ANÁLISE DA ATIVIDADE ANTIVIRAL DA SCYTOVIRINA E PROSPECÇÃO DE NOVAS LECTINAS ANTIVIRAIS EM CIANOBACTÉRIAS AMAZÔNICAS ATRAVÉS DE ABORDAGENS IN SILICO
Cianobactéria, Lectinas Antivirais, Scytovirina, Dinâmica Molecular.
Lectinas são proteínas de origem não imune, que reconhecem e se ligam a domínios de glicoconjugados. Algumas delas bloqueiam a ligação de glicoproteínas virais com receptores da célula hospedeira, agindo como agentes antivirais. A scytovirina é uma lectina isolada da cianobactéria Scytonema varium e atua contra o HIV, SARS coronavírus e vírus ebola. Ela possui 95 resíduos de aminoácidos divididos em dois domínios estruturais (SD1 e SD2). Neste estudo, foram realizadas simulações de Dinâmica Molecular (DM) da scytovirina complexada ao carboidrato presente no HIV (Man4) e ao presente na glicoproteína E do DENV (Man3). Foram realizadas simulações com a proteína completa e com a proteína parcial, empregando apenas o domíno SD1 ou SD2, separadamente. Além disso, também foi feita uma investigação genômica em 7 linhagens da Coleção Amazônica de Cianobactérias e Microalgas (CACIAM) em busca de novas lectinas com propriedades antivirais. Todos os cálculos de energia livre de ligação mostraram interações favoráveis do carboidrato do DENV com a scytovirina e os valores foram similares aos da ligação da scytovirina com a gp120 do HIV (-32.20 kcal/mol). Também foi gerado o mutante G48R com melhor afidade pelo vírus da dengue (-34.10 kcal/mol) quando comparado com a proteína selvagem (-27.15 kcal/mol). Na investigação genômica, foram encontradas 75 sequências únicas que apresentaram um ou mais domínios de lectinas nos genomas das 7 linhagens. A maioria dessas sequências estava anotada como proteínas hipotéticas. As linhagens Nostoc sp. CACIAM 19 e Tolypothrix sp. CACIAM 22 apresentaram homólogos de cianovirina-N, cuja função foi confirmada por modelagem molecular e cálculos de energia livre de ligação. Os resíduos Asn, Glu, Thr, Lys, Leu, e Gly presentes no sítio de ligação da cianovirina foram encontrados nos dois modelos. Finalmente, a linhagems Alkalinema sp. CACIAM 70d apresentou uma sequência identificada como uma estrutura seven-bladed beta-propeller que possui sítios de ligação para o ácido siálico e N-acetilglicosamina. Apesar de sua estrutura única, as análises sugerem se tratar de uma possível nova lectina antiviral. Diante do observado, a identificação de novas lectinas e seus homólogos é um campo de pesquisa antiviral promissor e cianobactérias amazônicas apresentam grande potencial biotecnológico a ser explorado dessa forma.