A EXPANSÃO DO EXTRATIVISMO NA AMÉRICA LATINA E O PAPEL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DE RESISTÊNCIA: Costa Rica e Brasil em foco.
Extrativismo; Conflitos socioambientais; Movimentos sociais de resistência; Crise do capital; América Latina.
A pesquisa aborda duas expressões das formas de resistência experimentadas na região latino-americana, baseadas em experiências de enfrentamento com a expansão do extrativismo na Costa Rica e no Brasil. Sendo o objetivo central da pesquisa analisar as reivindicações dos movimentos sociais de resistência envolvidos em conflitos socioambientais produto do extrativismo de matérias-primas, particularmente procurando caracterizar esses movimentos sociais de resistência diante dos conflitos, o trabalho propõe analisar, a partir da referência de dois casos concretos, as perspectivas colocadas pelos sujeitos inseridos no contexto desses territórios, suas reivindicações e alternativas de luta frente a ameaça que o extrativismo representa para a América Latina.
A pesquisa baseia-se no fato de que para compreender essas demandas é necessário compreender o contexto específico diante do qual surgem, quais seriam os conflitos particulares, pois se são considerados como uma resistência a um determinado fenômeno, neste caso o extrativismo, a necessidade também é gerada para entender as práticas extrativistas em uma relação dialética com essas reivindicações.
A fim de ilustrar as discussões sobre as reivindicações utilizando situações concretas em que grupos de resistência ao progresso das atividades extrativistas têm reagido nos contextos da Costa Rica e do Brasil, uma vinculação com a experiência da Frente Nacional de Setores Afetados pela Produção de Abacaxi (FRENASAPP sigla em espanhol) e a Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Empresa Vale (AIAAV) é incorporada na presente pesquisa.
Com relação à forma na qual se realiza a aproximação ao objeto de estudo, o método crítico-dialético se constitui no direcionamento teórico-metodológico e o ponto de partida para a análise da realidade na presente pesquisa. Desse modo, a escolha teórica passa pela aproximação necessária com a realidade e a consideração que é a partir da dialética que é possível compreender as situações analisadas.
Para tanto, é necessário reivindicar o vínculo da temática em questão com uma profissão como o Serviço Social, que tem construído historicamente uma escolha de um projeto ético-político transformador e comprometido com os setores mais subalternizados da sociedade, que, sem dúvida, protagonizam as filas destes movimentos sociais de resistência.
Nesse sentido, com a finalidade de expor os resultados do processo de pesquisa, é feita uma abordagem para a explicação da atual crise ambiental com a ajuda da referência de autores que se aprofundaram nesse tópico, em sua ligação com a crise sistêmica e, em particular, com o fundamento que representa a lei da acumulação de valor na exacerbação da chamada “crise ambiental”. O segundo capítulo busca compreender as dimensões do conflito resultante das atividades extrativistas, a fim de ter uma aproximação ao contexto em que se situam as reivindicações dos movimentos sociais de resistência.
Apresenta-se uma abordagem dos movimentos sociais de resistência ao capital dentro da reconstrução histórica do capitalismo, especialmente a compreensão, como antecedentes das lutas da classe trabalhadora, e o processo de diversificação dessas lutas, após a década de 1960 como resultado da complexidade das relações sociais, típicas da modernidade. O capítulo fecha com uma caracterização dos casos estudados para ilustrar a análise, a FRENASAPP e Articulação Internacional de Atingidos e Atingidas pela VALE.
Particularmente no quarto capítulo é apresentada a análise das principais reivindicações da FRENASAPP e Articulação Internacional de Atingidos e Atingidas pela VALE das que foi possível ter conhecimento a partir do trabalho de campo e de pesquisa. A análise é desenvolvida a partir dos elementos teóricos e contextuais retratados nos capítulos anteriores.