DANÇA SENSORIAL: metodologias de ensino e aprendizagem e sua aplicação em um processo de criação em dança para pessoa com deficiência visual.
Dança. Deficiência visual. Processo de criação. Háptico. Sensorialidade.
RESUMO
O objetivo deste estudo é analisar metodologias sensoriais de ensino e aprendizagem aplicadas a um processo de criação em dança desenvolvido com bailarinos que possuem deficiência visual. Os conceitos que balizam a pesquisa são: o háptico a partir de Ingold (2015) e Deleuze e Guattari (1997) e a fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty (2011). O processo de criação poética ocorreu nas dependências da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA), com a execução de laboratórios de experimentação e criação em dança em dois grandes eixos: 1. A dança háptica e 2. O corpo sonoro, ambos pautados em vivências em dança com a exploração dos sentidos remanescentes dos sujeitos da pesquisa, bem como a aplicação das metodologias advindas desses laboratórios no espetáculo Corpus Sensorialis. A análise conta com dois sujeitos, quais sejam um bailarino cego e uma bailarina com baixa visão. O método de abordagem é o fenomenológico-hermenêutico. A pesquisa de campo é alicerçada pelo procedimento de estudo de caso, e tem como técnicas de coleta de dados o uso de registros audiovisuais e fotográficos, entrevistas semiestruturadas e depoimentos verbalizados gravados em áudio durante os laboratórios e o espetáculo. A pesquisa poética e teórica, base deste estudo, ao investigar metodologias sensoriais no processo criativo em dança para pessoa com deficiência visual, trouxe como possibilidade a dança pensada e executada a partir da percepção háptica e sonora. Os laboratórios de criação mostram a urgência de se pensar nas especificidades, necessidades reais do sujeito. Emergiram dessas experiências algumas metodologias sensoriais no fazer dança para pessoa com deficiência visual, pautadas nas experiências corporais dos sujeitos bailarinos desta pesquisa. As proposições metodológicas experimentadas nos laboratórios de criação, ao serem aplicadas no processo de criação do espetáculo Corpus Sensorialis, evidenciaram uma forma de pensar e fazer a dança que contempla os sentidos remanescentes dos sujeitos bailarinos com deficiência visual. Propiciaram, também, um estar em cena de forma autônoma por parte dos bailarinos e despertaram nesses corpos percepções sensoriais no ato de dançar, significativas.
Palavras-chave: Dança. Deficiência visual. Processo de criação. Háptico. Sensorialidade.