PRÁTICAS DE VIOLÊNCIA E RESSIGNIFICAÇÃO DO ESTAR-COM: modos de viver dos moradores das ilhas de Abaetetuba
Abaetetuba; Experiências Comunicativas; Moradores das ilhas, Práticas de violência; Sociabilidades.
A presente proposta objetiva compreender as experiências comunicativas que emergem na vida dos moradores das ilhas de Abaetetuba, região Baixo Tocantins, a partir de duas questões centrais: a) a relação entre urbano e rural e; b) as práticas de violência vividas no cotidiano das ilhas. Segundo o Atlas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2019), Abaetetuba apresenta um alto índice de crimes, percebe-se assim, que a violência atravessa as fronteiras da cidade e instala-se no ambiente rural, provocando mudanças e reconstruções de significados. Ou seja, a violência que amedronta e aterroriza as grandes cidades metropolizadas (TRINDADE JUNIOR, 2005) passa a fazer parte do cotidiano dos moradores das ilhas, principalmente pelas ações dos denominados piratas, mediante o uso do poder, da força física ou de qualquer forma de coerção. Essa prática de violência reduz a condição de sujeito frente a outro. Neste sentido, a presente pesquisa concentra em entender: a) quais as experiências comunicativas dos moradores das ilhas na relação entre urbano e rural? e b) como a extensão da violência urbana tem transformado as sociabilidades dos moradores?. Entende-se urbano e rural não como sentidos opostos, mas como ‘entre-lugares’, pelo hibridismo vivido, que ao mesmo tempo, separa e limita, distancia e aproxima, de tensionamentos e estranhamentos, mas que necessita de reelaboração dos seus sentidos e significados a partir das influências sofridas. Nossas reflexões, em trabalhar, as ilhas como entre-lugar ou continuum espacial (GRAZIANO, 2002), seja do ponto de vista de sua dimensão geográfica e territorial, seja na sua dimensão econômica e social, objetiva apontar as sociabilidades, em condições diferenciadas de um lá e um cá, ou seja, não relações separadas, mas experiências que são atravessadas por fenômenos sociais presentes no quotidiano da vida nas cidades urbanas, como a violência. Como aportes metodológicos optou-se pela pesquisa qualitativa e com ela a entrevista narrativa, uma vez que esta proporciona reconstruir os processos interativos, que produzem o sentido prático ou a construção social da realidade (JOVCHELOVITCH; BAUER, 2002). Tal método proporciona a imersão nas experiências vividas pelos moradores das ilhas e, ao mesmo tempo, para a análise do sentido narrativo enunciado por esses sujeitos. A pesquisa parte da compreensão fenomenológica de Paul Ricoeur (2010), em que a narrativa é uma forma de interpretação da vida humana e da comunicação como relação que configura a vida social (FRANÇA, 2018).