Expressão de genes da imunidade inata em morcegos
Morcegos. Reservatórios virais. Imunidade inata.
A Ordem Chiroptera é a segunda maior ordem de mamíferos conhecida, na qual há uma grande variedade de espécies, com mais de 1.120 espécies que totalizam mais de 20% dos mamíferos conhecidos. Esses animais, que são presentes principalmente em regiões tropicais e subtropicais, sofreram drásticas adaptações no decorrer de sua evolução, que permitiram chegar a habilidades únicas entre os mamíferos, como a de voo e ecolocalização. Entretanto, uma das características mais interessantes dos morcegos é a capacidade de abrigarem uma grande quantidade de vírus, muitos deles causadores de viroses emergentes, sem sofrerem qualquer sinal clínico de infecção, tornando-se assim reservatórios de uma série de vírus com potencial para zoonoses. Essa capacidade dos morcegos de suprimir vírus é descrita como proveniente de uma imunidade inata superativa capaz de detectar e impedir a proliferação viral dentro do organismo, para a qual entre os principais atuantes estão os TLRs 3, 7, 8 e 9 e os interferons do tipo I, especialmente os interferons alfa e o beta, responsáveis por ativar o estado celular antiviral. Conhecer o sistema imune desses animais e compreender suas características permite até mesmo definir espécies com maior potencial de serem reservatórios virais e viabilizar o seu monitoramento. Dessa forma, em razão do potencial zoonótico associado a esses animais, e tendo a imunidade inata como um fator determinante para tal, o objetivo deste trabalho é realizar um estudo da expressão de genes associados à detecção viral e resposta antiviral em duas das espécies de morcegos da divisa Maranhão-Piauí, localizada na região Meio-Norte do Nordeste do Brasil, a fim de verificar nesses animais a dinâmica da modulação de genes da imunidade inata associados à resposta e supressão viral, explorando espécies que potencialmente carregam vírus.