A PERIFERIA E O JORNALISMO POLICIAL PARAENSE: As construções e percepções de moradores do bairro do Guamá
Jornalismo Policial. Sujeitos da Periferia. Violência. Periferia. Guamá.
Do jornal impresso às mídias sociais, a presença do discurso da violência está intrínseca no cotidiano da população. Diariamente, as mazelas sociais, refletidas nas lutas e dores de parte da população, são expostas por veículos de comunicação, sendo que parte deles seguem sustentando um modelo de negócio a partir de notícias popularescas e sensacionalistas. Por isso, esta dissertação tem como objetivo compreender quais as percepções e construções desenvolvidas por moradores da periferia de Belém quanto ao jornalismo policial, considerando que são eles quem ocupam com notável frequência o protagonismo nas notícias policiais, tanto como vítimas quanto como geradores dessa violência. Para o desenvolvimento da pesquisa, foi escolhido o bairro do Guamá como representativo dessa periferia, levando-se em consideração sua densidade demográfica, índices de crimes e os recentes casos de violência explorados nacional e internacionalmente pelos veículos de comunicação, a exemplo da “chacina do Guamá”. Considera-se a pesquisa relevante e inédita ao apresentar o outro lado do jornalismo policial impresso distribuído na Região Metropolitana de Belém. Em outras palavras, dispõe-se a dar verdadeira voz aos moradores da periferia quanto às suas opiniões em relação às notícias veiculadas nos cadernos policiais, bem como suas percepções da periferia e de seus indivíduos. O trabalho possui como referência de veículo com noticiário de cunho policial, a construção das narrativas de dois dos principais jornais policiais da RMB: Diário do Pará e Amazônia. Na construção teórica, foi realizada uma revisão histórica do jornalismo policial e da violência, bem como uma reflexão quanto as relações existentes dentro do espaço urbano no que remete à periferia. Sendo assim, três importantes momentos são demarcados na escritura dos procedimentos metodológicos da pesquisa, em que métodos qualitativos são aplicados nas análises, ou seja: primeiro uma reflexão em torno do ambiente periférico; em seguida, a análise da pesquisa bibliográfica já existente sobre o jornalismo policial de periódicos paraenses, buscando aprofundar o entendimento quanto à este fazer jornalístico; por fim, a exposição do resultado da pesquisa de campo desenvolvida com um grupo de moradores do bairro do Guamá – constituído por jovens moradores e lideranças comunitárias –, por meio do método chamado "grupo focal", a fim de entender a percepção dessa parcela da população quanto às narrativas policiais presentes nos jornais. Desse modo, dissertar sobre a periferia e sua complexa relação com o jornalismo impresso dos cadernos de polícia se mostra necessário, a partir do olhar crítico da periferia sobre estigmas, espetacularização da violência, exposição inconsequente de seus moradores e no modo no qual a linha editorial policial interfere nas suas vivências dentro da periferia e fora dela.