Epidemiologia. Vírus 1 linfotrópico humano. Arquipélago do Marajó
O Vírus Linfotrópico de Céulas T Humanas (HTLV) foi isolado pela primeira vez nos Estados Unidos, em linfócitos T de um paciente com linfoma, sendo o primeiro retrovírus associado à ocorrência de doenças linfoproliferativas em seres humanos, tais quais neoplasias hematológicas e desordens neurodegenerativas. O HTLV-1 e HTLV-2 são endêmicos nos continentes Asiático, Africano e nas Américas e seus principais meios de transmissão incluem a via parenteral e vertical. O objetivo deste trabalho foi determinar a prevalência de infecção pelo HTLV no município Chaves, Arquipélago do Marajó – Estado do Pará; e correlacioná-la às características epidemiológicas da população estudada. Participaram do inquérito epidemiológico 442 chavienses, mas apenas 377 amostras biológicas puderam ser coletadas para análises laboratorias. Os participantes foram triados para presença de anticorpos anti-HTLV, através de ensaio imunoenzimático e os positivos submetidos à confirmação da infecção por PCR e sequenciamento. A soroprevalência de HTLV em Chaves foi de 1,32% (5/377). As cinco amostras soropositvias foram analisadas por biologia molecular, através da amplificação da região pX e 5’LTR, e posterior digestão enzimática para identificação do tipo viral infectante. A pesquisa de DNA proviral detectou real prevalência de 0,53% (2/377) de infecção em Chaves. Foram encontrados, portanto, dois casos de infecção pelo HTLV-1 em Chaves no Marajó; e a subtipagem na plataforma BLAST permitiu a identificação destes como pertencentes ao subtipo Cosmopolita subgrupo Transcontinental. Os indivíduos infectados eram mulheres, com idade superior a 30 anos, de baixa renda. Ambas relataram uso inconstante de preservativos e uma delas teve iniciação sexual precoce, todos estes fatores de risco para infecção pelo HTLV. Este subtipo de HTLV-1 é o único encontrado em populações urbanas e ribeirinhas da Amazônia, exceto entre imigrantes japoneses, onde também circula o Subgrupo Japonês. A vigilância epidemiológica contínua deve ser estimulada na região, no intuito de detectar eventuais mudanças na distribuição viral, bem como prevenir comorbidades entre os portadores da infecção.