DNA Barcode dos Primatas do Novo Mundo
Amazônia, DNA mitocondrial, Taxonomia, Identificação de Espécies, Filogenia Molecular, COI
A ordem dos primatas inclui uma ampla variedade de espécies, algumas delas bastante familiares para nós: os lêmures de Madagascar, os grandes símios da Ásia e da África, todos os diversos macacos neotropicais. A ordem Primates se divide em duas subordens Strepsirrhini, que inclui as infraordensLorisiformes (gálagos, lóris), Chiromyiformes (aie-aie) e Lemuriformes (lêmures); e Haplorrhini, que por sua vez é subdividida em duas infraordens, Tarsiiformes (társios) e Simiiformes. Os Simiiformes estão divididos em duas parvordens: Platyrrhini (primatas do Novo Mundo) e Catarrhini (Cercopithecoidea – primatas do Velho Mundo, e Hominoidea – humanos, grandes macacos e gibões). Atualmente são reconhecidas aproximadamente 533 espécies de primatas não humanos divididos em 82 gêneros e um total de 723 espécies e subespécies.A identificação de espécies desempenha um papel crucial na compreensão da biologia evolutiva e na preservação da diversidade biológica. A complexidade da taxonomia de primatas e a crescente variedade de espécies descritas nas últimas décadas têm desafiado a identificação precisa dos táxons basais. É neste contexto que o DNA barcoding foi proposto como uma solução para acelerar o ritmo de descoberta de espécies e abre novas perspectivas na conservação. O uso dessas sequências de DNA, tem se destacado como uma ferramenta valiosa para a identificação e delimitação de espécies. Essa abordagem molecular, ao fornecer informações sobre as relações filogenéticas, oferece uma base para a compreensão da diversidade genética e taxonômica nos primatas neotropicais, contribuindo assim para esforços de conservação e pesquisas sobre a biodiversidade. A classificação de espécies de primatas do Novo Mundo (NMW) é particularmente desafiadora devido à similaridade morfológica entre muitos táxons, ausência de características diagnósticas especificas, principalmente quando está relacionada a recente especiação dos táxons. Essa complexidade é evidente em vários gêneros pertencentes a InfraordemPlathyrini, onde a falta de consenso entre os pesquisadores quanto à taxonomia das espécies e suas relações filogenéticas é uma questão persistente. Outro fato relevante são os avanços nas análises genéticas que revelam divergências genéticas em táxons que anteriormente eram considerados uma única espécie, o que tem impulsionado uma revisão fundamental na taxonomia. No presente estudo realizamos a biblioteca de códigos de barras dos primatas do Novo Mundo. Em nossa pesquisa, utilizamos o gene COI, também conhecido como DNA barcoding, por ser uma ferramenta eficaz e de baixo custo para delimitação de gêneros e espécies, com o objetivo de proporcionar uma abordagem molecular amplamente aceita na identificação de táxons. Embora este gene mitocondrial apresente vantagens notáveis, reconhecemos suas limitações inerentes, sobretudo quando se trata da reconstrução filogenética de primatas e da caracterização de táxons que tenham passado por eventos de especiação recente. Não obstante, os resultados que obtivemos revelaram-se esclarecedores, permitindo a identificação e a delimitação de diversas espécies validamente reconhecidas em todos os gêneros de primatas neotropicais que foram objeto de investigação neste estudo. Essa abordagem molecular proporciona uma base sólida para a compreensão da diversidade genética e taxonômica dentro dessas populações de primatas, contribuindo para os esforços de conservação e o delineamento preciso da biodiversidade em nosso ambiente natural.