AMAZÔNIA, ‘NOSSO BEM COMUM’: Construções narrativas midiáticas sobre a ‘Amazônia de Bolsonaro’.
Amazônia; Bolsonaro; narrativas jornalísticas; agências de notícias; análise de conteúdo.
A presente pesquisa objetiva compreender a construção de sentidos sobre a Amazônia brasileira, produzida pelas agências internacionais de notícias AFP, EFE, Europapress, Anadolu e Reuters. Nossa intenção é analisar como as narrativas midiáticas dessas agências, publicadas nos portais dos sete países da Amazônia Continental – Colômbia, Equador, Bolívia, Peru, Venezuela, Guiana e Guiana Francesa, articulam e relacionam as informações e os conhecimentos sobre o território. Como escopo de investigação e contexto social das produções, selecionamos o governo do presidente Jair Bolsonaro - de 2019 a 2022, considerando que nesse período houve um desmonte de todo aparato institucional dos órgãos responsáveis pelo monitoramento e desenvolvimento da Amazônia brasileira. Para analisar essas narrativas nos apropriamos da metodologia da Hermenêutica em Profundidade, de J.B. Thompson (2009), da Análise de Conteúdo (Bardin, 2016) associada a elementos de categorização da Análise Pragmática da Narrativa (Motta, 2013), com a finalidade de compreender tanto o contexto de produção e circulação dessas narrativas, quanto suas questões estruturais, no que se refere à forma, conteúdo e dispositivos argumentativos empregados pelo narrador. Percebemos, a partir da análise, que as temáticas mais destacadas são: queimadas, desmatamento, povos indígenas e conflito diplomático com a França acerca do status internacional da Amazônia. A abordagem em relação à Amazônia brasileira se apresenta em tons críticos, com a escolha por expressões que remetem à “crise” em boa parte das notícias. Os personagens de maior frequência na análise são “Jair Bolsonaro”, “Emmanuel Macron”, “Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais”, “Indígenas” e “Militares”. O destaque à Amazônia no cenário internacional está presente em contexto de eventos e discussões de temática ambiental, emergindo nas construções narrativas muitas vezes como elemento de disputa e atrelada a construções de sentidos negativos.