MENORES DE 15 ANOS COM HANSENÍASE: DANO NEURAL, ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS EM UNIDADE DE REFERÊNCIA DO ESTADO DO PARÁ.
Hanseníase; Menores de 15 anos ; Dano neural
A hanseníase é reconhecida mundialmente como um grave problema de saúde pública. O Brasil é o segundo país em número de casos detectados e o estado do Pará, com altos níveis de endemia, apresenta incidência significativa entre os menores de 15 anos. O dano neural é a principal causa das deformidades na hanseníase e pode resultar em agravos biopsicossociais na infância. O objetivo deste estudo foi descrever e relacionar o dano neural, aos aspectos clínicos e epidemiológicos dos pacientes menores de 15 anos com hanseníase, diagnosticados na Unidade de Referência Estadual, em Marituba-Pará. Foi realizada uma pesquisa transversal, analítica e quantitativa, com pacientes menores de 15 anos diagnosticados com hanseníase na Unidade de Referência, de abril de 2014 a junho de 2015. Na análise das 41 crianças participantes, 33 (80,5%), tiveram o encaminhamento como modo de detecção, 19 (46,3%) foram consultados com 3 ou mais médicos para o diagnóstico e 26 (63,4%) receberam outros diagnósticos. O tempo de início dos sintomas até o diagnóstico, foi superior a 1 ano em 30 (73,2%) dos casos. A forma clínica predominante (48,8%), foi a Dimorfa e 63,4% dos menores eram multibacilares, 13 (31,7%) apresentavam dano neural e 7 (17,1%) tinham incapacidade. Entre as variáveis pesquisadas, aquelas com associação estatisticamente significativa (p ≤ 0,05) ao dano neural no diagnóstico foram: visita domiciliar do Agente Comunitário de Saúde (ACS), número de médicos consultados, número de lesões cutâneas (> que 5) e lesões em trajeto de tronco nervoso. O risco de dano neural é 6 vezes maior, na ausência, ou frequência rara (que 1 por mês), da visita domiciliar do ACS. As crianças que consultaram com 3 ou mais médicos para o diagnóstico, apresentaram risco 7 vezes maior de dano neural, comparadas as consultadas por até 2 médicos. A presença de mais de 5 lesões cutâneas, aumenta em 5 vezes as chances de comprometimento neural no diagnóstico dos menores. Lesões em trajeto de tronco nervoso, aumentam em 19 vezes o risco de dano neural. Assim, a centralização da assistência, a baixa atuação do ACS, além da dificuldade para realização do diagnóstico em crianças; são fatores que contribuem para o início tardio do tratamento, com predomínio das formas graves e aumento do risco de dano neural. Além disso, múltiplas lesões cutâneas e lesões em trajeto de tronco nervoso; são características clínicas que devem ser monitoradas rigorosamente.