ANÁLISE INTEGRADA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO ARAGUARI – AP: SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Bacia Hidrográfica. Rio Araguari. Amapá. Ecodinâmica. Paisagem.
Esta tese tem como perspectiva principal estudar a bacia hidrográfica do rio Araguari, na Amazônia Amapaense, que é o maior sistema hídrico em extensão, largura e volume de água do Amapá, com aproximadamente 41.903km² ocupando 1/3 da área do estado. Suas nascentes situadas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, compõem o principal curso do rio Araguari que percorrerá uma distância de 300 km até sua foz no oceano atlântico em sentido NW-SE cortando o estado latitudinalmente e drenando com suas águas os municípios de Serra do Navio, Pedra Branca do Amaparí, Calçoene, Porto Grande, Ferreira Gomes, Pracuúba, Amapá, Tartarugalzinho e Cutias do Araguari. A convergência angular média e alta de seus canais somados a seus meandros mistos ou retilíneos densos, estão diretamente relacionadas a variação dos compartimentos morfoestruturais que compõem a bacia e influenciados diretamente por um processo morfotectônico ainda atuante iniciado na fase pré-holocênica. Como resultado a planície costeira compõe uma destas unidades geomorfológicas, isto é, ainda composta por sedimentos holocênicos que caracterizam uma evolução do sistema estuarino e relacionados a seus eventos deposicionais. Além da porção média e alta da bacia ser composta por rochas pré-cambrianas e terciárias pertencentes ao Grupo Barreiras e Complexo Guianense, e caracterizadas pelo embasamento cristalino (granulitos, granitos e gnaisses). Suas características morfoestruturais, somadas a uma amplitude pluviométrica média anual de aproximadamente 2.800mm/ano, influenciam para que ao longo da bacia ocorra uma variedade fitogeográfica composta por Floresta Ombrófila Densa a montante, Cerrado Arbório Arbustivo e Cerrado Parque no médio, e campo aberto e florestado, ambiente de várzea, de apicuns, salgados e mangues no baixo curso. O histórico de uso e ocupação desta bacia se relaciona diretamente as ações políticas de intervenção neste território, no qual o movimento conservacionista nacional e internacional nas décadas de 1980 e 1990, materializou a criação de unidades de conservação, com diferentes extensões e categorias em nível de governança nacional, estadual e municipal. Destacam-se ainda, áreas destinadas a reforma agrária, terras indígenas e quilombolas, pequenos centros urbanos e áreas rurais, compondo uma área superior a 50% da bacia. Por outro lado, incentivou a instalação e potencializou a utilização dos recursos naturais, frente as áreas descobertas por estes territórios ambientais federados, fato é que sediou na Amazônia Legal Brasileira a primeira empresa multinacional para exploração mineral do manganês (1957) e a Usina Hidrelétrica de Coracy Nunes (1974). Para além disso o ecossistema do Araguari é fortemente pressionado pelos extensos plantios de silviculturas e de grãos desde 1970, principalmente ocupando regiões de tabuleiros dissecados e conservados revestidos por cerrado, além da presença massiva da bubalinocultura principalmente nos campos inundáveis. Todos estes eventos pressionam os recursos naturais, homogeneizando e artificializando ambiente, culturas, sociedades e economias, re-produzindo espaços e relações de poder que se manifestarão na paisagem dentro de uma visão holística e sistêmica. Portanto este trabalho tem a perspectiva de fomentar a ordenação do território por meio de uma avaliação ambiental integrada, analisando a auto correlação espacial de múltiplas variáveis físicas, sociais e econômicas, modelando espacialmente a fragilidade destes ambientes sob uma perspectiva Ecodinâmica, concebendo ao final um plano de gestão ambiental da bacia hidrográfica do rio Araguari, no Amapá.