“EM TODO TEMPO MULHER FOI TAPETE”: A escrevivência de um corpo rebarbado sobre as relações assimétricas de gênero na Assembleia de Deus em Boa Esperança - PA
escrevivência; pentecostalismo; relações de poder; interseccionalidade; relações de poder.
Este texto sintetiza parte dos resultados da pesquisa que desenvolvo desde 2018 e centra-se nas discussões referentes à liderança de mulheres na igreja evangélica Assembleia de Deus. A instituição, fundada em 1911, em Belém do Pará e que atualmente está presente em todos os estados brasileiros, reserva às mulheres papéis subservientes e não permite que estas ascendam na hierarquia eclesiástica. Esse fator endossa a postura androcêntrica da igreja que, em seus 110 anos de fundação, nunca consagrou mulheres aos cargos de liderança eclesiástica, mesmo tendo uma mulher como pioneira na fundação na igreja e um público de maioria feminina. Buscando desenvolver uma escrevivência, como propõe Conceição Evaristo, delimitei como campo de pesquisa etnográfica a comunidade cristã da qual sou “membra desviada”, cuja sede fica em Boa Esperança, na zona rural do município de Santarém, no Oeste do Pará. Mais especificamente, o trabalho se desenvolveu por meio do diálogo com integrantes do Círculo de Oração, a fim de compreender as relações assimétricas de gênero enquanto instância de poder e entender as formas de atuação feminina dentro desse espaço.