MIGRAÇÃO OUTONAL DE LONGA DISTÂNCIA DO Calidris pusilla: NEUROGÊNESE, NÚMERO DE ASTRÓCITOS, ATIVAÇÃO DE GENES DE EXPRESSÃO RÁPIDA E VOLUME DA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL.
neurogênese, c-Fos, genes de ativação imediata, astrócitos GFAP, duplacortina, hipocampo, aves limícolas.
Após a reprodução na tundra ártica superior, os maçaricos acometidos pela inquietação migratória traçam uma rota preliminar herdada e utilizam bússolas, mapas e marcos visuais, até alcançar, ainda no hemisfério norte, sítios de parada que dispõem dos recursos nutricionais necessários ao rápido e elevado ganho de reservas energéticas, tal como acontece na Baia de Fundy-Canadá. Após esse sítio de parada que é utilizado por 75 % da população de Calidris pusilla, a experiência migratória outonal de longa distância continua com voos de 6 dias ininterruptos sem escala sobre o Atlântico até que essas aves chegam ao norte do Brasil e depois a ilha de Canela – Brasil. Para testar a hipótese de que o processo migratório de longa distância influenciaria a neurogênese, a astrogênese e a ativação de genes de expressão rápida capturamos 12 indivíduos em plena atividade migratória na Baia de Fundy e 9 indivíduos na Ilha de Canelas no Brasil. Após a imunomarcação seletiva para neurônios maduros (NeuN), neurônios imaturos (DCX), astrócitos (GFAP), e ativação neuronal por genes de expressão rápida (C-Fos) quantificamos esses marcadores na formação hipocampal e comparamos resultados dessa quantificação dos indivíduos em migração (Baia de Fundy) com aqueles em período de invernada (Ilha de Canelas). Para tanto utilizamos análises estereológicas quantitativas que permitiu estimar o total de células, o número de células ativas, o número total de astrócitos e de neurônios novos e maduros. Para verificar se as diferenças encontradas eram estatisticamente significativas empregamos o teste t Student. Nossos resultados confirmaram que a migração outonal por si só provocou mudanças hipocampais em Calidris pusilla. Após a migração detectamos que a formação hipocampal possui menos células ativadas e menor número de astrócitos, maior número de neurônios novos e volume relativo maior no hemisfério quantificado (hemisfério esquerdo). Entretanto esse processo não influenciou o número de células totais e de neurônios maduros. Sugerimos que a similaridade encontrada entre o número total de neurônios maduros nos indivíduos capturados na Baia de Fundy e aquele dos indivíduos capturados na Ilha de Canelas, pode refletir processo de substituição neuronal. O presente trabalho demonsta pela primeira vez que as aves marinhas migratórias de longa distância oferecem janela de oportunidade única para investigar muitas questões relacionadas à neurobiologia celular da migração de uma forma geral, e em particular, sobre a plasticidade neural associada à função da neurogênese do hipocampo adulto das aves