PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR POLIOMAVÍRUS EM PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA NO ESTADO DO PARÁ
Poliomavírus; JC vírus; BK vírus; Doença renal crônica; Hemodiálise; Transplante renal
Os poliomavírus que infectam humanos, JC vírus (JCV) e BK vírus (BKV), têm tropismo pelas células renais e uroteliais. Esses vírus podem causar uma nefrite em transplantados, levando à nefropatia por BKV em até 10% dos casos, e destes, 90% perdem o enxerto e retornam para hemodiálise. Desta forma, este trabalho teve o objetivo de determinar a prevalência de poliomavírus na população portadora de doença renal crônica (DRC), em três grupos doentes (conservador, dialítico e transplantado) e um grupo controle saudável. Foram coletadas urinas de 290 indivíduos, submetendo o material a uma triagem com PCR do gene VP1, diagnosticando quem tem poliomavírus; numa segunda etapa, PCR do gene TAg e digestão enzimática para diferenciar JCV de BKV. A prevalência de poliomavírus na DRC foi de 30,2%, sendo 36,66% (22/60) para conservador, 30,48% (25/82) para dialíticos, 20% (12/60) para transplantados e nos controles foi de 46,59% (41/88). A prevalência de JCV foi de 77,8% (7/9) e de BKV 22,2% (2/9) na DRC (apenas para o grupo conservador), enquanto que na população saudável foi para JCV 66,7% (10/15) e BKV 33,3% (5/15). As prevalências do poliomavírus variaram de acordo com o estágio de DRC no grupo conservador: 1 = 20% (1/5), 2 = 40,9% (9/22), 3 = 36% (9/25), 4 = 33,3% (2/6), 5 = 50% (1/2). Nos transplantados, as etiologias mais frequentes naqueles VP1 positivos foram indeterminada e glomerulonefrite. A prevalência de poliomavírus nos transplantados também variou de acordo com o tempo de coleta da urinas: U1 = 8% (2/25), U2 = 23,2% (10/43), U3 = 22,2% (2/9). Quanto à imunossupressão utilizada, na indução, os pacientes que utilizaram imunoglobulina anti-timócito (ATG) tiveram prevalência de poliomavírus de 28,6% (10/35), enquanto os que utilizaram inibidor de receptor de IL-2 foi de 6,6% (1/15). Na manutenção da imunossupressão, a prevalência foi maior nos pacientes submetidos à azatioprina, com 40% (8/20) e aqueles ao micofenolato foi de 11,4% (4/35). Também, foi obtido como informação, que os pacientes saudáveis eram profissionais da área da saúde, em sua maioria, técnicos de enfermagem, o que sugere novos estudos a cerca da transmissão e fatores de risco de infectar-se pelo vírus. Por fim, os pacientes com DRC não tiveram maior prevalência de poliomavírus do que a população saudável.