FATORES QUE AFETAM A MOVIMENTAÇÃO TERRESTRE DO PEIXE ANFÍBIO AMAZÔNICO Anablepsoides micropus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae): PRESENÇA DE PREDADOR, SEXO E OUSADIA
temperamento animal, poças temporárias, killifish, mesocosmos, microcosmos
A movimentação animal é de extrema importância em diferentes níveis de organização ecológica, do indivíduo às comunidades bióticas. Ela garante que grupos de indivíduos tenham acesso a novos recursos, novas oportunidades de acasalamento, itens alimentares, garante o fluxo gênico, dentre outros processos. Porém, mover-se não é energeticamente barato e nem existe garantia do sucesso na investida. Sendo essa situação um claro trade-off na ecologia, pois existem consequências antagônicas que regulam a tomada de decisão por permanência ou movimentação. Nos peixes anfíbios que vivem em poças, a movimentação é ainda mais crucial, já que envolve sair da água para alcançar outras poças. Nesse estudo, investigamos qual o papel do predador, da personalidade e do sexo sobre a movimentação terrestre de um peixe anfíbio amazônico, o rivulus da floresta Anablepsoides micropus (Cyprinodontiformes: Cynolebiidae). Para tal, foi realizado um experimento de microcosmos em aquário para determinação da ousadia e subsequentemente um experimento de mesocosmos para determinação da movimentação terrestre. O experimento de mesocosmos foi feito na Reserva Florestal Adolpho Ducke, em Manaus, Amazonas. Encontramos que os peixes permaneceram mais tempo em poças grandes em relação às poças pequenas e na presença do predador a frequência de uso de poças grandes aumentou. Quanto à personalidade, indivíduos mais ousados foram relacionados a maiores áreas de movimentação terrestre. O sexo do peixe não afetou nenhuma das variáveis estudadas.