morte, no contexto da educação em saúde e uma ação cultural para a liberdade.
  • CRISTIANE DE SOUZA SANTOS
  • UM “KIT” PARA CUIDAR, CONDUTAS PARA GOVERNAR: PROBLEMATIZAÇÕES DAS PRÁTICAS DO UNICEF DE ATENÇÃO À INFÂNCIA E FAMÍLIA BRASILEIRA
  • Data: 11/05/2012
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  • Esta dissertação teve por objetivo problematizar as práticas de cuidado propostas pelo UNICEF no documento “Kit Família Brasileira Fortalecida”. A metodologia utilizada foi documental, histórica e genealógica, a partir dos trabalhos de Michel Foucault, que encontra na interrogação do presente uma possibilidade de abrir campos de experimentações para uma vida ética, estética e política. O relatório analisado está na disponível na página do UNICEF, no Brasil, na internet, mas também pode ser adquirido em formato de álbum, em material plástico e colorido, sendo que foi distribuído amplamente para trabalhadores sociais de todo o país. A família é definida nesses relatórios a partir de práticas higienistas e moralizadoras, que disciplinam os corpos, operando de forma que possam ser legitimadas em função do caráter de alcance e garantia de direitos que os relatórios enfatizam, em uma perspectiva utilitarista de direitos humanos em consonância com mecanismos biopolíticos de governo da população. Pode-se chegar à conclusão que o UNICEF visa governar a família para governar por meio dela as crianças.
  • RONILDO DEIVIDY COSTA DA SILVA
  • O ÉDIPO E O PARRICÍDIO NA CONSTITUIÇÃO DA SUBJETIVIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO SOBRE O PODER E A MELANCOLIA
  • Data: 07/05/2012
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  • A presente dissertação trata de uma articulação teórica entre o tema do poder e da melancolia. Tal articulação é proposta em duas perspectivas: a primeira se situa ao nível da interpretação freudiana da cultura e toma como eixo fundamental a discussão sobre o parricídio, sobretudo nos chamados textos “sociológicos” de Freud; a segunda se circunscreve no âmbito da clínica e toma a noção de complexo de Édipo como operador conceitual desta articulação. Para tal pretendemos analisar a construção da moderna noção de poder e como, em seu processo de construção, ela se expressa necessariamente enquanto “coisa exterior” que ocasionalmente mantém correlação com um processo de subjetivação; posteriormente, nos deteremos nas reflexões de Arendt e Foucault que, a nosso ver, se afastam dessa concepção tradicional sobre o poder na medida em que apontam para uma maior fluidez desse conceito problematizando, assim, a relação de imanência entre poder e Estado. Em seguida, desenvolveremos brevemente a questão do diálogo entre poder e psicanálise na tentativa de circunscrever melhor uma dimensão ainda pouco estudada – o poder como uma categoria psíquica. O que nos propomos fazer é analisar, na medida do possível, como se dá o processo de instauração da lei do pai que funda a civilização e relacioná-la com a questão do poder. Para tal, nos valeremos dos textos em que Freud analisa de um ponto de vista metapsicológico esta confluência entre a lei primordial, o pacto civilizatório decorrente desta lei e o poder, destacando sempre a figura do pai como responsável pela consistência e legitimidade deste “acordo cultural”. Por meio da análise do conceito de complexo de Édipo nos textos de Freud, procurou-se fundamentar que essa dimensão conflitiva que se expressa contra o poder do pai no interior do complexo pode ser apreendida como fundamentalmente humana justamente porque se coloca no cerne da constituição do ego; então, nesse sentido, a possibilidade desta revolta se relaciona com as duas perspectivas de análise que nos propusemos: o assassinato do pai da horda primitiva e do pai da pré-história pessoal. Desse modo, é devido à existência de um pai morto tanto na gênese da civilização quanto na origem do indivíduo singular que podemos falar de uma noção de poder na psicanálise já que é a rememoração deste poder outrora vencido que expressa-se na forma do mal-estar. Por fim, tentou-se mostrar como o modo de constituição melancólico é, sobremaneira, a expressão mais radical dessa dimensão essencialmente conflitiva do humano: através das auto-recriminações e da perda do sentimento-de-si são reveladas, de maneira inversa, as aporias do poder na melancolia.
  • KARLA MARIA SIQUEIRA COELHO AITA
  • CENAS SOBRE A MORTE, REVELADAS PELA CRIANÇA CARDIOPATA, POR ABRIR O CORAÇÃO
  • Data: 26/04/2012
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  • Esta pesquisa tem como objetivo compreender a experiência de crianças frente à cirurgia cardíaca corretiva, desvelando os significados atribuídos à morte. A estratégia metodológica está fundamentada na abordagem qualitativa do tipo estudo de caso, portanto, trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva e interpretativa de casos múltiplos na qual se compreende a necessidade do aprofundamento do estudo, a fim de apreender as singularidades do caso. Participaram da pesquisa cinco crianças portadoras de cardiopatias congênitas a serem submetidas à terapêutica cirúrgica corretiva parcial ou funcional, sendo uma do sexo masculino e quatro do sexo feminino, na faixa etária entre seis e doze anos, que foram admitidas para tratamento em regime de internação na Clínica Pediátrica da Fundação Pública Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FPHCGV). Para a coleta dos dados foram definidos quatro encontros, uma entrevista com os pais e três encontros temáticos com as crianças. Os encontros temáticos se desenvolveram a partir de instrumentos que favorecessem a expressão da criança, a saber: (1) o desenho (2) a colagem, ambos seguidos da verbalização sobre sua produção e (3) Completando a história; A entrevista com pais teve por objetivo, a autorização para participação da pesquisa e subsídios para a compreensão do cotidiano da criança. Para tal, a entrevista pontuou questões acerca dos fatores que compõem sua história de vida desde a gestação (suas diferenças individuais, o local e a extensão do distúrbio ou lesão, o diagnóstico médico, a idade em que apresentou o problema, seu estado de motivação), as inferências da cardiopatia congênita nas atividades e relações do cotidiano. As produções da criança foram fotografadas, o relato verbal sobre a produção foi gravado, assim como, a entrevista com os pais. Ponderando a necessidade de outras informações importantes relativas ao caso, foram realizadas consultas ao prontuário hospitalar e a equipe de saúde. A observação participante permitiu estabelecer laços e relações estreitas com os colaboradores da pesquisa, na qual, a principal unidade de interação se deu a partir das relações pessoais mais próximas com a família e a criança no contexto hospitalar. Os instrumentos utilizados mostraram-se favoráveis à expressão e compreensão dos temores da criança relativos à morte. A cirurgia cardíaca foi percebida como ameaça de morte pessoal e o ato de “cortar o coração” um ataque, que poderia resultar na sua morte. A personificação da morte foi identificada a partir de elementos do cotidiano ribeirinho representados pela figura da onça, dos bichos das águas do rio, do barco a ser destruído por uma onda e dos instrumentos para caça de animais, comuns na cultura Amazônica. O interdito do tema da morte vinculado ao sofrimento de seus familiares e equipe de saúde foram percebidos pelas crianças, que revelaram a necessidade em falar sobre a ameaça de morte pessoal e dos temores evocados no pré-cirúrgico cardiológico.
  • AUREA GIANNA DE SOUSA AZEVEDO NOBRE
  • DESCRENDENCIALIZAÇÃO DE FAMÍLIAS DE CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS
  • Data: 14/03/2012
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  • O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo analisar sob quais aspectos as famílias das crianças abrigadas foram avaliadas para que além do abrigamento, como medida protetiva, também se fizesse necessário o processo de destruição do poder familiar, a partir dos conteúdos encontrados nos documentos (pontuário) produzidos sobre as crianças e suas famílias. A Constituição de 1988 reconhece a família enquanto um espaço essencial para o desenvolvimento da criança, no entanto, o que a história social das crianças abrigadas nos mostra há uma descredencialização da família por parte do Estado, pautada no discurso da família desestruturada. Esse discurso ecoa entre os sistemas de proteção e assistência à criança, justificando o abrigamento e a destituição do poder familiar, o que muitas vezes é tido como “desestrutura familiar” nada mais é do que empobrecimento. O abrigamento é apontado no ECA como a sétima medida, dentre as oito, que tratam de proteção especial, sendo ressaltado e caráter provisório e excepcional e a não privação da liberdade. Neste sentido o presente trabalho problematizou a descredencialização das famílias que, por sua vez, ocasionou no processo de destituição do poder familiar, uma vez que a própria legislação brasileira reconhece a família enquanto lugar ideal ao desenvolvimento integral da criança. Para a realização deste trabalho classificou-se a pesquisa, quanto a sua natureza, como qualitativa. Os dados foram analisados através da análise de conteúdo de Bardin (1979), compreendida como um conjunto de técnica de pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento. O método de análise de conteúdo é balizado por duas fronteiras: de um lado a fronteira da lingüística tradicional e do outro o território da interpretação do sentido das palavras (hermenêutica). É sob a fronteira da hermenêutica que os dados, desta pesquisa, foram analisados. Enquanto resultado foi possível constatar, a partir de discurso de proteção da infância em risco social, que a prática de institucionalização e de destituição do poder familiar, por vezes, é baseada na avaliação das ausências que cercam a família ou que a distancia do modelo burguês.
2011
Descrição
  • JOAO BOSCO MONTEIRO
  • NOS RASTROS DA HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA DA PSICOLOGIA NO PARÁ: A INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO JULIANO MOREIRA (1978-1984)
  • Data: 22/12/2011
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  • A investigação da Inserção do Psicólogo no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira se constitui em uma proposta de resgate do desenvolvimento da Psicologia no Estado do Pará, com o objetivo de analisar tal percurso histórico no período 1978 a 1984, situando a formação e atuação do Psicólogo, posicionando-o historicamente no âmbito da referida instituição de saúde mental e seus reflexos na atualidade. Pretendeu-se, por meio da análise de conteúdo, trazer à tona o trabalho terapêutico, no contexto da Inserção do Psicólogo, desenvolvido por meio do recurso da história oral a ser viabilizada a partir de entrevistas semiestruturadas com cinco sujeitos ex-estagiários do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira. Os resultados mostram que a Praxiterapia foi a base do trabalho terapêutico utilizado por esses psicólogos naquela época, mas que com o tempo houve avanços que permitiram a eles se posicionarem profissional e politicamente, processo esse possibilitado pelo estudo, pelas lutas, pela consolidação de sua identidade, como também por melhores condições de trabalho e assistência aos pacientes. Concluiu-se que o presente trabalho foi além do percurso histórico da Inserção e do trabalho terapêutico do Psicólogo, considerando o caráter protagonista e mobilizador que residia nesse profissional em prol de melhores condições para o lugar que, na prática, o formou.
  • ALEX NAZARENO FERREIRA DE MIRANDA
  • NAS TRINCHEIRAS DE COMBATE, O ABATIMENTO: ADICÇÃO E AIDS RESUMO
  • Data: 14/12/2011
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  • Após três décadas do surgimento da aids no mundo, ainda nos encontramos emudecidos diante de uma doença temida em ser pronunciada pelo peso da morte que seu nome traz. A doença, que surgiu como uma maldição a minorias sexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas, imprimiu em seus corpos e em suas almas o símbolo da morte imediata, vergonhosa e dolorida. Em todo esse percurso, teve seu corpo viral “radiografado” pela ciência médica, sem que pudesse ser retirada da matematização de que aids e igual à morte, o que a reduziria à condição de “uma doença”. Esta dissertação propõe-se a apresentar um panorama da aids, apontando seu surgimento, a identificação do vírus e as metáforas utilizadas para o posicionamento da enfermidade no locus biológico e moral do mundo moderno. Utilizaram-se metáforas de doenças estigmatizantes, que recaem sobre lugares de cuidados de saúde, para apresentar o Hospital Universitário João de Barros Barreto como um espaço marcado pelo estigma da tuberculose e da aids, o que lhe confere a imagem de horror perante a população paraense. Neste espaço, foram atendidas pessoas cujas relações de desamparo e dependência a um objeto/ato externo ao ego pode tê-las levados à exposição ao vírus HIV. Destes, foi destacado um caso clínico para estudo deste fenômeno. Como tentativa de entendimento da relação com o objeto de dependência, foram buscados, principalmente, os conceitos winnicottianos de “ambiente maternante suficientemente bom”, “objeto transicional”; além de “adicção”, trabalhado por Joyce McDougall. Com o trabalho realizado, pôde-se observar que o vazio relatado em psicoterapia, muito presentes nos pacientes, é circunscrito por relações adictivas, como um modo de defesa que permite tomar o objeto como substituto materno externo vital. Para a escuta destas dependências, foi utilizada a perspectiva da clínica winnicottiana, com a possibilidade de reposicionar o paciente, para modificar sua realidade interna e externa a partir de um agir criativo.
  • ELIANA DE JESUS DA COSTA DE SOUZA
  • Entre o lar e a creche: observação de um bebê através do método Bick.
  • Data: 02/12/2011
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  • A presente pesquisa teve como objetivo investigar, a partir de um estudo de caso com o método Bick de observação, a relação entre um bebê e seus cuidadores em sua residência e na creche em um período de quatro meses. O referencial teórico utilizado foi a psicanálise especificamente fundamentadas nas propostas de estudiosos do desenvolvimento humano como Leibovic, Stern, Spitz, Winnicott e Mahler, que concordam que o vínculo formado entre a mãe e seu filho é essencial para o desenvolvimento psíquico do bebê. O estudo foi realizado a partir do método qualitativo, através de um estudo de caso realizado e analisado através do método Bick de observação de bebês, no ambiente familiar e também adaptado em um ambiente institucional: a creche. Nesta versão do método não se acompanhou o período pós-parto imediato, pois o bebê foi observado também na creche na qual ingressou quando já havia completado 07 (sete) meses. Com relação ao tempo de observação, o método original preconiza a duração de dois anos, porém o tempo de observação foi reduzido para quatro meses. Tal adaptação se faz necessária por tratar-se de uma pesquisa ligada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará, com período de atividades e término pré-estabelecidos e não compatíveis com a proposta de Bick. Os dados coletados foram analisados em categorias as quais se seguem: Clarice e seu desenvolvimento emocional, Os cuidados de Clarice: O lar e creche e Clarice Clarificada. Foi analisado também os sentimentos da observadora durante as observações. A creche se apresentou como um contexto de cuidado complementar aos oferecidos pela família de bebê, preenchendo algumas lacunas, mesmo com a roteirização do trabalho sempre presente. No contexto familiar a mãe se mostrou capaz de cuidar de sua filha, proporcionando-lhe um ambiente de afetividade, apesar de todas as dificuldades que a vida lhe oferecia. Assim no recorte temporal das observações, o bebê se desenvolveu saudavelmente enriquecido pela complexidade de suas relações.
  • HENRIQUE MOURA MONTEIRO
  • O Outro Artificial e a Alteridade na Cultura Pós-Moderna
  • Data: 21/11/2011
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  • A presente pesquisa nasceu a partir de inquietações frente a um fenômeno que mostra a fascinação de homens que se relacionam com bonecas realistas – Real Dolls. Estas modelos simulam de forma perfeccionista altura, peso, forma, textura, cor, sexo, como se fossem “de carne e osso”, mas são “de metal e silicone”. As bonecas, contudo, não são meros brinquedos sexuais, pois adquirem muitas vezes a função de companhia, colocando em cheque a própria dimensão da alteridade. Esta relação construída artificialmente funciona, portanto, como um disparador de indagações acerca do outro e da atualidade. Assim, o objetivo deste estudo foi realizar uma discussão teórica, de cunho psicanalítico, a respeito da noção de alteridade na cultura contemporânea. Para isso, seguimos a trilha de questões chave: quem são o outro e a alteridade? Qual o seu lugar na cultura atual? Estaria a alteridade ameaçada pelo simulacro? Como pensar tal “negação da alteridade” sob o prisma da pós-modernidade? Seguindo este fio condutor, colocou-se em foco complexidades de um outro ao mesmo tempo familiar e estranho, ora configurado a partir de um “estrangeiro ao eu”, ora como um “eu estrangeiro” – remetendo à alteridade radical que constitui o eu, o inconsciente. A referência à atualidade se dá a partir do embate entre modernos e pós-modernos, onde se destaca a apreensão de uma sociedade regida pelo espetáculo narcísico e de um sujeito extremamente individualista, hedonista e consumista. Ganha espaço neste contexto a figura de um “outro artificial” que obedece a lógica perversa de predação que configura a primazia do eu em detrimento da alteridade. Desta forma, o outro se revela um artifício e a alteridade uma presença/ausência que joga com as aparências da atualidade e escamoteia seu “corpo” em uma aparente familiaridade. Assim, a alteridade persiste e desloca-se, fundamentando o outro como elemento que estrutura e desestrutura o sujeito, dando uma peculiaridade inevitavelmente “alteritária” para o mal-estar contemporâneo. Assim, o outro é, por um lado, descartável, pois a lógica narcísica proclama a autossuficiência do eu-ideal, enquanto, por outro lado, é a peça chave do espetáculo. É importante ponderar, portanto, que o lugar da alteridade está garantido, ainda que maquiado pela indiferença, ao contrário da impressão passada pelo panorama que deixa a entender sua extinção.
  • IGOR FRANCES
  • HIV, da possibilidade à aceitação: paciente e terapeuta frente ao diagnóstico
  • Data: 28/10/2011
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  • Entramos na terceira década da epidemia da aids, e mesmo com todo o avanço do conhecimento científico acerca do tratamento, que proporcionou uma ampliação da qualidade e do tempo de vida das pessoas portadoras do vírus, ainda estamos imersos em um grave problema de saúde pública. Com a advento da aids, uma nova dimensão simbólica adentrou o campo das práticas sexuais. Tema tabu, ainda na sociedade contemporânea, a sexualidade ainda mantém sua estreita relação com o conteúdo ético-moral de nossa sociedade [judaico-cristã]. Uma nova e abrangente ameaça de morte vinculou-se às práticas sexuais, potencializando, no imaginário social sobre a doença, a equação aids igual à morte. Ao prazer de se fazer sexo, somou-se o risco de contaminação e morte em larga escala. Este trabalho pretendeu pensar a (des)fragmentação de um sujeito marcado pelo diagnóstico de aids, ao articular as noções de angústia, desamparo e trauma no interior da obra freudiana, buscando com isso entender o impacto diagnóstico, que mergulha paciente e terapeuta num mar de desconhecidos. Dessa forma, procurou-se analisar a hipótese de que o diagnóstico de HIV/aids, com todo o seu impacto subjetivo, apresenta-se como um evento traumático, ao colocar o paciente em situação de angústia, reatualizando a condição humana de desamparo. Ainda assim, é possível pensar que esse evento catastrófico pode ser ressignificado. Dessa forma discutiu-se a necessidade de ser pensado dispositivo que dê suporte a essa elaboração da cena traumática, usando a análise de um caso clínico. A prática clínico-psicológica no hospital geral serviu-me como base metodológica. Apoiado no referencial psicanalítico, esta foi uma proposta de trabalho fundamentada no estudo de caso, utilizado a partir do método clínico, já que é no curso de um tratamento que se configuram, ao mesmo tempo, a intervenção terapêutica e a pesquisa. Vemos, nesse trabalho, o relato de alguém que mergulhou no mais profundo dos infernos dantescos e, que, encontrando seu virgílio, trilhou o próprio caminho e se dirigiu a uma saída.
  • MADALENA GONZAGA DE OLIVEIRA
  • Função materna e a constituição subjetiva na condição de prematuridade.
  • Data: 14/10/2011
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  • Estudos sobre a relação mãe-bebê revelam que o laço que envolve essa dupla, no caso de nascimento prematuro, apresenta especificidades, sendo necessário investigar o efeito da prematuridade nesta relação, uma vez que pesquisas em diversas áreas mostram que os efeitos desse laço primordial repercutem no desenvolvimento posterior da criança. Nesta perspectiva, esta dissertação trata de uma investigação acerca do exercício da função materna em uma situação crítica que é o nascimento prematuro. Uma das questões específicas da prematuridade encontradas no trabalho com a mãe é a dificuldade de investimento libidinal em uma criança pequena, magra e frágil, devido a sua condição orgânica, que em nada se assemelha ao filho imaginário. A questão é analisada numa perspectiva que articula teoria psicanalítica e prática clínica, colocando em cena as influências recíprocas entre prematuridade, perturbação do laço mãe-bebê, função materna, psicopatologia do bebê e constituição subjetiva. O material clínico constitui-se de fragmentos de estudos de casos articulados ao material teórico, a escuta das mães e observação (leitura) de bebês. Os fragmentos permitem a cada leitor fazer sua própria construção ainda que seja para contestar a autora, pois, como diz Derrida (2002), é necessário desconstruir um conhecimento para haver novas construções, o que corrobora Lacan(1993) ao referir que o saber é sempre não-todo. O interesse em investigar o tema está na possibilidade de reflexões que possam ser úteis ao trabalho de outros profissionais envolvidos com a saúde e o desenvolvimento de bebês e crianças.
  • JOSIE RODRIGUES VIEIRA
  • Cuidar adoecendo: o que fazer quando não posso mais usar todo o meu potencial de cuidar?
  • Data: 11/10/2011
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  • O objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho. As exigências organizacionais e o trabalho constituem fonte de prazer e sofrimento, podendo resultar no adoecimento. Este trabalho teve como objetivo descrever e analisar como é realizado o cuidado aos trabalhadores da profissão da enfermagem que adoecem no trabalho, verificando como é o cuidado dispensado a estes pela instituição: um hospital privado em Belém do Pará. Constituiu-se em um estudo de caso com abordagem qualitativa, e foram utilizados métodos referenciados na psicodinâmica do trabalho, com entrevistas individuais e coletivas semiestruturadas, com perguntas abertas e observação direta do ambiente de trabalho. A análise das relações dos trabalhadores com a organização do trabalho e com os pacientes foi baseada na escuta e interpretação das falas dos trabalhadores, conforme preconizado pela abordagem da psicodinâmica do trabalho. Os resultados demonstraram que encontravam-se em benefício previdenciário 3,3% dos técnicos em enfermagem do hospital, na qual a causa mas freqüente de afastamento eram por doenças do sistema osteomuscular (47,1% dos casos), seguidos de transtornos mentais e comportamentais (29,4%). Quanto ao absenteísmo por adoecimento, a maioria das causas também estavam relacionados à doenças osteomusculares, o que é bem evidenciado na literatura especializada. Foi referido, em muitas falas, que as vivências destas estão associadas a um adoecimento marcado pela dor e vem sempre acompanhada de sofrimento psíquico, decorrente do próprio adoecimento/dor e da perda da capacidade laborativa. Quanto à forma que estas trabalhadoras se relacionam com o adoecimento, percebemos que as mesmas criam novas formas de enfrentamento, buscam possibilidades de readaptações em novos setores e atividades para evitar um diagnóstico de impossibilidade e inutilidade para o trabalho. Quanto às estratégias adotadas pelo hospital, destaco um projeto de qualidade de vida que visa a prevenção e promoção da saúde através de campanhas de saúde, palestras, ambulatório para trabalhadores ente outras ações. Ainda, tem-se adotado um processo criterioso de acompanhamento das situações de adoecimento e afastamentos que resultam no remanejamento destes profissionais, de uma forma que atenda as necessidades do hospital e dos trabalhadores, sem perda da potencialidade de cuidar, de criar e recriar destes.
  • ALESSANDRA NAZARE BARROS MOURA
  • O ADOECIMENTO E O CUIDADO HOSPITALAR: UM ESTUDO ACERCA DOS DOENTES ACOMETIDOS POR NEOPLASIA GÁSTRICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
  • Data: 07/10/2011
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  • Segundo publicação da OMS (2007), todos os anos, pelo menos sete milhões de pessoas morrem devido ao adoecimento por câncer, número maior que o provocado por doenças como HIV, malária e tuberculose juntos. As estimativas divulgadas pelo INCA para o ano de 2010 trazem o registro de que devam ocorrer 489.270 casos novos de câncer no Brasil. O câncer de estômago, no mesmo período, deverá representar o segundo tumor maligno mais frequente em homens e o terceiro em mulheres no país, panorama que se repete na região Norte. A partir do adoecimento por câncer, foco da nossa pesquisa, ao considerar a dimensão subjetiva vivenciada pelo doente oncológico, assim como as limitações impostas pela condição física e emocional desencadeadas por este adoecimento, o presente trabalho propõe-se a estudar de que forma os fatores relacionados ao adoecimento e ao processo de cuidado podem estar influenciando no sofrimento psíquico de doentes com câncer de estômago internados em um hospital universitário. O sofrimento psíquico, neste trabalho, não foi entendido como uma doença, sob um ponto de vista nosográfico, mas sob uma perspectiva dinâmica, enquanto um sentimento de vida contrariada do sujeito, que busca se ressignificar, através de novas normas de vida, frente ao adoecimento. Além do que foi realizada uma análise, à luz das categorias do cuidado, integralidade e sofrimento psíquico, a respeito de como os trabalhadores da saúde que acolhem e cuidam dos doentes com câncer são afetados em suas subjetividades durante esse processo do cuidar, influenciando na subjetividade do doente e no seu sofrimento psíquico. Para a análise, a metodologia qualitativa se impôs, entendendo que as relações estabelecidas no cuidado em saúde se mostraram necessariamente intersubjetivas e interrelacionais, ao considerarmos as relações que se estabelecem entre usuários (doentes / familiares), a equipe de saúde e a rede de serviços disponível, de um modo geral. Foi utilizado, como método, o estudo de caso, tendo como objeto os doentes adultos, com diagnóstico de neoplasia gástrica, internados na clínica cirúrgica do Hospital Universitário João de Barros Barreto, instituição que tem como proposta a implantação de uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, com vistas a atender essa demanda de forma integralizada. Os principais resultados foram: (i) que o cuidado em saúde continua sendo oferecido de forma fragmentada, hierarquizada e focado principalmente na doença e nos órgãos (ii) o processo de trabalho observado na produção de cuidado em saúde não atende os princípios básicos de integralidade (iii) tanto os indivíduos que procuram os serviços de saúde quanto os indivíduos que os recebem nesses serviços são vulneráveis e expostos ao sofrimento psíquico produzido por um sistema de saúde que está longe de alcançar, apesar do percurso realizado em direção a esse caminho, os ideais de integralidade, ou seja, que promovam o cuidado humanizado, integrado e que tenha como objetivo, mais que a busca de resultados e estatísticas, um cuidado que permita às pessoas retomar as rédeas da própria vida.
  • SÂMEA CAROLINA FERREIRA QUEBRA
  • Discurso Moderno e Psiquiatria Reformada: considerações sobre um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
  • Data: 07/10/2011
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  • A presente dissertação tem o objetivo de discutir a relação entre um dos novos serviços de intervenção e cuidados sobre a loucura, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), e o olhar psiquiátrico que se construiu ao longo do século XIX. O CAPS, amparado pelos preceitos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, visa, tal como outros dispositivos, combater o modelo asilar de assistência à loucura que se deu ao longo dos séculos, sobretudo sustentado, a partir do período moderno, no discurso psiquiátrico que tomou a loucura como objeto de seu saber, transformando-a em doença mental. O método utilizado para investigação foi a observação participante que se deu através da presença direta da pesquisadora no campo de estudo, descrevendo os elementos que circunscreveram o objeto de pesquisa, tais como: oficinas terapêuticas, grupos de psicologia e de família, acolhimento, assembleias e demais atividades, coletivas ou individuais, que fazem parte da dinâmica própria do serviço investigado. Inicia com a descrição do objeto, CAPS II: Santa Izabel, desde sua implantação no município de Santa Izabel do Pará, em 2001, até suas configurações atuais. Em seguida fundamenta os preceitos da Reforma Psiquiátrica que regulamentam ideologicamente este serviço, situando as referências históricas que culminaram neste movimento reformista, a partir das contribuições teóricas foucaultianas sobre o poder psiquiátrico e transformação da loucura em doença, bem como referencia demais autores que se apropriaram desta temática no contexto europeu, brasileiro e paraense. A Psicanálise é tomada, nesta dissertação, como uma possibilidade de apostar no sujeito possível de advir e existir, destacando as contribuições de Freud e Lacan sobre a teoria psicanalítica da psicose. Finaliza com análise dos dados coletados, aproximados ao referencial bibliográfico, demonstrando que, apesar do CAPS propor a ruptura com o modelo asilar instituído pelo saber psiquiátrico, naquele século, várias ações que se sustentam nesse objetivo, atualizam práticas asilares que, ao invés de darem um novo lugar à loucura, reeditam o enclausuramento imposto aos sujeitos que vivenciavam tal experiência subjetiva. Conclui que o CAPS precisa problematizar e relativizar as exigências regulamentadas pela Reforma e por sua lei, para conseguir resistir ao saber medicalizante que se faz tanto presente quanto antes, e assim conseguir reinventar práticas, conceitos, e modos de existência à loucura.
  • AMANDA PEREIRA DE CARVALHO CRUZ
  • O Trabalho e a gestão do cuidado em saúde: a construção de uma política nacional em saúde do trabalhador no Brasil – uma análise documental
  • Data: 30/09/2011
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  • O desenvolvimento dos modelos de produção acarretou diversas transformações na concepção da relação homem/trabalho. Com isso, o trabalho tornou-se um dos aspectos centrais na vida do homem moderno. Na relação com o trabalho, emergem diversos processos de subjetivação baseados nas práticas presentes nos contextos em que ele se realiza, bem como nos processos de saúde e doença. No Brasil, esse processo vem sendo delineado por questões políticas e sociais que levaram à emergência da chamada Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, em 2004. Entretanto, esse tema e seus desdobramentos ainda são fortemente debatidos, uma vez que tal política não se encontra em intenso vigor, demonstrando um percurso em constante construção e ainda permeável à diferentes influências. Este trabalho busca problematizar as práticas que produzem processos de subjetivação do “sujeito-trabalhador” pautados em dispositivos biopolíticos, a partir da análise da gestão do cuidado em saúde do trabalhador no Brasil. Partindo dessa perspectiva, buscou-se analisar a construção das Políticas de Saúde do Trabalhador no país, focando a formulação da PNSST e sua perspectiva atual. Para isso, foram analisadas as estratégias de cuidado presentes nesta Política, bem como a forma como essas estratégias estão articuladas com a perspectiva da integralidade, uma vez que a integralidade é um novo olhar sobre a gestão do cuidado em saúde, criando novas possibilidades de um trabalho em saúde. Centra-se no fluxo do usuário, com mudanças na produção do cuidado em todos os níveis da rede pública de saúde. Primeiro, foram abordados os processos de construção e desenvolvimento da chamada “Saúde do Trabalhador” e, posteriormente, foi analisada a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST (2004) enquanto dispositivo de regulação das práticas de saúde, a partir do método genealógico de Michel Foucault, com foco na análise documental. O processo de construção da PNSST iniciou a partir da 1ª Conferência Nacional em Saúde do Trabalhador, o qual se delineou nas demais conferências realizadas de 2001 e 2005. Neste processo, podemos observar o conflito entre o trabalho como risco (trabalho-risco) e o trabalho como produção de subjetividade (trabalho-subjetividade), que levam a construção das noções entre saúde-controle versus saúde-integralidade. A análise documental da PNSST de 2004 denota que ainda há uma prevalência do olhar da Saúde Ocupacional, pelo viés do trabalho-risco/saúde-controle, uma vez que as estratégias de cuidado apresentam discursos de risco/agravo no trabalho, na patologização do sujeito e na monetarização da saúde. Além disso, de 2005 até meados de 2011, não houve a concretização e implantação da Política, sendo criados diferentes sentidos e, inclusive, convergindo as ações de Saúde do Trabalhador para o campo da Vigilância em Saúde, onde se encontra tal área no Ministério da Saúde hoje. Com isso, observamos que ao pensarmos na proposta de articular o campo da integralidade com a Saúde do Trabalhador, encontramos, na verdade, a construção de discursos pautados em estratégias biopolíticas de transformar a atividade laboral em risco que deve ser vigiado e medicalizado. Além disso, não há interface para absorção das demandas referentes à saúde do trabalhador no SUS. A criação de linhas de cuidado em Saúde do Trabalhador em Unidades Básicas de Saúde ou mesmo a criação de Unidade de Referência Especializada em Saúde do Trabalhador nos permite inserir este tema cada vez mais no campo da saúde pública no Brasil e diminuir a dispersão dos casos de sofrimento dos trabalhadores que ficam no nível do não dito.
  • INGRID DE FIGUEIREDO VENTURA
  • O MANEJO DA TRANSFERÊNCIA NA CLÍNICA DOS FENÔMENOS PSICOSSOMÁTICOS: O QUE PODE SER ENODADO
  • Data: 19/08/2011
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  • Esta dissertação objetivou investigar o manejo da transferência em pacientes acometidos pelos fenômenos psicossomáticos, discutindo a operação do desejo do analista nessa clínica. O estudo teve como ponto de partida o caso clínico de uma paciente acometida por diversas afecções, principalmente urticária, as quais não apresentavam nenhuma causa orgânica. A paciente não obteve nenhuma resposta médica para seus problemas, pois há fenômenos que ultrapassam o saber da medicina. Esse fato coloca em evidência a psicanálise como um discurso que pode subverter o discurso médico, na busca de respostas para os males de portadores de fenômenos psicossomáticos. Assim, o manejo da transferência na clínica desses pacientes deve operar a partir do desejo do analista em sustentar a fala do paciente, circunscrita ao real do corpo, como uma via de possibilidade para que o sujeito do desejo possa comparecer. Esta paciente apresentava dificuldade em alcançar a esfera subjetiva e, por este motivo, podemos apontar a fixação de um gozo específico próprio à doença, pois a mesma, ao sofrer, obtinha alguma satisfação do estado em que se encontrava. Verificou-se a necessidade de uma sustentação pelo analista desta fala, na tentativa de possibilitar um enlaçamento com questões inconscientes. Apesar de, inicialmente, apresentar esta fala circunscrita em torno do fenômeno, também trazia questões familiares, na tentativa de associar livremente, já que se tratava de uma estrutura neurótica. Estas esparsas articulações de significantes foram pontuadas pela terapeuta e um sintoma analítico endereçado a ela começou a se delinear. Após várias sessões, empreendeu uma identificação ao pai, o qual a abandonou, como uma nominação, quando afirmou que algo que a marcava positivamente, provavelmente, havia sido uma herança paterna, uma constituição de um Nome-do-Pai que pudesse amarrar o nó borromeano que havia sofrido uma inadvertência na inscrição deste significante.
  • LARISSA GONCALVES MEDEIROS
  • A objetivação da saúde da criança pelo UNICEF: problematizando tecnologias de biopoder na Amazônia
  • Data: 22/06/2011
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  • Este estudo busca problematizar a concepção de saúde da criança veiculada pelo UNICEF, analisando especificamente os regimes de verdade e práticas de poder que são operados por esta agência acerca das condições de saúde em que vivem as crianças na Amazônia. Para tanto é realizada uma pesquisa documental que tem como fonte de análise o relatório “Ser Criança na Amazônia”: uma análise das condições de desenvolvimento infantil na região norte do Brasil, publicado pelo UNICEF em 2004. Como ferramentas de análise são utilizadas a história-genealógica de Foucault e sua analítica do poder, especialmente em relação ao biopoder. No contexto das políticas da ONU a performance do UNICEF no cuidado da infância é compreendida como parte de uma governamentalidade liberal que atua na promoção do progresso social e desenvolvimento econômico dos países, em prol da segurança. Neste sentido, esta pesquisa procura dar visibilidade ao modo como as práticas do UNICEF são articuladas às práticas vizinhas e engendram um dispositivo de governo que opera através de estratégias disciplinares e biopolíticas no controle da população da Amazônia, em função da gestão de riscos. De acordo com as análises do UNICEF, a saúde da criança é compreendida como efeito de determinadas condições sociais e econômicas consideradas fundamentais para sua sobrevivência e bem-estar. A falta de infra-estrutura social e as precárias condições de existência são apontadas como fatores que podem gerar doenças e prejuízos ao desenvolvimento das crianças. Além disso, o relatório enfatiza o papel da mulher enquanto mãe, colocando-a como principal responsável pela sobrevivência e educação dos filhos, e a importância do desempenho da família para a garantia do pleno desenvolvimento infantil. Observa-se como as noções de saúde e infância, compreendidas respectivamente como um campo multideterminado e uma etapa da vida que precisa ser protegida e controlada, são utilizadas pelo UNICEF no governo das populações pobres da região, capturadas em discursos higiênicos que desqualificam as famílias em função de suas condições de sobrevivência e de suas práticas de cuidado em relação às crianças. Estes discursos produzem a demanda por uma rede infinda de proteções para as famílias que promovem a saúde e asseguram a vida, mas implicam em controles que põem em xeque sua autonomia.
  • GEISE DO SOCORRO LIMA GOMES
  • ANÁLISES DE DOCUMENTOS QUE COMPÕEM AS NOÇÕES ACERCA DAS PRÁTICAS DE EXPLORAÇÃO DE TRABALHADORES RURAIS: UM ESTUDO GENEALÓGICO
  • Data: 21/06/2011
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  • Este trabalho apresenta uma análise genealógica foucaultiana das práticas discursivas e de poder dirigidas a trabalhadores, sobretudo, rurais, que constituirão o objeto “trabalho escravo”. Partimos das diferentes nomenclaturas que são utilizadas para descrever as práticas de exploração dos trabalhadores, no Brasil, para darmos visibilidade aos diferentes campos de luta que se materializam na objetivação e subsequente subjetivação desses trabalhadores. Trabalhamos com a hipótese de que existe nesse jogo de poder-saber disputas que implicam em práticas de governamentalização e de mecanismos biopolíticos disparados por diversos segmentos que são convidados a arbitrar sobre a vida das pessoas, por meio do âmbito do trabalho. Cada nomenclatura assim, ocuparia uma posição estratégica, afim de “defender”, “representar”, o lugar de saber do qual fala. Essas disputas culminam na produção de documentos, dentre os quais alguns foram escolhidos para serem analisados nesse trabalho dissertativo. São documentos de âmbito internacional e nacional, a fim de que fosse problematizada essas práticas em dois níveis, já que percebe-se que ambos se interpolam e por vezes se completam na criação de estratégias e táticas agenciadas para o cuidado e gestão dos trabalhadores. Assim, verificou-se por meio de séries recortadas ao longo dos documentos que cresce uma demanda cada vez maior de pedido de punição aos considerados culpados em realizar as práticas de exploração, e dentre outras séries levantadas, há uma ampliação de um complexo tutelar, que começa a ser incentivado para o controle e vigilância dos trabalhadores, estimulados por organismos internacionais como a Organização Internacional do Trabalho, e outros movimentos e grupos da sociedade civil, que ajudam na produção de políticas públicas que muitas vezes acabam funcionando como uma forma de controlar os riscos a que possivelmente esses trabalhadores estejam submetidos, utilizam-se da estatística para justificar suas intervenções. Tem-se verificado, portanto, que um paradoxo de biopoder atravessa essas práticas, inserindo-as em um campo de gestão e controle da vida, onde se questiona se de fato os direitos e a dignidade humana dessas pessoas são levadas em consideração ou apenas ocupam um lugar dentro do campo dos acontecimentos possíveis que devem ser controlados por práticas de governamentalidade? Finalizamos tentando articular essas questões à produção de nomes utilizados para descrever as práticas de exploração dos trabalhadores, inserindo-os em estratégias de governo da população.
  • ANA LUCIA SANTOS DA SILVA
  • INTERROGANDO PRÁTICAS DO UNICEF PARA OS ADOLESCENTES NO BRASIL
  • Data: 11/06/2011
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  • Este trabalho investigou e interrogou as práticas discursivas do UNICEF direcionadas aos “adolescentes” brasileiros. Utilizou-se o método histórico-genealógico foucaultiano para interrogar o relatório “Situação da Adolescência Brasileira” (2002), que se constituiu como fonte privilegiada desta pesquisa. Desse modo, os questionamentos que moveram o estudo foram: que práticas do UNICEF incidem sobre os corpos de adolescentes brasileiros, no século XX e início do século XXI? Que subjetividades essas práticas produzem? Como objetivam a adolescência? Que relações de poder acionam frente a esses corpos? Que efeitos elas produzem? Tais problematizações não tiveram por finalidade, fazer a história do falso ou do verdadeiro, pois isso não tem importância política, mas problematizar a produção dos regimes de verdades a respeito destes sujeitos e os efeitos destes na atualidade. Dessa forma, marcar a singularidade dos acontecimentos que forjaram este objeto como um problema para as ciências humanas, e como uma questão para o UNICEF e para o Sistema de Garantia de Direitos. O objetivo do estudo foi analisar as práticas discursivas de poder e subjetivação que objetivam e subjetivam a adolescência brasileira. De posse da ferramenta foucaultiana, desmontamos o documento, cortamos as séries que o compõem, desarticulamos as pretensas continuidades, reescrevemos e reinventamos o objeto adolescência, deixando em suspenso as certezas e verdades que o atravessam e que pretendem constituí-lo como objeto natural, imersos em essencialismos e homogeneizações. Como resultados, identificamos dicotomias no documento, como: potencialidade/risco, fase positiva/negativa, por exemplo, que tentam naturalizar o sujeito como algo dado a priori, portador de uma essência objetivado e subjetivado por uma perspectiva linear do desenvolvimento humano, como: adaptação/desadaptação, normal/anormal, maturidade/imaturidade e uma sequência linear de fases, que atende também a concepções econômicas desenvolvimentistas e neoliberais preocupadas com a equação custo-benefício.Foi com um olhar atento às ninharias do poder, que buscamos destruir certezas e evidências, atentando não para as intencionalidades dos jogos de forças, mas, ao acaso das lutas.
  • KAMILLY SOUZA DO VALE
  • A RELAÇÃO CONJUGAL EM DEBATE: uma Análise Gestáltica
  • Data: 07/04/2011
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  • A relação conjugal é o tema desta pesquisa, ressaltando a problemática de identificar as percepções do casal acerca do que mantém o casamento. Ao pesquisar o casamento, os estudos acerca da subjetivação de gêneros, se faz necessário para compreender a complexidade das influências que, as mudanças ocorridas na sociedade, ecoam nos papéis sociais e nas relações entre homens e mulheres. Estas transformações reverberaram social, econômica e culturalmente, implicando em uma crise na masculinidade e, dentre outros campos, nos princípios que norteiam a família e, consequentemente, no casamento, no cuidado e na opção de gerar filhos. Os procedimentos teórico-metodológicos consistiram em: a) submissão do projeto ao comitê de ética do Centro de Ciências da Saúde; b) seleção dos sujeitos por meio da rede de relações da pesquisadora; c) contato telefônico ou presencial preliminar com os informantes para obter a concordância verbal em participar da pesquisa; d) encontro pessoal com os sujeitos para explicar os objetivos da pesquisa e entregar o termo de consentimento livre e esclarecido, documento explicativo que resume os objetivos da investigação; e) realização das entrevistas que foram gravadas em áudio e transcritas. Quanto as análises considerei as orientações de Minaio (1998) Os informantes foram 3 casais com 4 a 6 anos de união, com filhos, e idade entre 30 a 40 anos. Foi realizada uma análise gestáltica. O resultado aponta para a conclusão de que o casamento na sociedade pós-moderna deixa de ser uma vinculação pela via da obrigatoriedade passando a permear uma escolha saudável e autônoma favorecendo a emergência de elementos como o amor, a confiança, o diálogo e a escuta, e, conseqüentemente, uma interação dentro das relações de intimidade mais saudável.
  • EVANILDO LOPES MONTEIRO
  • SIM, QUERO SER PAI! SIGNIFICADOS DA PATERNIDADE PARA HOMOSSEXUAIS DE ULIANÓPOLIS/PARÁ
  • Data: 11/03/2011
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  • Este trabalho é fruto do interesse por estudos e ações relacionados com a homossexualidade masculina. Investigou-se o interesse dos homossexuais vivenciarem a paternidade, visando discutir a ampliação do conceito de família na sociedade. Na atualidade, ocorre o avanço de ações e atitudes dos homossexuais contribuindo decisivamente para uma maior visibilidade deles na sociedade. Os homossexuais estão se colocando, eles querem viver livremente suas sexualidades, nas esferas públicas e privadas, querem paternidade, união civil, direito à família e assistência à saúde. Dentre as diversas manifestações homossexuais, existe a questão das uniões homoafetivas, como entidade familiar e a crescente possibilidade de exercerem a parentalidade, pois se entende que a conjugalidade entre homem e mulher deixa de ser a garantia da reprodução da espécie, a reprodução biológica pode ocorrer fora dos contextos da conjugalidade, e mesmo da sexualidade. Desta maneira, aumentam as possibilidades de um/a homossexual ser pai/mãe, pois com os processos de adoção, tecnologias de reprodução (inseminação artificial e fecundação in vitro) e o envolvimento com o sexo oposto, surge a possibilidade de constituir família, principalmente quando vive o fenômeno da união homoafetiva. Baseada em uma pesquisa do tipo qualitativa, apoiamo-nos nos subsídios teóricos da abordagem fenomenológica existencial hermenêutica, da gestalt-terapia e da terapia ocupacional social. A parte prática da pesquisa foi realizada com homens homossexuais que residem no município de Ulianópolis, sudeste do estado do Pará. A pesquisa utilizou para coleta de dados a entrevista do tipo estruturada que serão gravadas e os discursos dos entrevistados estudados a partir da análise do discurso proposta em Paul Ricouer e do suporte teórico-metodológico da gestalt-terapia. O resultado confirma que os homens homossexuais querem vivenciar a paternidade e é necessário que os profissionais da saúde reflitam mais sobre o assunto.
  • SILVIA MAUES SANTOS RODRIGUES
  • Perspectivas de adolescentes e cuidadores sobre saúde mental e serviços
  • Data: 10/03/2011
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  • Objetivo: analisar os conceitos e percepções que adolescentes e seus cuidadores possuem sobre saúde mental e serviços de saúde em seu contexto ecológico e investigar as barreiras de acesso à assistência à saúde mental vivenciadas. Método: trata-se de estudo exploratório e analítico em amostra de conveniência obtida no período de outubro de 2009 a junho de 2010, com 100 adolescentes e 100 cuidadores, no município de Belém-PA, em dois contextos clínicos públicos, sendo um ambulatório especializado em saúde mental e um geral e dois contextos escolares, sendo um público e um privado. Utilizou-se questionários estruturados, para investigar diferentes dimensões envolvidas nas temáticas saúde, família, bem-estar e condições de vida, seguidos de análise estatística, com técnicas de análise da variância e correlacional. Resultados: a média das idades dos adolescentes foi de 14,47 (DP 1,90) anos, sendo 58% feminino; o tipo de problema de saúde mental relatado pela maioria foram problemas na escola (21,9%); o profissional mais frequentemente procurado foi o psicólogo (59,4%). No que tange as concepções de saúde mental, adolescentes e cuidadores deram importância ao comportamento de abster-se de drogas; quanto às concepções de doença mental, ambos, conceberam como algo a ser considerado com seriedade; ambos concordaram que a religião contribui para a saúde/doença mental e revelaram a primazia da mãe na busca de ajuda; no que tange as estratégias de coping os adolescentes lidavam de forma semelhante com os problemas de saúde mental em suas vidas; adolescentes e cuidadores possuíam uma visão estigmatizada do profissional de saúde e temores de discriminação principalmente pelos pares; quanto ao tratamento real ou imaginado ambos revelaram concepções favoráveis das terapias como fonte de ajuda e espaço privilegiado para expressar a própria opinião e em qualquer dos casos, a mãe revelou-se como a principal pessoa a contribuir na busca de ajuda especializada. As variáveis que revelaram a procedência das concepções sobre saúde/doença mental e as estratégias empregadas na manutenção da saúde mental da família mostraram diferenças entre os contextos investigados; no que tange ao auto conceito, os adolescentes da escola privada mostraram maior auto-congruência entre o self real e o ideal comparativamente os demais contextos; os cuidadores revelaram auto-congruência maior na escola pública. Quanto às perspectivas que o adolescente tem sobre a família revelaram identificações reais mais frequentes nos quatro contextos com a mãe, seguidas da avó/avô; quanto aos modelos de identificação familiar nos contextos clínicos e escola privada é maior com a mãe; na escola pública é maior com o pai; foi observado discrepância da perspectiva do cuidador acerca do conceito sobre o adolescente. Para a maioria dos adolescentes e cuidadores as condições de saúde foram classificadas de "boas" a "excelentes". A auto-avaliação do bem-estar dos adolescentes na amostra geral mostrou que, em sua maioria, sentiam-se muito satisfeitos, totalmente cheios de energia, divertiam-se e tiveram boa relação com os professores; na visão dos cuidadores, a maioria de seus adolescentes sentiam-se muito satisfeitos com a vida, utilizavam seu tempo livre divertindo-se com amigos e deram maior importância aos sentimentos de bem-estar com relação ao desempenho físico. Conclusões: são evidenciadas as semelhanças e diferenças entre adolescentes e cuidadores nas amostras clínicos e escolares que podem subsidiar ações preventivas de saúde contextualizadas para a cidade de Belém.
2010
Descrição
  • ROSE DAISE MELO DO NASCIMENTO
  • O OLHAR QUE REVELA O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DE UM BEBÊ ABRIGADO
  • Data: 19/11/2010
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  • O presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa que se propôs a observar e analisar sob o enfoque psicanalítico, o desenvolvimento emocional de um bebê institucionalizado. Para isso realizou-se um estudo de caso, cujo instrumento metodológico consistiu na adaptação do método de observação de bebês desenvolvido por Esther Bick. As adaptações referem-se ao ambiente que é institucional, à limitação do tempo para o período de quatro meses de observação, ao contexto das supervisões que, devido à escassez de pesquisadores que utilizam este método em Belém, restringiu a maioria das supervisões ao par observador e supervisor, sendo que este último exerceu a função paralela de orientador deste estudo. Realizou-se a pesquisa em um abrigo estadual que acolhe crianças de zero a seis anos, onde vivia Miguel, um bebê que foi abandonado por motivo de dificuldades financeiras justificadas pela mãe. Miguel foi observado desde os seus 20 dias de vida até os quatro meses, através de observações semanais, com duração de uma hora, totalizando 20 observações, as quais foram registradas e submetidas às supervisões. Os resultados foram organizados em três capítulos principais: 1) Sobre o desenvolvimento emocional de bebês que remonta ao campo teórico da psicanálise de crianças 2) Sou visto, logo existo que esboça a relação bebê-observadora, com enfoque nos aspectos transferenciais e contratransferenciais que permearam essa relação 3) Colo bom, colo mau que aborda o ambiente de cuidados vivenciados por Miguel no contexto de acolhimento institucional e 4) O colorido afetivo de Miguel que abrange os aspectos marcantes do desenvolvimento emocional de Miguel no abrigo. Ao final desta jornada, Miguel revelou-se um bebê que durante os primeiros meses experimentou ansiedades catastróficas, que demandavam acolhimento e contenção, usava o choro e o olhar para atrair contato, todavia, raras vezes era atendido por motivos diversos; posteriormente mostrou-se mais familiarizado com o ambiente, utilizando recursos como vocalizações e sorrisos para relacionar-se. Apesar da instabilidade e inconstância dos cuidados, Miguel foi interpretado como símbolo do bebê que vencendo obstáculos e enfrentando um mundo ambivalente em sua máxima expressão, revelou que não existe situação ideal para o desenvolvimento emocional.
  • AGIS BECHIR ELIAS JUNIOR
  • PARA QUEM NÃO SABE AMAR, FICA ESPERANDO ALGUÉM, QUE CAIBA NO SEU SONHO”. Uma leitura psicanalítica da obra musical de Cazuza
  • Data: 26/08/2010
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  • Este trabalho consistiu em um exercício de interpretação psicanalítica da obra musical de Cazuza. Dividida em três períodos: Barão Vermelho, carreira solo e carreira solo sob o signo da AIDS. Buscou-se uma escuta, na qual o intérprete está implicado na produção de um novo sentido. Desse modo, utilizou-se a proposta metodológica da psicanálise implicada, buscando-se aproximações entre a psicanálise e a arte poética, explorando nesse entrelaçamento, a dimensão do desamparo (Hilflosigkeit), do excesso como soluções que reparam os efeitos da castração, como se se tratasse de um defeito na constituição narcísica e, finalmente, a finitude, que para Cazuza anunciou-se antecipadamente, impondo a ele um novo modo de pensar e lidar com o fim. Levou-se em conta que Freud, em seus textos sobre arte, admite que ela, tal qual os sonhos e chistes, é projeção do inconsciente e que posteriormente a concebe dentro dos limites da “compulsão à repetição” do “eterno retorno do mesmo” como uma subjetividade regida para além do principio do prazer. Por fim, encontra-se que o “Eu Lírico” do poeta aponta para a falta absoluta de solução para condição humana diante de sua fragilidade, para o lugar do vazio da significação do próprio ser e de sua existência.
  • JANAINA BARBOSA GOMES
  • Representações Sociais sobre a Aids e a Terapia Anti-Retroviral: Influências no tratamento de pessoas vivendo com HIV/Aids.
  • Data: 19/08/2010
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  • Com o advento da Terapia Anti-Retroviral, a Aids assumiu características de doença crônica, em especial nos países onde o acesso aos medicamentos é efetivamente garantido. O Brasil é tomado como modelo por possuir um programa que tem dado boas respostas à epidemia. Em novembro de 1996, foi promulgada, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a lei que dispõe sobre a obrigatoriedade do acesso gratuito a todos os que necessitarem de medicamentos anti-retrovirais. Os resultados obtidos com o tratamento – a redução progressiva da carga viral e a manutenção e/ou restauração do funcionamento do sistema imunológico – têm sido associados a benefícios marcantes na saúde física das pessoas soropositivas e permitido que elas retomem e concretizem seus projetos de vida. Porém, o acesso universal aos medicamentos que possibilita o tratamento para portadores do HIV gratuitamente ainda enfrenta problemas de adesão. Em uma compreensão mais restrita, adesão pode ser definida como o comportamento de uma pessoa – tomar remédio, seguir uma dieta ou fazer mudanças no estilo de vida – que corresponde às recomendações da equipe de saúde. Nesse contexto, esse estudo se propõe a analisar as representações sociais de sujeitos soropositivos sobre o tratamento anti-retroviral e suas implicações no processo de adesão a este tratamento, caracterizando as imagens e os sentidos que estes sujeitos soropositivos que aderiram ou não aderiram à terapia anti-retroviral possuem sobre este tipo de tratamento e as implicações na sua vida, destacando as objetivações e as ancoragens que compõem suas representações sociais. A metodologia foi pautada nas formulações teóricas sobre pesquisa qualitativa, priorizando-se a entrevista no enfoque do Método de Explicitação do Discurso Subjacente (MEDS), realizadas na Unidade de Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (UREDIPE), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do estado do Pará (SESPA) e no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), mais especificamente na Clinica de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP).
  • ELIANA CAVALCANTE MAUES SANTOS
  • Representações Sociais da Psicologia do Trabalho: O olhar de formandos em Psicologia da Universidade Federal do Pará.
  • Data: 06/08/2010
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  • Este estudo percorreu questões sociais contemporâneas que envolveram o Sujeito, o Trabalho e a Psicologia na perspectiva das Representações Sociais: A formação do psicólogo do trabalho na Universidade Federal do Pará. A pesquisa identificou a Psicologia do Trabalho na visão dos estudantes concluintes do curso de Psicologia da UFPA. Analisou-se as questões paradigmáticas que a área está inserida, as vivências dos formandos nos estágios supervisionados, a questão do trabalho como fonte de identidade e as mudanças da pós-modernidade para os futuros profissionais da Psicologia do Trabalho, assim como suas perspectivas no mercado profissional. Embasou-se em Serge Moscovici (1978, 2001, 2005, 2007) e na grande teoria das Representações Sociais-RS, e em Denise Jodelet (2001, 2005, 2009) com a abordagem processual em Representações Sociais. As RS se inseriram como a teoria fundante da temática, que privilegiou as relações cotidianas a partir das comunicações humanas, que foram formadoras de representações, para a proposição de uma nova perspectiva da Psicologia Social. Optou-se pela pesquisa qualitativa e utilizou-se o Método da Explicitação do Discurso Subjacente – MEDS, para os instrumentos de coleta e análise de dados. As análises das representações apontaram para as diversas dificuldades encontradas pelos estudantes que buscavam os estágios: a substituição de atividades de estágio por pesquisas específicas sobre o mundo do trabalho e exercícios acadêmicos on line, por meio da internet; entendiam que a apropriação desses conhecimentos substitutos seriam inadequados e impróprios a alunos em formação; informaram desejar diferenciar-se dos padrões estabelecidos na área da Psicologia do Trabalho, ou seja, da visão deturpada de psicólogos que estavam a serviço da empresa e se esqueceram do trabalhador. Na questão da prática profissional, mostraram que a tentativa dos professores, em substituir os estágios por outras atividades, implicava uma ruptura do compromisso de ensino com o viés interdisciplinar e de caráter prático, explicitados nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação da instituição. Sentiam-se desamparados e despreparados para atuação no mercado e bastante preocupados com as exigências dessa área. Todavia, vislumbravam possibilidades quando sugeriam que este campo apresentaria potencialidades inovadoras e de constante atualização, em que o papel da universidade seria fundamental e a preparação dos professores essencial à construção de uma Psicologia do Trabalho com compromisso ético e, que emergisse da prática concreta dos futuros psicólogos formados pela instituição.
  • JAMILE LUZ MORAIS MONTEIRO
  • CORPO, FEMININO E SUBJETIVAÇÃO: UMA ANÁLISE A PARTIR DE SUJEITOS PORTADORES DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
  • Data: 06/07/2010
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  • Esta dissertação se propôs investigar, a partir do método psicanalítico, o modo de subjetivação de sujeitos portadores de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). Partindo do caráter “psicossomático” da doença e de sua predominância no sexo feminino, indagamos se é possível existir uma relação entre o modo de subjetivação do feminino e o desenvolvimento da doença. Para verificar esta relação, tomamos como referência o atendimento de duas pacientes acometidas de LES, atendidas no contexto da pesquisa. Aliado a isso, a fim de embasar teoricamente os atendimentos, debruçamo-nos nas obras de Freud, Lacan e seguidores que se detiveram no estudo das manifestações sintomáticas do corpo, bem como na temática envolvendo o modo de subjetivação do feminino e seus desdobramentos. Ao considerar que a concepção de corpo para a psicanálise vai além do determinismo biológico, foi possível verificar que o sujeito, na tentativa de alcançar sua satisfação, recorre ao corpo como objeto de obtenção de prazer psíquico e sexual, destituindo as leis da fisiologia e da anatomia. O fenômeno psicossomático e a histeria de conversão vêm evidenciar isso, na medida em que, ao mesmo tempo em que desafiam o saber médico, também demandam de nós, psicólogos e psicanalistas, uma explicação para tais manifestações corporais, sem causa orgânica determinada. Nessa perspectiva, ao nos colocar teoricamente frente a essas manifestações, pudemos identificar a diferença entre os fenômenos psicossomáticos e a conversão histérica, a qual, por se enlaçar ao registro simbólico, torna-se passível de decifração e interpretação. Os fenômenos psicossomáticos, por outro lado, caracterizam-se por ser da ordem do impossível de se representar, por esta razão, aproximam-se das manifestações decorrentes do modo feminino de subjetivação, que está para fora da linguagem do inconsciente e, portanto, das associações simbólicas.
  • ANA CARLA SILVA PEREIRA
  • HOMENS QUE FALAM COM O CORPO: HISTERIA DE CONVERSÃO OU FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO?
  • Data: 02/07/2010
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  • Esta dissertação discute a questão das manifestações corporais, principalmente a conversão histérica. A proposta inicial é de fazer um breve percurso na obra freudiana e seus sucessores, com intuito de delimitar a questão da histeria, e buscar o estatuto do corpo em psicanálise, bem como aquilo que o afeta. Para a psicanálise, o corpo é concebido não somente como um corpo biológico, mas também como corpo erógeno, disponível e habitado por pulsões. Este corpo, que se presta à ação das pulsões, é um corpo plástico, capaz de se servir para finalidades diferentes quanto à economia psíquica. Por esta razão, é preciso considerar a existência de uma dupla via corporal, duas vertentes clínicas: o sintoma histérico conversivo e o fenômeno psicossomático. Como distinguir ambas? Como saber se estamos diante de um sintoma de conversão histérica ou de um fenômeno corporal de ordem psicossomática? Compreender essa dupla via corporal ganha relevância no momento em que precisamos conduzir o tratamento. Para isso, é necessário saber distinguir o fenômeno psicossomático das manifestações corporais de ordem sintomática, ou seja, conversão histérica. Assim, procuraremos confrontar essas duas afecções corporais que, apesar de se manifestarem no corpo, obedecem a lógicas diferentes. Essa discussão abre espaço para a retomada do conceito de pulsão, que é o ponto de conexão sobre as duas questões clínicas abordadas. Esta dissertação nos faz pensar sobre a clínica e como os sujeitos se utilizam dos seus corpos, diante de um sofrimento da ordem do insuportável.
  • BIANCA NASCIMENTO DE SOUZA
  • UMA EXPERIÊNCIA DE PLANTÃO PSICOLÓGICO NO CTI: SEMEAR E ACOLHER
  • Data: 28/05/2010
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  • Este estudo avalia a implantação e desenvolvimento do Serviço de Plantão Psicológico em um Centro de Terapia Intensiva - CTI de um hospital universitário vinculado a rede pública de saúde, na capital paraense. O serviço foi disponibilizado aos familiares de pacientes internados e demais membros da equipe de saúde intensivista, funcionando na ante-sala do referido setor, duas vezes por semana, durante quatro meses. Alicerçado sob os pilares da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) buscou-se compreender os pressupostos teórico-metodológicos que fundamentam essa modalidade de cuidado, as especificidades do setting no que se referem aos objetivos, ações e funções do plantonista, assim como, as urgências reveladas neste contexto. Para tanto, elegeu-se como método do estudo a pesquisa qualitativa de base fenomenológica, sendo avaliadas as trajetórias do semear e germinar do Plantão Psicológico, assim como, são analisados seis casos clínicos, os quais lançam luz sobre essa modalidade de atenção psicológica no CTI. Quanto ao perfil da clientela atendida observou-se que essa foi composta predominantemente por familiares, mulheres entre 20 a 75 anos, em média com o Ensino Fundamental e renda de um salário mínimo mensal. Os resultados indicam a necessidade e viabilidade da oferta do Plantão Psicológico no CTI; às demandas urgentes por auxílio psicológico, desveladas nos sentidos que os clientes atribuíram as suas experiências, tais como, medo de que o familiar faleça, sensação de abandono do familiar, culpa por não poder permanecer ao seu lado, tristeza intensa em razão do estado de saúde ou quando do óbito, entre outros. Dois tipos de atendimentos foram, naturalmente, criados: o individual e o grupal, sendo consideradas as especificidades das demandas. Ressalta-se também quanto a esta modalidade a disponibilização do pronto atendimento as urgências, acolhimento e estímulo a comunicação. Portanto, considera-se que a oferta do Plantão Psicológico no CTI revelou-se necessária como um espaço de cuidado psíquico aceito, utilizado e legitimado pelos clientes, além de se configurar em dois momentos distintos, antes e após ás visitas, sendo que no primeiro destes, destacam-se as intervenções voltadas ao acolhimento e fortalecimento da organização do self, enquanto no segundo, aquelas voltadas a ajudar os clientes na ressignificação de suas experiências ameaçadoras e a reorganização do self.
  • RONALD VALENTIM GOMES SAMPAIO
  • MICHEL FOUCAULT, A PSICANÁLISE E O CUIDADO DE SI: análise das abordagens psicanalíticas na produção foucaultiana
  • Data: 05/05/2010
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  • A presente dissertação discute e analisa as principais referências à psicanálise feitas por Michel Foucault no decorrer de sua produção teórica, levando em consideração apenas as obras em que essas referências apresentam-se de modo explícito ou sugestivo. Busca ainda estabelecer, entre elas, uma comparação, considerando suas especificidades e divergências. Mas também pretende apontar uma possível relação paradoxal, como de resto acontece com outras abordagens, de Michel Foucault em relação à psicanálise. É ainda um trabalho de reflexões preliminares acerca da possibilidade de a psicanálise se apresentar em Michel Foucault como um cuidado de si, não marcado pelo olhar vigilante e normalizador do especialista, mas uma construção do sujeito capaz de cuidados e estima próprios. Na primeira parte da dissertação avalia-se a produção proto-arqueológica de Foucault nos textos dos anos 1953-1960; a segunda parte analisa a psicanálise no projeto arqueológico; a terceira parte pontua a psicanálise na genealogia, destacando o caráter subjetivador do discurso psicanalítico; na quarta parte esquadrinham-se as pesquisas éticas e busca-se responder à questão se a psicanálise figura como um cuidado de si na última fase filosófica de Foucault. A dissertação conclui caracterizando e discutindo as distintas formas por meio das quais Foucault lida com a psicanálise no conjunto de sua produção filosófica.
  • WANDERLEA NAZARE BANDEIRA FERREIRA
  • (in) visíveis seqüelas: violência psicológica contra a mulher sob o enfoque Gestáltico.
  • Data: 03/05/2010
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  • A modalidade violência psicológica é mais conhecida pela sua “invisibilidade” no âmbito público em razão de, entre outros fatores, ocorrer mais frequentemente na esfera privada, bem como por não deixar marcas físicas. Atualmente, a Lei 11.340/2006, batizada de “Lei Maria da Penha”, depois de sancionada, traduz uma forma de amparo legal e institucionalizado para as mulheres. Empregamos a concepção de gênero de Scott, como uma das ferramentas analíticas que permitem identificar nexos entre a construção socioeconômica da violência e as políticas do Estado. Neste panorama, apresentamos como objetivo geral desta pesquisa empírica desvelar algumas (in) visíveis seqüelas psíquicas e sociais e de modo específico as repercussões na subjetividade da mulher que vivencia situações de violência psicológica ocorridas em âmbito doméstico e intrafamiliar. As análises foram realizadas na perspectiva Gestáltica, uma abordagem psicológica do contato consciente, cuja intervenção permite o fortalecimento do suporte interno e auto-regulação saudável, de modo a superar situações que obscurecem as funções e fronteiras de contato. Trata-se de uma pesquisa clínico-qualitativa de base fenomenológico-existencial-gestáltica e hermenêutica. Os procedimentos utilizados foram: submissão do projeto ao Comitê de Ética do CCS/UFPA; obtenção da autorização Institucional; identificação e convite a três mulheres para participarem da pesquisa, segundo o perfil de inclusão na amostra: disponibilidade para a pesquisa, faixa etária de 25 a 45 anos, que esteve ou está vivenciando situação de violência psicológica com seu marido/companheiro. Posteriormente, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e realizado as entrevistas semi-dirigidas através de perguntas abertas (gravadas em áudio). As mesmas foram transcritas e analisadas. O local da pesquisa foi o Centro de Referência Maria do Pará. Utilizamos para a análise dos discursos coletados a compreensão de Ricouer (1975) e os conceitos Gestálticos de contato, funções e fronteiras de contato, mecanismos de defesa, self, ajustamento criativo e awareness. O resultado aponta para o desvelamento de vividos permeados de agressões verbais em forma de humilhações, xingamentos, ofensas, ciúmes, desqualificação de sua aparência física, falta de diálogo, isolamento social e emocional, medo, sofrimento, dor, angústia, culpa, vergonha, sentimentos de ódio, raiva, tristeza e impotência diante de tal violência. Concluímos que a “invisibilidade” de tais vividos de violência psicológica gera visíveis interrupções no contato consigo mesma, em suas relações familiares e sociais, bem como, imprime profundas e danosas desestruturações na personalidade e na maneira da mulher expressar sua subjetividade.
2009
Descrição
  • CATIA DE FARIAS GUEDES
  • Investigação da Impulsividade pela Prova de Rorschach em Policiais Militares do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar do Pará.
  • Data: 09/10/2009
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  • O presente trabalho surgiu do desejo em compreender o aparecimento da variável impulsividade que no projeto de pesquisa trouxemos como hipótese, que policias militares de Missões Especiais apresentariam respostas de impulsividade mediante resultados em avaliações anteriores com outros testes como o Palográfico e o Wartegg. A impulsividade nos inquietou pelo fato de fazer parte dos critérios de corte em seleção para o exercício das funções policiais militares. A proposta de nossa pesquisa em utilizar a Prova de Rorschach como instrumento de investigação, consolidou-se pela propriedade do teste em avaliar a dinâmica da personalidade e por ser uma técnica projetiva. O método escolhido teve um delineamento quantitativo e qualitativo e foram destacados do instrumento os fatores relevantes à investigação dos indícios de impulsividade. Os sujeitos correspondem a 20% do efetivo operacional da tropa pesquisada e foram selecionados segundo critérios baseados na função que exercem, permanência na unidade, dentre outros. Com a pesquisa, refutamos a hipótese inicial e constatamos que a impulsividade interpretada anteriormente apresentou-se como prontidão e imediatismo de atitudes, e que mesmo com índice Imp elevado, o grupo apresentou recursos de controle interno satisfatórios para que a impulsividade não se torne prejudicial ou mesmo interfira em suas funções operacionais. Discuti-se sobre a possibilidade de investigação de um escore específico para o tipo de atividade policial especial desenvolvida por esse grupo ou por outros de atividades semelhantes, pois, no caso em questão, mesmo que 80% do grupo não tenha correspondido ao resultado esperado na fórmula de impulsividade, em nenhum dos sujeitos os outros elementos relacionados às respostas de Cor e Forma confirmaram a fórmula, o que leva a conclusão de que a impulsividade está presente no grupo, porém, não se apresenta de forma prejudicial e sim contida.
  • JOAO MARIA AMARAL TORRES
  • A Resposta de Movimento Humano nos Protocolos de Rorschach de Artistas Pintores
  • Data: 09/10/2009
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  • Esta pesquisa teve como escopo caracterizar as percepções de movimento humano (K), nas pranchetas do teste de Rorschach, autor do teste, verificamos que estudos posteriores relativisam este conceito sob algumas condições, fornecendo outros significados alternativos. Este estudo visa discutir a produção de K nos protocolos de artistas pintores. A aplicação do teste foi individual, com o consentimento de cada participante. Foi observado que a produção e a diversidade de K ficaram abaixo das expectativas, ressaltando-se os outros determinantes que são indicadores de comprometimento afetivo nas relações com o mundo.
  • ANA CLAUDIA BORBA GONCALVES BARROS
  • João e Maria”: uma observação psicanalítica sobre a experiência de crianças em situação de abrigamento.
  • Data: 28/08/2009
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  • Tendo em vista a importância do ambiente, das relações afetivas e dos efeitos negativos da privação materna nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento infantil, a presente pesquisa buscou compreender a experiência de crianças em situação de abrigamento. Para tanto, foram observadas duas crianças, na faixa etária de 23 a 31 meses, de nomes fictícios João e Maria, cujas histórias de vida proporcionaram uma analogia com o conto “João e Maria” dos Irmãos Grimm. As observações foram realizadas em um abrigo estadual, que acolhe crianças de zero a seis anos de idade, na cidade de Belém-PA. As sessões ocorreram duas vezes por semana, com duração de uma hora, durante cinco meses, a partir da aplicação do Método Bick de Observação de Bebês, em seus três momentos distintos: observação, anotação e supervisão em grupo. Os resultados foram organizados em três categorias: 1) O ambiente de cuidado de João e Maria, 2) João e Maria revelados por suas peripécias, e 3) Encontros com a observadora-narradora, sendo esses três eixos analisados com base na perspectiva psicanalítica winnicottiana. Na primeira categoria, foram apresentados fragmentos da história de vida de João e Maria, além de aspectos referentes aos cuidados recebidos nesse contexto, que estiveram permeados, principalmente, por carência de afeto e ausência na priorização das necessidades reais, no tempo e ritmo das crianças, possivelmente em função da dinâmica institucional. Na segunda categoria, foram abordadas as brincadeiras de João e Maria, associadas especialmente ao contato corporal e à relação de cuidados envolvendo seus pares e a observadora, cuja temática mais frequente foi da alimentação. Na terceira e última categoria, foram apresentados os sentimentos, as dificuldades e o aprendizado da observadora, bem como, a sua mobilização interna diante da história de vida das duas crianças e das particularidades do ambiente. Portanto, foi constatado que João e Maria buscavam cuidar e serem cuidados, o que, em sua maioria, envolvia contato corporal e afetivo; mostraram-se disponíveis no contato com o outro e se permitiram criar vínculos afetivos, aspectos saudáveis e positivos para o desenvolvimento infantil. Indubitavelmente, o entendimento da teoria winnicottiana e a utilização do Método Bick de Observação de Bebês contribuíram para a compreensão da experiência de João e Maria e colaboraram significativamente para uma apreensão da realidade dessas crianças e dos seus contextos de desenvolvimento.
  • ANA PAULA FELIPPE DE SOUZA MARQUES
  • Representações imaginárias atribuídas ao exame do toque retal por homens belemenses.
  • Data: 07/08/2009
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  • No Brasil, o câncer de próstata é uma doença que representa a segunda causa de morte mais freqüente entre os homens. Na região Norte, esta realidade não é diferente e vem apresentando um ritmo de crescimento acentuado, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer - INCA. É um tipo de câncer de evolução lenta e possível de ser detectada e tratada, antes que tome proporções fatais, através de diversos métodos de diagnóstico. Entretanto, um dos maiores desafios no tocante a esta detecção é a mobilização e envolvimento da população masculina em procurar ajuda médica. Isso ocorre, principalmente, porque a prevenção envolve uma possível realização do exame do toque retal. Pensando nisso, este trabalho buscou entender quais estes impedimentos? Quais os fatores envolvidos para que o homem não cuide de si, especialmente em relação ao câncer de próstata? O objetivo central do trabalho foi investigar quais as representações imaginárias imputadas ao exame do toque? Em virtude de o foco investigativo ser a apreensão das significações, optou-se pela linha metodológica qualitativa, tendo por referência o Método de Explicitação do Discurso - MEDS. Foram analisadas 10 entrevistas de homens, na faixa etária de 40 a 60 anos. Os seus discursos apontaram que existem barreiras envolvidas neste impedimento, a saber: motivações de ordem estrutural (dificuldade de acesso, carência de informações), mas também barreiras de ordem imaginária, cujos significados tornam o sujeito resistente ao exame e como conseqüência não se previnem, dificultando a detecção de possível doença para posterior tratamento.
  • ANA VICENTINA SANTIAGO DE SOUZA
  • A INTEGRALIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA E INSTITUCIONAL E NA RELAÇÃO ENSINO-SERVIÇO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO EM HOSPITAL PÚBLICO
  • Data: 01/07/2009
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  • Este trabalho consiste em estudar a prática clínica e institucional na formação do psicólogo sob a perspectiva da integralidade em saúde no Hospital Universitário João de Barros Barreto - HUJBB. A escolha do campo de estudo deveu-se ao conhecimento do hospital enquanto área de trabalho, assim como pelo fato deste ser um dos três únicos locais no SUS que servem de prática para o Curso de Psicologia da UFPA, onde se propicia aos alunos terem contato com a prática clínica e institucional, aplicando referenciais teórico-metodológicos de Psicanálise, análise institucional, processos grupais e de comunicação e conhecimentos de Saúde Pública. Utilizando-se da abordagem qualitativa, os procedimentos de coleta de dados foram a entrevista semi-estruturada, os questionários e a observação participante. Entre os aspectos relevantes o estudo observou: a fragmentação constante do trabalho dos diversos profissionais envolvidos e a busca do psicólogo por um espaço mais consolidado e articulado de atuação na equipe de saúde; a falta de conhecimentos prévios de saúde coletiva por parte dos discentes motivando um esforço concentrado dos supervisores e orientadores de campo na relação ensino-serviço; o sucateamento das instalações físicas e dos equipamentos do hospital gerando dificuldades, mas, simultaneamente, estimulando uma subjetividade expressa na colaboração entre funcionários e alunos; o esforço do Serviço de Psicologia em reconduzir o trabalho centrado no ato médico e no corpo enfermo para uma atenção marcada pela relação com o paciente como sujeito e para os distintos modos de subjetivação psicopatológicos que constituem o problema teórico-metodológico colocado para sua eficácia psicoterápica; e, por fim, sua inserção nas equipes multiprofissionais. A trama formada pelo conjunto desses protagonismos configura o desafio do psicólogo, junto com os demais profissionais, para compreender e levar a cabo a integralidade da atenção, em exercício permanente de construção no hospital. Dois teóricos destacam-se na argumentação que problematiza a atenção integral no hospital – Canguilhem, para a discussão do conceito de saúde enquanto possibilidade de viver em conformidade com o meio e Winnicott, na perspectiva clínica possível nesse ambiente.
  • DANIELLE DO SOCORRO CASTRO MOURA
  • Demandas quando da perda de um ente querido: Uma compreensão sobre o pedido de ajuda e o processo de luto.
  • Data: 22/06/2009
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  • O luto pode ser compreendido como um processo esperado de adaptação quando de uma perda significativa. Configura-se em uma experiência inevitável e contínua, dada a diversidade de eventos que impõe um ciclo de rompimento e reconstrução ao longo da existência. Contudo, o luto por morte de um ente querido tem sido considerado um potencial agente complicador das condições de saúde e da qualidade do viver. Dada a importância do tema, o estudo teve o objetivo de compreender as demandas de pessoas que vivenciam esta modalidade de perda, sendo que o recorte consistiu no desvelamento do “pedido de ajuda”, no momento em que buscou o atendimento. Para tanto, a pesquisa foi desenvolvida em um hospital público da cidade de Belém do Pará, onde funcionava um serviço de Pronto Atendimento Psicológico a esses usuários. Tratou-se de um estudo qualitativo sob o método de análise de conteúdo. Os colaboradores foram cinco mulheres que procuraram atendimento psicológico, no período de maio a agosto de 2008. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com base em três questões norteadoras: O que aconteceu pra que você procurasse esse atendimento psicológico? O que você veio buscar nesse atendimento psicológico? Como foi a sua experiência de atendimento psicológico? Foram destacadas quatro categorias: 1) Quem chegou? Apresentação e perfil socioeconômico das colaboradoras; 2) Sobre o ente querido falecido e o processo de luto; 3) Demanda: desvelando o pedido de ajuda; 4) A experiência de atendimento psicológico. Os achados sugerem que a demanda inicial por atendimento psicológico pode condensar “pedidos de ajuda” a permear o movimento pessoal das colaboradoras na atenção e cuidado ao seu sofrimento decorrente da vivência do luto, sendo que corresponderam a pedidos de acolhimento e expressão do pesar; de certificação da morte; de aceitação desse evento e de redução do sentimento de responsabilidade pela morte do ente querido, entre outros. Ressaltou-se ainda, a relevância da oferta de atendimento psicológico às pessoas que atravessam o processo de luto como uma possibilidade de acolhimento para a expressão da dor, do medo da morte, de chorar a saudade, e como um possível caminho de elaboração frente à perda de um ente querido.
  • VICTOR AUGUSTO CAVALEIRO CORREA
  • A expressão do pesar nas atividades ocupacionais quando alguém querido morre
  • Data: 25/05/2009
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  • O luto pela morte de um ente querido compreende um processo de reorganização pessoal frente à perda e que por isso tende a desdobramentos singulares, conforme a natureza e intensidade do vínculo. A pessoa então pode experimentar uma variedade de reações que, conforme a ocorrência e a severidade das manifestações, irão repercutir na qualidade do viver. Esta pesquisa teve o objetivo de compreender a expressão do pesar nas atividades ocupacionais quando da morte de uma pessoa significativa. A estratégia metodológica fundamentou-se na abordagem qualitativa do tipo “estudo de caso”, de duas pessoas (colaboradoras) que chegaram em um Serviço de Pronto Atendimento a Pessoas que Sofreram Perdas. Para a coleta dos dados foram definidos três encontros, sendo que nos dois primeiros foram realizadas às entrevistas abordando aspectos da vida pessoal e ocupacional e no terceiro uma oficina de atividades, sendo disponibilizados materiais plásticos; como papel A4, lápis de cor, canetas esferográficas, tesoura, revistas, cola branca, cola colorida, purpurina, entre outros, com o objetivo de favorecer a livre expressão. Os resultados apontam que o pesar é expresso nas atividades ocupacionais, estando de acordo com a hipótese de que, em situações de perdas e luto, as pessoas experienciam um período de retraimento e afastamento das relações sociais e das atividades habituais, indicando que a perda interfere significativamente no cotidiano das suas ocupações, incluindo falta de prazer em desempenhar o trabalho, em ter cuidados pessoais e nas atividades da vida diária (AVD’S), sugerindo a ocorrência do luto ocupacional pela perda das atividades desempenhadas com e para o ente querido falecido. Neste sentido, pode ser observada alteração nas funções ocupacionais em que padrões habituais de atividade são rompidos, remetendo a difícil tarefa de renunciar, excluir e incluir novos papéis. Por outro lado, a estratégia proposta à coleta dos dados revelou-se como um recurso favorável à compreensão e expressão do enlutado, estimulando a aceitação da perda, a avaliação do vínculo com o falecido (a) e a elaboração do luto. O uso do recurso material foi favorável à expressão dos pensamentos, sentimentos e necessidades, bem como de competências, habilidades, funções ocupacionais e outros aspectos da existência, ressaltando a importância da compreensão biopsicossocial e ocupacional da pessoa em situação de luto, em que se destaca a assistência Terapêutica Ocupacional agregando esforços na prevenção e promoção à saúde
  • VICTOR AUGUSTO CAVALEIRO CORREA
  • A expressão do pesar nas atividades ocupacionais quando alguém querido morre
  • Data: 25/05/2009
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  • O luto pela morte de um ente querido compreende um processo de reorganização pessoal frente à perda e que por isso tende a desdobramentos singulares, conforme a natureza e intensidade do vínculo. A pessoa então pode experimentar uma variedade de reações que, conforme a ocorrência e a severidade das manifestações, irão repercutir na qualidade do viver. Esta pesquisa teve o objetivo de compreender a expressão do pesar nas atividades ocupacionais quando da morte de uma pessoa significativa. A estratégia metodológica fundamentou-se na abordagem qualitativa do tipo “estudo de caso”, de duas pessoas (colaboradoras) que chegaram em um Serviço de Pronto Atendimento a Pessoas que Sofreram Perdas. Para a coleta dos dados foram definidos três encontros, sendo que nos dois primeiros foram realizadas às entrevistas abordando aspectos da vida pessoal e ocupacional e no terceiro uma oficina de atividades, sendo disponibilizados materiais plásticos; como papel A4, lápis de cor, canetas esferográficas, tesoura, revistas, cola branca, cola colorida, purpurina, entre outros, com o objetivo de favorecer a livre expressão. Os resultados apontam que o pesar é expresso nas atividades ocupacionais, estando de acordo com a hipótese de que, em situações de perdas e luto, as pessoas experienciam um período de retraimento e afastamento das relações sociais e das atividades habituais, indicando que a perda interfere significativamente no cotidiano das suas ocupações, incluindo falta de prazer em desempenhar o trabalho, em ter cuidados pessoais e nas atividades da vida diária (AVD’S), sugerindo a ocorrência do luto ocupacional pela perda das atividades desempenhadas com e para o ente querido falecido. Neste sentido, pode ser observada alteração nas funções ocupacionais em que padrões habituais de atividade são rompidos, remetendo a difícil tarefa de renunciar, excluir e incluir novos papéis. Por outro lado, a estratégia proposta à coleta dos dados revelou-se como um recurso favorável à compreensão e expressão do enlutado, estimulando a aceitação da perda, a avaliação do vínculo com o falecido (a) e a elaboração do luto. O uso do recurso material foi favorável à expressão dos pensamentos, sentimentos e necessidades, bem como de competências, habilidades, funções ocupacionais e outros aspectos da existência, ressaltando a importância da compreensão biopsicossocial e ocupacional da pessoa em situação de luto, em que se destaca a assistência Terapêutica Ocupacional agregando esforços na prevenção e promoção à saúde
  • CLAUDIA XERFAN SILVA
  • A identificação na filiação por adoção: um estudo na clínica psicanalítica.
  • Data: 11/05/2009
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  • O presente trabalho nasceu das inquietações oriundas da escuta na clínica psicanalítica e consiste em um estudo sobre a identificação da criança com seus pais na filiação por adoção. Com o intuito de compreendê-la, realizou um percurso teórico investigando a identificação e a filiação na obra freudiana. Assim, chegou a Narciso e Édipo enquanto importantes mitos tomados pela psicanálise freudiana como fundadores da subjetividade. E, em função de que estes revelam que o eu se constrói através do vínculo afetivo inicial entre a criança e seus pais, adentrou também nas relações entre alteridade, cultura e identificação. A análise destas relações levou à constatação de que a cultura castra, põe limites à pulsão. Portanto, que o sujeito, tal qual Freud nos apresentou, é condenado a carregar consigo a angústia da incompletude e do desconhecimento de si. Deste modo, este estudo chegou à clínica psicanalítica, partindo de seu aspecto crucial, a saber, a transferência, tendo sempre como fio condutor o conceito de identificação. Então, apresentou esta mesma clínica no que se refere à análise de crianças de um modo geral e a de crianças perfilhadas em adoção mais especificamente, utilizando como método de pesquisa o Estudo de Caso Clínico. Para a análise da questão da identificação na construção da subjetividade da criança na filiação por adoção, expôs fragmentos do atendimento clínico de uma criança perfilhada por um casal que não a gerou biologicamente. Esses fragmentos foram interpretados à luz dos aportes teóricos aqui descritos. As considerações finais deste estudo de caso indicaram que, se o percurso identificatório pelo qual o sujeito se constrói é absolutamente singular por um lado, por outro há aspectos peculiares às questões da identificação na filiação por adoção. Sobretudo os que se referem à herança genética e à existência de outros pais com os quais também a criança se identifica e precisa elaborar sua filiação.
  • ALYNE ALVAREZ SILVA
  • Modos de Subjetivação e Estratégias de Governamentalidade: a constituição de um “sujeito infrator” nas tramas de um dispositivo jurídico.
  • Data: 05/05/2009
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  • Este trabalho teve como objetivo vislumbrar os modos de subjetivação, presentes nas complexas relações de saber-poder de um dispositivo jurídico, capazes de fabricar uma categoria específica de indivíduo: o sujeito infrator. Segundo Foucault (1997), os modos de subjetivação são os processos através dos quais nos tornamos sujeitos, isto é, os meios pelos quais somos capturados por relações de forças implicadas no processo de produção de subjetividades. Sendo assim, certos saberes e técnicas presentes em diversos dispositivos - aos quais nos conectamos ou somos conectados - são considerados modos que nos subjetivam, engendrando-nos e constituindo-nos na medida em que atuam como tipos normativos de modos de ser. Entender parte dos discursos acerca do “sujeito infrator” e práticas que atuam sobre ele, como parte das forças que assim o constitui, pode ser um caminho para provocar qualquer tipo de fissura no dispositivo jurídico, que teima em justificar sua atuação em nome de um discurso de “proteção” e “recuperação”. Não sendo possível pensar nos modos de subjetivação sem atrelá-los à questão do “governo”, interrogamos, a partir de um estudo genealógico, as práticas de saber-poder-subjetivação presentes no dossiê de um adolescente em cumprimento de Medida Sócio-Educativa de Internação. Para entender os modos de subjetivação como estratégias de governamentalidade, problematizamos um conjunto de técnicas disciplinares, regulamentares e práticas de si, e alguns dos saberes considerados legítimos, que as fundamentam. As divisões binárias produzidas por instrumentos disciplinares constituem o “anormal”, neste caso, o “sujeito infrator”, em detrimento do que seria ser “normal”, o “sujeito cidadão” que desejam torná-lo. Assim, busca-se por meio de diversas técnicas que, apartados da “normalidade” desejada e “identificados” aos discursos que versam sobre o “infrator”, tornem-se alvos fáceis das técnicas de governo constituídas especialmente para lidar com essa categoria de indivíduos. Por fim, observa-se que, para justificar o encarceramento de jovens, a suposta função de recuperar os “desviantes” mascara o tom punitivo da Medida Sócio-Educativa de Internação e exalta um suposto caráter corretivo-educacional, o que a mantém existindo como principal medida anti os “delinquentes” que o próprio dispositivo jurídico também constitui.
  • LETICIA NOAL
  • COM A PALAVRA OS PAIS: UMA ANÁLISE SOBRE O ENCAMINHAMENTO PSICOLÓGICO DO FILHO
  • Data: 30/04/2009
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  • O presente trabalho consiste em uma pesquisa qualitativa que analisou a implicação nos pais quando do encaminhamento do filho à assistência psicológica O estudo foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial à Saúde da Infância na cidade de Macapá/AP, se utilizou de um entendimento psicanalítico e se deu a partir de seis entrevistas semi-estruturadas com casais que tiveram seus filhos encaminhados por terceiros (escola, médicos, nutricionistas entre outros) para acompanhamento psicológico. As entrevistas foram posteriormente transcritas na íntegra e submetidas à Análise de Conteúdo segundo Bardin (1977). O critério para a participação na pesquisa foi que os pais tivessem filhos na faixa etária de 6 a 11 anos de idade e de que os casais possuíssem vínculo estável. Verificou-se que os casais utilizaram-se de comparações dos filhos com o desenvolvimento de outras crianças para melhor lidarem com a possibilidade de ausência de saúde psíquica do filho deflagrada pelo encaminhamento psicológico do mesmo. Além disso, demonstraram sentimentos ambivalentes em relação ao encaminhamento como alegria e choque, relatos de estranhamento e esvaziamento quanto à compreensão das motivações que levaram à formalização do encaminhamento. Apesar dos pais terem identificado uma necessidade de auxílio profissional precocemente, nenhum dos entrevistados buscou o serviço espontaneamente e mesmo após o encaminhamento os discursos sobre normalidade em relação ao filho permaneceram como forma de buscar uma confirmação de saúde ou doença. Observou-se que todos os casais lançaram mão de modos de enfrentamento para com o mal estar causado pelo encaminhamento psicológico do filho e, especialmente, para suportarem os conteúdos latentes que se tornaram mais próximos a partir do encaminhamento. Entre as formas de enfrentamento, destacou-se o pedido de ajuda, este ocorreu por parte de todos os casais que por vezes, durante as entrevistas, comportaram-se como rivais na solicitação de auxílio, manifestaram sensação de sobrecarga frente aos cuidados da criança que diziam respeito, sobretudo, a aspectos internos (psíquicos), assim como culpa pela atual situação do filho, desamparo profissional e emocional, bem como uma tentativa de negação e normalização dos aspectos relativos ao desenvolvimento da criança. Foi visível a forma desorganizada e imprecisa com que os discursos apresentaram-se, especialmente, quanto à nomeação dos sintomas dos filhos, e quanto aos seus sentimentos em relação à denúncia representada pelo encaminhamento psicológico. O encaminhamento psicológico, apesar de ter despertado sentimentos ambivalentes, foi fundamental para que os pais tenham buscado auxílio profissional e certamente, impulsionou os casais a uma compreensão mais ampla das condições de saúde psíquica e de desenvolvimento do filho e de si mesmos, um reconhecimento necessário, que sinaliza sua relevância no campo da saúde, em especial a saúde mental, no que se refere à prevenção e tratamento psicológico.
  • IGOR DE MESQUITA RANDEL
  • Representações Imaginárias Sociais da Infidelidade Conjugal Feminina em Belém-PA
  • Data: 22/04/2009
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  • Esta pesquisa objetivou identificar e compreender as representações imaginárias sociais sobre relacionamento extraconjugal feminino, presentes no discurso de mulheres casadas que mantêm relacionamentos extraconjugais. A teoria de Cornelius Castoriadis deu suporte para a realização deste estudo. Foi utilizada a metodologia qualitativa e foram realizadas entrevistas semidirigidas para obtenção das informações junto as participantes. Foram entrevistadas 09 mulheres casadas, com idade entre 30 e 48 anos, da classe média urbana de Belém-PA, que disseram ter pelo menos uma relação extraconjugal. Os dados foram analisados por meio do Método de Explicitação do Discurso Subjacente (MEDS). A análise dos resultados demonstraram que as mulheres justificam suas traições devido à traição do marido, como uma vingança, ou pelo fato dos cônjuges não as satisfazerem afetiva e/ou sexualmente. Exploraram-se: os diversos significados que as entrevistadas atribuíram à infidelidade; o modo como essas mulheres vivenciam o sentimento de culpa gerado pelo conflito existente entre as regras sociais introjetadas e o desejo de viver uma relação extraconjugal. Dessa forma, a infidelidade conjugal remete a momentos de felicidade, vivências que fogem à rotina diária, propiciada pelos momentos de lazer. Conclui-se que a dimensão imaginária direciona a ação humana, assumindo um papel fundamental na materialização da infidelidade no que diz respeito ao desejo dessas mulheres de manter uma outra relação fora do casamento. Dessa forma, ressalto que somente o conhecimento das regras instituídas socialmente não são suficientes, apesar de imprescindíveis, para gerar ações e modos de pensar compatíveis com as normas e valores sociais
  • MARIA LAIDES PERERIA BARROS
  • O ROSTO DEFORMADO EM DECORRÊNCIA DO CÂNCER E A SUSTENTAÇÃO NECESSÁRIA: ESPAÇOS DE CUIDADOS À INTEGRAÇÃO
  • Data: 15/04/2009
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  • O adoecimento e a hospitalização são experiências significativas, comumente mobilizando sentimentos de perdas, como uma ameaça à vida, expondo a fragilidade e incompletude do homem. Os significados e reações desencadeadas pela comunicação do diagnóstico de câncer são permeados por temores e angústias, os quais favorecem os estados de desamparo. Quando o câncer manifesta-se na cabeça ou pescoço, um dos tratamentos indicados pode ser a retirada do tumor maligno do rosto e, de acordo com o seu estadiamento e dimensões, são exigidos procedimentos cirúrgicos tão invasivos e mutiladores que o rosto pode transmutar-se em outro. Em outros casos, a própria evolução da doença, mesmo sendo contra-indicada a cirurgia, implicará em transformações significativas na face. Neste estudo, considerando-se que o adoecimento e a hospitalização favorecem a regressão, atualizando angústias primitivas associadas ao desamparo e impotência, propôs-se avaliar a questão do holding (sustentação) nos cuidados a esses pacientes, tendo como referencial teórico norteador a Psicanálise, priorizando a abordagem de Winnicott e outros teóricos. Compreende, portanto, um estudo teórico, somado à pesquisa bibliográfica, através da qual são recuperados relatos de pacientes, apresentados por outros autores e que estão em concordância com aqueles captados pela autora em sua experiência de trabalho desenvolvida enquanto psicóloga em um hospital público. Os resultados apontam: a mobilização, para estes pacientes, de um estado de confusão, reatualizando ansiedades primitivas de desintegração e de despedaçamento, exigindo a reorganização das defesas; o holding como processo favorável à elaboração de perdas rumo à integração do não-eu ao Eu; a necessidade do hospital configurar-se como representante de um ambiente suficientemente bom, o que exigirá a sustentação disponibilizada pela família, equipes de saúde e a instituição; e que a função de holding encontra-se em intimamente relacionada com a Política Nacional de Humanização da atenção à saúde, em seus princípios fundamentais.
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