MUTAGÊNESE E CARCINOGÊNESE DE TRABALHADORES EXPOSTOS À RADIAÇÃO IONIZANTE NO BRASIL
Raios-X. Radiação Ionizante. Mutagênese. Carcicnogênese.
Descoberto em novembro de 1895 por Wilhelm Conrad Roentgen, os Raios-X, fazem parte do dia-a-dia dos trabalhadores, que convivem constantemente com esta forma de energia. Este contato constante pode fornecer alguns problemas característicos, como a quebra de dupla fita de DNA, e, consequentemente, afetar o desenvolvimento da célula de forma correta e conferindo alto risco para o desenvolvimento da carcinogênese.
Apesar do desempenho dos sistemas de reparo, uma grande quantidade de danos causados por este agente físico pode levar à formação de aberrações cromossómicas (CA). As aberrações induzidas podem ser: [i] estáveis (referem-se a pequenos danos, translocações recíprocas e algumas aneuploidias, que não impedem a divisão e proliferação celular) e [ii] não-estáveis (referem-se a cromossomos dicêntricos e em anel, grandes deleções e fragmentos). Os últimos, normalmente, são letais à célula. Profissionais que trabalham manuseando aparelhos que produzem radiação X, como ampolas de raios-x, tomógrafos e cintilógrafos pertencem ao grupo de trabalhadores que se expõem à radiação ionizante diariamente.
A proposta de monitoramento biológico através de ferramentas moleculares para este grupo de trabalhadores pode gerar dados relevantes para proteção e bem estar dos mesmos, tendo em vista as características conhecidas das Radiações Ionizantes, ainda que em baixas doses. Dessa forma, este trabalho tentará traçar um perfil do estilo de vida dos trabalhadores, através de entrevistas (critério de inclusão para participar da pesquisa) e a utilização dos ensaios de cometa e micronúcleo.
O teste do Micronúcleo permite a aplicação em larga escala de monitoramento biológico, como em caso de acidentes radioativos ou mau uso das fontes radioativas, ou monitoramento para pacientes em químio e∕ou radioterapia, além de um potencial marcador para risco de câncer.
Embora os estudos que envolvam aberrações cromossômicas e micronúcleo sejam ideais para a proposta de biomonitoramento, o Ensaio do Cometa pode detectar danos no DNA e na cinética de reparo, sendo amplamente utilizado no estudo radiação biológica, toxicologia, oncologia e epidemiologia molecular, sendo usado de forma rápida e eficaz. A adição desta técnicas às outras mencionadas, poderá trazer informações importantes para um melhor entendimento da interação entre os Raios-x e as células, considerando seu potencial mutagênico e sua praticidade no diagnóstico rápido e preciso dentro da medicina.
Dessa forma, foram coletadas 73 amostras de trabalhadores expostos à radiação ionizante em hospitais de 4 (quatro) Estados: Pará (em Belém), Minas Gerais (Belo Horizonte), São Paulo (na cidade de Ribeirão Preto) e Rio Grande do Sul (em Porto Alegre), sendo posteriormente transportados ao Laboratório de Citogenética Humana na Universidade Federal do Pará, sendo submetidas às técnicas mencionadas.