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ALBINO JOSE EUSEBIO
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DA VIOLÊNCIA COLONIAL À VIOLÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO: UMA ANÁLISE SOCIOANTROPOLÓGICA SOBRE DESLOCAMENTOS COMPULSÓRIOS PROVOCADOS PELO GRANDE PROJETO DE MINERAÇÃO DA VALE EM MOÇAMBIQUE
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Data: 14/12/2018
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A presente tese analisa o processo de deslocamento compulsório e a vida cotidiana das populações deslocadas, em consequência da instalação, no distrito de Moatize, na região do Vale do Zambeze, província de Tete, Moçambique, do Projeto Moatize de exploração de carvão mineral, operado pela multinacional brasileira Vale. O estudo é inspirado teórico-metodologicamente na antropologia do desenvolvimento; nos estudos pós-coloniais e na sociologia do cotidiano. A pesquisa empírica que embasa a tese foi realizada em Moatize em dois períodos (primeiro trimestre de 2016 e de novembro a dezembro de 2017) e buscou-se dentre vários pontos explorar às práticas que caracterizaram o processo de deslocamento e a realidade de vida cotidiana no “novo lugar”. Ao longo da elaboração da tese estabelecemos um profundo diálogo entre os dados empíricos e a literatura histórica sobre a região do Vale do Zambeze, de um lado, e as abordagens etnográficas sobre as práticas da Vale em outros contextos socioculturais (Canadá e Amazônia Brasileira), de outro. Duas teses buscamos defender: primeiro, que as práticas do deslocamento compulsório em Moatize, evidenciam que há mais continuidades – o deslocamento compulsório centralmente planificado, o sequestro dos destinos das populações atingidas, o sofrimento social – de práticas violentas coloniais do que cismas nos processos atuais de implementação dos projetos de desenvolvimento em Moçambique. Segundo, que a violência do deslocamento compulsório é uma caraterística intrínseca aos grandes projetos de mineração independente dos contextos políticos e jurídicos de cada lócus em que estão sendo implementados. A Vale possui práticas autoritárias, violentas e “coloniais” de atuação que independem do contexto de sua implementação. Isso nos leva a concluir que existe um modelo hegemônico global de “grande projeto de mineração”, que tem a violência e expropriação como partes inseparáveis, como “outra parte da mesma moeda”.
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LEONARDO JOSE ARAUJO COELHO DE SOUZA
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MÚSICA E MITO: A RELAÇÃO ENTRE AS MACROESTRUTURAS MUSICAIS E A LINGUAGEM MITOLÓGICA NA OBRA DE LÉVI-STRAUSS
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Data: 14/12/2018
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Lévi-Strauss apresenta em suas narrativas mitológicas e etnográficas uma extensa análise comparativa entre as formas musicais e o pensamento mitológico. Mediante as informações antropológicas e a vivência quanto ao estudo e ao ensino da música, decidiu-se desenvolver este trabalho para elucidar a relação entre a linguagem musical e a linguagem mitológica, com base na obra do referido antropólogo. Para tanto, analisaram-se as principais formas musicais correspondentes às estruturas mitológicas, contextualizaram-se os aspectos estruturais da música e das principais macroestruturas utilizadas por Lévi-Strauss, interpretou-se e ilustrou-se musicalmente o pensamento musical desse antropólogo, esclarecendo suas metáforas e explicações musicais em relação aos mitos ameríndios, abordaram-se o aspecto sonoro na narrativa mitológica e o trabalho conjunto da etnografia e da música na elaboração dos textos antropológicos, determinaram-se os “princípios estruturantes” comuns às formas musicais cíclicas e à linguagem mitológica, ratificou-se a importância do entendimento e conhecimento dos princípios estruturantes básicos da composição musical, a repetição e o contraste, bem como se apontou como Lévi-Strauss se apropria dessas premissas e relaciona-as à lógica do mito e, por fim, analisou-se a obra musical de Mestre Anísio. Como procedimentos metodológicos, in stricto sensu, foram realizadas a pesquisa bibliográfica e de campo ou etnográfica. Para consolidar esta tese, empreenderam-se três etapas: a primeira, levantamento bibliográfico e documental, correspondeu à leitura e análise das obras Tristes Trópicos (1955), Antropologia Estrutural (1958), Mitológicas I O Cru e o Cozido (1964), Antropologia Estrutural Dois (1973), Mito e Significado (1977), Olhar Escutar Ler (1993); a segunda, descrição e análise de alguns mitos, fase em que se verificaram as estruturas e formas similares às da música; a última correspondeu à pesquisa etnográfica, realizada na comunidade Aê, no município de São Caetano de Odivelas, no período de 2016 a 2017, junto ao Mestre Anísio, para coletar dados quanto ao processo de suas composições, das formas musicais presentes nessas obras. Constatou-se que antropologia e música completam-se por meio de disciplinas distintas, a saber, a Antropologia Estrutural e a Estruturação Musical, as quais podem ser trabalhadas atualmente, além de propiciarem mais abrangência e percepção aos estudos da antropologia musical. Atestou-se que as macroestruturas e os elementos básicos da arte musical, como ritmo, melodia e harmonia, transformam-se em formas simbólicas e assim corroboram com o pensamento de antropólogos, etnógrafos e etnomusicólogos. Além disso, o estudo do pensamento musical em Lévi-Strauss permitirá a compreensão da dimensão antropológica e sociológica do som, incluindo os diferentes elementos comuns às formas musicais cíclicas e à linguagem mitológica − a leitura sincro-diacrônica, a simetria invertida e a repetição e o contraste, ao se refletir sobre sua pergunta lévi-straussiana significante: “Qual é esta afinidade profunda entre a música e o mito?”.
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SUELEN REIS DA CONCEICAO
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RELAÇÕES DE PODER NA REGULAMENTAÇÃO DO TRANSPORTE ALTERNATIVO EM BELÉM: REFLEXOS DO PODER LOCAL NA POLÍTICA URBANA
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Data: 13/12/2018
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Há quinze anos, propostas para a regulamentação do transporte alternativo em Belém tem sido debatidas na Câmara Municipal, todavia, esse debate tem revelado contradições e motivações particulares, com insuficiência nas ações reguladores capazes de conferir à modalidade condições adequadas para a oferta do serviço. O presente estudo faz uma análise desse debate, considerando a retórica e os interesses que permeiam as ações dos agentes que compõem esse campo. O estudo considerou um campo de disputas e conflitos permanentes entre agentes que ora se posicionam a favor da regulamentação, ora contrários, com convergências e divergências entre todos os agentes, que se diferenciam pela grandeza dos capitais privilegiados nesse campo, a saber, capital político e econômico. Tais diferenciações contribuem para a formação de poderes locais distanciados de demandas coletivas na política de mobilidade urbana em Belém-Pa.
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KAMILLA SASTRE DA COSTA
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“AONDE EU COLOCO AS MINHAS DORES, DOUTOR?”: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA NA VIDA DE TRÊS MULHERES RESIDENTES EM BELÉM DO PARÁ
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Data: 30/10/2018
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A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e autoimune, e vem a ser potencialmente debilitante ao longo do tempo. Afeta, em sua maioria, mulheres adulto-jovens. Por ter isso em vista, o presente estudo, de caráter reflexivo, teve a proposta de investigar a influência social da EM na vida de mulheres residentes em Belém-PA, analisando a partir das narrativas compartilhadas por elas os efeitos dos marcadores sociais da diferença que distinguem e singularizam essas mulheres, inicialmente pela busca do fechamento do diagnóstico, e no decorrer pelas situações que marcam suas trajetórias significativamente. Mediante o diálogo ocorrido entre a pesquisadora que também tem EM e interlocutoras, a partilha das vivências, angústias, incômodos e dores subsidiaram transformações nas envolvidas enquanto sujeitas que conseguem reinscrever suas/nossas próprias histórias, tendo como um dos objetivos romper com o silenciamento imposto a elas socialmente, inclusive no meio acadêmico, especificamente nas áreas das Antropologia e Sociologia, onde resistem à invisibilidade. Para a pesquisa de campo foram utilizados procedimentos de cunho qualitativos e de diálogo entre pesquisadora/ativista com as interlocutoras, priorizando suas vozes e suas experiências, sendo que para tal feito foram realizadas entrevistas semiestruturadas, muito embora as conversas informais tenham sido a base para a construção do diálogo e, consequentemente, ao alcance dos dados, com vista à perspectiva construcionista dialógica empregada. Foram realizadas visitas ao hospital público Ophir Loyola e a pesquisadora está inserida em duas Associações que lhe proporcionaram uma maior aproximação com o universo de estudo. Além disso, a literatura do feminismo negro e descolonial possibilitou uma melhor visualização das questões referentes à raça e outras intersecções com a finalidade de compreender como atuam as opressões, levando em consideração o racismo, o capacitismo e o sexismo, experienciados pelas sujeitas. A pesquisadora incorporou na escrita à prática feminista ligada a ruptura da exclusividade do modelo biomédico no atendimento e convivência com as pessoas com deficiência, especificamente ao corpo de mulheres e, para isso, utilizou como referência a literatura do Disability Studies (Estudos sobre Deficiência), tendo como foco o modelo social. Assim, foi possível constatar que o modo de se situar socialmente, inclui a influência dos marcadores sociais, embasa a construção das narrativas e da própria trajetória em relação à doença das interlocutoras desta pesquisa.
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CHRISTIANE DE FATIMA SILVA MOTA
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TERREIROS EM MOVIMENTO: RITUAIS, FESTAS, RESISTÊNCIA E MOBILIZAÇÃO. BELÉM 2018
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Data: 09/10/2018
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Esta tese analisa a resistência dos povos de terreiro pela garantia de direitos, reconhecimento, liberdade de culto e expressão a partir da pesquisa no âmbito da atuação política de lideranças, autoridades religiosas e coletivos formalizados em São Luís, Maranhão. Cada terreiro é uma unidade de resistência. Desse modo, parto da noção de que os rituais e festas não se separam do político, são elementos mobilizadores “em movimento” constante que se mantiveram mediante processo histórico de resistência desde a escravidão às perseguições policiais nos séculos XIX e XX. Discuto a categoria povos e comunidades tradicionais de matriz africana estabelecida pelo Decreto 6040/2007, quando os terreiros passaram a integrar a agenda do governo federal na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT). Para tanto, utilizo como base teórica documentos, livros, artigos, relatório de encontros e de eventos produzidos pelos próprios terreiros em razão de entendê-los como sujeitos que também elaboram teorias e conhecimentos complexos a respeito de suas realidades. Na segunda parte da tese, destaco várias situações conflituosas tendo como marco dos acontecimentos, os anos de 2014 a 2018. Em São Luís, o posicionamento político e público das lideranças e coletivos pela garantia de direitos, formas de expressão e manutenção dos territórios sagrados têm ganhado força nas últimas décadas, sobretudo, através da participação direta dos religiosos na elaboração de políticas públicas, planos e projetos específicos aos terreiros. A tese é perpassada pela atualidade histórica das resistências. As narrativas registradas revelam um passado-presente ou um presente-passado no qual os povos de terreiro exigem o reconhecimento por parte do Estado brasileiro nos âmbitos de suas origens ancestrais (africana), histórica no Brasil (escrava) e social (religiosa).
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CARLOS ALBERTO CORREA DIAS JUNIOR
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Da feira e da cozinha: consumo, identidade e linguagem em torno da comida na Feira Municipal de Cametá-Pa
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Data: 03/10/2018
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Trata-se de um trabalho etnográfico sobre as relações entre a Feira Municipal de Cametá/Pará e as práticas alimentares na cidade de Cametá/Pará. Tendo como ponto principal a alimentação, discuto se a Feira influencia o hábito alimentar do cametaense e se, por outro lado, o cametaense que influencia a oferta da feira e que aspectos culturais e de identidade estão presentes nesse processo. Por princípio, é importante que se entenda o funcionamento da Feira e a sua centralidade econômica na região do Baixo Tocantins. Partindo de alguns trabalhos endógenos sobre feira (CAMPELO,2010; LEITÃO, 2010; FERREIRA, 2015; MEDEIROS, 2008; RODRIGUES, 2014; SILVA, 2017), pretendo esclarecer as formas de funcionamento da Feira de Cametá. Em seguida, mapear quais espaços o alimento ocupa e quais são esses alimentos, daí a necessidade de usar o conceito de “Sistema Alimentar” (POULAIN, 2006 e HUBERT, 1991). Nessa compreensão, analiso as diversas falas dos feirantes e fregueses com o intuito de saber que alimentos estão presentes nas refeições diárias e que relações de sociabilidade (SIMMEL, 2005) eles engendram. Em seguida, discuto a identidade a partir da alimentação (MINTZ, 2001; POULAIN,2006; FISCHLER, 2001), seja como símbolo (BOURDIEU, 2011) ou como manifestação de uma coletividade, para por fim entender a comunidade comensal em questão. Nos questionários e observações que serão feitos, pretendo definir uma estrutura da refeição dessa comunidade, para também entender a sua identidade e que ligações ela mantém com os alimentos ofertados na feria. Para tanto, recorro às discussões de Claude Fischler sobre comida e identidade, Pierre Poulain sobre “sistema alimentar” e estrutura da refeição; e Lévi-Strauss sobre a identidade a partir do “triângulo culinário”. Partindo da concepção de que a linguagem transforma o mundo (BENJAMIN,1987) levanto a hipótese de que ela é também elemento de transformação assim como o fogo.
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JEAN ROBERTO PACHECO PEREIRA
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AMOR DE PUTA: as representações dos sentidos de amar nas falas das prostitutas de rua da Zona Metropolitana de Belém - Pará
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Data: 10/09/2018
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O presente trabalho versa sobre as manifestações e representações do amor, das ideias e práticas amorosas, especialmente a partir de suas expressões entre mulheres prostitutas de rua, mediante a adoção de entrevistas e observações realizadas em espaços públicos e privados, e de pesquisas bibliográficas que referenciam os temas abordados aqui. Para tanto, cinco interlocutoras prostitutas de rua residentes e atuantes na Zona Metropolitana de Belém compuseram o presente estudo. Sob a perspectiva antropológica, o diálogo amor-putas compreende a busca pela tentativa de descaracterizar as impossibilidades impostas pelo pensamento e pelas práticas hegemônicas da relação entre o amor e a puta. Enquanto emoção, o amor aparece no contexto ocidental como um sentimento que expressa a mais profunda incorporação da benevolência, de algo positivo, diante da obrigatoriedade em estar presente na maioria dos sujeitos. Todavia, ao se delimitar sua composição enquanto sentimento de bondade, determinados grupos sociais não se incluem nesta leitura, tal como as prostitutas. É comum o todo social pensar e manifestar sua interpretação para com as putas, permeada de elementos restritos à vida pública destas, em seu corpo público quando localizado na rua – no sentido de “estar prostituindo-se” –, toda carga estigmatizada e os marcadores do “desvio” aparecem. A ideia de exacerbação da sexualidade associada à ideia de falta de agência que se tem sobre estas mulheres compõem a imagem da puta no urbano. A tendência para a desconstrução de uma visão unilateral sobre as putas surge quando se pretende uma leitura mais profunda de suas realidades, e descobre-se que esta realidade está para além de uma imagem na esquina, para além de uma paisagem urbana pública. Nestes termos, a puta também é detentora de um mundo privado, de agência e de amor. Para interpretar a relação da puta com as emoções, vale estender às interações entre amor, corpo, gênero e sexo, interpretados como elementos adjacentes ao comportamento amoroso ocidental. As análises apresentadas compõem uma etnografia entre os dois mundos da puta: o público e o privado. Remonta-se, assim, um devir puta no contexto urbano das ruas, das esquinas, da casa, da intimidade, do amor.
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SIMONE DE JESUS RIBEIRO CARDOZO DO NASCIMENTO
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UNIVERSIDADE E SOCIEDADE: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ EM BELÉM
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Data: 31/08/2018
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Este trabalho analisa a função social da universidade, considerando a extensão como uma área essencial para articular a universidade e sociedade em uma perspectiva emancipatória. Para tanto, a Universidade Federal do Pará (UFPA) uma instituição reconhecida na Região Amazônica foi escolhida como lócus da pesquisa. Avaliamos que tipo de relação a UFPA desenvolve com a sociedade, no município de Belém, no período de 2011 a 2015 por meio da experiência extensionista Escola de Conselhos, com abrangência em todo o estado do Pará, inserida na área temática da educação e na linha de extensão Infância e Adolescência. Verificamos que a Escola de Conselhos fomentou uma participação intersetorial na UFPA e estendeu uma articulação com vários órgãos públicos e movimentos sociais em defesa dos direitos das crianças e adolescentes. A Escola trouxe esses sujeitos sociais relevantes no contexto dos direitos humanos para dentro da Universidade para contribuir com suas ações. Assim, se constitui como uma instância relevante socialmente, pois foi criada para atender a uma demanda legítima da sociedade: a defesa dos direitos de crianças e adolescentes da Amazônia paraense, por meio da formação continuada de conselheiros tutelares e de direitos. Os dados levantados indicam a importância das formações para os conselheiros tutelares e apresentam sugestões para melhorar as ações da Escola. A população atendida pelos conselheiros sugere que eles sejam mais preparados para atendê-la. Assim, consideramos que a Escola, apesar dos limites impostos a ela, tem contribuído significativamente para a formação dos conselheiros tutelares e outros sujeitos da rede de proteção dos direitos de crianças e adolescentes.
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JOSE MARIA FERREIRA COSTA JUNIOR
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Vamos levar uma delícia?
Uma etnografia da circulação do pirarucu salgado na feira da 25 de Setembro em Belém
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Data: 07/08/2018
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Este trabalho aborda as relações entre o regime de valor da circulação do pirarucu salgado e as formas de crédito direto estabelecidas entre feirantes e consumidores na feira da 25 de Setembro em Belém/Pa. O objetivo principal é compreender como a venda de determinadas mercadorias a prazo compõem os padrões e critérios que determinam a trocabilidade do pirarucu. Para alcançar este objetivo foi realizada uma experiência de observação participante entre os feirantes do setor de farinha e de mercearias (local da venda de pirarucu salgado naquela feira) durante os meses de fevereiro e junho de 2016. Além de levantamento de informações sobre as feiras e mercados de Belém junto a Secretaria Municipal de Economia, entrevistas de feirantes em outras feiras e observação direta das características dos comércios de pirarucu em todas as feiras e mercados da cidade. Resultando disso tudo uma etnografia da produção do valor das mercadorias na feira onde são descritos os processos classificatórios de pessoas e objetos que estabelecem a distinção como marca da ordenação do universo de mercadorias.
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VERONIQUE ISABELLE
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Uma coderiva no mundo sensível do igarapé Jamaci e nas múltiplas dimensões das paisagens insulares e de várzea belenenses Belém
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Data: 02/08/2018
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Numa perspectiva que considera as potências e as agências das águas das paisagens insulares e de várzea belenenses, a presente pesquisa propõe um percurso nas suas múltiplas dimensões, a partir das experiências estéticas e éticas vivenciadas junto com os moradores da ilha de Paquetá e, principalmente do igarapé Jamaci. Através de uma abordagem metodológica que visa a experimentar formas de investigar e apresentar tais experiências através do uso das artes no trabalho de campo, essa pesquisa busca contribuir para o melhor entendimento de questões em torno das formas de morar, configurar e perceber tais paisagens pelos seus moradores (INGOLD, 2000). Partindo do principio que construímos e somos construídos pelas dinâmicas das paisagens, é possível entender tal processo enquanto uma expressão coexistencial que é perceptível na arquitetura e nas coisas, nas tarefas cotidianas, nas relações entre os humanos e os não humanos, nos corpos, e nas leituras sensíveis dos elementos constitutivos das paisagens tais como as marés, as lamas, o cultivo do açaí, a pesca, entre outros. Esse processo coexistencial vincula coisas e seres com suas agências múltiplas e sensíveis, cujas complexidades merecem tanto o entendimento de seus fenômenos materiais quanto imateriais que se manifestam nas narrativas, nas imagens, nos gestos, nas crenças que constituem às memórias do e no lugar. Isso implica em uma coderiva dos moradores junto com a antropóloga, nas múltiplas dimensões do mundo sensível deles.
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LORENA TAMYRES TRINDADE DA COSTA
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Mulheres Nerds em Belém: (Inter)subjetividades e Performances Através de Elementos Imagéticos e Mídias Sociais
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Data: 05/07/2018
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Neste trabalho, me proponho a investigar como mulheres nerds articulam gênero, performance e intersubjetividades através de elementos imagéticos e mídias sociais. Partindo do pressuposto de que as mulheres, além das características que abrangem grande parte dos nerds, têm outras ferramentas de afirmação de identidade, que também podem ser ligadas ao feminino, é relevante compreender como se expressam as relações de gênero a partir de performances e representações e mulheres nerds e qual a importância dos elementos imagéticos para a performatização e midiatização das identidades das mulheres nerds? Através da análise de representações e estereótipos de mulheres na cultura nerd, dos processos de pertencimento e exclusão e da construção de performances e da articulação de saberes e práticas, é possível identificar as peculiaridades, subjetividades e relações de poder que estão contidas na afirmação de suas identidades seja nas mídias sociais e blogs, ou na vida cotidiana offline.
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LEONNE BRUNO DOMINGUES ALVES
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Relações de parentesco e produção do espaço ribeirinho
na Amazônia Paraense: uma etnografia no igarapé Acaputeua em Igarapé-Miri
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Data: 20/06/2018
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O presente trabalho apresenta uma etnografia das relações de parentesco e da produção do espaço de ribeirinhos do igarapé Acaputeua, no município de Igarapé-Miri, no estado do Pará, tendo a família Pantoja e seus descendentes e agregados como os principais interlocutores deste trabalho. Entendendo ribeirinhos como uma população haliêutica, cujo modo de vida está assentado no padrão rio-casa-floresta, ou seja, tendo a organização social se desenvolvendo dentro desse tripé que representa a dimensão socioestrutural de seu espaço, este trabalho relaciona o parentesco – relação social atribuída ou consanguínea) – elemento da organização social ao espaço imediato, e compreende aquele como responsável pela organização do mesmo. O espaço social imediato, aqui, revelou-se como o sítio ribeirinho que, compreendido na estrutura rio-casa-floresta, tem seu sentido de espaço e lugar produzido pelos movimentos e pausas da espacialização ribeirinha, fazendo do sítio como unidade doméstica um reflexo da espacialidade maior que é ate onde a parentela se estende, e dessa espacialidade maior um reflexo do sítio doméstico. O sítio ribeirinho, portanto, é permeado pelas relações de parentesco que organizam a sua economia interna e externa, como as relações mãe-filhos, ou marido-mulher. Além disso, as relações de parentesco são permeadas pelos papeis sexuais de homem e de mulher. Não obstante, o sítio ribeirinho se caracteriza por uma grande economia – material e simbólica – entre as unidades domésticas que o compõem e são indispensáveis a sua sobrevivência. Assim, conforme as relações e as famílias se alteram, o sítio ribeirinho é também alterado; seu espaço é produzido a partir das relações de parentesco que nele ocorrem, ou podem vir a ocorrer. Tal espaço é, portanto, uma grande rede de parentesco, pois, como se diz no Acaputeua, “aqui todo mundo é parente”.
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BRUNA FERREIRA PINHEIRO
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INSTRUMENTOS DE GOVERNANÇA PARA OS DIREITOS DOS POVOS INDÍGENAS DA AMAZÔNIA: ANÁLISE DA PARTICIPAÇÃO INDÍGENA NA OTCA E NA COICA
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Data: 08/06/2018
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Este estudo analisa a busca pela construção de governança para os direitos dos Povos Indígenas na Pan-Amazônia, a partir dos documentos elaborados pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e da Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA). Nas últimas décadas, uma série de instrumentos vem sendo elaborados e firmados entre os países para a promoção e defesa dos direitos dos povos indígenas. Todavia, percebe-se uma dicotomia entre o discurso das convenções firmadas e as ações práticas de participação indígena no interior de cada país, em especial, na região da Pan- Amazônia. Com base nos argumentos da teoria Crítica e do enfoque Decolonial e seguindo a perspectiva metodológica da análise do discurso, são analisados os mecanismos que visam a construção de Governança sobre o tema dos direitos dos povos indígenas, considerando as formas de diálogo entre os Estado e os atores indígenas para a consolidação dos seus direitos. Mas os documentos mostram ações que, por vezes, podem não coincidir com tais propósitos.
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MARIA SALETE PANTOJA AQUIME
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A LUTA PELA IGUALDADE DE GÊNERO NOS MOVIMENTOS SOCIAIS: A CRIAÇÃO DA COOPERATIVA DAS MULHERES COMO ESPAÇO DE LUTA, RESISTÊNCIA E VISIBILIDADE NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ Belém
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Data: 28/05/2018
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A presente dissertação versa sobre a história de luta e resistência das mulheres de Cametá, trazendo para um debate mais amplo a luta pela igualdade nas relações de gênero, dentro dos movimentos sociais, a fim de perceber que são, junto com os homens, peças fundamentais no processo de desenvolvimento social. Durante muito tempo as mulheres eram percebidas nos movimentos sociais como receptoras passivas do desenvolvimento, como a figura de que a maternidade e a criação das crianças são os seus papéis mais importantes na sociedade. As informações que trazemos no bojo desta pesquisa são oriundas das observações in loco, das entrevistas realizadas, inclusive algumas via e-mail, uma vez que as interlocutoras estavam viajando e se dispuseram em nos atender, das informações e análise dos documentos das organizações sociais e da nossa vivência junto ao movimento de mulheres da região do baixo Tocantins. Neste âmbito, as formas de organização das cooperadas, a gestão coletiva da produção, a luta pela igualdade de gênero, bem como as estratégias coletivas para o direcionamento das ações da cooperativa das mulheres estão no foco desta investigação. O trabalho vem mostrar a motivação da organização das mulheres na criação de uma cooperativa formada por 40 associadas, visando ao reconhecimento de que elas, por meio de seus papéis produtivos e reprodutivos, são participantes ativas e proporcionam uma importante contribuição, geralmente não reconhecida no município de Cametá. Poucas se sentiam capazes para discutir em situação de igualdade com os homens as reivindicações travadas e em sua comunidade e no município. Poucas participavam nos espaços de decisão nos sindicatos e cooperativas de produção, assim como estavam ausentes dos projetos de geração de renda fomentados nos movimentos sociais. Isso se reflete na ausência de referência à sua contribuição econômica local, ainda que as mulheres fossem as principais responsáveis pela produtividade básica de suas comunidades. A dissertação vem mostrar, então, o outro lado da história, suas experiências , vivências e lutas em Cametá.
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ELCIMAR MARIA DE OLIVEIRA LIMA
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HÁ VINHOS NOVOS EM VELHOS ODRES? O movimento dos indignados à luz das teorias dos movimentos sociais Belém
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Data: 25/05/2018
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Este trabalho teve como objetivo analisar, à luz das teorias dos movimentos sociais, como dois movimentos, identificados com o Movimento dos Indignados, construíram os processos de enquadramento interpretativos, desenvolveram os repertórios e organizaram suas estruturas de mobilização para realizar as ações coletivas em Belém-PA, a partir de junho de 2013. No período de 2013 a 2016, Belém presenciou a emergência de vários movimentos sociais com características plurais, autônomos, horizontais, que nasceram de redes de grupos ou coletivos, diferentes, portanto, de movimentos sociais clássicos. As características do Movimento dos Indignados levaram os estudiosos a criar uma tipologia nova de movimento social capaz de caracterizá-los como “novíssimos movimentos sociais”. A metodologia utilizada foi um estudo de caso, para o qual foram escolhidos o Movimento Belém Livre e o Ocupa UFPA. Estes movimentos foram selecionados, porque apresentam elementos ligados aos “novíssimos movimentos sociais”. Para isso, foram realizadas pesquisas documental e bibliográfica, observação direta das manifestações e da ocupação, vinte e cinco entrevistas em profundidade e quinze conversas informais com integrantes dos dois movimentos, além de análise de vinte entrevistas às televisões locais e sete depoimentos pessoais disponíveis no Youtube e no Facebook. Ao final da pesquisa, foi constatado que esses “novíssimos movimentos sociais”, apesar de conseguir mobilizar um número expressivo de pessoas para as suas ações, foram movimentos que se esgotaram de maneira relativamente rápida. Também foi constatado que, em virtude da ausência de lideranças visíveis, se estabeleceram disputas pela liderança entre os líderes dos coletivos sociais já existentes e que aderiram ao Movimento Belém Livre e ao Ocupa UFPA, mas que já tinham experiência anterior com a organização de movimentos sociais. Essas disputas enfraqueceram a coesão inicial e dificultaram a realização de novas ações coletivas. A forma de organização horizontal que, em princípio, parecia positiva por permitir a ampla participação dos integrantes do movimento, na prática, apresentou dificuldades para o desenvolvimento das ações coletivas e para os processos de tomada de decisão, que interferiram diretamente no esgotamento do movimento após o período no qual realizaram manifestações públicas.
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NAIARA VIDEIRA DOS SANTOS
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O DIRETO À CIDADE E A POLÍTICA HABITACIONAL: ANÁLISE DO CONJUNTO HABITACIONAL DE MORADIA POPULAR " RESIDENCIAL MACAPABA, NA CIDADE DE MACAPÁ-AP.
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Data: 24/05/2018
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Esta dissertação analisa as condições de planejamento e execução de um conjunto habitacional de moradia popular no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) na perspectiva do direito à cidade, tomando como estudo de caso o “Residencial Macapaba”, localizado em Macapá-Ap, implantado em sua primeira etapa em 2014 e finalizado em sua segunda fase em 2017. Utilizando-se de pesquisa documental, de entrevistas e questionários semiestruturados, objetivou-se analisar as etapas de formulação e implantação do conjunto habitacional e seu projeto de cidade e nessa perspectiva, a inserção dos moradores na malha urbana a partir da mudança para o habitacional. A discussão em torno do direito à moradia e do direito à cidade no campo da política habitacional constitui-se como fundamental para garantir a essas populações alcançar uma qualidade de vida urbana, frente aos desafios do ideal da cidade-mercadoria nas sociedades capitalistas contemporâneas. Dessa forma, identificou-se como os moradores do “Residencial Macapaba” vêm acessando os serviços e equipamentos urbanos de educação, de saúde, de transporte, de segurança e de lazer na nova moradia e também em comparação com a sua residência anterior. Trata-se de moradores, inseridos na Faixa I do PMCMV, com renda à época de implantação até R$1.600,00, em sua maioria provenientes de áreas alagadas e de bairros periféricos da cidade de Macapá, em situações precárias de habitação. Portanto, a importância de que lhes sejam garantidos não apenas o direito à moradia, mas também um conjunto de fatores que os permitam acessar o espaço urbano e seus recursos e dessa forma, possam efetivamente “viver” e usufruir da cidade.
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RILDO FERREIRA DA COSTA
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TECNOLOGIA, ÉTICA E SOCIABILIDADE NA ESCOLA
Uma fenomenologia das relações entre professor e aluno em sala de aula na era da tecnologia digital
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Data: 04/05/2018
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Na presente tese de doutoramento apresentamos como campo temático “tecnologia e processos de sociabilidade na escola”, com objetivo de compreender os processos de sociabilidade nos âmbitos interpessoal e pedagógico construídos em sala de aula, na tentativa de entender as relações na dimensão ética e social, a partir do olhar de professores aos alunos que utilizam celular durante a realização da aula. Metodologicamente, a pesquisa tem um cunho teórico e empírico, cujos dados mobilizados por meio de observação direta não participativa, questionários com perguntas fechadas e entrevistas semiestruturadas, foram analisados por uma abordagem fenomenológico-hermenêutica, sobretudo com base na filosofia de Gabriel Marcel e Martim Buber. Em face das questões levantadas, o estudo nos possibilitou a percepção dos seguintes resultados: as novas tecnologias exercem na vida das pessoas uma influência considerada positiva e otimista em suas relações, sobretudo a instantaneidade das comunicações. Todavia, não se apercebem do cenário de estranheza, isolamento e perda de percepção de si e do outro em que estão caminhando. Na escola, a maioria das pessoas utiliza celular para seus interesses particulares, e muito esporadicamente é utilizado como ferramenta pedagógica, carecendo de metodologias de uso das novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem e capacitação docente para sua utilização pedagógica. Em sala de aula, a preocupação docente é pedagógico-racional, voltada para o ensino dos conteúdos disciplinares, enquanto os alunos se “isolam” em seus celulares, alheios ao que está ocorrendo, condicionando os professores a uma prática autoritária e construção de um discurso no qual afirmam que o uso do celular afeta negativamente a autoridade do professor e prejudica a qualidade do trabalho docente. Na dimensão ética, a sala de aula mostra-se como um ambiente de aprisionamento, asfixiando possibilidades éticas inter-humanas entre professores e alunos, visto que a ação educativa não agrega valores humanos, perdendo-se o encantamento humano na educação como um momento de produção de sentido para a vida. Existe uma grave crise de relacionamento e valores nas relações familiares que repercute diretamente nos processos relacionais estabelecidos entre professores e alunos. Em meio à violência, medo e um estado de ‘cegueira ética’, em sala de aula não se perdeu o respeito entre professor-aluno, mas a sua consistência ética sofreu uma redução de sentido, evidenciando entre ambos, dificuldades em viver experiências de verdadeiro encontro inter-humano na ação educativa. Cabe ao educador agregar à racionalidade pedagógica, um fazer docente, baseado no diálogo, na escuta e novas possibilidades construídas na fenomenalidade humana em uma relação humanizada com o saber científico. É pelo sentimento de comunhão, amor, fraternidade e esperança que se torna possível uma verdadeira educação humanizada capaz de promover o autêntico encontro do Ser com o Outro no mundo e a restauração do sentido da vida na dimensão Eu-Tu em sua “verdadeira alteridade, destruindo o círculo da solidão” entre professores e alunos.
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TALITA INGRID DA SILVA
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CONFLITOS SOCIAIS E PARTILHA DE POLÍTICAS PÚBLICAS: A ATUAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS USUÁRIOS DA RESEX CAETÉ-TAPERAÇU - BRAGANÇA-PA
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Data: 03/05/2018
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Os conflitos sociais em territórios ambientalizados no contexto da Amazônia brasileira tem suscitado um importante campo de debate sobre a agência das mobilizações coletivas na gestão das políticas públicas direcionadas as Unidades de Conservação de uso sustentável. A formação das associações-mãe nesses espaços ambientalizados, ganha contornos diferenciados em função de ser posta, por demanda legal, na condição de principal interlocutora do Estado, suscitando questões sociológicas. Esta dissertação analisa a atuação da ASSUREMACATA diante dos conflitos sociais relacionados à partilha das políticas públicas direcionadas à Reversa Extrativista Marinha Caeté Taperaçu, mais especificamente a duas políticas: os créditos derivados do II Programa Nacional da Reformaria Agraria (II PNRA) e o Programa de Apoio à Conservação Ambiental Bolsa Verde (PBV). A ASSUREMACATA coloca-se como ator principal na partilha dessas políticas. O estudo, de base qualitativa, foi realizado na Reserva Extrativista Marinha Caeté-Taperaçu, localizada no município de Bragança, no Estado do Pará. A pesquisa constituiu-se de entrevistas semiestruturadas com os presidentes e associados da ASSUREMACATA; acompanhamento de reuniões do Conselho Deliberativo (CD) e análise de documentos que amparam a gestão partilhada da Resex, tais como o Plano de Manejo e atas do CD. A Associação é um lócus privilegiado para a observação dos conflitos em torno da partilha das políticas públicas dentro da Resex, refletindo os diversos interesses e as lutas que mobilizam os agentes sociais envolvidos na produção do território. Em função da heterogeneidade dos atores sociais envolvidos foi possível perceber conflitos de diversas dimensões. Quanto aos conflitos na partilha das políticas públicas nas gestões dos presidentes da Associação, constatou-se que o acesso as políticas públicas foi viabilizado por alguns arranjos que se deram, considerando as relações de parentesco e compadrio, estas interações ocorrem frequentemente entre os moradores locais
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TASSIO DE SOUZA DAMASCENO
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TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR: UM ESTUDO SOBRE OS DESDOBRAMENTOS DO USO DESSAS FERRAMENTAS POR DOCENTES E DISCENTES DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS.
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Data: 30/04/2018
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Uma das maiores características da contemporaneidade sem dúvidas é a presença cada vez maior de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em diversos setores da sociedade. Nas últimas décadas, com a difusão da internet e a rapidez das inovações tecnológicas, houve um processo crescente do uso de novas tecnologias por parte dos indivíduos para exercerem diversas atividades do dia a dia. Essas transformações tecnológicas vividas pelos sujeitos na contemporaneidade representam não só a inserção de equipamentos e técnicas, mas também se manifestam na forma como os indivíduos estão vivendo e trabalhando essas transformações em suas relações cotidianas. Desse modo, as TIC estão presentes na nossa vida, no nosso trabalho e na nossa constituição como ser social. No contexto da Sociedade da Informação, a informação e o conhecimento passam a ser elementos estratégicos para o desenvolvimento do modo capitalista de produção. A partir disso, as universidades tornam-se locais estratégicos para o fornecimento de mão-de-obra qualificada para o mercado e de desenvolvimento do conhecimento e de novas tecnologias. Através da pesquisa bibliográfica, da netnografia em mídias socias e da pesquisa de campo, na qual foram utilizadas a observação participante, o roteiro de entrevistas semiestruturadas e o registro em diário de campo, investigamos quais os desdobramentos da inserção de TIC no ambiente acadêmico da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em linhas gerais, os resultados alcançados nessa pesquisa ressaltam uma série de processos provenientes da introdução das TIC no ambiente acadêmico, que foram identificados e abordados ao longo deste trabalho. Dessa forma, podemos ressaltar o crescimento da Cibercultura entre os sujeitos investigados, que se manifesta por meio do uso de TIC na intermediação de uma gama variada de atividade como trabalhar, estudar e se comunicar. Além disso, observamos que a modernização da UFPA representa um grande passo para a introdução da instituição na dita Sociedade da Informação e do Conhecimento e contribui diretamente para esse crescimento da cultura digital entre docentes e discentes. Em contrapartida, também foram identificados problemas como os conflitos na relação entre docentes e discentes em sala de aula e nas mídias sociais, a exclusão digital presente no meio acadêmico e as dificuldades da instituição em atender as demandas da comunidade acadêmica por treinamento e qualificação. Em síntese, esse trabalho contribui para enriquecer o panorama de discussões sobre o processo de inserção de TIC no ensino superior, especialmente, no trabalho de docentes e discentes e na relação entre esses indivíduos no ciberespaço e na sala de aula.
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ROSA IBIAPINA DOS SANTOS
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AÇÃO LOCAL EM UM AMBIENTE MARINHO AMAZÔNICO: MUNICÍPIO E RESEX DE SÃO JOÃO DA PONTA (PA) – ASPECTOS DE UM MOVIMENTO SOCIOTERRITORIAL INOVADOR
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Data: 30/04/2018
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Estudo de caso que apresenta reflexões acerca de um território da Amazônia, de Reserva Extrativista (Resex), no estado do Pará, mediante a Associação dos Usuários da Resex Marinha de São João da Ponta (Mocajuim). A questão central é a compreensão de como são construídas as relações sociais dos movimentos do território de São João da Ponta que o colocam em um processo de emergência territorial pela ação local? Para tanto, apresentou como objetivo demonstrar e interpretar à luz de uma sociologia da ação local as relações sociais que compõem o processo de emergência do território de São João da Ponta enquanto município e Resex. E mais especificamente: 1-Apresentar a Resex em sua constituição como uma referência socioambiental na Amazônia brasileira; 2-Descrever os movimentos (constituição do município e constituição da Resex) do território como dinâmicas centrais em São João da Ponta; 3-Interpretar as relações sociais dos usuários da Resex a partir da Associação Mocajuim descrevendo o território em movimento na Amazônia, território da ação local; e 4-Demonstrar as especificidades do caso de emergência territorial de São João da Ponta em um contexto de ambientalização pelo instrumento Resex que pode se constituir em inovação nas expectativas sociais e políticas menos excludentes na Amazônia. Estruturado em Parte I e II, a metodologia utilizou como: 1-método de pesquisa o estudo de caso único, por revelar as ações locais e a emergência de São João da Ponta; 2-método de abordagem o qualitativo por responder a questões particulares e simbólicas das relações e processos sociais, com o universo de 434 usuários da Resex e amostragem as lideranças comunitárias, associados, conselheiros e atores relatados nos principais movimentos sociohistóricos ou socioterritoriais; 3-método de coleta de dados a triangulação, por convergir entrevistas, documentos e observações diretas; e 4-método de análise de dados o hermenêutico, por utilizar as narrativas das entrevistas para interpretar o território de relações sociais complexas e dinâmicas; complementado pelo método da sociografia, de contexto sociohistórico e científico pela documentação analisada e pelo método da etnografia, de contexto sociocultural pelas observações diretas. Principais conceitos e teorias foram território em movimento, instituição, ação local, inovação social, participação ativa, movimentos sociohistóricos ou socioterritoriais e desenvolvimento local e sustentável. E principais resultados a interpretação do território em movimento na Amazônia e a emergência da Resex de São João da Ponta por ser inovação social contínua mesmo em um modelo institucional e ser elo de ligação entre ação local e desenvolvimento local.
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THAIS DE ALMEIDA COSTA
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UMA ANÁLISE SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A COMUNIDADE BOM JESUS I E A OFERTA DE SERVIÇOS DE SAÚDE: PRÁTICAS SOCIOCULTURAIS NO ENTORNO DO IGARAPÉ MATA FOME, BELÉM-PARÁ
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Data: 27/04/2018
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Este trabalho apresenta uma análise sobre uma parte da comunidade Bom Jesus I (Belém/PA), ao passo que descreve as práticas populares nos cuidados do corpo e como estas se configuram como estratégias importantes de promoção e de prevenção em saúde. A Comunidade Bom Jesus I, situada entre os bairros da Pratinha II e do Tapanã, em Belém do Pará, passou por um rápido processo de ocupação, especialmente por pessoas oriundas do interior do Pará, de outros Estados e também outros bairros da capital. Em busca de melhores condições de vida e viabilidade econômica, essas pessoas chegaram a Belém buscando áreas periféricas como locais de residência em face da oferta de terrenos desocupados e da especulação imobiliária nas áreas centrais da cidade. A pesquisa teve caráter quali-quantitativo, foi realizada a aplicação de 47 questionários, além da observação participante. Assim, foi possível observar que parte considerável da comunidade não dispõe de serviços urbanos básicos, tais como saneamento, escolas públicas, segurança e serviços de saúde próximos.Quanto aos equipamentos de saúde na área, parte de seus moradores utiliza-se da Unidade Municipal de Saúde (UMS) do Tapanã, na qual são realizados diferentes tipos de exames. Há também a UMS da Pratinha, que representa uma segunda alternativa aos moradores da comunidade, além do uso da Unidade Estratégia Saúde da Família (ESF) da Pratinha I, para a realização de exames mais básicos. Todavia, alguns moradores, por meio de entrevistas, relataram algumas dificuldades em acessá-los.Foram realizadas 8 entrevistas semiestruturadas, com o intuito de verificar os itinerários terapêuticos utilizados pela população local em busca de cuidados de saúde.Observou-se uma grande diversidade de explicações ligadas a conhecimentos tradicionais e sua interface com o modelo biomédico, o que expõe outras práticas, saberes e compreensões, acerca dos cuidados com o corpo, ancorados na memória.
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ROSEMBERG BATISTA DE ARAUJO
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Redes na penumbra: um estudo sobre ação pública e empresas, na construção da Hidrelétrica de Belo Monte
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Data: 25/04/2018
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Esta pesquisa analisa como variados grupos econômicos e sociais estabeleceram demandas, constituíram alianças, formaram e mantêm consórcios e redes de empresas para a execução da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída no rio Xingu entre os municípios de Altamira e Vitória do Xingu no Estado do Pará, Amazônia Brasileira. Ancorando-se em abordagens teórico-metodológicas sobre ação pública (LASCOUMES e LE GALES, 2012a), território (PORTO-GONÇALVES, 2006; LITTLE, 2002 e TEISSERENC 2010), território ocupado (MAGALHÃES, 2008); e redes (MARQUES, 2000; BOLTANSKI; CHIAPELLO, 2009 e GRANOVETTER, 2009), é elaborado um quadro geral dos atores públicos e privados envolvidos na construção da UHE no contexto do recente ciclo desenvolvimentista no Brasil. Esse quadro baseia-se em análise do desenvolvimento como campo de poder (CABALLERO-ARIAS, 2007; SARDAN, 1995; RIBEIRO, 1992; FOUCAULT, 2008, CASTRO, 2015) e da participação do Estado (MARQUES, 1997; EVANS, 1993; NUNES, 2010) em face dos interesses privados. Esta tese trabalha com a perspectiva do estudo de caso, numa abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas com atores públicos e pesquisadores envolvidos com o projeto de construção da UHE; analisados documentos do processo de licenciamento ambiental; material jornalístico; relatórios de consultoria; relatórios de auditoria (TCU). Ao longo da pesquisa, houve a recusa sistemática dos principais consórcios de Belo Monte em prestar informações sobre os contratos das obras, serviços e fornecimento de equipamentos. A tese demonstra que os dados sobre as redes de empresas, contratos e valores são ocultados e ainda não foi possível a abertura da caixa preta (LATOUR, 2000), restando na penumbra diversos elementos da ação pública (SIMMEL, 2009). A ingerência dos atores públicos (cúpula da Eletrobrás, MME, Casa Civil do Governo Federal) se deu ao longo de todo o processo de licenciamento ambiental e garantiu o atendimento dos interesses das empresas envolvidas (construtoras, empresas de montagem, da indústria de fornecimento de equipamentos, de cimento e de aço), sendo significativos desse jogo de interesses a constituição do Consórcio Norte Energia e o leilão de concessão. As ações no território ocupado, a partir do PBA (enquanto instrumento da ação pública), foram realizações pontuais e desconectadas, sem uma visão global da cidade e de sua dinâmica com deficiências na articulação com os órgãos públicos municipais e estaduais; e descomprometidas com os prazos estipulados pelo órgão licenciador e com a qualidade técnica das obras concluídas.
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HELIO FIGUEIREDO DA SERRA NETTO
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TAL COMO FUNES: Memória, Hipermemória, Tecnologia e Imagem.
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Data: 13/04/2018
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Existe algo de antepassado na forma como o Homem se relaciona com a imagem, e ainda que hajam diferentes materialidades, diferentes tecnologias que intermediam essa relação, alguma coisa de essencialmente ancestral permanece. Portanto, seja nas placas de estanho, nos negativos de celulose com gelatina sensível ou nos modernos sensores digitais, as fotografias, uma das grandes expressões da técnica ocidental, desempenham um importante papel nesse relacionamento do Homem com a imagem. Na atualidade, com o desenvolvimento da tecnologia digital, outras espacialidades surgem e reforçam mais ainda o papel dessas imagens em nossa vida, principalmente no que tange os chamados ambientes virtuais, que, cada vez mais, assumem um espaço admirável em nossas relações. Devido à aceitabilidade desta tecnologia e a capacidade avassaladora de produção e proliferação de imagens, acabamos por desenvolver um tipo único relacional, que nos torna, a cada dia, mais dependentes das tecnologias e das intermediações que elas proporcionam. E isso acaba por nos tornar mais dispostos a um tipo de irreflexão única, desencadeada pelo excesso de imagens em que estamos imersos. Desta forma, há de se buscar compreender o estatuto atual da imagem e como se dá o desdobramento das tecnologias digitais em relação a essa tríade essencial: o corpo, a imagem e a memória. Portanto, um desdobramento que nos encaminha para uma relação com a memória extremamente efêmera, na medida em que, abarrotados de imagens, lidamos com um tipo de esquecimento característico de nosso tempo, o esquecimento pelo excesso, derivado do que conceituamos por Hipermemória. Esses são questionamentos centrais desta tese, e que nos permitirão embarcar em uma profunda relação com este elemento essencialmente antropológico, a imagem. Para tal, iremos procurar entender os dois grandes sentidos da imagem, um que nos leva à irreflexão e com isso à violência, e o outro que nos encaminha a uma relação de alteridade, o que nos leva, irremediavelmente, a um tipo de supressão da violência pelo outro, pelo tu. Este trabalho é fruto de uma pesquisa baseada nas chamadas teorias do imaginário e busca traçar uma articulação entre a experiência do tempo, do corpo e das tecnologias, para nos permitir compreender o estatuto contemporâneo da imagem, e como as pessoas lidam com elas em busca de sentido. Esta pesquisa se desenvolveu, em grande parte, na cidade de Belém–Pará, com pequenas incursões em outras cidades do estado. E embora esta tese seja fruto de uma reflexão eminentemente teórica, ela também é um desdobramento de incursões empíricas que nos possibilitou um incremento em nossa interpretação, a partir de um olhar fotográfico sobre certas manifestações culturais, o que nos permitiu construir e lapidar o nosso olhar.
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THALITA NERI CARDOSO COELHO
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ENTRE O SONHO E A SOBREVIVÊNCIA: OS SENTIDOS DO TRABALHO PRISIONAL NO CPPB E NO CRF.
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Data: 28/03/2018
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Este estudo analisa os sentidos do trabalho desenvolvido pelas internas custodiadas no Centro de Reeducação Feminino (CRF) e pelos internos custodiados no Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB), localizados na Região Metropolitana de Belém, no Estado do Pará, no ano de 2017. Desenvolve-se a partir de duas linhas centrais de reflexão: a primeira está centrada na reflexão acerca da relação entre o trabalho previsto na Lei Nº 7210/1984 e a realidade do sistema penitenciário paraense buscando compreender em que medida este tipo de trabalho cumpre seu dever social e sua finalidade educativa e produtiva; a segunda linha buscará refletir sobre os sentidos que esse tipo de trabalho adquire para as internas e para os internos inseridos nas atividades laborativas. Essas duas linhas de reflexão possibilitam compreender o tipo e os sentido do trabalho ofertado pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (SUSIPE) aos sujeitos que vivenciam o cárcere no estado do Pará.
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SAMUEL MARQUES CAMPOS
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O SACRIFÍCIO ENCANTADO: Percepções, ritualidades e identidade na Igreja Universal do Reino de Deus
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Data: 27/03/2018
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Esse é um estudo que objetiva interpretar as percepções de fieis da Igreja Universal do Reino de Deus em Belém/PA acerca das contribuições financeiras para a obtenção da saúde em rituais xamânicos de cura. Esta tese utiliza como metodologia, entrevistas com interlocutores fieis, faz uma comparação das suas perspectivas com observações dos cultos de cura do templo central desta igreja, aliado a pesquisa bibliográfica. Foi feito um estudo das origens, da cosmologia e das práticas da Igreja Universal no Brasil e em Belém/PA. Em seguida, foi realizada uma análise das concepções cosmológicas da IURD sobre a doença e a obtenção da cura. Posteriormente, fez-se reflexão sobre questões identitárias dentro do sistema terapêutico iurdiano, entendido como um tipo de xamanismo. Por fim, ancorado no paradigma de dádiva e reciprocidade, foi elaborada uma interpretação do sistema sacrificial das contribuições financeiras para a obtenção do favor divino. Constatou-se que, nas concepções de saúde e de cura da IURD, a doença é entendida como sendo provocada por espíritos maus. Por isso, existe uma cosmologia que considera a coexistência de seres humanos e de seres espirituais, num tipo de perspectivismo. Nesse contexto, as contribuições financeiras são entendidas como uma relação do fiel com o sagrado através de uma forma de magia positiva, compreendendo-se que a IURD pode ser classificada como pertencente a um pós-pentecostalismo de caráter xamânico.
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ROBERTO EDUARDO BASTOS LISBOA
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A REESTRUTURAÇÃO DAS RELAÇÕES DE PODER E O REDESENHO DO TERRITÓRIO DA VILA DE ALGODOAL (MARACANÃ-PA) APÓS A CRIAÇÃO D APA-ALGODOAL/MAIANDEUA EM 1990.
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Data: 22/03/2018
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Essa dissertação analisa como os diferentes atores sociais da Vila de Algodoal (Maracanã-PA), lutam por melhores posicionamentos e vantagens no campo socioambiental da Área de Proteção Ambiental de Algodoal-Maiandeua, agindo por meio de relações de poder na arena decisória constituída pelo Conselho Gestor. Neste cenário, a Vila de Algodoal, apresenta uma relevância histórica pelo fato de ser um espaço social onde várias alterações aconteceram, desde a formação do seu primeiro núcleo populacional, uma vila de pescadores, até se tornar um balneário turístico do litoral paraense. Nessa transição, algumas mudanças na organização social ocorreram com a chegada da atividade turística. O aparecimento dessa nova atividade econômica, atraiu a vinda de pessoas de fora com a intenção de investir no ramo hoteleiro e do comércio. Ao mesmo tempo, o aumento da presença de turistas apreciadores da natureza do lugar contribuiu para que a criação de um grupo ambiental influenciasse na criação pelo governo do Estado do Pará, da APA Algodoal-Maiandeua no ano de 1990, e mais tarde, com o passar dos anos, por meio reivindicações da Sociedade Civil Organizada esta Unidade é implantada com a criação do seu Conselho Gestor no ano de 2006. A abordagem utilizada a partir das orientações teóricas de Pierre Bourdieu possibilitou identificar os atores nesse campo socioambiental que revela a luta pelo poder entre as diversas e distintas situações ao longo dos anos após criação da APA. Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram realizados por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e pesquisa de campo durante os anos de 2015 e 2016. O estudo revelou a evidência das lutas por menos proibições e melhores condições de vida.
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EVANILDO MORAES ESTUMANO
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Tradições de Conhecimento na Amazônia: uma etnografia sobre o senso comum na pesca artesanal
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Data: 08/03/2018
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Resumo
Examino o senso comum na pesca do mapará (Hypophthalmus Marginatus), tendo como base teórica os estudos de Clifford Geertz, Marshal Sahlins e Pierre Bourdieu voltados à interpretação da vida prática. Descrevo, a partir de pesquisa etnográfica, como são interpretados os conhecimentos e práticas decorrentes da atividade da pesca na vida cotidiana de uma comunidade de pescadores artesanais no Estado do Pará (Brasil), identificando tensões, interesses e perspectivas dos pescadores no processo de produção, reprodução e transmissão dos saberes sociais. Destaco, a articulação entre as categorias senso comum como sistema cultural (Geertz), razão cultural (Sahlins) e senso prático (Bourdieu) que expõem as ações ordinárias funcionando a partir de estruturas de significados por meios das quais pode-se interpretar as mudanças e permanências na ordem cultural. O pescado é, neste quadro, símbolo ambivalente, simbolizando ao mesmo tempo o trabalho pesado; o trabalhador sem formação escolar; a pobreza; a ganância; a luta política; a consciência ambiental; o futuro econômico. Estes valores culturais emergem nos resultados de cada pescaria sinalizando que “tornar-se trabalhador” não é sinônimo de “tornar-se pescador” ainda que o primeiro processo englobe o segundo. Sugiro, portanto, que por meio desta atividade – considerando os conhecimentos práticos decorrentes da cosmovisão do grupo – se pode acessar um dos principais operadores de significação da vida comunitária nas presentes condições histórico-sociais, que é a maneira pela qual concebem a realização moral de um homem, pai de família, por meio do trabalho.
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