INVESTIGAÇÃO DE MARCADORES PARA IDENTIFICAÇÃO DE AGENTES DE CROMOBLASTOMICOSE
biomarcadores; cromoblastomicose; diagnóstico; doença tropical negligenciada
A cromoblastomicose (CBM) é uma infecção fúngica causada por fungos filamentosos demáceos da família Herpotrichiellaceae, tendo como principais agentes causadores as espécies do gênero Fonsecaea sp. Classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma doença tropical negligenciada, é endêmica em países da América Latina, África e Ásia. Diante disso, na literatura atual existe uma carência de métodos para identificação dos agentes causadores de CBM, sendo utilizado principalmente o sequenciamento do Internal Transcribed Spacer (ITS) para identificação das espécies. O presente estudo objetivou analisar marcadores moleculares pan-fúngicos do DNA ribossomal para o desenvolvimento de ferramentas moleculares capazes de identificar as espécies causadoras de CBM. Foram utilizados isolados da Micoteca de Micoses Superficiais e Sistêmicas do Instituto Evandro Chagas (IEC). Estes foram identificados molecularmente e submetidos a análises filogenéticas. Posteriormente, foi utilizado as regiões ITS e Large Subunit (LSU) do DNA ribossomal para desenvolvimento de ferramentas de identificação molecular projetadas in silico e validadas in vitro. Dos 30 isolados disponíveis na micoteca, foram identificadas 22 cepas de Fonsecaea pedrosoi, 05 de Fonsecaea monophora, 01 de Exophiala dermatitidis, 01 de Cladophialophora bantiana e 01 de Rhinocladiella similis, sendo separadas em três clados distintos dentro da família Herpotrichiellaceae nas análises filogenéticas. Foram desenvolvidas duas ferramentas de identificação molecular, sendo a primeira baseada no RFLP da região ITS para identificação das espécies F. pedrosoi, F. monophora, Ex. dermatitidis e C. bantiana. A segunda, uma PCRMultiplex, que foi separada em dois ensaios distintos, um para a identificação da família Herpotrichiellaceae e do clado bantiana simultâneamente e outro para identificação das espécies F. pedrosoi e F. monophora. Foi possível estabelecer duas novas abordagens para identificação molecular dos agentes de CBM mais prevalentes no Brasil, além de outros patógenos fúngicos de menor frequência. As ferramentas moleculares desenvolvidas contribuem para uma identificação precisa dessas espécies sem a necessidade de sequenciamento genético, possibilitando que laboratórios com infraestrutura limitada, principalmente em áreas endêmicas, tenham a capacidade de identificar molecularmente esses agentes, auxiliando no manejo da CBM e produzindo informações epidemiológicas mais acuradas.