CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE TUMORES MAMÁRIOS CANINOS:
IDENTIFICAÇÃO DE MARCADORES DE DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E
DE SUSCEPTIBILIDADE
câncer mamário, caninos, biomarcadores, SNP, expressão gênica.
Em fêmeas caninas, os tumores de mama são os mais frequentemente diagnosticados,
especialmente em animais não castrados. São altamente agressivos, de etiologia
multifatorial e heterogêneos, com diferentes características histopatológicas, moleculares
e clínicas, resultando em diferentes prognósticos e resposta ao tratamento. Apesar de ser
considerado um modelo para a carcinogênese mamária humana, pouco ainda se sabe
sobre estes tumores em caninos, sendo estes diagnosticados geralmente em estágio
avançado e tendo a cirurgia de ressecção tumoral como terapia ouro para a espécie.
Assim, o trabalho teve como objetivos identificar os diferentes subtipos de tumores
mamários de cadelas, bem como potenciais marcadores de diagnóstico, prognóstico e de
susceptibilidade. Para tanto, amostras caninas de tecido neoplásico e não-neoplásico de
mama foram coletadas no Hospital Veterinário da UFRA (HOVET). A identificação dos
subtipos moleculares em Luminal-A e -B, HER-2+ e Triplo Negativo foi realizada pela
técnica de imunohistoquímica. A identificação de marcadores diagnósticos e
prognósticos, foi realizada a quantificação da expressão gênica dos genes CCNA2,
CCNB2, TTK, CHEK2, TP53, MDM2, PCGF1, PCGF2 e TGF1 por PCR em tempo real
utilizando o sistema TaqMan. A identificação de marcadores de susceptibilidade foi
realizada na plataforma de array SNP Affymetrix 700k (Affymetrix Inc.) seguindo os
protocolos do fabricante. A correlação entre os resultados obtidos foi realizada por análise
estatística, sendo que resultados com p<0,05 foram considerados significativos. As
análises de imuno-histoquímica mostraram a presença de todos os quatro subtipos
moleculares previamente descritos para caninos, com prevalência maior dos subtipos
positivos para receptores de estrogênio e progesterona (Luminal-A e Luminal-B) e de
amostras com Ki67 acima de 10%, sugerindo que, apesar da maioria das amostras serem
responsivas ao tratamento com antiestrogênicos, são majoritariamente mais agressivas,
com alto índice de proliferação celular. Com exceção de TGF1 e PCGF2, todos os
outros genes apresentaram valor diagnóstico para o câncer de mama canino. Em relação
ao uso como prognóstico, foi observada a correlação entre a expressão de CCNA2 e
subtipos Luminal-A e -B, de TTK com Triplo Negativo, de PCGF1 com sobrevida e
MDM2 com a presença de pseudociese. Quando comparadas as amostras tumorais em
relação às amostras controle (sem histórico de tumor), foram identificados diversos SNPs
em regiões não codificadoras e 82 em regiões codificadoras, sendo estes potenciais
marcadores de susceptibilidade ao câncer de mama em cães. Os resultados obtidos
possuem potencial aplicabilidade na rotina veterinária, permitindo uma identificação
precoce do tumor, bem como direcionando o tratamento do animal.