ASSOCIAÇÃO DOS POLIMORFISMOS REGULADORES DA EXPRESSÃO DE HLA DE CLASSE II COM A GRAVIDADE DA COVID-19
COVID-19; polimorfismos, CIITA, HLA-DPA1; HLA-DPB1
A COVID-19, doença causada pelo agente SARS-CoV-2, foi trazida à atenção global devido à sua alta transmissibilidade, evolução clínica capaz de causar diferentes graus de dificuldade respiratória e crescente número de óbitos. A expressão de genes CIITA e HLA de classe II tem sido observada com a gravidade dessa infecção. O SNP presente no gene CIITA responsável por modular expressões de HLA, influenciado a resposta do sistema imune. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo associar variantes genéticas nos genes CIITA, HLA-DPA1 e -DPB1, envolvidas na expressão de genes HLA-DP com a suscetibilidade e/ou gravidade da COVID-19. Para tanto realizou-se um estudo transversal, retrospectivo, com 227 amostras da população da região metropolitana de Belém-PA, num recorte temporal de 13 meses da pandemia do novo coronavírus, de modo que a amostragem foi realizada entre julho de 2020 e agosto de 2021. As genotipagens (rs3087456A/G, rs3077A/G e rs9277534A/G) foram realizadas por PCR em tempo real e testadas para Equilíbrio de Hardy-Weinberg. As frequências alélicas e genotípicas foram estimadas por contagem direta. Adicionalmente, os polimorfismos foram submetidos a testes de Exato de Fisher, Mann-Whitney e Odds Ratio. Na caracterização demográfica e epidemiológica o sexo masculino parece estar mais associado a infecção tanto com COVID-19 grave quanto COVID-19 não grave. No grupo de não grave a prevalência de jovens com idade ≤41 anos foi maior em relação aos idosos com idade ≥62 anos. O grupo de COVID-19 grave possui uma idade média maior em relação aos pacientes de COVID-19 não grave, com uma diferença de 11 anos. A média de número de sintomas foi 30 vezes mais alta em pacientes de COVID-19 não grave em relação a paciente de COVID-19 grave. 48% dos pacientes do grupo de COVID-19 grave apresentaram algum fator de risco no grupo de COVID-19 não grave, e apenas 23% apresentaram alguma comorbidade. A frequência alélica de CIITA (rs3087456), HLA-DPA1 (rs2077) e HLA-DPB1 (rs9277534) da população de Belém foi similar ao encontrado em regiões como América, Europa e Sul Asiático. Em conclusão, a idade mostrou-se uma variável a ser controlada em estudos de associação genética para COVID-19. O genótipo GG de baixa expressão (rs3087456) desempenha um papel importante no desenvolvimento da forma grave em pacientes jovens, mas não em idosos, sugerindo que outros fatores associados com a idade, como a imunossenescência, ofusque a influência do genótipo GG, o que é compatível com estudos que mostram uma diminuição da expressão de HLA de classe II por imunossenescência, independente da ação de CIITA. O genótipo AA+AG (rs3087456) de alta expressão está associado a maior susceptibilidade em desenvolver mais manifestações sintomáticas em pessoas acima de 50 anos no grupo de COVID-19 não grave com estatística significante. A COVID-19 se manifesta de maneira diferente entre os indivíduos, logo, estudos sobre a genética do hospedeiro são importantes para identificar indivíduos que possuem alelos mais suscetíveis à forma grave, pois a relação do genótipo de pacientes jovens, sem comorbidades que evoluíram para o estado grave não está muito claro na literatura.