Esta tese está centrada na investigação do plantionoceno e rastros de produção de dendê e soja no nordeste paraense. Para compreender o que viabiliza os caminhos para abertura da  priorização da monocultura em grandes extensões de terra, as quais tem grandes consequências para o  ambiente e a sociedade, afetando as paisagens e a sociobiodiversidade, notadamente no que tange à relação indissociada entre natureza e modos de viver e habitar dos povos tradicionais. Os conflitos se desdobram nos territórios e paisagens, podendo culminar no esvaziamento da cultura, interessando para essa pesquisa não apenas pensar sobre a destruição, mas acerca dos fluxos contracoloniais presentes na região. A comoditização dos recursos naturais aprisiona e engessa o valor cultural e simbólico contido nas relações sociedade-natureza empobrecendo não  só a terra, mas também a diversidade de modos de vida na e da terra, ou seja, a sociobiodiversidade.  Este trabalho dialoga com a ideia de diversidade de mundos (Stengers, 2000; de la Cadena, 2015) para observar e rastrear como as redes de relações interpessoais e interespécies (Tsing, 2019) construídas enfrentam os cercamentos em um contexto de expansão de infraestruturas e transformação de paisagens que podem vir a extinguir saberes e fazeres. Aqui, o debate será que devido à centralidade da terra para a reprodução social da sociobiodiversidade e o bem-estar das comunidades que a co-criam, os cercamentos das terras, em suas várias facetas, afeta a forma como a terra é compartilhada e acessada. Outrossim, analisa a perspectiva jurídica e a diferença de tratamento destinado às práticas tradicionais e a sociobiodiversidade para entender se o Direito e os instrumentos legais alcançam sua cosmologia e modos de vida. Para isso, esse estudo se propõe a olhar a região do Baixo Tocantins, com foco no município de Abaetetuba, a fim de compreender como a expansão infraestrutural que se pretende para esta região influencia as disputas entre as economias de vida já existentes e as economias que se projetam para a Amazônia, seja pelo avanço dos monocultivos ou pela proposta da bioeconomia. Argumentamos que tais disputas acirram a fragmentação da paisagem e dos direitos, à medida que descontinuam a promoção e a garantia dos direitos territoriais e a permanência da construção do valor do comum da terra. Dialogamos com conceito de Plantationoceno (Haraway, 2015) para diagnosticar, sistematizar e refletir sobre o que seja esta era de fragmentação da sociobiodiversidade e das paisagens amazônicas.