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Banca de DEFESA: MARIA LAURA FONTELLES TERNES

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIA LAURA FONTELLES TERNES
DATA: 30/04/2024
HORA: 08:30
LOCAL: Sala no PCT Guama/Link de Google Meets
TÍTULO:

Conservação da espécie ameaçada de cavalo-marinho Hippocampus reidi explorada pelo turismo em Unidades de Conservação no Brasil: aspectos etnobiológicos, ecológicos e experimento de estresse comportamental


PALAVRAS-CHAVES:

Conservação de espécies ameaçadas; Syngnathidae; gestão de turismo; passeio do cavalo-marinho; uso humano de recursos naturais; etnobiologia; conhecimento ecológico local; ecologia populacional; manguezal; experimento comportamental em animais; avaliação de estresse.


PÁGINAS: 135
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Ecologia
RESUMO:

Cavalos-marinhos são peixes teleósteos carismáticos, ameaçados globalmente pela intensa exploração extrativista, tanto incidental quanto intencional, além da destruição de habitat, que inclui manguezais e recifes de coral. Hippocampus reidi é a espécie de cavalo-marinho de maior distribuição no Brasil, mas sofre com coleta para o comércio ornamental, uma vez que o país é o principal exportador da América Latina. H. reidi foi listada globalmente como "dados deficientes" pela IUCN, atualizada para "quase ameaçada" em 2017, destacando a necessidade urgente de dados para definir seu verdadeiro status. Na lista Brasileira de espécies ameaçadas, foi classificada como "vulnerável". No entanto, no Brasil, existe um uso diferente não-extrativo desses peixes para fins turísticos in situ. Membros de comunidades locais no Nordeste do Brasil levam turistas para passeios de barco em áreas de manguezal em busca de cavalos-marinhos, que são coletados na natureza e colocados em potes de vidro para os turistas observarem, sendo depois devolvidos ao seu habitat natural. O “passeio do cavalo-marinho”é realizado no Parque Nacional de Jericoacoara (Estado do Ceará) e na Área de Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba (Estados Piauí e Maranhão) desde meados de 2005, permanecendo cientificamente não investigado e não regulamentado. A presente tese de doutorado tem como objetivo contribuir com dados científicos para apoiar a gestão e regulamentação das atividades de observação de cavalos-marinhos no Brasil, um passo fundamental para a conservação do cavalo-marinho Hippocampus reidi, assegurando que práticas sustentáveis não-extrativistas sejam aplicadas, proporcionando renda para comunidades costeiras que dependem economicamente da espécie. Os principais objetivos são: avaliar o perfil socioeconômico, percepções e conhecimento ecológico local (LEK) dos operadores do passeio nas comunidades locais por meio de uma abordagem etnobiológica (capítulos 1 e 2); avaliar impacto de estresse dos cavalos-marinhos ao sofrer manuseio e confinamento, através de um experimento comportalmental in situ (capítulo 3). Nos capítulos 1 e 2, a abordagem etnobiológica consistiu em entrevistas semiestruturadas, aplicadas individualmente a cada operador do “passeio do cavalo-marinho” em três locais onde esta atividade turistica acontece no Brasil, nos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão, dentro das Unidades de Conservação (UCs) anteriormente citadas. Os dados foram analisados qualitativamente, comparando os pontos de vista das comunidades estudadas e da ciência acadêmica. Entrevistamos todos os 38 operadores do passeio existentes, com um questionário sobre biologia/ecologia dos cavalos-marinhos, percepção de ameaças e o uso humano. Descobrimos que os operadores têm um conhecimento rico sobre a biologia e ecologia dos cavalos-marinhos, trazendo observações ainda não investigadas por pesquisas, além de similaridades com a ciência acadêmica. Algumas diferenças na percepção entre as comunidades refletem realidades locais e contextos sociais, que devem ser considerados para a eficácia da conservação e gestão das UCs. Em relação ao uso dos cavalos-marinhos, os informantes reconhecem que os animais podem ficar estressados durante o manuseio, captura e confinamento para o turismo. Tal percepção é importante, servindo como uma base para discussões sobre o gerenciamento e a regulamentação da atividade com foco na conservação e bem-estar dos cavalos-marinhos. Os informantes descreveram procedimentos de manejo de H. reidi que são aplicados durante o passeio, mostrando sua preocupação com essa espécie ameaçada, que desempenha um papel vital em seu sustento econômico. No entanto, tais procedimentos requerem evidências científicas quanto à sua eficácia real em relação ao bem-estar e conservação dos animais. Recomendamos que gestores e tomadores de decisão estabeleçam um diálogo reunindo os operadores deste passeio para participar ativamente da conservação de cavalos-marinhos e do gerenciamento do turismo. Reforçamos o entendimento de que ações de conservação tem mais chances de sucesso quando envolvem os componentes humanos que fazem parte das complexas relações socioecológicas, como o caso do turismo de observação de cavalos-marinhos. No Capítulo 3, por meio de uma abordagem experimental in situ em dois estuários no Estado do Piauí/Brasil, testamos se diferentes modelos de recipientes de confinamento poderiam minimizar o estresse dos cavalos-marinhos durante a captura para atividades do “passeio do cavalo-marinho”, o qual chamaremos também de seahorse-watching. Quantificamos o estresse durante a fase de aclimatação e confinamento em quatro tratamentos experimentais (recipientes de maior – L, e menor tamanho – S, e com ou sem substrado), por meio da frequência respiratória (contagem de batimentos operculares) e respostas comportamentais (qualificação de comportamentos naturais e relacionados ao estresse). Os dados foram analisados usando uma abordagem estatística de modelagem bayesiana e multivariada. Nossos resultados mostraram que a captura, manuseio e confinamento levam a respostas significativas de estresse nas populações selvagens de H. reidi. Os tratamentos experimentais com maior tamanho de recipiente (L Substrato seguido por L Controle) tiveram ligeiramente melhor desempenho considerando níveis mais baixos de frequência respiratória, enquanto os tratamentos com a presença de um substrato de apoio (L Substrato e S Substrato) mostraram ligeiramente menos respostas comportamentais relacionadas ao estresse. Mesmo assim, todos os animais amostrados permaneceram sob estresse elevado durante todo o experimento. Independentemente de quaisquer diferenças nos tratamentos, nenhum deles foi capaz de minimizar efetivamente o estresse dos cavalos-marinhos. Considerando que estes peixes são cripticos e sedentários, que dependem da camuflagem como estratégia de defesa, os resultados mostram que essa espécie não tolera ser tocada ou removida de seu local natural sem sofrer forte estresse e decorrentes impactos prejudiciais. Portanto, recomendamos que a atividade de seahorse-watching adote uma abordagem diferente, mudando da captura para a contemplação dos cavalos-marinhos na natureza, sem tocá-los nem interagir com eles. Nossas descobertas oferecem informações valiosas para a formulação de diretrizes sustentáveis no turismo de vida selvagem, contribuindo para a regulamentação do passeio do cavalo-marinho e para a conservação da espécie ameaçada H. reidi.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1548215 - BIANCA BENTES DA SILVA
Externo à Instituição - CAROLINE FEITOSA
Interno - 000.590.280-09 - GUSTAVO HALLWASS - UFOPA
Externo à Instituição - JOAO VITOR CAMPOS-SILVA
Externo à Instituição - MARIANA BENDER GOMES
Externo à Instituição - PRISCILA FABIANA MACEDO LOPES
Externo à Instituição - SALVATORE SICILIANO
Presidente - 526.336.242-00 - TOMMASO GIARRIZZO - UFC
Notícia cadastrada em: 12/04/2024 12:47
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