ANÁLISE DO PERFIL DE METILAÇÃO DOS GENES P16 E CDHI EM LAVADO PERITONEAL DE PACIENTES COM ADENOCARCIONOMA GÁSTRICO
câncer gástrico, metástase peritoneal, metilação, p16, CDH1.
O câncer gástrico (CG) é considerado um problema de saúde pública mundial, considerado a quinta causa de morte relacionada ao câncer no mundo. A maioria dos pacientes com CG apresentam-se em estágios avançados da doença, pois as fases iniciais geralmente são assintomáticas e o diagnóstico é tardio. A cirurgia é a principal modalidade de tratamento para CG, nos casos sem metástase. A metástase peritoneal, causada pela semeadura de células tumorais livres do tumor primário, é a principal causa de falhas terapêuticas e prognóstico ruim. O exame de citologia oncótica é o teste padrão-ouro utilizado para detecção destas células tumorais livres em lavados peritoneais. No entanto, este teste possui baixa sensibilidade, apresentando resultados falsos-negativos. Em pacientes com CG o uso de biomarcadores tumorais associado a citologia tornou possível obter maior sensibilidade na detecção precoce de recorrências peritoneais. Nos últimos anos, os marcadores epigenéticos, como a hipermetilação, ganharam popularidade devido ao fato de serem tão comum quanto as alterações genéticas em diversos tipos de câncer, sendo considerado um método eficiente para a determinação de biomarcadores tumorais. Diante disto, este trabalho teve como objetivo analisar o perfil de metilação das regiões promotoras dos genes p16 e CDH1 por sequenciamento de Sanger em lavado peritoneal de pacientes com adenocarcinoma gástrico do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Consideramos as amostras com metilação igual ou superior a 20% de seus sítios CpG como hipermetilados. Entre as 47 amostras de lavados peritoneais analisadas, 6 (13%) estavam hipermetiladas na região promotora do gene p16 e 29 (62%) hipermetiladas na região promotora de CDH1. As análises estatísticas feitas pelo teste Exato de Fisher no programa R-Studio não demonstrou significâncias estatísticas entre a hipermetilação de p16 e os fatores clínico-patológicos dos pacientes. A hipermetilação de CDH1 foi significativamente diferente (p = 0,03) entre amostras de pacientes em estágios iniciais de invasividade tumoral (25%) e estágios avançados de invasividade tumoral (72%). Em conclusão, observamos que em nossa população o padrão de metilação de CDH1 analisado a partir de lavados peritoneais poderia ser uma orientação para predição de recorrências peritoneais, visto que este processo está intimamente correlacionado a profundidade de invasão tumoral da parede gástrica.