Histórias contracoloniais em Abaetetuba e Barcarena: grafias de vida e resistência do ser-em-comum na Amazônia
Abaetetuba; Barcarena; comunidades; grafias de vida; colonialidade
A questão-problema que mobiliza este estudo diz respeito a como escritas de vida de pessoas que habitam comunidades ameaçadas/atingidas pelo avanço colonial-capitalista em Abaetetuba e Barcarena tecem os conflitos, as resistências e o cotidiano de modo a confluir, na diversidade e na diferença, formas de ser-em-comum na Amazônia. Ensaia-se, na tese, a elaboração de um duplo, dois escritos com propósitos distintos que, no fim, são um só: uma produção de pesquisa, com trâmites de reflexão crítica interdisciplinar no âmbito das ciências sociais, e uma produção de extensão, na forma de livreto que faz circular histórias que se cruzam e conversam com outras vivências amazônicas. O problema de pesquisa desdobra-se em dois objetivos que articulam as gingas reflexivas dos dois materiais que compõem a tese: (O1 - livreto) Compreender o cotidiano e as lutas do ser-em-comum em Barcarena e Abaetetuba, em suas diferenças e confluências, a partir das falas e grafias de vida de lideranças comunitárias locais; (O2 - discussão) Analisar a fricção entre as grafias de vida que saltam dos depoimentos orais e as grafias de morte instaladas pelo capital e pelo Estado em Barcarena e Abaetetuba, de modo a identificar se há graus distintos nas fissuras do ser-em-comum em cada município. A hipótese é que a diferença no tempo de invasão e pressão do aparato necroagromineral faz com que os vínculos comunitários, seja entre humanos, seja na interação dos humanos com a terra e o ambiente, estejam mais esgarçados em Barcarena que em Abaetetuba. A metodologia envolve a realização de entrevistas/conversas semiestruturadas com oito lideranças comunitárias pressionadas pela invasão e pelas lógicas desvinculantes de grandes empresas sobre os territórios tradicionais, sendo quatro interlocutores de Barcarena e quatro de Abaetetuba.