A compreensão da existência humana a partir da morte e da finitude: uma abordagem segundo a fenomeno
morte, finitude, Heidegger, compreensão, fenomenologia-hermenêutica.
Esta proposta de tese gira em torno à questão de uma compreensão mais vivencial da existência humana a partir da finitude. Partindo do pressuposto de que toda compreensão humana a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo ao nosso redor se dá não somente – e exclusivamente – pela razão, mas também – e fundamentalmente – a partir de todos os seus aspectos vitais, históricos e culturais que compõem a existência humana finita e seu mundo de relações, esta pesquisa se debruçará sobre a análise daquela realidade humana que se mostra como o índice mais patente da finitude: a morte. Isso se deve ao fato de que, apesar do fenômeno da morte gerar medo e horror no ser humano, é a partir dela que se abrem possibilidades de uma abertura para uma compreensão mais fundamental da existência humana. Com base nisso, essa proposta de tese buscará responder os seguintes questionamentos: como alcançar essa compreensão mais fundamental da existência humana por meio da finitude, a partir do fenômeno da morte? Que realidades fundamentais do ser humano e de sua finitude podem ser desveladas por meio de uma análise do fenômeno da morte? E que consequências a negação da morte pode gerar na busca por uma compreensão mais originária do ser humano, compreensão esta que se fundamenta na finitude e em sua circularidade hermenêutica? Para dar cabo de tais indagações, essa pesquisa se fundamentará no pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) e em seu itinerário investigativo da fenomenologia-hermenêutica. Em busca de uma compreensão mais originária do sentido do Ser, Heidegger empreende, em sua obra Ser e Tempo (1927), uma análise do ser humano em seu nível mais vivencial e existencial: o Dasein. Esta “Analítica do Dasein” possibilitou o desvelamento de diversas estruturas compreensivas do ser humano, denominados por Heidegger de “existenciários” (Existenzialen). Dentre eles, está o existenciário de ser-para-a-morte (Sein-zum-tode). Sendo assim, este estudo buscará mostrar como a compreensão da existência humana a partir do existenciário de “ser-para-a-morte” pode possibilutar um despertar do ser humano atual para a responsabilidade com sua própria existência, permitindo-lhe uma compreensão mais originária de seu próprio ser. Uma compreensão que, fundamentada no círculo hermenêutico da finitude, libera-o para a possibilidade de construir-se e desconstruir-se na temporalidade que lhe é inerente, sem fechar-se em um entendimento estático de seu próprio ser, a igual maneira que um objeto. Acreditamos também que tal compreensão mais originária do ser humano, possibilitada a partir da finitude e do existenciário “ser-para-a-morte”, pode ser um caminho pertinente para a reflexão sobre o contínuo processo de desumanização e afastamento da pergunta pelo seu próprio ser vivenciadas pelo ser humano atual em uma época cada vez mais instrumental, calculista e mergulhada do modo de ser da técnica (Gestell).