UTILIZAÇÃO DE Sciades herzbergii COMO BIOMONITOR DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁGUA NO LITORAL AMAZÔNICO
histopatologia, bioquímica, metais, Metalotineína, peixes
A mais de um século a atividade humana vem degradando o meio ambiente aquático, devido a esses riscos ambientais, ocorre o incremento do uso de peixes no programa de monitoramento ambiental da qualidade de água, devido ao fato desses animais possuírem nicho ecológico e mecanismos celulares e fisiológicos bem conhecidos, o que os torna uma ferramenta muito importante neste sistema de avaliação ambiental. O objetivo desse estudo é utilizar a Sciades herzbergii como espécie sentinela da qualidade ambiental da água do litoral amazônico através da disponibilidade de metais em diferentes compartimentos. Esta espécie pertencente a Classe Actinopterygii, a Ordem Siluriformes, Família Ariidae, comumente denominado como bagre azul. As amostras foram coletadas em duas áreas: área I – com histórico de comtaminação – a bacia de São Marcos - MA, onde está localizado um dos maiores complexos portuários do mundo com aproximadamente 30 empresas dentre elas a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), Alumar e Petrobrás. Área II – sem histórico de contaminação - localizada no estuário do Rio Caeté (Bragança-PA), situado na região norte do Brasil. As amostras biológicas, de água e sedimento foram agrupadas em dois períodos: seco e chuvoso, para ambos os locais de coleta. Um total de 704 peixes, 160 amostras de água e 160 de sedimento foram coletados e na região de coleta foram mensurados dados abióticos (Temperatura, Salinidade, pH, Oxigênio Dissolvido, Turbidez, Condutividade). Após a biometria as amostras foram processadas: técnica histológica de rotina - para a avaliação histopatológica de brânquias e fígado; técnicas de imunohistoquímica - para a verificação de morte celular; análises bioquímicas – para avaliar o eventos citotóxicos de dano celular e tecidual; técnicas de genética molecular – para descrição da expressão gênica de Metalotineína e análises de concentração de metais nos tecidos do peixe (fígado, brânquias e músculo), água e sedimento. Os dados abióticos foram avaliados através de análise de variância (ANOVA twoway), para os dados correlacionáveis foi realizado uma correlação de Spearman (ρ), a análise histopatológica estabeleceu o Índice de Alteração Histopatológica (IAH) onde foi utilizado uma análise multivariada, a concentração de metais no sedimento, água, tecidos do peixe, a expressão de metalotineínas e as respostas bioquímicas, foram avaliados através de uma análise de componente principal (PCA). Foi observado diferença estatísticas (p<0,05) entre turbidez, salinidade, pH e condutividade e relação massa comprimento entre as áreas I e II. A análise histológica demonstrou que apenas 11% dos peixes da área I apresentaram um tipo de lesão branquial (hiperplasia lamelar) e apenas 5% apresentaram hipertrofia do hepatócito, já na área II 95% do peixes mostraram lesões brânquias (hiperplasia, hipertrofia, elevação e fusão lamelar e aneurismas) no fígado, nessa mesma área, em 95% dos peixes foram determinados lesões hepáticas (congestão, centromelanomacrófagos, hepatite, inflamação, infiltrado leucocitário, degeneração e necrose). Foi determinado maior frequência de imunolocalização para caspase-3 em todos os tipos de lesão dos animais da área II em ambos os tecidos. Dentre os dados bioquímicos foi encontrado diferença entre as áreas para catalase no fígado e GST nas brânquias. Na expressão de metalotineínas ocorreu maior expressão no fígado. Foram encontrados também a presença de metais na região com histórico de contaminação. Nesse contexto a utilização da espécie como sentinela é muito importante já que ela mostrou sinais claros da presença e exposição a poluentes e de como essa presença aumenta a suscetibilidade do peixe a doenças e possivelmente a morte.