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Banca de QUALIFICAÇÃO: NEUSANI OLIVEIRA IVES FELIX

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: NEUSANI OLIVEIRA IVES FELIX
DATA: 12/06/2020
HORA: 14:00
LOCAL: AMBIENTE VIRTUAL
TÍTULO:

A agrobiodiversidade Tentehar entre culturas e naturezas na Aldeia Olho D'Água, Maranhão


PALAVRAS-CHAVES:

Cultura e Natureza. Sabedorias tradicionais. Memória Biocultural. Quintais. Roçados. Atividade de Caça. Karowara. 


PÁGINAS: 188
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Antropologia
RESUMO:

Sabe-se que a dualidade entre natureza e cultura está na base do pensamento antropológico e que os conceitos importados das ciências modernas, humano versus animal, ser vivo versus artefato, povo versus paisagem estão teoricamente obsoletos. No entanto, essa distinção entre natureza e cultura tem se constituído em possibilidades de investigação de diferenciadas formas de construir esta relação, a exemplo das populações amazônicas, que numerosas etnografias evidenciam uma concepção indígena de que os animais são pessoas ou se veem como pessoas, que há uma unidade de espírito e uma diversidade de corpos, uma relação contínua de interação pessoal entre os humanos e os não humanos. Portanto, essa abordagem assentada na indissociabilidade entre natureza e cultura me apareceu apropriada para investigar a relação natureza e cultura entre o povo Tentehar, aldeia Olho D’Água, por meio do sistema de crenças, do conjunto de saberes e das práticas tradicionais em torno da agrobiodiversidade de quintais, de roçados, e das plantas e animais presentes no Rito de Iniciação Feminina Tentehar. Assim, em uma perspectiva etnográfica realizei entrevistas semi-estruturadas e livres, e, observação em quintais e roçados. O conjunto de sabedorias tradicionais entre os Tentehar apresenta um calendário de plantio e de colheita concatenado com as fases lunares e com o céu estrelado baseado em uma cosmologia transmitida, a partir de uma memória biocultural, dos anciãos para os mais jovens. As plantas cultivadas nos quintais e proximidades têm seus donos humanos e têm seus donos não humanos, com estes últimos é preciso estabelecer uma negociação, pois podem se vingar através de doenças. Deste modo, as plantas como sujeitos sociais estão associadas a diversos domínios da vida, desde a produção alimentar, ao poder de cura, aos rituais, ao poder xamânico, a cosmologia de um povo. Ao nomear os animais domésticos e silvestres os moradores da aldeia Olho D’Água situam estes não-humanos entre as pessoas e estes animais revelam exatamente uma determinada forma de se estar vivo. A atividade da caça pode se configurar em um momento de revelação de alma dos corpos. Os caçadores estabelecem uma relação de respeito e ética entre eles e suas presas. Lidam de forma negociada com os animais a fim de evitar que sejam punidos pela fúria dos seus karowaras. As considerações aqui apresentadas estão no seu começo, ou seja, estou no início da construção daquele texto desbotado, por vezes incoerente, sobre a vida de algumas pessoas da etnia Tentehar, mas que são capazes de revelar uma indissociabilidade entre natureza e cultura, um continuum entre humanos e não humanos na aldeia Olho D’Água.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 2296797 - ANGELA MAY STEWARD
Externo à Instituição - DEBORAH DE MAGALHAES LIMA
Interno - 2153603 - EDNA FERREIRA ALENCAR
Presidente - 1354943 - FLAVIO BEZERRA BARROS
Interno - 2316255 - KATIANE SILVA
Externo à Instituição - LAURE EMPERAIRE
Notícia cadastrada em: 10/06/2020 16:19
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